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Traumatologia e Ortopedia Rayane Vital Traumatologia e Ortopedia 1 Conceito de Traumatologia e Ortopedia Ortopedia- é a especialidade que visa tratar e corrigir deformidades, doenças e distúrbios do sistema musculoesquelético. Esta trata disfunções osteomioarticulares e tendíneas resultantes de traumas e suas consequências imediatas e tardias, lesões por esforços repetitivos e patologias ortopédicas. Traumatologia – é a especialidade que estuda as lesões provocadas por traumatismos no sistema musculoesquelético, sendo estas lesões abertas ou fechadas. Aspectos etiológicos Quais são as principais causas de uma fratura óssea? Trauma direto- Golpe ou choque aplicado sobre o osso. Trauma indireto- Quando um trauma atinge um osso e esta energia é transmitida através de uma ou mais articulações, lesando outro osso a distância. Os traumatismos que incidem sobre os ossos com forças superiores a sua capacidade de deformação são as causas mais frequentes de fraturas. Isso acontece, sobretudo, em quedas, pancadas e acidentes, mas há também fraturas que ocorrem devido a impactos mínimos ou até espontaneamente, chamadas fraturas patológicas, as quais se devem a um anormal enfraquecimento dos ossos, devido à osteoporose ou a tumores ósseos. Quais são os principais sinais e sintomas de uma fratura óssea? As queixas mais comuns são dores, inchaço, incapacidade total ou parcial de movimentos, deformidades e posturas anormais, sinais do traumatismo, como hematomas, lesões cutâneas, etc. Nas fraturas expostas podem aparecer outros sinas e sintomas além desses, dependendo do tipo de evento. Principais tipos de fratura: Há uma grande variedade de fraturas. Elas podem ser múltiplas ou únicas, por encurtamento muscular violento ou por torção, completas ou incompletas, oblíquas, epifisárias, fechadas ou abertas, etc. Podem ainda ser classificadas segundo outros critérios: Segundo as suas causas: Fraturas traumáticas: representam a maioria das fraturas e são causadas pela aplicação sobre o osso de uma força maior que sua resistência. Podem ocorrer no local do impacto (por exemplo, uma fratura de úmero por uma pancada) ou à distância (por exemplo, uma fratura da clavícula quando se apoia com a mão, após uma queda). Podem ocorrer também por uma contração Traumatologia e Ortopedia 2 muscular violenta ou serem devidas à aplicação repetida e frequente de pequenas forças sobre um osso, enfraquecendo-o progressivamente. Fraturas patológicas: muitas vezes ocorrem espontaneamente ou em razão de traumatismos mínimos sobre um osso previamente fragilizado por osteoporose ou por um tumor ósseo. Segundo a lesão envolvida: Fraturas simples ou fechada: apenas o osso é atingido e não há perfuração da pele ou lesão de outras estruturas adjacentes. Fraturas expostas ou abertas: a pele é rompida e o osso fica exposto ao exterior. Nesse tipo de fratura com frequência ocorre infecção bacteriana e mesmo que ela ainda não esteja presente, justifica-se o uso preventivo de antibióticos. Fraturas complicadas: quando são atingidas outras estruturas além dos ossos, como vasos sanguíneos, nervos, músculos, etc. Chame-se de politraumatizado ao paciente que tenha sofrido ao mesmo tempo várias fraturas num mesmo ou em diversos ossos. Fraturas cominutivas são aquelas em que o osso se parte em vários pequenos fragmentos. Métodos de diagnóstico: Em geral um exame radiográfico é suficiente para confirmar uma fratura e para classificar o seu tipo. Conforme as circunstâncias do caso e se for necessária cirurgia, outros exames laboratoriais podem estar indicados para avaliar o estado geral do paciente. Em alguns casos, exames de imagens mais precisos, como a ressonância magnética, por exemplo, podem ser necessários para diagnóstico e/ou acompanhamento do caso. Tratamento das fraturas: O tratamento das fraturas ósseas depende do tipo e das características delas, mas a cirurgia deve ser considerada como a última opção, reservada para casos especiais como fraturas expostas ou complicadas. O tratamento conservador procura favorecer condições para que ocorra o processo natural de reparação do osso e é variável conforme o osso que tenha sido atingido e o tipo de lesão em causa. Nas fraturas em que tenha havido desvio ósseo é necessário fazer-se a redução da fratura, exercendo tração sobre o membro afetado e fazendo com que as extremidades ósseas voltem a ficar alinhadas e na sua posição anatômica natural. Depois desse alinhamento, o membro afetado deve ser imobilizado, para que não haja dor e possa ocorrer uma reparação da fratura, o que pode ser feito por vários meios. O mais frequente é que seja usada uma tala gessada ou o suporte com ligaduras elásticas. Conforme o osso atingido ou o tipo de fratura, essa imobilização pode variar de três a oito semanas. Classificação das fraturas: Fraturas por avulsão – uma forte contração muscular separa o tendão do osso. Fratura cominutiva – osso se quebra em vários pedaços. Fratura por compressão (esmagamento) – geralmente ocorre nas vértebras. Por exemplo, o corpo de uma vértebra da coluna vertebral pode colapsar por causa da osteoporose. Fratura com luxação – a articulação se torna luxada e um dos ossos apresenta uma fratura. Traumatologia e Ortopedia 3 Fratura patológica – quando uma doença subjacente enfraquece os ossos e provoca a ruptura. Fratura em galho verde – o osso se deforma, trata –se de uma fratura incompleta que secciona apenas uma parte do osso. Ocorre nas crianças. É dolorosa, mas estável. Fratura incompleta – o osso é parcialmente fraturado de um lado, mas não quebra completamente e o resto do osso permanece intacto. É mais frequente entre as crianças, que têm ossos mais elásticos. Fratura com separação óssea – quando o osso é fraturado e um fragmento se afasta do osso. Fratura por estresse – mais comum entre os atletas. O osso se quebra devido ao estresse repetido. Fratura oblíqua – a fratura cresce na diagonal. Fratura transversa – o osso se fratura transversalmente em relação ao eixo. Fratura espiral - é quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através do osso, são lesões que ocorrem devido a uma torção. Sinais e sintomas Os sinais e sintomas de uma fratura dependem do osso afetado, idade do paciente, saúde geral e gravidade das lesões. No entanto, as mais frequentes são: Dor Inchaço Equimoses, hematoma ou manchas Mudança na cor da pele ao redor da área afetada Traumatologia e Ortopedia 4 Ângulo (no caso de fratura, um fragmento pode girar ou inclinar em relação ao resto do osso) O paciente não é capaz de suportar o peso sobre a perna ferida O paciente não pode mover o segmento afetado Sensação de crepitação Hemorragia Paciente pálido e suado Tontura e náusea (sensação de desmaio) Complicações das fraturas Lesão tecidual – gordura – embolia gordurosa. Com o rompimento de vasos, há mistura da medula óssea com sangue, que é levado ao pulmão e, se o atravessar, chega ao cérebro, rim e coração, obstruindo os vasos capilares. Geralmente o início é gradual, com hipóxia, sintomas neurológicos, febre e erupções cutâneas, com petéquias que surgem, tipicamente, de 12 a 36 horas após a injúria. Sangramento – choque hipovolêmico - choque hemorrágico é a principal causa de morte de vítimas politraumatizadas (acidentes, quedas, etc), é ocasionado por umadiminuição do fluxo sanguíneo proporcionando uma perfusão tecidual diminuída e lesão celular irreversível, isto pode levar a falência do sistema circulatório. Ele pode ter origem por uma desidratação, queimaduras e por severas perdas sanguíneas. Sendo necessária a instalação adequada de medidas de reposição de volume para corrigir o quadro clínico. Inflamação – edema – Síndrome Compartimental é o aumento de pressão num espaço anatómico restrito (compartimento fascial ou loja anatômica) com queda da perfusão sanguínea dos músculos e órgãos nele contidos. Caracterizada por parestesia, dor contínua, hipoestesia, edema e enrijecimento da região acometida. As causas principais podem ser a constrição de membros por aparelho gessado, curativos compressivos bem como uso inadequado de braçadeiras/manguitos. Cirurgia - infecção Consolidação – Pseudo artrose - é uma complicação apresentada durante o processo de consolidação da fratura de um osso. Consiste na ausência da formação de um novo osso dentro de um período de tempo considerável, o que dificulta a mobilização, traz dor e inclusive deformidade da área localizada. Consolidação – deformidade – consolidação viciosa - são causadas por redução imprecisa ou por imobilização ineficaz durante o processo de consolidação. Na maioria das vezes, esses problemas podem ser prevenidos pelo tratamento competente de fraturas recentes. Equimoses/Hematomas Diagnóstico (exame físico) Impotência funcional Edema Crepitação: Mobilidades Anormais para a Região Traumatologia e Ortopedia 5 Métodos de tratamentos Conservadores: Tala gessada Aparelho