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BUREAU JURÍDICO — Concurso para Polícia Militar de Goiás 2014 PÁGINA CONCURSO-PMGO RESUMÃO – ESTUDE E PASSE!! 23/10/2014 CONCURSO PM-GO – SOLDADO COMBATENTE 2ª CLASSE RESUMÃO 1 2 ÍNDICE Língua Portuguesa ............... 03 Realidade Étnica ................... 10 Direito Penal .......................... 23 D. constitucional ................... 111 D. Processual Penal ............. 139 D. Administrativo................... 150 Penal Militar........................... 171 L. Extravagante...................... 192 3 PORTUGUÊS Funções da linguagem na comunicação Para entendermos com clareza as funções da linguagem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da comunicação. Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente quando falamos, estabelecemos um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou quase todos) os momentos. Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos, com a revista, com os documentos que manuseamos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um beijo de ―boa-noite‖. No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns elementos, são eles: a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas). b) mensagem: é o conteúdo (assunto) das informações que ora são transmitidas. c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário. d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida. e) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar. f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere. Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são: 1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos jornalísticos. 2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor. 3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de forma que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento. 4.Função fática: a palavra fático significa ―ruído, rumor‖. Foi utilizada inicialmente para designar certas formas usadas para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. 5. Função metalingüística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, ocorre a função metalingüística. 6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, 4 jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários. Essas funções não são exploradas isoladamente; de modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade principal do texto. LÍNGUA PADRÃO E VARIEDADES LINGUÍSTICAS A língua padrão está ligada à variedade escrita, culta da língua portuguesa. Ela é considerada formal, "correta", e deve ser usada em ocasiões mais formais, tanto na escrita , quanto na fala. A língua não-padrão está ligada à variedade falada, coloquial da nossa língua. Ela é considerada informal, mais flexível e permite alguns usos que devem ser evitados quando escrevemos: gírias, abreviações, falta dos plurais nas palavras, etc. Porém, às vezes, encontramos essa variedade não-padrão também na variedade escrita : em textos como poesias, propagandas , jornal,etc. Os "erros" da variedade não-padrão são considerados, pela Lingüística, desvios ou variedades lingüísticas que devem ser respeitadas, quer dizer, não se deve discriminar alguém que fala "diferente"; essas diferenças, essas variedades se devem a vários fatores : * geográficos = diferenças do sotaque de cada região brasileira * idade = cada faixa etária possui suas próprias gírias * profissão = cada profissional tem seus termos ou jargões próprios da área * sócio-econômicas = dependendo do acesso aos estudos, do ambiente de cada falante, haverá maior ou menor conhecimento da língua padrão. Linguagem Verbal e Linguagem Não- Verbal (linguagens verbais e não- verbais (jornais, revistas, fotografias, esculturas, músicas, vídeos, entre outros). O que é linguagem? É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas. Agora, a linguagem não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se escreve. A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, não se utiliza do vocábulo, das palavras para se comunicar. O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais. Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado, um bilhete? Linguagem verbal! 5 Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de ―não fume‖ ou de ―silêncio‖, o bocejo, a identificação de ―feminino‖ e ―masculino‖ através de figuras na porta do banheiro, as placas de trânsito? Linguagem não verbal! A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e anúncios publicitários. Observe alguns exemplos: Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. exemplo de linguagem verbal (óxente, polo norte 2100) e não verbal (imagem: sol, cactus, pinguim). Símbolo que se coloca na porta para indicar ―sanitário masculino‖. COESÃO TEXTUAL É um tipo de articulação gramaticalentre os elementos de um texto - o texto, compreendido como 'tecido' , 'trama'. A esse mecanismo que permite estabelecer boas relações entre os elementos do texto para facilitar o entendimento e torná-lo mais encorpado, agradável, mais atraente, é que se chama coesão textual ou recursos coesivos. A construção de um texto se faz em torno de um assunto pontuado - um tema. Esse tema, de uma certa forma, tem que ser referenciado até o fim do texto, mas será misturado a outros subtemas, que farão parte das argumentações discursivas e que vão gravitando em volta do tema central. Dessa forma vai-se mantendo o assunto no fio do discurso e compondo o texto, a tessitura. Tudo gira em torno de um jogo: um tema, um comentário - quando comenta-se o comentário, ele vira tema e nesse jogo de tema/comentário vai-se formando o texto. Num texto, os termos estão muito correlacionados, pois se o assunto deve-se manter no fio do discurso, ele vai sendo referenciado muitas vezes e de diversas maneiras. Essas referenciações necessárias na elaboração do texto são feitas por recursos coesivos - a isso é que denomina- se 'coesão textual'. São tantos os recursos coesivos que podem ser utilizados para manter-se a coesão do texto, que para estudo, costuma-se dividi-los em tipos: recursos gramaticais e recursos lexicais. Os livros da linguista Ingedore Villaça Koch são ótimos para compreender esse assunto. Dentro da classificação dos recursos gramaticais há o emprego dos pronomes pessoais, demonstrativos, possessivos, indefinidos, relativos, advérbios, as desinências, etc. Como recursos lexicais compreende-se as rotulações, as nominalizações, a hiponímia, sinonímia, etc. Elementos básicos da narrativa Fato - o que se vai narrar (O quê?) Tempo - quando o fato ocorreu (Quando?) Lugar - onde o fato se deu (Onde?) Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem?) Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê?) Modo - como se deu o fato (Como?) Consequências (Geralmente provoca determinado desfecho) A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes maneiras: piada, 6 peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc. Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto, indireto ou indireto livre. No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses recursos. O discurso indireto apresenta as palavras das personagens através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra. Usualmente, a estrutura traz verbo dicendi (elocução) e oração subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação à fala da personagem. Quanto ao discurso indireto livre, é usado como uma estrutura bastante informal de colocar frases soltas, sem identificação de quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, muitas vezes, um pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou opinião, um questionamento referente a algo mencionado no texto ou algo parecido. Esse tipo de discurso é o mais usado atualmente, sobretudo em crônicas de jornal, histórias infantis e pequenos contos. TIPOS DE DISCURSO (direto, indireto e indireto livre) Um texto é composto por personagens que falam, dialogam entre si, manifestam, enfim, o seu discurso. Há três recursos para citar o discurso alheio: a) Discurso direto: Parece que a agulha não disse nada: mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: - Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar a vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! (Um apólogo.) Machado de Assis O texto reproduz a fala do alfinete e do professor de melancolia. Em ambos os