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Revisão Cultura das Mídias

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Revisão Cultura das Mídias
Pensamento de Gilles Lopovetsky:
Um dos nomes mais criativos da filosofia contemporânea, Gilles Lopovetsky costuma abordar temas não muito comuns no campo das ciências – como moda e luxo.
Crítica aos meios de comunicação:
Na análise que faz dos meios de comunicação, Lopovetsky parte do discurso hipercrítico dos intelectuais a respeito dos meios de comunicação – como Edgar Morin e os integrantes da Escola de Frankfurt (1924).
Chamada de teoria crítica, a Escola de Frankfurt foi formada por um coletivo de pensadores e cientistas sociais alemães, tais como:
• Walter Benjamin (1892 -1940);
• Max Horkheimer (1895 - 1973);
• Herbert Marcuse (1898 - 1979);
• Theodor Adorno (1903 - 1969) etc.
Cultura de massa x indústria cultural:
Com base nas teses de Marx, Freud e Nietzsche, os teóricos mencionados tentaram esclarecer as novas realidades surgidas com o desenvolvimento do capitalismo no século XX.
Dois deles – Max Horkheimer e Theodor Adorno – criaram o conceito de indústria cultural: fundamental para estudos culturais e para a análise da mídia. 
Para ambos, não havia uma cultura de massa, e sim um processo de mercantilização da cultura, que perderia, assim, seu valor original e seria transformada em mercadoria.
Críticas à mídia - Diabolização dos meios:
Lipovetsky considera que muitas críticas empreendidas contra os meios de comunicação acabaram por significar a diabolização desses meios.
Para o filósofo, não há dúvidas de que a mídia exerce influência sobre a sociedade, mas não podemos atribuir tantos poderes a ela.
A mídia é uma das forças de individualização dos modos de vida e dos comportamentos de nossa época. Juntos, comunicação e consumo geraram a segunda revolução individualista, marcada pela falência dos grandes sistemas ideológicos, pela cultura do corpo e do hedonismo, bem como pelo culto à autonomia subjetiva. 
De fato, a mídia dissemina algumas normas:
• Da felicidade e do consumo privados;
• Da liberdade individual;
• Das viagens;
• Do prazer erótico.
A mídia é, ainda, agente de dissolução da força das tradições e das barreiras de classe, das grandes ideologias etc.
• Hedonismo - O prazer é a finalidade da vida (culto à autonomia subjetiva).
• Império do consumo e da comunicação - Indivíduo desinstitucionalizado, disposto a ter direito de dirigir a si mesmo.
A mídia trabalha para privatizar os comportamentos, individualizar as práticas e privilegiar o individual em detrimento do coletivo.
Dimensões para o estudo da mídia - Dimensão técnica:
• Representante: Marshall McLuhan;
• Mídia como catalizadora cultural: capaz de modificar as condições de percepção sensorial próprias dessa cultura;
• Reconfiguração dos sentidos/da vida psíquica: maior concentração nas características físicas dos suportes e no impacto esperado dessas características sobre o psiquismo dos usuários.
A imprensa promoveu o sentido visual do homem ocidental em detrimento de seus outros sentidos. Exemplo:TV.
MUNDO = Aldeia global
Dimensões para o estudo da mídia - Dimensão simbólica:
• Semiologia, estudos culturais e Escola de Chicago;
• Pesquisas quantitativas, análise de conteúdo e elementos como índice da opinião do emissor e da importância da mensagem;
• Barthes: busca pela desmistificação das relações de dominação implícitas no discurso midiático, que nada mais é do que o produto de ordem simbólica inconsciente;
• Fernand de Saussure: busca pelo sentido da mensagem por meio do estudo das variações entre significantes e significados. 
ATENÇÃO!
A comunicação engloba uma grande variedade de formas e expressões culturais, incluindo os diversos rituais da vida cotidiana – conversações, práticas religiosas, educativas, esportivas – que se expressam tanto nas culturas vivas quanto nos produtos culturais veiculados pela mídia.
Dimensões para o estudo da mídia - Dimensão sociopolítica:
• Primeiras abordagens (1970): pensamento marxista, crítica ao establishment mass - midiático;
• Perspectiva marxista: mídia como parte integrante da sociedade capitalista;
• Perspectiva tocquevilliana: análise dos processos de democratização em atividade no interior das organizações de produção e difusão, e no nível dos conteúdos midiáticos. 
Análise da cultura da mídia:
Para Lipovetsky, a análise da mídia é um fenômeno mais complexo, pois:
• Abre horizontes, possibilitando conhecer diferentes pontos de vista, bem como oferece esclarecimentos;
• Multiplica valores de referência, liberando os indivíduos de algumas fidelidades (como a partidos políticos, por exemplo);
• Favorece o uso mais intenso da razão individual, embora esteja longe de realizar promessas de democratização completa da cultura;
• Busca soluções eficazes e técnicas, mas também descartáveis;
• Faz prevalecer o EFÊMERO.
Cultura midiática é uma cultura de mosaico, descontínua, sem memória.
Grupos pós - modernos são caracterizados pela fluidez, instantaneidade, efemeridade.
O poder político fragmenta - se entre múltiplos agentes, com maior ou menor grau de poder, mas em conflito permanente. 
Instauram - se campos de força complexos e dinâmicos, nos quais não existe mais a hegemonia: cada criador tem de se localizar em função de outros interesses que não os dele.
Hipermodernidade - Década de 60:
• Transformações nas esferas pública e privada;
• Falência dos projetos revolucionários;
• Desmoronamento das grandes ideologias;
• Ruína das utopias.
Este período marcou o início da cultura neoindividualista, centrada no presente rápido, acelerado, que privilegia a autonomia individual, o prazer, o lazer e o consumo – tudo em excesso. 
Lipovetsky prefere chamar essa era de HIPERMODERNIDADE. Para o filósofo, ocorreu uma intensificação das características da era moderna, que inaugurou uma série de transformações da sociedade.
Esfera pública na contemporaneidade:
Acessível aos mais diversos públicos, a internet tem - se apresentado como o novo lugar de encontro da contemporaneidade.
Isso nos leva a refletir sobre como ocorre a comunicação na esfera pública.
No sentido grego de ágora na pólis, a esfera pública passou a ser um espaço público virtual, criado e difundido pelos aparatos comunicacionais ubíquos, que interconecta a todos em tempo real.
