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UNIVERSIDADE SALVADOR ESCOLA DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO ENGENHARIA QUÍMICA TUTORIAL DA SIMULAÇÃO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO NO SIMULADOR COMERCIAL ASPEN PLUS V8.8 ALEX NEVES CLARA CARIBÉ CAMILA REIS DANIELA NEVES LORENA OLIVEIRA LUANA PIMENTEL MARIA CAROLINA Salvador 03 de maio de 2017 ii ALEX NEVES CLARA CARIBÉ CAMILA REIS DANIELA NEVES LORENA OLIVEIRA LUANA PIMENTEL MARIA CAROLINA TUTORIAL DA SIMULAÇÃO DE UMA COLUNA DE DESTILAÇÃO NO SIMULADOR COMERCIAL ASPEN PLUS V8.8 Tutorial da simulação de uma torre de destilação no Aspen Plus referente à disciplina simulação de processos, do curso de engenharia química, da Universidade Salvador – UNIFACS, como requisito de avaliação parcial da I unidade, realizado pelo grupo 4. Nome da Orientadora: Mariana Lima Acioli Murari Salvador 03 de maio de 2017 iii SUMÁRIO 1. OBJETIVOS.............................................................................................................. 4 1.1. Geral .............................................................................................................................. 4 1.2. Específico ...................................................................................................................... 4 2. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 5 3.1. Classificação quanto a quantidade de estágios .............................................................. 5 3.1.1. Flash ...................................................................................................................... 5 3.1.2. Destilação fracionada ............................................................................................ 5 3.2. Hidráulica da coluna...................................................................................................... 6 3.2.1. Pratos Perfurados ................................................................................................... 6 3.2.2. Pratos Valvulados .................................................................................................. 6 3.2.3. Pratos com Borbulhador ........................................................................................ 7 3.2.4. Recheio .................................................................................................................. 7 3.3. Métodos de projeto ........................................................................................................ 8 3.3.1. MacCabe-Thiele .................................................................................................... 8 3.3.2. Short-cut ................................................................................................................ 8 3.3.3. Métodos rigorosos ................................................................................................. 9 4. DESENVOLVIMENTO DA SIMULAÇÃO ............................................................ 9 4.1. Modelo Termodinâmico de Soave Redlich Kwong (SRK) ......................................... 10 5. ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 12 6. METODOLOGIA: SIMULAÇÃO DA TORRE DE DESTILAÇÃO .................... 13 7. RESULTADOS ....................................................................................................... 31 8. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 33 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 34 1. OBJETIVOS 1.1. Geral Elaboração de um tutorial mostrando o passo a passo de uma simulação referente a colunas de destilação. 