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Processo Civil atualizado (XVII TRF4)

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PROCESSO CIVIL
2016	
1. Jurisdição: natureza, conceito, características, espécies, a problemática da jurisdição voluntária, princípios, estrutura constitucional (Poder Judiciário, organização judiciária, atividade jurisdicional, atividades essenciais à Justiça), equivalentes jurisdicionais (autotutela, autocomposição, mediação e arbitragem). Jurisdição constitucional propriamente dita (controle judicial de constitucionalidade e suas espécies: ação direta de inconstitucionalidade interventiva, ação direta de inconstitucionalidade, ação de inconstitucionalidade por omissão, ação declaratória de constitucionalidade, argüição de descumprimento de preceito fundamental, respectivos natureza, conceitos, características, hipóteses de cabimento, detalhes de procedimento); jurisdição constitucional das liberdades e seus principais mecanismos (habeas corpus no processo civil, mandado de segurança individual e coletivo, habeas data, ação popular, ação civil pública), respectivos conceitos, naturezas, hipóteses de cabimento, detalhes procedimentais. Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16-03/2015): normas fundamentais e aplicação das normas processuais; direito intertemporal. 
1.1. Natureza: poder-dever estatal.
1.2. Conceito: é o poder-dever do Estado de aplicar o direito objetivo ao caso concreto, resolvendo-se com definitividade uma situação de crise jurídica e gerando com tal a pacificação social. 
Pode ser analisada sob três aspectos: Poder (de interferir na esfera jurídica dos jurisdicionados – deriva da soberania), Função (encargo atribuído pela Constituição Federal, em regra, ao Poder Judiciário – função típica – e, excepcionalmente, a outros poderes – função atípica) e Atividade (sequência de atos processuais). 
Encontra fundamento de validade na cláusula de inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF/88). O poder jurisdicional é o que permite o exercício da função jurisdicional, que se materializa no caso concreto por meio da atividade jurisdicional.
Escopos da jurisdição (Principais objetivos): 
a) Jurídico: aplicação concreta da vontade do direito.
b) Social: resolver o conflito de interesses proporcionando às partes envolvidas a pacificação social.
c) Educacional: ensinar aos jurisdicionados seus direitos e deveres. 
d) Político: (I) fortalecer o Estado, aumentando com o funcionamento pleno e eficaz da jurisdição a sua credibilidade perante seus cidadãos; (II) é o último recurso em termos de proteção às liberdades públicas e aos direitos fundamentais, valores essencialmente políticos; e (III) incentivar a participação democrática por meio do processo. 
1.3. Características: (nem todas essas características estão sempre presentes):
a) Unidade: a jurisdição é única e exercida exclusivamente pelo Poder Judiciário.
b) Secundariedade: dá-se prioridade à autocomposição.
c) Imparcialidade: o juiz deve ser terceiro e desinteressado. Não confundir com neutralidade (ausência de valores), que supõe que a atuação do juiz deve ser guiada por uma vontade inconsciente (seria demasiado exigir que o julgador se abstenha de sua experiência, traumas, convicções e temores para decidir um caso concreto).
d) Substitutividade: o Estado-juiz substitui a vontade das partes pela vontade da norma. Não está sempre presente, pois inexiste nas ações constitutivas necessárias e na execução indireta.
e) Inércia: o início da atividade jurisdicional deve ser provocado pelo interessado. Uma vez provocada a jurisdição, aplica-se a regra do impulso oficial. 
Atenção: com o CPC/2015, o juiz não pode mais dar início de ofício ao processo de inventário. Era a única exceção legalmente prevista no CPC/1973 e que restou revogada. 
f) Definitividade: a solução do conflito por meio jurisdicional é a única apta a se tornar definitiva e imutável. Todavia, a eventual ausência de coisa julgada material não desnatura a atividade jurisdicional. A função jurisdicional não é privativa do Poder Judiciário, porém, quando exercida por outros Poderes, suas decisões não gozam de definitividade.
g) Monopólio estatal: característica mitigada para quem adota a concepção de que a arbitragem é atividade jurisdicional, o que é controvertido.
h) Lide: “conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida” (Chiovenda). Para o doutrinador italiano, a jurisdição se presta à composição justa da lide. Não é fenômeno processual, mas fático-jurídico (ou sociológico), anterior ao processo. É corrente na doutrina o entendimento de que é possível a existência de jurisdição sem lide.