De acordo com Pierre Lévy (CRE, 2017):
“A internet é um instrumento de desenvolvimento social. Devemos lembrar que a escrita demorou, pelo menos, 3.000 anos para atingir o atual estágio, no qual todos sabem ler e escrever. A internet tem apenas 10 anos. [...] O importante é ver o índice de pessoas plugadas”. 
Colaboração:
Para quem tem acesso ao espaço virtual, há possibilidade de construção e de compartilhamento de forma mais colaborativa. Assim, a distinção que se fazia entre produtor e receptor (manipulador e manipulado) adquiriu status de dualidade: qualquer um pode assumir a função que desejar. 
Na comunicação digital, os conteúdos são criados, organizados e difundidos pelos próprios criadores/utilizadores da rede.
Mídia de massa e comunidade virtuais:
As redes telemáticas abrem a possibilidade de reconfigurar o uso das mídias de massa para uma maior expressão do sujeito contemporâneo. 
Chamadas de comunidades virtuais, essa redes possibilitaram e expandiram diversas situações/ações que aconteciam no plano real, tais como:
• Redes de relacionamento pessoais;
• Redes de relacionamento profissionais;
• Produção/consumo de informação e de serviços;
• Compra/venda;
• Troca de mensagens eletrônicas, de álbum de fotos, de páginas de vídeos e de textos etc.
Virtualidade na esfera pública:
A virtualidade está presente na esfera pública criada pelo ciberespaço. Hoje, é cada vez mais comum ouvirmos a expressão nas nuvens(cloud computing). Dados produzidos por empresas de comunicação/informação passaram a estar disponíveis em algum lugar para fins de acesso de qualquer lugar.
A nova esfera pública não é mais limitada por territórios físicos. A arquitetura espacial está construída em um espaço virtual e gera novas formas de relacionamento com acultura, a economia, a política e a democracia.
Inteligência coletiva: de muitos para muitos:
A troca na comunicação oral era de um para um. Meios de comunicação de massa traziam a ideia de um para muitos. No ciberespaço, a lógica é de muitos para muitos: espaço ubíquo e descentralizado, que causa certa miopia na distinção entre público e privado.
A esfera pública do ciberespaço afeta positivamente quatro domínios estritamente independentes:
1. Aquisição da informação;
2. Aquisição de expressão;
3. Aquisição de associação;
4. Deliberação dos cidadãos. 
Lévy (2000) chama de inteligência coletiva a construção em conjunto pelo bem de todos. Isso abre possibilidade para a ciberdemocracia, que inclui:
• Movimentos sociais;
• Jornalismo cidadão;
• Cobrança por transparência das instituições.
Cibercultura:
Lévy (2000) acredita que a cibercultura faz emergir três tendências de ressonância mútua:
1. A interconexão - Relações de territórios entre:
• Computadores;
• Meios de comunicação;
• Documentos;
• Dados;
• Categorias;
• Pessoas;
• Grupos;
• Instituições.
2. A criação de comunidades - Criação de comunidades:
Sistemas de correio eletrônico e fóruns já existiam desde a década de 1970 – bem antes da web. Como humanos, exploramos as possibilidades 
para criarmos relações, comunicarmo - nos, 
fabricarmos comunidades. O ciberespaço representa o suprassumo tecnológico dessas características.
3. A inteligência coletiva - Aumento das capacidades cognitivas das pessoas e dos grupos, quais sejam:
• Memória;
• Percepção;
• Possibilidades de raciocínio, aprendizagem ou criação. Trata-se de um novo 
tipo pensamento sustentado por conexões sociais viáveis por meio da utilização das redes abertas de computação da internet. A Wikipedia é um exemplo da manifestação desse tipo de inteligência, na medida em que permite a edição coletiva de verbetes e sua hipervinculação.
Ampliando alguns conceitos - Cibercultura:
Conjunto tecnocultural emergente no final do século XX, impulsionado pela sociabilidade pós-moderna, decorrente da expansão da microinformática e do surgimento das redes telemáticas mundiais. 
Esse conceito modificou:
• Hábitos sociais;
• Práticas de consumo cultural;
• Ritmos de produção;
• Distribuição da informação.
Além disso, criou novas relações de trabalho e lazer, novas formas de sociabilidade e de comunicação social. 
Tecnologias ditam hoje o ritmo das transformações sociais, culturais e políticas.
Ampliando alguns conceitos Biosfera:
Conjunto de ecossistemas.
Tecnosfera:
Camada tecnológica que se produz pela intervenção humana ao longo da litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera terrestres.Trata-se de estruturas constituídas pelo trabalho do homem no espaço da biosfera. 
As comunidades organizam sua vida social e suas relações com a biosfera e a tecnosfera por meio de um complexo conjunto de instituições sociopolíticas e econômico- culturais.
Com a expansão espacial, podemos afirmar que a tecnosfera já ultrapassou os limites da superfície e atmosfera terrestres. Existe um complexo sistema de satélites artificiais na órbita da Terra e inúmeras sondas que monitoram e exploram o sistema solar.
A tecnosfera não é apenas o conjunto de estruturas físicas desenvolvidas pela raça humana, mas também o conhecimento e a cultura, que, em última análise, são abstratos.
Continuar o desenvolvimento da tecnoesfera é um dos maiores dilemas da humanidade neste século. O objetivo é levar os benefícios a todos os povos, sem impactar, de forma destrutiva, o ecossistema do planeta. 
Até agora, o modelo de desenvolvimento implementado tem-se mostrado insustentável, porque a força motriz da expansão da tecnosfera na atualidade obedece a duas lógicas principais: a cultura de consumo e a busca do lucro como premissa básica do desenvolvimento.
Evolução global da biosfera e ciberespaço:
• Sociedade humana: produto da aceleração da evolução global da biosfera, que tem como responsável a linguagem;
• Linguagem: sistema de signos que serve como meio de comunicação de ideias;
• Ciberespaço: nova condição de vida na terra (superorganismo).
Ciberespaço:
O termo ciberespaço foi utilizado, pela primeira vez, em 1984, pelo escritor canadense William Gibson, no livro de ficção científica intitulado Neuromancer. 
Essa palavra servia para designar um sistema ou um lugar, no qual haveria uma espécie de representação gráfica dos dados, ou uma representação realista do mundo e das atividades humanas. O neologismo popularizou-se rapidamente como designação simplista da world wide web ou, simplesmente, web: rede interconectada mundialmente, que possibilita a troca de informações entre indivíduos distintos e sistemas operacionais incompatíveis. 