1.2. Específico Realizar um estudo de caso fictício na planta de produção de Benzina com o intuito de transmitir de forma dinâmica toda a sistemática que envolve uma simulação de colunas de destilação utilizando o Aspen Plus. 2. INTRODUÇÃO A destilação é um processo de separação dos componentes de uma mistura de líquidos miscíveis, baseado na diferença das temperaturas de ebulição de seus componentes individuas (EQUIPE PETROBRAS, 2002, p.8). Sendo uma operação unitária de grande importância na indústria, que tem por objetivo a separação de uma mistura com dois ou mais componentes, cujas composições diferem da corrente de alimentação. Esse processo utiliza-se da diferença de volatilidade entre dois compostos, ou seja, da facilidade com que componente passa para a fase vapor. Os principais tipos de destilação são a destilação integral, diferencial, fracionada, atmosférica e a vácuo, onde sua escolha dependerá do tipo de processo. Na indústria, a destilação é largamente utilizada tendo em vista sua grande aplicabilidade. Um dos setores frequentemente citados é o de petróleo, ao qual se obtém diversos insumos onde são utilizados para fabricação de inúmeros produtos com alto valor agregado. Por ser a destilação um processo físico, as propriedades físicas dos componentes de cada fração recuperada não são modificadas, isso confere uma grande vantagem ao uso de colunas de destilação. Além disso, essa operação unitária dispensa à adição de componentes a parte para sua operação, o que descarta a possibilidade de contaminação. As colunas ou torres de destilação são equipamentos industriais utilizados para se realizar o processo de destilação. O projeto do equipamento é de suma importância nessa tarefa, uma vez que, o processo é altamente dependente de energia, especialmente quando a volatilidade relativa dos compostos a serem separados apresentam valores baixos (SEADER et al., 1998). Elas são projetadas para se obter a especificação desejada com o 5 menor gasto possível, para isso elas promovem contato entre as fases líquido e vapor de modo que a transferência de massa e calor sejam os maiores possíveis. Dado que a transferência de massa é favorecida pelo contato entre as fases, a interação entre as fases líquida e vapor deve ser a máxima possível, fato que raramente é obtido utilizando-se apenas um estágio (FOUST; CLUMP, 1982). Por isso a destilação normalmente apresenta-se em vários estágios, sendo que quanto maior melhores serão os resultados. Os componentes internos das colunas podem ser do tipo recheio ou prato sendo função do tipo de composto que está presente na carga. Os recheios são mais usados para sistemas muito corrosivos e os pratos para processos com muitas retiradas laterais por exemplo. Os pratos podem ser classificados em perfurados, valvulados e borbulhadores. Além disso, a energia para o funcionamento da torre provém do condensador e do refervedor. O número de pratos, carga térmica do condensador e do refervedor, prato de alimentação são parâmetros de suma importância e sua análise é essencial para se ter um processo de separação eficiente e econômico. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Classificação quanto a quantidade de estágios 3.1.1. Flash A destilação em flash pode ser considerada como sendo de um único estágio e é mais utilizada quando os componentes apresentam uma diferença significativa nos seus pontos de ebulição. Nesse processo a mistura líquida de dois ou mais componentes é parcialmente vaporizada atravésda passagem por uma válvula de expansão, ocorrendo à formação da fase vapor em equilíbrio com um líquido. Essa técnica é utilizada na indústria como uma pré-separação ou operação auxiliar de preparação da corrente que irão ser posteriormente tratadas em outros tipos de processos mais eficientes, como a destilação fracionada por exemplo. 3.1.2. Destilação fracionada A destilação fracionada é comumente utilizada quando a diferença de volatilidade não permite um processo de flash. Nesse caso a separação dos componentes da carga se dá em vários estágios (pratos ou recheios). Os vários estágios proporcionam um maior o 6 contato entre a fase líquida e vapor aumentando as transferências de calor e massa culminando em uma separação mais eficiente dos componentes. Os projetos desses equipamentos são mais complexos uma vez se tem uma maior quantidade de internos: pratos, recheios e se utiliza também equipamentos periféricos para fornecer calor: condensador e refervedor. 