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APOSTILA -PM-1.pdf

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BUREAU JURÍDICO — Concurso para Polícia Militar de Goiás 
 
 
 
 
2014 
PÁGINA CONCURSO-PMGO 
RESUMÃO – ESTUDE E PASSE!! 
23/10/2014 
CONCURSO PM-GO – SOLDADO 
COMBATENTE 2ª CLASSE 
RESUMÃO 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
Língua Portuguesa ............... 03 
Realidade Étnica ................... 10 
Direito Penal .......................... 23 
D. constitucional ................... 111 
D. Processual Penal ............. 139 
D. Administrativo................... 150 
Penal Militar........................... 171 
L. Extravagante...................... 192 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
PORTUGUÊS 
Funções da linguagem na 
comunicação 
Para entendermos com clareza as funções da 
linguagem, é bom primeiramente conhecermos 
as etapas da comunicação. 
Ao contrário do que muitos pensam, a 
comunicação não acontece somente quando 
falamos, estabelecemos um diálogo ou 
redigimos um texto, ela se faz presente em 
todos (ou quase todos) os momentos. 
Comunicamo-nos com nossos colegas de 
trabalho, com o livro que lemos, com a revista, 
com os documentos que manuseamos, através 
de nossos gestos, ações, até mesmo através 
de um beijo de ―boa-noite‖. 
No ato de comunicação, percebemos a 
existência de alguns elementos, são eles: 
 
a) emissor: é aquele que envia a mensagem 
(pode ser uma única pessoa ou um grupo de 
pessoas). 
b) mensagem: é o conteúdo (assunto) das 
informações que ora são transmitidas. 
 
c) receptor: é aquele a quem a mensagem é 
endereçada (um indivíduo ou um grupo), 
também conhecido como destinatário. 
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual 
a mensagem é transmitida. 
 
e) código: é o conjunto de signos e de regras 
de combinação desses signos utilizado para 
elaborar a mensagem: o emissor codifica 
aquilo que o receptor irá decodificar. 
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a 
mensagem se refere. 
 
Partindo desses seis elementos, Roman 
Jakobson, linguista russo, elaborou estudos 
acerca das funções da linguagem, os quais 
são muito úteis para a análise e produção de 
textos. As seis funções são: 
 
1. Função referencial: referente é o objeto ou 
situação de que a mensagem trata. A função 
referencial privilegia justamente o referente da 
mensagem, buscando transmitir informações 
objetivas sobre ele. Essa função predomina 
nos textos de caráter científico e é privilegiado 
nos textos jornalísticos. 
 
2. Função emotiva: através dessa função, o 
emissor imprime no texto as marcas de sua 
atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. 
O leitor sente no texto a presença do emissor. 
 
3. Função conativa: essa função procura 
organizar o texto de forma que se imponha 
sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, 
seduzindo-o. Nas mensagens em que 
predomina essa função, busca-se envolver o 
leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a 
adotar este ou aquele comportamento. 
 
4.Função fática: a palavra fático significa 
―ruído, rumor‖. Foi utilizada inicialmente para 
designar certas formas usadas para chamar a 
atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa 
função ocorre quando a mensagem se orienta 
sobre o canal de comunicação ou contato, 
buscando verificar e fortalecer sua eficiência. 
 
5. Função metalingüística: quando a 
linguagem se volta sobre si mesma, 
transformando-se em seu próprio referente, 
ocorre a função metalingüística. 
 
6. Função poética: quando a mensagem é 
elaborada de forma inovadora e imprevista, 
utilizando combinações sonoras ou rítmicas, 
 4 
jogos de imagem ou de ideias, temos a 
manifestação da função poética da 
linguagem. Essa função é capaz de 
despertar no leitor prazer estético e surpresa. 
É explorado na poesia e em textos 
publicitários. 
 
Essas funções não são exploradas 
isoladamente; de modo geral, ocorre a 
superposição de várias delas. Há, no 
entanto, aquela que se sobressai, assim 
podemos identificar a finalidade principal do 
texto. 
 
LÍNGUA PADRÃO E VARIEDADES 
LINGUÍSTICAS 
A língua padrão está ligada à variedade 
escrita, culta da língua portuguesa. Ela é 
considerada formal, "correta", e deve ser 
usada em ocasiões mais formais, tanto na 
escrita , quanto na fala. 
 
A língua não-padrão está ligada à variedade 
falada, coloquial da nossa língua. Ela é 
considerada informal, mais flexível e permite 
alguns usos que devem ser evitados quando 
escrevemos: gírias, abreviações, falta dos 
plurais nas palavras, etc. Porém, às vezes, 
encontramos essa variedade não-padrão 
também na variedade escrita : em textos 
como poesias, propagandas , jornal,etc. 
 
Os "erros" da variedade não-padrão são 
considerados, pela Lingüística, desvios ou 
variedades lingüísticas que devem ser 
respeitadas, quer dizer, não se deve 
discriminar alguém que fala "diferente"; essas 
diferenças, essas variedades se devem a 
vários fatores : 
* geográficos = diferenças do sotaque de 
cada região brasileira 
* idade = cada faixa etária possui suas 
próprias gírias 
* profissão = cada profissional tem seus 
termos ou jargões próprios da área 
* sócio-econômicas = dependendo do acesso 
aos estudos, do ambiente de cada falante, 
haverá maior ou menor conhecimento da 
língua padrão. 
 
Linguagem Verbal e Linguagem Não-
Verbal (linguagens verbais e não- verbais 
(jornais, revistas, fotografias, esculturas, 
músicas, vídeos, entre outros). 
O que é linguagem? É o uso da língua 
como forma de expressão e comunicação 
entre as pessoas. Agora, a linguagem não é 
somente um conjunto de palavras faladas ou 
escritas, mas também de gestos e imagens. 
Afinal, não nos comunicamos apenas pela 
fala ou escrita, não é verdade? 
 
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e 
daí vem a analogia ao verbo. Você já tentou 
se pronunciar sem utilizar o verbo? Se não, 
tente, e verá que é impossível se ter algo 
fundamentado e coerente! Assim, a 
linguagem verbal é que se utiliza de palavras 
quando se fala ou quando se escreve. 
 
A linguagem pode ser não verbal, ao 
contrário da verbal, não se utiliza do 
vocábulo, das palavras para se comunicar. O 
objetivo, neste caso, não é de expor 
verbalmente o que se quer dizer ou o que se 
está pensando, mas se utilizar de outros 
meios comunicativos, como: placas, figuras, 
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos 
visuais. 
 
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o 
diálogo, uma entrevista, uma reportagem no 
jornal escrito ou televisionado, um bilhete? 
Linguagem verbal! 
 
 5 
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa 
partida de futebol, o cartão vermelho, o 
cartão amarelo, uma dança, o aviso de ―não 
fume‖ ou de ―silêncio‖, o bocejo, a 
identificação de ―feminino‖ e ―masculino‖ 
através de figuras na porta do banheiro, as 
placas de trânsito? Linguagem não verbal! 
 
A linguagem pode ser ainda verbal e não 
verbal ao mesmo tempo, como nos casos 
das charges, cartoons e anúncios 
publicitários. 
Observe alguns exemplos: 
Cartão vermelho – denúncia de 
falta grave no futebol. 
 
exemplo de linguagem verbal 
(óxente, polo norte 2100) e não 
verbal (imagem: sol, cactus, 
pinguim). 
 