gessado Imobilizadores Imobilização de esparadrapo Talas de Alumínio Cirúrgicos: Osteossíntese Fios Intra-ósseos: Kischner, Steiman Placa e Parafusos Hastes Intra-medulares Próteses Total e Parcial Fixadores Externos Tratamento Fisioterapêutico A abordagem fisioterapêutica se baseará em reverter quadros de limitação de ADM, dor articular, edema, hipotrofia, diminuição de força, etc. O fisioterapeuta atuará utilizando técnicas e modalidades facilitatórias (manobra miofascial, mobilização articular, cinesioterapia, energia muscular, alongamento, eletrotermofototerapia entre outros). Pós-imobilização (redução incruenta) Onde é liberado o uso do gesso ou da órtese, a fisioterapia tem como objetivo recuperar todas as funções da região afetada. Por exemplo, uma pessoa que fraturou o cotovelo, após semanas imobilizada terá uma enorme dificuldade em esticar e dobrar o braço, por aderências na articulação do cotovelo e por conta da perda de força e controle do membro. Nestes casos, o fisioterapeuta vai atuar utilizando técnicas para desbloquear a articulação, recuperar o controle e força muscular. Fases de consolidação A fase inflamatória - dura aproximadamente 1 a 2 semanas. Inicialmente, a fratura incita uma reação inflamatória. O aumento da vascularização que envolve a fratura permite a formação de um hematoma de fratura, que em breve será invadido por células inflamatórias, como neutrófilos, macrófagos, e fagócitos. Essas células, inclusive os osteoclastos, funcionam de modo a eliminar o tecido necrosado, preparando o terreno para a fase reparativa. Radiograficamente, a linha de fratura pode tornar-se mais visível à medida que vai sendo removido o tecido necrosado. A fase reparativa - habitualmente dura de 4 a 8 semanas. Essa fase é caracterizada pela diferenciação de células mesenquimatosas pluripotenciais. O hematoma de fratura é então invadido por condroblastos e fibroblastos, que depositam a matriz para a formação do calo. Inicialmente, forma-se um calo mole, composto principalmente de tecido fibroso e cartilagem com pequena quantidade de osso. Então, os osteoblastos são responsáveis pela mineralização desse calo mole, convertendo-o num calo duro de osso reticulado e aumentando a estabilidade da fratura. Traumatologia e Ortopedia 6 OBS.: União retardada e pseudartrose são decorrentes de erros nessa fase da consolidação óssea. A conclusão da fase reparativa fica indicada pela estabilidade da fratura. A fase de remodelamento, que leva de meses a anos para se completar, consiste em atividades osteoblásticas e osteoclásticas que resultam na substituição do osso reticulado desorganizado e imaturo por osso lamelar, organizado e maturo, o que aumenta ainda mais a estabilidade do local fraturado. Com o passar do tempo, o canal medular vai gradualmente sendo reformado. Ocorre reabsorção do osso das superfícies convexas e formação nova de osso nas superfícies côncavas. O processo permite alguma correção das deformidades angulares, mas não das deformidades rotacionais. Radiograficamente, é habitual que a fratura não seja mais visualizada. Traumatologia e Ortopedia 7 Diagnóstico: Anamnese Exame Físico Exames Complementares: Raio X Tomografia Computadorizada (TC) Ressonância Nuclear Magnética (RNM) Análise do trauma: Quando: Momento do Trauma Como: Queda (Altura)/ Acidente (Qual a Energia Cinética Envolvida) Local: Onde Ocorreu o Trauma Tipo de Trauma: Direto/Indireto/Todos os Detalhes Possíveis Análise do paciente: Idade Nível de Consciência Barreira Linguística Local Atingido Ouviu Algum Barulho: Estalo Regiões que Sente Alguma Alteração Sente Algum Atrito Exame Físico: Dor: Posições Antálgicas/Proteção de Regiõeso Edema Deformidades Crepitação Mobilidades Anormais para a Região Equimoses/Hematomas Atenção: Fraturas Incompletas/Impactadas/SemDesvio/Estáveis que podem ser Oligossintomáticas: Estar andando ou mobilizando o membro comprometido não necessariamente significa não haver fratura. Exames Complementares: Raio X: 1º Exame sempre a ser solicitado No mínimo em 2 incidências Alguns casos indicação absoluta de outras incidências Sempre incluir as articulações proximal e distal do nível da fraturao Não diagnosticando no 1º momento, trata-se como houvesse fratura e repete o Raio X em 2 semanas, confirmando ou não o diagnóstico TC com Montagem em 3D Fraturas articulares: Avaliar a integridade da superfície articular. Diagnóstico duvidoso ou avaliar melhor a fratura para classifica-la e definir o tratamento: Fratura de Coluna Vertebral e pelve RNM: Utilização restrita nos casos de fratura Traumatologia e Ortopedia 8 É indicada para diagnóstico de lesões de partes moles: extra e intra-articular Em casos específicos de fratura está indicada: Fratura de escafoide carpo Tratamento: _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Lesão de tecidos moles A lesão é caracterizada por uma alteração ou deformidade tecidual diferente do estado normal do tecido, que pode atingir vários níveis de tecidos, assim como os mais variados tipos de células. As lesões ocorrem em função de um desequilíbrio fisiológico ou mecânico, por trauma direto ou indireto, por uso excessivo de um determinado gesto motor, ou até por gestual motor realizado de forma incorreta. Classificação da gravidade das lesões: Lesão aguda e crônica Microtrauma e Macrotrauma Lesão primária e secundária Fatores intrínsecos e extrínsecos Lesão aguda - provenientes de eventos traumáticos recentes, tais como torções, luxações, contusões e fraturas. Apresentam sintomas precoces, como inflamação, edema ou hematoma local e dor, que juntos irão limitar a capacidade funcional do local lesionado. Lesão crônica - incômodos de longa data, como por exemplo: tendinite, bursite e artrite. A característica mais marcante é a dor, que pode ser percebida ao longo de um período, sem que haja alívio. Logo, restringindo a realização de atividades. Também poderão ocorrer episódios de agudização, que desencadeiam uma inflamação, com dor insuportável. Traumatologia e Ortopedia 9 Com relação a dor: Aguda: 7 a 10 dias após a lesão; Subaguda: de 10 a 7 semanas; Crônica: de 3 a 6 meses. As respostas fisiológicas à lesão primária podem levar a uma lesão secundária por meio de mecanismos enzimáticos e hipóxicos que afetam as células da região periférica à lesão inicial. Nas primeiras horas após a lesão primária ocorrerá uma u mento na área total lesada, a qual é consequência da lesão secundária. Trauma desencadeante = macrotrauma Atividade repetitiva = microtrauma Fatores Intrínsecos: São aqueles que pertencem ao próprio indivíduo, como idade, gênero, déficit de flexibilidade e/ou força muscular, lesão prévia, déficit de controle neuromuscular propriocepção, entre outras. Fatores Extrínsecos: São fatores que não pertencem diretamente ao indivíduo como tipo de quadra, calça do esportivo, carga de treinamento ,biomecânica do gesto esportivo, etc. Entorse (lesão Ligamentar)— Ocorre em região articular ,podendo ocorrer estiramento ligamentar, ruptura parcial ou completa das fibras de um ligamento. O mecanismo de lesão normalmente é uma torção. Pode ser dividido em três graus: GrauI (leve) - algumas fibras são rompidas ,mas a integridade do ligamento é mantida e articulação permanece estável. GrauII (moderado) - as fibras são rompidas em um quantidade suficiente para diminuir a função ligamentar, mas a estabilidade ainda é mantida .É evidente algum movimento articular excessivo ,quando comparado ao movimento contra lateral é relatado quadro álgico Grau III (grave) - ruptura completa das fibras, com perda da integridade ligamentar e evidência de instabilidade articular. Diagnóstico: Anamnese, testes específicos e exames de imagem. Traumatologia e Ortopedia 10 Tratamento conservador em lesões ligamentares devido à entorse Nessa modalidade de tratamento são considerados três objetivos básicos: Limitar a extensão da lesão Restaurar mobilidade e motricidade Restaurar agilidade e resistência * Graus 1 e 2 Fase 1 - 1ª e 2ª semanas R.I.C.E. Repouso com uso de muletas, bandagens ou órteses , visa limitar a extensão da lesão, em casos mais graves usa- se imobilização e recomenda nenhum tipo de carga sobre o membro Gelo e compressão reduz a hemorragia e edema - de 3 a 4x ao dia A deambulação com órteses protetoras inicia-se logo que a dor permita e ao mesmo tempo pode iniciar os exercícios isométricos, estimulação elétrica, massagem. Fase 2 - 3ª a 6ª semanas Reeducação da musculatura envolvida, além de fortalecimento e alongamento, inicia-se a propriocepção. As lesões musculares são uma das principais causas de afastamento dos praticantes de atividade física dos seus treinos. Apesar disso, elas não são privilégio somente dos atletas amadores e profissionais. Qualquer pessoa pode estar sujeita a uma lesão muscular enquanto realiza suas tarefas do dia-a-dia. Mialgia Processo doloroso, a nível muscular de diferentes causas, sem gravidade preocupante. Pode ser causada por estresse muscular direto, ou indireto. Muito comum após atividade física exaustiva, ou quando ocorre a retomada ao treino visando ganho de condicionamento físico. Estas lesões podem ser classificadas em diretas e indiretas, parciais ou totais. Nas parciais, a forca esta diminuída, porém permanece sua capacidade contrátil. Nas totais, a mobilidade pode ser nula, o músculo mostra se assimétrico mesmo em repouso, comparado com a lado contra lateral. As lesões musculares podem ser traumáticas e atraumáticas: Traumáticas - estiramento, contusão e laceração Atraumáticas - cãibra e dor muscular tardia Direta - ocorre após contato físico, resultando em dor muscular ,sem achado clínico significante, com o hematoma ou limitação funcional .Difere de episódio de contusão pelo fato de não apresentar comprometimento de fibras e alteração tônica.