3.2. Hidráulica da coluna As colunas possuem pratos em número variado e com um espaçamento determinado, que depende da função destinada para a torre. Os pratos possuem vertedores com as funções de formar um nível de líquido sobre o prato e direcionar o líquido que transborda para o prato abaixo. Na superfície do prato existem dispositivos de passagem para o vapor. Formam-se assim uma corrente descendente de líquido e outra corrente ascendente de vapor e gases que se cruzam perpendicularmente. O vapor borbulha no meio do líquido, na superfície do prato, promovendo o arraste pelo líquido de substâncias mais pesadas, enquanto que a fase vapor arrasta os componentes mais leves. Há diversos tipos de pratos, classificados quanto ao princípio de funcionamento dos dispositivos, que proporcionam o contato entre vapor e líquido, sendo eles: 3.2.1. Pratos Perfurados Pratos perfurados são simplesmente pratos de metal com orifícios através dos quais o vapor passa borbulhando através do líquido. Consistem basicamente em uma chapa com furos. Atualmente não são mais usadas, estando presentes apenas em equipamentos muito antigos. O arranjo, número e tamanho dos orifícios são parâmetros de projeto. 3.2.2. Pratos Valvulados Em pratos valvulados, as perfurações são cobertas por “caps” móveis. O escoamento do vapor move os “caps”, e assim cria por si próprio uma área de escoamento para a passagem do vapor de maneira a não permitir vazamentos de líquidos. O cap móvel direciona o escoamento do vapor horizontalmente dentro do líquido, promovendo assim uma melhor mistura do que em uma bandeja perfurada. Seu uso é difundido devido a seu baixo custo e alto rendimento. 7 3.2.3. Pratos com Borbulhador Esse tipo de prato possui uma chaminé encaixada acima de cada orifício, sobre os quais são montados os borbulhadores circulares ou retangulares (caps) cobrindo a chaminé. O borbulhador é montado de tal forma que existe um espaço entre o conduto ascendente e o “cap” para permitir a passagem do vapor. “O vapor sobe através da chaminé e é direcionado para baixo pelo “cap”, sendo descarregado através de sua abertura”. Está caindo em desuso por seu maior custo, maior perda de área útil e menor flexibilidade. Tabela 1 – Analise comparativa entre os tipos de pratos perfurado, valvulado e com borbulhador. Fonte: Hidráulica de Colunas, material de aula do docente José Cunha. 3.2.4. Recheio São torres que contêm, ao invés de pratos, seções preenchidas com elementos diversos, por isso denominados recheios, cuja finalidade é prover uma enorme superfície de contato líquido-vapor. Com o desenvolvimento da tecnologia dos recheios, nos últimos anos as refinarias vêm substituindo seções que contém pratos por leitos recheados, com a finalidade de reduzir a queda de pressão e aumentar o rendimento do processo (SENAI- PETROBRAS, 2008). Os recheios são divididos em dois grupos: estruturados e randômicos. Um bom recheio deve possuir as seguintes características: Apresentar grande superfície de interface entre líquido e vapor, ser quimicamente inerte para os fluidos processados, possuir boa resistência mecânica, a fim de evitar quebras e ser de baixo custo. 8 3.3. Métodos de projeto 3.3.1. MacCabe-Thiele Segundo Azevedo e Alves (2009), a condição de molar constante do método de Lewis transforma em linhas retas as equações dos balanços mássicos, partindo dessa simplificação o método de McCabe-Thiele é o método gráfico de simples e fácil aplicação em colunas de destilação, que pode ser usado na separação de misturas binárias. Este método assenta em várias hipóteses, como: a coluna é considerada adiabática, desprezam- se as variações de calor sensível, a entalpia de misturas das várias correntes é desprezível e a entalpia de vaporização é constante. Este método baseia-se na resolução gráfica das equações dos balanços de massa e de energias às seções de retificação, de esgotamento e de alimentação usando para isso um diagrama (y – x) onde as linhas operatórias são retas, necessários para atingir um determinado grau de operação. A reta operatória de retificação relaciona a composição do líquido de um prato com a composição do vapor que vem do prato inferior. A reta operatória de esgotamento relaciona a composição do líquido de um prato da seção de esgotamento com a composição do vapor que chega do prato inferior. Já a reta operatória de alimentação é a relação entre as retas de retificação e esgotamento. O andar teórico, de acordo com este método, é descrito por um degrau entre a linha operatória e a curva de equilíbrio. O andar o qual mudamos a linha operatória indica a localização do prato de alimentação que conduz o número total ótimo. 