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Dermatopatias Alérgicas

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DERMATOPATIAS ALÉRGICAS
A dermatite alérgica a picada de pulgas/ectoparasitas, é uma dermatite pruriginosa. pápulo-crostosa em cães e gatos que são sensibilizados aos alérgenos (saliva) produzidos pelas pulgas.
As espécies envolvidas são: Ctenocephalides felis felis- cães, gatos, homem; Ctenocephalides canis- cães, gatos, homem; e principalmente Pulex irritans- homem, cães, gatos.
Características Gerais
Ela pode ser sazonal, mas é mais comum no verão por causa da proliferação das pulgas e dos carrapatos. Não existe predisposição racial. O prurido é muito intenso e as erupções podem chegar até 72 horas do início da alergia, então é uma dematopatia bastante aguda. O prurido pode ser crônico, pode trazer muita alopecia por causa da coceira que o animal desenvolve, muitas escoriações, lignificação, hiperpigmentação e hiperqueratose quando essa dermatopatia se torna mais crônica. Muita infecção secundária também, porque a medida que o animal começa a coçar, ele faz lesões na pele, e a pele com uma quantidade de bactérias começa a desenvolver um ciclo de infecção bacteriana, com isso, o prurido tende a ser maior, principalmente quando esses animais tem outros tipos de alergias como hipersensibilidade alimentar e atopia.
A região dorsal dos membros posteriores é a mais acometida, porém, em alguns animais essas lesões ganha o restante do corpo e a região ventral, isso vai depender das infecções secundárias e da infestação que esse animal vai ter de ectoparasitas.
Em gatos tem que ter um cuidado a mais, porque o animal lambe a região e tem uma queda de pelo muito intensa, e ele começa a desenvolver alopecias gigantescas em grande parte do corpo.
DIAGNOSTICO 
Primeiro é feita a anamnese, a história de onde esse animal vive, se possui contactantes ou algo que possa levar a infestação de pulga nesse animal, se não for encontrada as pulgas no animal pode ser feito a Manobra de Mackienze, onde é pego um algodão embebido com água ou álcool e passa na região dorsal do animal, nesse algodão vão vim vários pontos pretos e fica avermelhado que são fezes de pulga. Pode também pentear a região dorsal desse animal, podendo pegar as pulgas ou as fezes. 
Pode ser feito o diagnostico terapêutico, que é quando há a suspeita de quando o animal tem DAPE. Faz o controle de pulgas e carrapatos nesse ambiente, se o animal diminuir o prurido ou as infecções secundárias, o diagnóstico é positivo pra DAPE. Além do mais, pode ser feito os testes alérgicos (extrato de saliva de pulgas). Esse teste pode ser manipulado em laboratórios específicos, pede pra manipular os alérgenos que existem na saliva das pulgas e dos carrapatos, injeta no animal e se ele tiver sensibilidade ele vai ter uma reação alérgica local muito intensa, além de desencadear prurido.
TRATAMENTO
Primeiro precisa tratar o animal e todos os contactantes, porque se só tratar o animal, a infestação do ambiente e dos outros contactantes vão chegar a esse animal. Deve ser feita a higienização regular da cama, caixa de transporte e tapetes porque a pulga e o carrapato picam o animal, se alimenta do sangue, mas os ovos são postos no ambiente, então a infestação do ambiente é maior que no animal. Dedetização (sempre retirar os animais do ambiente), gatos tem uma sensibilidade muito grande aos produtos e tem uma intoxicação mais severa.
Pra tratamento temos o FIPRONIL, ADVOCATE, REVOLUTION que são medicações tópicas que é feita diretamente no animal.
Casptar: medicação oral, no cão tem durabilidade de 48 horas e em gatos 72 horas. O problema dele é que faz o controle de pulgas no animal muito bem, mas não consegue fazer o controle no ambiente. Por esse motivo, existem outras medicações que são mais potentes: BRAVECTO, SIMPARIC, NEXGARD. São medicações orais que tem uma durabilidade muito maior, cerca de 30 dias, porém elas só podem ser ofertadas para cães.
E para complementar o tratamento da DAPE deve ser feito o tratamento sintomático do prurido e da infecção secundaria, pois o prurido é tão intenso ao ponto do animal ficar desconfortável e parar de comer e dormir porque ele passa o tempo todo se coçando, por esse motivo, deve usar medicação para diminuir esse prurido. 