— Indireta - ocorre após solicitação física intensa, podendo, ou não ser precedida por episódio de câimbra durante a execução da atividade. Pode também aparecer de 24 a 48 horas após Traumatologia e Ortopedia 11 realização de exercícios físicos, especialmente quando o indivíduo visa recondicionar-se fisicamente. Contusão É o resultado de um forte impacto na superfície do corpo (não penetrantes). Pode causar uma lesão nos tecidos moles de superfície, como os músculos e a fáscia. As cápsulas e os ligamentos articulares também podem ser lesados. Caracteriza-se por dor e edema difusos, hematoma discreto e limitação de força e mobilidade. Podem ser graduadas e conforme as restrições de mobilidade articular: Contusão leve - diminuição de menos de 1/3 da mob. Art. Normal ao redor da lesão. Contusão grave - diminuição de mais de 1/3. Distensão (estiramento) - Quando ocorre um alongamento desfiaras além do seu estado fisiológico, assim como ser restante de uma contração muscular excêntrica ou concêntrica. Grau I (leve): ocorrem pequenas rupturas (rupturas microscópicas). Dor em um ponto específico e edema leve. Grau II (moderada): ruptura macroscópica, mas não ocorre ruptura total do músculo. Edema moderado e dor mais localizado em junção miotendínea. Grau III (severa): ruptura total. Completa perda de função e defeito palpável, dor, edema e hemorragia grandes. Entre as principais causas da distensão muscular, temos: uso excessivo da musculatura, contração exagerada e mau uso do músculo. A prática de alguns esportes sem a técnica adequada também pode predispor o praticante à distensão muscular. Pode ser causa da falta de aquecimento e alongamento, além da própria fadiga muscular. Sinaise Sintomas do Estiramento Muscular: No momento em que se produz a ruptura, o lesionado sente uma dor intensa que abranda como repouso e volta a aparecer quando se contrai novamente o músculo lesionado. Pouco tempo depois a parece um ―inchaço‖ devido ao hematoma produzido, acompanhado de derrame sanguíneo (equimose). Tudo isso acarreta uma impotência, em maior ou menor grau, do músculo afetado. Diagnóstico: Realizado através da Palpação e de Testes Contra Resistência. Exames complementares: Ultras sonografia e Ressonância Magnética. Fase 1 - Primeira semana Objetivos: Diminuir dor Controlar processo inflamatório Manter a condição física Traumatologia e Ortopedia 12 Condutas: TENS PRICE (48-72 hrs) U.S. pulsado Condicionamento dos segmentos adjacententes Fase 2 - 2ª e 3ª semanas Objetivos: Auxiliar reparação tecidas Restaurar flexibilidade Ganhar força muscular Melhorar o controle sensório motor Manter a condição fisica Condutas: OC/US contínuo Início do alongamento conforme tolerância Início dos exercícios isométricos evoluindo para os isotônicos, conforme tolerância Início do trote 3- semana (MMII) Bicicleta estacionária com carga mínima (MMII) Fase 3 - 4ª semana Objetivos: Ênfase ganho flexibilidade e força muscular Retorno as AVD’s Condutas: Evolução no alongamento Evolução dos exercícios resistidos, enfatizando fase excêntrica Espasmo Muscular O espasmo muscular é uma resposta motora involuntária que pode estimular os receptores de dor constantemente e causar isquemia local; portanto, o espasmo tem sido associado a uma possível causa da dor muscular tardia e nada mais é que a contração exagerada e permanente de um músculo. O músculo contraído fica mais encurtado, mais ―TRAVADO". Câimbra É uma contração muscular involuntária e dolorosa, que ocorre mais frequentemente nos membros. O ataque dura, em geral, alguns segundos e desaparece subitamente. Observa-se o endurecimento no grupo muscular afetado. Fisiopatologia / Reparo Tecidual O que distingue a cicatrização da lesão muscular da cicatrização óssea é que no músculo ocorre um processo de reparo, enquanto que no tecido ósseo ocorre um processo de regeneração. A cicatrização do músculo esquelético segue uma ordem constante, sem alterações importantes conforme a causa(contusão, estiramento ou laceração) Traumatologia e Ortopedia 13 Fase 1: Destruição – caracterizada pela ruptura e posterior necrose das miofibrilas, pela formação do hematoma no espaço formado entre o músculo roto e pela proliferação de células inflamatórias. Fase 2: Reparo e remodelação – consiste na fagocitose do tecido necrótico, na regeneração das miofibrilas e na produção concomitante do tecido cicatricial conectivo, assim como a neoformação vascular e crescimento neural. Fase 3: Remodelação – período de maturação das miofibrilas regeneradas, de contração e de reorganização do tecido cicatricial e da recuperação da capacidade funcional muscular. Outras patologias: Tendinopatias Tenossinovite ou peritendinite. Tendinite Tendinose TENDÃO: Conecta os músculos a outras estruturas; Transmitem força dos tecidos contráteis musculares ao osso e a outros tecidos conjuntivos como pele e ligamentos; Capazes de sustentar 2 vezes a força máxima que os músculos podem exercer sobre ele. As tendinopatias podem surgir por movimentos repetitivos que ocorrem no trabalho ou mesmo durante a prática de exercícios, como correr ,jogar tênis, basquete, vôlei ou golfe. Pessoas com sobrepeso, com musculatura fraca ou que trabalhem em condições inadequadas também apresentam mais riscos de desenvolver em estas afecções. Tendinite x Tendinose Estágio Agudo Tendão Normal Estágio Crônico Degeneração Traumatologia e Ortopedia 14 Tendinose Degeneração das fibras de colágeno dos tendões Cicatrizes de fibrose Dor crônica e diminuição de força Peritendinite pura (tenossinovites) É a tradução do processo inflamatório que preserva os aspectos normais do tendão. O infiltrado inflamatório pode resultar na aderência do peritendão nos casos de longa evolução. Peritendinites com tendinoses (tendinites) É o estágio subsequente da peritendinite, apresentando, além do processo inflamatório periférico, regiões degeneradas do tendão. As fibras colágenas estão rompidas, com processo de reparação em curso, evidenciado pela presença de linfócitos, histócitos e vasos neoformados. A regeneração das fibras colágenas está disposta de forma irregular. Tendinoses (roturas) Última etapa, o tendão mostra-se espessado e edematoso, perdendo o seu brilho característico e adquirindo cor amarelada, podendo apresentar nodulações. O seu aspecto fibrilar se acentua. É possível que ocorram pequenas fendas longitudinais, como tradução de rotura parcial e reparação. Essas alterações degenerativas podem ocasionar roturas completas Outros tecidos: Tecidos Sinoviais - ―capa protetora‖, envolve os tendões, altamente vascularizada e inervada. Líquido Sinovial - lubrificante, propicia movimentação rápida e suave dos tendões no interior das bainhas sinoviais. Bursa - sacos cheios de líquido, evita atrito do tendão, osso e músculo, protege proeminências ósseas. Sinovite - inflamação de uma membrana sinovial; excesso de líquido sinovial normal em uma articulação ou bainha tendínea causada por trauma ou doença. Capsulite - Inflamação na cápsula articular Bursite - Inflamação da bolsa sinovial Hemartrose - sangramento dentro de uma articulação, geralmente em decorrência de trauma grave. Manter a integridade e a função das áreas associadas: Exercícios ativo-assistidos, livres, resistidos e/ou aeróbios modificados, dependendo da proximidade com as áreas associadas e do efeito na lesão primária. Dispositivos adaptativos ou auxiliares conforme o necessário para proteger a parte durante atividades funcionais. Precauções: é preciso usar uma dosagem apropriada de repouso e movimento durante o estágio inflamatório. Aumento da dor ou da inflamação é sinal de movimento em excesso. Contraindicações: exercícios de alongamento e exercícios resistidos não devem ser feitos no local do tecido inflamado. Traumatologia e Ortopedia 15 Plano de tratamento/ intervenção (até 3 semanas após a lesão): Orientar o paciente: Informar o paciente sobre o tempo previsto de cicatrização e a importância de seguir as orientações. Ensinar exercícios domiciliares e encorajar atividades funcionais de acordo com o plano; monitorar e modificar conforme