Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÁLCULO II Prof. Juaci Picanço | Prof. Jerônimo Monteiro Lista Semanal 6 - 04/05/2018 Questão 1. Mostre que não existe o limite abaixo. lim (x,y)→(0,0) x4 − y2 x4 + y2 . Solução: Seja f(x, y) = x 4−y2 x4+y2 . Tomando o caminho C1(t) = (t, 0),tem-se que: lim (x,y)→(0,0) f(x, y) = lim t→0 f(C1(t)) = lim t→0 t4 − 02 t4 + 02 = lim t→0 1 = 1 Tomando o caminho C2(t) = (t, t 2), tem-se que: lim (x,y)→(0,0) f(x, y) = lim t→0 f(C2(t)) = lim t→0 t4 − (t2)2 t4 + (t2)2 = lim t→0 0 = 0 Logo, como: lim t→0 f(C1(t)) 6= lim t→0 f(C2(t))⇒ lim (x,y)→(0,0) x4 − y2 x4 + y2 @ 1 Cálculo II Lista Semanal 6 Questão 2. Verifique se a f(x, y) dada é contínua. f(x, y) = √ 1− x2 − y2, quando x2 + y2 ≤ 1 0, quando x2 + y2 > 1 Como f(x, y) é √ 1− x2 − y2 para quando x2 + y2 < 1, tem-se que f(x, y) é contínua para quando x2 + y2 < 1. Como f(x, y) é 0 para quando x2 + y2 > 1, tem-se que f(x, y) é contínua para quando x2 + y2 > 1. Desse modo, deve-se analisar os pontos nos quais x2 + y2 = 1, pois são os possíveis pontos onde a função não é contínua, pois sua lei de recorrência se altera. Logo, fazendo x = rcos(θ),y = rsen(θ), tem-se: f(r) = √ 1− r2, quando r2 ≤ 1 0, quando r2 > 1 Logo, lim r→1− f(r) = lim r→1− √ 1− r2 = 0 e lim r→1+ f(r) = lim r→1+ 0 = 0 Desse modo, limr→1 f(r) = 0. Além disso, f(1) = 0. Assim, como limr→1 = f(1) = 0, isso implica que f(r) é contínua em r = 1, ou seja, é contínua nos pontos que satisfazem a equação x2 + y2 = 1. Com isso, f(x, y) é contínua em todo o o R2. Prof. Juaci Picanço | Prof. Jerônimo Monteiro 2 Cálculo II Lista Semanal 6 Questão 3. Julgue se os itens a seguir são verdadeiros ou falso. Em ambos os casos, justifique. (a) Considerar os caminhos C1 = {(x, y) : y = mx}, C2 = {(x, y) : x = y2} e C3 = {(x, y) : y = x} é suficiente para mostrar que lim (x,y)→(0,0) xy2 x2 + y2 = 0. Solução: Calculando os limites Para os caminhos apresentados, tem-se: Para C1, tem-se: lim (x,y)→(0,0) xy2 x2 + y2 = lim (x,mx)→(0,0) x(xm)2 x2 + (xm)2 = lim x→0 x3m2 x2(1 +m2) = lim x→0 xm2 (1 +m2) = 0 Para C2, tem-se: lim (x,y)→(0,0) xy2 x2 + y2 = lim x→0 x(x2)2 x2 + (x2)2 = lim x→0 x5 x2(1 + x2) = lim x→0 x3 x2 + 1 = 0 Para C3, tem-se: lim (x,y)→(0,0) xy2 x2 + y2 = lim (x,x)→(0,0) x(x)2 x2 + (x)2 = lim x→0 x3 2x2 = 0 Contudo, para provar que o limite apresentado é 0, tem-se que verificar para todos os caminhos, e isso é feito utilizando a definição de limite, desse modo, para mostrar que lim(x,y)→(0,0) xy2 x2+y2 = 0, tem-se: Seja � > 0, precisa-se encontrar δ > 0, tal que: 0 < ||(x− 0, y − 0)|| < δ ⇒ 0 < ∣∣∣∣ xy2x2 + y2 − 0 ∣∣∣∣ < � Assim, dado que y2 x2+y2 ≤ 1, e |x| = √ x2 ≤ √ x2 + y2∣∣∣∣ xy2x2 + y2 ∣∣∣∣ = |x|y2x2 + y2 ≤ |x| ≤√x2 + y2 → ∣∣∣∣ xy2x2 + y2 ∣∣∣∣ ≤√x2 + y2 Assim, escolhendo δ = �, tem-se: √ x2 + y2 < δ ⇒ √ x2 + y2 < �⇒ ∣∣∣∣ xy2x2 + y2 ∣∣∣∣ ≤√x2 + y2 < �⇒ ∣∣∣∣ xy2x2 + y2 ∣∣∣∣ < � Assim, escolhendo um δ = �, prova-se que o limite existe e é igual a 0. Logo, como provar que o limite existe para os caminhos apresentados não é suficiente para mostrar que o limite existe e é igual a 0, tem-se que a afirmativa é falsa. (b) Utilizar o Teorema do Confronto é a única forma de mostrar que lim (x,y)→(0,0) xy√ x2 + y2 = 0. Solução: Note que: 0 ≤ ∣∣∣∣∣ x√x2 + y2 ∣∣∣∣∣ = √ x2√ x2 + y2 = √ x2 x2 + y2 E como x2 ≥ x2 → x2 + y2 ≥ x2 → x2 x2+y2 ≤ 1 → √ x2 x2+y2 ≤ 1, tem-se que 0 ≤ √ x2 x2+y2 ≤ 1, logo, como √ x2 x2+y2 é uma função limitada e y tende a 0 para quando (x, y)→ (0, 0), tem-se pelo teorema do confronto que lim (x,y)→(0,0) xy√ x2 + y2 = 0 Prof. Juaci Picanço | Prof. Jerônimo Monteiro 3 Cálculo II Lista Semanal 6 Contudo, essa não é a única forma de mostrar que tal limite é igual a 0. Utilizando coordenadas polares, tem-se que: x = rcos(θ),y = rsen(θ) e quando (x, y)→ (0, 0),r → 0. Logo lim (x,y)→(0,0) xy√ x2 + y2 = lim r→0 r2sen(θ)cos(θ)√ r2 = lim r→0 rcos(θ)sen(θ) = 0 Além disso, pode-se utilizar a definição de limite para mostrar que o limite apresentado é igual a 0, embora este não seja um método muito prático para a resolução (Para se calcular pela definição, faz-se um procedimento análogo ao procedimento feito na alternativa (a) desta mesma questão). Desse modo, existem mais formas de mostrar que o limite apresentado é igual a 0, ou seja, a afirmativa é falsa. (c) Tomando x = r cos θ e y = rsen θ, mostramos que lim (x,y)→(0,0) sen (x2 + y2) 1− cos (√ x2 + y2 ) não existe. Solução: Primeiramente, note que: x2 + y2 = r2cos2(θ) + r2sen2(θ) = r2. Agora, para a mudança de variável apresentada, tem-se: lim (x,y)→(0,0) sen (x2 + y2) 1− cos (√ x2 + y2 ) = lim (rcos(θ),rsen(θ))→(0,0) sen (r2) 1− cos (√ r2 ) = lim r→0 sen (r2) 1− cos(r) = [ 0 0 ] Como o limite resultou em uma indeterminação do tipo [ 0 0 ] , pode-se aplicar o teorema de L'hospital, logo: lim r→0 sen (r2) 1− cos(r) = limr→0 cos(r2)2r sen(r) = limr→0 2cos(r2) limr→0 sen(r) r = 2 Desse modo, como o limite existe, tal mudança de variável não prova que o limite não existe. Assim, a afirmativa é falsa. Prof. Juaci Picanço | Prof. Jerônimo Monteiro 4 Cálculo II Lista Semanal 6 Questão 4. Nos itens a seguir, faça o que se pede. (a) Defina as derivadas parciais de f(x, y) em relação a x e em relação a y no ponto (a, b). Solução: A derivada parcial em relação a x da função f(x, y), é calculada de forma análoga à uma função de uma variável, pois para tal cálculo toma-se um y constante e calcula-se a variação somente em relação a x, ou seja, para calcular a derivada parcial em relação a x de f(x, y), no ponto (a, b), faz-se f(x, y) virar uma função de uma variável, pois toma-se y = b, logo: g(x) = f(x, b). A derivada parcial em relação a x é definida como: g′(a) = lim h→0 f(a+ h, b)− f(a, b) h A definição é análoga para a derivada parcial em relação a y, com j(y) = f(a, y) dessa forma: j′(b) = lim k→0 f(a, b+ k)− f(a, b) k (b) Interprete geometricamente as definições do item (a). Solução: Para o caso da derivada parcial em relação a x, como g(x) = f(x, b), tem-se que g(x) é a curva resultante da interseção do gráfico de f(x, y) e o plano y = b. Logo, como g′(x) é a inclinação da reta tangente à curva g(x), tem-se que as derivadas parciais podem ser interpretadas como as inclinações das retas tangentes às curvas g(x) e j(y) no ponto (a, b, f(a, b)), de modo que tais curvas são resultantes da interseção do gráfico de f(x, y) com os planos x = a (originando a curva j(y)) e y = b (originando a curva g(x)). Segue