1.4. Princípios:
a) Juiz natural: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII/CF). Proíbe-se o poder de comissão (criação de juízos extraordinários) e o poder de avocação (alteração das regras predeterminadas de competência).
b) Investidura: a jurisdição somente pode ser exercida por quem tenha sido regularmente investido nas funções de juiz, para atuar em nome do Estado no exercício concreto da atividade jurisdicional - Estado-juiz. Formas de investidura na magistratura: (I) Concurso público (art. 93, I, CF) e (II) Indicação pelo Poder Executivo, por meio do quinto constitucional (art. 94, CF).
c) Territorialidade (aderência ao território): a atuação jurisdicional só será legítima dentro dos limites territoriais, de acordo com as regras de competência territorial. Por força deste princípio, sempre que for necessária a prática de atos processuais fora de tais limites, o juízo deverá se valer da carta precatória e da carta rogatória (em regra). Algumas mitigações ao princípio no CPC:
(I) Imóvel localizado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciárias. A competência se estende sobre todo o imóvel, inclusive na parte que extrapola os limites territoriais de sua jurisdição (dá-se por prevenção – art. 60, CPC/2015).
(II) Possibilidade de prática de atos de comunicação processual em comarcas contíguas, de fácil comunicação ou da região metropolitana, independentemente de carta precatória (art. 255, CPC/2015).
(III) Possibilidade de colheita de depoimento à distância, por meio de sistema de transmissão de imagem. (art. 453, §1º, CPC/2015)
d) Improrrogabilidade: os limites da jurisdição já estão tratados na Constituição.
e) Indeclinabilidade: não pode deixar de atender quem busca a jurisdição.
f) Inafastabilidade (art. 5º, XXXV, CF). A regra é excepcionada pelo art. 217, §1º, CF (Justiça Desportiva). O art. 3º, CPC/2015, reproduziu o dispositivo constitucional, substituindo “apreciação do Poder Judiciário” por “apreciação judicial”.
OBS 1: o STF decidiu (RE 631.240) que é necessário o prévio requerimento administrativo antes de o segurado recorrer à justiça para a concessão de benefício previdenciário. Não exige o esgotamento administrativo da matéria.
OBS 2: o STF (ADI 223 DF) considerou constitucionais leis que proíbem ou limitam a concessão de medidas de urgência em face do Poder Público, o que não impede que o órgão julgador, no caso concreto que lhe for submetido, aprecie a constitucionalidade/razoabilidade da restrição.
g) Inevitabilidade (estado de sujeição): os sujeitos processuais suportarão os efeitos da decisão jurisdicional ainda que não gostem, não acreditem, ou não concordem com ela. 
Atenção: os arts. 338 e 339 do CPC/2015 alteraram o regramento da nomeação à autoria (que não é mais espécie de intervenção de terceiros), passando a prever que alegada a ilegitimidade passiva pelo réu, e com ela concordando o autor, o terceiro indicado automaticamente se torna réu, voltando a citação a ser uma ordem de integração ao processo e não um mero convite. Não é mais exceção!
h) Indelegabilidade: possui dois aspectos:
(I) Aspecto externo: o Poder Judiciário não pode, em regra, delegar a função jurisdicional aos outros Poderes (a CF pode); e
(II) Aspecto interno: o órgão jurisdicional, cuja competência foi concretamente determinada de acordo com as regras gerais, abstratas e impessoais, não poderá delegar a sua função para outroórgão jurisdicional. 
Exceções: carta de ordem (ex: art. 972, CPC/2015); delegação pelo STF da função executiva de seus julgados ao juízo de primeiro grau (art. 102, I, “m”, CF).
OBS: cartas rogatória e precatória não são delegações, pois o deprecante não tem competência no local de cumprimento. Não se pode delegar poder que não se tem.
	1.5. A problemática da jurisdição voluntária (ou jurisdição integrativa): prevalece na doutrina a concepção de que a jurisdição voluntária é atividade administrativa e não jurisdicional (teoria administrativista).
Em síntese, argumentam que a jurisdição voluntária (I) não visa à atuação do direito, mas à constituição de situações jurídicas novas; (II) não há substitutividade, pois o magistrado se insere entre os participantes do negócio jurídico, não os substituindo; (III) o objetivo dessa atividade não é a lide, pois não há conflito de interesses; (IV) não há coisa julgada, mas mera preclusão; (V) não há ação nem processo, só requerimento e procedimento.