o paciente progredir. Promover a cicatrização dos tecidos lesionados: Monitorar a resposta do tecido à progressão dos exercícios; diminuir a intensidade se a inflamação aumentar. Proteger o tecido que está cicatrizando com dispositivos auxiliares, órteses, fitas ou faixas; aumentar progressivamente a quantidade de tempo que a articulação fica livre para mover-se a cada dia e diminuir o uso dos dispositivos auxiliares conforme a força nos músculos de suporte for aumentando. Restaurar a mobilidade dos tecidos moles, músculos e ou articulações: Progredir de exercícios de ADM passiva para ativo assistida e ativa dentro dos limites da dor. Aumentar gradualmente a mobilidade da cicatriz, de modo específico para a estrutura envolvida. Aumentar progressivamente a mobilidade das estruturas relacionadas caso estejam retraídas ou encurtadas; usar técnicas específicas para cada estrutura. Desenvolver controleneuromuscular, resistência à fadiga e força nos músculos envolvidos e relacionados: Inicialmente, progredir os exercícios isométricos em ângulos múltiplos dentro da tolerância do paciente; começar cuidadosamente com resistência leve. Iniciar exercícios de ADM ativa, apoio de peso com suporte e exercícios de estabilização. À medida que a ADM, a mobilidade intra-articular e a cicatrização melhorarem, progredir os exercícios isotônicos aumentando as repetições. Enfatizar o controle e a mecânica apropriada. Progredir a resistência mais adiante neste estágio. Manter a integridade e a função das áreas associadas: Aplicar exercícios progressivos de fortalecimento e estabilização, monitorando o efeito sobre a lesão primária. Retomar atividades funcionais de baixa intensidade que envolvam o tecido em processo de cicatrização e que não aumentem os sintomas. Precauções: em geral, os sinais de inflamação ou edema articular diminuem precocemente neste estágio. Algum desconforto ocorrerá à medida que o nível de intensidade da atividade progredir, mas não deverá durar mais que algumas horas. Os sinais de movimento ou atividade em excesso são dor em repouso, fadiga, aumento da fraqueza e espasmo durando mais de 24 horas. Estágio crônico - fase de retorno à função Comprometimentos estruturais e funcionais: Encurtamentos e aderências de tecidos moles e ou articulações limitando a ADM normal ou a mobilidade intra-articular Diminuição do desempenho muscular: fraqueza, pouca resistência à fadiga, controle neuromuscular ruim Diminuição do uso funcional da parte envolvida Inabilidade de funcionar normalmente nas atividades esperadas Plano de tratamento/ Intervenção (3 semanas após a lesão): Orientar o paciente: Instruir o paciente sobre progressões seguras de exercícios e alongamentos. Monitorar a compreensão e a adesão do paciente. Ensinar meios de evitar Traumatologia e Ortopedia 16 que a parte seja novamente lesionada. Ensinar uma mecânica corporal segura. Proporcionar aconselhamento ergonômico. Aumentar a mobilidade dos tecidos moles, músculos e ou articulações. Técnicas de alongamento específicas para o tecido encurtado: Articulações e ligamentos selecionados (mobilização articular). Aderências de ligamentos, tendões e tecidos moles (massagem transversa). Músculos (inibição neuromuscular, alongamento passivo, massagem e exercícios de flexibilidade). Capsulite adesiva Cápsula Articular: A cápsula articular é um invólucro membranoso que encerra as superfícies articulares, possuindo duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna) . A membrana externa é mais resistente e pode estar reforçada em alguns pontos por feixes também fibrosos que constituem os ligamentos capsulares para aumentar sua resistência. A membrana interna da cápsula é bastante vascularizada e inervada; este tecido produz o líquido sinovial, o qual é viscoso, nutritivo, lubrificante e deslizante. É uma doença idiopática, relacionada à fatores genéticos e à reações auto-imunes, com duas características principais: dor e diminuição de mobilidade articular Contratura da cápsula, com diminuição do volume articular Volume diminuído do líquido sinovial 3 a 15ml (normal20-25ml) A capsulite é considerada uma doença auto-limitada, ou seja, pode curar mesmo sem tratamento. Fatores associados: Indivíduos do sexo feminino com mais de 40 anos Trauma Diabetes Imobilização prolongada Doenças da glândula tireoide Traumatologia e Ortopedia 17 AVE Doenças autoimunes— Doenças cardíacas Condições psiquiátricas Primeira fase: chamada aguda (inflamatória), a dor no ombro cresce rapidamente e passa também a ser dor noturna, que perturba o sono e pode afetar o psiquismo do paciente. A mobilidade do ombro é muito dolorosa e os movimentos perdem sua amplitude. Esta fase dura de três a seis meses. Segunda fase: é chamada de fase de congelamento, a dor diminui de intensidade, mas persiste à noite e na tentativa de movimentação do ombro, que se apresenta rígido. Esta fase dura cerca de doze meses. O indivíduo sente o ombro mais curto, não alcança locais altos que alcançava previamente, dificuldade aos movimentos de rotação. Terceira fase: é chamada de descongelamento. Ela é caracterizada pela liberação progressiva dos movimentos, que podem demorar até 24 meses para retornar totalmente. Na maioria dos casos, pode ocorrer uma perda final de15-20% dos movimentos. Sua evolução clínica passa por três fases: inflamatória, de rigidez e descongelamento. O tratamento se baseia em: fisio, analgésicos e anti-inflamatórios. Tratamento fisioterapêutico U.S TENS Relaxamento escápulo torácico Massoterapia Ganho de ADM é gradual, com movimentos curtos respeitando o limite álgico, utilização de técnicas articulares. Alongamento capsular é importante durante todas as fases do tratamento, além e pompagem da coluna cervical. Hidroterapia devido ao efeito relaxante e facilitador de exercícios. Na falha do tratamento conservador bem realizado por em media 9 meses se pensa em cirurgia. Síndromes compressivas dos MMSS Principais síndromes compressivas dos MMSS Síndrome do desfiladeiro torácico Síndrome do túnel do carpo Síndrome do túnel cubital Síndrome do canal de Guyon Síndrome do túnel radial Traumatologia e Ortopedia 18 Síndrome do túnel do carpo A Síndrome do Túnel do Carpo é uma neuropatia compressiva mais frequente dentre os distúrbios osteomusculares encontrados. No início do século XX, descreveu-se que a patogenia da síndrome do túnel do carpo se dá pelo engrossamento ―neuromatoso‖ com brusca redução do tamanho do canal no qual o nervo mediano deve apresentar-se em suas dimensões normais. A compressão do nervo mediano e o sinal de fraqueza no músculo abdutor curto do polegar também podem indicar a Síndrome do Túnel do Carpo. O diagnóstico é clínico e determinado pela história e exame físico. Setenta por cento dos pacientes têm entre 40 e 70 anos de idade, e as mulheres são afetadas de três a cinco vezes mais do que os homens. Os sintomas da STC são fraqueza, hiperestesia ou parestesia no território do nervo mediano. A fisioterapia conta com muitas técnicas e aparelhos para atingir os objetivos, como: analgesia, fortalecimento muscular, manutenção ou ganho da amplitude de movimento de uma articulação, etc. Tratamento Crioterapia É a aplicação de qualquer substancia ao corpo que resulta em remoção do calor corporal, diminuindo assim a temperatura dos tecidos. Nas indicações para a STC, podemos destacar os efeitos analgésicos em fase aguda, diminuição de espasmos musculares e edemas, vasoconstrição periférica e diminuição do metabolismo local, e como consequência, limita o desenvolvimento de hipóxia secundária à isquemia. Micro-ondas As micro-ondas englobam aquecimento superficial, onde a energia é absorvida primeiramente pela pele; e aquecimento profundo ou por diatermia, em que, parte considerável da energia penetra na superfície antes da absorção dos tecidos mais profundos. Na STC as micro-ondas propiciam efeitos benéficos, tais como: resolução do edema, redução de viscosidade, alívio da dor, redução de espasmo e dores musculares e relaxamento local. Tens Para a Síndrome do Túnel do carpo, o TENS é indicado para alivio de dor crônica. Para os pacientes que sofrem de dores crônicas, a terapia com o uso de TENS é segura, não invasiva, podendo reduzir ou até eliminar os sintomas dolorosos, permitindo o retorno da realização de atividadespessoais e ocupacionais normalmente. Eletroterapia A eletroterapia consiste no uso de correntes elétricas com a finalidade de controlar a dor seja aguda ou crônica; reduzir o edema; reduzir o espasmo muscular; minimizar a atrofia por desuso; facilitar a reeducação muscular; promover o fortalecimento muscular; facilitar a cicatrização tecidual; Embora seu desenvolvimento tenha se aperfeiçoado mais apenas nas últimas décadas, já na Antiguidade seu uso era empregado. Os registros mais antigos datam de 2.750 a.C., quando eram utilizados peixes elétricos para produzir choques nos doentes e assim obter analgesia local. Laserterapia