Rede de transmissão verdadeiramente universal – de todos para todos – em que o espaço virtual (ciberespaço) supriria completamente a necessidade de um espaço real para a ocorrência de comunicação.
Ciberespaço e (ciber)cidade:
Entre as inúmeras metáforas utilizadas para explicar a experiência virtual, aquela que se refere à cidade é uma das mais efetivas. 
Cidade de bits, cidadãos-rede ou homepages evidenciam essas figuras de linguagem que nos fazem entender essa lógica. A aparente proximidade aponta para o possível paralelismo entre as realidades: real e virtual.
 Já há tentativas frequentes e bem-sucedidas de estabelecer essa relação entre o mundo físico das cidades e o ciberespaço.
Cibercidade:
Um exemplo da lógica mencionada é a criação de filiais de empresas no jogo Second Life e dos avatares, que permitem às pessoas conceberem representações virtuais para inúmeras ações.
A relação da cidade real com o ciberespaço vai além das possibilidades de representações tridimensionais de nossa experiência espacial cotidiana. A metáfora abrange o funcionamento da web, em que cada usuário que ali transitao faz de acordo com interesses e necessidades pessoais.
Mas, ao mesmo tempo, a atividade de todos em conjunto acaba contribuindo para a movimentação, para a vida do ciberespaço.
Novas dimensões de espaço e tempo:
A influência das novas tecnologias é determinante para a reconfiguração de nossas dimensões de tempo e espaço.
O distante virtual pode ser bem mais próximo do que a realidade. E tudo pode ser feito em tempo real – o que leva ao impacto da própria ação.
Proposições:
Lévy (2000) divide as fases de desenvolvimento em três:
1. Existe uma evolução cultural em curso.
2. A evolução cultural é uma continuação da evolução biológica.
3. O desenvolvimento do ciberespaço é o passo mais recente da evolução cultural e biológica, e é a base das futuras evoluções.
DNA e formas orgânicas:
Para Lévy(2000), o DNA controla a primeira camada do processo evolutivo: “a camada das formas orgânicas e os processos circulares moleculares”. Trata-se do código digital.
Sistemas nervosos e formas de experiência:
Bases do segundo grande código digital, constituídas de impulsos elétricos e mensageiros moleculares, que possibilitam a comunicação entre os neurônios.
Linguagem e cultura:
• Linguagem humana– estrutura da língua baseada no terceiro código digital;
• Binarismo fonológico – relação entre significante e significado em constante 
paralelismo; 
• Espécies de ecossistemas de signos – linguagem e cultura vinculadas à relação simbiótica;
• Emergência da raça humana – nascimento da linguagem e início de uma nova forma de evolução (cultural). 
Linguagem + técnica + religião (ou instituições sociais complexas)
Alfabeto, imprensa e ciberespaço:
Possibilidade de desenvolvimento adicional da escrita e, portanto, da linguagem.
Após a memória autônoma (escrita), e a facilidade de leitura e escrita (alfabeto), a imprensa representa a próxima fase da história da linguagem.
O ciberespaço integra todas as mídias anteriores. Não se trata de um meio, mas de um metameio, que apoia o desenvolvimento da:
• Memória – banco de dados, hiperdocumentos, web;
• Imaginação – simulações, interatividade.
Noosfera:
Evolução da biosfera (orgânica, experienciale semântica) em direção à biosfera cerebral.
Todas as formas de vida compõem uma unidade interdependente. Portanto, quanto mais a linguagem e as técnicas afetarem a vida orgânica e mineral da Gaia (Mãe-Terra), mais retornarão como um todo sobre o mundo tecnolinguístico.
McLuhan – a visão, o som e a fúria das transformações midiáticas:
Dados biográficos:
Conhecido pela máxima “O meio é a mensagem” e por defender a ideia de aldeia global, o acadêmico canadense Marshall McLuhan(1911-1980) continua sendo um teórico que divide opiniões.Para uns, ele é considerado profético, e, para outros, determinista tecnológico. Sua obra tem sido revisitada devido ao advento do mundo digital.Formado em Literatura Inglesa, McLuhan frequentou a Escola de Toronto, caracterizada pela exploração da literatura da Grécia Antiga, e de uma visão teórica de que os meios de comunicação criam estados psicológico e sociais.
Em uma perspectiva da ecologia dos meios, os estudos de McLuhan contribuem para o entendimento das modificações operadas pelos meios no modo de sentir o mundo e de produzir linguagem. Suas obras mais conhecidas são:
• A galáxia de Gutenberg – Gutenberg galaxy (1962);
• Os meios de comunicação como extensões 
do homem – Understanding media (1964);
• O meio é a mensagem –The medium is the massage: an inventory of effects (1967).
Principais conceitos - Meios como extensão do homem:
“Tudo o que amplia a ação do agente humano. As roupas, por exemplo, são extensões, ampliações. A linguagem é um prolongamento, uma ação a distância que compreende uma memória, um sistema de codificação. Ela assimila as percepções, conduzindo-as e canalizando-as.” 
Os meios são próteses técnicas que ampliam as capacidades do ser humano. 
Exemplos:
O telefone amplia a fala; a roda, a capacidade de locomoção; a eletricidade, nosso sistema nervoso central.
Principais conceitos - “O meio é a mensagem”:
Para McLuhan (2010), os meios são como ambientes: estamos imersos neles e não costumamos pesquisar seus efeitos. 
Alvo dos estudos comunicacionais da perspectiva crítica, a mensagem, por sua vez, é vista pelo autor como consequência das mudanças sociais, e não a causa.
Além disso, de acordo com McLuhan (2010), o conteúdo de um meio ou veículo é outro meio ou veículo. Por exemplo, o conteúdo da escrita é a fala, e o da imprensa é a palavra escrita.
“Porque o ambiente é sempre invisível. O idioma francês, por exemplo, é o meio em que vocês se banham e sobre o qual não conhecem muita coisa, exatamente por estarem imersos dentro dele.
 Um inglês sabe muito mais sobre a língua francesa do que vocês mesmos, porque ele se surpreende com suas expressões. Para o inglês, tudo isso é playback, replay, enquanto para vocês é play.”
Principais conceitos - Meio como tradutor:
“Ao telefone, a criança neurótica demonstra tendência a perder seus traços neuróticos – fato que tem intrigado os psiquiatras. Alguns gagos perdem a gagueira quando falam em língua estrangeira. As tecnologias são meios de traduzir uma espécie de conhecimento para outra [...].” 