 Símbolo que se coloca na porta 
para indicar ―sanitário masculino‖. 
COESÃO TEXTUAL 
É um tipo de articulação gramaticalentre os 
elementos de um texto - o texto, 
compreendido como 'tecido' , 'trama'. A esse 
mecanismo que permite estabelecer boas 
relações entre os elementos do texto para 
facilitar o entendimento e torná-lo mais 
encorpado, agradável, mais atraente, é que 
se chama coesão textual ou recursos 
coesivos. 
A construção de um texto se faz em torno de 
um assunto pontuado - um tema. Esse tema, 
de uma certa forma, tem que ser 
referenciado até o fim do texto, mas será 
misturado a outros subtemas, que farão parte 
das argumentações discursivas e que vão 
gravitando em volta do tema central. Dessa 
forma vai-se mantendo o assunto no fio do 
discurso e compondo o texto, a tessitura. 
Tudo gira em torno de um jogo: um tema, um 
comentário - quando comenta-se o 
comentário, ele vira tema e nesse jogo de 
tema/comentário vai-se formando o texto. 
Num texto, os termos estão muito 
correlacionados, pois se o assunto deve-se 
manter no fio do discurso, ele vai sendo 
referenciado muitas vezes e de diversas 
maneiras. Essas referenciações necessárias 
na elaboração do texto são feitas por 
recursos coesivos - a isso é que denomina-
se 'coesão textual'. 
São tantos os recursos coesivos que podem 
ser utilizados para manter-se a coesão do 
texto, que para estudo, costuma-se dividi-los 
em tipos: recursos gramaticais e recursos 
lexicais. Os livros da linguista Ingedore 
Villaça Koch são ótimos para compreender 
esse assunto. Dentro da classificação dos 
recursos gramaticais há o emprego dos 
pronomes pessoais, demonstrativos, 
possessivos, indefinidos, relativos, advérbios, 
as desinências, etc. Como recursos lexicais 
compreende-se as rotulações, as 
nominalizações, a hiponímia, sinonímia, etc. 
Elementos básicos da narrativa 
Fato - o que se vai narrar (O quê?) 
Tempo - quando o fato ocorreu (Quando?) 
Lugar - onde o fato se deu (Onde?) 
Personagens - quem participou ou observou 
o ocorrido (Com quem?) 
Causa - motivo que determinou a ocorrência 
(Por quê?) 
Modo - como se deu o fato (Como?) 
Consequências (Geralmente provoca 
determinado desfecho) 
A modalidade narrativa de texto pode 
constituir-se de diferentes maneiras: piada, 
 6 
peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc. 
Uma narrativa pode trazer falas de 
personagens entremeadas aos 
acontecimentos, faz-se uso dos chamados 
discursos: direto, indireto ou indireto livre. 
No discurso direto, o narrador transcreve as 
palavras da própria personagem. Para tanto, 
recomenda-se o uso de algumas notações 
gráficas que marquem tais falas: travessão, 
dois pontos, aspas. Mais modernamente 
alguns autores não fazem uso desses 
recursos. 
O discurso indireto apresenta as palavras 
das personagens através do narrador que 
reproduz uma síntese do que ouviu, podendo 
suprimir ou modificar o que achar necessário. A 
estruturação desse discurso não carece de 
marcações gráficas especiais, uma vez que 
sempre é o narrador que detém a palavra. 
Usualmente, a estrutura traz verbo dicendi 
(elocução) e oração subordinada substantiva 
com verbo num tempo passado em relação à 
fala da personagem. 
Quanto ao discurso indireto livre, é usado 
como uma estrutura bastante informal de 
colocar frases soltas, sem identificação de 
quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, 
muitas vezes, um pensamento do personagem 
ou do narrador, um juízo de valor ou opinião, 
um questionamento referente a algo 
mencionado no texto ou algo parecido. Esse 
tipo de discurso é o mais usado atualmente, 
sobretudo em crônicas de jornal, histórias 
infantis e pequenos contos. 
TIPOS DE DISCURSO (direto, indireto e 
indireto livre) 
Um texto é composto por personagens que 
falam, dialogam entre si, manifestam, enfim, o 
seu discurso. 
Há três recursos para citar o discurso 
alheio: 
a) Discurso direto: 
Parece que a agulha não disse nada: mas 
um alfinete, de cabeça grande e não menor 
experiência, murmurou à pobre agulha: 
- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir 
caminho para ela e ela é que vai gozar a vida, 
enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze 
como eu, que não abro caminho para ninguém. 
Onde me espetam, fico. 
Contei esta história a um professor de 
melancolia, que me disse, abanando a cabeça: 
- Também eu tenho servido de agulha a muita 
linha ordinária! 
(Um apólogo.) Machado de Assis 
O texto reproduz a fala do alfinete e do 
professor de melancolia. Em ambos os casos, 
a reprodução da fala é com as próprias 
palavras deles, como se o leitor estivesse 
ouvindo esses personagens literalmente. 
Esse tipo de expediente é denominado de 
discurso direto, cujas marcas típicas são: 
- vem introduzido por verbo que anuncia a 
fala do personagem (murmurou, disse). Esses 
verbos são chamados de verbos de dizer 
(dizer, responder, retrucar, afirmar, falar). 
- normalmente, antes da fala do 
personagem, há dois pontos ou travessão. 
- os pronomes, o tempo verbal e palavras 
que dependem de situação são usados 
literalmente, determinados pelo contexto. 
b) Discurso indireto: 
D. Paula perguntou-lhe se o escritório era 
ainda o mesmo, e disse-lhe que descansasse, 
que não era nada; dali a duas horas tudo 
estaria acabado. 
Nessa passagem o narrador reproduz a fala 
da personagem literalmente, mas usa suas 
próprias palavras. 
A fala de D. Paula chega ao leitor por via 
indireta, por isso esse expediente é 
 7 
denominado de discurso indireto, cujas marcas 
são: 
- discurso indireto também é introduzido por 
verbo de dizer. 
- vem separado da fala do narrador por uma 
partícula introdutória, normalmente a conjunção 
que ou se. 
- os pronomes, o tempo verbal e elementos 
que dependem de situação são determinados 
pelo contexto do narrador: o verbo ocorre na 3ª 
pessoa. 
Vejamos um confronto dos discursos direto 
e indireto. 
- Discurso direto: D. Paula disse: - Daqui a 
duas horas tudo estará acabado. 
- Discurso indireto: D. Paula disse que dali a 
duas horas tudo estaria acabado. 
Na conversão do discurso direto para o 
indireto, as frases interrogativas, exclamativas 
e imperativas passam todas para a forma 
declarativa. 
c) Discurso indireto livre: 
Baleia encostava a cabecinha fatigada na 
pedra. A pedra estava fria, certamente Sinhá 
Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito 
cedo. 
Baleia queria dormir. E lamberia as mãos de 
Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se 
espojariam com ela, rolariam com ela num 
pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo 
ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. 
Aqui, quase não conseguimos observar os 
limites entre a fala do narrador e a do 
personagem. 
Somente observando o tempo verbal e os 
adjetivos é que supomos tratar-se do discurso 
do personagem. 
Para um esclarecimento melhor, 
observemos os discursos abaixo: 
- Discurso direto: Baleia pensava: O mundo 
ficará todo cheio de preás, gordos, enormes. 
- Discurso indireto: Baleia pensava que o 
mundo todo ficaria todo cheio de preás, gordos, 
enormes. 
- Discurso indireto livre: O mundo ficaria 
todo cheio de preás, gordos, enormes. 
Notamos que o discurso indireto livre é um 
discurso que exclui os verbos de dizer e a 
partícula introdutória. 
Quanto à citação do discurso alheio, cada 
citação assume um papel distinto no interior do 
texto, pois: 
Ao escolher o discurso direto, cria-se um 
efeito de verdade, dando a impressão de 
preservar a integridade do discurso. 
Já a opção pelo discurso indireto cria 
diferentes efeitos de sentido. 
O primeiro, que elimina elementos 
emocionais ou afetivos gera um efeito de 
sentido de objetividade analítica, 
depreendendo apenaso que o personagem diz 
e não como diz. 
O segundo tipo serve para analisar as 
palavras e o modo de dizer dos outros e não 
somente o conteúdo de sua comunicação. 
E o discurso indireto livre mescla a fala do 
narrador e do personagem. Do ponto de vista 
gramatical, o discurso é do narrador; do ponto 
de vista do significado, o discurso é do 
personagem. 
O efeito de sentido do discurso indireto livre 
está entre a subjetividade e a objetividade. 
 
 
SEMÂNTICA 
Semântica é o estudo do sentido das 
palavras de uma língua. 
Na língua portuguesa, o significado das 
palavras leva em consideração: 
Sinonímia: É a relação que se estabelece 
entre duas palavras ou mais que apresentam 
significados iguais ou semelhantes, ou seja, os 
 8 
sinônimos: Exemplos: Cômico - engraçado / 
Débil - fraco, frágil / Distante - afastado, 
remoto. 
Antonímia: É a relação que se estabelece 
entre duas palavras ou mais que apresentam 
significados diferentes, contrários, isto é, os 
antônimos: Exemplos: Economizar - gastar / 
Bem - mal / Bom - ruim. 
Homonímia: É a relação entre duas ou 
mais palavras que, apesar de possuírem 
significados diferentes, possuem a mesma 
estrutura fonológica, ou seja, os homônimos: 
As homônimas podem ser: 
Homógrafas: palavras iguais na escrita e 
diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto 
(substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular 
presente indicativo do verbo gostar) / conserto 
(substantivo) - conserto (1ª pessoa singular 
presente indicativo do verbo consertar); 
Homófonas: palavras iguais na pronúncia e 
diferentes na escrita. Exemplos: cela 
(substantivo) - sela (verbo) / cessão 
(substantivo) - sessão (substantivo) / cerrar 
(verbo) - serrar ( verbo); 
Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na 
escrita. Exemplos: cura (verbo) - cura 
(substantivo) / verão (verbo) - verão 
(substantivo) / cedo (verbo) - cedo (advérbio); 
Paronímia: É a relação que se estabelece 
entre duas ou mais palavras que possuem 
significados diferentes, mas são muito 
parecidas na pronúncia e na escrita, isto é, os 
parônimos: Exemplos: cavaleiro - cavalheiro / 
absolver - absorver / comprimento - 
cumprimento/ aura (atmosfera) - áurea 
(dourada)/ conjectura (suposição) - conjuntura 
(situação decorrente dos acontecimentos)/ 
descriminar (desculpabilizar - discriminar 
(diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as 
folhas) - folhear (passar as folhas de uma 
publicação)/ despercebido (não notado) - 
desapercebido (desacautelado)/ geminada 
(duplicada) - germinada (que germinou)/ mugir 
(soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor 
(que percorre) - precursor (que antecipa os 
outros)/ sobrescrever (endereçar) - subscrever 
(aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - 
vincular (ligar) / descrição - discrição / onicolor - 
unicolor. 
Polissemia: É a propriedade que uma 
mesma palavra tem de apresentar vários 
significados. Exemplos: Ele ocupa um alto 
posto na empresa. / Abasteci meu carro no 
posto da esquina. / Os convites eram de graça. 
/ Os fiéis agradecem a graça recebida. 
Homonímia: Identidade fonética entre 
formas de significados e origem 
completamente distintos. Exemplos: 
São(Presente do verbo ser) - São (santo) 
Conotação e Denotação: 
Conotação é o uso da palavra com um 
significado diferente do original, criado pelo 
contexto. Exemplos: Você tem um coração de 
pedra. 
Denotação é o uso da palavra com o seu 
sentido original. Exemplos: Pedra é um corpo 
duro e sólido, da natureza das rochas. 
 
SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS 
O significado de algumas palavras pode ser 
identificado através da estrutura de seus 
elementos mórficos. 
Na seqüência veremos os prefixos, os 
sufixos e os radicais, a partir de sua origem 
grega ou latina e a relação com a língua 
portuguesa. 
SEMÂNTICA 
 
O estudo das significações das palavras é um 
assunto na língua portuguesa exclusivo da 
Semântica. 
 9 
No que diz respeito ao aspecto semântico da 
língua, pode-se destacar três propriedades: 
 
 • Sinonímia 
 • Antonímia 
 • Polissemia 
Sinonímia 
 
Sinonímia é a divisão na Semântica que estuda 
as palavras sinônimas, ou aquelas que 
possuem significado ou sentido semelhante. 
Vejamos: 
 
1. A garota renunciou veementemente ao 
pedido para que comesse. 
2. A menina recusou energeticamente ao 
pedido para que comesse. 
3. A mocinha rejeitou impetuosamente ao 
pedido para que comesse. 
 
