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Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 1 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS Componentes celulares Açúcares Amido Lamela Média Pectina Parede Celular Hemicelulose Celulose Lignina Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 2 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira CARBOIDRATOS NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS Introdução Os carboidratos são a maior fonte de energia na dieta de vacas leiteiras e normalmente compõem 60 a 70% da dieta. Além de ser a principal fonte de energia para vacas, eles influenciam a síntese dos três principais componentes do leite: lactose, gordura e proteína. Na nutrição de ruminantes, a classificação mais recente dos carboidratos os distingue como fibrosos (CF) e não fibrosos (CNF) em função de suas características. Os CF incluem a celulose e a hemicelulose, e representam os componentes do alimento que requerem sistemas enzimáticos de origem microbiana para digestão e têm velocidade lenta de degradação no rúmen. Fibra é tudo de degradação lenta e ocupa espaço no rúmen sendo, portanto, potencialmente inibidor do consumo de matéria quando em quantidade excessiva na dieta. Entretanto, um certo teor dietético de fibra longa é necessário para manter a atividade mastigatória, a produção de saliva e a motilidade ruminal. Alguma fibra é vital para manter a saúde ruminal e a longevidade de vacas leiteiras. Os CNF representam as frações mais rapidamente degradadas no rúmen, incluindo pectina, amidos e açúcares. Quantidade excessiva de CNF pode induzir produção exagerada de ácidos graxos voláteis no rúmen ocasionando uma queda no pH ruminal, comumente chamada de acidose. A principal função dos carboidratos é o fornecimento de energia para os microrganismos ruminais e para o ruminante. A composição química, características físicas e cinéticas de digestão de carboidratos afetam o consumo e a digestão dos alimentos, a disponibilidade de nutrientes para a síntese de leite e também a saúde animal, determinada pelo padrão de fermentação ruminal. Os principais tipos de carboidratos Até pouco tempo atrás na nutrição de ruminantes os carboidratos eram classificados como estruturais (CE) e não estruturais (CNE), de acordo com sua função nas plantas. Na fração de carboidratos estruturais, estavam presentes os carboidratos localizados na parede celular, constituídos principalmente pela celulose, hemicelulose e pectina, que apresentavam uma função estrutural nas plantas. Os carboidratos não estruturais estavam relacionados ao conteúdo celular das plantas, e incluíam principalmente o amido e açúcares simples. Embora a classificação de carboidrato estrutural e não estrutural seja apropriada para descrever plantas, uma classificação ligeiramente diferente é necessária para descrever as características nutricionais dos carboidratos. A utilidade nutricional do termo CE e CNE é limitada, pois a pectina, um carboidrato estrutural, é na verdade um carboidrato de degradação rápida no rúmen. Na classificação dos carboidratos em CE e CNE, na fração de carboidratos estruturais estão presentes tanto carboidratos de digestão lenta (celulose e hemicelulose) quanto carboidratos de digestão rápida (pectina). A classificação dos carboidratos em fibrosos (CF) e não fibrosos (CNF) é baseada nas características nutricionais ao invés da composição química ou função na planta. Os Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 3 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira carboidratos fibrosos ocupam espaço no rúmen e em outros compartimentos do sistema digestivo e requerem digestão por enzimas microbianas ou mastigação intensa para reduzir o tamanho de partícula e permitir a passagem pelo trato digestivo, sendo carboidratos de lenta degradação, incluindo a celulose e a hemicelulose. Os carboidratos não fibrosos degradam mais rapidamente e contribuem com pouco volume adicional no ambiente líquido no sistema digestivo, incluindo pectina, amidos, sacarose e outros açúcares. A fibra em detergente neutro (FDN) determina as frações de carboidratos e lignina que são indigestíveis ou digeridas lentamente. Fibra em detergente neutro (FDN) não é uma entidade pura, mas representa substâncias (hemiceluloses, celulose e lignina ) presentes nos alimentos que são mais difíceis de digerir e serem quebradas em partículas menores. Da mesma maneira, compostos solúveis em detergente neutro (SDN) não são quimicamente puros, mas representam componentes facilmente digeridos (amido, pectina, açúcares, proteínas e gorduras) Os carboidratos não fibrosos são calculados como: CNF = 100 – (%PB + % FDN + %EE + %Cinzas), onde PB, FDNp, EE significam, respectivamente, proteína bruta, fibra em detergente neutro e extrato etéreo. Figura 1. Localização dos principais carboidratos e lignina em células de plantas. Metabolismo de carboidratos pelos ruminantes Nos animais superiores, a energia é obtida através da respiração, que é um processo contrário da fotossíntese. Dentro do organismo, a energia é liberada dos nutrientes quando eles são metabolizados em presença de oxigênio, dando origem a dióxido de carbono (CO2) e água como produtos finais. Algumas espécies de bactérias, como as que vivem no rúmen da vaca, obtêm a energia necessária para o seu crescimento pela fermentação do rúmen (vida na ausência de oxigênio), Componentes celulares Açúcares Amido Lamela Média Pectina Parede Celular Hemicelulose Celulose Lignina Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 4 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira onde os carboidratos são quebrados em açúcares simples (glicose) e esses, por sua vez, em metano, gás carbônico, água e ácidos graxos voláteis (AGV). Os principais AGVs produzidos no rúmen são o acetato, o propionato e butirato, com dois, três e quatro átomos de carbono respectivamente. Os principais AGVs são produtos finais da respiração anaeróbica de microorganismos e constituem importantes nutrientes energéticos para a vaca, pois conservam a parte da energia contida na glicose original. Ácidos graxos voláteis se mantêm parcialmente reduzidos, ou seja, contêm elétrons (hidrogênio) capazes de serem doados em reações futuras. A respiração gera mais ATP por mol de glicose que fermentação, logo se o rúmen respirasse haveria um aporte excessivo de proteína microbiana para o animal (pois haveria mais ATP para crescimento microbiano) e ausência de energia para o animal (pois todo o C seria convertido em CO2 em vez de estar na forma de AGV). Isto seria incompatível com a sobrevivência de Independente do tipo de carboidrato, após sua ingestão, estes são digeridos por ação dos microrganismos ruminais em hexoses, pentoses e ácidos urônicos. A fermentação dos açúcares é a principal fonte de energia para formação de ATP que é utilizado para mantença e crescimento dos microrganismos. A principal via de fermentação das hexoses é a glicolítica em que são gastos 2 moles de ATP para fosforilar uma hexose e 4 ATP são formados durante a conversão das 2 trioses-P em 2 piruvatos, com rendimento líquido de 2 ATP e 2 NADH2 para cada mol de hexose fermentado.Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 5 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira A mais importante rota de fermentação das pentoses parece ser a que 3 pentoses-P são convertidas em 2 hexoses e uma triose-P, resultando em produção líquida de 1,67 ATP, conforme pode ser visualizado na figura abaixo. O piruvato, por sua vez, é rapidamente convertido principalmente em acetato, propionato e butirato, que são os 3 principais ácidos graxos voláteis (AGVs). O processo fermentativo gera também CO2 e metano, calor e células microbianas. Dessa forma, deve-se observar que o processo fermentativo gera ATP para o crescimento microbiano e AGV para o animal. Após serem produzidos, cerca de 50% dos ácidos graxos voláteis são absorvidos através do epitélio ruminal, sendo que o restante desses, passa para o omaso. Um fator que regula a absorção de AGV é o pH, sendo que em pH mais baixo, ocorre uma predominância das formas protonadas dos AGV e conseqüentemente maior absorção. Formas protonadas (com H) são absorvidas por transporte passivo. O comprimento da cadeia de carbono também regula a absorção. Quanto maior o comprimento da cadeia de carbono maior a a velocidade de absorção dos AGV, por isto butirato é aparentemente mais rapidamente absorvido que acetato Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 6 