Os meios – que prolongam nossa capacidade comunicativa por meio da técnica – funcionam como metáforas que traduzem a experiência da totalidade para os sentidos manifestos.
Principais conceitos - Meios frios: 
McLuhan (2010) toma emprestado a gíria frio, utilizada pelos jovens da época, para refletir sobre os diferentes tipos de envolvimento permitidos pelas especificidades dos meios. Para esses jovens, frio seria aquilo que engloba a participação de todas as faculdades de uma pessoa. 
A televisão e o rádio são exemplos de meios frios que fornecem pouca quantidade de informação, deixando ao receptor lacunas a serem completadas pela interação de todos os sentidos.
Principais conceitos - Meios quentes:
Os meios quentes prolongam um único sentido em alta definição –como, por exemplo, o livro, o cinema e a fotografia.
Esses meios deixam poucas lacunas a serem completadas pelo receptor. Além disso, a alta saturação de dados não requer grande envolvimento.Socialmente, os meios quentes produzem fragmentação e especialização, reduzindo, sobremaneira, a intensidade da experiência. 
Em outras palavras, eles destribalizam ao individualizar a experiência.
Principais conceitos - Tribalização, destribalização, retribalização:
Associando a visão de Karl R. Poper sobre sociedades abertas e fechadas, McLuhan (1962) busca estudar o efeito de destribalização do mundo, promovida pela entrada da cultura letrada a partir da invenção do alfabeto.
“Mas é a invenção da tipografia que marca a grande transformação. A tecnologia da imprensa dá ao homem, com o livro [a primeira máquina de ensinar, na expressão de McLuhan], a posse do saber, e, armando-o com uma perspectiva visual e um ponto de vista uniforme e preciso, liberta-o da tribo, a qual explode, vindo, nos dias de hoje, transformar-se nas grandes multidões solitárias dos imensos conglomerados individuais.”
O intelectual canadense (MCLUHAN, 1962) observa o processo de retribalização do mundo devido à revolução elétrica, cuja tecnologia possui caráter orgânico. 
“De fato, a tecnologia elétrica põe inteiramente a dimensão mítica ou coletiva da experiência humana em um mundo cada dia mais desperto e consciente.” (MCLUHAN, 1962, p. 327) 
O argumento é desenvolvido quando o autor enfatiza que a luz é um meio sem informação, uma projeção de nosso sistema nervoso central, além de ser veloz, sensorial e difusa (MCLUHAN, 2010).
Principais conceitos - Aldeia global:
A era da eletricidade tende a promover uma reunificação das partes mecanizadas da era impressa. A televisão é o meio paradigmático para pensarmos nessa relação. Trata-se de um meio frio, cuja luz envolve os receptores de todo o mundo por meio da interligação por satélites, libertando-os do corpo, do tempo e do espaço.
“O que temos, agora, é a multidão a meio caminho entre a civilização antiga e a tribo nova. E a multidão é apenas confusão.” (MCLUHAN, 2010)
Principais conceitos - Tétrade:
Em Laws of Media (1988), publicado postumamente, McLuhan discute os efeitos que advêm da entrada de novos meios tecnológicos na sociedade.
 De acordo com Braga (2012, p. 5), tais efeitos compreendem: 
• “A amplificação de alguns aspectos da sociedade;
• O envelhecimento (obsolescência) de aspectos da mídia dominante antes da emergência do novo meio;
• A proeminência de aspectos tornados obsoletos previamente;
• A revitalização de mídias em consequência do pleno desenvolvimento do potencial do novo meio”.
Críticas a McLuhan:
• Determinismo tecnológico – crença cega no poder transformador da mídia;
• Serviço ao capitalismo americano – caracterizado pelo desenvolvimento tecnológico;
• Utopia quanto à questão da aldeia global – uma vez que a interligação não inclui todos;
• Abstração das ideias de humano e de meio dos contextos sócio-históricos – responsáveis pelas configurações dos grupos humanos.
McLuhan revisitado - Episódios midiáticos extremos:
Pereira (2015) explora os efeitos materiais dos meios sobre o corpo e a mente contemporâneos, propondo novas pesquisas inspiradas no trabalho de McLuhan.
Pereira (2015, p. 20) analisa os episódios que afetam nosso organismo, tais como:
• “As primeiras exibições de cinema no final do século XIX e no início do século XX;
• A transmissão radiofônica de A guerra dos mundos(1938), concebida por Orson Welles;
• O experimento de publicidade subliminar, proposto por James Vicary (1957);
• As crises de epilepsia fotossensível, desencadeadas pelo game e, posteriormente, pela exibição da série de desenhos animados da grife Pokémon (1997) [...]”.
“O Google está nos tornando estúpidos? O que a internet está fazendo com os nossos cérebros.Com esse título [...], Nicholas Carrpublica um artigo na revista The Atlantic, que, depois, ganharia mais extensão e profundidade no livro The shallows: what the internet is doing to our brains. 
No artigo em questão, é especulado se seria possível que os novos hábitos de leitura inaugurados e fortalecidos pelas novastecnologias de comunicação já pudessem afetar não apenas os modos de se ler, mas também os modos de se pensar hoje em dia (CARR, 2008).” 
Mundo da linguagem:
Santaella afirma que as linguagens se multiplicam a cada novo veículo inventado e no
casamento entre veículos. O jornal, por exemplo, cria uma nova linguagem ao
casar o telégrafo, a fotografia, e a linguagem escrita e diagramada. As tecnologias digitais – que permitem a integração de textos, de imagens e de sons – alargam, portanto, as possibilidades de crescimento das linguagens, gerando novas formas de pensar, agir e sentir.
Hipertexto e hipermídia
As linguagens são híbridas!
Mesmo o som – que é qualidade e que é ouvido com o corpo todo – ganha visualidade.
Além da hibridização das linguagens e dos meios, as tecnologias digitais permitem a quebra do sistema linear de leitura. Por meio do hipertexto e da hipermídia, cada usuário da rede pode montar seu caminho de aquisição de conhecimento mediante a navegação.
Enquanto o hipertexto trata da escrita não sequencial, a hipermídia refere- se à capacidade do computador de reunir, de forma dinâmica:
•Figuras gráficas;
•Vídeos;
•Textos;
•Animação;
•Áudios etc.
“A chave- mestra para esta sintaxe de descontinuidade se chama hiperlink: a conexão entre dois pontos no espaço digital, um conector especial que aponta para outras informações disponíveis, e que é o capacitor especial do hipertexto e da hipermídia.”
