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Pichon Rivière Enrique Pichon Rivière – Biografia • É suíço (Genebra, 25 de junho de 1907). • Imigra para a Argentina com sua família em 1910 – não se conhecem as causas da imigração de sua família (pais e mais 5 irmãos). A imigração coincide com um momento histórico do governo argentino (fomentava a imigração de europeus para o país, dando-lhes facilidades, inclusive terras – o Estado lhes outorgou terras no Chaco, zona de bosques e tropical, apta para o desenvolvimento do algodão. • Características de sua família – culta, de nacionalidade francesa (burguesia do sul da França). Seus pais eram progressistas, promulgavam ideias socialistas e eram admiradores de Rimbaud e Baudelaire (poetas malditos da época ). • Aos 19 anos, em 1926, chega a Buenos Aires – proveniente de Corrientes (província onde vivia). • Buenos Aires o fascina – viveu no centro da cidade, conviveu e participou ativamente do movimento dos intelectuais de vanguarda de sua época. • Como estudante de medicina – problematizou seu saber a partir das modernas concepções sobre o psicossomático. • Estudou psiquiatria (psiquiatria dinâmica) – nela articulou todos os desenvolvimentos da psicanálise. • Como psicanalista – influenciou seus colegas a trabalhar no hospício, com a psicose. Pichon Rivière é um pensador moderno que pertenceu ao grupo de intelectuais vanguardistas da Argentina no início do século XX. Percurso profissional de Pichon Rivière • Pioneiro na introdução da psicanálise na psiquiatria dinâmica. • Fundador da APA ( associação psicanalítica argentina) – possibilita a psicanálise de crianças, da psicose, a investigação de enfermidades psicossomáticas, a psicanálise de grupo, a análise institucional, o trabalho comunitário. • Poucos dias antes de sua morte (1977) - os intelectuais argentinos reuniram-se para festejar seu aniversário em um ato que se chamou Ao Mestre com Carinho.. • Falece em 16 de julho de 1977 (70 anos) Teoria de Pichon Rivière - ECRO ECRO – Esquema Conceitual Referencial Operativo • Sua teoria está constituída por 3 grandes campos disciplinares: Ciências Sociais, Psicanálise e Psicologia Social. • Pichón-Rivière define ECRO como um conjunto organizado de conceitos gerais, teóricos, referidos a um setor do real, a um determinado universo de discurso, que permite uma aproximação instrumental ao objeto particular. ECRO é o conjunto de experiências, conhecimentos e afetos com os quais o sujeito pensa/sente/age. A Constituição do Sujeito • Contradição interna: predominantemente social (precisa vincular-se ao outro para satisfazer suas necessidade) e seu psiquismo é constituído dos vínculos e relações sociais internalizados (Pichon Rivière). • É por meio da interação que se dá a construção do Eu. • É nas interações sociais que o sujeito: se reconhece (identifica), se individualiza (diferencia-se), transforma o mundo (os outros e a relação) e é transformado (se refaz como sujeito). • Interação = Ação Recíproca • Sujeito age e sofre a ação (reciprocidade) – partilha de significados, de conhecimentos, de valores (Henri Wallon) A Técnica do Grupo Operativo • Sistematizada a partir das experiências de Pichon-Rivière no Hospital Psiquiátrico Las Mercedes: a partir de uma greve dos trabalhadores, Pichon propõe uma nova forma de cuidado entre os pacientes (os menos comprometidos cuidariam dos mais comprometidos). • Maior identificação, parceria de trabalho, troca de posições e melhor integração. • Começou a trabalhar com grupos: influência do Grupo familiar nos pacientes (comunicação e interação Aprendizagem / mudança. • Técnica Grupo Operativo: trabalho em grupo com o objetivo de promover a aprendizagem / mudança. O Grupo para Pichon-Rivière • Instrumento de Transformação da realidade: partilha de objetivos comuns, participação criativa e crítica, interação e vínculo. • Teoria do Vínculo: há uma estrutura triangular (EU – Outro(s) – Figuras internalizadas) – vínculo é bicorporal e tripessoal (presença sensorial corpórea + personagens internalizados). • Mútua representação interna: quando somos internalizados pelo outro e quando internalizamos o outro. No Grupo ocorre: vínculo, mutualidade, constituição de sujeitos e transformação da realidade. A Técnica do Grupo Operativo • Pressupõe : Tarefa Explícita (objetivo do grupo: aprendizagem, diagnóstico e tratamento) + Tarefa Implícita (como cada sujeito vivencia o grupo) + Enquadre (tempo, duração e frequência do encontro; função do coordenador e do observador). • Processo Grupal é dialético: permeado por contradições (tarefa principal do grupo é analisar essas contradições). • A análise do Processo Grupal ocorre em seis vetores que possibilitam verificar efeitos de mudança: Pertença (sentir- se parte); Cooperação (ação com o outro); Pertinência (eficácia das ações); Comunicação (intercâmbio de informações); Aprendizagem (apropriação da realidade); Telé (distância afetiva positiva ou negativa). • É criado artificialmente com indivíduos em situação semelhante: sobre a base de vínculos internalizados a partir da internalização de outros vínculos (grupo familiar e subsequentes grupos com os quais o sujeito se relaciona). • Objetivo Primordial: mudança (ocorre gradativamente) • Membros assumem diversos papeis frente à tarefa grupal • Pré-Tarefa (resistência dos membros do grupo ao contato com o outro ou consigo mesmo / medo das incertezas, de perda de referencial próprio, medo do contato). • Tarefa (quando o grupo elabora as ansiedades, rompe estereotipias e se abre para o desconhecido / Encontro). Grupo Operativo A Tarefa no Grupo Operativo • “É o modo como cada integrante interage a partir de suas próprias necessidades”. • Compartilhamento das necessidades (flexibilidade, descentramento e abertura para o novo). • Problematização das dificuldades que emergem no grupo (aprendizagem, projeto de mudança). • Explicitação do Implícito (Resistências, ansiedades e medos devem ser desvelados rumo à tarefa do grupo). A Técnica do Grupo Operativo Papel do Coordenador Indaga e problematiza Papel do Observador Desvelamento Tarefa Mudança Resgata a História Analisa com o coordenador Registra o que acontece no grupo Como se processa o Grupo Operativo? • Ocorre o estabelecimento de interações(pessoas falam livremente, partilham experiências comuns). • Formam-se vínculos (estrutura triangular) – identificação, diferenciações / Estabelece-se a mutualidade: internalização do outro. • Torna-se um espaço de escuta: onde o coordenador indaga, pontua e problematiza. Grupos Operativos têm o caráter terapêutico: principalmente porque gera mudança. É um espaço que busca fazer emergir as falas dos sujeitos. Procura desestabilizar o que está consolidado e rígido.
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