uma figura que representa a derivada parcial em relação a y, no ponto (1, 1, 2), para quando f(x, y) = x2 + y2 (c) Determine uma regra para determinar as derivadas parciais de f(x, y). Solução: As derivadas parciais são calculadas pelos limites apresentados anteriormente na alternativa a) desta questão. Contudo, existe um modo mais prático, pois para se derivar em relação a x fixa-se um deter- minado y (ou seja, y é constante) e aplica-se a derivada em relação a x. Desse modo, uma regra prática para se determinar as derivadas parciais é: Caso queira-se determinar ∂f(x,y) ∂x , deve-se tratar a variável y como uma constante e derivar em relação a x. Caso queira-se determinar ∂f(x,y) ∂y , deve-se tratar a variável x como uma constante e derivar em relação a y. Prof. Juaci Picanço | Prof. Jerônimo Monteiro 5 Cálculo II Lista Semanal 6 (d) Se f(x, y) = x2 + 3xy + y − 1, determine fx(4,−5) e fy(4,−5) e interprete geometricamente. Solução: ∂f(x, y) ∂x =2x+ 3y ⇒ ∂f(4,−5) ∂x = −7 ∂f(x, y) ∂y = 3x+ 1⇒ ∂f(4,−5) ∂y = 13 Logo, ∂f(4,−5) ∂x = −7 é a inclinação da reta tangente à curva que é a interseção do gráfico de f(x, y) e o plano y = −5, e ∂f(4,−5)∂y = 13 é a inclinação da reta tangente à curva a qual é a interseção do gráfico de f(x, y) com o plano x = 4. Segue a imagem das retas tangentes descritas, cujas inclinações são iguais às derivadas parciais em relação a x e em relação a y, respectivamente, no dado ponto. Prof. Juaci Picanço | Prof. Jerônimo Monteiro 6 Cálculo II Lista Semanal 6 Questão 5. Considere a função: f(x, y) = xy x2 + y2 , se (x, y) 6= (0, 0) 0, se (x, y) = (0, 0) Podemos dizer que f(x, y) é diferenciável em (0, 0), pois suas derivadas parciais em (0, 0) existem? Justi- fique. Solução: Não necessariamente, pois a existência das derivadas parciais em (0, 0) não implica na diferenciabilidade de f(x, y) em (0, 0). Para f(x, y) ser diferenciável em (0, 0), as derivadas parciais devem existir e serem contínuas em (0, 0). Desse modo, calculando as derivadas parciais de f(x, y) para o ponto (0, 0): ∂f(0, 0) ∂x = lim k→0 f(0 + k, 0)− f(0, 0) k = lim k→0 k.0 02+k2 k = 0 ∂f(0, 0) ∂y = lim h→0 f(0, 0 + h)− f(0, 0) h = lim h→0 h.0 02+h2 h = 0 Além disso, as derivadas parciais para quando (x, y) 6= (0, 0) são dadas por: ∂f(x, y) ∂x = y(x2 + y2)− 2x(xy) (x2 + y2)2 = y3 − x2y (x2 + y2)2 ∂f(x, y) ∂y = x(x2 + y2)− 2y(xy) (x2 + y2)2 = x3 − xy2 (x2 + y2)2 Logo, ∂f(x, y) ∂x = y3 − x2y (x2 + y2)2 , se (x, y) 6= (0, 0) 0, se (x, y) = (0, 0) ∂f(x, y) ∂y = x3 − xy2 (x2 + y2)2 , se (x, y) 6= (0, 0) 0, se (x, y) = (0, 0) Assim, deve-se verificar se as funções que representam as derivadas parciais são contínuas em (0, 0). Desse modo, considerando a função que representa a derivada parcial em relação a x e o caminho C1(t) = (0, t), tem-se: lim (x,y)→(0,0) y3 − x2y (x2 + y2)2 = lim t→0 t3 t4 = lim t→0 1 t @ Agora, considerando a função que representa a derivada parcial em relação a y e o caminho C2(t, 0), tem-se: lim (x,y)→(0,0) x3 − y2x (x2 + y2)2 = lim t→0 t3 t4 = lim t→0 1 t @ Logo, as derivadas parciais não são contínuas no ponto (0, 0), assim, isso implica que a função não é diferenciável em (0, 0). Prof. Juaci Picanço | Prof. Jerônimo Monteiro 7
Compartilhar