3.3.2. Short-cut Além dos métodos rigorosos, que envolvem a resolução das equações de balanços mássicos e energéticos e das equações de equilíbrio, existem métodos aproximados para o cálculo de coluna de destilação que envolve mistura de multicomponentes. Estes métodos possuem uma metodologia bastante simplificada, sendo muito usados para um projeto preliminar e para estabelecer as relações entre os parâmetros de projeto de modo que estes sirvam como primeira estimativa. São utilizados para determinar o número de andares de equilíbrio, razão de refluxo, localização do prato de alimentação e distribuição dos componentes pelas correntes do destilado e resíduo. Dentre os inúmeros métodos short-cut existentes, destaca-se pela larga utilização e pela simplicidade o método FUG, cujo nome advém do uso das equações de Fenske, Underwood e Gilliland. Este método segue uma sequência de passos calculando o Nmin, 9 Rmin, Refluxo real, número de andares reais e a localização ótima de andar. Dentre as várias simplificações adotadas podem ser destacadas a consideração de que as vazões molares de líquido e de vapor nas seções de retificação e esgotamento não sofrem alterações de prato para prato e de que as volatilidades relativas entre os componentes também são constantes (AZEVEDO E ALVES, 2009). Sendo assim, as equações de FUG são usadas frequentemente numa primeira abordagem ao dimensionamento da coluna de destilação, onde se pretende estimar o número de andares de equilíbrio necessário para efetuar uma determinada separação. 3.3.3. Métodos rigorosos Os métodos rigorosos possuem uma metodologia diferente do método de short-cut (não rigoroso), pois não fazem uso de simplificações para sua resolução. Solucionar as entradas e saídas dos estágios presentes na coluna através dos balanços de massa e energia, bem como da imposição do equilíbrio é o fato inicial do método rigoroso.O uso deste método tem como objetivo determinar a entrada e saída das vazões de liquido e vapor em cada prato e também as composições de todas elas. Sendo assim, são realizadas algumas simplificações somente quando todas as equações relacionadas aos balanços e ao equilíbrio são respeitadas. Dentre as simplificações existentes, podemos destacar a consideração que os estágios de equilíbrio são ideais, isso quer dizer que a eficiência é de 100% e não existem perdas energéticas. Os métodos rigorosos visam à resolução do sistema através dos métodos de convergência, isto é, em métodos que se baseiam em estimativas iniciais de certo conjunto de variáveis seguidas de verificação pós-cálculos. Existem inúmeros métodos para convergência, o inserido no presente trabalho trata-se do método RadFrac. Este método consiste em um método de resolução rigorosa para qualquer tipo de fracionamento. Tal método é utilizado pela sua ampla aplicação em sistemas com multicomponentes, sistemas com fases fortemente não ideais, entre outros. Tem a capacidade de projetar pratos de vários tipos e projetar enchimentos para uma variedade de aleatórios e estruturados. 4. DESENVOLVIMENTO DA SIMULAÇÃO A simulação da coluna de destilação do trabalho proposto foi realizada através de uma modelagem no software Aspen Plus V 8.8, disponibilizado pela FACS Serviços 10 Educacionais S.A. sob a Licence Server número 172.22.31.100, considerando as condições de projeto do sistema modeladas a partir da equação de estado de Soave Redlich Kwong (SKR) por ser a que mais se adequa ao comportamento dos hidrocarbonetos utilizados neste projeto. 