casos, a reprodução da fala é com as próprias palavras deles, como se o leitor estivesse ouvindo esses personagens literalmente. Esse tipo de expediente é denominado de discurso direto, cujas marcas típicas são: - vem introduzido por verbo que anuncia a fala do personagem (murmurou, disse). Esses verbos são chamados de verbos de dizer (dizer, responder, retrucar, afirmar, falar). - normalmente, antes da fala do personagem, há dois pontos ou travessão. - os pronomes, o tempo verbal e palavras que dependem de situação são usados literalmente, determinados pelo contexto. b) Discurso indireto: D. Paula perguntou-lhe se o escritório era ainda o mesmo, e disse-lhe que descansasse, que não era nada; dali a duas horas tudo estaria acabado. Nessa passagem o narrador reproduz a fala da personagem literalmente, mas usa suas próprias palavras. A fala de D. Paula chega ao leitor por via indireta, por isso esse expediente é 7 denominado de discurso indireto, cujas marcas são: - discurso indireto também é introduzido por verbo de dizer. - vem separado da fala do narrador por uma partícula introdutória, normalmente a conjunção que ou se. - os pronomes, o tempo verbal e elementos que dependem de situação são determinados pelo contexto do narrador: o verbo ocorre na 3ª pessoa. Vejamos um confronto dos discursos direto e indireto. - Discurso direto: D. Paula disse: - Daqui a duas horas tudo estará acabado. - Discurso indireto: D. Paula disse que dali a duas horas tudo estaria acabado. Na conversão do discurso direto para o indireto, as frases interrogativas, exclamativas e imperativas passam todas para a forma declarativa. c) Discurso indireto livre: Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente Sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo. Baleia queria dormir. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. Aqui, quase não conseguimos observar os limites entre a fala do narrador e a do personagem. Somente observando o tempo verbal e os adjetivos é que supomos tratar-se do discurso do personagem. Para um esclarecimento melhor, observemos os discursos abaixo: - Discurso direto: Baleia pensava: O mundo ficará todo cheio de preás, gordos, enormes. - Discurso indireto: Baleia pensava que o mundo todo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. - Discurso indireto livre: O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. Notamos que o discurso indireto livre é um discurso que exclui os verbos de dizer e a partícula introdutória. Quanto à citação do discurso alheio, cada citação assume um papel distinto no interior do texto, pois: Ao escolher o discurso direto, cria-se um efeito de verdade, dando a impressão de preservar a integridade do discurso. Já a opção pelo discurso indireto cria diferentes efeitos de sentido. O primeiro, que elimina elementos emocionais ou afetivos gera um efeito de sentido de objetividade analítica, depreendendo apenaso que o personagem diz e não como diz. O segundo tipo serve para analisar as palavras e o modo de dizer dos outros e não somente o conteúdo de sua comunicação. E o discurso indireto livre mescla a fala do narrador e do personagem. Do ponto de vista gramatical, o discurso é do narrador; do ponto de vista do significado, o discurso é do personagem. O efeito de sentido do discurso indireto livre está entre a subjetividade e a objetividade. SEMÂNTICA Semântica é o estudo do sentido das palavras de uma língua. Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em consideração: Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os 8 sinônimos: Exemplos: Cômico - engraçado / Débil - fraco, frágil / Distante - afastado, remoto. Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os antônimos: Exemplos: Economizar - gastar / Bem - mal / Bom - ruim. Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homônimos: As homônimas podem ser: Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª pessoa singular presente indicativo do verbo consertar); Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) - sessão (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo); Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio); Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro - cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura (atmosfera) - áurea (dourada)/ conjectura (suposição) - conjuntura (situação decorrente dos acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar - discriminar (diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear (passar as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) - desapercebido (desacautelado)/ geminada (duplicada) - germinada (que germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor (que percorre) - precursor (que antecipa os outros)/ sobrescrever (endereçar) - subscrever (aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - vincular (ligar) / descrição - discrição / onicolor - unicolor. Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados. Exemplos: Ele ocupa um alto posto na empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de graça. / Os fiéis agradecem a graça recebida. Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e origem completamente distintos. Exemplos: São(Presente do verbo ser) - São (santo) Conotação e Denotação: Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de pedra. Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas. SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS O significado de algumas palavras pode ser identificado através da estrutura de seus elementos mórficos. Na seqüência veremos os prefixos, os sufixos e os radicais, a partir de sua origem grega ou latina e a relação com a língua portuguesa. SEMÂNTICA O estudo das significações das palavras é um assunto na língua portuguesa exclusivo da Semântica. 9 No que diz respeito ao aspecto semântico da língua, pode-se destacar três propriedades: • Sinonímia • Antonímia • Polissemia Sinonímia Sinonímia é a divisão na Semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem significado ou sentido semelhante. Vejamos: 1. A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. 2. A menina recusou energeticamente ao pedido para que comesse. 3. A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para que comesse. Vemos que os substantivos ―garota‖, ―menina‖ e ―mocinha‖ têm um mesmo significado, sentido, todos correspondem e nos remete à figura de uma jovem. Assim também são os verbos ―renunciou‖, ―recusou‖ e ―rejeitou‖, que nos transmite ideia de repulsa, de ―não querer algo‖ e também os advérbios que nos fala da maneira que a ação foi cometida ―veementemente‖, ―energeticamente‖ e ―impetuosamente‖, ou seja, de modo intenso. Podemos concluir, a partir dessa análise, que sinonímia é a relação das palavras que possuem sentido, significados comuns. O objeto possuidor da maior quantidade de sinonímias ou sinônimos que existe é, com certeza, o dicionário. Antonímia Se por um lado sinonímia é o estudo das palavras dos significados semelhantes na língua, antonímia é o contrário dessa definição. Vejamos: 1. A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. 2. A senhora aceitou passivamente ao pedido para que comesse. Percebemos que ―garota‖ tem significado oposto à ―senhora‖ assim como os verbos ―renunciou‖ e ―aceitou‖ e os advérbios ―veementemente‖ e ―passivamente‖. Assim, quando opto por uma palavra opto também pelo seu significado que de alguma forma remete a outro sentido, em oposição. Por exemplo, se alguém diz: ―Ela é bela‖, quer dizer o mesmo que, ―Ela não é feia‖. Ao estudo das palavras que indicam sentidos opostos, denominamos antonímia. Polissemia ou Homonímia Uma mesma palavra na língua pode assumir diferentes significados, o que dependerá do contexto em que está inserida. Observe: 1. A menina fez uma bola de sabão com o brinquedo. 2. A mãe comprou uma bola de basquete para o filho. 