De outro lado, a doutrina mais moderna (aparentemente minoritária, tendo como representantes Calmon de Passos, Ovídio Baptista e Leonardo Greco) reconhece a jurisdição voluntária como atividade jurisdicional (teoria revisionista ou juridicionalista).
 Argumentam que (I) também visa à pacificação social; (II) não se pode dizer que não há lide de forma absoluta, pois os casos de JV são potencialmente conflituosos e, por isso mesmo, submetidos à apreciação do Poder Judiciário; (III) exerce-se segundo as formas processuais (petição inicial e etc.); (IV) vigora o princípio da inércia; (V) existência de coisa julgada formal*, submetida à cláusula rebus sic; (VI) o próprio CPC divide a jurisdição em contenciosa e voluntária; (VII) é inevitável; (VIII) O juiz atua como terceiro imparcial. Por isso, à jurisdição voluntária aplicam-se as garantias fundamentais do processo.
Registre-se que a jurisdição voluntária concentra a maioria das ações constitutivas necessárias. Ou seja, a atuação da jurisdição nesses casos é obrigatória, por opção política do legislador (tanto é verdade que a Lei 11.441/07 passou a permitir o inventário, a partilha e o divórcio extrajudiciais, também por pura opção política do legislador).
Na jurisdição voluntária, o juiz pode decidir com base em juízo de equidade (art. 723, parágrafo único, CPC/2015), defendendo parte da doutrina que o magistrado poderia decidir até mesmo contra legem (neste sentido: Arruda Alvim, Humberto Theodoro Júnior).
Atenção*: Daniel Assumpção coloca que os adeptos da teoria administrativista defendiam a inexistência de coisa julgada material no processo (procedimento) de jurisdição voluntária com base no art. 1.111 do CPC/73 (revogado pelo CPC/2015), o qual previa que a sentença proferida poderia ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorressem circunstâncias supervenientes.
Contudo, a melhor doutrina coloca que há sim coisa julgada material, e que mantida a situação fático-jurídica deverão ser mantidas também a imutabilidade e a indiscutibilidade próprias dessa decisão. A modificação superveniente, prevista em lei, cria uma nova causa de pedir, de forma que a eventual mudança da sentença não violaria a coisa julgada material.
Havendo uma nova causa de pedir, desaparecem a tríplice identidade (novos fatos e fundamentos jurídicos do pedido) e, consequentemente, os feitos negativos da coisa julgada material.
Segundo o autor: “aparentemente acolhendo a teoria defendida de existência de coisa julgada material nas decisões de mérito da jurisdição voluntária, o Novo CPC não contém previsão a respeito do tema, sendo lícito concluir que se passará a aplicar nessa espécie de jurisdição as mesmas regras de coisa julgada material aplicáveis à jurisdição contenciosa”.
	JURISDIÇÃO
	Contenciosa
	Voluntária
	Visa à composição de litígios
	Visa à integração da vontade, para torná-la apta a produzir efeitos
	Há uma lide a ser resolvida
	Há um negócio jurídico a ser integrado
	Partes
	Interessados
	Coisa julgada material e formal
	Coisa julgada apenas formal* (ver anotação acima)
	Juiz segue estrita legalidade
	Juiz pode decidir com base em juízo de equidade.
	Lide composta através de processo
	Jurisdição atua por procedimento
	Há os efeitos da revelia
	Não há os efeitos da revelia
	Princípio do dispositivo
	Princípio do inquisitivo
1.6. Equivalentes jurisdicionais (formas alternativas de solução de conflitos): 
1.6.1. Autotutela: é a forma mais primitiva de solução de conflitos, caracterizada pela ausência de juiz distinto das partes e pela imposição da vontade de uma das partes à outra. Sacrifício integral do interesse de uma das partes em razão do exercício da força pela outra. É a “justiça com as próprias mãos”. 
É vedada pelo ordenamento jurídico, ressalvadas algumas exceções. Exemplos: desforço incontinenti do possuidor; legítima defesa; direito de greve; direito de retenção; estado de necessidade; privilégio do poder público de executar os próprios atos. O Estado-juiz não é onipresente. Pode caracterizar o tipo penal de exercício arbitrário das próprias razões.
1.6.2. Autocomposição: é o método de solução de conflitos no qual uma das partes ou ambas abrem mão do interesse ou de parte dele (acordo). Há três formas: (I) renúncia (por parte do titular do pretenso direito); (II) submissão da parte à pretensão da outra (reconhecimento jurídico do pedido); (III) transação (concessões mútuas). 
