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UNIVERSIDADE DO OSTE DE SANTA CATARINA – UNOESC CAMPUS DE VIDEIRA Determinação do teor de gordura pelo método de Gerber. Reação de transesterificação e saponificação. Camila Dani Diogo Silva Juliana Petry Videira, outubro de 2014 INTRODUÇÃO Lipídeos são um grupo amplo de moléculas que ocorrem naturalmente que inclui gorduras, ceras, esteróis, vitaminas lipossolúveis (como vitaminas A, D, E e K), monoglicerídeos, diglicerídeos, fosfolipídios, e outros. As principais funções biológicas dos lipídios incluem armazenamento de energia, componentes estruturais das membranas celulares, e importantes moléculas sinalizadoras. Os lipídios são definidos como componentes do alimento que são insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, tais como éter etílico, petróleo, acetona, clorofórmio, benzeno e alcoóis. A insolubilidade dos lipídios em água torna possível sua separação das proteínas, carboidratos e da água nos tecidos. Como os lipídios têm uma grande faixa de relativa hidrofobicidade, é praticamente inviável a utilização de um único solvente universal para a extração dos lipídios. Solventes apolares extraem a fração lipídica neutra que incluem ácidos graxos livres, mono, di e triglicerídeos e alguns mais polares como fosfolipídios, glicolipídios e esfingolipídios. O método de Gerber, consiste na separação da gordura do leite e das proteínas agregando ácido sulfúrico. Esta separação é facilitada pelo álcool isoamílico e centrifugado. O conteúdo de gordura é lido diretamente via um butirômetro especialmente calibrado. Utilizado somente para leite e produtos lácteos. A gordura presente no leite está em forma de emulsão de óleo e água, cercada de um filme de proteína. Este filme é rompido através do tratamento com ácido sulfúrico, utiliza-se o álcool isoamílico para facilitar a separação da gordura e reduzir o efeito de carbonização do ácido sulfúrico sobre ela. Após a digestão, a amostra é centrifugada num tubo chamado butirômetro. Biodiesel é o nome dado a um tipo de combustível produzido a partir de óleos de origem vegetal ou animal e de alcoóis como metanol ou etanol. Através de uma reação de transesterificação, são obtidos ésteres e ácidos graxos que possuem as mesmas características de um óleo diesel. Devido à possibilidade de reversão do processo de transesterificação, o álcool (no caso agente transesterificante) é colocado em excesso na fase preparatória do biodiesel para possibilitar a separação das fases do biodiesel e da glicerina formada durante o processo e também para aumentar o rendimento do éster. A transesterificação do óleo vegetal ocorre por uma reação reversível, em que um éster é transformado em outro pela mudança na porção alcóxi, cuja otimização depende de fatores como a razão molar álcool/óleo, a concentração e o tipo de catalisador, a acidez da matéria prima, a temperatura, pressão e tempo de reação, a agitação do meio reacional e o índice de umidade presente no óleo. Contudo, durante a produção de ésteres alquílicos de óleos vegetais a reação reversa é consideravelmente negligenciável porque o glicerol formado na reação não é miscível no produto, levando a um sistema de duas fases. Com isso, do ponto de vista termodinâmico, a frequência de colisões entre as moléculas dos produtos é reduzida drasticamente, inviabilizando a reação reversa. Saponificação é basicamente a interação (ou reação química) que ocorre entre um ácido graxo existente em óleos ou gorduras e uma base forte com aquecimento. O sabão é um sal de ácido carboxílico e por possuir uma longa cadeia carbônica em sua estrutura molecular, ele é capaz de se solubilizar tanto em meios polares quanto em meios apolares. Além disso, o sabão é um tensoativo, ou seja, reduz a tensão superficial da água fazendo com que ela molhe melhor as superfícies. OBJETIVOS Determinar o teor de gordura/lipídeos pelo método de Gerber. Obter biodiesel pela reação de transesterificação, entre um oléo vegetal e um álcool. Obter o sabão através da reação de saponificação, entre um ácido graxo e uma base forte. MATERIAIS E MÉTODOS 1. Teor de Gordura: Pipeta de 10mL Ácido sulfúrico densidade 1,82 Butirômetro com rolha Pipeta de 1 mL Pipeta de 20 mL Álcool isoamilico Centrifuga Banho-maria 2. Produção de biodiesel: Metanol Óleo reutilizado Soda cáustica (NaOH) Balão de fundo chato 3. Produção de sabão: 100 mL de óleo comestível usado 50 mL de água 25g de soda cáustica (NaOH) Béquer 1. Teor de Gordura Foi adicionado 10mL de ácido sulfúrico no butirômetro de Gerber e cuidadosamente colocado 11 mL de amostra pelas paredes do butirômetro evitando o contato brusco pois o ácido pode queimar a amostra, seguido 1 mL de álcool isoamilico e misturado até a dissolução completa da amostra. Foi levado em banho-maria à 70ºC por aproximadamente 3 minutos, centrifugado por 5 minutos e levado novamente em banho maria por mais 5 minutos e feito a leitura pelo próprio butirômetro. 