Memex e Xanadu:
O primeiro sistema hipermídia foi desenvolvido, em 1945, por Vannevar Bush. O Memex tinha o objetivo de suplementar a memória pessoal.
O aparelho de Bush artificializava o processo de busca inerente ao cérebro humano – não por ordem alfabética ou numérica (como em uma biblioteca, por exemplo), mas por associações de ideias. Contudo, o termo hipertexto surgiu com o projeto Xanadu, apresentado, em 1965, por Theodore Nelson.
Hipertexto e montagem audiovisual
Renó e Gonçalves (2007) comparam os efeitos da montagem audiovisual no cinema com o hipertexto na internet, uma vez que a montagem cinematográfica também se baseia na união de pedaços, cujo significado é oriundo das associações. O discurso é montado intencionalmente pela seleção das partes, e o resultado final é maior do que a junção dos pedaços.
Interatividade:
Esta é a palavra- chave para pensarmos nos processos de criação de linguagem e de significação permitidos pela hipermídia. Diferente dos meios de comunicação massivos, que tratavam a comunicação como um processo unidirecional – a quase-interação mediada de Thompson (1998) –, os meios digitais possibilitam uma relação dupla entre emissores e receptores na produção de signos.
Características da Hipermídia:
 De acordo com Santaella (2010), a hipermídia é “uma nova linguagem em busca de si mesma que se caracteriza por três fatores:
•Hibridização de linguagens;
•Capacidade de armazenamento da informação de forma fragmentada (não linear) –cuja navegação permite a imersão por meio da interação e da possibilidade de coautoria do receptor;
•Necessidade de mapeamento em função da não linearidade”.
Uma obra aberta:
“A poética da obra ‘aberta’ tende, como diz Pousseur, a promover no intérprete ‘atos de liberdade consciente’, a pô- Io como centro ativo de uma rede de relações inesgotáveis [...]. 
Poder-se-ia objetar que qualquer obra de arte, embora não se entregue materialmente inacabada, exige uma resposta livre e inventiva, mesmo porque não poderá ser realmente compreendida se o intérprete não a reinventar num ato de congenialidade com o autor.”
Ciberarte:
Como expressão do imaginário de sua época e, portanto, linguagem, a arte reproduz o espírito de seu tempo.
Lemos (1997) enfatiza que, assim como a arte moderna era futurista, utópica e funcional, a arte pós-moderna caracteriza-se por ser lúdica, eclética, fragmentada e anárquica.
E as novas tecnologias possibilitam a criação de uma arte “aberta, rizomáticae interativa, onde autor e público se misturam de forma simbiótica”. 
Arte e cultura digital:
Assim como o imaginário disseminado pelas mensagens, os suportes materiais influenciam os modos de sentir do ser humano.
Na década de 1990, o boom do digital possibilitou uma nova lógica de organização social, que importa do paradigma digital elementos para pensar e viver o real. Também no espaço virtual, a cultura é transformada em bits, ou seja, é desmaterializada. E a cibercultura é o mundo ao qual o ciberartista se referirá.
Como nova forma simbólica, a ciberarte vai explorar as características do mundo virtual, tais como:
• A numerização;
• A espectralidade;
• O ciberespaço;
• A instantaneidade;
• A interatividade.
Sendo assim, ela quebra a fronteira entre produtor, consumidor e editor. Para Lemos (1997), com a perspectiva do digital, a arte alcança uma radicalização sem precedentes em sua capacidade de virtualização – alargamento das possibilidades por meio do questionamento do real.
Ciberarte é uma materialização da atmosfera da época: uma arte que busca respostas para nosso tempo por meio das tecnologias digitais.
Arte: técnica e tecnologia:
De acordo com Santaella, antes da Revolução Industrial, os objetos de arte eram produzidos manualmente, e o conceito de belo seguia a linha renascentista. As belas artes eram divididas em sete categorias:
1. Pintura;
2. Escultura;
3. Arquitetura;
4. Poesia;
O advento da câmera fotográfica e a possibilidade de reprodução das imagens retiram a exclusividade do artesanato e dão origem às artes tecnológicas.
No início do século XX, Marcel Duchamp – do movimento dadaísta – reintegrou arte e vida ao colocar em museus objetos encontrados nas ruas, que não tinham valor artístico. Os futuristas também contribuíram para essa aproximação ao reivindicarem o uso de objetos tecnológicos nas obras de arte.
Pioneiros da arte eletrônica:
O artista plástico brasileiro Abraham Palatinik passou a ser considerado um dos pioneiros da arte cinética após apresentar, em 1951, na Primeira Bienal de São Paulo, o aparelho cinecromático – resultado de seus estudos de luz e de movimento. Ainda nos anos 1950, Pierre Schaeffer deu origem à música concreta em experimentações com aparelhos de rádio – aquela composta de fragmentos de sons do ambiente, de ruídos e de instrumentos musicais.
Outro artista considerado pioneiro das artes tecnológicas no Brasil é Waldemar Cordeiro, que iniciou o movimento Computer Art em parceria com o físico e engenheiro Giorgio Moscati. Na obra A mulher que não é B.B. (1971), Cordeiro transformou em milhares de pontos a famosa fotografia do rosto de uma menina vietnamita queimada pelas bombas de napalm, lançadas pelos Estados Unidos.
Arte eletrônica nos anos 1970 e 1980:
Os anos 1970 foram marcados pela arte conceitual, pela arte por vídeos, bem como pelas videoinstalações e ambientações multimídia. Mas foi nos anos 1980 que os artistas tomaram conhecimento da intervenção tecnológica e começaram a utilizar como suporte artístico:
• O laser;
• A holografia;
• A eletrografia;
• A Scan TV etc.
Arte dialógica
Na década de 1990, a revolução do digital e a explosão das telecomunicações aumentaram as possibilidades de interação entre homem e máquina e, consequentemente, sua participação no processo de construção de signos.
Tais mudanças incentivaram os artistas a trabalharem em projetos de arte dialógica, na qual o espectador torna-se coautor da obra por meio da interação permitida pela conexão em rede.
Substratos da ciberarte:
• Cibercultura: cultura no espaço virtual, no qual Pierre Levy via uma “universalidade sem totalidade”, um ambiente que é propício à ciberarte por seu caráter híbrido, imersivo e interativo;
• Ciberespaço: ambiente virtual e realidades virtuais por onde a ciberarte circula;
• Interface: qualquer aparato que permita a interação entre o homem e a máquina.