Vemos que os substantivos ―garota‖, ―menina‖ 
e ―mocinha‖ têm um mesmo significado, 
sentido, todos correspondem e nos remete à 
figura de uma jovem. Assim também são os 
verbos ―renunciou‖, ―recusou‖ e ―rejeitou‖, que 
nos transmite ideia de repulsa, de ―não querer 
algo‖ e também os advérbios que nos fala da 
maneira que a ação foi cometida 
―veementemente‖, ―energeticamente‖ e 
―impetuosamente‖, ou seja, de modo intenso. 
 
Podemos concluir, a partir dessa análise, 
que sinonímia é a relação das palavras que 
possuem sentido, significados comuns. 
 
O objeto possuidor da maior quantidade de 
sinonímias ou sinônimos que existe é, com 
certeza, o dicionário. 
 
Antonímia 
 
Se por um lado sinonímia é o estudo das 
palavras dos significados semelhantes na 
língua, antonímia é o contrário dessa definição. 
Vejamos: 
 
1. A garota renunciou veementemente ao 
pedido para que comesse. 
2. A senhora aceitou passivamente ao pedido 
para que comesse. 
 
Percebemos que ―garota‖ tem significado 
oposto à ―senhora‖ assim como os verbos 
―renunciou‖ e ―aceitou‖ e os advérbios 
―veementemente‖ e ―passivamente‖. Assim, 
quando opto por uma palavra opto também 
pelo seu significado que de alguma forma 
remete a outro sentido, em oposição. Por 
exemplo, se alguém diz: 
 
―Ela é bela‖, quer dizer o mesmo que, ―Ela não 
é feia‖. 
 
Ao estudo das palavras que indicam 
sentidos opostos, denominamos antonímia. 
 
Polissemia ou Homonímia 
 
Uma mesma palavra na língua pode assumir 
diferentes significados, o que dependerá do 
contexto em que está inserida. Observe: 
 
1. A menina fez uma bola de sabão com o 
brinquedo. 
2. A mãe comprou uma bola de basquete 
para o filho. 
3. O rapaz disse que sua barriga tem formato 
de bola. 
4. A professora falou para desenhar 
uma bola. 
 
Constatamos que uma mesma palavra, 
―bola‖, assumiu diferentes significados, a 
partir de um contexto (situação de 
 10 
linguagem) diferente nas frases, 
respectivamente: o formato que a bolha de 
sabão fez; o objeto usado em jogos; o 
aspecto arredondado da barriga e ainda o 
sentido de círculo, circunferência na última 
oração. 
 
Polissemia (poli=muitos e semos= 
significados) é o estudo, a averiguação das 
significações que uma palavra assume em 
determinado contexto linguístico. 
 Realidade Étnica 
 
Introdução – Geografia e História de Goiás 
 
A construção de Goiânia e a nova 
dinâmica econômica de Goiás 
 A construção de Goiânia dentro da ―Marcha 
Para o Oeste‖ de Getúlio Vargas representou 
o segundo dinamismo na urbanização de 
Goiás.A partir de 1930 inaugurou-se uma 
nova fase no processo de ocupação agrícola 
de Goiás, sob a égide da política de Getúlio 
Vargas, conhecida como "Marcha para o 
Oeste", e sob a influência de novas 
necessidades da economia mundial, que se 
refletiram diretamente sobre a economia 
nacional. 
 A expansão agrícola de Goiás neste 
período respondeu a estímulos exógenos, ou 
seja, aos interesses das classesagrária e 
industrial de São Paulo. 
Rumo Para o Oeste – A construção de 
Goiânia 
 Em 1940, Vargas reafirmou a missão de 
Goiás e de Goiânia ao dizer que "o 
verdadeiro sentido de brasilidade é o rumo 
do Oeste". A "Marcha para o Oeste" definiu-
se assim como uma das faces da política 
econômica de Vargas, necessária para a 
consolidação global dos planos presidenciais. 
 Foi dentro desta política federal de "Marcha 
para o Oeste" que se deu a construção de 
Goiânia, marco fundamental deste primeiro 
ciclo de expansão de Goiás sob novos 
moldes. Em 1940 Vargas definiu o sentido da 
interiorização. "Torna-se imperioso localizar 
no centro geográfico do País, poderosas 
forças capazes de irradiar e garantir a nossa 
expansão futura. Do alto dos nossos 
chapadões infindáveis, onde estarão, 
amanhã, grandes celeiros do País, deverá 
descer a onda civilizadora para as planícies 
do Oeste e do Nordeste", declarou. 
 Goiânia não representou apenas uma 
cidade a mais no Brasil. Foi o ponto de 
partida de um ciclo de expansão do Oeste, 
fator de desenvolvimento nacional, fator de 
unificação política. Goiânia seria uma nova 
forma de bandeirantismo. 
As Colônias Agrícolas 
 A par do estímulo à fundação de Goiânia, 
centro dinamizador da região, o Governo 
Federal prosseguiu a sua política de 
interiorização através da fundação de várias 
colônias agrícolas espalhadas pelas áreas 
mais frágeis do País. Em Goiás, esta política 
foi concretizada na criação da Colônia 
Agrícola Nacional de Goiás e na ação da 
Fundação Brasil Central. 
 Estes empreendimentos deram um novo 
impulso na expansão rumo ao Oeste. A 
cidade de Ceres e Carmo do Rio Verde são 
representantes deste momento de ocupação. 
Esta ocupação pode também ser chamada 
de ocupação planejada. Este período se 
estende de 1930 a 1945. 
 No segundo governo de Vargas o centro da 
política econômica passou a ser a 
modernização do Centro-Sul, com a tentativa 
de criação de indústrias de base sob a égide 
do Estado. A "Marcha para o Oeste", núcleo 
da primeira gestão, perdeu sua razão de ser. 
Portanto, no período de 1945-1955, a política 
de expansão agrícola, se comparada com a 
 11 
fase anterior, sofreu uma desativação em 
resposta a condições internacionais e 
nacionais. 
 
 
As Estradas de Rodagem – Urbanização 
A construção de Brasília representou um 
terceiro dinamismo na ocupação de Goiás. A 
partir de meados da década de 1950, ocorreu 
uma retomada da "Marcha para o Oeste", 
com a construção de Brasília. A construção 
da capital federal no cento do país fomentou 
a construção de estradas de rodagem que 
ligaram a porção meridional do antigo Estado 
de Goiás à área hegemônica do 
desenvolvimento capitalista brasileiro: o 
sudeste. 
Com Brasília e as rodovias que a ligaram a 
outras regiões do país nascem ou 
floresceram em Goiás um forte processo de 
ocupação. Um bom exemplo disso foram os 
núcleos urbanos surgidos no trajeto da BR – 
153 (Belém-Brasília). 
Uma Tendência da Urbanização no Brasil 
Goiás, nas últimas décadas do século 
passado e primeiros anos deste século, 
passou a acompanhar a tendência de 
crescimento populacional e econômico das 
médias cidades, sendo hoje um Estado que 
atrai imigrantes. 
 Assim, depois de uma urbanização 
explosiva, que concentrou população nas 
grandes metrópoles – principalmente do 
Sudeste – ao longo dos anos 70 e 80, o 
Brasil está passando por mudanças na 
distribuição de sua população. 
 A marca desta década é interiorização 
do crescimento e a formação de novas 
aglomerações urbanas. Essas são algumas 
das principais conclusões do mais 
aprofundado estudo sobre o tema realizado 
no país nos últimos anos e que está em fase 
de conclusão, sendo realizado pelo IPEA 
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 
com apoio do IBGE e da Unicamp, além de 
outras instituições, como o Seade (Serviço 
Estadual de Análise de Dados de São Paulo). 
Velocidade da Urbanização 
 Em meio século, o Brasil sofreu um dos 
mais rápidos processos de urbanização de 
urbanização do mundo: de 46% em 1940, as 
cidades passaram a abrigar 75% da 
população brasileira em 1991. 
 A industrialização tornou os centros 
urbanos responsáveis por 90% de tudo o que 
é produzido no país. Esse processo levou a 
uma concentração de pessoas em grandes 
metrópoles como São Paulo e Rio de 
Janeiro, que figuram entre as maiores 
cidades do mundo. 
 Nos anos 90, a urbanização brasileira 
continua forte: já atingiu 80% da população e 
deve chegar a 88% em 2025 – segundo 
projeções nas Nações Unidas. Mas adquiriu 
novas características. 
A Nova Tendência 
 A tendência atual e que deve se manter no 
futuro é a interiorização do crescimento 
populacional. Em lugar de se concentrar nas 
metrópoles tradicionais, há um aumento mais 
acelerado de população nas antigas 
periferias nacionais. A interiorização se 
traduz no ―espraiamento‖ do fenômeno de 
formação de metrópoles. São os casos, por 
exemplo, de Goiânia e Campinas (SP). O em 
aglomerações urbanas não-metropolitanas, 
como Cabo Frio (RJ) e Itajaí (SC) – todas 
com taxas de crescimento superiores à 
média do país. 
Cidades médias 
 Reflexo disso, as cidades médias, entre 
100 mil e 500 mil habitantes, foram as que 
registraram o maior crescimento absoluto nos 
anos 90. Juntas, passaram a abrigar 36,7 
 12 
milhões de brasileiros em 1996, contra 31,9 
milhões em 1991. 
 Ao mesmo tempo, segundo o estudo 
coordenado pelo IPEA, ―em praticamente 
todas as regiões brasileiras, as pequenas 
cidades apresentam saldos migratórios 
negativos‖. Ou seja, vêm expulsando mais 
gente do que recebendo. 
 Protagonistas do processo de 
urbanização até a década passada, as 
regiões metropolitanas vêm apresentando 
crescimento relativamente abaixo nos anos 
90: 7,8% em média entre 1991 e 1996. 
Explicação 
 Uma explicação levantada pelo estudo 
está ligada à terceirização da economia das 
metrópoles. Ela provocou uma queda no 
padrão de renda e redução dos postos de 
trabalho assalariados. Em outras palavras: 
piora na qualidade das relações trabalhistas. 
 Sem perspectiva de proporcionar uma 
ascensão social, essas cidades perderam 
seu poder de atrair levas de migrantes. 
 ―O bloqueio à mobilidade, representado 
pela redução do crescimento econômico‖, diz 
o estudo, ―poder ter incentivado uma menor 
migração em direção as principais 
metrópoles, como deve também ter 
favorecido a migração de retorno (às regiões 
de origem dos migrantes)‖. 
 Seguindo uma tendência mundial, os 
moradores que permaneceram nas regiões 
metropolitanas passaram também por um 
processo de centrifugação: pressionados 
pelo encarecimento do custo de vida, foram 
empurrados da cidade central para o seu 
entorno. 
 Enquanto o número de habitantes no 
núcleo das regiões metropolitanas cresce em 
média 3,1%, a população das cidades 
periféricas aumentou 14,7% em cinco anos. 
 Na Grande São Paulo, por exemplo, a 
capital paulista registrou um crescimento de 
apenas 2% entre 1991 e 1996. Mas a 
população da vizinha Guarulhos cresceu 
23,4% no mesmo período. 
Novas Aglomerações 
 Há um intenso processo de formação de 
aglomerações urbanas no país. Elas já 
chegam a 49 e concentram 45% dos 
brasileiros (73 milhões de habitantes). 
 As aglomerações são caracterizadas 
pela concentração de pessoas e atividades 
econômicas em uma mesma área. São 
cidades cujas malhas urbanas podem ou não 
ser interligadas fisicamente(conurbadas). O 
essencial de uma aglomeração urbana é a 
grande mobilidade de seus moradores e o 
intenso fluxo de bens e serviços entre as 
cidades que a formam. 
 Num dos casos mais comuns, as 
pessoas moram em uma cidade, mas se 
deslocam para trabalhar, fazer compras ou ir 
à escola no município vizinho. 
 A tendência de multiplicação das 
aglomerações implica mudanças também na 
gestão urbana. 
 Para lidar com problemas que dizem 
respeito a vários municípios (lixo, captação 
de água, segurança e transporte, por 
exemplo), ela defende a formação de 
consórcios entre as prefeituras. 
 Todas essas transformações mudaram 
também os conceitos tradicionais de urbano 
e rural. Apesar de ainda haver êxodo do 
campo, entre 1992 e 1997 – segundo o 
Projeto urbano (coordenado pela Unicamp) – 
a população rural brasileira com 10 anos ou 
mais de idade cresceu em 530 mil pessoas. 
 Além do crescimento das ocupações 
não-agrícolas no meio rural, um dos fatores 
determinantes desse fenômeno foi o 
crescimento da mobilidade: muitas pessoas 
 13 
continuam morando na área rural, mas 
trabalham nas cidades (e vice-versa). Ou 
seja, os conceitos tradicionais de população 
urbana e rural são insuficientes para explicar 
as novas relações entre o campo e a cidade. 
 