É também eficaz, no que diz respeito ao tratamento da STC. O laser usado na terapia é o de baixa potência, como o laser de arsenieto de galio (AsGa) e o laser de hélio-neônio (He-Ne). Proporciona o efeito analgésico, anti-inflamatório, antiedematoso e cicatrizante. Indicado para lesões traumáticas dos tecidos osteomusculares,nervoso, ligamentos e capsulas articulares. Como dor crônica e síndromes compressivas, STC e outras. Ultrassom O efeito analgésico do US decorre da diminuição da excitabilidade das fibras nervosas aferentes (sensitivas), através do aumento do seu linear de despolarização, provocando diminuição dos estímulos dolorosos e agindo sobre a membrana plasmática do neurônio, diminuindo a atividade da bomba de sódio e potássio. A analgesia também é produzida pelo Traumatologia e Ortopedia 19 aumento da defesa, pelo relaxamento muscular, melhora da circulação e regeneração tecidual. Enquanto seu efeito regenerador ativa a formação de novos capilares e aumenta a síntese de colágeno pelos fibroblastos expostos ao US. Na fase proliferativa e de remodelação, o US atua auxiliando na reorganização do colágeno, o que se deve ao seu efeito piezoelétrico. Hidroterapia A hidroterapia é um dos recursos mais antigos da fisioterapia, sendo definida como o uso externo da água com propósitos terapêuticos . A terapia aquática é uma modalidade de reabilitação que possui uma longa história e é tão importante atualmente quanto foi no passado. Hoje, os fisioterapeutas são encorajados a utilizar a água, aproveitando ao máximo suas qualidades únicas. Os efeitos terapêuticos são de grande importância como a temperatura da água, que relaxa a musculatura. Esta temperatura também ajuda a diminuir o espasmo muscular, estimulando o relaxamento muscular, diminuindo então a dor e facilitando a realização de exercícios de alongamento e fortalecimento, visando à restauração das amplitudes normais de movimento precocemente. Cinesioterapia Os músculos dos pacientes portadores de LER são geralmente hipertônicos, encurtados e cronicamente fatigados. Músculos mais comuns de estarem fatigados cronicamente: músculos da cintura escapular e os antigravitacionais. Depois de alongados e passados a fase de dor, os músculos devem ser fortalecidos, para que possam de novo exercer as atividades diárias e completar a fase final da reabilitação que é o retorno ao trabalho. Inicialmente os exercícios isométricos, seguindo-se os exercícios resistidos, para o desenvolvimento da força e da resistência do músculo. Alongamentos À medida que o músculo perde sua flexibilidade normal, ocorre também alteração na relação comprimento-tensão do músculo, e com o encurtamento, este não é mais capaz de produzir o pico de tensão, então se desenvolve uma fraqueza com retração. A perda da flexibilidade, independente da causa, pode provocar dor originando-se no músculo, tecido conectivo, ou periósteo. Isso, por sua vez, também diminui a força muscular. O canal cérvico-torácico é a comunicação que há na raiz da cervical e o tórax e permite a passagem do plexo braquial e dos grandes vasos desta região até a axila. Durante sua passagem, podem ser comprimidos em vários pontos. O tratamento é baseado em: exercícios posturais, pois o problema está relacionado com má postura (costas curvadas e anteriorização do pescoço e cabeça) nas posições sentada, em pé ou mesmo deitada; orientação de hábitos posturais e revisão ergonômica do trabalho; em muitos casos, medidas terapêuticas de medicina física, tais como eletroterapia analgésica (TENS), termoterapia e exercícios de relaxamento são benéficos, além dos já citados exercícios posturais (reeducação postural clássica, que tem comprovação científica); em casos específicos onde há dor muscular, caracterizada como miofascial, os bloqueios anestésicos locais nos pontos-gatilho (bandas musculares contráteis) são bastante eficazes. O tratamento fisiátrico nunca deve durar menos de 3 meses e deve ser contínuo. Na falha de um tratamento bem supervisionado, há indicação de avaliação cirúrgica. Síndrome do peitoral menor: A artéria e veia subclávias, assim como o plexo, são comprimidos entre a apófise coracóide e o peitoral menor, quando o braço está em hiperabdução. Quadro clínico: Dor no pescoço, ombro, parte medial do braço e antebraço, frequentemente irradiado para baixo na distribuição do nervo ulnar, parestesia noturna e piora com o uso do membro em posições que diminuam o espaço da fossa supraclavicular. Traumatologia e Ortopedia 20 Diagnóstico: Avaliação cinético-funcional: Anamnese, postura, amplitude de movimento, tônus muscular, força muscular, palpação, sensibilidade, etc... Testes de Healstead Teste de Ross Manobra de Adson Manobra de Allen Rx coluna cervical/ RM ou TC Rx tórax– pseudoartrose da clavícula Eco-doppler da artéria subclávia Eletroneuromiografia Angiografia – sintomas vasculares predominantes Síndrome do escaleno anterior: Espasmo do músculo escaleno anterior (fadiga, trauma, mudança significativa da postura, postura inadequada, esforço ocupacional, anomalias musculares). Tratamento Deve-se identificar e tratar os pontos desencadeantes Realizar alongamento e relaxamento muscular Reeducação postural, fortalecimento muscular e analgésicos Síndrome da costela cervical: Atribui-se a presença de costela ou proeminência da apófise transversa de C7 como causa de dor ou disfunção da região do pescoço, ombro e mão. Síndrome costo-clavicular: Compressão entre a costela e clavícula. As causas mecânicas podem ser: aumento da convexidade da primeira costela ou região lateral da clavícula, consolidação viciosa de fraturas da clavícula ou posição inadequada de indivíduos que trabalham com o membro superior elevado. O espaço também se estreita na hiperextensão do pescoço associado à abdução dos ombros. TTO Alívio dos sintomas álgicos; Relaxamento das tensões e contraturas musculares; Diminuição da inflamação; Resolução do edema; Traumatologia e Ortopedia 21 Melhora da postura; Aumento de força muscular; Melhora das amplitudes de movimentos; Normalização da circulação; Reequilíbrio da musculatura que envolve a cintura escapular; Retorno às atividades de vida diária. Síndrome do túnel cubital O nervo ulnar- raízes nervosas C8 e T1 Compressão do nervo ulnar no túnel cubital -Cotovelo 2ª neuropatia mais comum do membro superior Mulheres ―Cellbow‖ Causas: Atividade repetitiva e vício postural Sequelas de fraturas Subluxação e luxação no epicôndilo medial Cúbito valgo devido a consolidação viciosa após fratura, artrite, gânglios,tumores Indeterminada 10%-30% Sinais e sintomas: Queixa de dor no cotovelo, com irradiação distal Hipoestesia ou formigamento no quinto dedo e face ulnar do quarto dedo Diminuição da força de preensão e atrofia da musculatura intrínseca nos casos mais avançados Hipoestesia que se instala quando o cotovelo é mantido em flexão e o antebraço em pronação forçada por alguns minutos. Nos casos mais intensos, pode haver deformidade em garra dos dedos Classificação: McGowan Grau I: parestesia na área do nervo ulnar Grau II: fraqueza dos músculos interósseos Grau III: atrofia dos interósseos Traumatologia e Ortopedia 22 Diagnóstico: Avaliação cinético-funcional: Anamnese, postura, amplitude de movimento, tônus muscular, força muscular, palpação, sensibilidade,etc... Sinal de Tinel positivo no cotovelo Teste de flexão do cotovelo Rx–determinação de cúbito valgo e osteófitos Eletroneuromiografia- avaliação da função dos nervos e músculos Ultrassonografia Ressonância magnética O tratamento fisioterapêutico para a síndrome do túnel cubital inclui a educação do paciente juntamente com a identificação, modificação e limitar as causas que resultam em inflamação do nervo. Para além disto, os fisioterapeutas podem sugerir: pode ser fornecido considerações ergonômicas e mudanças nos padrões de atividades que causam a condição, exercícios de deslizamento e modalidades são praticadas para aliviar os sintomas dolorosos, além da utilização de TENS, laser e iontoforese. Crioterapia e calor profundos são evitados., pois o limiar de excitabilidade é baixo. Fortalecimento e exercícios de alongamento nos músculos do antebraço TTO pós-cirúrgico A fisioterapia entrará na reabilitação logo após o pós-operatório. Durante o período de imobilização (2 semanas), o fisio deverá realizar a mobilização precoce dos dedos e mãos, para evitar o edema e a rigidez articular. Após isso, deverá realizar exercícios de fortalecimento e sensibilização da região ulnar do antebraço e mão. A mobilização do cotovelo deverá ser lenta e progressiva. O paciente só terá resultado meses após a cirurgia, sendo anulado quase por completo os sintomas da síndrome. Diagnóstico Diferencial: Síndrome de Guyon Lesão do disco cervical Síndrome do escaleno anterior Radiculopatia Tumor Doenças metabólicas Síndrome do canal de Guyon: Compressão do nervo ulnar na altura do punho Traumatologia e Ortopedia 23 Canal de