2. Produção de biodiesel Em 20 mL de metanol foi adicionado 0,6g de hidróxido de sódio em balão volumétrico e misturado com agitação constante em temperatura de 45ºC para dissolver NaOH. O óleo foi aquecido em uma temperatura de 60ºC e em seguida foi adicionado o metóxido de sódio preparado como descrito acima, e agitado constantemente com temperatura por aproximadamente 30 minutos. 3. Produção de sabão Após pesar os 25 g de soda cáustica, foi dissolvido em 50mL de água fervente para dissolução. Em seguida foi adicionado lentamente a solução em 100 ml de óleo e mexido por 20 minutos. RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. Teor de Gordura A gordura está presente no leite sob a forma de pequenas esferas com diversos tamanhos de 0,1 micrometro até 10 micrometros de diâmetro. As esperas de gordura formam uma emulsão consistente com o liquido do leite. Todas as esferas de gordura composta de fosfolipídios, proteína de invólucro de esfera de gordura e monohidrato. O invólucro da esfera de gordura impede a confluência das esferas de gordura e estabiliza o estado emulsionado. A completa separação de gordura requer a destruição do invólucro protetor das esferas de gordura. Isto é feito com ácido sulfúrico concentrado. o ácido sulfúrico oxida e hidrolisa os componentes orgânicos do invólucro da esfera de gordura, as frações de proteína láctea e a lactose. Durante este processo, além do calor de diluição é gerado um elevado calor da reação. O butirômetro aquece muito, os produtos de oxidação dão uma coloração castanha à solução de solubilização. Em seguida, a gordura libertada é separada através da centrifugação, em que a adição do álcool isoamilico facilita a separação das fases e permite obter uma linha de separação nítida entre a gordura e a solução ácida. Na escala do butirômetro é possível ler o teor butiroso no leite como teor de massa sob forma de percentagem. Após o procedimento realizado para determinar o teor de gordura, obtivemos 1% de gordura em 11mL da amostra analisada. 2. Produção de Biodiesel A transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para a produção de Biodiesel. Por meio dessa reação é possível a separação da glicerina dos óleos vegetais. As moléculas de óleos vegetais em questão são formadas por três ésteres ligados a uma molécula de glicerina, ou seja, são triglicerídeos. O processo inicia-se juntando o óleovegetal com um álcool simples (metanol, etanol, propanol, butanol) e catalisadores (que podem ser ácidos, básicos ou enzimáticos) para acelerar a reação. Nesse processo, a glicerina é removida do óleo vegetal por decantação, deixando o óleo mais fino e reduzindo a sua viscosidade. Após a reação de transesterificação obtém-se a glicerina (substância de alto valor agregado, usada por indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de explosivos) e o Biodiesel, um combustível renovável alternativo. 3. Produção de sabão. O sabão é obtido fazendo-se reagir ácidos graxos com óleos, numa reação chamada saponificação. Os ácidos graxos normalmente usados são o oléico, o esteárico e o palmítico, encontrados sob a forma de ésteres de glicerina (oleatos, estearatos e palmitatos) nas substâncias gordurosas. Ocorre a quebra da molécula do triglicerídeo em seus ácidos graxos através da solução alcalina com temperatura elevada. Essa reação tem como resultado a liberação do glicerol e formação de sais de ácidos graxos, originados pela incorporação do sódio à molécula de ácido graxo. CONCLUSÃO A determinação do teor de lipídeos em alimentos é de uma importância nutricional muito grande, uma vez que os compostos lipídicos são importantes fontes de calorias. Cada grama de gordura fornece 9kcal, mais que o dobro fornecido por carboidratos e proteínas. Determinando o teor de lípides é possível realizar uma rotulagem nutricional precisa, e se for usado métodos qualitativos é possível saber qual o tipo de gordura está presente no alimento, uma vez que o colesterol e a gordura trans estão causando preocupação por estarem relacionadas a doenças coronárias. Na produção do biodiesel podem-se obter mais dois subprodutos uma fase aquosa que é descartada por não ter utilidade, outro subproduto que é obtido no processo é a glicerina que pode possuir uma utilidade na indústria de sabonete, fazendo com que o custo do biodiesel seja diminuído com a venda da glicerina que é produzida no