3. O rapaz disse que sua barriga tem formato de bola. 4. A professora falou para desenhar uma bola. Constatamos que uma mesma palavra, ―bola‖, assumiu diferentes significados, a partir de um contexto (situação de 10 linguagem) diferente nas frases, respectivamente: o formato que a bolha de sabão fez; o objeto usado em jogos; o aspecto arredondado da barriga e ainda o sentido de círculo, circunferência na última oração. Polissemia (poli=muitos e semos= significados) é o estudo, a averiguação das significações que uma palavra assume em determinado contexto linguístico. Realidade Étnica Introdução – Geografia e História de Goiás A construção de Goiânia e a nova dinâmica econômica de Goiás A construção de Goiânia dentro da ―Marcha Para o Oeste‖ de Getúlio Vargas representou o segundo dinamismo na urbanização de Goiás.A partir de 1930 inaugurou-se uma nova fase no processo de ocupação agrícola de Goiás, sob a égide da política de Getúlio Vargas, conhecida como "Marcha para o Oeste", e sob a influência de novas necessidades da economia mundial, que se refletiram diretamente sobre a economia nacional. A expansão agrícola de Goiás neste período respondeu a estímulos exógenos, ou seja, aos interesses das classesagrária e industrial de São Paulo. Rumo Para o Oeste – A construção de Goiânia Em 1940, Vargas reafirmou a missão de Goiás e de Goiânia ao dizer que "o verdadeiro sentido de brasilidade é o rumo do Oeste". A "Marcha para o Oeste" definiu- se assim como uma das faces da política econômica de Vargas, necessária para a consolidação global dos planos presidenciais. Foi dentro desta política federal de "Marcha para o Oeste" que se deu a construção de Goiânia, marco fundamental deste primeiro ciclo de expansão de Goiás sob novos moldes. Em 1940 Vargas definiu o sentido da interiorização. "Torna-se imperioso localizar no centro geográfico do País, poderosas forças capazes de irradiar e garantir a nossa expansão futura. Do alto dos nossos chapadões infindáveis, onde estarão, amanhã, grandes celeiros do País, deverá descer a onda civilizadora para as planícies do Oeste e do Nordeste", declarou. Goiânia não representou apenas uma cidade a mais no Brasil. Foi o ponto de partida de um ciclo de expansão do Oeste, fator de desenvolvimento nacional, fator de unificação política. Goiânia seria uma nova forma de bandeirantismo. As Colônias Agrícolas A par do estímulo à fundação de Goiânia, centro dinamizador da região, o Governo Federal prosseguiu a sua política de interiorização através da fundação de várias colônias agrícolas espalhadas pelas áreas mais frágeis do País. Em Goiás, esta política foi concretizada na criação da Colônia Agrícola Nacional de Goiás e na ação da Fundação Brasil Central. Estes empreendimentos deram um novo impulso na expansão rumo ao Oeste. A cidade de Ceres e Carmo do Rio Verde são representantes deste momento de ocupação. Esta ocupação pode também ser chamada de ocupação planejada. Este período se estende de 1930 a 1945. No segundo governo de Vargas o centro da política econômica passou a ser a modernização do Centro-Sul, com a tentativa de criação de indústrias de base sob a égide do Estado. A "Marcha para o Oeste", núcleo da primeira gestão, perdeu sua razão de ser. Portanto, no período de 1945-1955, a política de expansão agrícola, se comparada com a 11 fase anterior, sofreu uma desativação em resposta a condições internacionais e nacionais. As Estradas de Rodagem – Urbanização A construção de Brasília representou um terceiro dinamismo na ocupação de Goiás. A partir de meados da década de 1950, ocorreu uma retomada da "Marcha para o Oeste", com a construção de Brasília. A construção da capital federal no cento do país fomentou a construção de estradas de rodagem que ligaram a porção meridional do antigo Estado de Goiás à área hegemônica do desenvolvimento capitalista brasileiro: o sudeste. Com Brasília e as rodovias que a ligaram a outras regiões do país nascem ou floresceram em Goiás um forte processo de ocupação. Um bom exemplo disso foram os núcleos urbanos surgidos no trajeto da BR – 153 (Belém-Brasília). Uma Tendência da Urbanização no Brasil Goiás, nas últimas décadas do século passado e primeiros anos deste século, passou a acompanhar a tendência de crescimento populacional e econômico das médias cidades, sendo hoje um Estado que atrai imigrantes. Assim, depois de uma urbanização explosiva, que concentrou população nas grandes metrópoles – principalmente do Sudeste – ao longo dos anos 70 e 80, o Brasil está passando por mudanças na distribuição de sua população. A marca desta década é interiorização do crescimento e a formação de novas aglomerações urbanas. Essas são algumas das principais conclusões do mais aprofundado estudo sobre o tema realizado no país nos últimos anos e que está em fase de conclusão, sendo realizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com apoio do IBGE e da Unicamp, além de outras instituições, como o Seade (Serviço Estadual de Análise de Dados de São Paulo). Velocidade da Urbanização Em meio século, o Brasil sofreu um dos mais rápidos processos de urbanização de urbanização do mundo: de 46% em 1940, as cidades passaram a abrigar 75% da população brasileira em 1991. A industrialização tornou os centros urbanos responsáveis por 90% de tudo o que é produzido no país. Esse processo levou a uma concentração de pessoas em grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, que figuram entre as maiores cidades do mundo. Nos anos 90, a urbanização brasileira continua forte: já atingiu 80% da população e deve chegar a 88% em 2025 – segundo projeções nas Nações Unidas. Mas adquiriu novas características. A Nova Tendência A tendência atual e que deve se manter no futuro é a interiorização do crescimento populacional. Em lugar de se concentrar nas metrópoles tradicionais, há um aumento mais acelerado de população nas antigas periferias nacionais. A interiorização se traduz no ―espraiamento‖ do fenômeno de formação de metrópoles. São os casos, por exemplo, de Goiânia e Campinas (SP). O em aglomerações urbanas não-metropolitanas, como Cabo Frio (RJ) e Itajaí (SC) – todas com taxas de crescimento superiores à média do país. Cidades médias Reflexo disso, as cidades médias, entre 100 mil e 500 mil habitantes, foram as que registraram o maior crescimento absoluto nos anos 90. Juntas, passaram a abrigar 36,7 12 milhões de brasileiros em 1996, contra 31,9 milhões em 1991. Ao mesmo tempo, segundo o estudo coordenado pelo IPEA, ―em praticamente todas as regiões brasileiras, as pequenas cidades apresentam saldos migratórios negativos‖. Ou seja, vêm expulsando mais gente do que recebendo. Protagonistas do processo de urbanização até a década passada, as regiões metropolitanas vêm apresentando crescimento relativamente abaixo nos anos 90: 7,8% em média entre 1991 e 1996. Explicação Uma explicação levantada pelo estudo está ligada à terceirização da economia das metrópoles. Ela provocou uma queda no padrão de renda e redução dos postos de trabalho assalariados. Em outras palavras: piora na qualidade das relações trabalhistas. Sem perspectiva de proporcionar uma ascensão social, essas cidades perderam seu poder de atrair levas de migrantes. ―O bloqueio à mobilidade, representado pela redução do crescimento econômico‖, diz o estudo, ―poder ter incentivado uma menor migração em direção as principais metrópoles, como deve também ter favorecido a migração de retorno (às regiões de origem dos migrantes)‖. Seguindo uma tendência mundial, os moradores que permaneceram nas regiões metropolitanas passaram também por um processo de centrifugação: pressionados pelo encarecimento do custo de vida, foram empurrados da cidade central para o seu entorno. Enquanto o número de habitantes no núcleo das regiões metropolitanas cresce em média 3,1%, a população das cidades periféricas aumentou 14,7% em cinco anos. Na Grande São Paulo, por exemplo, a capital paulista registrou um crescimento de apenas 2% entre 1991 e 1996. Mas a população da vizinha Guarulhos cresceu 23,4% no mesmo período. Novas Aglomerações Há um intenso processo de formação de aglomerações urbanas no país. Elas já chegam a 49 e concentram 45% dos brasileiros (73 milhões de habitantes). As aglomerações são caracterizadas pela concentração de pessoas e atividades econômicas em uma mesma área. São cidades cujas malhas urbanas podem ou não ser interligadas fisicamente(conurbadas). O essencial de uma aglomeração urbana é a grande mobilidade de seus moradores e o intenso fluxo de bens e serviços entre as cidades que a formam. Num dos casos mais comuns, as pessoas moram em uma cidade, mas se deslocam para trabalhar, fazer compras ou ir à escola no município vizinho. A tendência de multiplicação das aglomerações implica mudanças também na gestão urbana. Para lidar com problemas que dizem respeito a vários municípios (lixo, captação de água, segurança e transporte, por exemplo), ela defende a formação de consórcios entre as prefeituras. Todas essas transformações mudaram também os conceitos tradicionais de urbano e rural. Apesar de ainda haver êxodo do campo, entre 1992 e 1997 – segundo o Projeto urbano (coordenado pela Unicamp) – a população rural brasileira com 10 anos ou mais de idade cresceu em 530 mil pessoas. Além do crescimento das ocupações não-agrícolas no meio rural, um dos fatores determinantes desse fenômeno foi o crescimento da mobilidade: muitas pessoas 13 continuam morando na área rural, mas trabalham nas cidades (e vice-versa). Ou seja, os conceitos tradicionais de população urbana e rural são insuficientes para explicar as novas relações entre o campo e a cidade. Problemas da Urbanização Desenfreada em Goiás Na área do entorno do Distrito Federal temos a problemática da definição de administração nos municípios que a compõem. A população destes municípios trabalha no Distrito Federal, mas moram em Goiás, o que gera uma grave falta de infraestrutura nestes municípios. Goiânia e seus municípios conurbados – Conurbação é o nome que se dá para o crescimento de duas ou mais cidades vizinhas, que acabam por formar um único aglomerado urbano. Em geral, numa conurbação existe uma cidade principal e uma (ou mais de uma) cidade-satélite. Exemplo: São Paulo e cidades anexas (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá, Guarulhos, Osasco) – Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, por exemplo, passam a ter que gerenciar problemas de impostos, serviços e de infraestrutura de forma conjunta. Goiânia é a maior Metrópole Regional do Centro Oeste do Brasil. Metrópoles regionais são grandes cidades, porém menores e menos equipadas que as metrópoles nacionais. A modernização da agricultura e os impactos Modernização da Agricultura: impactos na economia goiana A soja, principal cultura comercial quanto ao valor da produção de Goiás, foi introduzida no estado somente em 1980. Conquistou o cerrado com sementes adaptadas e aplicação de calcário para combater a acidez do solo. Com o lançamento de novas variedades de grãos mais resistentes à armazenagem e às pragas, vem-se registrando substancial aumento da produtividade. A agricultura modernizada propiciou o grande crescimento de uma pecuária modernizada. Goiás tem hoje uma forte e crescente agroindústria. O principal ramo industrial do estado é o da indústria de produtos alimentícios, que se concentra nas cidades de Goiânia, Anápolis e Itumbiara (pasteurização de leite e fabricação de laticínios; beneficiamento de produtos agrícola abate de animais). Segue-se a indústria transformação de produtos de minerais não-metálicos e, em plano muito inferior, as indústrias metalúrgicas, químicas, têxteis, de bebidas, editorial e gráfica, de vestuário e de madeira. Mais recentemente com programas de isenções fiscais Goiás recebeu incrementos industriais principalmente nos pólos industriais de Anápolis, Rio Verde e Catalão (montadoras). A guerra fiscal consiste na disputa pelo poder público, municípios, estados ou países, para atrair empresas, dando-lhes facilidades tais como: isenções de impostos, terrenos ou financiamentos. Os Impactos da Modernização da Agricultura no Cerrado O cerrado é um tipo de vegetação que ocorre no Planalto Central brasileiro, em certas áreas da Amazônia e do Nordeste, em terreno geralmente plano, caracterizado por árvores baixas e arbustos espaçados, associados a gramíneas, também denominados campo cerrado. É um gradiente fisionômico floristicamente similar, de 14 vegetação com capim, ervas e arbustos, principalmente no Brasil Central. Apresenta- se desde árvores raquíticas, muito espalhadas, enfezado (campo sujo), menos um pouco (campo cerrado), arvoredo baixo (cerrado) até floresta (cerradão). As árvores são sempre tortuosas e de casca grossa. O Sistema Biogeográfico dos Cerrados abrange área de uma grandeza espacial, que recobre quase dois milhões de quilômetros quadrados. A área dos cerrados inclui praticamente a totalidade dos Estados de Goiás e Tocantins, Oeste de Minas Gerais e Bahia, Leste e Sul de Mato Grosso, quase a totalidade do Estado do Mato Grosso do Sul e Sul dos Estados do Maranhão e Piauí. O que se procura definir com o termo cerrado não é apenas um tipo de vegetação, mas um conjunto de tipos fisionomicamente distribuídos dentro de um gradiente que tem como limites, de um lado o campo limpo e de outro lado o cerradão. Nesse contexto, podem ser agregadas as ilhas de matas e matas galerias, integrantes decisivas desse bioma. Texto de Altair Sales Barbosa Mata Galeria: é a vegetação que no domínio do cerrado acompanha os vales fluviais. Apresenta-se com árvores de maior porte que o cerrado. É, também, uma vegetação bem mais diversificada. Os Solos do Cerrado e a Ação Antrópica Hoje os solos do Cerrado são antropicamente férteis, pois nos anos setenta, cientistas brasileiros criaram a técnica de correção dos solos ácidos chamada de calagem. O que é a Calagem? É a adição de calcário ao solo para correção de sua acidez. Solos são ácidos apresentam grande concentração de íons hidrogênio e/ou alumínio no solo. A acidez dos solos promove o aparecimento de elementos tóxicos para as plantas (Al) além de causar a diminuição da presença de nutrientes para as mesmas. As conseqüências são os prejuízos causados pelo baixo rendimento produtivo das culturas. Portanto, a correção é considerada como uma das práticas que mais contribui para o aumento da eficiência dos adubos e conseqüentemente, da produtividade e da rentabilidade agropecuária. A correção adequada do pH do solo é uma das práticas que mais benefícios traz ao agricultor, sendo uma combinação favorável de vários efeitos dentre os quais mencionam- se os seguintes: eleva o pH; fornece Cálcio e Magnésio como nutrientes; diminui ou elimina os efeitos tóxicos do Alumínio, Manganês e Ferro; diminui a "fixação" de fósforo; aumenta a disponibilidade do NPK, cálcio, magnésio, enxofre e Molibdênio no solo; aumenta a eficiência dos fertilizantes; aumenta a atividade microbiana e a liberação de nutrientes. tais como Nitrogênio, fósforo e boro, pela decomposição da matéria orgânica; aumenta a produtividade das culturas como resultado de um ou mais dos efeitos anteriormente citados. Por outro lado a correção de solo sem práticas da curva de nível nas lavouras pode alterar o pH dos das águas e causar ou acelerar o processo de eutrofização das águas. A cultura do milho aparece freqüência associada à criação de suínos e plantio do feijão. Outras culturas do estado são o algodão, a mandioca e a cana-de-açúcar. As duas últimas têm mais caráter e culturas de subsistência, associadas, quasesempre, ao fabrico de farinha, aguardente rapadura. 15 O rebanho de bovinos e suínos de Goiás é expressivo. Na porção noroeste do Estado predomina a criação extensiva de gado. O extrativismo vegetal inclui grandes desmatamentos de áreas do cerrado para utilização do carvão vegetal preparado em carvoarias. Principais Problemas Ambientais do Cerrado Desmatamento Ato ou efeito de derrubar árvores e destruir matas e florestas de modo desordenado e abusivo. Condenado por ecologistas a partir da década de 1970, é considerado nocivo ao equilíbrio ambiental. Também chamado desflorestamento, através da prática de corte, capina ou queimada que leva à retirada da cobertura vegetal existente em determinada área em geral para fins de pecuária, agricultura ou expansão urbana. Voçoroca Processo erosivo subterrâneo, causado por infiltração de águas pluviais, através de desmoronamento e que se manifesta por grandes fendas na superfície do terreno afetado, especialmente quando este é, de encosta e carece de cobertura vegetal. Erosão Eólica Consiste na retirada de sedimentos sob a ação do vento. Ela e bastante destrutiva de solos férteis e, muitas vezes, provoca soterramentos de cidades. Acontece nas também nas dunas. Desertificação Nome que se dá ao processo de degradação da capacidade produtiva da terra causada pela ação do homem. Processo de transformação de terras não-desérticas em deserto, como resultado, em geral, de pastagem excessiva, causando exaustão da matéria orgânica, uso excessivo das águas subterrâneas nos padrões de precipitação, etc. Lixiviação Processo que sofrem as rochas e solos, ao serem lavados pela água das chuvas (...) Nas regiões intertropicais de clima úmido os solos tornam-se estéreis com poucos anos de uso, devido, em grande parte, aos efeitos da lixiviação. Forma de meteorização e intemperismo que ocasiona a remoção de matérias solúveis por água percolante, sendo a lavagem do solo pela água das chuvas. Assoreamento Ocorre através do entupimento do corpo d‘água, ou seja, fenômeno causado pela deposição de sedimentos minerais (como areia e argila) e acumulação de materiais orgânicos no fundo, na beira dos rios, canais e estuários. Tal modificação, reduz a profundidade do curso d‘água e a força da correnteza. Processo de elevação de uma superfície, por deposição de sedimentos. Diz- se dos processos geomórficos de deposição de sedimentos, ex.: fluvial, eólio, marinho. Obstrução, por areia ou por sedimentos quaisquer, de um rio, canal ou estuário, geralmente em conseqüência de redução da correnteza. 