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Farmacologia aplicada à Fisioterapia Matéria

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Farmacologia aplicada à Fisioterapia
Aula 1: Introdução à Farmacologia e à Farmacocinética
Farmacocinética: É o estudo das alterações que o corpo pode provocar nos fármacos.
Farmacodinâmica: É o estudo das alterações que o fármaco pode provocar no corpo.
A partir do momento em que um fármaco é administrado e penetra em um organismo vivo, ele tanto induz a modificação do corpo (isto é, a ação do medicamento); como sofre a ação do corpo. Ou seja, tanto o fármaco age sobre o corpo quanto o corpo age sobre o fármaco.
Farmacocinética: Já dissemos que Farmacocinética é a alteração que o corpo promove sobre os fármacos. Ela envolve a absorção, vias de administração, distribuição; biotransformação ou metabolismo e eliminação dos fármacos.
ABSORÇÃO DOS FÁRMACOS: Uma vez que um fármaco é administrado, ele deverá ser absorvido pelo organismo, para alcançar uma determinada concentração no local de sua ação. Durante o processo de absorção, o fármaco deverá atravessar diversas barreiras formadas por células e compartimentos celulares. Eles irão cruzar essas barreiras através da interação com as estruturas fisiológicas das células.
Por exemplo: um fármaco de ação sobre o coração é administrado via oral. Esse fármaco deverá ser absorvido no intestino e passar para a corrente sanguínea, em uma determinada quantidade, para que chegue ao coração e seja capaz de induzir o seu efeito.
Então, como vimos acima, um fármaco é considerado absorvido quando concentrações ideais dele são encontradas na corrente sanguínea sistêmica.
Vamos ver então...
As moléculas atravessam as membranas celulares de quatro maneiras principais:
Difusão direta através da bicamada lipídica: Na difusão direta através da bicamada, as moléculas devem ser de natureza lipossolúvel, isto é, devem ter afinidade pelos lipídeos. Como vimos, os lipídeos são os principais constituintes das membranas e essa interação permite às pequenas moléculas atravessar livremente as membranas em um processo denominado difusão simples.
Difusão através das proteínas canais: Na difusão através de poros ou proteínas canais, as moléculas dos fármacos de natureza hidrofílica utilizam as proteínas canais da própria membrana para atravessá-la.
Através das proteínas transportadoras: As moléculas dos fármacos também podem Utilizar o movimento das proteínas transportadoras para atravessar a membrana.
Por pinocitose ou transcitose: Por último, as moléculas maiores dos fármacos podem se utilizar dos processos de pinocitose e exocitose para atravessar as membranas. Nesse processo, ocorre uma invaginação da membrana e as substâncias nessa superfície, então, penetram em uma estrutura denominada vesícula, formada pela própria Membrana da célula. Essa vesícula então pode ser liberada dentro dessa célula ou travessar toda a célula e liberar seu conteúdo no espaço extracelular em outra região da superfície celular.
Via de Administração: Como falado anteriormente, o fármaco somente é considerado absorvido quando é encontrado na corrente sanguínea sistêmica. Vimos que os fármacos utilizam mecanismos fisiológicos para cruzar as membranas celulares e entrar na corrente sanguínea. A absorção ocorre em todas as vias de absorção, com exceção da via intravenosa, onde o fármaco é administrado diretamente na corrente sanguínea com auxílio de seringa e agulhas.
As principais vias de administração são:
Oral – O fármaco é deglutido e será absorvido no intestino. Os fármacos administrados por essa via obrigatoriamente serão absorvidos para a circulação porta-hepática e passarão pelo fígado.
Injetáveis - Subcutânea; intramuscular; intravenosa; intratecal.
Sublingual – O fármaco será aplicado na região abaixo da língua, uso comum para os vasodilatadores da classe dos nitratos.
Retal – Os fármacos são aplicados no reto, sob as formas farmacêuticas de supositórios ou enemas, e compõem, com a via sublingual, uma alternativa à via oral.
Transepitelial – Aplicação sobre superfícies epiteliais – pele, córnea, vagina e mucosa nasal.
Inalatória – Os fármacos são inalados e absorvidos pelo trato respiratório.
Biotransformação ou Metabolismo dos Fármacos
Agora que o fármaco já foi administrado, absorvido e distribuído, ele será eliminado. Entretanto, antes de ser eliminado, ele deverá passar por um processo de biotransformação ou metabolização.
A maior parte dos fármacos é eliminada através da urina. Esse processo exige a interação da molécula química com a água; entretanto, muitos fármacos são lipossolúveis, o que inviabilizaria o processo de eliminação através da urina. A biotransformação ou metabolismo do fármaco, que ocorre principalmente no fígado, irá alterar a molécula do fármaco propiciando a sua eliminação através da urina.
O principal órgão responsável pela biotransformação dos fármacos é o fígado; porém, ela pode também ocorrer, a uma taxa muito pequena, nas células epiteliais do intestino, pulmões e plasma sanguíneo. O fígado é dotado de uma série de enzimas, localizadas principalmente em seu sistema de retículos endoplasmáticos, chamadas de citocromo P450 (CYP).
 As enzimas P450 ou CYP são uma grande família de enzimas e atualmente já se conhecem algumas que metabolizam determinadas substâncias ou fármacos. Por exemplo, a isoenzima CYP1A2 é responsável pelo metabolismo da cafeína, paracetamol, tacrina e teofilina, enquanto que a isoenzima CYP2C9 metaboliza o ibuprofeno, tolbutamida e a varfarina.
Os fármacos podem ser metabolizados antes ou depois de sua ação, dependendo somente de sua via de administração. Vejamos:
Se um fármaco é administrado diretamente na corrente sanguínea, ele será distribuído pelos tecidos, onde promoverá sua ação. Somente depois passará pelo fígado, onde sofrerá metabolismo, seguindo o próprio fluxo sanguíneo, e então eliminado posteriormente.
Se o fármaco for administrado via oral, ele sofrerá absorção no intestino delgado, irá para a circulação porta-hepática que obrigatoriamente passará pelo fígado. Então, parte de suas moléculas sofrerão biotransformação. Algumas moléculas passarão intactas e irão alcançar a corrente sanguínea sistêmica. Esse tipo de metabolismo é chamado de metabolismo de primeira passagem.
Se o metabolismo de primeira passagem for muito intenso para um determinado fármaco, ocorre a necessidade de aumentar a dose desse fármaco para diminuir a perda causada pela via oral. Quanto maior o metabolismo de primeira passagem, menor a biodisponibilidade do fármaco, lembra?
Após sofrer metabolismo pelo fígado, o resultado é a produção de metabólitos. Alguns metabólitos são farmacologicamente ativos, isto é, o fármaco precisa passar pelo fígado e sofrer metabolismo para ser ativado.
Um exemplo é o Enalapril, um medicamento utilizado para o tratamento da hipertensão arterial: ao passar pelo fígado, ele é hidrolizado em enalaprilato, seu metabólito ativo. Os metabólitos ativos podem ter ações semelhantes ao fármaco original, podendo ser mais ou menos potentes.
Os metabólitos ativos podem ainda ser tóxicos, como por exemplo, o originado do Paracetamol. Ao sofrer metabolismo hepático, ele produz metabólito tóxico, que pode causar necrose hepática e renal. Entretanto, isso não acontece em doses corretas, pois o próprio fígado conjuga esse metabólito à glutationa (antioxidante), promovendo a inativação da toxicidade do metabólito.
Aula 2: Introdução à Farmacodinâmica 
Receptores farmacológicos: Toda molécula a que um fármaco se liga para induzir suas ações no corpo é chamado de receptor farmacológico. Então definimos receptores farmacológicos como ¨moléculas alvo por meio das quais mediadores químicos solúveis induzem seus efeitos¨ 
Ex.: Você está com febre e utiliza um fármaco antipirético (para inibir a febre). Ao ingerir esse fármaco via oral, depois de ser absorvido e distribuído, ele irá se ligar a moléculas proteicas das suas células para induzir a sua ação: diminuir a febre. A essas moléculas, ás quais esse fármaco se liga para promover a sua ação, chamamos de receptores farmacológicos.
Os fármacos se ligam a diversasestruturas celulares para promover suas ações. Eles podem se ligar a:
Enzimas 
Receptores de neurotransmissores e hormônios 
Canais iônicos 
Proteínas transportadoras ou carregadoras 
A interação de um fármaco com o seu receptor é que vai determinar seu efeito terapêutico, assim como o seu efeito tóxico.
Ação dos fármacos: Tanto as moléculas endógenas quanto a maioria dos fármacos permanecem ligados ao receptor somente o tempo suficiente para sua ativação. Logo em seguida, se desligam e são retiradas do local. Este é um dos motivos que determinam a duração da ação do fármaco, porém não é o único.
Algumas poucas drogas, entretanto, podem fazer ligações estáveis (ligações irreversíveis) com os receptores farmacológicos. O fármaco se liga ao receptor farmacológico e irá permanecer ligado a ele até que o complexo fármaco-receptor seja destruído.
Classificação da ação do fármaco sobre o seu receptor farmacológico:
Fármacos agonistas: São aqueles que se ligam ao receptor e induzem a sua ação. Mesma ação da molécula endógena
Fármacos antagonistas: São aqueles que se ligam ao receptor e impedem a sua ativação. 
Classificação dos agonistas: Os agonistas podem ser classificados quanto à sua eficácia na resposta do receptor. São classificados em agonistas plenos (ativam a resposta máxima do receptor) ou agonistas parciais (ativam respostas baixas do receptor).
Classificação dos antagonistas: São fármacos que diminuem ou abolem a ação dos fármacos agonistas ou, como já dito, impedem a ativação do receptor. Os antagonistas podem ser de vários tipos:
Antagonista químico: Duas substâncias que se combinam e, em consequência, o efeito de uma (o fármaco ativo) é anulado. Exemplo: a heparina, um anticoagulante, tem sua ação anulada pela protamina. A protamina se liga à heparina e impede que esta exerça a sua ação anticoagulante.
Antagonista competitivo: De todos os tipos de antagonistas, este é o mais comum. O antagonista “compete” com o agonista pela ligação no mesmo sítio ativo de receptor farmacológico
Antagonista fisiológico: São antagonistas que ativam vias fisiológicas opostas. Por exemplo: o uso crônico de anti-inflamatórios glicocorticoides pode ter como efeito adverso a hiperglicemia. Se o paciente for diabético e precisar utilizar esse fármaco por mais tempo, ele deverá utilizar a insulina, hormônio que diminui a glicemia.