Guyon-Espaço na palma da mão por onde passa o nervo ulnar (pisiforme, hamato e flexor ulnar do carpo) É menos comum que a compressão do nervo ulnar no cotovelo Causas: Trauma direto Uso repetitivo da borda ulnar Fratura do hamato, piramidal e base do 4º e 5º MTC Processo expansivo (tumor, lipoma, cisto) Trombose da artéria ulnar Uso de ferramentas que comprimam mecanicamente a mão Vibração Sinais e sintomas: Alteração de sensibilidade 4º e 5º dedos com ou sem presença marcante de dor ou hipoestesia Alterações da força e mobilidade Diminuição da força de preensão e pinça Sensação de frio/ Intolerância ao calor Fraqueza e hipotrofia muscular (musculatura interóssea) Diagnóstico: Avaliação cinético-funcional: Anamnese, postura, amplitude de movimento, tônus muscular, força muscular, palpação, sensibilidade,etc... Sinal de Froment Teste de Allen Radiografia Eletroneuromiografia- avaliação da função dos nervos e músculos Ultrassonografia Ressonância magnética TTO O calor tem sido apontado na literatura como um excelente método terapêutico, pois melhora o metabolismo e a circulação local, aumenta a elasticidade do tecido conectivo, relaxa à musculatura e causa analgesia. Traumatologia e Ortopedia 24 O ultrassom aplicado à intensidade de 0,75 a 1,0 W/cm² promove aquecimento profundo, analgesia, melhora a circulação, aumenta a elasticidade, extensibilidade tecidual e reduz a rigidez osteo-músculo-ligamentar. Inicialmente, os exercícios isométricos suaves são os únicos exercícios resistidos a serem feitos. Acrescentar exercícios de fortalecimento dinâmico e resistência à fadiga quando os sintomas não piorarem com exercícios isométricos. Fratura de Colles MMSS - Punho A fratura de Colles é uma lesão comum que é mais frequente em crianças entre 6 e 10 anos e pessoas idosas, especialmente mulheres acima de 50 anos. Tem como causa mais frequente uma queda sobre a mão aberta (mão estendida) Oblíqua: a fratura ocorre de tal maneira, que resulta de duas partes cortantes de osso, que podem romper os tecidos e os vasos. Transversal: A fratura ocorre de tal maneira perpendicular ao segmento ósseo. Quadro clínico Dor imediata, dor à palpação, edema e hematoma. Limitação dos movimentos do punho, falanges, dificuldades em realizar prono-supinação do antebraço devido ao edema e o quadro álgico muito intenso. Conservador - redução específica (tração – anteriorização do fragmento - flexão de punho – desvio ulnar – pronação – imobiliza com gesso-luva (4 semanas) Cominutiva – fixador externo Complicações Rigidez do punho e dos dedos Traumatologia e Ortopedia 25 Neuropatia do mediano Neurite dos ramos sensitivos do nervo radial Tenossinovite e ruptura dos tendões Consolidação viciosa Fratura de Smith É o inverso da fratura de Colles! Fratura da extremidade distal do rádio Causada por queda sobre punhos fletidos, ao contrário da fratura de Colles, que ocorre em queda sobre punho estendido. São menos comuns que as fraturas de Colles. OBS: Quadro clínico, tratamento e complicações são semelhantes a fratura de Colles. Fratura de Galeazzi Fratura do terço inferior do rádio associada com a luxação rádio ulnar distal. Golpe direto no lado dorso-lateral do punho Queda sobre a mão estendida e antebraço em pronação Complicação: Angulação póstero-lateral e encurtamento do rádio e dano vascular e nervoso. Fratura de Monteggia Lesão caracterizada por fratura-luxação especial do antebraço, onde ocorre luxação apenas anterior da cabeça radial associada à fratura da ulna. Traumatologia e Ortopedia 26 Acontece quando ocorre queda sobre a mão com o braço estendido em pronação forçada. Tipo I: fratura da diáfise da ulna em qualquer nível, com angulação anterior do foco de fratura associada à luxação anterior da cabeça do rádio; Tipo II: fratura da diáfise da ulna com angulação posterior do foco de fratura e luxação póstero-lateral da cabeça do rádio; Tipo III: fratura da metáfise da ulna com luxação lateral ou ântero-lateral da cabeça do rádio; Tipo IV: fratura do terço proximal do rádio e da ulna no mesmo nível, com luxação anterior da cabeça do rádio. Complicações: Pseudoartrose, Consolidação viciosa, Infecção, Síndrome compartimental Lesão vascular e nervosa. Fraturas do úmero proximal Fraturas do terço proximal do úmero ou do úmero proximal são a terceira fratura mais comum. Elas ocorrem em 2 faixas etárias e estão relacionadas a dois mecanismos de trauma: nos pacientes mais jovens são causadas por acidentes de alta energia, como acidentes de carro ou moto; nos pacientes acima de 50 anos podem ocorrer em traumas mais leves, como queda da própria altura e comumente estão relacionadas à osteoporose. a) Tubérculo maior b) Tubérculo menor c) Colo anatômico (Superfí- cie articular) d) Diáfise Diagnóstico Radiografias AP verdadeiro da escápula (relação entre a cabeça umeral, glenóide e acrômio). AP verdadeiro é diferente de AP torax. Perfil da escápula – em ―Y‖-ofeixe de rx entra paralelo ao plano da escápula Traumatologia e Ortopedia 27 Axilar (luxação do ombro, deslocamento das tuberosidades TC – Fraturas podem não aparecer na radiografia inicial, chamadas de fraturas ocultas (Avaliação tridimensional) Arteriografia se suspeita de lesão vascular. Eletroneuromiografia se suspeita de lesão nervosa RM - Informa pouco sobre o osso cortical sendo pouco solicitada. Investigar lesões de tecidos moles associadas a fratura. Quadro clínico Dor que pode estender-se da parede torácica ao cotovelo Limitação Funcional Edema Equimose Complicações Lesões Vasculares: principalmente da artéria axilar. Osteonecrose (perda do suprimento sanguíneo da cabeça do úmero). Lesão do Plexo Braquial. Lesão do nervo axilar. Ombro congelado (capsulite adesiva) Falta de consolidação. Consolidação viciosa. Tratamento Uso de analgésicos e anti-inflamatórios; Uso de órteses para imobilizar a região; Tratamento fisioterapêutico; Em casos mais graves, a cirurgia é indicada. Traumatologia e Ortopedia 28 Acometimentos principais dos tecidos moles em ombro e cotovelo Síndrome do impacto O ombro é uma articulação bastante complexa e mais móvel de todo o corpo humano, entretanto, é considerada pouco estável por sua anatomia articular, especialmente na articulação glenoumeral. Esta grande mobilidade e menor instabilidade podem ser atribuídas à frouxidão capsular associada à forma arredondada e grande da cabeça umeral e rasa superfície da cavidade glenoide, sendo necessário harmonia sincrônica e constante entre todas as estruturas estáticas e dinâmicas que mantêm sua biomecânica normal. Por esse motivo, qualquer alteração que comprometa sua estrutura e função faz com que esse complexo articular seja alvo de inúmeras afecções, sendo a síndrome do impacto a mais comum em indivíduos adultos. Esta patologia caracteriza-se por uma síndrome dolorosa do ombro, normalmente acompanhada por microtraumatismos e degeneração, além do déficit de força muscular e tendinite do manguito rotador. O manguito rotador é o grupo de músculos (subescapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso e redondo menor) que cobre a cabeça do úmero e tem grande importância na estabilização, na força e na mobilidade do ombro. Ele pode sofrer lesões em grandes traumas, porém o mais frequente é a lesão crônica com graus variáveis, desde um pequeno edema até a ruptura total de um ou vários músculos do manguito. Existe uma relação entre a síndrome do impacto e a degeneração do manguito. O impacto ocorre entre o manguito (geralmente e supra-espinhoso) e a porção antero-inferior do acrômio, o ligamento coracoacromial e a articulação acromioclavicular. A degeneração ocorre pelos constantes atritos causados pela compressão das partes moles contra o arco coracoacromial e a permanência do mecanismo de impacto pode causar lacerações parciais ou totais no manguito rotador. Portanto, o uso excessivo do membro superior em elevação, durante determinadas atividades esportivas ou profissionais, favorece o surgimento da síndrome do impacto. Outro mecanismo que pode predispor um indivíduo para a Síndrome do impacto é a formação anatômica, pois pessoas com acrômio plano e pouca inclinação, presença de esporões na articulação acromioclavicular ou que possuam cabeça umeral posicionada mais superiormente apresentam maiores chances de desenvolvera patologia. A fraqueza dos músculos do manguito rotador também pode levar a uma superiorização do úmero, ocasionando o impacto, além disso, uma hipovascularização tendinosa pode ocorrer, enfraquecendo o tendão do supraespinhal em sua inserção. Quadro Clínico A síndrome do impacto normalmente causa dor e inchaço na parte frontal do ombro. Pode haver dor e rigidez na elevação do braço. Também pode haver dor ao se abaixar o braço após este estar elevado. Quando há progressão do quadro, pode ocorrer dor à noite. Ocorre perda de força e de movimentos. Dificuldade de colocar o braço atrás do corpo, para vestir-se. Em casos avançados, a perda de movimento pode