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Júlia Coelho Travassos Matrícula: 201301676331 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR 1º VICE PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RJ. MATILDE, nacionalidade xxx, estado civil xxx, profissão xxx, portadora da carteira de identidade nº xxx, inscrita no CPF sob o nº xxx, endereço eletrônico xxx, residente e domiciliada à Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, Rio de Janeiro/RJ, CEP: xxx, vem, por intermédio de seu advogado que a esta subscreve, com endereço profissional à Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, Cidade xxx, Estado xxx, CEP: xxx, endereço eletrônico xxx, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, inciso LXVIII da CRFB/88 e artigo 647 e seguintes do CPP, impetrar: HABEAS CORPUS pelos fatos e fundamentos a seguir exposto: DOS FATOS O magistrado da 10ª Vara de família da Capital decretou a prisão da Paciente, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, pois a mesma está sendo executada por seus filhos Jane e Gilson Pires, menores, com 13 (treze) e 6 (seis) anos, respectivamente, representados pelo seu genitor, Gildo. Na execução, que tramita na vara acima citada, a Paciente foi citada para efetuar o pagamento da quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), referente ao últimos 5 (cinco) meses impagos dos alimentos fixados por sentença pelo juízo da mesma vara de família. Ocorre que a Paciente encontra-se desempregada há 1 (um) ano, diante da grave situação econômica em que o país se encontra e, com isso, não está conseguindo se reinserir no mercado de trabalho e, diante deste fato, não possui condições financeiras para quitar a dívida alimentar. Ressalta-se que a Paciente não deixou de pagar os alimentos por negligência, mas sim por absoluta impossibilidade financeira e, também, por estar tratando de uma depressão profunda. Ante o exposto, resta evidente que a Paciente deixou de pagar os alimentos por estar financeiramente impossibilitada, não merecendo prosperar o mandado de prisão. DOS FUNDAMENTOS A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LXVIII, estabelece que o Habeas Corpus será concedido sempre que alguém estiver ameaçado de sofrer coação legal em seu direito de locomoção. O Habeas Corpus pode ser considerado como remédio constitucional ou ação constitucional, pois sua gênese está no texto da Constituição Federal, conforme o artigo 5º, inciso LXVIII, como um direito e garantia fundamental. É encarado como cláusula pétrea e não pode ser suprimi do bojo da Constituição, nem mesmo por emenda constitucional (artigo 60, § 4º, da CRFB/88). Ainda neste sentido, dispõe o Código de Processo Penal: “Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.” A justificativa da decretação da prisão da Paciente versa sobre a cobrança dos últimos 5 (cinco) meses de cobrança de pensão alimentícia, porém o entendimento do STJ, na Súmula 309, é de que o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. Ainda, o magistrado decretou a prisão da Paciente pelo prazo de 60 (sessenta) dias, o que é uma prática ilegal, pois o artigo 528, § 3º do Código de Processo Civil dispõe que, no cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia, se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. Os exemplos anteriores podem ser nitidamente identificados no rol de hipóteses trazido pelo artigo 648 do CPP, que delimita, com maior clareza, as possibilidades de impetração de Habeas Corpus: A coação considerar-se-á ilegal: I. quando não houver justa causa; II. quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III. quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV. quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V. quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI. quando o processo for manifestamente nulo; VII. quando extinta a punibilidade. Neste sentido, temos a decisão do TJ-PE: DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. INADIMPLÊNCIA. PRISÃO CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE PAGAMENTO. SITUAÇÃO DE DESEMPREGO COMPROVADA. EM RAZÃO DO PACIENTE ENCONTRAR-SE DESEMPREGADO, NÃO SE MOSTRA RAZOÁVEL A PRISÃO DO DEVEDOR. EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA. ORDEM CONCEDIDA EM PARTE. Saliente-se que, em se tratando de prisão civil por débito alimentar, o âmbito de cognoscibilidade do habeas corpus se restringe ao aspecto da legalidade, isto é, se foi obedecido o devido processo legal, se a decisão está devidamente fundamentada e foi prolatada por juízo competente, como ocorreu, na espécie. De outra banda, a discussão sobre a incapacidade financeira do paciente e a tentativa de discutir a verba alimentar mostra-se totalmente descabida em sede de habeas corpus, cujos estreitos limites como já dito anteriormente, não comportam essas indagações. A impossibilidade imediata de pagar o valor exeqüendo, por se encontrar desempregado, CONCEDO em parte, a ordem requestada, unicamente, para determinar que o paciente cumpra a prisão civil domiciliar em regime aberto, autorizando-se apenas as saídas do paciente pela parte da manhã, exclusivamente, para procurar emprego, sem se admitir quaisquer desvios de itinerário. Considerando os fatos acima narrados é possível verificar que a ordem emanada pelo magistrado impõe à Paciente restrição indevida em sua liberdade de locomoção. DOS PEDIDOS Ante o exposto, vem requerer à Vossa Excelência: a concessão da medida para o mandado de prisão seja recolhido; a notificação da autoridade coatora; a concessão da ordem com a consequente expedição de salvo em conduto em favor da Paciente. Nestes Termos, Pede deferimento. Local, data. NOME DO ADVOGADO OAB/RJ N° xxx
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