4.1. Modelo Termodinâmico de Soave Redlich Kwong (SRK) Neste trabalho, a equação de estado selecionada para a modelagem da coluna de destilação foi a equações Soave-Redlich-Kwong (SRK), devido a presença de compostos aromáticos na composição da coluna. Segundo Chvidchenko 2008, a equação de SRK é, atualmente, uma das equações de estado mais difundidas e utilizadas na indústria, devido ao fato de aliar uma estrutura matemática relativamente simples a uma boa capacidade preditiva para misturas constituídas por substâncias de caráter apolar ou fracamente polar. Esta última característica fez com que esta equação tenha se tornado a mais utilizada para a modelagem de processos na indústria de petróleo e gás, principalmente na descrição da fase orgânica das misturas. A equação SRK foi proposta por Soave, em 1972, como um melhoramento da equação de estado de Redlich-Kwong (Redlich e Kwong, 1949). Desde que foi proposta em 1972, esta equação se estabeleceu entre as equações de estado mais utilizadas em simulação e modelagem termodinâmica de processos pela indústria em geral, juntamente com a equação Peng-Robinson. Neste trabalho, foi empregada esta equação na forma apresentada a seguir na Equação 1: 𝑃 = 𝑅𝑇 𝑣 − 𝑏 − 𝑎(𝑇) 𝑣(𝑉 + 𝑏) ( 1 ) Onde v é o volume molar do sistema, T é a temperatura, P é a pressão do sistema e R é a constante universal dos gases perfeitos. Os parâmetros da mistura “a(T)” e “b” são definidos a partir de parâmetros dos componentes puros como mostrado nas Equações 2, 3, 4, 5 e 6 abaixo: 𝑏 = 1 𝑁 ∑ 𝑁𝑖𝑏𝑖 𝑛𝑐 𝑖=1 ( 2 ) 11 𝑎(𝑇) = 1 𝑁2 ∑ ∑ 𝑁𝑖𝑏𝑖√𝑎𝑖∅𝑖(𝑇)√𝑎𝑗∅𝑗(𝑇)(1 − 𝑘𝑖𝑗) 𝑛𝑐 𝑗=1 𝑛𝑐 𝑖=1 ( 3 ) 𝑏𝑖 = 0,08663 𝑅𝑇𝑐𝑖 𝑃𝑐𝑖 ( 4 ) 𝑎𝑖 = 0,42748 (𝑅𝑇𝑐𝑖) 2 𝑃𝑐𝑖 ( 5 ) ∅𝑖 = [1 + (0,480 + 1,574𝜔𝑖 2) (1 − √ 𝑇 𝑇𝑐𝑖 )] 2 ( 6 ) Nas equações acima, nc representa o número total de componentes no sistema, N representa o número total de mols da mistura, Ni é o número de mols do componente i, e i Tc e i Pc representam a temperatura e pressão crítica, respectivamente, do componente i. R representa a constante universal dos gases perfeitos (=8,314 J.K-1.mol-1). O fator acêntrico ωi do componente i é definido através da Equação 7. 𝜔𝑖 = −1,0 − log10 ( 𝑃𝑖 𝑠𝑎𝑡 𝑃𝑐𝑖 ) 𝑇𝑟𝑗=0,7 ( 7 ) Na qual Pi sat é a pressão de saturação do componente i e Tr é a temperatura reduzida do componente i. O termo kij representa um parâmetro de interação binária entre os componentes i e j. Numa mistura, sua determinação deve ser feita para cada par de componentes i e j, utilizando-se para isto dados experimentais de equilíbrio do sistema binário correspondente. Os parâmetros kij têm como função corrigir os desvios apresentados por cada par de componentes da mistura, de modo a se obter um melhor ajuste da equação aos dados experimentais. Se observado atentamente as equações descritas acima, repara-se em última análise, a aplicação da equação de estado SRK depende de três parâmetros para cada componente da mistura: os valores da pressão e temperatura crítica e o fator acêntrico. Estes três parâmetros (Tc, Pc e ω) devem ser determinados experimentalmente para cada substância. Cabe ainda lembrar que, na descrição de uma mistura, devem ser determinados os parâmetros de interação kij para cada par de compostos presente no sistema. 12 5. ESTUDO DE CASO O estudo de caso é um caso fictício de separação presente em uma planta de produção de Benzina. Em uma fábrica de benzina deseja-se separar o benzeno de uma mistura de Benzeno, Tolueno, Orto-xileno, Meta-xileno e Para-xileno, com uma pureza de 98,8%. A alimentação da torre está a uma temperatura de 30°C e pressão de 2 kgf/cm2g. As composições (em %) da carga em massa de benzeno, tolueno, O-xileno, M- xileno e P-xileno são respectivamente: 76,9, 11,70, 3,8, 3,8 e 3,8. O topo da coluna encontra-se a uma pressão de 0,01 kgf/cm2g, perda de carga total da torre é de 0,09 kgf/cm2, vazão do destilado é de 3000 kg/h e razão de refluxo igual a 1,0. A coluna possui 28 pratos reais, com uma eficiência média de 70% cada. A alimentação é feita no 8º prato (real), deseja-se alcançar uma pureza de 98,9% para o benzeno no destilado. Tabela 2 – Composição em % da corrente de alimentação em base mássica. Componente %(m/m) Benzeno 76,9 Tolueno 11,7 O-Xileno 3,8 M-Xileno 3,8 P-Xileno 3,8 Fonte: Adaptado a Chvidchenko, 2008. Tabela 3 – Dados de entrada da corrente de alimentação. Dado de entrada Vazão 13000 kg/h Temperatura 30 °C Pressão 2 kgf/cm²g Fonte: Adaptado a Chvidchenko, 2008. Tabela 4 – Especificações da coluna de destilação. Especificações da coluna Número de estágios 28 - Estágio de carga 8 - Pressão do topo 0,01 kgf/cm²g ∆P da coluna 0,09 kgf/cm² Vazão do destilado 3000 kg/h Benzeno no topo 98,9 %massa Fonte: Adaptado a Chvidchenko, 2008. 