Problemas da Urbanização Desenfreada 
em Goiás 
Na área do entorno do Distrito Federal 
temos a problemática da definição de 
administração nos municípios que a 
compõem. A população destes municípios 
trabalha no Distrito Federal, mas moram em 
Goiás, o que gera uma grave falta de 
infraestrutura nestes municípios. 
 Goiânia e seus municípios conurbados – 
Conurbação é o nome que se dá para o 
crescimento de duas ou mais cidades 
vizinhas, que acabam por formar um único 
aglomerado urbano. Em geral, numa 
conurbação existe uma cidade principal e 
uma (ou mais de uma) cidade-satélite. 
Exemplo: São Paulo e cidades anexas 
(Santo André, São Bernardo, São Caetano, 
Mauá, Guarulhos, Osasco) – Aparecida de 
Goiânia e Senador Canedo, por exemplo, 
passam a ter que gerenciar problemas de 
impostos, serviços e de infraestrutura de 
forma conjunta. 
 Goiânia é a maior Metrópole Regional do 
Centro Oeste do Brasil. Metrópoles regionais 
são grandes cidades, porém menores e 
menos equipadas que as metrópoles 
nacionais. 
 
A modernização da agricultura e os 
impactos 
Modernização da Agricultura: impactos na 
economia goiana 
 A soja, principal cultura comercial quanto 
ao valor da produção de Goiás, foi 
introduzida no estado somente em 1980. 
Conquistou o cerrado com sementes 
adaptadas e aplicação de calcário para 
combater a acidez do solo. Com o 
lançamento de novas variedades de grãos 
mais resistentes à armazenagem e às 
pragas, vem-se registrando substancial 
aumento da produtividade. 
 A agricultura modernizada propiciou o 
grande crescimento de uma pecuária 
modernizada. Goiás tem hoje uma forte e 
crescente agroindústria. O principal ramo 
industrial do estado é o da indústria de 
produtos alimentícios, que se concentra nas 
cidades de Goiânia, Anápolis e Itumbiara 
(pasteurização de leite e fabricação de 
laticínios; beneficiamento de produtos 
agrícola abate de animais). Segue-se a 
indústria transformação de produtos de 
minerais não-metálicos e, em plano muito 
inferior, as indústrias metalúrgicas, químicas, 
têxteis, de bebidas, editorial e gráfica, de 
vestuário e de madeira. 
 Mais recentemente com programas de 
isenções fiscais Goiás recebeu incrementos 
industriais principalmente nos pólos 
industriais de Anápolis, Rio Verde e Catalão 
(montadoras). A guerra fiscal consiste na 
disputa pelo poder público, municípios, 
estados ou países, para atrair empresas, 
dando-lhes facilidades tais como: isenções 
de impostos, terrenos ou financiamentos. 
 
 
 Os Impactos da 
Modernização da Agricultura 
no Cerrado 
 O cerrado é um tipo de vegetação que 
ocorre no Planalto Central brasileiro, em 
certas áreas da Amazônia e do Nordeste, em 
terreno geralmente plano, caracterizado por 
árvores baixas e arbustos espaçados, 
associados a gramíneas, também 
denominados campo cerrado. É um gradiente 
fisionômico floristicamente similar, de 
 14 
vegetação com capim, ervas e arbustos, 
principalmente no Brasil Central. Apresenta-
se desde árvores raquíticas, muito 
espalhadas, enfezado (campo sujo), menos 
um pouco (campo cerrado), arvoredo baixo 
(cerrado) até floresta (cerradão). As árvores 
são sempre tortuosas e de casca grossa. 
 O Sistema Biogeográfico dos Cerrados 
abrange área de uma grandeza espacial, que 
recobre quase dois milhões de quilômetros 
quadrados. A área dos cerrados inclui 
praticamente a totalidade dos Estados de 
Goiás e Tocantins, Oeste de Minas Gerais e 
Bahia, Leste e Sul de Mato Grosso, quase a 
totalidade do Estado do Mato Grosso do Sul 
e Sul dos Estados do Maranhão e Piauí. 
 O que se procura definir com o termo 
cerrado não é apenas um tipo de vegetação, 
mas um conjunto de tipos fisionomicamente 
distribuídos dentro de um gradiente que tem 
como limites, de um lado o campo limpo e de 
outro lado o cerradão. Nesse contexto, 
podem ser agregadas as ilhas de matas e 
matas galerias, integrantes decisivas desse 
bioma. 
 Texto de Altair Sales Barbosa 
Mata Galeria: é a vegetação que no domínio 
do cerrado acompanha os vales fluviais. 
Apresenta-se com árvores de maior porte 
que o cerrado. É, também, uma vegetação 
bem mais diversificada. 
Os Solos do Cerrado e a Ação 
Antrópica 
 Hoje os solos do Cerrado são 
antropicamente férteis, pois nos anos 
setenta, cientistas brasileiros criaram a 
técnica de correção dos solos ácidos 
chamada de calagem. 
O que é a Calagem? 
 É a adição de calcário ao solo para 
correção de sua acidez. Solos são ácidos 
apresentam grande concentração de íons 
hidrogênio e/ou alumínio no solo. 
 A acidez dos solos promove o 
aparecimento de elementos tóxicos para as 
plantas (Al) além de causar a diminuição da 
presença de nutrientes para as mesmas. As 
conseqüências são os prejuízos causados 
pelo baixo rendimento produtivo das culturas. 
Portanto, a correção é considerada como 
uma das práticas que mais contribui para o 
aumento da eficiência dos adubos e 
conseqüentemente, da produtividade e da 
rentabilidade agropecuária. 
 A correção adequada do pH do solo é 
uma das práticas que mais benefícios traz ao 
agricultor, sendo uma combinação favorável 
de vários efeitos dentre os quais mencionam-
se os seguintes: eleva o pH; fornece Cálcio e 
Magnésio como nutrientes; diminui ou elimina 
os efeitos tóxicos do Alumínio, Manganês e 
Ferro; diminui a "fixação" de fósforo; aumenta 
a disponibilidade do NPK, cálcio, magnésio, 
enxofre e Molibdênio no solo; aumenta a 
eficiência dos fertilizantes; aumenta a 
atividade microbiana e a liberação de 
nutrientes. tais como Nitrogênio, fósforo e 
boro, pela decomposição da matéria 
orgânica; aumenta a produtividade das 
culturas como resultado de um ou mais dos 
efeitos anteriormente citados. 
 Por outro lado a correção de solo sem 
práticas da curva de nível nas lavouras pode 
alterar o pH dos das águas e causar ou 
acelerar o processo de eutrofização das 
águas. 
 A cultura do milho aparece freqüência 
associada à criação de suínos e plantio do 
feijão. Outras culturas do estado são o 
algodão, a mandioca e a cana-de-açúcar. As 
duas últimas têm mais caráter e culturas de 
subsistência, associadas, quasesempre, ao 
fabrico de farinha, aguardente rapadura. 
 15 
 O rebanho de bovinos e suínos de Goiás 
é expressivo. Na porção noroeste do Estado 
predomina a criação extensiva de gado. 
 O extrativismo vegetal inclui grandes 
desmatamentos de áreas do cerrado para 
utilização do carvão vegetal preparado em 
carvoarias. 
 