Pode utilizar os anti-histamínicos (hidroxizina, clemastina), porém na prática, os cães não respondem muito bem. 
Os corticosteroides prednisona/solona são os melhores para inibir esse prurido, no entanto, deve ser utilizado com muita cautela porque eles levam a problemas secundários muitos severos. O uso contínuo em doses altas pode levar ao hiperadrenocortisismo. 
O Apoquel é uma das medicações mais utilizadas na clínica porque inibe o prurido e não tem tantos efeitos colaterais. No Brasil não é disponível para felinos.
Antibióticos sistêmicos CEFALEXINA, AMOXI+ CL POTASSIO, dependendo da infecção secundaria se ela for muito grande precisa entrar com medicações antibióticas porque as bactérias levam a uma infecção bacteriana severa a ter muito prurido. Os antissépticos e antibióticos tópicos TICLOSAN, CLOREXIDINA 2%, são muito utilizados em forma de shampoo, ainda tem tópicos RIFAMICINA, MUPIROCINA, ACIDO FUSIDICO. 
HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR OU DERMATITE TROFOALÉRGICA
DEFINIÇÃO
Distúrbio cutâneo pruriginoso não sazonal, associado a ingestão de um ou mais ingredientes encontrados na dieta. Ou seja, existem alimentos que o animal desenvolve uma sensibilidade e essa sensibilidade é demostrada na pele. 
Todos os sinais clínicos são vistos na pele. Pode ser localizada ou generalizada, isso vai depender da quantidade de alérgenos que esse animal está ingerindo, da genética e também de outros sinais e outras questões ambientais pra que essa dermatite se desenvolva. 
Podem iniciar em idades precoces, no entanto, é mais comum ver a dermatite com início de faixas etárias acima de 7 anos e isso pode ser um forte indicativo de que é uma dermatite trofoalérgica. Por que isso? Porque em alguns casos como quem sempre tomou leite e seus derivados e com o passar dos anos pode desenvolver um tipo de reação a essa lactose. O mesmo acontece com os animais, devido ele passar muito tempo se alimentando da mesma dieta, vai chegar um momento que ele vai começar a ter sensibilidade intensa.
Esses dados precoces acontecem em animais que tem outros tipos de sensibilidade, pode ter DAPE ou podem ser atópicos. Existem animais que tem um grau de alergia muito grande e é alérgico a diversos alimentos, a diversos parasitas e também possuem a dermatite atópica, isso vai depender muito da genética do animal e de algumas raças que são muito predispostas.
Como se constrói uma alergia alimentar? Primeiro precisa ter o alérgeno que é a proteína que esse animal tem alergia, ele necessariamente precisa ter uma predisposição genética. Além disso, os fatores ambientais precisam auxiliar nesse processo e nas alterações imunológicas. 
Como essas alterações imunológicas acontecem? Ela é o fator principal para o desenvolvimento da insensibilidade alimentar. O alérgeno vai entrar na corrente sanguínea quando o animal ingere esse alimento, ele é digerido e cai na corrente sanguínea, as células apresentadoras de antígeno vão pegar essa proteína ou carboidrato que esse animal tem alergia e vão apresentar ao linfócito TH naive que é o linfócito virgem, e a partir desse momento ele vai gerar três tipos de resposta. Ele pode gerar a resposta TH1 (infecção e uma alta imunidade) e ele não apresenta sinais clínicos. Pode se diferenciar em TH2, onde vai apresentar uma alergia aquela proteína, ou pode ter um linfócito T regulador que vai fazer uma tolerância e uma regulação entre TH1 e TH2 e não vai apresentar sinais clínicos.
Com o passar dos anos ele vai fazer esse ciclo várias vezes, uma hora ele pode fazer a regulação e essa tolerância pode não acontecer mais, então ele vai começar a produzir uma resposta TH2 ou ele produz resposta TH1 sempre e de repente vai passar a ter uma resposta TH2. O que vai determinar isso é a imunidade do animal, tipo de proteína, o tipo de microrganismo dessa microbiota intestinal, e isso são váriosfatores que estão associados para que a sensibilidade aconteça. O primeiro sinal é do alérgeno, ele não tem que estar presente e ele pode estar presente uma vez, duas vezes, possa ser que o animal entre em contato a primeira vez e já desenvolva uma reposta alérgica muito intensa ou pode entrar em contato a vida toda e esse animal ficar sempre fazendo a regulação entre TH1 E TH2.