Histórias em Quadrinhos e hipermídia:
Também como forma de arte, as Histórias em Quadrinhos (HQ’s) foram influenciadas pela cultura digital e passaram a ser veiculadas online a partir de 1990, com base nautilização de recursos de hipermídia.
Enquanto as HQ’s no suporte de papel estimulavam apenas um sentido do leitor, as eletrônicas incentivam a audição e o tato. No início do processo – como ocorre quando há migração de suporte midiático –, as HQ’s eram apenas digitalizações das páginas impressas.
Cultura das Mídias no mundo contemporâneo:
Três desdobramentos essenciais dentro do contexto da cultura das mídias no nosso mundo contemporâneo.
As correlações e a hibridização entre as diferentes mídias e linguagens;
A internet e as mídias de massa na nossa sociedade ocidental;
Estabelecer as similaridades entre as mídias on-line e off-line.
A correlação e a hibridização entre as diferentes mídias e linguagens:
Pierre Levy discute o papel da virtualidade na constituição do sujeito contemporâneo.
Estamos vivendo, desde o final do século XIX, uma verdadeira revolução digital na nossa sociedade.
Essa revolução propaga-se através do traço fundamental de virtualização: a ideia de que a cibercultura é o elemento fundamental do mundo articulado em rede.
A virtualização constitui-se como uma das técnicas provenientes da comunicação nas sociedades ocidentais pela ótica dos sinais presentes na nossa cultura.
O que é Virtual?
- A árvore está virtualmente presente na semente.
- O virtual tende-se a atualizar-se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva ou formal.
O Virtual não se opõe ao real. O virtual se opõe ao atual. 
A realidade não pode ser vista como uma única linguagem. A realidade são múltiplas experiências em que sons, palavras e imagens parecem estar em constante processo de fusão.
Mudanças: Conhecimento, a informação e a comunicação.
 Sociedade da informação: Processos em um mundo cada vez mais globalizado favorecem a proliferação de elementos cada vez mais velozes em sua distribuição e produção.
Virtualidade:
Não existe mais como operarmos uma divisão entre realidade e virtualidade, pois dentro de um contexto de hipermídia, o que está em jogo é a própria atualização do virtual sem contudo chegar-se à concretização efetiva desse virtual.
Ciberespaço:
Ciberespaço compreende-se a relação do sujeito com todas as formas de tecnologias que ultrapassam a presença física, constituindo-se como elemento de comunicação e de relacionamento cuja ênfase recai sobre a imaginação.
Formas de ciberespaço: Realidade Virtual – Na qual ocorre a interação entre os elementos categóricos presentes através da interface entre um sujeito e um determinado sistema operacional e a realidade aumentada em que ocorre a integração entre as informações virtuais e as visualizações do mundo real. 
Lévy diz que o ciberespaço acarreta em um acelerado processo de desenvolvimento digital cujas mudanças são sentidas nas formas pelas quais a realidade e a virtualidade estão em constante processo de atualização.
O espaço de virtualização apresenta-se imbricando em várias temporalidades, abrindo-se como elemento fundamental para uma hibridização entre distintas formas de linguagens.
O espaço virtual em constante processo de atualização acaba abrindo a possibilidade de compreendermos a linguagem como um mosaico atravessado pela rede mundial de computadores.
A internet e suas relações com as mídias de massa:
A contemporaneidade exige a minúscia de uma relação contínua entre a atualização do virtual e a constante propagação da internet como ferramenta de articulação entre as mídias e as massas.
O espaço virtual encontra-se articulado entre as mais variadas formas de linguagens.
As marcas procuram articular suas ações no espaço da internet;
A onda de protestos que varreu o Brasil em junho de 2013.
Percebe-se como a internet e suas relações com as mídias de massa oportuniza uma estreita aproximação à mobilização política, à cidadania e à participação social.
Mídias On-line:
Veiculam todo o conjunto de informações através da internet ou de outras ferramentas digitais.
Informações registradas dentro da realidade virtual, através de uma ampla difusão de comunicações fragmentadas em elementos presentes dentro do contexto da hipertextualidade.
Mídias Off-line:
São aquelas também conhecidas como mídias tradicionais, que não utilizam da internet para a potencialização das suas informações. Isto é, elas propagam suas informações, transmitem seus conteúdos sem que o usuário esteja conectado diretamente a um provedor ou dispositivo on-line.
Da língua falada à língua escrita:
O aparelho fonador é nosso primeiro suporte tecnológico de linguagem. Em McLuhan (1962), vimos que a cultura oral em uma interação face a face era a base das culturas pré-tecnológicas. A sensorialidade permitida por tal comunicação foi quebrada com a invenção da escrita, cuja possibilidade de distância gerada entre comunicação e contexto destribalizou o mundo.
No século XV, surgiu uma importante mudança: a prensa, inventada por Gutenberg. A possibilidade de reprodução de livros em ampla escala e a portabilidade desses impressos gerou maior difusão de conhecimento.
Durante os séculos XVI e XVIII, o texto impresso era considerado difusor do saber e da cultura. Na imprensa –uma tecnologia cuja percepção era mais analítica –, as letras gozavam de exclusividade quase absoluta.
A escrita era soberana!
Jornal x Livro:
Embora jornal e livro tivessem como característica a quase exclusividade da língua escrita, o tipo de mensagem veiculada nos jornais não permitia manter o mesmo caráter de novidade da informação que os livros. Após a invenção do telégrafo, o jornal ganhou maior dinamismo e criou uma nova linguagem. Santaella (2010) menciona o casamento bem-sucedido da hibridização do telégrafo com a fotografia e a diagramação do texto escrito, que adquiriu um valor sensorial mais atraente e apelativo.
A partir de então, o jornal e a fotografia não só quebraram a hegemonia do livro como meio de transmissão cultural como também influenciaram sua forma de publicação. O livro passou a ser mais atraente ao usar recursos visuais mais sensoriais com a diagramação e a imagem.
Em outras palavras, a chegada de um novo suporte tecnológico não substitui, mas refuncionaliza o meio. 
As linguagens e os canais se misturam!
“É mais do que tempo, portanto, de superarmos as visões atomizadas das linguagens, [dos] códigos e canais, baseadas apenas no modo de aparição das mensagens, para buscarmos um tratamento mais econômico e integrador, que nos permita compreender como os signos se formam, e como as linguagens e os meios se combinam e se misturam.” (SANTAELLA, 2010, p. 28).