16 Degradação do Solo Compreende os processos de salinização, alcalinização e acidificação que produzem estados de desequilíbrio físico- químico no solo, tornando-o inapto para o cultivo. Modificações que atingem um solo, passando o mesmo de uma categoria para outra, muito mais elevada, quando a erosão começa a destruir as capas superficiais mais ricas em matéria orgânica. O desmatamento e a conseqüente perda dos horizontes superficiais do solo são causas básicas de sua perda de equilíbrio. Eutrofização de Água - Cultural Processo pelo qual aumenta-se o nível de nutrientes em um copo d‘água. Em condições normais, esse processo é muito vagaroso. Quando e eutrofização é acelerada por deflúvios da agricultura ou outras atividades humanas, o processo é denominado eutrofização cultural. A eutrofização acelerada é problemática, porque resulta na retirada de oxigênio da água, matando os peixes ou outras formas de vida aquática não-vegetais. Flora e a Fauna do Cerrado Ao se estudar a ecologia dos cerrados, observa-se que uma das características mais marcantes de sua biocenose é a dependência de alguns de seus componentes dos biomas vizinhos. O cerrado, por outro lado, é um bioma de ligação entre os demais biomas brasileiros. As matas galeria funcionam, no cerrado, como corredores naturais para os animais, sendo de fundamental importância sua preservação ou reconstrução. Considerado ―feio‖, o cerrado abriga uma enorme biodiversidade de valor inestimável. Sua simplificação pela ação antrópica promoveu graves perdas da sua diversidade de fauna como a que veremos em seguida. Animais Presentes no Cerrado Siriema, Jaburu, Tucano, Socó, Jacutinga, Quero-Quero, Martim-Pescador, Biguá, Garça Branca, Gavião, Periquitos, Araras, Ema, Jacaré, Macaco, Veado, Cutia, Ariranha, Onça Pintada, Tatu, Sucuri, Anta, Tamanduá, Capivara, Jaguatirica e Porco do Mato. O Cerrado e o Fogo Não se pode levar adiante qualquer estudo sobre os cerrados se não se tomar em consideração o fogo, elemento intimamente associado a esta paisagem. Apesar de sua importância para o entendimento da ecologia desse ambiente enquanto conjunto biogeográfico, a ação do fogo nos cerrados é ainda mal conhecida e geralmente marcada por questões mais ideológicas que científicas. O estudo do fogo como agente será mais completo se também se observar a comunidade faunística e os hábitos que certos animais desenvolveram e que estão intimamente associados à sua ação, cuja assimilação, sem dúvida, necessita de arranjos evolutivos caracterizados por tempo relativamente longo. De algumas observações constata-se, por exemplo, que a perdiz só faz seu ninho em macegas, tufos de gramíneas queimadas no ano anterior. 17 Da visita a várias áreas de cerrado imediatamente após grande queimada, tem- se constatado que apesar da característica das árvores e arbustos enegrecidos superficialmente, estes continuam com vida, ostentando ainda entre a casca enegrida e o tronco, intensa microfauna. Fenômeno semelhante acontece com o estrato gramíneo; poucos dias após a queimada, mostra sinais de rebrota, que constitui elemento fundamental para concentração de certas espécies animais.O fogo, portanto, é um elemento extremamente comum no cerrado, e de tal forma antigo, que a maioria das plantas parece estar adaptada a ele. Produtos Minerais A extração de produtos minerais desempenha juntamente com a agricultura um forte papel na economia de Goiás. Introduzida no final da década de 1960, a indústria da mineração avançou devagar, mas, em 1986, o antigo estado de Goiás já ocupava um lugar de destaque na produção mineral nacional. Entretanto, uma característica da produção mineral goiana ainda a exportação em bruto, sendo o beneficiamento realizado por outros estados mais industrializados. Quatro produtos concentram grande parte desta produção mineral: fosfato, amianto, calcário e níquel. Mais de 90% da produção goiana está concentrada nos seguintes bens: níquel, ouro, amianto crisotila, calcário, água mineral, fósforo e nióbio. As maiores reservas, além daqueles minerais que se destacam no item produção, são de titânio, terras raras e rochas ornamentais. O Estado de Goiás é o maior produtor de amianto da América do Sul. A mina, localizada em Minaçu. Goiás também tem grande produção de níquel, com 72 por cento das reservas nacionais. Ainda se destaca na produção de esmeraldas. O complexo mineral de Campos Verdes está entre os maiores do Brasil. Outras Potencialidades Potencialidadesalém dos grandes depósitos e jazimentos minerais, estudiosos do setor destacam as potencialidades dos chamados minerais industriais, especialmente os utilizados na construção civil, como areia, argila e pedras ornamentais, encontrados, em larga escala, em todas as regiões de Goiás. Produtos muito consumidos são telhas e tijolos. Outro setor com potencial em franco desenvolvimento é o de água mineral, cujo mercado cresce no mundo inteiro. Grandes investimentos foram feitos na década de 1990 na produção de ouro, vermiculita, nióbio e na implantação de novos projetos de beneficiamento de fosfato. Energia A capacidade geradora instalada do estado é boa, sendo sua capacidade potencial muito grande. O excedente na produção energético de Goiás é exportado para outros estados. A maior usina hidrelétrica de Goiás é a de Cachoeira Dourada, instalada no rio Paranaíba, município de Itumbiara. Mais recentemente foram implantadas as usinas de Serra da Mesa, Corumbá e a de Cana Brava. Por esta razão, além da proximidade do Equador, se questiona o horário de verão para Goiás. Transporte 18 A rede ferroviária é constituída por apenas uma linha-tronco, que, partindo de Araguari, no Triângulo Mineiro, alcança Goiandira, Ipameri, Pires do Rio, Silvânia, Leopoldo de Bulhões e Anápolis. Da linha-tronco partem dois ramais, um em direção a Brasília e outro em direção a Goiânia. No futuro Anápolis deve receber a Ferrovia Norte-Sul fomentando seu porto seco. As principais rodovias de Goiás são estradas que servem á Brasília, e efetuam as ligações da capital federal com São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Belém. No eixo Brasília-São Paulo, encontram-se as cidades mais importantes do estado: Goiânia e Anápolis. Comércio e Serviços As atividades do setor terciário são pouco representativas no estado. No entanto, o comércio e a prestação de serviços constituem os ramos mais ativos da capital, Goiânia, e tem grande importância em Anápolis, a segunda cidade do estado em população. Ainda não é tão grande o percentual de habitantes atendidos por serviços públicos como água canalizada, esgotos e telefones. Turismo Entre os pontos de interesse turístico figuram as cidades de Caldas Novas e Goiás. A primeira é estância de águas hidrominerais (com temperatura entre 38 e 42ºC); possui piscinas naturais, grutas e uma lagoa, também de águas quentes. A segunda é cidade histórica, antiga capital do estado; conserva valioso acervo arquitetônico colonial (sobrados, igrejas, chafariz famoso). No município de Itumbiara localizam-se a usina e a queda da Cachoeira Dourada onde está sendo erguido um grande complexo turístico. Goiás possui um grande potencial turístico a ser explorado. Fonte : Adaptado da Enciclopédia Britânica Brasileira Dinâmica Populacional Observa-se uma tendência de longo prazo de crescimento próximo a zero da população nascida em Goiás, pois a partir da década passada, em Goiás, as mulheres passaram a ter apenas dois filhos, em média, durante sua vida fértil. Essa trajetória é alterada, no curto e médio prazos, pela melhoria das condições de vida, com decréscimo da mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida, o que resulta em menores perdas de vidas. Já se registra um ―envelhecimento‖ da população, com as faixas etárias de adultos e idosos representando parcelas crescentes da população goiana, e essa tendência tende a se acentuar no futuro. A imigração interestadual passa a ter, também, um papel mais relevante que do passado nos acréscimos populacionais do Estado de Goiás. A migração intraestadual vem dirigindo-se fortemente para a região urbana da capital e municípios vizinhos de Goiânia, e a interestadual busca as cidades goianas que integram o Entorno de Brasília, a chamada Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (RIDE). Essas áreas – grandes pólos de atração de migrantes – concentram hoje mais de 50% da população estadual. Há uma forte tendência para ser acentuado o desequilíbrio na distribuição espacial da população no território goiano e, por conseqüência, uma elevação da pressão sobre os recursos naturais - particularmente quanto aos recursos hídricos - nessas duas grandes concentrações populacionais do Estado. 