O sistema processual brasileiro estimula a autocomposição, como, por exemplo, se percebe no processo trabalhista, nos Juizados Especiais (a possibilidade de transação penal, segundo Didier, é uma forma de autocomposição) e, principalmente, no CPC/2015. 
	Nesse sentido, perceba que o CPC/2015, no art. 3º, adota como um de seus princípios a valorização das formas alternativas de solução de conflitos. Nos termos do §2º, o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, enquanto que o §3º prevê a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
	Ao lado das disposições principiológicas atinentes às formas consensuais de solução de conflitos, o CPC/2015 tem as seguintes previsões:
(I) Dedica um capítulo inteiro para regular a mediação e a conciliação (arts. 165-175); 
(II) No procedimento, a tentativa de autocomposição é ato anterior ao oferecimento de defesa pelo réu (arts. 334 e 695); 
(III) Permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza (art. 515, III, e art. 725, VIII); 
(IV) Permite que, no acordo judicial, seja incluída matéria estranha ao objeto litigioso do processo (art. 515, §2º); 
(V) Permite acordos processuais atípicos (art. 190).
Obs: a sentença homologatória de autocomposição judicial ou extrajudicial de qualquer natureza constitui título executivo judicial, podendo, inclusive, versar sobre matéria não posta em juízo (art. 515, II e III, CPC/2015). 
	1.6.3. Mediação: é uma técnica não-estatal de solução de conflitos pela qual um terceiro se coloca entre os contendores e tenta conduzi-los à solução. Difere da autocomposição porque nesta haverá necessariamente um sacrifício total ou parcial dos interesses da parte, enquanto que na mediação a solução não traz qualquer sacrifício aos interesses das partes, pois não é centrada no conflito em si, mas sim em suas causas.
Segundo o Didier, o que difere a mediação da conciliação é que, na primeira, o mediador tem o papel de promover o diálogo entre as partes, para que elas realizem a autocomposição, sem, contudo, propor soluções para resolução do litígio, ao passo que, na conciliação, o conciliador tem uma participação ativa na solução da querela, propondo soluções às partes. 
O CPC/2015, em mais uma de suas novidades fez expressamente a distinção entre conciliação e mediação:
(I) Conciliação (art. 165, §2º): o conciliador, que atuarápreferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
(II) Mediação (art. 165, §3º): mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
1.6.4. Arbitragem: é técnica de solução de conflitos através da qual as partes elegem uma terceira pessoa, de sua confiança, para promover a solução amigável e imparcial do litígio. A decisão desse terceiro é impositiva, ou seja, resolve o conflito independentemente da vontade das partes. É regulada pela Lei 9.307/96. Possui previsão constitucional, no âmbito trabalhista (art. 114, §2º). 
a) Características: (I) surge a partir da convenção de arbitragem; (II) limita-se a direitos patrimoniais disponíveis; (III) é abusiva cláusula contratual que imponha arbitragem compulsória em contrato de adesão; (IV) requer partes capazes; (V) as partes podem escolher as regras a serem aplicadas, quanto ao direito material (ex: equidade); (VI) não há necessidade de homologação judicial; (VII) há possibilidade de se recorrer ao Judiciário, mas limitada a alguns casos (ex.: nulidade da cláusula de compromisso arbitral, corrupção, prevaricação, etc.); (VIII) o juízo arbitral não tem poder executivo; (IX) a sentença arbitral é título executivo judicial (art. 515, VII, CPC/2015); (X) admite-se o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais produzidas no exterior. 
b) Cláusula compromissória x compromisso arbitral: a cláusula compromissória é a convenção em que as partes resolvem, prévia e abstratamente, que as divergências oriundas de certo negócio jurídico serão resolvidas pela arbitragem (antes do litígio ocorrer). Já o compromisso arbitral é o acordo de vontades para submeter uma controvérsia concreta, já existente, ao juízo arbitral. 
c) Arbitragem e jurisdição: Há corrente minoritária que entende ser a arbitragem verdadeira espécie de jurisdição (privada), já que há processo, definitividade e executoriedade da sentença. Marinoni refuta a natureza jurisdicional da arbitragem, afirmando que: 
(I) É manifestação da autonomia da vontade e a opção por árbitro implica renúncia à jurisdição; (II) a jurisdição só pode ser exercida por pessoa previamente investida na autoridade de juiz; (III) o árbitro não pode executar suas decisões; (IV) somente serve à tutela de direitos patrimoniais disponíveis, restringindo-se à classe restrita da população que pode arcar com seus custos.