Antagonista não competitivo: O antagonista bloqueia em algum ponto a cadeia de eventos desencadeada pelo agonista. Exemplos são os bloqueadores de canais de cálcio (ex.: Verapamil), que impedem a entrada de cálcio no músculo liso dos vasos, diminuindo a força de contração e causando o relaxamento (vasodilatação).
Tipos de receptores e sua localização: Os receptores farmacológicos podem estar localizados basicamente em duas regiões da célula:
 Se estiverem localizados na membrana, são chamados de receptores transmembrana ou membranosos. Recebem esse nome porque atravessam toda a bicamada lipídica, como vimos na aula anterior.
 Se estiverem localizados dentro da célula, são chamados de intracelulares (figura 4). Os receptores na membrana podem ligar tanto fármacos lipofílicos quanto hidrofílicos; entretanto, os receptores intracelulares só ligarão fármacos lipofílicos, pois somente estes conseguirão atravessar as membranas e entrar nas células.
De forma geral, os receptores promovem vários tipos de respostas celulares diferentes, o que levou à investigação se não haveria tipos de receptores que funcionam de formas diferentes. De acordo com a estrutura do receptor e o tipo de resposta que ele desencadeia, podemos classificar em quatro tipos de receptores:
Canais iônicos controlados por ligantes ou ionotrópicos: São receptores associados a canais de íons. A ligação com o ligante (fármaco ou molécula endógena) produz a abertura de um canal de íons. Exemplos de receptores ionotrópicos são os GABAA, os receptores nicotínicos da acetilcolina (neurotransmissores rápidos). Os receptores GABAA possuem um canal de cloro associado a eles, e a ativação pelo ligante permite a entrada de cloro no neurônio (hiperpolarização), enquanto que os receptores nicotínicos possuem um canal que permite a entrada de sódio (despolarização) na célula quando esse receptor é ativado. A resposta induzida por esses receptores é a mais rápida: ocorre em milissegundos. Ainda dentro dessa família estão os receptores NMDA, AMPA e cainato do neurotransmissor glutamato
Receptores acoplados á proteína G (ou metabotrópicos): Constituem a maior família de receptores. São os receptores de vários hormônios e neurotransmissores lentos (receptores muscarínicos da acetilcolina; receptores adrenérgicos). Sua resposta é mais lenta que os anteriores e necessitam de uma maior cadeia de ativação onde se insere a proteína G. Nessa sequência de eventos, pode haver fosforilação de várias proteínas; produção de moléculas como os segundos mensageiros e, só então, a produção do efeito celular. A ação desses receptores pode levar segundos e exige a produção de efetores.
Receptores ligados a quinases: São receptores da insulina, fatores de crescimento, citocinas. Após a ativação pelo ligante, a porção intracelular normalmente sofre fosforilação, tornando-se ativa e fosforilando proteínas no citoplasma da célula.
Receptores intracelulares (ou nucleares): Na realidade, podem estar no citoplasma ou no núcleo. A ativação pelo ligante produz um complexo ativo chamado receptor/ligante, que migra para o núcleo. No núcleo, esse complexo receptor/ligante vai regular a transcrição gênica. São os receptores para os hormônios esteroides, hormônios da tireoide, receptores para o ácido retinoico e a vitamina D.
Relação entre o receptor e dessensibilização aos fármacos:
Alguns mecanismos de dessensibilização, ou taquifilaxia, podem estar ligados aos receptores. Algumas respostas aos fármacos diminuem gradativamente com a administração contínua deste fármaco. Esse mecanismo pode ser também chamado de tolerância ou ainda, refratariedade. De qualquer forma, após um período de tempo em que o fármaco é empregado, observa-se uma diminuição da sua resposta.
Vários mecanismos estão envolvidos, e dentre eles, alguns envolvem os receptores:
A célula pode causar alterações dos seus receptores: comum em receptores de canais iônicos controlados por ligantes ou ionotrópicos. Mesmo após a ligação, não há abertura do canal iônico. Ocorre alteração conformacional do receptor e ele é capaz de ligar o fármaco, porém não é capaz de responder abrindo o canal. Os receptores acoplados á proteína G também dessensibilizam desta forma. 
Perda de receptores: ocorre pela exposição prolongada aos agonistas. A célula pode recolher para o seu citoplasma esses receptores e internaliza-los. Um exemplo comum são os beta-adrenorreceptores. Essa internalização ocorre através do processo de endocitose dos receptores encontrados na superfície da membrana celular.
Outros mecanismos de taquifilaxia são: 
Depleção de mediadores: Perda de substância intermediadora essencial. Exemplo: o uso de anfetamina leva à liberação exagerada de dopamina e noradrenalina. Contudo, se essas substâncias se esgotam, esgota-se o efeito da anfetamina.
Aumento da degradação do fármaco: Elevadas doses estimulam o aumento do metabolismo hepático e, com isso, a degradação do fármaco.
Adaptação fisiológica: O efeito do fármaco é anulado pela ativação de uma via homeostática. Comum no uso de anti-hipertensivos, que diminuem acentuadamente a pressão arterial. Essa diminuição ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona que, em resposta, causa novamente a elevação da pressão arterial.
Aula 03: Introdução à Farmacologia do SNA e motor somático
Sistema Nervoso: A manutenção do equilíbrio constante do meio interno é um dos pré-requisitos para a vida dos seres. Com esse objetivo, vários sistemas de controle do corpo entram em ação para conservar as condições ideais do meio interno.
Funções chamadas de involuntárias são, a cada minuto do dia, controladas minuciosamente através de centros decontrole nervosos e endócrinos.
Funções como frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, funções digestivas etc. são ajustadas continuamente pelo sistema nervoso.
Como podemos classificar o SN?
O sistema nervoso se subdivide em central (SNC) e periférico (SNP). 
Os nervos e gânglios que formam o SNP se agrupam em dois grandes ramos ou divisões:
Autonômica;
Somática.
SNC: Se subdivide em Encéfalo e Medula Espinhal
Os nervos sensoriais viscerais ou autônomos levam para o SNC informações inconscientes e de dor. Essas informações sensoriais são importantes para determinar a resposta a ser tomada. Informações quanto à pressão arterial, saturação de O2 e de CO2, frequência cardíaca, distensão intestinal, osmolaridade sanguínea, etc. 
O SNA depende do recebimento dessas informações para poder determinar uma resposta a tudo que necessita de controle.
SNP: SN Autônomo e SN Simpático
O SN Autônomo se subdivide em:
SN Simpático: Os neurônios pré-ganglionares da divisão simpática do SNA estão localizados na região torácica e lombar da medula espinhal – divisão toracolombar, enquanto que os gânglios nervosos se localizam em uma cadeia paralela à coluna vertebral – cadeia de gânglios paravertebrais.
Como os gânglios estão bem próximos à medula espinhal, o neurônio ou nervo pré-ganglionar é curto, enquanto que o neurônio ou nervo pós-ganglionar é longo, para alcançar o órgão efetor.
O SNA simpático está classicamente relacionado aos mecanismos de respostas de luta e fuga/estresse. Ou seja, em situações de estresse ou após uma atividade física, o ramo mais ativo será o simpático.
A ativação do neurônio pós-ganglionar (ou ganglionar) é feita através do neurotransmissor acetilcolina (ACh), que é liberada pelas terminações sinápticas do neurônio pré-ganglionar.
A medula da glândula suprarrenal (ou adrenal) merece destaque. Como se pode observar pela imagem, ela recebe inervação direta do neurônio pré-ganglionar. Esta região da glândula, sua medula, possui a mesma origem embriológica do sistema nervoso. Portanto, suas células (neurônios modificados) são capazes de produzir o neuro-hormônio adrenalina, que é então liberada na corrente sanguínea.
A adrenalina irá amplificar as ações da divisão simpática. Na realidade, a medula da suprarrenal fará o papel de um gânglio nervoso e seu neurotransmissor, mas na realidade, o hormônio liberado por ela terá ação sistêmica, e não ficará localizado somente em um órgão efetor.
SN Parassimpático: Cada divisão possui nervos aferentes e nervos eferentes. Os nervos aferentes trazem informações para o SNC. 
Os neurônios pré-ganglionares da divisão parassimpática do SNA estão localizados no tronco encefálico, isto é, possuem raízes surgindo desta região e passando por forames do crânio e também da região sacra da medula espinhal (craniossacral). 
Os nervos cranianos parassimpáticos são (por ordem dos pares):
Oculomotor (III)
Facial (VII)
Glossofaríngeo (IV)
Vago (X)
O SNA parassimpático está classicamente relacionado a respostas de descanso e digestão. Ou seja, sempre que um indivíduo estiver em repouso, ou logo após fazer uma refeição, o ramo mais ativo do SNA será o parassimpático.
Ao contrário do simpático, que tem todos os gânglios nervosos dispostos em uma cadeia, os gânglios parassimpáticos estão localizados próximos, senão dentro dos órgãos efetores (imagem).
Outra diferença estrutural entre as divisões é em relação ao comprimento dos nervos, ou neurônios pré e pós-ganglionares. O parassimpático possui nervos pré-ganglionares longos, pois seus gânglios estão próximos aos órgãos ou vísceras, e por isso os nervos ou neurônios pós-ganglionares são curtos, ao contrário do simpático.
A ativação do neurônio pós-ganglionar (ou ganglionar) é feita através do neurotransmissor acetilcolina (ACh), que é liberada pelas terminações sinápticas do neurônio pré-ganglionar, da mesma forma que ocorre no simpático.
Controle dos órgãos:
Mecanismo homeostáticos de controle:
O centro de controle do SNA está no SNC, sendo que o principal centro de controle é o hipotálamo. Além dele, podemos citar: o tálamo, núcleos da base, cerebelo e a formação reticular – todos exercendo influência sobre o SNA.
Entretanto, além do controle proveniente do córtex cerebral, o SNA possui um controle baseado em reflexos que se baseiam em núcleos localizados no tronco encefálico. Os núcleos do tronco encefálico são os responsáveis por manter o controle dos reflexos do SNA independentemente de lesões, doenças ou vontade. São os centros vegetativos do tegumento  do tronco encefálico.”