19 Os novos pólos de dinamismo da atividade econômica em Goiás, farmacêutico, em Anápolis, e da agroindústria, em Rio Verde, podem contribuir para redução do fluxo migratório em torno de Goiânia. A atração de migrantes para os municípios do Entorno de Brasília, no entanto, tende a prosseguir no futuro próximo. Sua continuidade e volume dependem predominantemente de políticas nacionais e do Distrito Federal, já que são pessoas atraídas para a Capital do país e que viabilizam sua permanência nessa região residindo em municípios goianos da RIDE. A partir da instalação de agroindústrias, e a conseqüente divulgação da possibilidade de existência de empregos, a migração resultante trouxe uma sobrecarga na infra- estrutura social do município de Rio Verde, o que já preocupa moradores e autoridades locais. No seminário de discussão do GeoGoiás 2002 com representantes municipais foi ressaltada a falta de recursos financeiros para responder de forma adequada ao novo patamar de demanda por serviços públicos. As modificações na estrutura etária e distribuição geográfica da população do Estado são indicadores que exigem, também, atenção quanto às questões específicas de atendimento de saúde e seguridade social para a população idosa. Educação As taxas de analfabetismo entre a população de Goiás foram reduzidas de 15,3%, em 1994, para 11,7%, em 2001. Na população urbana essa variação foi de 11,75% para 9,76%, e entre a rural o analfabetismo passou de 21,35% para 18,38%, no período considerado. O analfabetismo na faixa etária de 15 a 19 anos foi reduzido em mais de 60% entre 1994 e 2001 passando de 4,2% para 1,5%. Em 13 municípios goianos registram-se atualmente altas taxas de analfabetismo, entre 24% e 38,3%, e somente 24 municípios, 10% do Estado, têm taxas inferiores a 10,80%. Com uma taxa de escolarização de 93,2% na população de 7 a 14 anos, em 2000, Goiás situava-se entre os Estados da Federação com bom atendimento da população escolarizável (INEP/MEC, 2002). Quanto ao ensino médio, as estatísticas disponíveis mostram uma situação preocupante, onde apenas 30% da população escolarizável (15 a 17 anos) eram atendidos, em 2000. E isso após ampliar a oferta de vagas em 50% desde 1994, quando apenas 19,9% da população entre 15 e 17 anos encontrava-se nas escolas de 2º grau. As taxas de conclusão do ensino fundamental e médio reduziram-se entre 1995 e 2000, passando de 63% para 49,1%, no primeiro caso, e de 75,2% para 64%, no ensino médio, o que também exige atenção. Há, uma grande deficiência qualitativa no ensino oferecido, fato que certamente se reflete negativamente na trajetória de vida profissional e pessoal dos alunos goianos. Saúde O número de médicos por mil habitantes, em Goiás, cresceu mais de 60% entre 1997 e 2000, atingindo a marca de 1,54 médico por 1.000 habitantes. Esse índice, ainda assim, mantém-se abaixo do registrado na região Centro-Oeste (2,23) e no Brasil(1,94), no ano 2000. O indicador de 4,40 leitos hospitalares por mil habitantes no Estado, em 2000, é superior tanto à média da região Centro- Oeste (3,01) quanto à do país (2,87). Ele cresce graças à oferta de leitos pelo setor 20 privado, que no citado ano era de 2,95 leitos por mil habitantes, acima da média regional (2,48) e da brasileira para o setor privado (2,09). A cobertura vacinal de crianças até um ano de idade, em Goiás, é boa dentro dos parâmetros internacioais A incidência de casos de dengue cresceu 11 vezes entre 2001 e 2002, exigindo que toda sociedade goiana se mobilize para combater os focos do mosquito transmissor dessa doença. Economia e grandes projetos Goiás possui vantagens comparativas em relação a outras unidades da Federação, tornando-o atraente para uma série de atividades econômicas. Está, também, próximo aos grandes mercados consumidores do país ressaltando-se, em especial, que o Distrito Federal está inserido no Estado. As administrações estaduais adotaram, na última década, políticas com objetivo de atrair empresas como as do setor de agronegócios e farmacêutico, visando gerar riqueza, empregos e diversificar a produção local. A localização geográfica do Estado torna-o, ainda, parte de projetos nacionais de infra-estrutura idealizados na esfera federal. A disponibilidade de água e as características topográficas do território goiano têm possibilitado diversos aproveitamentos hidrelétricos, alguns deles entre os maiores do país. De um lado, a grande dotação de recursos naturais dá boas perspectivas de crescimento econômico para Goiás mas, por outro, traz grandes preocupações quanto à sustentabilidade desse crescimento, particularmente em seus aspectos sociais e ambientais. Existe a possibilidade de que a intensa utilização dos recursos naturais que ocorreu nas últimas décadas, sem que se contabilizassem as funções que a natureza desempenha para a produção econômica, possa ter levado a decisões equivocadas em muitas políticas públicas e investimentos privados, pondo em risco, no longo prazo, a própria sustentabilidade do crescimento econômico. É importante lembrar que cada empreendimento causa distintos impactos – positivos e negativos – no território, sob os aspectos econômicos, sociais e ambientais, devendo ser objeto de uma análise conjunta, que avalie seus impactos cumulativos sobre o ambiente e população estadual. Essa avaliação deve auxiliar na tomada de decisões, particularmente no que se refere a políticas públicas. A difusão das informações relativas aos possíveis impactos dos projetos é essencial para que a sociedade goiana possa propor e adotar as medidas que considere adequadas, na busca de maximizar os efeitos positivos e minimizar e, melhor ainda, evitar impactos negativos que considere altamente indesejáveis. AS DIFERENÇAS REGIONAIS Goiás: diferenças regionais Relevo – Destaques: A maior parte do território goiano está entre 300 e 900m de altitude. O relevo consiste em grandes superfícies aplainadas, talhadas em rochas cristalinas e sedimentares. Cinco unidades compõem o quadro morfológico: ➢ O planalto cristalino do leste se situa na porção leste de Goiás. Sua elevada superfície com mais de 1.000m de altitude em alguns locais, forma o divisor de águas entre as bacias do Paranaíba e do Tocantins. É essa a mais elevada unidade de relevo de toda a região Centro-Oeste; ➢ O planalto cristalino do Araguaia-Tocantins ocupa o norte do estado. Tem altitudes mais reduzidas, em geral de 300 a 600m; 21 ➢ O planalto sedimentar do São Francisco, também chamado Espigão Mestre, vasto chapadão arenítico, caracteriza a região nordeste do estado, na região limítrofe com a Bahia; ➢ O planalto sedimentar do Paraná, extremo sudoeste do estado, é formado por camadas sedimentares e basálticas ligeiramente inclinadas, de que resulta um relevo de grandes planuras escalonadas; ➢ A planície aluvial do médio Araguaia, na região limítrofe de Goiás e Mato Grosso, tem o caráter de ampla planície de inundação, sujeita à deposição periódica de aluviões. Clima – Destaques: • O tipo climático que caracteriza o estado de Goiás, é o clima tropical com verões chuvosos e invernos secos. Este domina a maior