As lesões que pode ter na hipersensibilidade alimentar são alopecias que é característica em todas doenças alérgicas porque coça muito e tem um prurido muito intenso e o animal acaba se mutilando. Eritema, vermelhidão, escoriações, descamações, crostas, hiperqueratose, liguinificação, hiperpigmentação, erosão e ulcerações. Podem ser localizadas ou generalizadas.
Pode ter urticária e angioedema, só que dependendo do animal e do tipo de alérgeno isso não vai ser tão comum de ser encontrado e não é tão grave 
Como uma insensibilidade alimentar vai virar uma otite? O pavilhão auricular é recoberto por pele, por esse motivo, o animal quando passa a apresentar algum tipo de reação alérgica pode se apresentar em forma de otite. Então sempre que tiver otite bilateral recorrente, deve pesquisar por causas alérgicas, porque a otite não pode ficar se repetindo, se ela está se repetindo podem ser doenças alérgicas desde a DAPE, sensibilidade alimentar e atopia. 
Sinais gastrointestinais estão em 30% dos casos, como acontece isso? Como a proteína é ingerida, o animal se alimenta dessa proteína que vai para o estômago e para o intestino, e alguns animais desenvolvem uma colite linfocítica-plasmocítica. O que é isso? É uma inflamação que vai acontecer na parte intestinal, vai atrair muitos linfócitos e muitos plasmócitos. Quando isso acontece, esse animal em alguns casos vai ter diarreia. O que chama atenção é que o animal do nada apresenta diarreia e vômito, se isso acontecer, tem que prestar atenção pois pode ser uma sensibilidade alimentar, principalmente se estiver associado com prurido.
No dermograma da hipersensibilidade alimentar, o que mais chama atenção é o prurido da região oral porque é a primeira parte do corpo que vai ter contato com a proteína. Também pode ter blefarite, pode lamber muito a pata que é uma característica muito marcante e prurido na região perianal.
DIAGNOSTICO
Anamnese, diagnostico terapêutico (faz a dieta de exclusão e depois dieta provocativas), deixa o anima ter acesso apenas a um tipo de proteína.
O histopatológico sugere processo alérgico, então não consegue fechar o laudo com biopsia porque não consegue diferenciar qual a doença alérgica.
Pode fazer uma dieta caseira com fonte de proteína: coelho, cabrito, suíno e pato. Fonte de carboidrato: batata, ervilha, lentilha, mandioca e arroz integral. Coloca 2/3 de carboidrato e 1/3 de proteína para fazer essa dieta que se chama dieta de eliminação, o animal deve ficar nessa dieta durante 2 a 3 meses. Os gatos só começam a responder depois de 2 meses.
Das dietas comerciais, existem três no mercado. A Equilíbrio HA tem peso de hidrolise de 6 a 8 kd, e isso quer dizer que a proteína é bem pequena, então ela vai enganar esse sistema imunológico do animal para que ele não consiga ter reação a essa proteína. Ela é de soja e gordura de frango e é uma dieta comercial. Quando começa a dar essa alimentação pro animal e ele tiver a sensibilidade alimentar, nos primeiros dias já é notado um resultado bom, já vai ter uma melhora em todos os sinais, nas questões de otite e lambedura de patas. 
A Royal Canin Hipoallergenic também, mas precisa ter cuidado porque no mercado existem dietas para pele sensíveis. Essa dieta não pode ser utilizada para o diagnóstico e exclusão da dermatite alimentar, só pode fazer com a dieta caseira ou com as proteínas hidrolisadas.
A Hill’s Z D allergen free fonte de amido e frango, com peso menor de 3 kd, o animal responde muito bem.
Primeiro é feito a exclusão de pulga e carrapato. Faz a dieta mas o animal ainda continua se coçando, então faz o terceiro passo que é o tratamento para atopia. 
Como fazer depois que terminar a dieta de provocação e quiser identificar a causa da alergia? Dá a mesma dieta que ele comia antes da terapia instituída com alimento próprio. Então cada alimento espera 14 dias e observa se ele vai ter alguma recaída, se tiver, volta para dieta hipoalergênica e passa mais 15 dias pra controlar. Quando controlar, oferta outro alimento pra descobrir qual o tipo de alimento que ele tem sensibilidade.
A dieta caseira só deve ser oferecida até 2 meses.