Uma resposta cortical desencadeada pelo medo pode induzir a vasoconstrição periférica, resultando em palidez.
Já uma resposta de reflexo é estimulada pelo próprio órgão-alvo, como por exemplo, o reflexo vasomotor. Este reflexo se inicia quando uma pessoa está deitada – portanto, seu coração e vasos têm uma frequência e pressão menores, pois o bombeamento do sangue está sendo feito no mesmo plano. Isto é, não há retorno venoso com muita pressão contra a gravidade, pois o indivíduo está deitado. Entretanto, assim que o indivíduo se levanta, a tendência do sangue seria de ser “empurrado” para baixo, pela ação da gravidade. Isto provoca hipotensão, sensação de vertigem e visão escurecida.
Para evitar esta sensação, além da diminuição do fluxo sanguíneo para o cérebro, ocorre a ativação dos barorreceptores aórticos e carotídeos, que por sua vez, ativam a divisão simpática. Isto resulta em aumento da frequência cardíaca e vasoconstrição, impedindo a queda da pressão arterial. Esses reflexos podem ser independentes para cada órgão, demonstrando ativações em níveis diferentes, tanto do simpático quando do parassimpático, para cada órgão isoladamente.
Os tecidos-alvo ou órgãos-alvo desses dois ramos ou divisões são as vísceras, porém suas células efetoras são as glandulares e musculares (lisa e estriada cardíaca). Essas células podem estar agrupadas em glândulas clássicas, sejam elas endócrinas ou exócrinas, ou ainda mistas, isto é, células glandulares e musculares lisas, como no intestino.
Grande parte dos órgãos ou vísceras recebem ambas as inervações – simpática e parassimpática –, podendo haver uma modulação do controle para o efeito final.
Tipos de controle:
Antagonista - As ações de uma divisão se opõem às ações da outra.
Sinergista - A ação de um auxilia a do outro (mais raro).
Neurotransmissores e receptores das divisões simpática e parassimpática:
Os dois principais neurotransmissores que agem no SNA são a acetilcolina (ACh) e a noradrenalina, cada uma agindo em seus próprios grupos de receptores. Já mencionamos aqui que, independentemente de qual ramo seja o neurotransmissor dos neurônios ou nervos pré-ganglionares, é sempre a acetilcolina (ACh).
Ou seja, a acetilcolina (ACh) é liberada nos gânglios simpáticos e parassimpáticos. É importante saber essa informação, pois muitos fármacos controlam a função autonômica pela ação no gânglio.
Transmissão colinérgica (parassimpático): 
Para um neurônio poder produzir o neurotransmissor acetilcolina (ACh), ele deve possuir em seu citoplasma uma enzima denominada colina-acetiltransferase (CAT). Essa enzima está localizada no citoplasma dos terminais sinápticos dos neurônios, denominados colinérgicos, isto é, produtores de ACh.
Esta enzima vai produzir ACh através da acetilação da colina. A transferência do radical acetil da acetil-coenzima A para a colina produz acetilcolina no citoplasma do neurônio. Após sua produção, a ACh é bombeada para o interior de uma vesícula sináptica.
Transmissão adrenérgica (simpático): 
A noradrenalina faz parte do grupo de neurotransmissores denominados catecolaminas, que são, a saber: noradrenalina, adrenalina, dopamina (endógenas) e ainda a isoprenalina (sintética). Recebem essa denominação porque possuem um anel benzênico com dois grupos hidroxilas, denominado anel catecol, daí a terminação catecolamina.
Potenciais pós-sinápticos (PPS):
São respostas elétricas que as células-alvo demonstram na ligação doneurotransmissor ao seu receptor. Podem ser de dois tipos:
Potencial pós-sináptico excitatório (PEPS): Quando a resposta da célula-alvo é uma despolarização, normalmente envolvendo a entrada de Na+ através dos canais de sódio voltagem dependentes. Um PEPS clássico é a junção neuromuscular (sistema nervoso somático).
Potencial pós-sináptico inibitório (PIPS): Quando a resposta da célula-alvo é uma hiperpolarização, normalmente ocorre a entrada do íon Cl-, ou pode também haver perda de K+. Os neurotransmissores que causam esse tipo de resposta são chamados de inibitórios. Ex.: GABA e Glicina.
Aula 04: Fármacos de ação parassimpática e simpática
Fármacos que atuam no sistema parassimpático:
O sistema parassimpático é responsável pelo repouso e digestão. Suas ações nos órgãos são:
Olhos: contração da pupila (miose) – receptor M3
Hipotálamo: Produção de saliva abundante e com concentração de enzimas – propicia a digestão – receptor M3
Coração: diminuição da FC (somente nos átrios) – bradicardia. Receptor M2
Pulmão: Broncoconstrição.
Intestino: Aumento do peristaltismo e das secreções intestinais. Receptor M3
Fígado: Ereção. Receptor M3 (pela liberação do gás óxido nítrico pelas células endoteliais).
Bexiga: Contração da bexiga e estímulo á micção. Receptor M3
Os fármacos de ação no sistema parassimpático, ou sistema colinérgico, são classificados em:
Agonistas muscarínicos: são os fármacos que se ligam aos receptores muscarínicos e os ativam. Caracterizam-se por sua ação semelhante á da acetilcolina (ACh), daí serem denominados parassimpaticomiméticos, isto é, que imitam o parassimpático ou colinomiméticos, pois imitam a ACh. 
Os receptores muscarínicos são M¹, M², e M³.
Os agonistas muscarínicos podem ser classificados ainda em:
Agonistas Diretos: Os agonistas diretos são aqueles onde o próprio fármaco se liga ao receptor muscarínico e o ativa.
Agonistas Indiretos: Os agonistas indiretos irão provocar um aumento da disponibilidade do neurotransmissor acetilcolina e, então, a acetilcolina (ACh) irá ativar os seus próprios receptores. Os agonistas indiretos também recebem o nome de anticolinesterásicos.
Antagonistas muscarínicos: São os fármacos que, quando se ligam aos receptores muscarínicos, bloqueiam sua ação. Também são conhecidos como parassimpaticolíticos, por impedir a ação do parassimpático, e também como anticolinérgicos, por impedir a ação da acetilcolina. Provocam sua ação pela ligação aos receptores muscarínicos, impedindo assim a ligação da acetilcolina.
Anticolinesterásicos (ou agonistas colinérgicos indiretos): Ativam os receptores muscarínicos ou nicotínicos, por aumentar a disponibilidade de acetilcolina. O aumento da disponibilidade ocorre porque esses fármacos inibem a enzima de degradação da ACh, a acetilcolinesterase. Com o bloqueio desta enzima, a ACh não será degradada e seus níveis irão aumentar na fenda sináptica ou nos espaços extracelulares. Deste modo, esses fármacos prolongam ou facilitam a atividade da ACh junto aos seus receptores muscarínicos ou nicotínicos.
- Curta ação : O único fármaco dessa classe é o Edrofônio (Tensilon®) – Ação, como já diz, muito curta e, por isso, utilizado apenas para fazer diagnóstico de miastenia gravis.
- Duração média: São a Neostigmina (Prostigmine®), Piridostigmina (Mestinon®) e a Fisostigmina (Antiliriun®). As três são utilizadas por via oral para o tratamento da miastenia gravis, e por via intravenosa para reverter o bloqueio neuromuscular competitivo dos bloqueadores neuromusculares. A Piridostigmina possui um tempo de ação maior que a neostigmina. A Fisotigmina atualmente é utilizada como colírio no tratamento de glaucoma. Seu uso fica restrito, pois ultrapassa a barreira hematoencefálica, provocando efeitos adversos no SNC.
- Irreversíveis: Diflós, Paration, Malation (organofosforados) e Ecotipato – foram desenvolvidos para agir como inseticidas ou gases tóxicos. Ligam-se de forma irreversível à AChE e a bloqueiam. O inseticida conhecido vulgarmente como chumbinho, que é da classe dos carbamatos, é um anticolinesterásico irreversível.
As intoxicações por esses fármacos inseticidas causam elevação dos níveis de ACh nas sinapses, o que é responsável pelos sintomas observados nas pessoas intoxicadas: bradicardia grave; hipotensão; dificuldade de respirar pela broncoconstrição; sialorreia (produção excessiva de saliva); dores abdominais; perda do controle dos esfíncteres e ativação dos músculos intestinais e da bexiga – diarreia e micções involuntárias; convulsões; depressão respiratória; perda da consciência etc.
A diminuição dos receptores nicotínicos irá causar sintomas como fraqueza muscular, ptose palpebra, dificuldade de deglutição inclusive da própria saliva, dificuldade para respirar, mudança do timbre de voz. O tratamento é feito com fármacos imunossupressores e fármacos anticolinesterásicos. Os anticolinesterásicos de curta duração irão aumentar a disponibilidade da ACh nas sinapses periféricas, aumentando o tempo de ação sobre os poucos receptores nicotínicos disponíveis, aumentando a contração muscular.
Bloqueadores neuromusculares: São fármacos que bloqueiam a transmissão neuromuscular – do neurônio para o músculo -, através do bloqueio dos receptores nicotínicos da ACh. Esses receptores estão localizados nos músculos estriados esqueléticos e nos gânglios autonômicos.
Agentes bloqueadores não despolarizantes: Agem bloqueando o receptor nicotínico. São eles: Tubocurarina, Pancurônio, Vecurônio, Atracúrio, Mivacúrio e Rocurônio.
Apresentação: Agentes bloqueadores não despolarizantes (Tubocurarina, Pancurônio, Vecurônio, Atracúrio, Mivacúrio e Rocurônio)
Mecanismo de ação: Antagonistas competitivos dos receptores nicotínicos.
Usos clínicos: Produção de intenso relaxamento muscular durante as cirurgias. Entretanto, o paciente deve ser ventilado mecanicamente, pois os músculos respiratórios também serão paralisados pelo uso desses fármacos.
Efeitos adversos: Hipotensão transitória. Broncoconstrição pela liberação de histamina – tubocurarina.
Bloqueadores ganglionares:
Aprentação: Hexametônio (pouco utilizado atualmente), Mecamilamina, Pempidina e Trimetafan.