parte do estado. As temperaturas médias anuais variam entre 23ºC, ao norte, e 20ºC, ao sul. • Os totais pluviométricos oscilam entre 1.800mm, a oeste, e 1.500mm, a leste, com forte contraste entre os meses de inverno, secos, e os meses de verão, chuvosos. • O clima tropical de altitude aparece apenas na região do alto planalto cristalino (área de Anápolis, Goiânia e Distrito Federal), onde, por efeito da maior altitudes, se registram temperaturas em geral mais baixas, embora o regime pluvial conserve a mesma oposição entre as estações chuvosa de verão e seca de inverno. Vegetação A maior parte do território de Goiás é recoberta por vegetação de campos cerrados. As matas, embora pouco desenvolvidas especialmente, têm grande importância econômica para o estado, de vez que constituem as áreas preferidas para a prática da agricultura, em virtude de uma maior fertilidade de seus solos, em comparação com os solos do cerrado. Hidrografia A rede hidrográfica está dividida em duas partes: uma constituída pelos rios que drenam para o Paraná, a outra, pelos rios que escoam para o Tocantins ou para seu afluente, o Araguaia. O divisor de águas entre as duas bacias passa pelo centro do estado, atravessando-o de leste a oeste. O limite oriental de Goiás segue o divisor de águas entre as bacias dos rios Tocantins e São Francisco e o divisor de águas entre as bacias do Tocantins e do Paranaíba. Todos os rios apresentam regime tropical, com cheias no semestre de verão, estação chuvosa. Por esta razão Goiás e conhecido como o berço das águas. Aqui temos a importância da preservação dos mananciais do de Goiás e do cerrado. Diferenças Econômicas e Sociais Entre o Norte e o Sul de Goiás Historicamente a porção norte do Estado de Goiás, atual Tocantins desde 1988, sempre foi mais pobre, economicamente, do que a região sul do Estado. Comprovando os desequilíbrios regionais, os dados referentes à população municipal (1920) revelam que entre 10 municípios de maior população, apenas três eram situados na porção setentrional, correspondendo a 11,4 por cento do total. Hoje, no atual Estado de Goiás, esta disparidade econômica ainda persiste. A porção norte do Estado guarda os piores índices de desenvolvimento econômico e humano. Aqui temos um destaque para a região nordeste do Estado, que concerne os piores indicadores sociais e baixo índice de industrialização. A parte sul do Estado é a mais desenvolvida economicamente. Nesta área temos uma agricultura voltada para exportação, uma pecuária intensiva, boa industrialização e mais áreas de atração turística. PARTIDOS POLÍTICOS EM GOIÁS Panorama Administrativo, Político, Cultural de Goiás durante o Império As condições sócio-econômicas do Brasil não possibilitaram uma ação satisfatória em Goiás, durante o século XIX. A política goiana, por outra parte, era dirigida por Presidentes impostos pelo poder central. Somente no fim do 22 império em referência, começou a adquirir feições próprias. Coexistiu no aspecto cultural um verdadeiro vazio. Em Goiásos presidentes exerciam grande influência na vida política. Eram eles de livre escolha do poder central, sem vínculos familiares à terra, descontentando os políticos locais. Condicionado por uma série de fatores, como falta de meios de transporte e comunicação, grandes distâncias, descasos administrativos, desequilíbrio entre receita e despesa, ausência de um produto econômico básico, Goiás teve vida medíocre no transcorrer do século XIX. Não participou do surto desenvolvimentista do Brasil, embrionário a partir da década de 50 e em aceleramento depois dos anos 70. Nas últimas décadas do século XIX, grupos locais manifestaram-se insatisfeitos com a administração e responsabilizaram os Presidentes ―estrangeiros‖ pelo grande atraso de Goiás e passaram a lutar pelo nascimento de uma consciência política. Sob pretexto de afastar o ―oficialismo político‖ e partidos políticos – Liberal (1878) e Conservador – (1882). Os jornais Tribuna Livre, Publicados Goiano, Comércio, Goyaz, foram propulsores destas idéias e interesses. A conseqüência de tais movimentos foi a fortificação de grupos políticos locais, lançando as bases oligárquicas goianas. Goiás acompanhou os movimentos liberais, que grassaram no Brasil durante o século XIX. A abolição não afetou a vida econômica da Província. A transformação do regime monárquico em republicano ocorreu sem grandes dificuldades. Os Bulhões dirigentes do partido Liberal após o 15 de Novembro, apoiados pelos republicanos, tornaram-se os donos do poder em Goiás Coronelismo: a perspectiva regional Aspectos Gerais: Os aspectos da história política de Goiás desenvolveu, como no Brasil, particularidades republicanas, podendo ser dividida sua história política em: • República Velha (1889-1930) • Era Pedro Ludovico (1930-1945) • República Populista (1945-1964) • República Militar (1964-1985) • Período da redemocratização (1985?) Urbanização e mudanças sociais em Goiás. Urbanização e mudanças sociais em Goiás A construção da Estrada de Ferro foi o primeiro dinamismo na urbanização de Goiás. Em 1896 a Estrada de Ferro Mogiana chegou até Araguari (MG). Em 1909, os trilhos da Paulista atingiram Barretos (SP). Em 1913 Goiás foi ligado à Minas Gerais pela E.F. Goiás e pela Rede Mineira de Viação. Inaugurava-se uma nova etapa na ocupação do Estado. O expressivo papel das ferrovias na intensificação do povoamento goiano ligou-se a duas ordens principais de fatores: de um lado, facilitou o acesso dos produtos goianos aos mercados do litoral; de outro, possibilitou a ocupação de vastas áreas da região meridional de Goiás, correspondendo à efetiva ocupação agrícola de parte do território goiano. Entre 1888 e 1930, o adensamento e a expansão do povoamento nas porções meridionais de Goiás (Sudeste, Sul e Sudoeste) evidenciaram-se através da formação de diversos povoados, como: Nazário, Catingueiro Grande (Itauçu), Inhumas, Cerrado (Nerópolis), Ribeirão (Guapó), Santo Antônio das Grimpas (Hidrolândia), Pindaibinha (Leopoldo de Bulhões), Vianópolis, Gameleira (Cristianópolis), Urutaí, Goiandira, Ouvidor, Cumari, Nova Aurora, Boa Vista de Marzagão (Marzagão), Cachoeira Alta, 23 São Sebastião das Bananeiras (Goiatuba), Serrania (Mairipotaba), Água Fria (Caçu), Cachoeira da Fumaça (Cachoeira de Goiás), Santa Rita de Goiás, Bom Jardim (Bom Jardim de Goiás) e Baliza. Dez novos municípios surgiram então: Planaltina, Orizona, Bela Vista, Corumbaíba, Itumbiara, Mineiros, Anicuns, Trindade, Cristalina, Pires do Rio, Caldas Novas e Buriti Alegre. DIREITO PENAL PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO PENAL. Conceito de princípio. Princípios são imperativos éticos extraídos do ordenamento jurídico. São normas estruturais do direito positivo, que orientam a compreensão e aplicação do conjunto das normas jurídicas. Os princípios constitucionais de direito penal são normas, extraídas da Carta Magna, que dão fundamento à construção do direito penal. Princípio da legalidade penal e seus desdobramentos O princípio básico que orienta a construção do Direito Penal, a partir da Carta Magna, é o da legalidade penal ou da reserva legal, resumida na fórmula nullum crimen, nulla poena, sine lege, que a Constituição Federal trouxe expressa no seu art. 5º, inciso XXXIX: “XXXIX — não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. É a mais importante garantia do cidadão contra o arbítrio do Estado, pois só a lei (norma jurídica emanada do Parlamento), pode estabelecer que condutas serão consideradas criminosas, e quais as punições para cada crime. Mas o princípio da legalidade possui dois desdobramentos principais. Sem eles, a regra acima descrita tornar-se-ia letra morta: Princípio da anterioridade A lei, que define o crime e estabelece a pena, deve existir à data do fato. Em razão disso, proibe-se que leis promulgadas posteriormente à prática da conduta sirvam para incriminá-la. A Constituição Federal acolheu o princípio, proibindo a retroação lei prejudicial ao acusado, ao mesmo tempo em que determina a necessária retroação da lei mais favorável, como se vê do art. 5º, inciso XL: “XL — a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Princípio da tipicidade. A ilicitude penal é uma ilicitude típica, ou seja, a norma penal, que define o delito, deve fazê-lo de maneira precisa; do contrário, a autoridade poderia, a pretexto de