13 6. METODOLOGIA: SIMULAÇÃO DA TORRE DE DESTILAÇÃO 1° Passo: Ao abrir o aplicativo, ASPEN PLUS V8.8, criamos um novo arquivo para simulação, clicando em “New”. Em seguida, aparecerá outra janela onde confirmaremos a opção, selecionando “Create”. 2° Passo: Para definir as substâncias químicas que estão envolvidas no processo, clicaremos no campo “Component name” onde serão digitados os nomes dos componentes, em inglês, linha por linha. 14 3° Passo: Com o intuito de selecionar o método termodinâmico, clicaremos na aba “Methods” localizada na barra de propriedades no canto direito da página. Em seguida, localizaremos em “Base method” o modelo SRK. 15 4° Passo: Nesta etapa, configuraremos as unidades de medidas para que sejam adequadas à nossa simulação. Para isto, partiremos para aba “Properties” e selecionaremos na barra de propriedadeso item “Setup” seguido de “Unit Sets”, neste criaremos um novo conjunto de unidades, clicando em “New”. Feito isto, uma nova janela aparecerá e digitaremos nesta o nome, NEW, do novo conjunto de unidades e confirmaremos, clicando em “OK”. 16 Em seguida, selecionaremos “MET” em “Copy from” como base de dados e modificaremos algumas unidades nas abas “Satandard” e “Heat”. 17 Feito isso, confirmaremos o uso do novo conjunto de unidades, clicando em “Setup” seguido de “Specifications”, onde localizaremos “NEW” em “Global unit set”. 5º Passo: Neste momento, escolheremos o tipo de coluna de acordo com o método de projeto em questão. Sendo assim, na aba “Main Flowsheet”, selecionaremos o método “RadFrac” seguido de um clique no espaço em branco acima. 18 Em seguida, adicionaremos as correntes na coluna de destilação, selecionando o ícone “Material” e ligando este aos espaços destinados em vermelho. Feito isso, clicaremos nos nomes sobre itens para renomea-los, digitando: ENTRADA, DEST e FUNDO nas correntes e COLUNA na torre. 19 6° Passo: Para adição dos dados de alimentação da coluna, clicaremos duas vezes seguidas sobre a corrente CARGA e uma nova janela se abrirá. Nesta, serão digitados os valores de temperatura, pressão e vazão. Em seguida, na caixa “Composition”, selecionaremos “Mass-Frac” e digitaremos, para cada substância, as suas respectivas composições em fração mássica. 7° Passo: Neste momento, faremos a configuração da coluna de destilação. Em “Main Flowsheet”, clicaremos duas vezes seguidas na figura da torre, onde aparecerá uma aba de configurações à serem especificadas. Neste, informaremos o número de estágios em “Number of stages”, o tipo de condensador em “Condenser”, vazão de fundo e carga térmica do refervedor, selecionando “Distillate rate” e “Reflux ratio”, respectivamente, 20 em “Operating specifications”. As demais informações sugeridas pelo próprio programa são mantidas. 8° Passo: Na aba “Streams”, faremos a especificação do estágio de alimentação no campo “Stage”. Em seguida, na aba “Pressure”, adicionaremos a pressão do condensador em “Condenser pressure” e a perda de carga na coluna em “Column pressure drop”. 21 9° Passo: Antes de rodar o programa, é necessário adicionar as variáveis que se quer obter nos resultados. Para isto, na aba “Setup”, clicamos em “Report Options, seguido de “Stream”, e selecionados os campos onde tem “Mass” e “Mole”“. 10° Passo: A partir de agora, já podemos rodar o programa para obter os resultados do simulador. Para isto, clicaremos em “Run” no topo da tela e acompanharemos o status da simulação na tela do “Control Panel”, onde, se não houver erros na simulação, aparecerá uma mensagem de “No Erros or Warnings” como exibido abaixo. 22 11° Passo: Após verificar a convergência da simulação, fixaremos a especificação de pureza do Benzeno de 98,9% no topo. Para tal, localizaremos “COLUNA” na barra lateral, seguido de “Design Specifications”, onde clicaremos em “New” e uma nova janela aparecerá. Nesta, nomearemos a especificação em “Description” e determinaremos o tipo, “Mass purity”, e o valor, 0,989, da especificação. 