Mecanismo de ação: Agem nas sinapses ganglionares simpáticas e parassimpáticas, através do bloqueio competitivo dos receptores nicotínicos. Esse bloqueio impede tanto a atividade simpática quanto a atividade parassimpática pós-ganglionar.
Usos clínicos: São utilizados no tratamento da hipertensão arterial maligna, pois reduz o retorno venoso e o débito cardíaco, por causar vasodilatação.
Efeitos adversos: Boca seca, rubor cutâneo, diminuição da motilidade gastrintestinal e das secreções digestivas, retenção urinária.
Fármacos que atuam no Sistema Nervoso Simpático:
O sistema simpático é responsável pela luta e pela fuga, assim como pelo estresse. Suas ações nos órgãos são:
Olhos: Midríase – receptor a¹. Dilatação da pupila 
Hipotálamo: Vasos sanguíneos profundos – vasodilatação – receptor B². Vasos sanguíneos periféricos – vasoconstrição – receptor a¹
Pulmão: Broncodilatação
Coração: Aumento da frequência e da força de contração B¹.
Trato gastrointestinal: relaxamento – receptores a¹ e b².
Fígado: glicogenólise – receptor a¹. Quebra do glicogênio em glicose.
Útero: relaxamento. – receptor B²
Os fármacos que atuam no sistema simpático ou sistema adrenérgico são classificados em:
Agonistas adrenérgicos: São fármacos que ativam os receptores adrenérgicos e atuam provocando efeitos semelhantes aos do sistema simpático. Por isso, são chamados de simpatomiméticos/simpaticométicos.
Adrenalina: Embora ative os outros receptores adrenérgicos, sua ação é predominante sobre os receptores B e A¹ adrenérgicos. 
Usos clínicos: Tratamento de asma aguda (broncodilatação) e do choque anafilático (ação contrária a da histamina). É utilizada juntamente com anestésicos locais, pois sua ação vaso constritoras aumenta a duração do tempo de anestesia (impede a rápida absorção do anestésico local).
Efeitos adversos: Arritmias cardíacas; hemorragias,pelo aumento da pressão arterial (potente vasopressor); hiperglicemia; ansiedade e pânico; cafeleia e tremores.
Mecanismo de ação: agonista adrenérgico não seletivo. 
Noradrenalina:
Usos clínicos: Ainda utilizado no tratamento de choque cardiogênico; entretanto, vem sendo substituída por fármacos que apresentam menos efeitos adversos.
Mecanismo de ação: O mesmo da adrenalina, porem predomina sobre os receptores A, provocando vasoconstrição generalizada, com maiores efeitos cardiovasculares que a adrenalina.
Efeitos adversos: Hipertensão; vasoconstrição renal; arritmias ventriculares.
Choque cardiogênico: Pode ocorrer após um infarto agudo do miocárdio (IAM) – 7% dos pacientes. É uma condição fatal, onde o coração enfraquecido pós-isquemia passa a bombear menos sangue para os tecidos. Caracteriza-se por baixa perfusão tecidual de sangue, por causa da dificuldade do coração em se contrair, o que leva a um comprometimento do débito cardíaco.
Dopamina:
Mecanismo de ação: Em baixas doses, ativa os receptores B, e em altas doses, ativa receptores A.
Usos clínicos: Tratamento de escolha do choque cardiogênico e da insuficiência cardíaca congestiva. Aumento o fluxo sanguíneo renal, ao contrário da noradrenalina (ação poupadora sobre o rim).
Efeitos adversos: Hipertensão, náuseas e arritmias, que surgem de forma mais moderna.
Dobutamina:
Mecanismo de ação: Agonista seletivo dos receptores B¹ - cardiosseletiva.
Usos clínicos: Tratamento da insuficiência cardíaca.
Efeitos adversos: Hipertensão e aumento da frequência moderadas. O uso frequente causa tolerância, pois o efeito do fármaco diminui. 
Clonidina:
Mecanismo de ação: Agonista parcial dos receptores A², possui também ação central em gânglios. Todas essas ações reduzem as descargas simpáticas.
Usos clínicos: Anti-hipertensivo (tratamento da hipertensão arterial); enxaqueca; usada também para dependência de opiáceos (morfina e análogos) e de benzodiazepínicos (Diazepan e família).
Efeitos adversos: hipotensão ortostática, sonolência, ganho de peso.
Alguns efeitos benéficos da clonidina são observados, como diminuição da ansiedade pré-operatória, diminuição da frequência cardíaca basal e a pressão arterial. Diminui a resposta simpática a intubação; portanto, seu uso tem sido recomendado em dose única antes de alguns tipos de cirurgias vasculares. 
Salbutamol (ou albuterol, Aerolin):
Mecanismo de ação: Agonista B² ou agonista seletivo dos receptores B².
Outros agonistas B²: Terbutalina (Bricannyl); Fenoterol (Berotec, Duovent); Salmeterol (Serevent).
Usos clínicos: São utilizados no tratamento dos broncoespasmos – bronquite asmática. Possuem ação broncodilatadora potente. Alguns possuem ação relaxante sobre a musculatura uterina – ação tocolítica – salbutamol.
Efeitos adversos: taquicardia, tremores musculares, arritmias cardíacas. 
Anfetaminas: São agonistas classificados como indiretos, isto é, não atuam diretamente sobre os receptores adrenérgicos. Entretanto, estimulam a liberação de noradrenalina dos terminais sinápticos. Alguns autores as classificam como estimulante do SNC.
Mecanismo de ação: Penetra nas sinapses e estimula a liberação de noradrenalina. Também atua ativando a transmissão serotoninérgica e dopaminérgica.
Usos clínicos: tratamento de crianças com hiperatividade e distúrbios de atenção e da narcolepsia. Por suas ações sobre os centros da saciedade, são utilizadas em formulação para emagrecimento. 
Efeitos adversos: hipertensão arterial; taquicardia; insônia; arritmias cardíacas; dor anginosa; distúrbios de percepção; midríase; dependência física e química; comportamento psicótico (também denominado psicose anfetamínica, com quadro clinico agudo semelhante ao da esquizofrenia, e podendo ser tratada com Clorpromazina). 
Antagonistas adrenégicos: São fármacos que se ligam e bloqueiam a ativação dos receptores adrenérgicos. Também chamados de simpaticolíticos/ simpatolíticos.
Prazosina (Minipress®); Doxazosina (Carduran®) e Terazosina (Hytrin®)
Mecanismo de ação: Antagonistas seletivos dos receptores α1–adrenérgicos. Seu bloqueio produz vasodilatação, com redução da pré-carga e da pós-carga cardíaca, efeitos que causam redução da pressão arterial.
Usos clínicos: Tratamento da hipertensão arterial.
Efeitos adversos: Hipotensão postural de primeira dose, associada à síncope. Disfunção erétil; astenia (cansaço); cefaleia; tontura e náuseas. O paciente deve ser orientado a tomar um quarto do medicamento na primeira dose.
Propranolol; Atenolol; Alprenolol
Mecanismo de ação: Bloqueiam os receptores B¹(atenolol e alprenolol) e B²(propranolol)
Usos clínicos: O bloqueio de receptores beta diminui a frequência (cronotropismo negativo) e diminui a força de contração (inotropismo negativo). São utilizados como anti-hipertensivos; anti-arrítmiacos; reduzem a liberação de renina, diminuindo a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Esta última ação beneficia pacientes com insuficiência cardíaca e hipertensos.
A diminuição da frequência cardíaca e força de contração diminui a necessidade do miocárdio por oxigênio, promovendo melhora dos casos de angina (ação antianginosa). Tratamento da enxaqueca; tremor parkinsoniano e da ansiedade.
Efeitos adversos: Depressão cardíaca; pacientes com insuficiência pioram nas primeiras semanas antes que o efeito do benefício se instale; bradicardia; bloqueio atrioventricular se o paciente for portador de doença coronariana; hipoglicemia; fadiga; hipotensão; extremidades frias e, no caso do propranolol, crise de bronquite, pelo bloqueio dos receptores B².
Aula 05: Medicamentos de ação na dor e no processo inflamatório: AINES
A reação inflamatória geralmente é iniciada por uma ampla gama de estímulos nocivos, como infecções, anticorpos (autoimune) ou lesões físicas (traumas). 
A capacidade de responder gerando uma resposta inflamatória é, na realidade, um papel protetor importante para a sobrevivência dos seres multicelulares, principalmente nas infecções. Entretanto, a inflamação pode se dar de forma exagerada e durar mais tempo do que o normal, acarretando malefícios.
Fases da Inflamação:
Fase aguda: caracterizada por vasodilatação local transitória e aumento da permeabilidade capilar;
Fase retardada e subaguda: caracterizada por infiltração de leucócitos e células fagocitárias;
Fase proliferativa crônica: caracterizada pela degeneração tissular e fibrose.
Mediadores Químicos da Inflamação:
Os mediadores químicos da inflamação, liberados durante o processo inflamatório, irão depender da natureza deste mesmo processo.
Processo Inflamatório:
O processo inflamatório iniciado pela lesão na membrana celular causa ativação de uma enzima denominada fosfolipase A2. 
Essas enzimas agem sobre os fosfolipídeos da membrana plasmática, liberando um mensageiro químico denominado ácido aracdônico.
Isoformas de COX:
Existem duas isoformas de COX:
COX-1: Classificada como constitutiva, apesar de também aumentar na inflamação. Desempenha função homeostática nas células, como: agregação plaquetária; produção de muco gástrico (proteção da mucosa gástrica); modulação dos vasos sanguíneos do rim (vasodilatação). Responde aos fatores de crescimento a hormônios.
COX-2: Classificada como inflamatória, é induzida pela inflamação (10 a 18 vezes) e tende a facilitar a resposta inflamatória. Entretanto, também possui papel fisiológico em vários tecidos. Induz a produção de prostaglandina I-2 (PG-I2), que possui papel protetor sobre o sistema cardiovascular, diminuindo a probabilidade de efeitos trombóticos.
Classes de anti-inflamatórios:
Os fármacos que agem inibindo o processo inflamatório são divididos em duas classes, de acordo com suas naturezas químicas:
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES): Fármacos heterogêneos, isto e,não estão relacionados quimicamente entre si. 
Anti-inflamatórios esteroidais (ou corticoides/cordicosteroides): produzidos a partir da semelhança química com o hormônio cortisol, que possui propriedades anti-inflamatórias. 