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Hungate (1966), citado por Bergman (1990), estimou que 75% da energia dos carboidratos era retida nos AGV. O restante da energia é usado para mantença e crescimento microbiano ou é perdida como H2 e metano. Os AGV absorvidos são utilizados a nível de tecidos em 3 grandes funções: o fornecimento imediato de energia (oxidação), a síntese de gordura (corporal e do leite) e na síntese de glicose. O propionato é largamente utilizado pelo fígado para síntese de glicose. Diferentemente, o acetato não é utilizado pelo fígado, sendo utilizado principalmente pelos tecidos periféricos, especialmente pelos tecidos adiposo e muscular. A ma ioria do butirato é convertido a corpos cetônicos ou CO2 nas células do epitélio ruminal. Carboidratos como fonte de energia Fibra Aproximadamente 30 a 50% da celulose e hemicelulose ingerida pela vaca é de fermentação lenta no rúmen. Normalmente esses carboidratos fibrosos constituem grandes moléculas que são retidas no rúmen por um longo período (24 a 48 horas). Chegado o alimento ao rúmen, ocorre colonização microbiana das partículas e início da fermentação dos carboidratos. O tamanho das partículas é progressivamente reduzido durante a ruminação. Uma dieta rica em fibra certamente é pobre em energia, porque a fibra tem baixa densidade energética (baixo conteúdo energético por unidade de peso). Dessa forma, os ruminantes têm que consumir grande quant idade de fibra para atingir seus requisitos energéticos. Entretanto, devido ao volume ocupado pela fibra, a ingestão de energia pela vaca pode ser inferior ao sua exigência nutricional. Amido Do total diário de amido ingerido, 60 a 100% é fermentado no rúmen, sendo a fermentação influenciada por vários fatores, como por exemplo: taxa de passagem da digesta pelo trato digestivo, tipo de processamento do alimento, tamanho de partícula, dentre outros. Em comparação aos carboidratos fibrosos, o amido fermenta mais rápido e requer menos espaço no rúmen. Diferentes tipos de amido degradam em diferentes velocidades. O amido que escapa a fementação no rúmen pode ser digerido pelas enzimas do intestino delgado, resultando na absorção de glicose para o sangue. Entretanto, existem evidências que os ruminantes têm capacidade limitada de digerir amido no intestino delgado. Se algum amido escapar da digestão no intestino delgado, ele poderá ser fermentado no intestino grosso. No entanto essa fermentação secundária trará pouco benefício para a vaca. Se uma grande quantidade de amido atingir o intestino grosso, poderá ocasionar um desequilíbrio hídrico e resultar em diarréia. Pectina A pectina é um carboidrato de degradação rápida no rúmen, mas que exige sistemas enzimáticos microbianos para digestão, pois, a vaca não produz a pectinase. Este é um carboidrato importante em nossas condições, pois, é o principal carboidrato não fibroso nos alimentos polpa cítrica e casca de soja. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 7 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Açúcares simples Os açucares simples (glicose, frutose, sacarose, etc.) são fermentados rapidamente no rúmen. A fermentação é completa e os AGVs formados são os mesmos da fermentação da celulose, hemicelulose e amido, como dito anteriormente. Importância da formação de AGV no rúmen para síntese do leite Os AGVs produzidos no rúmen podem suprir até 70% do requisito energético de uma vaca leiteira. Uma vez absorvidos, os AGVs fornecem energia para mantença, crescimento, produção de leite e reprodução da vaca. Além disso, os AGVs afetam indiretamente a síntese das proteínas do leite e servem como precursores da lactose e gordura do leite. Outro importante papel dos ácidos graxos voláteis seria a síntese de glicose a nível hepático a partir do propionato (gliconeogênese). Uma grande quantidade de glicose é então utilizada não só como fonte de energia, mas também para formação de lactose (açúcar encontrado no leite). A lactose pode ser considerada um regulador osmótico da produção de leite, ou seja, quanto maior a síntese de lactose pela glândula mamária, maior a produção de leite. Estima-se que uma vaca como uma produção diária de 20 kg de leite tenha uma produção hepática de glicose de 2kg sintetizada a partir do ácido propiônico (propionato) sintetizado no rúmen. Os ácidos acético e butírico são também utilizado pela glândula mamária como fontes de energia, além de serem precursores da gordura do leite. Aproximadamente metade da gordura encontrada no leite tem origem primária no ácido acético e secundária no ácido butírico. Os carboidratos indiretamente afetam a produção de proteína no leite por alterar a produção de proteína microbiana e aporte de aminoácidos para o animal. Os carboidratos são necessários para converter amônia em proteína microbiana útil. Se as deficiências de carboidratos limitam fermentação, a amônia será absorvida no rúmen e perdida na urina. Efeitos do concentrado sobre a produção de AGVs no rúmen e produção e composição do leite Os alimentos concentrados afetam a quantidade total e a porcentagem dos principais AGVs produzidos no rúmen. Quando pequenas quantidades de alimento concentrado são fornecidas aos animais, predomina a formação de ácido acético, o que resulta em menor porcentagem dos ácidos propiônico e butírico. Neste caso, o suprimento de ácido acético pode ser adequado para a maximização da produção de gordura do leite. Entretanto nessas situações, a concentração de ácido propiônico pode limitar a síntese de glicose e de leite. À medida que se aumenta a quantidade de concentrado na dieta, gradativamente, substituem-se os carboidratos fibrosos por carboidratos não fibrosos, os quais promovem maior e mais rápida digestão. Como resultado, aumenta-se a produção total de AGVs e alteram-se as porcentagens dos ácidos acético e propiônico, como mostrado na figura abaixo: Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário NewtonPaiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 8 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira A fermentação de carboidratos não fibrosos (ex.: amido, açúcares simples) normalmente conduz a redução e ao aumento das porcentagens dos ácidos acético e propiônico, respectivamente. Dessa maneira, a adição de pequenas quantidades concentrados a uma dieta baseada em forragem pode melhorar, consideravelmente, a produção de leite pela maior disponibilidade de precursores do leite, em particular glicose, sem prejuízo no suprimento de ácido acético para a glândula mamária (na porcentagem de gordura do leite). O excesso de concentrado na dieta pode alterar o padrão de ruminação dos animais, diminuindo a produção de saliva, causando redução no pH do rúmen pela falta de substância tampão (presente na saliva). Nessa situação a celulose é pouco digerida uma vez que as bactérias celulolíticas são sensíveis ao baixo pH ruminal. Um contínuo aumento da acidez no rúmen resulta numa baixa eficiência do crescimento microbiano e em desordens metabólicas, que podem levar redução na ingestão de alimentos e produtividade animal. A constante exposição do animal ao baixo pH ruminal pode resultar em problemas de cascos devido à laminite. Em resumo, o tipo de dieta oferecida ao animal e mais especificamente a quantidade de alimento concentrado na dieta influencia o pH, a quantidade e o padrão de AGV produzidos no rúmen. Dessa forma, a quantidade total e o padrão dos AGVs produzidos no rúmen influenciam: Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 9 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 1) A quantidade de leite produzido 2) A porcentagem de gordura no leite 3) A eficiência da conversão de alimentos em leite Digestibilidade e cinética de digestão de carboidratos A fibra digestível é usualmente definida como a porção de fibra consumida não excretada nas fezes. A fibra contém uma fração indigestível e uma fração potencialmente digestível cuja taxa de digestão será afetada pela taxa de passagem do alimento pelo trato gastrintestinal. A taxa de passagem é primariamente afetada pelo consumo, entretanto, o tamanho de partícula dos alimentos, as concentrações dietéticas de fibra e de CNF e a taxa de digestão podem afetar a taxa de passagem. A fração indigestível da FDN é o fator que mais afeta a utilização dos carboidratos fibrosos e varia grandemente entre os alimentos, podendo exceder mais da metade do total de FDN no rúmen. Esse aspecto é de grande importância, pois, quando utilizamos forragens colhidas em estados avançados de maturação (forragem passada), temos um grande aumento da fração indigestível da forragem, ocasionando uma diminuição na taxa de fermentação e digestão da fração fibrosa do alimento, além afetar também a taxa de digestão e utilização de outros nutrientes, como por exemplo, a de compostos nitrogenados. Por esse e outros motivos mais, o ponto de colheita ou de pastejo dos volumosos a serem oferecidos na dieta de bovinos assume grande importância na qualidade nutricional da forrageira. Os açúcares solúveis em água, como por exemplo a glicose, frutose e sacarose são rapidamente fermentados no rúmen e compõem uma fração significativa de certos alimentos (ex. sacarose da cana-de-açúcar). O amido é o principal estoque de carboidrato na maioria dos grãos, sendo composto de duas moléculas principais: amilose e amilopectina. A maioria das forragens contem pouco amido, excetuando-se as silagens de sorgo e de milho. O amido compõe a maior parte da fração de CNF dos grãos de cereais. Entretanto, a quantidade total de amido disponível para o animal depende de algumas variáveis, como por exemplo: tamanho de partícula, taxa de passagem pelo trato digestivo e tipo de processamento. A cinética da digestão se refere à taxa com que carboidratos são digeridos e passam pelo trato digestivo. Embora ela não seja usada para formulação de dietas, diferenças nas taxas de digestão de carboidratos podem ser úteis no ajuste fino de uma dieta depois que ela é balanceada para carboidratos fibrosos e não fibrosos. A fibra contém pelo menos duas frações cinéticas distintas. Uma contém lignina e parte da celulose e hemicelulose na parede celular que parece ser não digerida. Ou seja, esta fração não fornece nutrientes para a vaca, e limita ingestão porque ocupa espaço no rúmen e intestinos. Para vacas de alta produção, é recomendado que elas recebam forragens de alta qualidade, que possuem um mínimo de fibra indigestível e lignificada. A outra fração da FDN contém celulose e hemicelulose digestível que varia na taxa de digestão baseado no tipo de forragem, maturidade e ambiente em que a planta cresceu. A fibra detergente neutro digestível é singular, pois, é o Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 10 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira único componente digestível no alimento que não pode ser digerido por enzimas do animal, portanto deve ser digerida pela fermentação ruminal. As taxa de digestão de FDN são baixas (3 a 12%/h) comparada a dos componentes dos alimentos solúveis em detergente neutro que variam entre 20%/h e 10%/min. Vacas em lactação geralmente possuem ingestões que resultam em taxas de passagem de partículas que estão na mesma faixa das taxas de digestão de fibra. Portanto, parte da fibra não é digerida porque escapa o rúmen antes que a completa fermentação por microorganismos ruminais possa ocorrer. Baixas taxas de digestão não só resultam em depressão da digestibilidade associadas com altos consumos de alimentos, mas também causam redução no desaparecimento de resíduos fibrosos no rúmen e maior efeito de enchimento dos resíduos fibrosos no rúmen e maior efeito de enchimento por unidade de FDN. O efeito de enchimento da dieta pode ser aumentado também porque forragens com baixas taxas de digestão podem ser mais resistentes à redução do tamanho de partícula durante a ruminação. Portanto, o conteúdo de fibra de dietas para vacas altas produtoras deve ser baixo para aumentar a digestibilidade e reduzir o efeito de enchimento das dietas. Açúcares simples e carboidratos solúveis em água geralmente são fermentados rapidamente e completamente digeridos (taxas de digestão de 4 a 8% por minuto). Embora uma rápida fermentação possa levar a uma acidose ruminal e desordens que levam a um baixo consumo, carboidratos solúveis tipicamente não causam problemas na maioria das dietas porque eles geralmente somam menos do que 10% da matéria seca da dieta. O amido geralmente é a maior fração de CNF em dietas com elevadas participação de grãos e possui grande efeito na fermentação ruminal. Taxas de digestão de amido podem variar de 6 a 60% por hora. A extensão da digestão é diretamente relacionada à taxa de passagem, e varia com a tipo e processamento do amido, como dito anteriormente. A taxa e extensão da digestão do amido no rúmen diminuem na seguinte ordem para grãos secos que são moídos e laminados em tamanho médio: aveia (88 a 91%), trigos (88 a 90%), cevada (86 a 88%), mandioca (84 a 86%), batata (82 a 84%), arroz (80 a 82%), milho (75 a 77%) e sorgo (66 a 70%). Altas temperaturas de secagem de grão podem diminuir a extensão e taxa de degradação do amido em 10 a 20%. Comparada com moagem média, a moagem grosseira ou a laminação diminui as taxas em 5 a 10% e a moagem fina aumenta em 5 a 10%. Grãos úmidos laminados grosseiramente possuem também taxas de fermentação que são 10 a 20% maiores que grãos secos moídos em moagem média e taxas podem ser aumentadas ainda mais segrão úmidos forem moídos finos. A extrusão a vapor de amidos pode aumentar as taxas de fermentação de amidos em 10 a 20%. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 11 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Tabela - Diferenças na extensão da digestão ruminal de amidos de acordo com a fonte e processamento. Processamento Aveia Trigo Cevada Batata Arroz Milho Milheto Porcentagem digerida no rúmen Grão úmido (moagem fina) 99 99 98 87 85 Floculado a vapor 99 98 97 96 90 86 84 Grão úmido (moagem grossa) 82 80 Seco, moagem fina 94 93 91 78 72 Seco, moagem média 89 88 87 83 81 74 68 Seco, moagem grossa 79 78 77 74 65 61 Seco, inteiro 60 Fonte: Mertens, 1995 Amidos com rápidas taxas de digestão são fermentados quase completamente no rúmen resultando em alta produção de proteína microbiana comparados com carboidratos incompletamente digeridos. Microorganismos que degradam amidos produzem também ácido lático juntamente com AGV. Normalmente, o ácido lático é usado por outros microorganismos no rúmen e não acumula no ambiente ruminal. No entanto, se microorganismos produtores de ácidos láticos crescem rapidamente devido a uma grande quantidade de amido prontamente fermentável, eles podem produzir ácido láctico em excesso fazendo com que o pH do rúmen caia rapidamente. Quando isso é associado com dietas baixas em fibra, com baixa atividade mastigatória e conseqüente baixa produção de tamponantes salivares, a acidose ruminal pode ocorrer. Valores baixos de pH promovem um baixo e irregular consumo, e predispõe a lesões de cascos associadas a laminite. Além disso, ocorre uma diminuição na digestibilidade da fibra, pois, ocorre uma diminuição no crescimento de bactérias celulolíticas. Efeito do processamento sobre a disponibilidade de energia dos alimentos Milho grão O processamento mecânico aumenta a digestibilidade do grão seco. A digestibilidade do grão inteiro foi aumentada em 25% por prensagem do grão (Clarck et al., 1975) ou quando este foi quebrado (Moe et al., 1973). O milho moído possui de 4% a 6% mais energia digestível do que o milho prensado ou quebrado grosseiramente (Moe et al., 1973; Knowltom et al., 1996; Wilkerson., 1997). A diferença de energia líquida entre grão quebrado e grão moído está entre 0% e 4% (Moe et al., 1973; Wilkerson et al., 1997). A produção de leite aumentou de 3,5% a 6,0% quando se forneceu milho moído em substituição ao milho quebrado (Mitzner et al., 1994; Knowlton et al., 1996; Wilkerson., 1997). Geralmente a floculação a vapor aumenta a digestibilidade do amido de 10% a 20%. A média de produção de leite corrigido para gordura foi 4,5% maior quando milho floculado a vapor substitui grão seco moído (Chen et al., 1994). Baseado na produção de leite e mudanças na digestibilidade, o valor médio de ELL do milho floculado a vapor é cerca de 11% maior do que a Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 12 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira média do milho seco quebrado e cerca de 4% maior que a média do milho moído quando fornecidos ao nível de consumo de 3X mantença. A composição química do grão úmido é similar ao grão seco excetuando-se a maior quantidade de proteína solúvel que é duas a três vezes maior no grão úmido (Prigee et al., 1976). A concentração de FDN tende a ser maior no grão úmido provavelmente devido à contaminação por sabugo. Na média, o grão úmido foi 9% mais digestível que o grão seco quando fornecido a vacas de leite (Tyrrel e Varga, 1987; Wilkerson et al., 1997). Quando dietas similares feitas com grão seco ou grão úmido foram fornecidas a vacas