Uma informação, múltiplas plataformas:
Com o advento das mídias digitais, a palavra escrita ganhou nova dimensão, libertando-se da linearidade sequencial própria do papel. Os livros também se digitalizaram, e os e- books se popularizaram, mas ainda há os que preferem manipular o texto em papel. A mesma informação tornou-se disponível em mais plataformas – cada qual com suas especificidades de uso.
Os jornais também se digitalizaram e englobaram a linguagem hipermídia, mas sua versão impressa mantém um público fiel ao tipo de sensorialidade suscitada por essa plataforma.
Era das imagens:
Fotografia e cinema:
É inegável a força da imagem como linguagem no sentido de engajamento gerado pelo processo de projeção e identificação com a mensagem nela inscrita – porque é essencialmente forma, ainda que esteja apenas presente no imaginário. O poder representativo e sedutor das imagens justifica o encantamento causado pelo cinema, a imagem e o movimento, seu uso político na imprensa e no cinema, e seu uso persuasivo na publicidade.
Meios eletrônicos:
Como vimos em McLuhan (2010), com o advento dos meios eletrônicos, uma nova retribalização aconteceu. A televisão e o rádio feriram o impresso ao darem ênfase à oralidade hibridizada com a imagem, ampliando a proposta do cinema. Embora o rádio não permita a transmissão de imagens representativas, sua expressividade narrativa possibilita a circulação e reprodução de um imaginário associado ao consumo.
Imagens e imaginários:
A intensificaçãodo uso de signos imagéticos é um fato em nossa realidade, de modo que é importante entendermos o modo como a consumimos e os imaginários criados que influenciam nosso fazer cultural. Tacussel (2006) simplifica a definição de imagem ao se referir à existência de dois tipos: 
- As imagens que representam o que vemos;
- As imagens que representam o que não é acessível pelos sentidos –como a morte, por exemplo. 
O imaginário compreende a imagem acrescida de valores.
Imaginário moderno e contemporâneo:
Tacussel (2006) também discorre sobre a diferença entre:
- Imaginário moderno:
Aquele que se baseava na razão e no progresso, desenhado pela disseminação de imagens que representavam a ciência e a indústria.
- Imaginário pós-moderno:
Aquele que acentuava valores do presente, ocupando-se do corpo, do cotidiano, da eterna juventude – imagens que se situavam entre uma felicidade quase intangível e a catástrofe eminente.
Imaginário contemporâneo:
Por meio da disseminação eletrônica e digital de imagens, de textos e de sons, a relação entre passado, presente e futuro cede lugar a uma simultaneidade de presente. Além disso, os laços sociais estão cada vez mais ancorados na identificação com imagens e no imaginário repercutido do que na proximidade entre os corpos.
Imaginários e significação:
Sabemos que a formação do imaginário do Brasil enquanto nação se valeu da capacidade imagética e sensorial do rádio e da televisão. Telenovelas são, ainda hoje, um grande fator de coesão social. Mas o processo de significação das imagens não cessa na produção. A recepção dessas imagens, suas apropriações e ressignificações são igualmente importantes no sentido de desvendar sua essência cultural. 
O contexto de recepção influencia e filtra o significado.
Imagens e controle social:
O uso de plataformas tecnológicas que permitem gravação, reprodução e disseminação de imagens possibilita o controle social. Imagens feitas por satélites podem ser acessadas por meio de mecanismos de busca, o que proporciona não só a procura de informações rotineiras necessárias, mas também o monitoramento e a exposição de espaços públicos e privados.
Mídia e Linguagem:
Ainda que não percebamos, estamos imersos em signos e linguagens. Imagens, sons, ruídos e palavras em múltiplos formatos nos conectam com o outro e com o mundo. Vimos suas evidências materializadas em livros, jornais, revistas, aparelhos de rádio e tv, notebooks, smartphones, etc. Tratam-se de ecossistemas de mídias e linguagens que mediam as configurações de práticas econômicas, políticas institucionais e culturais.
Midiatização:
Tendo em vista a saturação midiática evidente, o pesquisador brasileiro Muniz Sodré desenvolve o conceito de midiatização como o novo bios.
Trata-se de uma quarta esfera existencial humana-somada às vidas contemplativa, política e prazerosa – formulada por Aristóteles, ao pensar as esferas de existência humana na polis.
Mediação X Midiação:
Mediações simbólicas = Construção de signos.
- Inerentes a toda forma de cultura – como, por exemplo, a linguagem, as leis e as artes – por meio da interação com o mediador.
Mediações tecnológicas = midiatização.
- “Espécie de prótese tecnológica e mercadológica da realidade sensível – denominada medium”.
A midiatização intensifica as mediações sociais em um espaço próprio e relativamente autônomo. Ela não recobre a totalidade do campo social, mas opera:
- Articulando, de modo hibridizante, instituições sociais e organizações midiáticas;
- Construindo novas realidades sociais; 
- Moldando comportamentos, afetos, cognições.
Linguagem híbrida:
A peculiaridade do computador reside no fato de não apenas inserir uma nova tecnicidade, mas uma linguagem híbrida: hibridismo sígnico e midiático próprio do ciberespaço.
Conforme afirma Scolari, o computador é uma “metamídia” – uma espécie de “esperanto ou de linguagem tecnológica universal”.
Multimídia, Crossmídia e Transmídia:
- Multimídia – Processo de mistura de linguagem observável pela convergência das mídias que dá origem a profundos híbridos;
- Crossmídia – Distribuição de um mesmo discurso adaptado em diversas plataformas comunicacionais;
- Transmedia Storytelling – Distribuição de narrativas diferentes, mas interdependentes entre si, em diversas plataformas, cujo conjunto gera um novo discurso.
Crossmedia:
- É a distribuição de serviços, produtos e experiências por meio de diversas mídias e plataformas de comunicação existentes no mundo digital e offline.
- Conceito simplista sobre publicidade e canais de veiculação.
- Crossmedia seria uma campanha que não se modifica para ser transmitida nos diferentes meios.
- De uma forma geral, crossmedia é quando você leva uma mesma mensagem para diversas mídias.
Ex: uma partida de futebol que é transmitida na TV e na internet. A versão online pode até ter interações que não estão disponíveis na outra transmissão, mas a mensagem continua sendo a mesma.