Anti-inflamatóriosnão esteroidais (AINES) ou não hormonais:
O objetivo maior do tratamento da inflamação é diminuir a dor provocada pela lesão tecidual ou a própria reação inflamatória, se esta alcançou a fase proliferativa. Também pode haver febre, pela produção de citocinas pirógenas como a IL-1 (interleucina-1), que ativa a zona de controle da temperatura corporal no hipotálamo.
O uso de anti-inflamatórios irá diminuir a reação inflamatória em seus processos básicos. Além disso, irá diminuir a dor, pois a produção dos mediadores químicos da inflamação, que sensibilizam as terminações livres neuronais, vai diminuir. A febre irá se atenuar ou desaparecerá, pois a produção de IL-1 será interrompida.
 Classificação dos AINES: 
AINES não seletivos:
AINES seletivos para a COX-2: 
Mecanismo de ação dos AINEs:
São os AINES que possuem como mecanismo de ação o bloqueio da COX-1 e COX-2, inibindo a produção das prostaglandinas e tromboxanos dessas vias. Esses fármacos possuem efeitos adversos comuns, pelo bloqueio da COX-1.
Podemos citar como efeitos adversos gerais comuns aos AINES não seletivos:
Dispepsias (gastrite), náuseas, vômitos e sangramentos gástricos. O uso crônico pode acarretar o surgimento de úlceras gástricas, pela diminuição da produção de muco, pois a prostaglandina responsável por essa produção foi inibida.
Reações cutâneas.
Inibição da agregação plaquetária – entretanto, o fármaco mais potente para essa ação é o ácido acetilsalicílico (aspirina).
Comprometimento do fluxo sanguíneo renal – insuficiência renal reversível – inibição da PGE2.
Distúrbios hepáticos, depressão medula óssea – relativamente raros
Broncoespasmo – relacionados a hipersensibilidade a aspirina ou acido acetilsalicílico (asmático)
| Todos os AINES não seletivos podem apresentar, em maior ou menor grau, algum desses efeitos adversos. Assim como todos possuem as mesmas funções que veremos a seguir.|
Função e indicação de AINES não-seletivos:
Anti-inflamatório: diminui a inflamação 
Ação antipirética: diminui a febre- redução da temperatura corporal pelas alterações imunológicas 
Acao analgésica: a diminuição de produção dos mediadores químicos inflamatórios diminui a sensibilização sobre as terminações livres neuronais.
São indicados em:
Lesões musculoesqueléticas
Lesões osteoarticulares 
Dismenorreia (cólica menstrual)
Cefaleias 
Estados febris 
Auxiliar do tratamento de artrite reumatoide, osteoartrite e espondilites.
Tipos de AINES não-seletivos:
Aspirina (acido acetilsalicílico)
Tylenol (paracetamol/acetominofeno)
Diclofenaco
Profenid gel (derivados de ácido propionico)
Postan (derivado fenilantranilico)
AINES seletivos para COX-2 (coxibes):
São fármacos anti-inflamatórios, analgésicos e antipiréticos potentes, utilizados para o tratamento de doenças osteoarticulares e musculoesqueléticas. Primeiramente desenvolvidos para serem utilizados em pacientes que possuíam distúrbios gastrintestinais, por não bloquearem a COX-1, não possuindo os efeitos gerais comuns dos AINES não seletivos. Os AINES seletivos para COX-2 não causam alteração sobre o estômago, nem sobre a agregação plaquetária.
São eles: Celecoxibe (Celebra®); Etoricoxibe (Arcoxia®); Valdecoxibe (Bestra®); Nimesulida (Nisulid® e Scafaln®).
Seus efeitos adversos são resultado da inibição da produção de prostaciclinas vasculares, promovendo aumento da pressão arterial e da aterogênese (surgimento de placa de ateroma). Esses fármacos aumentam os riscos de infarto agudo do miocárdio e AVC isquêmico (eventos trombóticos). É necessário ter receita especial para se adquirir esses medicamentos.
Aula 06: Medicamentos de ação na dor e no processo inflamatório: glicocorticoides e anestésicos locais
Anti-inflamatórios esteroides ou hormonais ou glicocorticoides:
Localização da suprarrenal, ou adrenal, sobre os rins. Acima está a glândula suprarrenal, apresentada em um corte mostrando seu interior em camadas – córtex e medula.
São fármacos produzidos à semelhança do hormônio cortisol. Esse hormônio é produzido pela glândula suprarrenal, que está localizada sobre os rins, apesar de não possuir ligação direta com esse órgão.
A glândula suprarrenal está anatomicamente dividida em duas camadas: o córtex, que é a camada mais superficial, e a medula, a camada mais profunda. O córtex possui várias camadas de células, e cada camada produz principalmente um tipo de hormônio, enquanto que a medula é responsável pela produção do hormônio adrenalina.
O córtex da suprarrenal possui três camadas de células, sendo que o hormônio cortisol é produzido na zona fasciculada por estímulo do hormônio hipofisário ACTH (hormônio adrenocorticotrofico).
A glândula suprarrenal obedece ao controle do eixo hipotálamo-hipofisário-suprarrenal.
O hipotálamo e a hipófise estão localizados no SNC e são responsáveis pelo controle de diversas funções corporais, bem como o controle de algumas glândulas endócrinas como a suprarrenal. O hipotálamo produz um hormônio liberador do hormônio hipofisário: o CRH, que por sua vez, estimula a liberação na adeno-hipófise do hormônio ACTH.
O ACTH estimula a zona fasciculata no córtex da suprarrenal a produzir o cortisol. Este é liberado na corrente sanguínea e irá exercer suas ações. Quando alcança uma devida concentração no sangue, o próprio cortisol irá inibir a produção do CRH no hipotálamo e de ACTH na adeno-hipófise. Essa ação fará com que sua própria concentração no sangue diminua. Esse sistema é chamado de feedback ou retroalimentação negativa.
A suprarrenal pode produzir duas classes de corticoides: os glicocorticoides e os mineralocorticoides.
Os glicocorticoides apresentam controle sobre o metabolismo dos carboidratos, enquanto que os mineralocorticoides controlam o metabolismo hidroeletrolítico - a aldosterona é o principal mineralocorticoide.
Os efeitos dos corticosteroides são diversos e abrangem inclusive a manutenção do equilíbrio de Na+. 
Entretanto, o que chamou a atenção sobre eles foi sua ação sobre o sistema imunológico, isto é, suas ações anti-inflamatória e imunossupressora.
Mecanismo de ação:
Os receptores desses fármacos são os mesmos receptores para o hormônio cortisol e estão no interior da célula. São os receptores intracelulares, que estudamos na segunda aula. O cortisol, bem como os seus derivados sintéticos, são lipossolúveis e atravessam livremente as membranas celulares.
Ao se ligar ao seu receptor no interior da célula, o fármaco forma um complexo ativo receptor/ligante que é translocado para o núcleo, onde se liga a regiões específicas do DNA. Essa ligação ao DNA pode ativar ou inibir a transcrição de genes. Ativa ou inibe a produção de RNAm (imagem). O RNAm produzido, então, vai para o citoplasma dar início à produção de proteínas. As proteínas produzidas nesse processo podem ficar no citoplasma da célula por vários dias.
Ações ou efeitos farmacológicos: 
Redução da permeabilidade do endotélio capilar – inibe a vasodilatação e, consequentemente, diminui o edema.
Diminui a transcrição do gene da COX-2.
Inibe a fosfolipase A2, inibindo a produção de ácido aracdônico e prostaglandinas inflamatórias e de leucotrienos (quimioatração de neutrófilos).
Inibem a liberação de histamina (vasodilatação, broncoconstrição e urticária) pelos mastócitos.
Diminuição da produção de citocinas, TNF, fatores de adesão celular e da IgG.
Redução da ativação de linfócitos T-helper.
Diminuição da produção de colágeno – reparo e cicatrização.
Redução da concentração do sistema complemento no plasma.
Outras ações ou efeitos adversos:
Os corticoides agem em todos os sistemas do corpo, uma vez que influenciam a maioria das células e seus efeitos indesejáveis irão depender da dose utilizada e da duração do tratamento. A prescrição desses fármacos deve ser bem avaliada pelo médico, pois seus efeitos adversos são muitos e potencialmente fatais.
Hiperglicemia – Aumentam a gliconeogênese de todos os tecidos, principalmente o hepático. Estimulam a quebra de proteínas e de lipídeos e a conversão destes em glicose.
Aumentama reabsorção de Na+ - alguns glicocorticoides possuem ação de mineralocorticoides.
Diminuem a produção de matriz óssea e colágeno ósseo – osteoporose.
Supressão do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal. O corticoide causa inibição da produção do CRH no hipotálamo e do ACTH na hipófise. A interrupção súbita de altas doses deve ser feita de forma lenta, para não causar risco de insuficiência adrenal ou suprarrenal.
Aumentam a pressão arterial pela retensão de Na+ e aumento da ação do sistema simpático (ação permissiva – aumenta o número de receptores do simpático nas células do sistema cardiovascular).
Estimulam a maturação dos pneumócitos do tipo II nos pulmões dos fetos e aumentam a produção de surfactante.
Depressão, insônia, psicose.
Aumenta o depósito de gordura na face (face de lua cheia), nuca (giba ou corcova de boi) e no abdome.
Fraqueza muscular e fadiga pela perda da massa muscular pela quebra das proteínas–miopatia reversível.
Pele fina e inelástica pela diminuição do colágeno.
Usos clínicos dos corticoides:
No edema cerebral ocorre aumento da pressão intracraniana, que é prejudicial ao paciente, visto que isto comprime as estruturas ali armazenadas. As células neuronais do encéfalo não se multiplicam mais, e uma vez lesionadas, podem morrer e perder sua função.
A indicação do uso desses fármacos no edema cerebral é pela sua ação na inibição da vasodilatação, diminuindo o edema cerebral. O fármaco de escolha é a dexametasona. O tratamento é bastante eficaz quando o edema é do tipo vasogênico, isto é, devido ao extravasamento de líquido do plasma sanguíneo por vasodilatação, assim como ocorre em tumores cerebrais primários. Ainda há dúvidas na eficácia do tratamento nos edemas causados por isquemia.
Os resultados são bastante benéficos nos traumas raquimedulares, se utilizado em altas doses iniciadas até oito horas após o acidente.