não lactantes (consumo ao nível de mantença) a diferença em digestibilidade foi menor que 1% (McGraffree e Merril, 1968; Tyrrel e Varga, 1987). A moagem do grão úmido aumentou a digestibilidade da matéria orgânica da dieta em 5% comparada a dieta com grão úmido prensado (Ekinci e Broderick, 1997; Wilkerson et al., 1997). A medida de ELL para milho úmido, prensado ou moído foi respectivamente 13% e 32% maior quando comparado ao milho seco prensado ou moído (Tyrrel e Varga, 1987; Wilkerson et al., 1997). Knowlton et al., (1998) concluiu que a ingestão de matéria seca (23.5 kg/d), a produção (35 kg/d) e a composição do leite não diferiram entre vacas consumindo grão úmido ou grão seco. Essas dietas foram as mesmas utilizadas no estudo calorimétrico de Wilkerson et al., (1997). Em estudos no curto prazo (Lykos et al., 1997; Wilkerson et al., 1997) a ingestão de matéria seca não foi afetada, mas a produção de leite aumentou 5% quando grão seco foi substituído por grão úmido em dietas de vacas de alta produção. Em estudos no longo prazo (Dihman e Satter, 1995), com dietas de silagem de alfafa e silagem de milho, as vacas que receberam grão úmido prensado ou moído fino produziram 6% mais leite (corrigido para 3.5% de gordura) do que as vacas que receberam grão seco prensado. Silagem de milho Baseado em dados limitados, a digestibilidade do amido de uma silagem de milho normal (35% MS) é similar àquela do amido do milho quebrado, mas a digestibilidade do amido de uma silagem passada é 10% menor quando fornecidas ao nível de consumo de 3X mantença (Harrison et al., 1996; Bal et al., 1997). A prensagem mecânica da silagem de milho aumentou a digestibilidade do amido na dieta total em cerca de 6% (Bal te al., 1998; Weiss e Wyatt, 2000; Bal et al., 2000). Em outros estudos o processamento da silagem aumentou o NDT de um híbrido em 8%, mas não houve necessariamente o mesmo efeito em outro híbrido (Weiss e Wyatt, 2000). A produção de leite não tem sido consistentemente afetada pelo processamento da silagem de milho (Bal te al., 1998; Weiss e Wyatt, 2000; Bal et al., 2000). Sorgo grão O grão de sorgo inteiro é pouco digerido (Nordin e Campling, 1976). A digestibilidade do amido do grão de sorgo prensado foi 7% a 18% menor comparada a digestibilidade do amido do milho moído ou prensado a vapor (Oliveira et al., 1993). O grão de sorgo processado a vapor (floculado), possui degestibilidade do amido consistentemente maior do que o grão prensado quando fornecidos a vacas de leite. Em três estudos a digestibilidade do amido de dietas com sorgo floculado a vapor foi 8% maior do que para o amido de dietas com sorgo prensado (Chen et al., 1994; Santos et al., 1997; Simas et al., 1998). Na média, a digestibilidade do amido de dietas baseadas em sorgo floculado a vapor foi de 98%. O ponto no qual o processo de floculação a vapor aumenta a digestibilidade do amido do sorgo depende primariamente da densidade. A densidade ideal está em torno de 0,36 kg/l (Chen et al., 1994; Santos et al., 1997; Plascencia e Zinn, 1996), densidade menor que 0,3 kg/l pode resultar em diminuição no consumo de matéria seca bem como menor produção de leite (Moore et al., 1992; Santos et al., Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 13 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira 1997). Baseado em produção de leite e dados de digestibilidade o valor de ELL para o sorgo floculado a vapor é cerca de 13% maior do que para o grão prensado. Comparado com o milho quebrado, o sorgo prensado contém 4% menos de ELL enquanto o sorgo floculado a vapor contém 9% a mais de ELL ao nível de consumo de 3X mantença. Níveis de carboidratos nas dietas de vacas leiteiras O balanceamento de dietas para carboidratos deve garantir que a densidadeenergética da dieta seja adequada para atender as exigências produtivas (produção de leite), fibra efetiva (capacidade de estimular uma apropriada fermentação ruminal) e devemos buscar também um sincronismo de degradação entre carboidratos e proteínas no rúmen de forma a promover um máximo crescimento microbiano. Como a fibra em detergente neutro (FDN), que inclui os carboidratos fibrosos como esclarecido anteriormente, e os carboidratos não fibrosos (CNF) são inversamente proporcionais, um sistema para balanceamento de dietas baseado em um tipo de carboidrato geralmente balanceia a dieta pra o outro. Se a escolha é entre FDN e CNF, a FDN é preferível pela facilidade de sua determinação. Além disso, FDN tem sido relacionado com regulação de ingestão, digestibilidade, atividade mastigatória em vários experimentos e existe informação quantitativa para a utilização de FDN para formular rações. O sistema de ingestão de energia – FDN proposto por Mertens (1985, 1987) para formulação de rações para vacas de leite é baseado no pressuposto de que dois mecanismos regulam a ingestão em animais. Quando dietas ricas em fibra, dietas baixas em energia são fornecidas, o consumo de alimentos em vacas é limitado pelo efeito de enchimento. Quando uma dieta com baixa fibra, alta energia são fornecidas, as vacas regulam a ingestão para que as exigências de energia sejam atendidas. Como a FDN é relacionada ao efeito de enchimento e densidade energética das dietas, este pode ser usado para relacionar estes dois mecanismos em um escala única e fornecer parâmetros para formulação de ração. O balanceamento adequado de carboidratos para vacas em lactação é um dos pontos mais críticos na formulação de dietas. A fibra deve ser adicionada à dieta de vacas para estimular a mastigação e secreção de tamponantes presentes na saliva. No entanto, a fibra é o componente nutricional que mais ocupa espaço dentro do rúmen comparado com outros componentes da dieta. A falta de espaço dentro do rúmen é o que mais limita a ingestão de energia de uma vaca de alta produção. Portanto, dietas para vacas de alta produção devem ser balanceadas para oferecer fibra de maneira adequada e ao mesmo tempo ocupar o mínimo de espaço dentro do rúmen. A fermentação de carboidratos no rúmen é importante, pois fornece energia para crescimento microbiano e produção de proteína microbiana, entretanto, a fermentação não pode ser excessiva, já que esta pode produzir quantidades excessivas de ácidos levando a distúrbios metabólicos. Dietas com quantidades inadequadas de fibra ou muito fermentáveis podem diminuir o pH ruminal, a degestibilidade da dieta e a produção de proteína microbiana. As conseqüências desse desbalanceamento seriam o comprometimento da saúde animal e redução da produção de leite. Por outro lado, dietas com excesso de fibra também resultam em diminuição da produção de leite devido ao menor consumo de energia e produção de proteína microbiana. Esta última situação é a mais comum na maioria das fazendas leiteiras brasileiras. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 14 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Os principais carboidratos na dieta de vacas são os carboidratos na fração FDN (celulose e hemiceluose) e o amido. O conteúdo de amido na dieta é inversamente relacionado com o conteúdo de FDN e a concentração destes componentes varia de 25 a 35% da matéria seca da dieta. Outros carboidratos comuns incluem a pectina e açucares, ambos com concentrações que são tipicamente inferiores a 5% da MS da dieta. A porcentagem de carboidratos não fibrosos (CNF), como dito anteriormente, é estimada pela equação: CNF = (Proteína Bruta + Extrato Etéreo + Cinzas + Fibra em Detergente Neutro). Recomendações norte-americanas indicam que para vacas de alta produção, teores dietéticos mínimos estariam em torno de 25-30% da MS, enquanto teores acima de 45-50% seriam extremamente altos. O limite superior estaria em função da maior possibilidade de ocorrência de distúrbios relacionados à acidose ruminal, resultado do excesso de carboidratos de fermentação rápida no rúmen. Nas condições brasileiras, o excesso de fermentabilidade da dieta não é muito comum em fazendas leiteiras por diversos motivos: baixo preço do leite que impede a inclusão de altos níveis de concentrado nas dietas, geralmente se usa milho de textura dura, sendo esse de menor fementabilidade no rúmen, alto teor de FDN das forragens produzidas, tamanho de partícula das forragens ensiladas é freqüentemente grande, dentre outros. Em nossas condições, o problema mais comum não é o excesso de carboidratos fermentáveis causando acidose, e sim a falta de energia tanto para os microorganisnmos do rúmen quanto para o animal por falta de fermentabilidade, que podem causar