 
 
 
 Principais Problemas 
Ambientais do Cerrado 
 
Desmatamento 
 Ato ou efeito de derrubar árvores e 
destruir matas e florestas de modo 
desordenado e abusivo. Condenado por 
ecologistas a partir da década de 1970, é 
considerado nocivo ao equilíbrio ambiental. 
Também chamado desflorestamento, através 
da prática de corte, capina ou queimada que 
leva à retirada da cobertura vegetal existente 
em determinada área em geral para fins de 
pecuária, agricultura ou expansão urbana. 
Voçoroca 
 Processo erosivo subterrâneo, causado 
por infiltração de águas pluviais, através de 
desmoronamento e que se manifesta por 
grandes fendas na superfície do terreno 
afetado, especialmente quando este é, de 
encosta e carece de cobertura vegetal. 
 
 
 
Erosão Eólica 
 Consiste na retirada de sedimentos sob a 
ação do vento. Ela e bastante destrutiva de 
solos férteis e, muitas vezes, provoca 
soterramentos de cidades. Acontece nas 
também nas dunas. 
Desertificação 
 Nome que se dá ao processo de 
degradação da capacidade produtiva da terra 
causada pela ação do homem. Processo de 
transformação de terras não-desérticas em 
deserto, como resultado, em geral, de 
pastagem excessiva, causando exaustão da 
matéria orgânica, uso excessivo das águas 
subterrâneas nos padrões de precipitação, 
etc. 
Lixiviação 
 Processo que sofrem as rochas e solos, 
ao serem lavados pela água das chuvas (...) 
Nas regiões intertropicais de clima úmido os 
solos tornam-se estéreis com poucos anos 
de uso, devido, em grande parte, aos efeitos 
da lixiviação. Forma de meteorização e 
intemperismo que ocasiona a remoção de 
matérias solúveis por água percolante, sendo 
a lavagem do solo pela água das chuvas. 
 
Assoreamento 
 Ocorre através do entupimento do corpo 
d‘água, ou seja, fenômeno causado pela 
deposição de sedimentos minerais (como 
areia e argila) e acumulação de materiais 
orgânicos no fundo, na beira dos rios, canais 
e estuários. Tal modificação, reduz a 
profundidade do curso d‘água e a força da 
correnteza. Processo de elevação de uma 
superfície, por deposição de sedimentos. Diz-
se dos processos geomórficos de deposição 
de sedimentos, ex.: fluvial, eólio, marinho. 
Obstrução, por areia ou por sedimentos 
quaisquer, de um rio, canal ou estuário, 
geralmente em conseqüência de redução da 
correnteza. 
 16 
 
 
 
Degradação do Solo 
 Compreende os processos de 
salinização, alcalinização e acidificação que 
produzem estados de desequilíbrio físico-
químico no solo, tornando-o inapto para o 
cultivo. Modificações que atingem um solo, 
passando o mesmo de uma categoria para 
outra, muito mais elevada, quando a erosão 
começa a destruir as capas superficiais mais 
ricas em matéria orgânica. 
 O desmatamento e a conseqüente perda 
dos horizontes superficiais do solo são 
causas básicas de sua perda de equilíbrio. 
Eutrofização de Água - Cultural 
 Processo pelo qual aumenta-se o nível de 
nutrientes em um copo d‘água. Em condições 
normais, esse processo é muito vagaroso. 
Quando e eutrofização é acelerada por 
deflúvios da agricultura ou outras atividades 
humanas, o processo é denominado 
eutrofização cultural. 
 A eutrofização acelerada é problemática, 
porque resulta na retirada de oxigênio da 
água, matando os peixes ou outras formas 
de vida aquática não-vegetais. 
 Flora e a Fauna do Cerrado 
 Ao se estudar a ecologia dos 
cerrados, observa-se que uma das 
características mais marcantes de sua 
biocenose é a dependência de alguns de 
seus componentes dos biomas vizinhos. O 
cerrado, por outro lado, é um bioma de 
ligação entre os demais biomas brasileiros. 
 
 As matas galeria funcionam, no cerrado, 
como corredores naturais para os animais, 
sendo de fundamental importância sua 
preservação ou reconstrução. 
 Considerado ―feio‖, o cerrado abriga uma 
enorme biodiversidade de valor inestimável. 
Sua simplificação pela ação antrópica 
promoveu graves perdas da sua diversidade 
de fauna como a que veremos em seguida. 
 
 
Animais Presentes no Cerrado 
 Siriema, Jaburu, Tucano, Socó, 
Jacutinga, Quero-Quero, Martim-Pescador, 
Biguá, Garça Branca, Gavião, Periquitos, 
Araras, Ema, Jacaré, Macaco, Veado, Cutia, 
Ariranha, Onça Pintada, Tatu, Sucuri, Anta, 
Tamanduá, Capivara, Jaguatirica e Porco do 
Mato. 
 O Cerrado e o Fogo 
 Não se pode levar adiante qualquer estudo 
sobre os cerrados se não se tomar em 
consideração o fogo, elemento intimamente 
associado a esta paisagem. Apesar de sua 
importância para o entendimento da ecologia 
desse ambiente enquanto conjunto 
biogeográfico, a ação do fogo nos cerrados é 
ainda mal conhecida e geralmente marcada 
por questões mais ideológicas que 
científicas. 
 O estudo do fogo como agente será mais 
completo se também se observar a 
comunidade faunística e os hábitos que 
certos animais desenvolveram e que estão 
intimamente associados à sua ação, cuja 
assimilação, sem dúvida, necessita de 
arranjos evolutivos caracterizados por tempo 
relativamente longo. 
 De algumas observações constata-se, por 
exemplo, que a perdiz só faz seu ninho em 
macegas, tufos de gramíneas queimadas no 
ano anterior. 
 17 
 Da visita a várias áreas de cerrado 
imediatamente após grande queimada, tem-
se constatado que apesar da característica 
das árvores e arbustos enegrecidos 
superficialmente, estes continuam com vida, 
ostentando ainda entre a casca enegrida e o 
tronco, intensa microfauna. Fenômeno 
semelhante acontece com o estrato 
gramíneo; poucos dias após a queimada, 
mostra sinais de rebrota, que constitui 
elemento fundamental para concentração de 
certas espécies animais.O fogo, portanto, é 
um elemento extremamente comum no 
cerrado, e de tal forma antigo, que a maioria 
das plantas parece estar adaptada a ele. 
Produtos Minerais 
 A extração de produtos minerais 
desempenha juntamente com a agricultura 
um forte papel na economia de Goiás. 
Introduzida no final da década de 1960, a 
indústria da mineração avançou devagar, 
mas, em 1986, o antigo estado de Goiás já 
ocupava um lugar de destaque na produção 
mineral nacional. 
 Entretanto, uma característica da produção 
mineral goiana ainda a exportação em bruto, 
sendo o beneficiamento realizado por outros 
estados mais industrializados. 
 Quatro produtos concentram grande parte 
desta produção mineral: fosfato, amianto, 
calcário e níquel. 
 Mais de 90% da produção goiana está 
concentrada nos seguintes bens: níquel, 
ouro, amianto crisotila, calcário, água 
mineral, fósforo e nióbio. 
 As maiores reservas, além daqueles 
minerais que se destacam no item produção, 
são de titânio, terras raras e rochas 
ornamentais. 
 O Estado de Goiás é o maior produtor de 
amianto da América do Sul. A mina, 
localizada em Minaçu. Goiás também tem 
grande produção de níquel, com 72 por cento 
das reservas nacionais. Ainda se destaca na 
produção de esmeraldas. O complexo 
mineral de Campos Verdes está entre os 
maiores do Brasil. 
 Outras Potencialidades 
 Potencialidadesalém dos grandes 
depósitos e jazimentos minerais, estudiosos 
do setor destacam as potencialidades dos 
chamados minerais industriais, 
especialmente os utilizados na construção 
civil, como areia, argila e pedras 
ornamentais, encontrados, em larga escala, 
em todas as regiões de Goiás. 
 Produtos muito consumidos são telhas e 
tijolos. 
 Outro setor com potencial em franco 
desenvolvimento é o de água mineral, cujo 
mercado cresce no mundo inteiro. 
 Grandes investimentos foram feitos na 
década de 1990 na produção de ouro, 
vermiculita, nióbio e na implantação de novos 
projetos de beneficiamento de fosfato. 
Energia 
 A capacidade geradora instalada do 
estado é boa, sendo sua capacidade 
potencial muito grande. O excedente na 
produção energético de Goiás é exportado 
para outros estados. 
 A maior usina hidrelétrica de Goiás é a de 
Cachoeira Dourada, instalada no rio 
Paranaíba, município de Itumbiara. Mais 
recentemente foram implantadas as usinas 
de Serra da Mesa, Corumbá e a de Cana 
Brava. 
 Por esta razão, além da proximidade do 
Equador, se questiona o horário de verão 
para Goiás. 
 
 
Transporte 
 18 
 A rede ferroviária é constituída por apenas 
uma linha-tronco, que, partindo de Araguari, 
no Triângulo Mineiro, alcança Goiandira, 
Ipameri, Pires do Rio, Silvânia, Leopoldo de 
Bulhões e Anápolis. Da linha-tronco partem 
dois ramais, um em direção a Brasília e outro 
em direção a Goiânia. 
 No futuro Anápolis deve receber a Ferrovia 
Norte-Sul fomentando seu porto seco. 
 As principais rodovias de Goiás são 
estradas que servem á Brasília, e efetuam as 
ligações da capital federal com São Paulo, 
Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Belém. No 
eixo Brasília-São Paulo, encontram-se as 
cidades mais importantes do estado: Goiânia 
e Anápolis. 
 