Doenças alérgicas: Asma brônquica (resistente a outras medicações); urticárias (coceiras); anafilaxia; edema angioneurótico.
Maturação do pulmão de prematuros – na iminência de parto prematuro, onde não ocorreu ainda o desenvolvimento completo dos pneumócitos do tipo II, com quantidades suficientes de surfactante, o obstetra inicia a terapia com altas doses de corticoide na mãe para acelerar esse processo.
Transplante de enxertos - supressão do sistema imunológico evitando a rejeição do órgão transplantado.
Transfusão de sangue - evitar choque anafilático.
Doenças autoimunes - suprimir o excesso de ativação do sistema imunológico.
Anti-inflamatório - sistema músculoesquelético e osteoarticular.
Anestésicos locais:
São fármacos que bloqueiam de forma reversível a condução do potencial de ação nos nervos. Uma vez gerado o potencial de ação no neurônio na região do cone de implantação, ele irá se propagar na direção do terminal axonal e liberará o neurotransmissor que está aí armazenado.
Os nervos aferentes sensoriais são responsáveis pela entrada das informações sensoriais no SNC. Esses nervos são formados por um conjunto de neurônios pseudounipolares, cujo corpo celular está fora da medula em um gânglio denominado gânglio da raiz dorsal. 
Esses nervos aferentes entram na medula dorsalmente e formam a raiz dorsal, enquanto que a raiz ventral é formada por nervos motores.
A informação sensorial segue até a medula por esse neurônio e depois ascende da medula até o tálamo, através de um segundo neurônio, e do tálamo para o córtex somatossensorial primário, através de um terceiro neurônio.
Somente quando a informação chega ao córtex somatossensorial primário é que teremos a discriminação da informação sensorial. Isto é, de que tipo ela é, e em qual local do corpo ocorre.
Com exceção da visão que ocorre diretamente no córtex occipital, as outras informações sensoriais serão primeiramente analisadas pelo tálamo e depois distribuídas ao seu córtex correspondente.
Propagação ou condução nervosa:
A atividade elétrica ou despolarização que ocorre no nervo ou neurônio se propaga através da membrana, abrindo canais iônicos de sódio que dependem de voltagem.
O potencial de ação, que é a resposta elétrica do neurônio, é uma variação de voltagem da membrana dessa célula. 
Essa variação de voltagem é suficiente para alterar a carga elétrica, gerando um campo elétrico ao seu redor, o que abre um canal de sódio próximo a ela.
Na figura ao lado, vemos a propagação do potencial de ação. Há um acúmulo de cargas negativas na face interna da membrana e positivas na face externa. Durante a propagação, a abertura de canais de Na+ permite a entrada de carga positiva e mudança dessas cargas. Propagação ponto a ponto – sem mielina.
Há dois tipos de condução do potencial de ação:
Ponto a ponto: em axônios sem bainha de mielina. Por esse motivo, a velocidade é lenta. Exige que o potencial de ação despolarize canal por canal de sódio voltagem dependente da membrana do axônio.
Saltatória: em axônios que possuem bainha de mielina. Por esse motivo, a velocidade é mais rápida. O potencial de ação somente despolariza os canais de sódio presentes nas regiões do nodo de Ranvier.
Exemplos de anestésicos locais:
Mecanismo de ação dos anestésicos locais:
Os anestésicos locais bloqueiam a propagação do potencial de ação por bloqueio do canal de sódio dependente de voltagem. Esses fármacos mantêm o canal de sódio fechado, impedindo a propagação do potencial de ação.
Efeitos adversos:
Possuem vida curta e em geral são rapidamente hidrolizados pela colinesterase. Seus efeitos adversos geralmente decorrem do extravasamento para a corrente sanguínea. Normalmente são:
No SNC: Agitação, confusão e tremores, que podem evoluir para convulsões e coma.
Cardiovascular: vasodilatação e diminuição da força de contração, o que causa diminuição da PA.
Hipersensibilidade.
Usos clínicos:
Anestesia superficial – normalmente aerossol - nariz, boca, árvore brônquica, córnea – não é eficaz na pele.
Anestesia infiltrativa – injetada diretamente nos tecidos. Pequenas cirurgias.
Anestesia por bloqueio nervoso – injetado próximo aos troncos nervosos – grandes plexos nervosos.
Anestesia espinhal – injetado no espaço subaracnoide, onde há líquor, para atuar nas raízes nervosas e medula espinhal.
Anestesia epidural – no espaço epidural, para bloquear as raízes nervosas.
ATENCAO: Algumas vezes os anestésicos locais podem vir associados a adrenalina. Nesse caso, a adrenalina terá ação vasoconstritora, diminuindo a absorção do anestésico local, isto é, o fármaco permanecerá mais tempo no tecido. Essa associação aumenta o tempo da anestesia local.
Futuras aplicações anestésicos locais:
Prevê – se um uso desses fármacos no tratamento de outras patologias como:
Epilepsias
Doenças degenerativas 
AVC
Dor neuropática
Miopatias 
Aula 07: Medicação de ação no sistema respiratório
A fisioterapia respiratória possui uma ampla gama de reabilitações de doenças que envolvem o aparelho respiratório e o fluxo de ar das vias aéreas superiores ou dos pulmões.
Além de todas as manobras e aparelhos, os fisioterapeutas podem contar com vários medicamentos que irão auxiliar a melhorar o fluxo de ar através das estruturas anatômicas que compõem as vias aéreas superiores.
A retenção de muco, juntamente com o broncoespasmo, consiste em uma importante dificuldade respiratória para o paciente, sendo responsável pelas DPOC por angústia respiratória e aumento da PCO2. A consequência é a geração de acidose respiratória.
Os pacientes podem apresentar tosse progressiva (com ou sem produção de escarro), dispneia, sibilos e dor no peito. Normalmente, a dispneia progride com o avanço da doença.
Medicamentos usados em caso de DPOC:
Classes de medicamentos utilizados para o tratamento auxiliar das DPOC e outras afecções respiratórias:
Broncodilatadores (de eleição para o tratamento):
Agonistas B2-seletivos
São fármacos amplamente utilizados no tratamento da bronquite asmática. A asma é uma das doenças crônicas mais comuns em crianças, podendo persistir ou aparecer em adultos.
É uma doença inflamatória dasvias de condução do ar, onde ocorre obstrução reversível à passagem do ar. Normalmente de origem alérgica a estímulos irritantes.
A consequência é o broncoespasmo  e aumento da produção de muco das vias aéreas. O muco produzido durante a reação inflamatória, além de ser em maior quantidade, é mais espesso, o que dificulta sua retirada pelas células ciliadas que revestem a mucosa respiratória (epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes). 
Podem ser administrados por via oral, inalatória ou injetável.
Esse epitélio representa uma barreira mecânica de proteção para o sistema respiratório, representada pela depuração mucociliar ou clearance mucociliar.
O acúmulo do muco irá formar um tampão ou “rolha”, impedindo o fluxo de ar juntamente com a broncoconstrição das vias aéreas.
Os agonistas B2 causam broncodilatação direta por ação no musculo lido dos brônquios.
São eles: salbutamol e terbutalina (ação curta – 3 a 5 horas) e salmeterol e formoterol (ação mais longa – 8 a 12 horas).
Efeitos adversos: tremores, taquicardia e arritmias cardíacas.
Mecanismo de ação: ativam os receptores β2-noradrenérgicos.
Usos clínicos: asma brônquica, além de poderem ser utilizados no tratamento de suporte do enfisema pulmonar para melhorar o fluxo de ar para os pulmões (aumento do volume corrente).
Mucolíticos e expectorantes (fármacos mucoativos):
Diversas doenças do sistema respiratório – como gripes e resfriados, bronquite asmática e outras DPOC – podem causar alterações da produção, assim como da depuração do muco. Como consequência, ocorre obstrução das vias aéreas e infecções. 
Alguns fármacos foram desenvolvidos no sentido de aumentar a fluidez do muco, facilitando assim sua saída, isto é, sua expectoração. Aqui, somente citaremos os fármacos mais utilizados de cada subclasse.
Acetilcisteina: É classificada na subclasse dos agentes modificadores das características físico-químicas das secreções, isto é, o fármaco rompe as ligações químicas das mucoproteínas em cadeias menores e menos viscosas (mecanismo de ação). Ainda não há consenso no seu uso nas DPOC.
É preferencialmente utilizada por nebulização; entretanto, pode ser administrada por via oral ou injetável.
Efeitos adversos: hipersensibilidade; broncorreia (aumento da secreção brônquica), que pode ser prejudicial para quem não consegue tossir, náuseas e vômitos.
Usos clínicos: bronquite asmática, rinites, sinusites, bronqueolites ou afecções onde haja aumento de produção de secreções sem expectoração.
Ambroxol: Classificado como estimulador da atividade das glândulas e células secretoras da árvore brônquica. É um análogo da bromexina, que também é utilizada com a mesma finalidade. Ambas são bem toleradas pelo organismo. Pode ser administrado por via oral ou aerosol.
Mecanismo de ação: admite-se que liberem enzimas lizossomais das células, digerindo as fibras mucopolissacarídicas, mas não DNA, o que aumenta a fluidez do muco.
Efeitos adversos: raramente causa desconforto gástrico e náuseas.
Indicações clínicas: bronquite asmática, rinites, sinusites, bronqueolites ou afecções onde haja aumento de produção de secreções sem expectoração.
Descongestionantes: São drogas que causam a vasoconstrição da mucosa nasal e dos seios paranasais, desobstruindo a passagem do ar pela cavidade nasal. Esses fármacos são agonistas adrenérgicos de ação predominante sobre os receptores α1. 
São: oximetazolina; nafazolina; xilometazolina e fenilefrina.
Mecanismo de ação: agonistas dos receptores α1-adrenérgicos.
Podem ser utilizadas por via tópica (instilação nasal) ou via oral.
Efeitos adversos: via tópica - congestão de rebote; espirros; cefaleia; insônia; anosmia  e paralisia ciliar. Via oral - tremor, insônia, nervosismo; hipertensão arterial moderada, alucinações e miocardiopatia.
Metilxantina:
São a teofilina, a teobromina e a cafeína, encontradas em alimentos como chás, chocolate amargo e café respectivamente. A aminofilina é um complexo de teofilina-etilenodiamina com fins terapêuticos.