Daniel Assumpção Neves acrescenta que o CPC/2015, no art. 3º, §1º, parece ter acolhido o entendimento de que arbitragem não é jurisdição, pois ao prever a inafastabilidade da jurisdição, salvo a arbitragem, fica claro que essa forma de solução de conflito não é jurisdicional. O art. 42 do CPC/2015 reforça essa posição ao estabelecer que as causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.
Contudo, não obstante a doutrina majoritária e o CPC/2015 (aparentemente) classificarem a arbitragem como equivalente jurisdicional, registre-se que se trata de discussão meramente doutrinária e sem reflexos práticos de maior repercussão, eis que não macula em nada a sua relevância e nem se limita o seu alcance o fato de não ser considerada espécie de jurisdição. 
OBS 1: O STJ admite a arbitragem em contratos administrativos fazendo a distinção entre interesse público primário e secundário, ou seja, para atender o primeiro (bem da coletividade) o Estado poderia valer-se de atos de disposição (STJ, MS 11308/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2008). 
Quanto ao ponto, convém referir que o art. 1º, §1º da Lei de Arbitragem, acrescentado pela Lei 13.129/2015, expressamente prevê que a administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
OBS 2: o STF já declarou que a arbitragem não ofende a inafastabilidade da jurisdição, pois está sempre condicionada à vontade das partes (STF, SE 5206 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 12/12/2001). O art. 3º, caput, CPC/2015 é justamente nesse sentido.
OBS 3: diante de uma sentença arbitral o juiz só pode executá-la ou anulá-la por vício formal, dentro do prazo de 90 dias, mas nunca substituí-la. 
OBS 4: não há direito a recurso. 
e) Solução de conflitos por tribunais administrativos: atualmente a Administração Pública tem vários tribunais, várias instâncias que no âmbito administrativo julgam conflitos por heterocomposição (são terceiros que julgam conflitos); não se trata de jurisdição porque não tem definitividade e podem ser controladas pelo Poder Judiciário (ex.: Tribunal Marítimo, decisões do CADE, dos Tribunais de Contas, Conselhos de Contribuintes, etc.).
f) Homologação de laudos arbitrais proferidos no exterior (matéria controvertida): há necessidade de dupla homologação (no país de origem e no Brasil)? 
Em um primeiro momento (antes da Lei nº 9.307/96), o STF entendia, ressalvando algumas decisões em sentido contrário, que o reconhecimento de decisões arbitrais estrangeiras no Brasil deveria pressupor que estas decisões também fossem reconhecidas pelo respectivo tribunal externo. A doutrina, por sua vez, sustentava que a dupla homologação só poderia ser exigida se no direito estrangeiro a homologação pelo Tribunal respectivo fosse requisito para eficácia do laudo arbitral. 
Depois da lei de arbitragem, passou a existir previsão legal sobre a desnecessidade de dupla homologação no art. 35, regra que se aplica imediatamente aos processos em curso à época de sua publicação (constitucionalidade reconhecida pelo STF). 
A doutrina critica tal solução quanto aos casos em que no país em que foi proferido o laudo a chancela judicial for obrigatória. Sustenta-se que deveria o STF, agora STJ (EC nº 45/2004), exigir tal confirmação (Barbosa Moreira). De outro lado, há quem sustente (Alexandre Câmara e Carlos Alberto Carmona) que a lei é inconstitucional porque confere ao STJ competência para homologação de laudos arbitrais, o que extrapolaria a competência constitucional, restrita a sentenças estrangeiras.
OBS 1: O STJ admite a arbitragem em contratos administrativos fazendo a distinção entre interesse público primário e secundário, ou seja, para atender o primeiro (bem da coletividade) o Estado poderia valer-se de atos de disposição (STJ, MS 11308/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2008). 
Quanto ao ponto, convém referir que o art. 1º, §1º da Lei de Arbitragem, acrescentado pela Lei 13.129/2015, expressamente prevê que a administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
OBS 2: o STF já declarou que a arbitragem não ofende a inafastabilidade da jurisdição, pois está sempre condicionada à vontade das partes (STF, SE 5206 AgR, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 12/12/2001). O art. 3º, caput, CPC/2015 é justamente nesse sentido.