progredir para uma capsulite adesiva ―ombro congelado‖. Nas bursites agudas, o ombro pode estar com dor intensa. Todos os movimentos podem estar limitados e doloridos. Exame físico O exame físico também é de importante valor para o diagnóstico, são realizados alguns testes, como: Teste de Jobe – Realiza uma rotação interna, essa posição sensibiliza a tensão exercida no tendão do supra-espinhoso. A fraqueza indica déficit de força do supra-espinhoso. Traumatologia e Ortopedia 29 Teste do impacto de Neer – Eleva-se o ombro em extensão e rotação neutra passiva e rapidamente; o tubérculo maior projeta-se contra a face ântero-inferior do acrômio e reproduz o impacto, a dor é um sinal de impacto subacromial ou ruptura do manguito rotador. Teste de Neer-Hawkins – Eleva-se o ombro a 90º, e flete-se o cotovelo em 90º, roda-se passivamente e rapidamente para dentro, nessa posição o tubérculo maior e projetado contra o ligamento coracoacromial. Indica síndrome do impacto com tendinite do infra-espinhoso Teste do bíceps (speed) - Sugere a presença de alterações da cabeça longa do bíceps, testado pela flexão ativa do ombro em extensão e rotação externa, contra uma resistência usada pelo examinador. Indica tenossinovite da cabeça longa do bíceps. Tratamento Conservador – Fisioterapia Os objetivos gerais no tratamento são alívio do quadro álgico, ganho de amplitude de movimento e melhora da força muscular de maneira que permita maior funcionalidade no membro acometido. O tratamento na fase inicial tem como objetivo a redução ou abolição da dor e diminuição do processo inflamatório instalado, sendo importante evitar exercícios exagerados que possam agravar ainda mais o quadro agudo com eletroterapia. Também está indicada no controle e modelação da dor e a crioterapia (GELO) para favorecer a redução da inflamação. A tração do ombro com pequenos graus de abdução pode ser indicada como mecanismo de descompressão articular e alívio do quadro álgico, além dos exercícios pendulares. Epicondilite Lateral Cotovelo do tenista A epicondilite lateral do cotovelo, ou cotovelo de tenista, é a síndrome de sobre-uso mais comum de todas e está associada a movimentos excessivos de extensão do punho e dedos. Esta lesão envolve os músculos e tendões do antebraço, que se estendem desde o punho e dedos até se inserirem, através dos seus tendões, no epicondilo umeral, na face lateral do cotovelo. O tendão mais comumente lesado é o extensor radial curto do carpo. A inflamação específica raramente está presente pelo que o termo epicondilite, originalmente usado para descrever o espectro de lesões que iam desde a inflamação do tendão à ruptura parcial, foi substituído pelo mais genérico epicondilalgia do cotovelo. Esta lesão, causada pelo uso excessivo ou por esforços repetitivos dos extensores do punho, é frequentemente observada em praticantes de ténis, badmington ou squash, mas também é cada vez mais comum em outras atividades repetitivas, como na pintura ou no teclar. Sinais e sintomas/ Diagnóstico ◦ Dor cerca de 1-2 cm abaixo e do lado de fora do cotovelo (epicôndilo lateral) ◦ Falta da força muscular do punho com dificuldade em fazer tarefas simples como abrir uma maçaneta de porta ou apertar a mão a alguém. ◦ Dor na parte externa do cotovelo, quando se estende mão e dedos para trás contra resistência. ◦ Dor ao pressionar (palpação), logo abaixo do epicôndilo lateral do lado de fora do cotovelo. Traumatologia e Ortopedia30 • Descanso: Evite atividades que coloquem pressão sobre o cotovelo ou que exijam o esforço muscular mantido dos músculos extensores do punho. • Gelo: Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocandouma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelonovamente. • Compressão: poderá utilizar uma cotoveleira compressiva específica para reduzir o inchaço e proteger o músculo e tendão de novas agressões. • Analgésicos e anti-inflamatórios • Massagem de mobilização suave dos tecidos deve começar logo após a primeira fase. À medida que o paciente for recuperando deverá ser introduzida massagem transversal profunda para uma correta cicatrização e reorganização do tecido muscular. • Exercícios de alongamento progressivo dos extensores do punho, que deverão ser mantidos por algum tempo depois do final da recuperação • Fortalecimento muscular dos extensores do punho e dedos, de inicio estático, no entanto, assim que a dor permitir, deverão ser introduzidos exercícios de fortalecimento excêntrico. Se os sintomas não aliviarem após 6-12 meses de tratamento conservador, a cirurgia poderá ser recomendada. A maioria dos procedimentos cirúrgicos para epicondilalgia, envolvem a remoção da parte de músculo lesada e reinserção da parte muscular saudável no osso. Epicondillite medial A epicondilite medial (também conhecida como cotovelo do golfista) é uma tendinite insercional que afeta os tendões que se ligam no epicôndilo medial do antebraço. O cotovelo do golfista é a consequência da inflamação e degeneração dos tendões dos flexores e pronadores do punho. A dor no cotovelo pode ser leve ou forte e pode interferir com as atividades diárias ou esportes. Os sintomas também podem irradiar do antebraço até o pulso. O aparecimento da epicondilite medial pode ser traumático, mas geralmente é progressivo, o desconforto aumenta lentamente e muitas vezes se torna crônico. O cotovelo do golfista é muito menos frequente da epicondilite lateral. O epicôndilo medial mais afetado é o do braço dominante, geralmente é unilateral, mas em alguns casos é bilateral (esquerda e direita juntos). Os movimentos que podem causar a epicondilite são: lançamento, recolher e segurar objetos. Os principais fatores de risco são: • A idade: os adultos têm tendões menos flexíveis e executam movimentos repetitivos durante o trabalho ou esporte; • A diabetes aumenta a probabilidade de desenvolver cotovelo do golfista; • Uma técnica de realização do gesto errado no esporte; • Músculos do antebraço fracos e insuficientes para praticar algum esporte. Traumatologia e Ortopedia 31 Exame físico Controle o cotovelo doloroso e palpar o epicôndilo medial para localizar o local exato dos sintomas. Existe um teste para diagnosticar o cotovelo do golfista. O examinador supina e estende passivamente o pulso e o cotovelo. O teste é positivo em caso de dor no epicôndilo medial. Para excluir um encarceramento do nervo também é necessário avaliar os reflexões do tendão do cotovelo. Exames de imagem A radiografia ajuda o médico a descartar outras causas possíveis de dor no cotovelo, como artrite ou fraturas. Uma ultrassonografia pode ser necessária para confirmar o diagnóstico. A ressonância magnética do cotovelo é recomendada excepcionalmente para avaliar a dor no cotovelo. Também pode ser útil efetuar a ressonância no pescoço para excluir uma cervicobraquialgia se o paciente tem dor no ombro e na mão, ou em caso de sintomas neurológicos (por exemplo, perda de reflexos, dormência e formigamento). A eletromiografia (EMG) é um exame que avalia os impulsos nervosos nos músculos durante a contração. Recomendamos a eletromiografia se os sintomas estão relacionados com a compressão de um nervo. Fisioterapia para epicondilite medial do cotovelo As técnicas de fisioterapia, tais como tratamento com laser são usadas em combinação com ultrassom, são eficazes para reduzir os sintomas. Geralmente, estes tratamentos têm efeito a longo prazo. As ondas de choque não são uma terapia utilizada no tratamento da epicondilite. Os tratamentos manuais são muito eficazes e seguros para o tratamento da epicondilite. Os mais usados são a massagem cyriax e miofascial porque eliminam as aderências no tecido. Quando a dor e a inflamação diminuem, é possível começar a executar exercícios de fortalecimento específicos e alongamento. Exercícios de reabilitação para epicondilite medial do cotovelo Os seguintes exercícios de reabilitação são geralmente prescritos para pacientes com epicondilite. Antes de começar a executar um programa de fisioterapia fale com o fisioterapeuta para avaliar a adequação. Estes exercícios devem ser efetuados 3 vezes ao dia se não causam uma piora dos sintomas. Alongamento para o cotovelo Começe este exercício com o cotovelo direito. Usando a outra mão, puxe o pulso estendendo até sentir uma sensação de alongamento. Mantenha a posição por 15 segundos e repita 4 vezes. Traumatologia e Ortopedia 32 Exercício excêntrico Segurando um haltere na academia, coloque o antebraço com a palma da mão para cima na borda de uma mesa (com a mão que sai da borda da mesa). Começar com o punho em flexão. Trazer lentamente (parando a queda) o pulso para a extensão. Retornar à posição inicial com a outra mão. A fim de evitar mais danos, um fisioterapeuta qualificado deve ensinar aos pacientes a correta execução da técnica e a carga adequada. Os exercícios para evitar são aqueles para o fortalecimento do músculo bíceps e do braquiorradial, ou seja, a