outros sérios problemas, tais como: baixa produtividade, anestro pós-parto, baixa condição corporal, etc... Claro que existem exceções. Embora o tipo e as quantidades de carboidratos devam ser considerados na formulação de dietas de todas as categorias animal, estes itens são particularmente importantes na formulação de dietas para vacas de alta produção, porque o enchimento ruminal limita o consumo de matéria seca (CMS) em maior extensão nesse grupo de animais. A FDN de forragem (FDNF) pode ser usada como parâmetro básico para formulação de dietas no que diz respeito ao balanceamento de carboidratos, porque melhor representa o efeito de enchimento e é a fonte mais importante de fibra efetiva. Os ruminantes requerem um teor mínimo de FDN na dieta para manter a fisiologia ruminal e a saúde do animal. Em dietas formuladas com concentrados ricos em amido, se recomenda um mínimo 25% de FDN total (soma da FDN das forragens com a FDN oriunda dos concentrados) e 19% de FDN oriunda de forragens (FDNF). Esta recomendação foi originalmente proposta pelo NRC (1989) e foi mantida pelo (NRC 2001). Entretanto, esta recomendação pode ser manipulada uma vez que as fibras variam grandemente em efetividade. A efetividade da fibra está relacionada com a capacidade da fibra de promover a ruminação e manter os teores de gordura do leite. As rações com níveis inadequados de fibras podem provocar alterações na função ruminal, decréscimo na ingestão de energia e podem resultar em problemas de saúde como acidose, deslocamento de abomaso e laminite. Portanto, devemos fazer o balanceamento de carboidratos na dieta de forma a atender as exigências dos animais, e garantir uma fermentação ruminal adequada. Alcançar os requisitos energéticos das vacas em produção sem o comprometimento da função ruminal é muito mais fácil no terço médio e final da lactação. O nível ótimo de FDN que maximiza a ingestão de energia pelas vacas no início da lactação varia de 25 a 35% da MS. Podemos citar também valores de 19 a 27% da MS relacionados a FDN oriunda das forragens (FDNF). O nível de FDN dentro desse intervalo está na dependência da vaca ou grupo de guilherme Realce guilherme Realce guilherme Realce guilherme Realce Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 15 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira animais, dos alimentos disponíveis e do sistema de alimentação adotado. O ajuste do teor de FDN da dieta a partir de um ponto intermediário de 30% da MS requer um embasamento de nutrição e um refinamento pela experiência. Aditivos tamponantes podem ser utilizados para substituir parcialmente a FDN no processo de neutralização dos ácidos. Gordura adicional na dieta através de caroço de algodão, grão de soja, etc.. em níveis adequados, também permitirãouma redução no nível de FDN da dieta O esquema a seguir ilustra como vários fatores podem afetar a concentração ótima de FDN nas dietas: Como a CMS pode ser limitado pelo efeito físico com o aumento da concentração de FDN na dieta e a fração FDN é geralmente menos digestível que outros componentes, se o objetivo é aumentar o consumo de energia, deve-se formular dietas com menor concentração de FDN, porém prevenindo a produção excessiva de ácidos dentro do rúmen. Como pode ser observado na figura acima, a concentração de FDNF dentro de certos limites é dependente da vaca ou grupo de vacas (produtividade), dos alimentos disponíveis e do sistema de alimentação. As interações complexas evidenciadas acima tornam difícil uma recomendação única de concentração ótima de FDN. As dietas devem ser ajustadas avaliando-se a resposta produtiva dos animais à dieta. O objetivo de uma adequada suplementação de carboidratos em dietas de vacas leiteiras é maximizar a ingestão de energia e garantir uma fermentação ruminal adequada que permita maior produção de proteína microbiana. A efetividade da fibra, como comentado anteriormente, está relacionada a sua capacidade de promover a ruminação e manter os teores de gordura do leite. Baseado em uma revisão de literatura, podemos utilizar o fator de efetividade 0,45 para toda FDN oriunda de concentrados, 1 para a FDN do caroço de algodão e boas forragens e 1 a 1,2 para forrageiras muito fibrosas e Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 16 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira com longo tamanho de partícula. Considero que dietas com conteúdo de FDN efetiva acima de 22% da matéria seca e com pelo menos 16% de FDN de forragens são adequadas para manter a saúde de vacas de alta produção. A origem do número 22 é muito mais prática do que científica. Dietas com 25% de FDN total e 19% de FDNF têm sido utilizadas com sucesso por anos. Considerando que o fator de efetividade da FDN nas forrageiras é 1 e em concentrados seu valor é 0,5, esta dieta contém exatamente 22% de FDN efetiva ((19 x 1) + ((25-19) x 0,5) = 22. O NRC (2001) apresenta os teores mínimos de FDN total, FDN de forragem, FDA e máximos CNF, que estão descritos na tabela abaixo. Pode-se verificar que para vacas de leite, o NRC (2001) apresenta 25% como valor mínimo de FDN na MS total, desde que 19% da FDN seja oriunda de volumosos e um valor máximo de 44% de CNF nas dietas. Essa tabela e baseada em dieta completa cujo volumoso possui um tamanho de partícula adequado tendo o milho moído como principal fonte de amido. Através da tabela podemos observar que, partir de uma dieta com 19% de FDNF e 25% de FDN total, para cada 1% de redução no FDNF, aumenta 2% no FDN total e reduz 2% no CNF máximo. Tabela: Teores mínimos de FDN de forragem, FDN total, FDA e máximos de CNF, expressos em % da matéria seca das dietas (NRC, 2001) Essas recomendações do NRC se aplicam para dietas completas, cujo volumoso possui um tamanho de partícula adequado e o fubá de milho seja a principal fonte de amido. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 17 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Principais fontes: Anais da XXXIX Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Recife-PE, 2002 – Palestra: Aplicação dos Princípios de Nutrição de Ruminantes nas Regiões Tropicais, por Sebastião de Campos Valadares Filho e Luciano da Silva Cabral Fundamentos da Nutrição de Ruminantes, Coelho da Silva, J.F. e Leão, M. I., 1979, Livroceres LTDA. Guia Técnico de Pecuária Leiteira – Nutrição e Alimentação. Instituto Babcock para o Desenvolvimento e Pesquisas Internacionais em Pecuária Leiteira. Wisconsin, Madison, EUA – Michael A. Wattiaux, tradução Ronaldo Braga Reis Nutrient Requirements of Dairy Cattle, 1989 (NRC, 1989) Nutrient Requirements of Dairy Cattle, 2001 (NRC, 2001) Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 18 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Balanceando carboidratos INTRODUÇÃO Os carboidratos (CHO) são a principal fonte de energia para os microrganismos do rúmen, constituindo-se no nutriente de maior participação individual (70-75%) nas dietas de vacas leiteiras. Além da importância quantitativa, o que confere a este nutriente alto impacto sobre o custo de produzir leite, também merece consideração o reflexo dos mesmos sobre a composição do leite. O balanceamento dos carboidratos da dieta deve considerar que estes nutrientes dividem-se em dois grandes grupos. Os de degradação lenta e que ocupam espaço no rúmen e os carboidratos com alta velocidade de degradação. Os carboidratos de degradação lenta são medidos quimicamente como Fibra em Detergente Neutro (FDN). Os de degradação rápida são os Carboidratos não Fibrosos. Uma distinção terminológica importante é a diferença entre CNF e Carboidratos não estruturais (CNE), similar à diferença entre FDN e Carboidratos Estruturais, conforme já abordado anteriormente. Os carboidratos também representam um elo entre a dieta e o programa agronômico de produção de forragens: leite baseado em cana é leite oriundo de sacarose; leite baseado em silagem de milho ou sorgo é leite oriundo de amido, leite baseado em pastagens tropicais é leite oriundo de fibra; leite à base de subprodutos fibrosos pode reduzir a necessidade de produção de forragem por unidade de leite produzido. Outro ponto que deve sempre ser considerado quando o assunto é carboidratos é sua estreita relação com alguns problemas metabólicos, como a acidose ruminal, problema normalmente associado à redução do teor de forragem das dietas, com concomitante aumento no teor de CHO rapidamente degradáveis, o que também pode ter um grande impacto sobre a lucratividade de sistemas de produção de leite. RELAÇÃO FORRAGEM:CONCENTRADO Na década de 70 a relação entre forragens e concentrados foi inicialmente utilizada para descrever os carboidratos. Desta prática advém conceitos ainda ocasionalmente vigentes, como o de que vacas leiteiras deveriam consumir dietas com 40 ou 50% da matéria seca oriunda de forragens. Este conceito é falho, pois não considera diferenças de valor nutritivo entre forrageiras. Uma forrageira de baixa qualidade não resulta em resposta produtiva similar à de uma forrageira de alta qualidade e, portanto, necessitaria ter menor inclusão dietética quando da formulação de dietas idênticas nutricionalmente. A relação entre forragens e concentrados também não considera o processamento físico das forragens (tamanho das partículas). O conceito não consegue diferenciar a resposta ao fornecimento de um feno com partículas longas, da resposta à mesma forrageira moída finamente. Outra falha seria a desconsideração da natureza dos concentrados. Concentrados ricos em subprodutos fibrosos não são idênticos a concentrados ricos em amido ou outro carboidrato de degradação rápida no rúmen. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 19 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira CARBOIDRATOS FIBROSOS E CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS Carboidratos estruturais são aqueles que dão sustentação às plantas, definindo sua estrutura física, podendo ser fibrosos ou não. Considera-se fibra todo alimento de degradação lenta e que ocupa espaço no rúmen (medido como FDN). Quimicamenteé representada por hemicelulose, celulose e lignina. A Fibra em Detergente Ácido (FDA) seria a FDN subtraída da hemicelulose. O teor dietético de FDA tem pouco valor prático na formulação de dietas, tendo valor na predição do conteúdo de energia de forrageiras. A pectina é um carboidrato estrutural, mas é de degradação rápida no rúmen, e portanto não é considerado fibroso. Farinhas de origem animal também têm FDN, mesmo não sendo células vegetais - não têm Parede Celular. CARBOIDRATOS NÃO FIBROSOS E CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS O balanceamento de carboidratos evoluiu para o uso da FDN e dos Carboidratos não Fibrosos (CNF) na formulação de dietas. A fração menos digestível dos CHO não está contida na FDN. Os CNF incluem os açúcares, amido, pectina, e outros CHO de reserva menos importantes. A fração CNF é calculada por diferença, segundo a formula abaixo. CNF = 100-(FDN+PB+EE+Cinzas) ou CNF = 100 - (PB+EE+(FDN -PB na FDN)+Cinzas) A fração FDN-PB representa a proteína indigestível contida na FDN. A primeira equação é a de maior uso prático, mas a segunda é teoricamente mais correta, pois faz a correção para o nitrogênio associado ao resíduo da digestão em detergente neutro. A secunda equação evita com que este nitrogênio seja contabilizado duas vezes, como PB e como FDN. Já os carboidratos não estruturais (CNE) são determinados em laboratório, por métodos enzimáticos, e incluem apenas o amido e os açúcares. As concentrações de CNF e CNE não são as mesmas para muitos alimentos, de forma que não devemos utilizar esses termos como se fossem idênticos, como mostra a tabela 1. Na fração CNF de forragens ensiladas também existe alta proporção de ácidos graxos voláteis (AGV). A química dos CNF deve ser considerada pelo nutricionista quando da caracterização dos diferentes alimentos. Microorganismos ruminais digestores de carboidratos são bem específicos quanto ao substrato preferencial. Por isto mudanças no perfil de carboidratos dietéticos, seja fibroso ou não fibroso, requer tempo de adaptação da flora ruminal para que seja detectada resposta produtiva ao novo substrato. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 20 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Tab. 1. Carboidratos não fibrosos e não estruturais de alguns alimentos Composição do CNF FDN CNF CNE Açúcares Amido Pectina AGV Alimento --------------------------------- % da MS --------------------------------- Silagem de alfafa 51.4 18.4 7.5 0 24.5 33.0 42.5 Feno de gramínea 60.0 16.6 13.6 35.4 15.2 49.4 0 Silagem de milho 44.2 41.0 34.7 0 71.3 0 28.7 Milho grão 13.5 71.8 70.6 20.9 80.0 0 0 Casca de soja 66.6 14.1 5.3 18.8 18.8 62.4 0 Farelo de soja 9.6 34.4 17.2 28.2 28.2 43.6 0 Adaptada de NRC (2001) EXIGÊNCIA DE FIBRA E CARBOIDRATOS NÃO FIBROSOS Os ruminantes requerem um teor mínimo de FDN na dieta para manter a fisiologia ruminal e a saúde do animal. Por exemplo, em dietas formuladas com forragem, milho e farelo de soja se recomenda incluir no mínimo 25% de FDN total (a soma da FDN oriunda de forragens com a FDN oriunda de concentrados) na matéria seca dietética, desde que a dieta contenha no mínimo 19% de FDN oriundo de forragens na matéria seca (FDNF). É importante compreender como restrições nutricionais são entradas em uma planilha computadorizada para formulação de dietas. Restrições aos nutrientes e ingredientes podem ser colocadas como mínimo (Ex: quero pelo menos 17% de PB na dieta), máximo (Ex: quero no máximo 1% da MS da dieta como uréia), como igualdade (Ex: quero exatamente 0,35% da MS de determinada mistura mineral) ou com limites mínimo e máximo (Ex: quero o Ca dietético entre 0,8 e 1,2% da MS). Tanto a exigência de FDN como a de CNF são definidas como mínimas, ou seja, há necessidade de se prever na dieta uma exigência nutricional de FDN maior do que X e uma de CNF maior do que Y. O teor de FDN mínimo, define o teor máximo de CNF que pode ser incluído na dieta. Da mesma forma, o teor mínimo de CNF, define o teor máximo de FDN. Não há necessidade de definir limites máximos para FDN e CNF. Isso ocorre por que os teores de PB, EE e cinzas variam pouco entre dietas. Via de regra, as dietas de vacas leiteiras contém cerca de 70% de CHO e 30% de PB+EE+Cinzas. Logo, o limite mínimo de FDN automaticamente limita o máximo de CNF, e vice-versa. Outro fator importante que sempre deve ser lembrado é que o perfil dos CHO da dieta pode apresentar variação significativa, principalmente em relação à taxa de degradação ruminal (Kd), extensão total de degradação e taxa de passagem pelo rúmen (Kp). Pode haver grandes diferenças no tamanho de partículas entre diferentes forragens (fibra), bem como na sua habilidade de se ligar a cátions no rúmen. Dentre os CNF, o tipo de composto, métodos de processamento, teor de umidade, e características do amido também influenciam de forma decisiva seu processo digestivo, e conseqüente utilização pelos animais. A tabela 2 mostra as variações na digestão ruminal do amido entre diferentes fontes de CNF. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 21 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Tab. 2. Digestão ruminal do amido Alimento Variação % do amido consumido e digerido no rúmen Núm. de experimentos revisados Trigo 94 1 Cevada 88 1 Milho de alta umidade 89-90 89.5 +/- 5 2 Milho floculado a vapor 79-94 84.5 +/- 1.3 10 Milho seco amassado 61-93 79 +/- 3.3 10 Milho inteiro 52-75 63.5 +/- 5.6 13 Sorgo floculado a vapor 61-96 78 +/- 3.1 4 Sorgo seco e amassado 39-86 62 +/- 4 15 Velocidade de fermentação: Aveia > Trigo > Cevada > Milho > Sorgo No caso do milho, as variedades normalmente cultivadas no Brasil apresentam baixa disponibilidade ruminal, pois são de alta vitreosidade (milho flint), ilustrado nas figuras 1 e 2 e tabela 3. Em milho flint existe uma matriz protéica que limita a acesso de enzimas microbianas ao amido do endosperma. Em milho dentado a matriz protéica é mais esparsa, tornando o endosperma farináceo. Maiores teores ditéticos de CNF devem ser requeridos quando o milho é do tipo flint, desde que o amido é de menor fermentabilidade no rúmen. Esta é uma limitação séria nas dietas brasileiras, já que milho é um importante alimento energético por aqui. 7 3 .3 1 9 .0 6 5 .0 8 6 .2 4 2 .3 6 1 .4 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 100 Dentado in ic ia l 1 / 2 L i n h a d o Leite Linha prêta D e g ra d a ç ã o e m 2 4 h o ra s F l in t Dentado 1 .9 3 .7 4 1 .1 1 .2 4 .8 1 6 .9 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 Dentado in ic ia l 1/2 Linha do leite Linha prêta R e s íd u o d e 7 2 h o ra s Flint Dentado Fig.1. Degradação ruminal de milho duro ou macio em 3 estágios de maturação (Pereira, 2004). Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 22 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Fig.2. Relação entre vitreosidade e digestibilidade de grãos de milho. 