Crossmídia:
- “Comunicação crossmídia é a comunicação onde a narrativa direciona o receptor de um meio para o próximo.” 
- Representa a construção de uma estratégia comunicacional que consiste na distribuição de um mesmo discurso adaptado em diversas plataformas.
- O autor Boumans defende que a mídia cruzada surgiu, aproximadamente, no fim dos anos 90 , através da criação do programa televisivo “Big Brother” na Holanda.
- Na ocasião, a interação entre mídia televisiva e Web ganhou mais evidência, sobretudo no contexto da crossmídia, haja vista que o programa guiava a audiência para a web, a fim de que o sujeito interagisse e depois voltasse a tv e assistisse ao programa.
- Uma história transmidiática desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia com cada novo texto contribuindo para o todo.
- A relação de pessoas com o mundo é mediada por narrativas (em alguns momentos de ficção).
- Narrativas ficcionais e não ficcionais.
- Intertextualidade: induz o público a imersão, fazendo-o participar da história (storytelling).
- Contar histórias e criá-las juntas com o público.
- Mergulhar no universo da marca, assim como faz com seus filmes, séries, quadrinhos, etc.
Storytelling:
- Construir e reconstruir a história de uma marca.
- Participantes podem modificar o conteúdo da narrativa.
- Storytelling só atinge o seu objetivo quando o consumidor identifica-se com a narrativa das diversas mídias que interage. 
Transmídia:
Uma história transmidiática desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia com cada novo texto contribuindo para o todo.
- A relação das pessoas com o mundo é mediada por narrativas (em alguns momentos de ficção).
- Narrativas ficcionais e não ficcionais.
- Intertextualidade: induz o público a imersão, fazendo-o a participar da história (storytelling).
- Contar histórias e criá-las juntas com o público.
- Mergulhar no universo da marca assim como faz com seus filmes, séries, quadrinhos, etc.
Storytelling:
- Construir ou reconstruir a história de uma marca.
- Participantes podem modificar o conteúdo da narrativa.
- Storytelling: Só atinge o seu objetivo quando o consumidor identifica-se com as narrativas das diversas mídias e interage.
Transmídia (Narrativa Transmídia ou Transmedia Storytelling):
Para ser mais explícito, na transmídia, o consumidor segue os desdobramentos de uma temática por meio de várias mídias.
Como no âmbito do entretenimento o fã ganha ênfase, é nessa área que a transmídia se torna mais evidente, pois uma franquia possui desdobramentos, sobretudo, em jogos eletrônicos e filmes.
Ex: Matriz, Jornada nas Estrelas.
-Transmedia Storytelling – a convergência das mídias como promotora da narrativa no desenvolvimento dos conteúdos através de múltiplas plataformas (Jenkins, 2001).
- Numa narrativa transmidiática, o jogo traz elementos que ajudam a complementar as brechas deixadas no filme ou o inverso. “Uma história transmidiática se desenrola através de múltiplos suportes midiáticos, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo.
- Na formaideal de narrativa transmidiática, cada meio faz o que faz melhor.”
- A transmedia é quando você leva trechos diferentes e complementares de uma mensagem para diversas mídias.
- A partida de futebol seria transmitida pela TV, e na internet seria possível outros pedaços daquele acontecimento, como uma câmera que mostra o que acontece no banco de reserva, depoimentos dos jogadores antes da partida, a festa dos torcedores do outro lado do mundo, etc.
Mídia e Linguagem:
Transmedia storytelling: 
- Transmedia storytelling é a arte de transmitir mensagens, temas ou histórias através de diferentes plataformas de mídia.
Narrativas Digitais – Narrativas Ergóticas:
Nesta forma de narrativa o leitor deve romper os limites impostos pelo texto e se colocar participativamente na construção do sentido. Instaura-se a quebra da linearidade e da passividade da leitura ao ser utilizado nas mídias digitais.
Convergência:
Na comunicação costuma-se falar de convergência como sinônimo da convergência de formatos, o mesmo que multimídia e multimeios.
Conjugação em apenas um espaço, de vários formatos midiáticos, como imagens, textos, vídeos, link, etc.
Henry Jenkins:
Teórico cultural que cunhou os termos “cultura de convergência” e “cultura participativa” para descrever o cenário atual, uma interpretação que abarca tanto questões tecnológicas, como antropológicas.
Entretanto Henry Jenkins afirma que a convergência deve ser compreendida principalmente como um processo tecnológico que une múltiplas funções dentro dos mesmos aparelhos.
Nunca vai haver um meio que englobe todas as características.
Cultura da Convergência:
“Bem -vindo à cultura da convergência, onde as velhas e as novas mídias colidem, onde a mídia corporativa e a mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis.”
- As principais características da convergência são: a convergência dos meios de comunicação, cultura participativa, inteligência coletiva.
Convergência das mídias:
- Fluxos de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia.
- Cooperação entre os múltiplos mercados midiáticos.
- Comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação (vão a qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam).
- Convergência – Transformações: tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais.
Cultura da Convergência:
- Toda história importante é contada, toda marca é vendida, e todo consumidor é cortejado por múltiplas plataformas de mídia.
- Circulação de conteúdos depende fortemente da participação ativa dos consumidores. 
- Convergência: Como uma transformação cultural, a medida que os consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos de mídia dispersos.
- A convergência não ocorre por meio de aparelhos. A convergência ocorre dentro do cérebro de consumidores individuais e suas alterações sociais com outros.
- O consumo tornou-se um processo coletivo (inteligência coletiva).
- Nenhum de nós pode saber tudo. Cada um de nós sabe alguma coisa, e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades.
- Inteligência coletiva = fonte alternativa de poder midiático.
- Estamos aprendendo a usar tal poder em nossas alterações diárias dentro da cultura das convergências.
- Atualmente usamos para fins recreativos.
Cultura Participativa:
Essa mudança de paradigma na distribuição de informação abre novas possibilidades por conta do potencial de interatividade do novo meio técnico, contribuindo para a fomentação de uma “cultura participativa”.
Mais do que falar sobre produtores de mídia e consumidores como quem ocupa papéis separados, nós agora os vemos como participantes que interagem com outros de acordo com um conjunto de regras que ninguém de nós compreende completamente.
A cultura participativa dialoga com uma sociedade participativa, as mudanças não acontecem apenas quando se altera a infraestrutura tecnológica, segundo ele, mas sim quando essas oportunidades permitem a transformação de práticas sociais e culturais já existentes.

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