processo. E finalmente se obtém o biodiesel como último produto do processo de obtenção do biodiesel através do óleo vegetal. O método de preparação do sabão é um processo simples que apresenta a reação explicada por mecanismos de reações que mostram mais detalhadamente a formação do sabão e seu subproduto, a glicerina. Compreendido as características das moléculas que constituem o sabão, pode- se entender o motivo do seu funcionamento como agente de limpeza e distingui- lo de outros agentes de limpezas, com os detergentes. A reação de saponificação pode estar presente, de forma indesejada, no processo de transesterificação dos óleos para fabricação do biodiesel usando o NaOH dissolvido em álcool com catalisador da reação. QUESTIONÁRIO Reação de transesterificação (produção de biodiesel) 1. Explique a reação que ocorreu entre os substratos e os produtos obtidos. Faça um desenho/esquema demostrando a reação. No processo de transesterificação as reações (ou etapas) que ocorrem são as seguintes: • Triglicerídeo (TG) adicionado ao álcool (ROH) formando diglicerídeo (DG) e monoéster de biodiesel (RCO2R). • Diglicerídeo (DG) na presença de um álcool (ROH) formando monoglicerídeo e monoéster de biodiesel (RCO2R): • Monoglicerídeo (MG) na presença de um álcool (ROH) formando glicerina (GL) e monoéster de biodiesel (RCO2R): Como pode ser exemplificado pelas etapas descritas acima, diacilgliceróis (DG) e monoacilgliceróis (MG) podem ser considerados intermediários durante a reação de transesterificação. Dessa forma, a concentração de vários tipos de glicerídeos e a concentração máxima que estes intermediários podem variar de reação para reação, depende das condições em que a transesterificação é realizada, as quais podem ser minimizadas Ocorre o craqueamento das moléculas dos ésteres e outro craqueamento das moléculas de álcool metílico; forma-se o subproduto glicerina/glicerol e o éster metílico de ácido graxo (biodiesel) 2. Quais as vantagens e desvantagens da utilização de metanol para produção de biodiesel (metiléteres)? Pode ser produzido a partir da biomassa, porém é tradicionalmente um produto fóssil. Consumo de metanol é cerca de 45% menor que do etanol anidro. Equipamentos de processo da planta com rota metílica possuem cerca de ¼ do volume dos equipamentos para a rota etílica, para uma mesma produtividade e mesma qualidade. Mais reativo. Para uma mesma taxa de conversão (e mesmas condições operacionais), o tempo de reação utilizando metanol é menos da metade do tempo quando se emprega etanol. Considerando a mesma produção de biodiesel, o consumo de vapor na rota metílica é cerca de 20% do consumo da rota etílica, e o consumo de eletricidade é menos da metade. A capacidade atual de produção de metanol brasileira só garantiria o estágio inicial de um programa de âmbito nacional. É mais volátil, apresentando maior risco de incêndios (chama invisível). É bastante tóxico. No Brasil, atualmente, uma das vantagens da rota etílica frente a metílica, pode ser considerada a oferta desse álcool, de forma disseminada em todo território nacional. Assim, os custos diferenciais de fretes, para o abastecimento de etanol versus metanol, em certas situações, podem influenciar na opção por um ou outro. Sob o ponto de vista ambiental, o uso do etanol derivado da cana- de-açúcar, por exemplo, leva vantagem sobre o do metanol quando este último é obtido de derivados do petróleo. No entanto, é importante considerar que o metanol pode ser produzido a partir da biomassa, quando essa suposta vantagem ecológica do etanol pode desaparecer. O biodiesel nos demais países tem sido obtido via metanol. 3. Qual o problema da reação de transesterificação para produção de biodiesel (etiléster) com a utilização de etanol não puro? O problema que o etanol não puro pode levar a formação de sabão no biodiesel. O etanol está se tornando popular, pois ele é renovável e muito menos tóxico que o metanol. O tipo de catalisador, as condições da reação e a concentração de impurezas numa reação de transesterificação determinam o caminho que a reação segue. Na transesterificação com catalisadores básicos, água e ácidos graxos livres não favorecem a reação. Assim, são necessários tri glicerídeos e álcoois desidratados para minimizar a produção de sabão. A produção de sabão diminui a quantidade de ésteres e dificulta a separação entre o glicerol e os ésteres. Nos processos que usam óleo in natura, adiciona-se álcali em excesso para remover todos os ácidos graxos livres. Reação de saponificação (produção de sabão) 1. Explicar a reação de saponização e as estruturas químicas que compõem a molécula de sabão. A reação básica de saponificação