12° Passo: Neste, iremos identificar o componente referente a especificação de pureza e 23 selecionaremos a corrente em que o componente está. Desta forma, clicaremos em “Components” e selecionaremos o Benzeno, em seguida, clicaremos em “Feed/Product Streams” e selecionaremos “Dest”, de acordo com as figuras abaixo. 13° Passo: Para completar a especificação, clicaremos em “Vary” onde adicionaremos a variável a ser ajustada, “Reflux ratio, e os seus relativos limites: 0,1 a 2”. 24 14° Passo: Uma vez que todas as especificações foram preenchidas, já podemos colocar o programa para rodar, clicando em “Run” e acompanhando a convergência em “Control Panel”. Em seguida, selecionaremos “Stream Results” na barra lateral para verificar os resultados e, a partir disto, perceberemos que os dados convergem com a especificação de pureza do Benzeno, igual 98,9%, informada no 11° passo. 25 15° Passo: Após a especificação da coluna, iniciaremos as especificações dos pratos. Para isto, na barra lateral, selecionaremos na seção “COLUNA” a pasta “Sizing and Rating” e clicaremos em “Tray Sizing”. Uma nova aba será aberta, onde clicaremos em “New” seguido de “OK” para criarmos a primeira secção da coluna. 16° Passo: Nesta secção, digitaremos os números dos estágios onde se localizam o prato inicial (posterior ao condensador) e o prato de alimentação em “Starting stage” e “Ending 26 stage”, respectivamente. Feito isto, especificaremos o tipo de pra em “Tray type”. 17° Passo: Analogamente aos passos 15 e 16, a segunda seção da coluna será criada. Na qual serão especificados os estágios onde se localizam o prato seguinte ao de alimentação e o prato final (anterior ao refervedor). Feito isso, rodaremos o programa, clicando em “Run”. 27 18° Passo: Nesta etapa especificaremos os diâmetros nas seções da coluna. Para isto, selecionaremos “Tray Rating” na barra lateral e criaremos a primeira secção, clicando em “New” seguido de “Ok”. 19° Passo: Para especificar o diâmetro, voltaremos em “Tray Sizing” e na secção 1 clicaremos em “Results”, onde copiaremos o valor de “Column diameter” sugerido pelo simulador. Feito isso, continuaremos em “Tray Rating” para colar o valor em “Diameter” e preencher os números dos estágios e o tipo de prato. 28 20° Passo: De forma análoga à secção 1, faremos a especificação do diâmetro para a secção 2. De modo que, copiaremos o valor do diâmetro em “Results” da secção 2 do “Tray Sizing”. A partir do qual, voltaremos para “Tray Rating” para colar o mesmo valor em “Diameter” e preencher os números dos estágios e o tipo de prato. Feito isto, já podemos rodar o programa, clicando em “Run”. 29 30 21° Passo: Acompanharemos o status da simulação na tela do “Control Panel”, onde um aviso mostrará que o fator de inundação ultrapassou o seu limite de 80%. Para constatar isto, voltaremos para “Tray Rating” tanto na secção 1 quanto na 2 e verificaremos na aba “Results” os valores de Maximum flooding factor”. Será possível perceber que o limite foi ultrapassado apenas na quinta casa decimal, uma discrepância desprezível, de modo que podemos avaliar o uso de tais especificações viável. 31 7. RESULTADOS Os resultados das correntes de carga, destilado e fundo, de desempenho da coluna e performance dos pratos, apresentados pelo simulador, serão exibidos nas tabelas a seguir. 32 Tabela 5 – Resultados das correntes da coluna. Corrente Propriedade/condição CARGA DEST FUNDO Estado físico Líquido Vapor Líquido Vazão molar (kmol/h) BENZENO 127,9802 126,6104 1,369799 TOLUENO 16,5074 1,193678 15,31372 O-XILENO 4,653029 1,20E-05 4,653017 M-XILENO 4,653029 5,10E-05 4,652978 P-XILENO 4,653029 6,75E-05 4,652962 Fração molar BENZENO 0,8077178 0,9906591 0,0447026 TOLUENO 0,10418269,34E-03 0,4997546 O-XILENO 0,0293665 9,41E-08 0,1518486 M-XILENO 0,0293665 3,99E-07 0,1518473 P-XILENO 0,0293665 5,28E-07 0,1518468 Vazão mássica (kg/h) BENZENO 9997 9890 107 TOLUENO 1521 109,9861 1411,014 O-XILENO 494 1,28E-03 493,9987 M-XILENO 494 5,42E-03 493,9946 P-XILENO 494 7,16E-03 493,9928 Fração mássica BENZENO 0,769 0,989 0,0356666 TOLUENO 0,117 0,0109986 0,470338 O-XILENO 0,038 1,28E-07 0,1646662 M-XILENO 0,038 5,42E-07 0,1646649 P-XILENO 0,038 7,16E-07 