As metilxantinas também são broncodilatadores potentes, sendo a teofilina a mais potente e a mais utilizada. Entretanto, por causa de seus efeitos adversos, somente devem ser utilizados se houver métodos disponíveis para determinar os níveis sanguíneos do fármaco.
Exercem efeitos na melhora da contratilidade e na reversão da fadiga do diafragma em pacientes com DPOC e aumentam a depuração mucociliar.
Podem ser administradas por via oral ou injetável.
Efeitos adversos: anorexia, náusea, vômito, desconforto abdominal (aumento da produção de ácido gástrico e enzimas digestivas), arritmias, hipotensão, convulsões e morte.
Mecanismo de ação: inibidores das enzimas fosfodiesterases (PDE), que degradam nucleotídeos cíclicos como o AMPc  e o GMPc . Ocorre o aumento desses nucleotídeos cíclicos, principalmente de AMPc, promovendo o desacoplamento da actina da miosina no músculo liso dos brônquios – relaxamento – broncodilatação.
Usos clínicos: asma brônquica, além de poderem ser utilizados no tratamento de suporte do enfisema pulmonar para melhorar o fluxo de ar para os pulmões.
ATENCAO: Alguns autores afirmam que as metilxantinas não oferecem efeitos adicionais aos β2-agonistas. Entretanto, com frequência são associadas nas emergências dos hospitais, em internações no tratamento do status asmaticus (crise grave de bronquite).
Anticolinérgicos ou antimuscarinicos:
O ipratrópio e o tiotrópio são os antimuscarínicos utilizados na maioria das vezes em associação aos agonistas β2. Na asma, o reflexo vagal de broncoconstrição está hiperativado e esses fármacos irão bloquear a ação parassimpática proveniente do nervo vago (liberação de acetilcolina). O ipratróprio (AtroventR) é administrado por via inalatória diretamente na árvore brônquica.
Produzem broncodilatação por bloqueio do parassimpático. São associados aos agonistas β2, pois potenciam sua ação broncodilatadora. Como os mecanismos de ação são diferentes, a potenciação ocorre com concentrações (doses) pequenas de cada um, o que diminui a quantidade de efeitos adversos.
Mecanismo de ação: antagonista muscarínico não seletivo.
Usos clínicos: asma brônquica, além de poderem ser utilizados no tratamento de suporte do enfisema pulmonar, para melhorar o fluxo de ar para os pulmões (aumento do volume corrente).
Efeitos adversos: praticamente isento de efeitos adversos (pouco absorvido por causa de sua estrutura química); boca seca.
Aula 8: Medicamentos utilizados no sistema cardiovascular
Hipertensão arterial: A hipertensão arterial é uma das doenças mais comuns entre a população adulta em nível mundial e é um fator de risco para as doenças cardiovasculares, como a já citada insuficiência cardíaca, o infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular encefálico ou cerebral (AVE ou AVC) e a insuficiência renal.
Pode ser uma doença silenciosa, isto é, não apresenta sintomas, o que dificulta seu diagnóstico precoce. Além disso, é uma doença sem cura e há uma intensa necessidade de mudança nos hábitos de vida do paciente, para que o tratamento seja realmente eficaz. 
Os casos de hipertensão são divididos de acordo com a sua causa básica em:
Hipertensão essencial ou idiopática: a própria doença – 90 a 97% dos casos de hipertensão.
Hipertensão secundária – originária de outra doença, cuja causa pode ser tratada com o tratamento da doença primária – 3 a 10% dos casos.
Mecanismos de controle da pressão arterial:
A pressão arterial é controlada por alguns mecanismos:
Um mecanismo neural, o sistema nervoso representado pelo sistema de barorreceptores comandado pelo SNA;
E um mecanismo humoral ou endócrino, que age sobre os rins.
O sistema humoral mais importante envolvido no controle da pressão arterial é o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA).
Os rins liberam o hormônio renina, que converte a pró-enzima angiotensinogênio, produzida pelo fígado, em angiotensina I.
A angiotensina II possui algumas ações que irão culminar no aumento da pressão arterial: 
Ação vasoconstritorapotente;
Estímulo da glândula suprarrenal a liberar o hormônio aldosterona, o que aumenta a reabsorção de Na+ e, indiretamente, de H2O;
Estímulo da ingestão de água (sensação de sede). O SRAA também está ativado nos pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, agravando os sintomas.
ATENCAO: O aumento da atividade simpática (SNA) estimula o centro vasomotor no tronco encefálico, produzindo vasoconstrição e aumento da pressão arterial no nível central.
Fármacos utilizados no tratamento da hipertensão:
DIURÉTICOS: Agem nos néfrons, que são a unidade básica dos rins (figura ao lado), causando depleção de, com consequente perda de água, o que acarreta a diminuição do volume plasmático. A diminuição do volume plasmático tem como consequência a diminuição do débito cardíaco e, consequentemente, da pressão arterial (PA).
INIBIDORES DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO (antagonistas): Drogas de ação central. 
Esses fármacos agem no tronco encefálico, diminuindo a atividade simpática. Por isso, diminui o nível de vasoconstrição e a frequência cardíaca. Essas ações culminarão com a diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial (PA). São os fármacos clonidina e alfametildopa.
Mecanismo de ação: 
São agonistas seletivos dos receptores α2-adrenérgicos nos terminais pré-sinápticos dos neurônios pré-ganglionares. Esses receptores, ao serem ativados, diminuem a liberação de noradrenalina nas fendas dos neurônios adrenérgicos, amenizando a ativação simpática.
Efeitos adversos:
Clonidina - boca seca e tonturas; hipertensão rebote, com a interrupção abrupta do fármaco.
Alfametildopa - sedação, tonturas, boca seca e cefaleia. Podem ocorrer também (raramente): diarreia, alteração do sono, congestão nasal, impotência sexual e depressão.
VASODILATADORES DIRETOS: Hidralazina
Produz vasodilatação arterial, porém não venosa. Normalmente usada em associação com diuréticos e betabloqueadores, por causa de seus efeitos adversos (terapia tripla). Aplicada na hipertensão grave e nas emergências hipertensivas, pode ser utilizada de forma parenteral.
Mecanismo de ação:
Aparentemente, ativa os canais de K+, causando hiperpolarização do músculo liso dos vasos, o que impede sua contração.
Efeitos adversos: 
Cefaleia, náuseas, hipotensão postural ou ortostática e taquicardia. Pode precipitar angina em pacientes com insuficiência coronariana, e em altas doses, podem provocar síndrome semelhante ao lúpus eritematoso (reversível). O diurético é associado quando tem retenção de Na+ e o betabloqueador para taquicardia.
Antagonistas dos canais de cálcio (Ca2+) ou Bloqueadores do cálcio (Ca2+): 
Di-hidropiridinas
Possuem afinidade pelos canais de cálcio somente dos vasos, e não do miocárdio. Utilizadas de forma eficaz no tratamento da hipertensão leve a moderada, como monoterapia, e como terapia combinada na hipertensão grave.
Podem ser utilizados para o tratamento da angina e da insuficiência cardíaca. São eles: nifedipina, anlodipina, lecarnidipino, nitrendipino.
Mecanismo de ação: 
Bloqueiam a entrada de cálcio (Ca2+) no músculo liso dos vasos sanguíneos.
Efeitos adversos: 
Cefaleia, rubor facial e edema maleolar. A nifedipina pode causar hiperplasia gengival.
INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA (IECA):
Como já vimos no início da aula, o sistema renina-angiotensina-aldosterona é o principal sistema hormonal de controle da pressão e está anormalmente ativado na hipertensão. Os IECA irão inibir a enzima conversora da angiotensina (vide imagem ao lado e no próximo ítem).
São fármacos amplamente utilizados no tratamento da insuficiência cárdica, com bons resultados, já que há o envolvimento do sistema renina na fisiopatologia dessa doença.
Mecanismo de ação: Inibem a ECA, impedindo a conversão da angiotensina I em angiotensina II.
Efeitos adversos: Hipotensão, hipercalemia (aumento de K+ no sangue), tosse seca pelo aumento da bradicinina (deixa de ser quebrada pela ECA - vide imagem Cascata do sistema renina ao lado). Se o paciente apresentar tosse, deve-se interromper o medicamento e substitui-lo por outro. O edema angioneurótico é raro e ocorre logo após as primeiras doses. Causa más formações fetais – por isso, é contraindicado na gravidez.
ANTAGONISTAS DO RECEPTOR DA ANGIOTENSINA II (ARA-II)
Ao contrário dos demais fármacos, estes não alteram a cascata de formação da angiotensina II (imagem), nem a produção de bradicinina.
Mecanismo de ação: Bloqueiam os receptores AT1 da angiotensina II. Os receptores AT1 são os responsáveis pela vasoconstrição e pela produção de aldosterona na suprarrenal. Se esses receptores estiverem bloqueados pelos fármacos, essas ações deixarão de ser produzidas.
Efeitos adversos: Mesmos efeitos adversos dos IECA, com exceção da tosse seca.
CARDIOTÔNICOS – TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Na insuficiência cardíaca, o miocárdio não consegue se contrair de forma eficaz para bombear sangue suficiente para todos os tecidos do corpo. Em consequência, ocorre a diminuição do débito cardíaco, causando a hipóxia.
A falência do miocárdio pode ser direita ou esquerda, ou até mesmo de ambos os lados do coração. Normalmente evolui por anos e, por isso, pode ser considerada crônica.
O tratamento inclui vários fármacos, como:
IECA;
Antagonistas da angiotensina II;
Betabloqueadores;
Diuréticos;
Vasodilatadores;
Cardiotônicos.
Digitálicos:
Derivados de plantas cujas folhas parecem dedos e por isso são chamadas de digitálicos. 
São a Digoxina e a Digitoxina que possuem ação inotrópica positiva, isto é, aumentam a força de contração do miocárdio.
Mecanismo de ação:
Bloqueia a bomba de Na+/K+ causando aumento de Na+ intracelular. No miocárdio, o Na+ acumulado será trocado pelo Ca2+ através da ativação de uma segunda bomba. O aumento de Ca2+ intracelular irá aumentar a força de contração do músculo cardíaco.
Efeitos adversos: 
Anorexia, náuseas, vômitos, diarreia e arritmias cardíacas. Entretanto, o maior perigo é a diminuição de potássio que esses fármacos podem causar. Para prevenir essa alteração pode-se associar com fármacos poupadores de potássio (diuréticos) como a espironolactona.