interpretar extensivamente a lei, transformar em crimes fatos não previstos no comando legal. Embora não seja expressamente descrito na CF, o princípio da tipicidade (nullum crimen, nulla poena, sine lege certa) é uma das garantias essenciais do Estado de Direito, de modo que as leis penais vagas e imprecisas são consideras inválidas perante o ordenamento jurídico. Princípio da individualização da pena. Junto com o princípio da legalidade, o Iluminismo trouxe, para o Direito Penal, o princípio da proporcionalidade da pena; se o indivíduo é punido pelo ato praticado, é um 24 imperativo de justiça que a punição prevista seja proporcional ao delito, ou seja, quanto mais grave o crime, maior a pena. Princípio da pessoalidade ou personalidade da pena Isso traz outra conseqüência importante: só se pode punir quem, através de sua conduta, contribuiu para a prática do delito. Na Antigüidade e Idade Média, a pena atingia familiares e descendentes do criminoso; atualmente, só se admite que a pena atinja o próprio autor do fato. Abre-se, na Constituição Federal, uma única exceção: aplicada pena de perdimento de bens1, ou imposta a reparação do dano, em caso de morte do condenado a execução atingirá o patrimônio deixado para os herdeiros, consoante o art. 5º, inciso XLV: “XLV — nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas até os sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. Princípio da humanidade ou humanização das penas Também não se pode esquecer que o Direito Penal visa à ressocialização do indivíduo (vide item 1.1.4.). Dessa forma, a proporcionalidade pura e simples corre o risco de se transformar em vingança, multiplicando a violência e o sofrimento envolvidos no fato criminoso. Tambéma personalidade e os antecedentes do réu são levados em conta, para que a fixação da pena sirva tanto para a prevenção geral (evitar que as demais pessoas cometam crimes) como para a prevenção especial (recuperar o indivíduo para o convívio em sociedade). Em razão disso, as penas são individualizadas, de acordo com a natureza do delito e as características pessoais do condenado. Tal princípio encontra guarida no art. 5º da CF, nos seguintes incisos: “XLVI — a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos”. “XLVIII — a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado”. Tem-se em vista, de igual maneira, que a ciência conseguiu provar que todo indivíduo são é capaz de se ressocializar, independentemente da natureza dos atos anteriormente praticados. Tal idéia é um dos fundamentos do Direito Penal, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, e levou à erradicação da pena de morte e da prisão perpétua em quase todos os países. Por esse motivo, a aplicação da pena tem de levar em conta a possibilidade de recuperação do condenado para o convívio em sociedade, não se permitindo a imposição de penas que representem vingança ou sofrimento demasiado, ou que importem na impossibilidade de retorno ao meio social. A Constituição trata do assunto no inciso XLVII do seu art. 5º: “XLVII — não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis” 25 Por conta da vedação à prisão perpétua, necessário considerar que também a privação temporária de liberdade sofre limitações, pois a condenação a pena superior a trinta anos importaria, na prática, em uma prisão quase perpétua, tendo em vista a expectativa de vida do cidadão médio. Princípio da presunção de inocência. “LVII — ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória” É também chamado de princípio do estado de inocência. A Constituição Federal exige, para que o cidadão seja considerado culpado pela prática de um delito, que se tenham esgotados todos os meios recursais; afinal, enquanto pender recurso, mesmo que a sentença tenha sido condenatória, poderá haver absolvição. Isso traz importantes conseqüências no campo da prisão. Enquanto não houver trânsito em julgado, toda privação de liberdade terá natureza cautelar, e, por isso, será sempre uma medida excepcional, ainda que decorra de uma sentença condenatória (desde que tenha havido recurso). A LEI PENAL NO TEMPO. Tempo do crime. Para saber qual lei será aplicada ao fato criminoso, necessário precisar quando se tem por ocorrido o delito. O art. 4º do Código Penal afirma: “Considera- se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Utilizou o Código o princípio da atividade, que leva em consideração a prática da conduta, e não a ocorrência do resultado. Por exemplo: se no dia 30 de novembro alguém coloca uma bomba em um navio, e esta vem a explodir no dia 3 de dezembro, matando os passageiros, tem-se por ocorrido o crime na data em que se colocou a bomba. Tal determinação é importante, sobretudo, para fixação da maioridade penal. Se, no caso acima citado, um adolescente colocar a bomba, e no dia seguinte completar dezoito anos, terá sua responsabilidade fixada nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), e não do Código Penal. Retroatividade e ultratividade da lei penal. A função da lei é estabelecer conseqüências jurídicas para a ocorrência de determinados fatos. Se o Código Penal afirma, por exemplo: quem matar alguém sofrerá reclusão, de seis a vinte anos, isso significa que, ocorrendo um homicídio (fato), seu autor estará sujeito à pena ali fixada. Isso dá ao Estado o poder de, após submeter o indivíduo a julgamento, privá-lo de sua liberdade por 6 a 20 anos. Normalmente a lei passa a poder produzir seus efeitos somente em relação aos fatos que tenham lugar após sua vigência. Mas é possível que uma lei venha a estabelecer conseqüências jurídicas para fatos pretéritos — isso se chama retroação (de retro-agir). Também é possível que uma lei, mesmo não tendo mais vigência (revogação), venha a determinar as conseqüências de um fato ocorrido após deixar de vigorar. Dá-se a tal procedimento o nome de ultra-ação. A Constituição Federal estabelece, para a retroação, duas regras básicas: as leis não penais podem retroagir, mas respeitando o direito adquirido, a coisa 26 julgada e o ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI)2; as leis penais só podem retroagir para benefício do réu, atingindo, nesse caso, até mesmo a coisa julgada (CF, art. 5º., XL). A lei penal nova pode beneficiar o réu de duas formas: fazendo com que o fato deixe de ser criminoso (abolitio criminis) ou diminuindo a pena prevista para a prática do delito. Na primeira hipótese — o fato deixa de ser criminoso — nem inquérito policial poderá haver. Se houver inquérito, será arquivado. Se o processo está em curso, o réu será imediatamente absolvido (por extinção da punibilidade). Se houver condenação, a execução da pena será obstada. E se estiver o condenado cumprindo pena, esta será imediatamente extinta. Quando a lei mais recente apenas diminui a pena prevista, o juiz não a poderá fixar além do novo limite. Se já houve condenação, a pena será reduzida. Se a lei nova traz alguns benefícios ao réu, mas também reduz algumas vantagens, caberá ao juiz escolher qual delas é, no seu conjunto, mais benéfica, não podendo combinar elementos de uma ou de outra. Isso porque não cabe ao juiz criar uma lei nova, mas apenas determinar qual é a lei que está em vigor. Ocorre ultra-ação da lei penal quando a lei nova cria uma modalidade criminosa que não existia na lei anterior, ou aumenta a pena prevista para o delito. Nesse caso, a lei anterior, embora revogada, continua a ser utilizada para o julgamento dos fatos que tenham ocorrido durante a sua vigência. Lei excepcional e temporária. Aparente exceção à regra ocorre com as leis excepcionais ou temporárias. Diz o art. 3º do CP que “A lei excepcional ou temporária, embora tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”. Isso quer dizer que a lei excepcional ou temporária ultra-agirá, mesmo que a lei nova seja mais benéfica ao acusado. Explica-se a disposição porque a lei temporária (que surge já com prazo de vigência fixado) ou a lei excepcional (cuja vigência depende da ocorrência ou duração de um determinado fato — uma lei feita para ser utilizada em caso de guerra, por exemplo) são editadas para atender a circunstâncias incomuns, que exigem, por vezes, um maior endurecimento do sistema penal. Dessa forma, os fatos ocorridos durante o período de excepcionalidade são, em si mesmos, considerados mais graves. A LEI PENAL NO ESPAÇO. Lugar do crime