40 50 60 70 80 90 30 40 50 60 70 80 % de endosperma vítreo % d e d e g ra d a ç ã o ru m in al d o am id o Brasileiros Adaptado de Correa et al. (2002) Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 23 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Tab. 3. Comparação entre híbridos de milho cultivados no Brasil e EUA EUA Brasil P < Taxa fracional de degradação do amido (%/h) 19,4 7,0 0,001 Fração A rapidamente degradável (% do amido) 31,0 6,1 0,001 Degradação efetiva no rúmen (% do amido) 77,4 48,5 0,001 Vitreosidade (% do endosperma) 47,0 73,2 Adaptado de Correa et al. (2002) A disponibilidade de carboidratos de degradação rápida no rúmen determina a síntese de proteína microbiana e o aporte de proteína metabolizável para o animal. A excreção de proteína no leite responde à disponibilidade de CNF no rúmen e limitações de CNF podem reduzir a produção de proteína microbiana. A exigência nutricional mínima de CNF é aquela capaz de manter o aporte de energia para o animal e para os microorganismos do rúmen. A tabela 4 mostra os efeitos de diferentes teores de CNF na dieta de vacas leiteiras, sobre o consumo e desempenho dos animais. A excreção de proteína no leite é usada para definir o limite mínimo de CNF na dieta. Nestas dietas, baseadas em alfafa e milho de alta digestibilidade (dentado), a redução no teor de CNF para valor inferior a 30% da MS por inclusão de subprodutos fibrosos reduziu a proteína no leite, indicando que pode ter havido redução na síntese de proteína microbiana no rúmen. Tab. 4. Efeitos do teor de CNF sobre o consumo de nutrientes, produção e composição do leite. CNF na dieta (% da MS) Ingrediente 40,7 35,4 30,4 24,8 Alfafa 47.5 47.5 47.5 47.5 Subprodutos (1) 3.4 13.4 25.8 37.4 Nutriente FDN 28.2 32.9 37.4 42.9 FDNF 20.5 20.5 20.5 20.5 Amido 32.9 28.5 24.0 17.6 Resultado CMS (L) (Kg/dia) 27.6 27.2 26.7 25.8 Cons. FDN, % do PV (L) 1.14 1.30 1.45 1.62 Prod. Leite, Kg/dia 40.2 39.7 39.7 39.5 Proteína no leite, Kg/dia (L) 1.23 1.20 1.20 1.16 Proteína no leite, % (L) 3.07 3.02 3.02 2.95 Adaptada de Batajoo & Shaver (1994) (1) = resíduo de cervejaria + casca de soja + farelo de trigo (L) = efeito linear Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 24 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Há que se questionar se as recomendações disponíveis para teor de CNF, geradas a partir de dados americanos e europeus, servem de fato para o Brasil. De qualquer forma, a seguinte regra é válida na grande maioria das situações: · CNF máximo = 45-50% · CNF ótimo = 38-40% · CNF aceitável = 35-38% · CNF mínimo = 25-30% Em dietas de baixo teor de CNF a fonte de amido deve ser de alta disponibilidade ruminal (milho de alta umidade, cevada, farinha de trigo, farinha de milho, mandioca). Em dietas ricas em fibra e, portanto, com baixo CNF, a suplementação com proteína em forma não degradável no rúmen (PNDR) pode compensar a queda na síntese de proteína microbiana, conforme mostra a tabela 5. Tab. 5. CNF e PNDR - (54 vacas alimentadas por 10 semanas). Ingrediente 1 2 3 4 Azevém 39.8 39.0 39.2 40.3 Subprodutos fibrosos (1) I I Fontes de amido (2) I I Fontes de PNDR (3) I Prod. Leite, Kg/dia 26.7 28.0 25.2 28.0 Teor Gordura no leite, % 3.70 3.34 3.90 4.03 Prod. Gordura no leite, g/dia 1000 900 980 1110 Teor PB no leite, % 3.33 3.30 3.14 3.29 Prod. PB no leite, g/dia 890 920 790 920 Adaptada de Sloan et al. (1988) (1) = farelo de trigo, polpa de beterraba, polpa de citros, farelo de gluten de milho, casca de soja (2) = cevada, mandioca, farinha de trigo (3) = farinha de carne, farinha de peixe, glúten de milho EXIGÊNCIAS EM FIBRA Para que as vacas leiteiras possam exprimir todo o seu potencial produtivo, a manutenção de certo nível de fibra longa na dieta é vital para estimular a mastigação e a salivação, bem como a motilidade ruminal. O NRC (1989) prevê uma exigência mínima de FDN total (forragem + concentrado) em 25% da MS da dieta. Destes, 75% devem ser oriundos de forragem (18,8% de FDN oriundo de forragem na dieta). Essa é uma forma para garantir certo tamanho de partícula na dieta, o mínimo necessário para manter a função ruminal. Porém, o método é imperfeito, pois não diferencia forragens com diferentes processamentos e armazenamentos. Apesar de falho, é o utilizado atualmente para controlar o tamanho de partícula. Não existem recomendações práticas utilizáveis em formulação para tamanho de Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 25 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira partícula em mm, por exemplo, o que seria uma exigência nutricional de fibra fisicamente efetiva. Este conceito será mais discutido a seguir. Esse método do NRC (1989) diferencia a FDN oriunda de forragem da FDN oriunda de concentrados, mas não confere efetividade ao FDN oriundo de alimentos concentrados. Essa exigência como proporção também não é ideal, como ilustra o exemplo abaixo. Considere duas dietas hipotéticas, com diferentes teores de FDN: 1) 25% FDN - 18,8% FDNF (75%) 2) 35% FDN - 18,8% FNDF (54%) A dieta 2 é melhor do que a 1, do ponto de vista de acidose ruminal (mais FDN, menos CNF), mas não atende à exigência de ter 75% do FDN total oriundo da forragem. A recomendação de balanceamento de fibra do NRC (1989) é questionável, apesar de ser parcialmente mantida no NRC (2001). A figura 3 mostra a composição ideal de uma dieta altamente energética segundo o NRC (1989). Por este modelo nutricional esta dieta seria capaz de maximizar o consumo de nutrientes sem causar distúrbios digestivos nos animais. 18% 3% 7% 19% 6% 47% P B E E Cinzas FDNF FDNC CNF CNF = Carboidratos não fibrosos = 100 - (PB+EE+FDN+Cinzas) Figura 3. Dieta de alta energia segundo o NRC (1989) – composição bromatológica e proporção de ingredientes. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 26 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Mas será que uma dieta como a ilustrada abaixo é impossível de ser utilizada? E a dieta mostrada abaixo? Será impossível de ser utilizada? Pelo NRC (1989) ela seria impossível, mas ela funciona na prática. 16% 1% 49% 34% Fontes Protéicas Min+Vit Forragem Milho 5% 1% 44% 32% 18% Fontes Protéicas Min+Vit Subprodutos Forragem Milho Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 27 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira EFETIVIDADE DE FIBRA A partir do final dos anos 90, introduziu-se o conceito de efetividade da fibra. A grande vantagem desse conceito é permitir a comparação de fontes de FDN numa mesma escala. Dentro deste contexto, é possível comparar subprodutos fibrosos e forragens, e forragens com diferentes graus de processamento. O teor e origem do FDN dietético passa a ser determinado por economicidade. Nem sempre se quer trabalhar com alto teor de forragem na dieta. A relação entre forragens e concentrados é definida por uma série de fatores. Em algumas situações específicas, pode ser interessante minimizar o teor de forragemna dieta, como por exemplo: · Quando a quantidade disponível é limitada · Quando a qualidade é baixa, mas há alta exigência em energia · Quando o custo por nutriente é alto com relação a outros alimentos · Para permitir redução no capital e no trabalho de produção · Para maximizar a quantidade de leite por unidade de forragem produzida Fator de efetividade do FDN Esse fator é medido empiricamente, utilizando variáveis que respondem ao perfil de carboidratos da dieta, tais como mastigação, camada de fibra longa do rúmen (mat), motilidade ruminal, teor de gordura no leite, pH ruminal e perfil de AGV no rúmen FDN fisicamente efetivo (peFDN) Esse fator foi primeiramente definido por Mertens (1986) como "roughage value", que era a fração retida em peneira de 1,18 mm. O peFDN é determinado por características macro- físicas da fibra e poderia ser mensurado nos alimentos por avaliação de variáveis do animal como a mastigação, a camada de fibra longa no rúmen e a motilidade ruminal. O conteúdo de peFDN de um alimento é calculado pelo teor de FDN analisado quimicamente e multiplicado pelo fator de efetividade físico (pef) da fibra naquele alimento: peFDN = FDN * pef O tamanho de partículas não é um indicador preciso de efetividade física. Um exemplo prático é a cana-de-açúcar. Cana bem picada tem menor tamanho de partícula do que a silagem de milho, conforme ilustrado na tabela 6. Entretanto a mastigação por unidade de consumo e de FDN não cai em dietas com cana (Tabela 7). Para avaliar corretamente o alimento é preciso medir a resposta animal. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 28 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Tab. 6. Diferenças no tamanho de partículas de cana-de-açúcar e silagem de milho Grandes Médias Pequenas Cana-de-açúcar 12.5 32.3 55.2 Silagem de milho 13.6 66.9 19.2 % de partículas retidas nas peneiras do separador Penn State (% da MS total) Tab. 7. Mastigação por unidade de consumo em dietas à base de cana-de-açúcar e de silagem de milho Silagem de Milho Silagem de Milho Cana Forragem 46.2 46.2 46.2 FDN de forragem 20.1 19.9 19.6 FDN total 26.9 27.9 27.0 Mastigação (min/Kg MS 32.1 30.1 33.6 Adaptada de Correa et al. (2003) FDN efetivo (eFDN) A efetividade da fibra está ligado às características tanto macro-físicas como “químicas” do alimento. Algumas variáveis resposta poderiam ser utilizadas para mensurar a efetivade da fibra, dentre elas a % de gordura do leite, o pH ruminal e o perfil de AGV no rúmen (Acetato/Propionato). O conteúdo de FDN efetivo de um alimento (eFDN) é calculado multiplicando seu teor de FDN analisado quimicamente pelo fator de efetividade daquela fibra (ef). eFDN = FDN * ef Para utilizar bem o conceito de fibra efetiva no campo é bom compreender como os valores de ef são calculados para cada alimento. O fator de efetividade de um alimento é medido em experimentos de curta duração e com dietas com baixo conteúdo de forragem. A metodologia vem de Madison (Wisconsin): Armentano & Pereira (1997). Nestes experimentos se formula uma dieta com teor adequado de forragem (controle positivo, CP).Também se formula uma dieta acidogênica com baixo conteúdo de forragem (controle negativo, CN). Na dieta teste, com o subproduto fibroso que se quer avaliar, é incluída quantidade suficiente deste alimento capaz de elevar o conteúdo de FDN desta dieta para teor similar ao teor na dieta PC, como ilustra a figura 5. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 29 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira A forragem padrão, da qual a FDN de forragem se origina, é a silagem de alfafa, A forragem padrão, da qual a FDN de forragem se origina, é a silagem de alfafa, por ser uma forrageira típica do meio-oeste norte americano. Qualquer variável resposta poderia ser avaliada (mastigação, pH ruminal, mat, perfil de AGV, etc). A resposta em % de gordura no leite tem sido utilizada para definição do ef do alimento, pois a resposta animal em % de gordura no leite ocorre tanto à variação na FDN dietética oriunda de forragem quanto a variação na FDN oriunda de concentrados. A resposta em % de gordura no leite por unidade de aumento na FDN do alimento teste, proporcionalmente à resposta por unidade de aumento no FDN de silagem de alfafa, define o fator de efetividade da FDN naquele alimento, conforme mostrado na figura 6. Logo o ef de um alimento seria a resposta induzida neste alimento porporcionalmente à resposta induzida por silagem de alfafa. Controle negativo Dieta teste Controle positivo 0 5 10 15 20 25 FDNFFDN teste FDN (%MS) Figura 5. Fator de efetividade do FDN. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 30 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Quando se fala que a ef de um alimento é 0,50, por exemplo, significa que cada unidade de FDN neste alimento é capaz de induzir uma resposta em % de gordura que é 50% da resposta que seria induzida por unidade de FDN de silagem de alfafa. Ou seja, teoricamente, 2 unidades de FDN do alimento teriam o mesmo eFDN que 1 unidade de FDN de alfafa. A % de gordura no leite é muito utilizada como variável resposta porque responde tanto à inclusão de FDN de forragem, quanto à inclusão de FDN de concentrados à dieta. A tabela 8 mostra isso com clareza. B B J J 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 FDN (% MS) Gordura do leite (%) CN CP Teste b a a / b = ef Figura 6. Cálculo do fator de efetividade do FDN. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 31 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Tab. 8. Respostas a FDN de forragem e FDN de concentrado Intersecção FDNF FDNC CMS, Kg/dia 21.04 0.1135 -0.0490 Prod. Leite, Kg/dia 28.24 0.2020 -0.0723 Teor Gordura no leite, % 2.43 0.0390 0.0181 Teor PB no leite, % 3.61 -0.0190 -0.0005 Prod. Gordura no leite, Kg/dia 0.644 0.0192 0.0039 Prod. PB no leite, Kg/dia 1.010 0.0016 -0.0026 Adaptada de Pereira (1997 Dados de 68 tratamentos em 16 experimentos Inclinações da reta em itálico são estatisticamente significativas Diversos experimentos apontam que a FDN de subprodutos fibrosos não estimula a mastigação (min/d/kg CMS), conforme mostra a figura 7. A razão pode ser seu pequeno tamanho de partícula. Fibra de subprodutos não é fisicamente efetiva (com excessão de caroço de algodão não moído). Forragens são fisicamente efetivas. 24 25 26 27 28 29 25.5 25.7 28.6 19.5 FDN - 12.6 FDNF 33.4 FDN - 12.8 FDNF 24.8 FDN - 20 FDNF Dados de 26 vacas por tratamento (Pereira et al., 1999) Figura 7. FDN de subprodutos fibrosos não estimula mastigação (min/d/kg CMS) Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 32 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira A tabela 9 valores de ef de diferentesprodutos, baseado na % de gordura do leite. Valores de ef para diferentes alimentos têm sido publicados (Tabela 9). Entretanto um valor em torno de 0,50 tem sido utilizado para todo FDN oriundo de concentrados. Eu, particularmente, uso o fator 0,46 para todo FDN oriundo de concentrados. Este fator é baseado nas regressões na tabela 8: 0,46 = 0,0181 / 0,0390. Entendeu o porque deste valor ? Tab. 9. Valores de ef baseados em % de gordura no leite Resíduo de cervejaria 0.33 Farelo de trigo 0.46 Sabugo de milho 0.51 Polpa de beterraba 0.51 Farelo de glúten de milho 0.56 Pellet de alfafa 0.56 Casca de aveia 0.64 Caroço de algodão 1.30 Todo FDN de concentrados (Regressão) 0.46 CARBOIDRATOS NO NRC (2001) O NRC (2001) sugere que o FDNF mínimo para manter função ruminal seria similar em dietas formuladas com silagem de milho ou alfafa. Usa ef de 0,50 para todo FDN oriundo de concentrados. A partir de uma dieta com 19% de FDNF e 25% de FDN total, para cada 1% de redução no FDNF, aumenta 2% no FDN total e reduz 2% no CNF máximo, conforme mostrado na tabela 10. Note que a primeira dieta é a mesma preconizada pelo NRC (1989), uma dieta que sabidamente funciona. Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 33 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira Tab. 10. CHO no NRC (2001) Mínimo de FDN de forragem Mínimo de FDN total Máximo de CNF na dieta Mínimo de FDA na dieta 19 25 44 17 18 27 42 18 17 29 40 19 16 31 38 20 15 33 36 21 Válido para Dieta Completa contendo forragem com tamanho de partícula adequado e milho moído como fonte predominante de amido Apesar do NRC (2001) incorporar o conceito de fibra efetiva, o que foi um avanaço proporcionalmente ao NRC (1989), suas recomendações merecem questionamento. As dietas preconizadas não contêm o mesmo teor de eFDN. Como as dietas não são iso-FDN, fica impossível incorporar uma restrição dietética mínima de eFDN em uma planilha para formulação de dietas. Por exemplo, é impossível falar a um computador que a exigência de eFDN seria 22% da MS quando a FDNF é 19%, mas seria 24% quando a FDNF for 15% ! A sistemática ainda tem que evoluir. A tabela 11 mostra que o conteúdo de eFDN não é constante nos valores de exigência nutricional de FDNF e FDN total. Este cálculo assume que o ef da FDNF seria 1,0 e o ef da FDN em concentrados (FDN total – FDNF) seria 0,5. Tab. 11. CHO no NRC (2001) - Assume ef = 0,5 para FDNC Mínimo de FDN de forragem Mínimo de FDN total eFDN na dieta 19 25 19+3 = 22 18 27 18+4.5 = 22.5 17 29 17+6 = 23 16 31 16+7.5 = 23.5 15 33 15+9 = 24 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 34 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira PARÂMETROS PARA BALANCEAMENTO DE CARBOIDRATOS Tenho utilizado os seguintes parâmetros para balancear carboidratos em dietas para vacas leiteiras: · Mínimo de FDN de forragem na dieta (16% da MS) · No ínício da lactação manteria a FDN de forragem acima de 19% da MS · ef de todo FDN oriundo de concentrado, exceto caroço de algodão, em torno de 0,5 (0,46) · ef da FDN de forragens = 1 · Mínimo de eFDN na dieta (22% da MS) · Mínimo de CNF na dieta (30-40% da MS) - depende da fonte de CNF e da digestibilidade da FDN Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira ReHAgro – Recursos Humanos no Agronegócio Centro Universitário Newton Paiva Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação 35 Curso de Pós-Graduação em Pecuária Leiteira REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Armentano, L.E. & Pereira, M.N. 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