flexão do cotovelo com os pesos. Fraturas de Pelve Geralmente, as fraturas do quadril ocorrem em pessoas com mais de 65 anos, o risco aumenta muito rapidamente depois dos 80 anos. Os idosos são mais predispostos porque o osso torna-se mais frágil com a idade. Este enfraquecimento dos ossos é chamado de osteoporose. Muitos medicamentos, os problemas de vista e de equilíbrio aumentam a probabilidade de queda nas pessoas mais velhas, esta é uma das causas mais comuns de fratura de quadril. A incidência é muito maior em mulheres do que em homens, as mulheres são duas vezes mais afetadas do que os homens. A fratura do fêmur pode ser muito grave para as sérias complicações que podem ocorrer, incluindo a necrose da cabeça do fêmur (morte das células ósseas). Fatores de risco Entre os fatores predisponentes existe a herança, na verdade, os filhos de pessoas que sofrem esta lesão são mais propensos a quebrar o quadril. As pessoas magras são mais predispostas porque geralmente têm uma baixa concentração de cálcio nos ossos (osteopenia ou osteoporose). O fumo e alcoolismo são outros fatores de risco. Os pacientes com transtornos mentais, neurológicos e visuais são mais propensos a cair e podem ter uma fratura do fêmur. As lesões femorais constituem um alto custo social e econômico para a gestão do paciente idoso. As fraturas do fêmur são muito perigosas, sem cirurgia a mortalidade pode exceder os 30% dos casos. A lesão pode ocorrer no quadril direito ou esquerdo, é rara uma fratura bilateral. A fratura de quadril com luxação é um evento muito raro e ocorre principalmente em caso de acidente. Traumatologia e Ortopedia 33 Quais são as causas da fratura de quadril? O fêmur é particularmente exposto aos ferimentos devido a sua forma e localização na articulação do quadril e porque ele suporta o peso do corpo. A osteoporose (diminuição da concentração de cálcio nos osso) deixa o fêmur menos resistentea lesões, principalmente em idosos. Um leve derrame pode ser suficiente para causar sérios danos ao osso e estruturas adjacentes. A causa mais provável é a queda durante a caminhada devido ao calçado inadequado, chão escorregadio ou irregular ou uma falha repentina do joelho. Em alguns casos, a queda pode ser a consequência de uma fratura espontânea do colo do fêmur. Quando as mulheres envelhecem, perdem de 30 a 50% da sua densidade óssea. A perda óssea acelera após a menopausa porque as mulheres produzem menos estrogênio. O estrogênio ajuda a manter a densidade óssea e a força. A fratura patológica ocorre devido a uma doença que enfraquece o osso, como um câncer ósseo ou metástases. Neste caso a gestão é diferente, o médico pode recomendar a cirurgia somente se o paciente é operável (não existem contraindicações para a cirurgia). 1. Avulsão EIAS 2. Avulsão EIAI 3. Avulsão da apófise isquiática 4. Fratura do ílio 5. Fratura de ramos púbicos 6. Fratura do sacro 7. Fratura do cóccix A. Estável B. Parcialmente estável C. Instável Traumatologia e Ortopedia 34 Mecanismos de trauma Compressão lateral: Atropelamento, pelve com volume diminuído - (não comprimir); Compressão anteroposterior (open book): Vítima prensada, pelve com volume aumentado; Cisalhamento vertical: Queda de altura primeiro sobre uma perna, maior mortalidade Parada do sangramento; Minimizar sequelas sépticas; Estabilização da fratura – mobilização precoce do paciente; Fixar as fraturas externamente imediatamente. Complicações Risco de hemorragia (choque hipovolêmico ―livro-aberto‖) Ruptura de bexiga; Ruptura da uretra; Lesão de intestino; Lesão de nervosa; Hematoma escrotal; Lesão do diafragma. Fraturas de fêmur Fratura do colo do fêmur. Fratura intertrocantérica do fêmur. Fratura subtrocantérica do fêmur. Traumatologia e Ortopedia 35 Epidemiologia: Ocorrem com maior frequência em pessoas idosas (incidência dobra após os 50 anos); Acomete mais o sexo feminino; Queda ao solo principalmente dentro de casa; 20 a 30% morrem no 1° ano após a fratura; 50% tornam-se completamente dependentes; 20% não recuperam deambulação funcional; Etiologia Traumas diretos; Traumas indiretos; Fraturas espontâneas; Força rotacional numa queda ou tropeço. Quadro clínico Dor no quadril após trauma; Encurtamento discreto com rotação externa e abdução (nem sempre); Incapacidade funcional (atenção para fraturas impactadas ou ―ocultas‖) - pacientes com pouca dor e que deambulam; Não consegue levantar sem ajuda; Não consegue apoiar no membro; Diagnóstico Radiografia; Ressonância magnética; Tomografia computadorizada ; Cintilografia. Classificação de Gardem para fraturas e fêmur Grau 1: fraturas incompletas ou impactadas em ligeiro valgo. Grau 2: fraturas completas não-desviadas. Grau 3: a fratura está parcialmente desviada. Grau 4: desvio completo. Traumatologia e Ortopedia 36 Complicações Infecção Trombose / Tromboembolismo Úlceras de pressão Fracasso de consolidação (1-2%) Necrose avascular Formação excessiva de calo Dor crônica Pneumonia (acamados) Luxação de quadril A luxação coxofemoral isolada não é tão frequente, podendo estar associada a fraturas da cabeça femoral e do acetábulo. É mais comum a luxação posterior (85 a 90% dos casos), produzida por forte impacto indireto sobre o quadril fletido em acidentes automobilísticos, apresentando-se o paciente com o membro encurtado, em posição aduzida e em rotação medial. Manobras para luxação Manobra de Allis: É realizada com o paciente posicionado em decúbito dorsal. O assistente estabiliza a pelve. O cirurgião flete o quadril e o joelho e aplica tração longitudinal constante, com o membro em rotação interna e adução. ➤ A luxação coxofemoral deve ser considerada urgência ortopédica, indicando-se a redução incruenta imediata sob anestesia. Obtida a redução, deve ser feita uma avaliação cuidadosa das radiografias de controle, a fim de pesquisar a eventual presença de fragmentos osteocartilaginosos interpostos. Em caso de dúvida deve-se recorrer a tomografia computadorizada. A presença dos fragmentos provoca dor e limitação articular, com tendência a evolução para artrose. Fraturas de joelho Extra articular Articular Articular completa Traumatologia e Ortopedia 37 Mecanismos de lesão A maioria são de alta energia, exceto para os idosos. Pode ocorrer por uma força em varo, valgo ou em caso de uma rotação forçada do joelho. A maioria das fraturas ocorrem em acidentes de tráfego e também associado quedas de altura. Lesões associadas *Pesquisar fraturas do acetábulo, colo do fêmur e diáfise femoral Em varo ou valgo provoca lesões nos ligamentos do joelho Pode encontrar lesões no platô tibial Lesões nervosas periféricas Complicações do tratamento cirúrgico Artrose precoce Osteoartrite Rigidez Pseudo-artrose Consolidação viciosa com deformidade em valgo ou varo Fratura proximal de tíbia e fíbula As fraturas da tíbia estão entre as mais frequentes das dos ossos longos; Acidentes de trânsito - motocicletas; Jovens do sexo masculino - mais atingidos; Tratamento cirúrgico - grande parte dos casos; Na maioria dos casos a fratura da tíbia está associada da fíbula. Tratamento Fraturas com menos de 4mm - redução fechada mantida com gesso ou tração Fraturas com mais de 5mm - fixação percutânea, com parafusos, fios ou fixador externo. Traumatologia e Ortopedia 38 Complicações Artrose precoce; Rigidez; Pseudo-artrose; Lesões associadas articulares cartilaginosas e ligamentares; Deve-se inspecionar as artérias poplítea. (Síndrome compartimental); Nervo fibular pode ser pinçado lateralmente. Fraturas da patela A patela reduz a fricção suportados pelo aparelho extensor; Unifica as forças de tração do quadríceps; Aumenta a eficiência do aparelho extensor. ➤ Ocorre em todas as faixas etárias, especialmente entre 20 e 50 anos. ➤ Sua localização subcutânea torna muito vulnerável ao trauma direto. ➤ Há 2 mecanismos frequentes de lesão na patela. O primeiro é o trauma direto, muitas vezes com lesão de pele associada. O segundo é o trauma indireto por tração violenta (flexão violenta do joelho). ➤ Lesões bilaterais são incomuns. Quadro clínico O paciente tem dificuldade em realizar extensão ativa do joelho; Joelho doloroso se apresenta com aumento de volume (presença de hemartrose e edema); Na palpação pode sentir uma lacuna na continuidade da patela. Traumatologia e Ortopedia 39 Tratamento O tratamento conservador está indicado para fraturas que não apresentam desvio significativo (2 mm). Na presença de hemartrose (derrame articular) ou de hematoma significativos, deve-se realizar punção. Imobilização em extensão de joelho por 4 a 6 semanas. Nos demais casos a indicação vai ser de tratamento cirúrgico, sendo realizado osteossíntese e as patelectomias parcial e total. Patelectomia parcial As indicações são a presença de um fragmento grande aproveitável fragmentos triturados polares menor com o qual é impossível reconstituir a superfície articular ou obter uma fixação estável
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