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MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL NO PLANO INCLINADO1 Emílio S. Naves, Fabiano C. Souza, Rafael P. Amorim Instituto Federal de Goiás Departamento de Áreas Acadêmicas II Coordenação de Física Materiais: – Trilho de ar; – Unidade geradora de fluxo de ar para o trilho; – Nível circular; – Cavaleiro; – Carro com imã e haste ativadora; – Dois sensores ópticos; – Cronômetro digital microcontrolado (com conexão para os sensores ópticos). Objetivos: Ao final do experimento o aluno deverá ser capaz de: – utilizar o trilho de ar no estudo do movimento unidimensional de um corpo acelerado; – linearizar dados experimentais e obter coeficiente angular da reta correspondente; – estimar aceleração gravitacional e erro correspondente. Introdução Na atividade experimental proposta a seguir, um carro é abandonado do repouso sobre um trilho retilíneo de baixo atrito e inclinado em um dado ângulo em relação à horizontal. A teoria prevê que a velocidade do carro após ser abandonado aumenta uniformemente, isto é, sua aceleração é constante. Procura-se relacionar o tempo levado pelo carro para percorrer uma dada distância – ao longo do trilho – com o ângulo em que o trilho é inclinado. Essa relação é não linear. Contudo, a partir de uma aproximação para pequenos ângulos e uma dada transformação algébrica, é possível obter uma relação linear correspondente. Nesta atividade, propôe-se ajustar os dados obtidos do experimento com a expressão teórica linearizada. Movimento em um plano inclinado Suponha um carro de massa m sobre um plano inclinado em um ângulo θ em relação à horizontal. Por hipótese, não há forças de atrito agindo sobre o carro. As únicas forças que atuam sobre o carro são seu próprio peso ~p e a força normal da superfície ~n. Em função da inclinação do plano, a resultante das forças sobre o carro é não nula. Por isso, seu movimento é governado pela Segunda Lei de Newton. O x y t=0 t d py px p n Figura 1: Carro descendo em um plano inclinado. Considere o eixo Ox orientado ao longo do plano inclinado no sentido do movimento do carro, e Oy o eixo perpendicular a Ox (Fig. 1). A força normal está orientada na direção e sentido do 1Roteiro de experimento elaborado para o desenvolvimento das aulas de Laboratório de Física Básica (Mecâ- nica) ofertadas pela Coordenação de Física do campus Goiânia do Instituto Federal de Goiás. 1 eixo Oy, direção na qual o carro não se move. Assim, a componente da força resultante nessa direção é zero. A componente da força resultante ao longo do eixo Ox é dada pela projeção da força peso nessa direção, a saber: px = p senθ = mgsenθ, (1) em que g é a aceleração da gravidade. Utilizando a Segunda Lei de Newton com a Eq. (1), tem-se que: ax = gsenθ, representa a aceleração do carro na direção Ox. Como a aceleração do carro é constante, a relação entre o deslocamento do carro d e o tempo t correspondente é dada por: d = axt 2 2 , (2) visto que a velocidade inicial do carro, por hipótese, é zero. A partir das Eqs. (1) e (2), obtêm-se a relação entre o tempo e o ângulo de inclinação, isto é, t2 = 2d g 1 senθ . (3) A relação entre t e θ expressa na Eq. (3) é não linear. Linearização de dados experimentais Suponha que para um determinado conjunto de dados experimentais é conhecida uma ex- pressão matemática que o modela teoricamente. Nessa situação é bastante usual ajustar esse conjunto de dados pela expressão teórica. Esse ajuste corresponde procurar pelos parâmetros da fórmula, tal que a mesma represente uma curva que passa o mais próximo dos pontos no gráfico desses dados experimentais. Geralmente, o ajuste é feito utilizando-se o Método dos Mínimos Quadrados. Quando a expressão matemática a ser ajustada é uma função linear, o Método dos Mínimos Quadrados consiste em procurar pelo melhor ajuste de uma reta ao conjunto de pontos estudado. A fórmula para o ajuste da reta é mais simples e frequentemente chamada de Regressão linear. Devido à simplicidade da Regressão Linear, é conveniente transformar expressões não lineares em expressões lineares, um processo denominado de linearização. A linearização consiste em fazer mudanças de variável, tal que para as novas variáveis a expressão, antes não linear, possa ser expressa pela fórmula y = ax+ b. (4) A expressão (3) tratada neste experimento é não linear. Entretanto, é relativamente fácil torná-la linear. Para começar, faz-se a mudança de variável y = 1 t2 , levando essa expressão à forma: y = g2d senθ. (5) Em seguida, é possível aproximar senθ ≈ θ para pequenos ângulos, de modo que: y = α θ, (6) em que α = g2d é o coeficiente angular da relação linear obtida (y versus θ). Com a aproximação para pequenos ângulos e a mudança de variável utilizada, foi obtida uma função linear para ajustar o conjunto de dados do experimento proposto. O ajuste da Eq. (6) ao conjunto de dados experimentais fornece o valor do coeficiente angular que, por sua vez, pode ser utilizado para se estimar o valor da aceleração local g. 2 Montagem do aparato experimental 1. Faça a montagem do trilho de ar, acoplando-o à unidade geradora de fluxo de ar. 2. Conecte o equipamento à rede elétrica. 3. Nivele o trilho de ar de acordo com instruções próprias do equipamento utilizado. 4. Disponha dois sensores ópticos no trilho a uma dada distândia d entre si. Registre o valor da distância utilizada na Folha de Registro e Análise de Dados. 5. Conecte os sensores apropriadamente no cronômetro digital microcontrolado do trilho de ar. A conexão 0 (zero) do sensor estabelece a origem do sistema de coordenadas e, por isso, deve corresponder à posição do sensor no trilho de ar por onde primeiro passará o carro. 6. Conecte o cronômetro digital à rede elétrica. Ligue o equipamento. 7. Selecione no cronômetro digital a função apropriada para a medida do intervalo de tempo da passagem do carro por entre dois sensores. Procedimento 1. Inicie o experimento inclinando o trilho em 2◦ em relação à base horizontal. 2. Ligue o fluxo de ar e abandone o carro do repouso em uma posição imediatamente anterior (superior) ao sensor 0. Proteja o carro do impacto com a extremidade do trilho utilizando molas ou um pano macio. Anote o intervalo de tempo t medido entre a passagem do carro pelos dois sensores. 3. Repita o procedimento anterior, aumentando a inclinação do trilho em 2◦ a cada nova medida até atingir a inclinação máxima de 16◦. Observações Importantes 1. Em cada medida, o carro deve ser abandonado do repouso em uma posição imediatamente a do sensor 0. O carro deve acionar este sensor imediatamente após sair do repouso, isto é, sem ter atingido um valor de velocidade significativo. Em caso de dúvidas, repita a medida. 2. Desligue o gerador de fluxo de ar quando não estiver realizando medidas, para diminuir a perturbação do ambiente causada pela produção de ruído desse equipamento. Referências [1] SEARS, F. W.; ZEMANSKY, M. W. Física I: Mecânica. 10a ed. São Paulo, SP: Pearson Addison Wesley, 2003. [2] TAYLOR, John R. Introdução à análise de erros: o estudo de incertezas em medições físicas. 2. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2012. 3 Folha de registro e análise dos resultados Experimento: MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL NO PLANO INCLINADO Alunos: . Turma: Data do experimento: ___/___/______. Registre a seguir o erro de escala nas medidas do deslocamento do carro (entre os sensores) x, do intervalo de tempo t e da inclinação do trilho de ar θ. Não se esqueça da unidade de medida. δx: _______ δt: _______ δθ: _______ Registre o valor do deslocamento do carro entre os sensores ópticos. Não se esqueça da unidade de medida. x : _______ Registre na tabela abaixo os intervalos de tempo t em função do ângulo de inclinação θ do trilho de ar. # θ (◦) t (s) 1 2 3 4 5 6 7 8 Calcule e registre na tabela a seguir os valores correspondentes do ângulo θ em radiano e de 1 t2 em s−2. # θ (rad) 1 t2 (s−2) 1 2 3 4 5 6 7 8 Produza o gráfico de 1 t2 em função de θ em papel milimetrado. Utilize radianos para o ângulo θ. Em seguida, com uma régua, trace sobre o gráfico uma reta que ajuste os dados da melhor forma possível. Escolha dois pontos da reta e calcule o coeficiente angular obtido α. Esse procedimento é uma simplificação da Regressão Linear visto que, deste modo, o coeficiente angular é obtido sem a necessidade de utilizar uma fórmula. α : ______ 4 A partir do valor de α obtido estime o valor de g local. Calcule o desvio percentual ∆g%. g: ______ ∆g%: ______ Faça uma estimativa do erro experimental de g tomando os dados referentes ao menor ângulo e o valor de g calculado pela equação t2 = 2d g 1 senθ . Questões 1. O tempo de “queda” do carro (t) ao longo do trilho de ar depende de sua massa? Explique. 2. Quando a relação entre duas variáveis é linear? E não linear? Dê exemplos. 3. Qual o desvio percentual entre o valor exato e o valor aproximado para sen10◦? E para sen20◦? 5
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