Comércio e Serviços 
 As atividades do setor terciário são pouco 
representativas no estado. No entanto, o 
comércio e a prestação de serviços 
constituem os ramos mais ativos da capital, 
Goiânia, e tem grande importância em 
Anápolis, a segunda cidade do estado em 
população. Ainda não é tão grande o 
percentual de habitantes atendidos por 
serviços públicos como água canalizada, 
esgotos e telefones. 
 
Turismo 
 Entre os pontos de interesse turístico 
figuram as cidades de Caldas Novas e Goiás. 
A primeira é estância de águas hidrominerais 
(com temperatura entre 38 e 42ºC); possui 
piscinas naturais, grutas e uma lagoa, 
também de águas quentes. A segunda é 
cidade histórica, antiga capital do estado; 
conserva valioso acervo arquitetônico 
colonial (sobrados, igrejas, chafariz famoso). 
No município de Itumbiara localizam-se a 
usina e a queda da Cachoeira Dourada onde 
está sendo erguido um grande complexo 
turístico. 
 Goiás possui um grande potencial turístico 
a ser explorado. 
 Fonte : Adaptado da Enciclopédia Britânica 
Brasileira 
Dinâmica Populacional 
 Observa-se uma tendência de longo 
prazo de crescimento próximo a zero da 
população nascida em Goiás, pois a partir da 
década passada, em Goiás, as mulheres 
passaram a ter apenas dois filhos, em média, 
durante sua vida fértil. Essa trajetória é 
alterada, no curto e médio prazos, pela 
melhoria das condições de vida, com 
decréscimo da mortalidade infantil e aumento 
da expectativa de vida, o que resulta em 
menores perdas de vidas. Já se registra um 
―envelhecimento‖ da população, com as 
faixas etárias de adultos e idosos 
representando parcelas crescentes da 
população goiana, e essa tendência tende a 
se acentuar no futuro. 
 A imigração interestadual passa a ter, 
também, um papel mais relevante que do 
passado nos acréscimos populacionais do 
Estado de Goiás. A migração intraestadual 
vem dirigindo-se fortemente para a região 
urbana da capital e municípios vizinhos de 
Goiânia, e a interestadual busca as cidades 
goianas que integram o Entorno de Brasília, 
a chamada Região Integrada de 
Desenvolvimento Econômico (RIDE). Essas 
áreas – grandes pólos de atração de 
migrantes – concentram hoje mais de 50% 
da população estadual. 
 Há uma forte tendência para ser 
acentuado o desequilíbrio na distribuição 
espacial da população no território goiano e, 
por conseqüência, uma elevação da pressão 
sobre os recursos naturais - particularmente 
quanto aos recursos hídricos - nessas duas 
grandes concentrações populacionais do 
Estado. 
 19 
 Os novos pólos de dinamismo da 
atividade econômica em Goiás, farmacêutico, 
em Anápolis, e da agroindústria, em Rio 
Verde, podem contribuir para redução do 
fluxo migratório em torno de Goiânia. A 
atração de migrantes para os municípios do 
Entorno de Brasília, no entanto, tende a 
prosseguir no futuro próximo. Sua 
continuidade e volume dependem 
predominantemente de políticas nacionais e 
do Distrito Federal, já que são pessoas 
atraídas para a Capital do país e que 
viabilizam sua permanência nessa região 
residindo em municípios goianos da RIDE. 
 A partir da instalação de agroindústrias, e 
a conseqüente divulgação da possibilidade 
de existência de empregos, a migração 
resultante trouxe uma sobrecarga na infra-
estrutura social do município de Rio Verde, o 
que já preocupa moradores e autoridades 
locais. No seminário de discussão do 
GeoGoiás 2002 com representantes 
municipais foi ressaltada a falta de recursos 
financeiros para responder de forma 
adequada ao novo patamar de demanda por 
serviços públicos. 
 As modificações na estrutura etária e 
distribuição geográfica da população do 
Estado são indicadores que exigem, também, 
atenção quanto às questões específicas de 
atendimento de saúde e seguridade social 
para a população idosa. 
 
 
 
Educação 
 As taxas de analfabetismo entre a 
população de Goiás foram reduzidas de 
15,3%, em 1994, para 11,7%, em 2001. Na 
população urbana essa variação foi de 
11,75% para 9,76%, e entre a rural o 
analfabetismo passou de 21,35% para 
18,38%, no período considerado. 
 O analfabetismo na faixa etária de 15 a 
19 anos foi reduzido em mais de 60% entre 
1994 e 2001 passando de 4,2% para 1,5%. 
Em 13 municípios goianos registram-se 
atualmente altas taxas de analfabetismo, 
entre 24% e 38,3%, e somente 24 
municípios, 10% do Estado, têm taxas 
inferiores a 10,80%. 
 Com uma taxa de escolarização de 
93,2% na população de 7 a 14 anos, em 
2000, Goiás situava-se entre os Estados da 
Federação com bom atendimento da 
população escolarizável (INEP/MEC, 2002). 
Quanto ao ensino médio, as estatísticas 
disponíveis mostram uma situação 
preocupante, onde apenas 30% da 
população escolarizável (15 a 17 anos) eram 
atendidos, em 2000. E isso após ampliar a 
oferta de vagas em 50% desde 1994, quando 
apenas 19,9% da população entre 15 e 17 
anos encontrava-se nas escolas de 2º grau. 
As taxas de conclusão do ensino 
fundamental e médio reduziram-se entre 
1995 e 2000, passando de 63% para 49,1%, 
no primeiro caso, e de 75,2% para 64%, no 
ensino médio, o que também exige atenção. 
 Há, uma grande deficiência qualitativa no 
ensino oferecido, fato que certamente se 
reflete negativamente na trajetória de vida 
profissional e pessoal dos alunos goianos. 
 