pode ser representada pela seguinte equação: Éster de ácido graxo + Base forte → Álcool + Sal de ácido graxo (sabão) A reação ocorre da seguinte maneira: a hidroxila (-OH) funciona como nucleófilo atacando carbono ligado aos oxigênios, uma das ligações carbono- oxigênio é rompida e o par eletrônico passa para o oxigênio. Em seguida, a ligação dupla se refaz e uma ligação carbono-oxigênio ligado a um radical é rompida formando o álcool glicerol e um sal de ácido graxo, ou sabão. Se for utilizada uma base composta por Sódio(Na) o sabão formado será chamado de sabão duro. Se no lugar de sódio tiver Potássio(K) o sabão passará a ser chamado de sabão mole. 2. O que é detergente? Como o detergente age? Os detergentes industriais, embora possam ser produzidos de diversas formasdiferentes, possuem uma característica básica. São formados por moléculas anfipáticas, ou seja, essas moléculas possuem uma cadeia apolar e uma cabeça polar. Isso faz com que o detergente interaja tanto com a gordura (parte apolar) quanto com a água (parte polar). Isso faz deles substâncias tensoativas ou surfactantes. Assim é possível fazer com que a gordura da sujeira seja removida da superfície onde está depositada. A espuma produzida, mantém a sujeira em suspensão e evita que ela volte para a superfície. 3. O que é espuma? As moléculas do sabão (surfactantes) possuem duas regiões: uma parte polar, chamada de cabeça, e uma parte apolar, formada por hidrocarbonetos, chamada de cauda. As duas partes interagem de modo que, na superfície de contato da água (polar) com o ar (apolar), as moléculas do sabão se organizem, formando uma película artificial na água. Quando o sistema é agitado, moléculas de gás (ar) são englobadas por um filme fino (película) do líquido (água com sabão). Assim, formam-se as bolhas e, posteriormente, a espuma. Neste caso, uma camada de água ficará entre as demais bolhas. A parte apolar das moléculas de sabão estará direcionada para o ar e a parte polar direcionada para a água. As bolhas também podem ser formadas quando borbulha-se gás no líquido. 4. Como detergente e sabões funcionam? Os dois possuem as mesmas funções: atuar na limpeza através de sua característica tensoativa. Tensoativo é o caráter que confere aos produtos de limpeza a capacidade de remoção de gorduras. Essa capacidade é garantida pela polaridade das moléculas do detergente e do sabão, são moléculas anfipáticas, ou seja, possuem uma porção polar e outra apolar, fazendo com que a água se misture à gordura. O detergente ainda proporciona uma maior interação entre os tecidos e a água, facilitando a limpeza, pela tensão superficial uma película que é formada na superfície do líquido, devido a ligações entre as suas moléculas. Os detergentes atuam como se furasse essa película, evitando a formação de gotas, fazendo com que, as moléculas da água tenham maior contato com as fibras do tecido. 5. Qual é a diferença entre sabão e detergente? Sabões são sais de ácidos carboxílicos de cadeia longa (os chamados ácidos graxos). Esses sais possuem caráter misto, em termos de solubilidade em água: por possuírem cadeia hidrocarbônica longa, esta tende a ser insolúvel em água mas capaz de interagir com espécies apolares, como gorduras e outras que denominamos comumente sujeira. Por outro lado, possuem também uma região polar, que é o grupamento ácido carboxílico ionizado (carboxilato), capaz de interagir com moléculas de água. Assim, as moléculas de sabão podem interagir tanto com água como com gorduras, levando à dispersão destas naquele solvente, ou seja, proporcionando aquilo que chamamos limpeza. Enquanto sabões são sais de ácidos carboxílicos, detergentes são sais de ácidos sulfônicos. Enquanto os sais de ácidos carboxílicos com íons divalentes e trivalentes (Ca2+ e Fe3+, por exemplo) são insolúveis em água, os sais de ácidos sulfônicos desses mesmos íons são solúveis. Assim, os detergentes são capazes de produzir espuma mesmo empregando-se águas duras, isto é, águas ricas em íons metálicos como cálcio, magnésio e ferro. Os detergentes, ao contrário dos sabões, são de origem sintética. Muitos detergentes causam problemas ambientais, ao serem lançados em cursos de rios, levando à formação de espumas; assim, é importante haver tratamento de resíduos de indústrias, de forma a diminuir a degradação do meio ambiente. Também é importante o uso de detergentes biodegradáveis, que são sais de alquilbenzenosulfonatos lineares. Os microorganismos presentes no ambiente são capazes de oxidar essas cadeias lineares, ou seja, promovem a biodegradação desses detergentes, enquanto os de cadeia ramificada não são oxidados, permanecendo no ambiente e contaminando-o.