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Marx e o Materialismo Histórico 
 
Prof.: John Luiz Baytack Beltrão de Castro 
 
Karl Heinrich Marx foi um intelectual e revolucionário alemão e fundador da doutrina 
comunista moderna. Atuou, sobretudo, como economista, filósofo, historiador e teórico político. 
Sua obra influenciou várias áreas, especialmente: Filosofia, Geografia, História, Direito, Sociologia, 
Pedagogia, Ciências Políticas, Antropologia, Economia, bem como outras áreas do saber como a 
Psicologia. 
Suas teorias acerca da sociedade, da economia e da política, conhecidas em longa escala 
como Marxismo, apoiam-se na tese central segundo a qual as sociedades humanas progridem 
através da luta de classes: um conflito entre a classe burguesa (que controla a produção) e a classe 
proletariária (que fornece a mão de obra para a produção). 
Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, em Tréveris, em 1830, ano em que 
eclodiram revoluções em diversos países europeus. 
Ingressou mais tarde na Universidade de Bonn para estudar Direito, transferindo-se no ano 
seguinte para a Universidade de Berlim, onde o filósofo alemão Hegel, cuja obra exerceu grande 
influência sobre Marx, foi professor e reitor. 
Particularmente em Berlim, Marx ingressou no Clube dos Doutores, que era liderado 
por Bruno Bauer, vindo a perder o interesse pelo Direito voltando-se para a Filosofia. Participou 
ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos (incluindo Ludwig Feuerbach). 
Obteve o título de doutor em Filosofia, em 1841, com uma tese sobre as "Diferenças da 
filosofia da natureza em Demócrito e Epicuro". No ano seguinte, tornou-se redator-chefe da Gazeta 
Renana, um jornal da província de Colônia, vindo a conhecer Friedrich Engels (1820-1895), quando 
esse veio a conhecer, no mesmo ano, a redação do jornal. 
Apesar de ter sofrido forte influência do pensamento de Hegel, situando-se entre os Jovens 
hegelianos, a base do pensamento de Marx é, ao contrário do idealismo do seu precursor, 
materialista. Foi com base no materialismo que adveio a tese marxista do materialismo histórico 
ou dialético. 
Marx baseou seu pensamento na realidade prática, no concreto, sobretudo na realidade 
econômico-social da Inglaterra do século XIX, do liberalismo. São dos fatos gerados pelo sistema 
capitalista que Marx extrai suas teses concernentes às relações do homens. Nesse sentido, a filosofia 
marxista parte da prática para a teoria (práxis), e não da teoria sem a prática que sustentou o 
idealismo alemão. 
A visão idealista de Hegel o levara a acreditar que o Estado seria soberano em relação à 
sociedade, sendo essa relação de dependência natural. Marx objeta esse pensamento idealista 
adotando uma vertente materialista que considera o fato concreto a partir da dialética. 
Essa perspectiva o leva a refutar incisivamente a ideologia, entendida por ele como “falsa 
consciência”, uma vez que visa beneficiar única e exclusivamente as classes dominantes, ao 
legitimar a desigualdade social, alicerçada na luta de classes. 
Para Marx, o fim último da filosofia, cujo exemplo é O capital, é desconstruir a ideologia por 
meio da mostração dos reais mecanismos de dominação. Ele apresenta esse fim de modo explícito 
na aludida obra, ao situar, no prefácio da 1ª edição, de 1867, que ele consiste em “descobrir a lei 
econômica do movimento da sociedade moderna”. Ou, como escreveu em Teses sobre Feuerbach, 
obra publicada postumamente em 1888, por Engels, que “os filósofos se limitaram a interpretar o 
mundo de diversas maneiras; mas o que importa é transformá-lo.” 
O método dialético, como vimos em Hegel, baseia-se no ternário: tese, antítese e síntese. A 
lógica dialética tornou possível pensar o início da história, da cultura, construída sobre o trabalho 
do escravo ao reconhecer o mestre como senhor. 
Marx retoma esse método aplicando às relações sociais de produção, que dizem respeito 
àquelas que se estabelecem entre o dono dos meios de produção (tudo o que é necessário para que 
exista um produto que se movimentará na sociedade pelo capital) e aquele que se submete a tal 
meio, por ser dono apenas da força de trabalho. Marx chamou essas duas figuras de burguês e o 
proletariado (que só tem a prole). 
Remontando a história humana à sua história, Marx descobriu que desde à Antiguidade 
(Grécia e Roma), a lógica das relações de produção existia entre duas classes: os que eram livres 
(tese) e os escravos (antítese). Das relações social e de produção entre essas duas classes surgiu o 
sistema econômico Feudal (síntese). 
Do sistema econômico feudal, Marx isolou outras duas classes, o senhor feudal (tese) e o 
servo (antítese), decorrendo da relação entre essas duas classes o sistema econômico capitalista 
(síntese). 
Do sistema econômico capitalista, Marx isolou outras duas classes, a burguesia (tese) e o 
proletariado (antítese), decorrendo da relação entre essas duas classes o sistema econômico 
comunismo (síntese), onde não haveria a luta de classes. 
Nota-se que a metodologia de análise marxista é materialista, pois se baseia nos sistemas 
econômicos para pensar as relações de produção nas quais o individuo ocuparia um lugar específico. 
O que define esse lugar não é a lei sustentada pelo liberalismo inglês: todos os homens são iguais 
perante a lei, mas, antes, o lugar que ele ocupa nas relações de produção. Marx parte, portanto, do 
fato concreto, do fato material e dialético, devido à luta de classes entre os homens ao longo da 
histórica. Daí decorre o materialismo histórico. 
No Prefácio de A contribuição crítica da economia política, Marx (1859[2008]) retoma sua 
crítica ao idealismo hegeliano, que ele diz estar de cabeça para baixo, e apresenta um binário 
chamado de infraestrutura e superestrutura para entendermos a lógica da sociedade. 
Superestrutura 
(Direito, Política, Religião, Moral, Cultura etc) 
1↑ ↓2 
Infraestrutura 
(Economia) 
Aqui encontra-se os meios de produção + relações de trabalho. É a partir do contexto 
material de um determinado período histórico que podemos entender suas leis, política, religião, 
moral, cultura etc. 
Luta de classes: motor da história, a relação trabalho/capital implica na existência de duas 
classes sociais com interesses antagônicos. 
Mais-valia: o sistema capitalista sustenta-se sobre o circuito dinheiro-mercadoria-dinheiro. 
A força de trabalho é uma mercadoria comprada e seu consumo gera outro valor (produto). A 
diferença entre o valor da força de trabalho e o valor do salário é a mais-valia. É através da mais-
valia que o burguês dominará o proletariado. 
Alienação: do latim alienare, a alienação, conceito hegeliano, diz respeito a não pertencer a 
si. Na concepção marxista, quer dizer que o proletariado, o trabalhador, não é o dono do seu 
trabalho, que é alienado, pois não lhe pertence. O homem, ao longo da história, não tem consciência 
de sua situação de alienado. 
Socialismo: período de transição, com a desestruturação do estado burguês capitalista e a 
abertura a uma nova ordem social. 
Comunismo: supressão das classes sociais e da propriedade privada dos meios de produção. 
Para finalizarmos, citaremos um fragmento do texto Ideologia alemã, no qual Marx afirma a 
vertente materialista de sua filosofia: “não é a consciência do homem que determina sua existência, 
mas, pelo contrário, é sua existência social que determina sua consciência”.

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