0,1646643 Vazão molar total (kmol/h) 158,4467 127,8042 30,64247 Vazão mássica total (kg/h) 13000 10000 3000 Temperatura (˚C) 30 80,89572 122,2051 Pressão (kg/cm2g) 2 0,01 0,1 Entalpia (kcal/kmol) 9510,197 20886,27 3459,176 Entalpia (kcal/kg) 115,9123 266,9354 35,33257 Entropia (cal/mol.K) -64,52906 -33,89352 -77,6788 Entropia (cal/g.K) -0,7864936 -0,4331735 -0,7934235 Densidade (mol/cm3) 0,0106314 3,58E-05 7,88E-03 Densidade (g/cm3) 0,8722695 2,80E-03 0,7719596 Peso molecular 82,04652 78,24468 97,90333 Liq Vol 60˚F cm3/hr 14,77724 11,33262 3,444621 Fonte: Própria 33 Tabela 6 – Resultados de desempenho do topo da coluna. Resultado Valor Unidade Temperatura 80,8957 ˚C Taxa de calor -0,358197 Gcal/h Vazão de destilado 38,34126 kmol/h Vazão de refluxo 48,44429 kmol/h Razão de refluxo 1,263502 - Fonte: própria. Tabela 7 – Resultados de desempenho do fundo da coluna. Resultado Valor Unidade Temperatura 89,46526 C Taxa de calor 0,9512108 Gcal/h Vazão do fundo 120,1054 kmol/h Vazão no reboiler 126,0774 kmol/h Razão de reboiler 1,049722 - Fonte: própria Tabela 8 – Resultados da secção anterior ao estágio de alimentação. Resultado Valor Unidade Estágio inicial 2 Estágio final 8 Diâmetro da Coluna 0,954770068 metros Máximo fator de inundação 0,800044501 Estágio 8 Perda de carga 0,042332464 kg/cm² Fonte: própria Tabela 9 – Resultados da secção posterior ao estágio de alimentação. Resultado Valor Unidade Estágio inicial 9 Estágio final 29 Diâmetro da Coluna 0,954503268 metros Máximo fator de inundação 0,800044496 Estágio 9 Perda de carga 0,193294623 kg/cm² Fonte: própria 8. CONCLUSÕES O software, ASPEN PLUS V8.8, apresentou resultados satisfatórios para as condições requeridas de destilação e uma ideal convergência tanto para o modelo 34 termodinâmico, SRK, quanto para o método de projeto rigoroso, RadFrac. Além disso, foi possível avaliar como viável a utilização das especificações para o prato do tipo Sieve (perfurado), ainda que este tenha excedido, de forma desprezível, o limite do fator de inundação. Sendo assim, foi possível perceber a capacidade da simulação em reproduzir, de maneira ideal, a destilação de Benzeno em uma fábrica de Benzina, atendendo as especificações indicadas. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARES, João Gabriel. Projeto de uma coluna de destilação didática, 2013. Trabalho de conclusão de curso - Universidade Federal de Alfenas. Poço de Caldas, Minas Gerais, 2013. AZEVEDO, Edmundo Gomes de; ALVES, Ana Maria. Engenharia de Processos de Separação: Coleção Ensino da Ciência e da Tecnologia. 2. ed. Ist - Instituto Superior Técnico, 2009. Capítulos 4 e 5. CHVIDCHENKO, V. Estudo Comparativo das Equações de Estado CPA, SRK E PR na Modelagem de Sistemas de Interesse para Indústria de Gás Natural, 2008. Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008. CUNHA, J. A. C. Hidráulicas de Colunas, 2017. Material de aula da matéria operações unitárias IV, Unifacs, Salvador, 2017. Equipe Petrobras. Curso de Formação de Operadores de Refinaria Processos de Refino. Curitiba, 2002. FOUST, Alan S.; CLUMP, Curtis W. Princípios das Operações Unitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982. LISTIK, E.; Guedes M. S. F.; Design, dimensionamento e análise econômica de um sistema de separação para mistura BTX oriunda da reforma catalítica da nafta. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Química, 35 2014. Disponível em: <http://sites.poli.usp.br/p/augusto.neiva/TCC/TCCs-finais- 2014/2014-24.pdf>. Acessado em 01 Maio 2017 SEADER, J. D.; ROPER, D. Keither; HENLEY, Ernest J. Separation Process Principles: Chemical and Biochemical Operation. 3. ed. New York: John Wiley & Sons, 1998. SENAI. Monitoramento e controle de processos. Petrobras. Disponível em: <https://fabioferrazdr.files.wordpress.com/2008/08/1-8-torres_petrobras.pdf.> Acessado em: 01 Maio 2017 SILVA, Maxwell Gomes da. Modelagem e simulação de uma coluna de destilação para separação dos componentes reacionais do biodiesel em matlab. 2015. Trabalho de conclusão de curso apresentado - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2015.
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