Saúde 
 O número de médicos por mil 
habitantes, em Goiás, cresceu mais de 60% 
entre 1997 e 2000, atingindo a marca de 1,54 
médico por 1.000 habitantes. Esse índice, 
ainda assim, mantém-se abaixo do registrado 
na região Centro-Oeste (2,23) e no Brasil(1,94), no ano 2000. 
 O indicador de 4,40 leitos hospitalares 
por mil habitantes no Estado, em 2000, é 
superior tanto à média da região Centro-
Oeste (3,01) quanto à do país (2,87). Ele 
cresce graças à oferta de leitos pelo setor 
 20 
privado, que no citado ano era de 2,95 leitos 
por mil habitantes, acima da média regional 
(2,48) e da brasileira para o setor privado 
(2,09). 
 A cobertura vacinal de crianças até um 
ano de idade, em Goiás, é boa dentro dos 
parâmetros internacioais A incidência de 
casos de dengue cresceu 11 vezes entre 
2001 e 2002, exigindo que toda sociedade 
goiana se mobilize para combater os focos 
do mosquito transmissor dessa doença. 
Economia e grandes projetos 
 Goiás possui vantagens comparativas em 
relação a outras unidades da Federação, 
tornando-o atraente para uma série de 
atividades econômicas. Está, também, 
próximo aos grandes mercados 
consumidores do país ressaltando-se, em 
especial, que o Distrito Federal está inserido 
no Estado. As administrações estaduais 
adotaram, na última década, políticas com 
objetivo de atrair empresas como as do setor 
de agronegócios e farmacêutico, visando 
gerar riqueza, empregos e diversificar a 
produção local. A localização geográfica do 
Estado torna-o, ainda, parte de projetos 
nacionais de infra-estrutura idealizados na 
esfera federal. 
 A disponibilidade de água e as 
características topográficas do território 
goiano têm possibilitado diversos 
aproveitamentos hidrelétricos, alguns deles 
entre os maiores do país. De um lado, a 
grande dotação de recursos naturais dá boas 
perspectivas de crescimento econômico para 
Goiás mas, por outro, traz grandes 
preocupações quanto à sustentabilidade 
desse crescimento, particularmente em seus 
aspectos sociais e ambientais. 
 Existe a possibilidade de que a intensa 
utilização dos recursos naturais que ocorreu 
nas últimas décadas, sem que se 
contabilizassem as funções que a natureza 
desempenha para a produção econômica, 
possa ter levado a decisões equivocadas em 
muitas políticas públicas e investimentos 
privados, pondo em risco, no longo prazo, a 
própria sustentabilidade do crescimento 
econômico. 
 É importante lembrar que cada 
empreendimento causa distintos impactos – 
positivos e negativos – no território, sob os 
aspectos econômicos, sociais e ambientais, 
devendo ser objeto de uma análise conjunta, 
que avalie seus impactos cumulativos sobre 
o ambiente e população estadual. Essa 
avaliação deve auxiliar na tomada de 
decisões, particularmente no que se refere a 
políticas públicas. 
 A difusão das informações relativas aos 
possíveis impactos dos projetos é essencial 
para que a sociedade goiana possa propor e 
adotar as medidas que considere adequadas, 
na busca de maximizar os efeitos positivos e 
minimizar e, melhor ainda, evitar impactos 
negativos que considere altamente 
indesejáveis. 
AS DIFERENÇAS 
REGIONAIS 
Goiás: diferenças regionais 
Relevo – Destaques: 
 A maior parte do território goiano está entre 300 
e 900m de altitude. O relevo consiste em grandes 
superfícies aplainadas, talhadas em rochas 
cristalinas e sedimentares. Cinco unidades 
compõem o quadro morfológico: 
 ➢ O planalto cristalino do leste se situa na 
porção leste de Goiás. Sua elevada superfície 
com mais de 1.000m de altitude em alguns 
locais, forma o divisor de águas entre as bacias 
do Paranaíba e do Tocantins. É essa a mais 
elevada unidade de relevo de toda a região 
Centro-Oeste; 
 ➢ O planalto cristalino do Araguaia-Tocantins 
ocupa o norte do estado. Tem altitudes mais 
reduzidas, em geral de 300 a 600m; 
 21 
 ➢ O planalto sedimentar do São Francisco, 
também chamado Espigão Mestre, vasto 
chapadão arenítico, caracteriza a região nordeste 
do estado, na região limítrofe com a Bahia; 
 ➢ O planalto sedimentar do Paraná, extremo 
sudoeste do estado, é formado por camadas 
sedimentares e basálticas ligeiramente 
inclinadas, de que resulta um relevo de grandes 
planuras escalonadas; 
 ➢ A planície aluvial do médio Araguaia, na 
região limítrofe de Goiás e Mato Grosso, tem o 
caráter de ampla planície de inundação, sujeita à 
deposição periódica de aluviões. 
Clima – Destaques: 
 • O tipo climático que caracteriza o estado de 
Goiás, é o clima tropical com verões chuvosos e 
invernos secos. Este domina a maior parte do 
estado. As temperaturas médias anuais variam 
entre 23ºC, ao norte, e 20ºC, ao sul. 
 • Os totais pluviométricos oscilam entre 
1.800mm, a oeste, e 1.500mm, a leste, com forte 
contraste entre os meses de inverno, secos, e os 
meses de verão, chuvosos. 
 • O clima tropical de altitude aparece apenas na 
região do alto planalto cristalino (área de 
Anápolis, Goiânia e Distrito Federal), onde, por 
efeito da maior altitudes, se registram 
temperaturas em geral mais baixas, embora o 
regime pluvial conserve a mesma oposição entre 
as estações chuvosa de verão e seca de inverno. 
Vegetação 
 A maior parte do território de Goiás é recoberta 
por vegetação de campos cerrados. As matas, 
embora pouco desenvolvidas especialmente, têm 
grande importância econômica para o estado, de 
vez que constituem as áreas preferidas para a 
prática da agricultura, em virtude de uma maior 
fertilidade de seus solos, em comparação com os 
solos do cerrado. 
Hidrografia 
 A rede hidrográfica está dividida em duas 
partes: uma constituída pelos rios que drenam 
para o Paraná, a outra, pelos rios que escoam 
para o Tocantins ou para seu afluente, o 
Araguaia. 
 O divisor de águas entre as duas bacias passa 
pelo centro do estado, atravessando-o de leste a 
oeste. O limite oriental de Goiás segue o divisor 
de águas entre as bacias dos rios Tocantins e 
São Francisco e o divisor de águas entre as 
bacias do Tocantins e do Paranaíba. 
 Todos os rios apresentam regime tropical, com 
cheias no semestre de verão, estação chuvosa. 
Por esta razão Goiás e conhecido como o berço 
das águas. Aqui temos a importância da 
preservação dos mananciais do de Goiás e do 
cerrado. 
Diferenças Econômicas e Sociais Entre o 
Norte e o Sul de Goiás 
 Historicamente a porção norte do Estado de 
Goiás, atual Tocantins desde 1988, sempre foi 
mais pobre, economicamente, do que a região 
sul do Estado. Comprovando os desequilíbrios 
regionais, os dados referentes à população 
municipal (1920) revelam que entre 10 
municípios de maior população, apenas três 
eram situados na porção setentrional, 
correspondendo a 11,4 por cento do total. 
 Hoje, no atual Estado de Goiás, esta 
disparidade econômica ainda persiste. A porção 
norte do Estado guarda os piores índices de 
desenvolvimento econômico e humano. Aqui 
temos um destaque para a região nordeste do 
Estado, que concerne os piores indicadores 
sociais e baixo índice de industrialização. 
 A parte sul do Estado é a mais desenvolvida 
economicamente. Nesta área temos uma 
agricultura voltada para exportação, uma 
pecuária intensiva, boa industrialização e mais 
áreas de atração turística. 
PARTIDOS POLÍTICOS EM GOIÁS 
Panorama Administrativo, Político, Cultural de 
Goiás durante o Império 
 As condições sócio-econômicas do Brasil 
não possibilitaram uma ação satisfatória em 
Goiás, durante o século XIX. A política goiana, 
por outra parte, era dirigida por Presidentes 
impostos pelo poder central. Somente no fim do 
 22 
império em referência, começou a adquirir feições 
próprias. Coexistiu no aspecto cultural um 
verdadeiro vazio. 
 Em Goiásos presidentes exerciam grande 
influência na vida política. Eram eles de livre 
escolha do poder central, sem vínculos familiares 
à terra, descontentando os políticos locais. 
 Condicionado por uma série de fatores, 
como falta de meios de transporte e 
comunicação, grandes distâncias, descasos 
administrativos, desequilíbrio entre receita e 
despesa, ausência de um produto econômico 
básico, Goiás teve vida medíocre no transcorrer 
do século XIX. Não participou do surto 
desenvolvimentista do Brasil, embrionário a partir 
da década de 50 e em aceleramento depois dos 
anos 70. 
 Nas últimas décadas do século XIX, 
grupos locais manifestaram-se insatisfeitos com a 
administração e responsabilizaram os 
Presidentes ―estrangeiros‖ pelo grande atraso de 
Goiás e passaram a lutar pelo nascimento de 
uma consciência política. Sob pretexto de afastar 
o ―oficialismo político‖ e partidos políticos – 
Liberal (1878) e Conservador – (1882). Os jornais 
Tribuna Livre, Publicados Goiano, Comércio, 
Goyaz, foram propulsores destas idéias e 
interesses. 
 A conseqüência de tais movimentos foi a 
fortificação de grupos políticos locais, lançando 
as bases oligárquicas goianas. 
 Goiás acompanhou os movimentos 
liberais, que grassaram no Brasil durante o 
século XIX. 
 A abolição não afetou a vida econômica 
da Província. 
 A transformação do regime monárquico 
em republicano ocorreu sem grandes 
dificuldades. Os Bulhões dirigentes do partido 
Liberal após o 15 de Novembro, apoiados pelos 
republicanos, tornaram-se os donos do poder em 
Goiás 
 Coronelismo: a perspectiva regional 
Aspectos Gerais: 
 Os aspectos da história política de Goiás 
desenvolveu, como no Brasil, particularidades 
republicanas, podendo ser dividida sua história 
política em: 
 
 • República Velha (1889-1930) 
 • Era Pedro Ludovico (1930-1945) 
 • República Populista (1945-1964) 
 • República Militar (1964-1985) 
 • Período da redemocratização (1985?) 
 
 
Urbanização e mudanças 
sociais em Goiás. 
Urbanização e mudanças sociais em Goiás 
 A construção da Estrada de Ferro foi o primeiro 
dinamismo na urbanização de Goiás. Em 1896 a 
Estrada de Ferro Mogiana chegou até Araguari 
(MG). Em 1909, os trilhos da Paulista atingiram 
Barretos (SP). Em 1913 Goiás foi ligado à Minas 
Gerais pela E.F. Goiás e pela Rede Mineira de 
Viação. Inaugurava-se uma nova etapa na 
ocupação do Estado. 
 O expressivo papel das ferrovias na 
intensificação do povoamento goiano ligou-se a 
duas ordens principais de fatores: de um lado, 
facilitou o acesso dos produtos goianos aos 
mercados do litoral; de outro, possibilitou a 
ocupação de vastas áreas da região meridional 
de Goiás, correspondendo à efetiva ocupação 
agrícola de parte do território goiano. 
 Entre 1888 e 1930, o adensamento e a 
expansão do povoamento nas porções 
meridionais de Goiás (Sudeste, Sul e Sudoeste) 
evidenciaram-se através da formação de diversos 
povoados, como: Nazário, Catingueiro Grande 
(Itauçu), Inhumas, Cerrado (Nerópolis), Ribeirão 
(Guapó), Santo Antônio das Grimpas 
(Hidrolândia), Pindaibinha (Leopoldo de Bulhões), 
Vianópolis, Gameleira (Cristianópolis), Urutaí, 
Goiandira, Ouvidor, Cumari, Nova Aurora, Boa 
Vista de Marzagão (Marzagão), Cachoeira Alta, 
 23 
São Sebastião das Bananeiras (Goiatuba), 
Serrania (Mairipotaba), Água Fria (Caçu), 
Cachoeira da Fumaça (Cachoeira de Goiás), 
Santa Rita de Goiás, Bom Jardim (Bom Jardim de 
Goiás) e Baliza. 
 Dez novos municípios surgiram então: 
Planaltina, Orizona, Bela Vista, Corumbaíba, 
Itumbiara, Mineiros, Anicuns, Trindade, Cristalina, 
Pires do Rio, Caldas Novas e Buriti Alegre. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE 
DIREITO PENAL. 
 
Conceito de princípio. 
Princípios são imperativos éticos extraídos 
do ordenamento jurídico. São normas 
estruturais do direito positivo, que orientam a 
compreensão e aplicação do conjunto das 
normas jurídicas. 
Os princípios constitucionais de direito penal 
são normas, extraídas da Carta Magna, que 
dão fundamento à construção do direito 
penal. 
Princípio da legalidade penal e seus 
desdobramentos 
O princípio básico que orienta a construção 
do Direito Penal, a partir da Carta Magna, é o 
da legalidade penal ou da reserva legal, 
resumida na fórmula nullum crimen, nulla 
poena, sine lege, que a Constituição Federal 
trouxe expressa no seu art. 5º, inciso XXXIX: 
“XXXIX — não há crime sem lei anterior que 
o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal”. 
É a mais importante garantia do cidadão 
contra o arbítrio do Estado, pois só a lei 
(norma jurídica emanada do Parlamento), 
pode estabelecer que condutas serão 
consideradas criminosas, e quais as 
punições para cada crime. 
Mas o princípio da legalidade possui dois 
desdobramentos principais. Sem eles, a 
regra acima descrita tornar-se-ia letra morta: 
Princípio da anterioridade 
A lei, que define o crime e estabelece a pena, 
deve existir à data do fato. 
Em razão disso, proibe-se que leis 
promulgadas posteriormente à prática da 
conduta sirvam para incriminá-la. A 
Constituição Federal acolheu o princípio, 
proibindo a retroação lei prejudicial ao 
acusado, ao mesmo tempo em que 
determina a necessária retroação da lei mais 
favorável, como se vê do art. 5º, inciso XL: 
 “XL — a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu”. 
Princípio da tipicidade. 
A ilicitude penal é uma ilicitude típica, ou 
seja, a norma penal, que define o delito, deve 
fazê-lo de maneira precisa; do contrário, a 
autoridade poderia, a pretexto de interpretar 
extensivamente a lei, transformar em crimes 
fatos não previstos no comando legal. 
Embora não seja expressamente descrito na 
CF, o princípio da tipicidade (nullum crimen, 
nulla poena, sine lege certa) é uma das 
garantias essenciais do Estado de Direito, de 
modo que as leis penais vagas e imprecisas 
são consideras inválidas perante o 
ordenamento jurídico. 
 