DERMATITE ATÓPICA
DEFINIÇÃO
É uma enfermidade cutânea, alérgica muito inflamatória e pruriginosa, ela tem uma predisposição genética que pode ser associada ao desenvolvimento de IGE contra alérgenos ambientais. Existem imunoglobulinas que são responsáveis por esse tipo de alergia. Essa alergia pode ser gerada pelo ácaro de poeira doméstica. Existe uma predisposição racial, algumas raças como o Boxer, Labrador, Golden, Pug, Maltês, Poodle, York Shire. 
Os primeiros sinais podem ser vistos entre seis meses a três anos de idade. O prurido tem início juvenil, então muito jovem já desenvolve. A queixa principal do tutor é que o animal se coça muito. A medida que vai coçando vai tendo lesões secundarias porque com a coceira as bactérias vão colonizar essa pele e vão aparecer as lesões secundárias. Além disso, muita malassezia que são leveduras fúngicas que são bem comuns na parte dos alérgicos. O que chama muito atenção são as lesões recorrentes em pele e orelha. Tem muita epífora, que gera a conjuntivite alérgica, o animal fica com o lacrimejamento mais intenso, o olho mais vermelho, com vasos ingurgitados, que o animal coça. É importante fazer a diferenciação das doenças oftálmicas.
O prurido é localizado em face, pavilhão auricular, face dorsal, plantar e palmar dos membros, axila e região inguinal, as regiões mas úmidas. E normalmente generalizada em 40% dos casos, eles respondem ao uso de corticoides. Só não responde quando tem muita infecção secundaria, ou não é dermatite atópica. 
Dermograma semelhante ao de hipersensibilidade alimentar. Patas, boca, olho, axilas e região ventral. As lesões primárias apresentam eritema e pápulas. As lesões secundárias apresentam muitas escoriações e muita alopecia devido o coçar. A pele está inflamada e apresenta uma hiperpigmentação e liquenificação. 
Fisiopatogenia: não é todo animal que vai desenvolver, mesmo tendo pais que tenham a dermatite atópica. Para desenvolver ele precisa ter o gene susceptível, os fatores ambientais, ter alterações imunológicas, agentes infecciosos, e o essencial que é o defeito na barreira da pele.
DIAGNOSTICO
Anamnese, idade, raça, como as lesões iniciaram, qual o progresso dessas lesões, qual o medicamento foi utilizado e o resultado dessa terapia. Além disso, deve iniciar com a prevenção para ectoparasitas. Como geralmente esses animais apresentam muito prurido, deve tentar diminuir o mesmo com corticoides orais (prednisona). 
Para diagnóstico usa a aplicação de extratos alérgenos, sorologia Elisa ou histopatológico que é apenas sugestivo. No entanto, para fazer o histopatológico deve interromper o tratamento prévio com corticoide tópico e oral por 3 semanas antes do exame. 
Teste intradérmico: escolhe todos os alérgenos, usa 0,01 e prepara o animal, faz a tricotomia da região dorsal do animal, e aplica esses alérgenos em vários pontos. A medida que vai aplicando aquela régua anterior serve para medir o alo onde foi inoculado esse alérgeno e qual tamanho desse alo. Se esse alo for maior que o recomendado, quer dizer que esse animal tem alergia aquele produto. O problema desse teste é o custo e o animal pode desenvolver uma sensibilidade severa.
Qual objetivo do tratamento da dermatite atópica? Deve explicar ao proprietário que não tem cura, apenas controle. Controla a proliferação de microrganismo dessa pele que se faz com uso de medicação tópica, prevenção contra ectoparasitas, uma redução da carga alérgica que se faz tentando diminuir esses microrganismos, recuperar a função dabarreira epidérmica, controle do prurido, fazer imunoterapia com alérgeno específico, limpeza e controle dos ácaros no ambiente.
De terapia tópica tem a TRIANCINOLONA de corticoide, tem o ACEPONATO DE HIDROCORTISONA. São usados hidratantes para tratar a pele: HIDROVITON, UREIA, PANTENOL.
REPOSITOR DE LIPÍDIOS AC.LINOLEICO, FITOSFIGOSINA, CERAMIDAS.
Corticoideterapia (predinisolona/solona)
ANTI HISTAMÍNICO (HIDROXIZINA, CLEMASTINA, CETIRIZINA), CICLOSPORINA, OCLACITINIB, ÔMEGA 3 E 6, IMUNOTERAPIA ALÉRGENO ESPECÍFICA.

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