ARRITMIAS – ANTIARRÍTMICOS: O coração possui a propriedade de ser automático, isto é, produzir sua própria atividade elétrica. Essa atividade é produzida nos tecidos especiais e então conduzida a todo o miocárdio por um tecido próprio de condução.
Já no miocárdio, ele mesmo funciona como um sincício, uma sinapse elétrica, onde uma fibra passa a atividade elétrica ou potencial elétrico para outra fibra.
Qualquer pequena interferência em um desses componentes – desde o tecido gerador da atividade elétrica, os nodos, ou condutores ou mesmo o próprio miocárdio – causa distúrbios do ritmo cardíaco ou arritmias cardíacas.
CLASSES DE ANTIARRÍTMICOS:
Os fármacos antiarrítmicos interferem com a condutância dos íons e são classificados em quatro classes.
Classe I – Bloqueadores dos canais de sódio: 
Classe Ia – desopiramida, quinidina e procainamida.
Usos: arritmias ventriculares; prevenção de fibrilação atrial paroxística.
Classe Ib – lidocaína, fenitoína, mexiletina e tocainida.
Usos: prevenção e tratamento de taquicardia ventricular e fibrilação ventricular pós-IAM (infarto agudo do miocárdio).
Classe Ic – flecainida, propafenona, indecainida e encainida.
Usos: fibrilação atrial paroxística; taquiarritmias.
Clase II – Bloqueadores beta-adrenergicos ou betabloqueadores:
Propranolol e timolol.
Usos: redução da mortalidade pós-IAM; impedimento da recorrência de taquiarritmias. 
Classe III – Bloqueadores dos canais de potássio:
Amiodarona, bretílio, e sotalol.
Usos: taquicardias e taquiarritmias.
Classe IV – Bloqueadores dos canais de cálcio:
Verapamil e diltiazem.
Usos: Fibrilação atrial e taquicardia supraventricular.
Aula 9: Medicamentos de ação dermatológica 
A utilização de medicamentos sobre a pele pode tanto ter motivação curativa quanto estética. Atualmente, o emprego de fármacos cosméticos tem aumentado em progressão geométrica.
As indústrias farmacêuticas têminvestido milhões a cada ano em pesquisas em cosméticos e agentes terapêuticos.
Histologia da pele:
A pele e um epitélio de revestimento que recobre toda a extensão do corpo, podendo atingir uma área ate 2m2. Forma uma barreira semipermeável de proteção e defesa contra germes.
Epiderme:
Está subdividida em quatro camadas (ou estratos) de células: córnea; granulosa; espinhosa e camada de células basais. É avascularizada, recebendo nutrição da derme.
A camada basal possui células germinativas que estão em constante proliferação e dão continuidade à renovação celular da pele. Também está apoiada sobre a derme e possui bordas irregulares, o que permite maior adesão da epiderme. Nesta camada, são encontradas células denominadas melanócitos, que produzem pigmento.
A camada espinhosa possui células denominadas ceratinócitos (ou queratinócitos), que produzem a ceratina ou queratina, que por sua vez, forma a camada ou estrato córneo.
A camada granulosa possui células poligonais que, em seu interior, abrigam grânulos de querato-hialina, polissacarídeos, glicoproteínas e lipídeos, que auxiliam a formação da camada córnea.
A camada córnea é formada por células mortas, queratinizadas e sem núcleo e varia de espessura com a região do corpo: é mais espessa na palma das mãos e planta dos pés.
Derme:
Tecido conjuntivo elástico, bastante vascularizado e inervado. Possui fibras de colágeno e fibras elásticas, produzidas pelo principal tipo celular do tecido, que é o fibroblasto.
É responsável pela nutrição da epiderme. É nesta camada que estão localizados os anexos da pele, como o folículo piloso, as glândulas sudorípara e sebácea e as unhas.
Hipoderme:
É um tecido celular subcutâneo fino, profundo e que une a pele, de maneira pouco firme, a outros tecidos.
Farmacoterapia dermatológica:
Por causa da função de barreira protetora da pele, um dos maiores desafios para os fármacos dermatológicos é de serem desenvolvidos para absorção pela pele.
Para os fármacos dermatológicos, os veículos onde eles são diluídos têm extrema importância para a função de absorção do fármaco. A liberação e absorção dos princípios ativos são influenciadas pelas propriedades do veículo das preparações (Penildon Silva, 2010).
Tratamento antiacne:
É um agente antimicrobiano de ação bacteriostática, isto é, paralisa o micro-organismo por um tempo suficiente para que o sistema imunológico possa combatê-lo. Sua ação é contra a bactéria Propionibacterium acnes, reduzindo a produção de ácidos graxos irritantes no folículo.
Mecanismo de ação: antimicrobiano bacteriostático.
Efeitos adversos: irritação local e hipersensibilidade tardia.
O ácido retinoico (derivado da vitamina A) reduz a coesão entre as células da epiderme e aumenta a renovação dessas células. Essas ações diminuem as lesões chamadas de comedões e, por esta razão, esses agentes são chamados de comedolíticos.
Tretinoina: Usada topicamente no tratamento da acne vulgar (ácido retinoico). Reduz a coesão das células e aumenta a mitose das células epiteliais. Pode haver um agravamento no início do tratamento, porém há melhora após 3 a 4 meses.
Torna a camada córnea mais fina, facilitando a absorção de outros fármacos antiacne. Não deve ser aplicada na pele eczematosa, nem deve ser associada a outros fármacos ceratolíticos (enxofre, ácido salicílico, peróxido de benzoíla e sabões abrasivos).
Efeitos adversos: ressecamento e vermelhidão (eritema), que podem desaparecer após a primeira semana de uso.
Isotretinoina: Usada somente na acne cística ou naquela que não responde a outros tratamentos. É administrada por via oral. Possui ação teratogênica (contraindicada para mulheres grávidas).
Efeitos adversos: ressecamento e prurido da pele e mucosas; cefaleia; anorexia; alopecia; dores musculares e articulares; opacidade da córnea.
Fármacos que afetam a pigmentação:
Hiperpigmentacao: São utilizados fármacos que diminuem a atividade dos melanócitos: hidroquinona (despigmentação temporária) e monobenzona (despigmentação irreversível). São utilizados para diminuir a hiperpigmentação da pele. Há necessidade de uso de protetores solar durante o tratamento.
Mecanismo de ação: inibem a síntese de melanina, pela inibição da enzima tirosinase.
Efeitos adversos: irritação local e hipersensibilidade (reação alérgica).
Hipopigmentacao: São utilizados fármacos que induzem a repigmentação de regiões despigmentadas, como nas máculas do vitiligo e na psoríase. Geralmente recebem o nome de psoralenos. Esses fármacos devem ser ativados por luz ultravioleta de comprimento de onda longo, na faixa entre 320 e 400nm(UVA) para produzirem um efeito benéfico. São o trioxsaleno (via oral) e metoxsaleno (via oral e tópica). Há necessidade de uso de protetor solar durante o tratamento.
Mecanismo de ação: ainda incerto, entretanto sabe-se que ocorre melanogênese, isto é, aumento da produção de melanina e a transferência deste pigmento dos melanócitos para os queratinócitos. 
Efeitos adversos: desconforto gástrico (via oral); catarata, câncer de pele, eritemas e formação de bolhas.
Antifúngicos: O tratamento de infecções fúngicas pode ser tanto via oral quanto tópica. A recomendação é que, no caso de infecção localizada ou restrita, o tratamento seja tópico, sendo por via oral somente quando a infecção é disseminada.
 No caso das onicomicoses (infecções fúngicas da unha), é necessário utilizar ambos os fármacos para o tratamento ser eficaz.
A anfotericina B ainda pode ser encontrada na forma de loção ou creme e causar uma coloração amarelada na pele, principalmente se usada com veículo creme.
Efeitos adversos: eritema, prurido, sensação de picada e irritação local.
Mecanismo de ação: diminuem a síntese de ergosterol dos fungos, necessária para a produção da membrana celular. Enquanto as células animais utilizam o colesterol, as fúngicas utilizam o ergosterol.
Aula 10: Medicamentos de ação no Sistema Nervoso Central 
Relaxantes musculares: 
A contração dos músculos estriados esqueléticos ocorre através da estimulação pelo neurônio motor ou motoneurônio, cujo corpo celular está localizado no corno ventral na medula espinhal.
Esse neurônio motor emite seu axônio até o músculo estriado esquelético e libera acetilcolina (neurotransmissor) na fenda sináptica da junção neuromuscular.
A placa motora é o potencial elétrico produzido na junção neuromuscular, através da ligação da acetilcolina aos seus receptores nicotínicos no músculo estriado esquelético. Esses receptores abrem canais de sódio, permitindo a entrada de sódio no músculo, ocorrendo assim uma despolarização do músculo estriado esquelético (imagem).
A despolarização (entrada de sódio) percorre a membrana do músculo até os túbulos T, onde ativam o retículo endoplasmático liso (REL). O REL libera o cálcio (Ca2+) armazenado no citoplasma do músculo, e esse cálcio tem contato com o maquinário contrátil (actina e miosina) da célula muscular, induzindo a contração.
Consequências da contração muscular:
Quando aumenta o tônus ou contração muscular, pode ocorrer incapacidade e dor. A contração excessiva das fibras musculares gera consumo de oxigênio, causando anaerobiose, com consequente produção de ácido lático. O excesso de ácido lático causa lesão do tecido, provocando dor.
Pacientes com lesões neurológicas que apresentam espasticidade  grave, com a reabilitação prejudicada, devem ser tratados com algum tipo de relaxante muscular. Em longo prazo, a espasticidade pode levar a contraturas e anquilose  de articulações.
Infelizmente, este é um sintoma de uma série de doenças neurológicas e tem sido tratado com relaxantes musculares. Entretanto, a ausência de descritivos científicos impede uma conclusão sobre o assunto.
O espasmo muscular é uma contração involuntária, dolorosa, que pode causar ou não movimento. Além dos relaxantes musculares, também são usados anti-inflamatórios e analgésicos. 
As câimbras são um tipo de espasmo muscular.
Doença de Parkinson e parkinsonismo:
Estão classificados dentro do grupo de doenças neurológicas

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