 
Princípio da individualização da pena. 
Junto com o princípio da legalidade, o 
Iluminismo trouxe, para o Direito Penal, o 
princípio da proporcionalidade da pena; se o 
indivíduo é punido pelo ato praticado, é um 
 24 
imperativo de justiça que a punição prevista 
seja proporcional ao delito, ou seja, quanto 
mais grave o crime, maior a pena. 
Princípio da pessoalidade ou 
personalidade da pena 
Isso traz outra conseqüência importante: só 
se pode punir quem, através de sua conduta, 
contribuiu para a prática do delito. Na 
Antigüidade e Idade Média, a pena atingia 
familiares e descendentes do criminoso; 
atualmente, só se admite que a pena atinja o 
próprio autor do fato. Abre-se, na 
Constituição Federal, uma única exceção: 
aplicada pena de perdimento de bens1, ou 
imposta a reparação do dano, em caso de 
morte do condenado a execução atingirá o 
patrimônio deixado para os herdeiros, 
consoante o art. 5º, inciso XLV: 
“XLV — nenhuma pena passará da pessoa 
do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação de perdimento 
de bens ser, nos termos da lei, estendidas 
até os sucessores e contra eles executadas, 
até o limite do valor do patrimônio 
transferido”. 
Princípio da humanidade ou humanização 
das penas 
Também não se pode esquecer que o Direito 
Penal visa à ressocialização do indivíduo 
(vide item 1.1.4.). Dessa forma, a 
proporcionalidade pura e simples corre o 
risco de se transformar em vingança, 
multiplicando a violência e o sofrimento 
envolvidos no fato criminoso. Tambéma 
personalidade e os antecedentes do réu são 
levados em conta, para que a fixação da 
pena sirva tanto para a prevenção geral 
(evitar que as demais pessoas cometam 
crimes) como para a prevenção especial 
(recuperar o indivíduo para o convívio em 
sociedade). Em razão disso, as penas são 
individualizadas, de acordo com a natureza 
do delito e as características pessoais do 
 
 
condenado. Tal princípio encontra guarida no 
art. 5º da CF, nos seguintes incisos: 
“XLVI — a lei regulará a individualização da 
pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos”. 
“XLVIII — a pena será cumprida em 
estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do 
apenado”. 
Tem-se em vista, de igual maneira, que a 
ciência conseguiu provar que todo indivíduo 
são é capaz de se ressocializar, 
independentemente da natureza dos atos 
anteriormente praticados. Tal idéia é um dos 
fundamentos do Direito Penal, não só no 
Brasil, mas no mundo inteiro, e levou à 
erradicação da pena de morte e da prisão 
perpétua em quase todos os países. 
Por esse motivo, a aplicação da pena tem de 
levar em conta a possibilidade de 
recuperação do condenado para o convívio 
em sociedade, não se permitindo a 
imposição de penas que representem 
vingança ou sofrimento demasiado, ou que 
importem na impossibilidade de retorno ao 
meio social. A Constituição trata do assunto 
no inciso XLVII do seu art. 5º: 
“XLVII — não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra 
declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis” 
 25 
Por conta da vedação à prisão perpétua, 
necessário considerar que também a 
privação temporária de liberdade sofre 
limitações, pois a condenação a pena 
superior a trinta anos importaria, na prática, 
em uma prisão quase perpétua, tendo em 
vista a expectativa de vida do cidadão médio. 
Princípio da presunção de inocência. 
“LVII — ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória” 
É também chamado de princípio do estado 
de inocência. A Constituição Federal exige, 
para que o cidadão seja considerado culpado 
pela prática de um delito, que se tenham 
esgotados todos os meios recursais; afinal, 
enquanto pender recurso, mesmo que a 
sentença tenha sido condenatória, poderá 
haver absolvição. 
Isso traz importantes conseqüências no 
campo da prisão. Enquanto não houver 
trânsito em julgado, toda privação de 
liberdade terá natureza cautelar, e, por isso, 
será sempre uma medida excepcional, ainda 
que decorra de uma sentença condenatória 
(desde que tenha havido recurso). 
 
A LEI PENAL NO TEMPO. 
 
Tempo do crime. 
 
Para saber qual lei será aplicada ao fato 
criminoso, necessário precisar quando se 
tem por ocorrido o delito. 
O art. 4º do Código Penal afirma: “Considera-
se praticado o crime no momento da ação ou 
da omissão, ainda que outro seja o momento 
do resultado”. 
Utilizou o Código o princípio da atividade, 
que leva em consideração a prática da 
conduta, e não a ocorrência do resultado. Por 
exemplo: se no dia 30 de novembro alguém 
coloca uma bomba em um navio, e esta vem 
a explodir no dia 3 de dezembro, matando os 
passageiros, tem-se por ocorrido o crime na 
data em que se colocou a bomba. 
 
Tal determinação é importante, sobretudo, 
para fixação da maioridade penal. Se, no 
caso acima citado, um adolescente colocar a 
bomba, e no dia seguinte completar dezoito 
anos, terá sua responsabilidade fixada nos 
termos do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei 8.069/90), e não do Código 
Penal. 
Retroatividade e ultratividade da lei penal. 
 
A função da lei é estabelecer conseqüências 
jurídicas para a ocorrência de determinados 
fatos. Se o Código Penal afirma, por 
exemplo: quem matar alguém sofrerá 
reclusão, de seis a vinte anos, isso significa 
que, ocorrendo um homicídio (fato), seu autor 
estará sujeito à pena ali fixada. Isso dá ao 
Estado o poder de, após submeter o 
indivíduo a julgamento, privá-lo de sua 
liberdade por 6 a 20 anos. 
Normalmente a lei passa a poder produzir 
seus efeitos somente em relação aos fatos 
que tenham lugar após sua vigência. Mas é 
possível que uma lei venha a estabelecer 
conseqüências jurídicas para fatos pretéritos 
— isso se chama retroação (de retro-agir). 
Também é possível que uma lei, mesmo não 
tendo mais vigência (revogação), venha a 
determinar as conseqüências de um fato 
ocorrido após deixar de vigorar. Dá-se a tal 
procedimento o nome de ultra-ação. 
A Constituição Federal estabelece, para a 
retroação, duas regras básicas: 
 as leis não penais podem retroagir, mas 
respeitando o direito adquirido, a coisa 
 26 
julgada e o ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, 
XXXVI)2; 
 as leis penais só podem retroagir para 
benefício do réu, atingindo, nesse caso, 
até mesmo a coisa julgada (CF, art. 5º., 
XL). 
A lei penal nova pode beneficiar o réu de 
duas formas: fazendo com que o fato deixe 
de ser criminoso (abolitio criminis) ou 
diminuindo a pena prevista para a prática do 
delito. 
Na primeira hipótese — o fato deixa de ser 
criminoso — nem inquérito policial poderá 
haver. Se houver inquérito, será arquivado. 
Se o processo está em curso, o réu será 
imediatamente absolvido (por extinção da 
punibilidade). Se houver condenação, a 
execução da pena será obstada. E se estiver 
o condenado cumprindo pena, esta será 
imediatamente extinta. 
Quando a lei mais recente apenas diminui a 
pena prevista, o juiz não a poderá fixar além 
do novo limite. Se já houve condenação, a 
pena será reduzida. 
Se a lei nova traz alguns benefícios ao réu, 
mas também reduz algumas vantagens, 
caberá ao juiz escolher qual delas é, no seu 
conjunto, mais benéfica, não podendo 
combinar elementos de uma ou de outra. 
Isso porque não cabe ao juiz criar uma lei 
nova, mas apenas determinar qual é a lei que 
está em vigor. 
Ocorre ultra-ação da lei penal quando a lei 
nova cria uma modalidade criminosa que não 
existia na lei anterior, ou aumenta a pena 
prevista para o delito. Nesse caso, a lei 
anterior, embora revogada, continua a ser 
utilizada para o julgamento dos fatos que 
tenham ocorrido durante a sua vigência. 
 
Lei excepcional e temporária. 
 
 
 
Aparente exceção à regra ocorre com as leis 
excepcionais ou temporárias. Diz o art. 3º do 
CP que “A lei excepcional ou temporária, 
embora tenha decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado 
durante a sua vigência”. Isso quer dizer que a 
lei excepcional ou temporária ultra-agirá, 
mesmo que a lei nova seja mais benéfica ao 
acusado. 
Explica-se a disposição porque a lei 
temporária (que surge já com prazo de 
vigência fixado) ou a lei excepcional (cuja 
vigência depende da ocorrência ou duração 
de um determinado fato — uma lei feita para 
ser utilizada em caso de guerra, por 
exemplo) são editadas para atender a 
circunstâncias incomuns, que exigem, por 
vezes, um maior endurecimento do sistema 
penal. Dessa forma, os fatos ocorridos 
durante o período de excepcionalidade são, 
em si mesmos, considerados mais graves. 
 
A LEI PENAL NO ESPAÇO. 
Lugar do crime