OBS 3: diante de uma sentença arbitral o juiz só pode executá-la ou anulá-la por vício formal, dentro do prazo de 90 dias, mas nunca substituí-la. 
OBS 4: não há direito a recurso. 
1.7.	Jurisdição constitucional propriamente dita (controle judicial de constitucionalidade e suas espécies: ação direta de inconstitucionalidade interventiva, ação direta de inconstitucionalidade, ação de inconstitucionalidade por omissão, ação declaratória de constitucionalidade, arguição de descumprimento de preceito fundamental, respectivos conceitos, natureza, características, hipóteses de cabimento, detalhes de procedimento);É o controle judicial de constitucionalidade. Tema melhor tratado no resumo de Direito Constitucional.
1.8. Jurisdição Constitucional das Liberdades
1.8.1.	Habeas Corpus
	a) Conceito: é uma garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção em sentido amplo – o direito do indivíduo de ir, vir e ficar.
b) Natureza: é uma ação constitucional de caráter penal (em regra) e de procedimento especial.
c) Histórico: primeira garantia de direitos fundamentais concedida por João Sem Terra em 1215 e posteriormente formalizada no habeas corpus act de 1679. No Brasil, a primeira manifestação foi em 1821, através de alvará emitido por Dom Pedro I que garantia a liberdade de locomoção. 
A terminologia, contudo, só veio no código criminal de 1830. Foi garantido constitucionalmente na CF de 1891. A “teoria brasileira do HC” garantia a liberdade física e demais direitos que tinham por pressuposto básico a locomoção. Essa teoria perdurou até a reforma constitucional de 1926, que se restringiu à liberdade de ir e vir.
d) Cabimento: sempre que alguém tiver a liberdade de locomoção restringida ou ameaçada. Pode ser utilizado na esfera cível para, por exemplo, liberar paciente preso em hospital.
	e) Considerações:	
(I) Sujeito ativo: é o impetrante (qualquer pessoa, ainda que sem advogado, inclusive o estrangeiro, o absolutamente incapaz, o analfabeto e a pessoa jurídica);
(II) Sujeito passivo: é o coator (agente público e, também, o particular);
(III) Paciente: é quem tem a liberdade tolhida;
(IV) Espécies: preventivo (salvo-conduto) e liberatório;
(V) Liminar em habeas corpus: cabível, mas não cabe HC contra decisão de relator que indeferiu liminar em outro HC (Súmula 691 do STF, que, em casos excepcionais, é afastada pelo próprio Tribunal);
	(VI) HC é cláusula pétrea;
(VII) De decisão de turma do STF não cabe HC;
	(VIII) Competência:
Ato de TRF e TJ: STJ.
Ato de tribunal superior: STF.
Ato de promotor ou PR: TJ ou TRF, respectivamente.
Ato de turma recursal: TJ ou TRF.
Ato de juiz do JEsp: Turmas recursais: "A competência para julgamento de habeas corpus contra ato de magistrado vinculado ao Juizado Especial Federal Criminal é da Turma Recursal, em virtude da aplicação do princípio da hierarquia funcional." (TRF 1ª Região, HC 2006.01.00.004544-8/AM, Rel. Desembargador Federal Cândido Ribeiro, Terceira Turma, DJ de 28/04/2006, p.58);
	(IX) HC e recursos ordinários (ex: apelação): não cabe concomitância (STJ);
(X) HC e recurso ordinário constitucional: não cabe concomitância (STF/STJ;
	(XI) HC e punições disciplinares militares: não pode analisar o mérito da punição, só formalidades garantidas constitucionalmente;
(XII) HC e empate da decisão colegiada: decide-se em favor do réu.
f) Habeas Corpus no Processo Civil: a única prisão civil admitida atualmente é a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia (art. 5º, LXVII/CF), prevista no art. 528, §3º, CPC/2015. 
Súmula Vinculante nº 25: é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
Embora caiba agravo de instrumento contra a decisão que ordena a prisão do devedor alimentante, o art. 19, §3º, da Lei 5.478/68 veda a concessão de efeito suspensivo a esse agravo, daí a importância do habeas corpus nessas hipóteses.
Súmula 309 do STJ: o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
OBS: a previsão contida na súmula acima referida foi expressamente adotada pelo CPC/2015 no art. 528, §7º. 
“Salvo nas hipóteses de depositário infiel ou de devedor de alimentos, não é o Juízo Cível competente para, no curso de processo por ele conduzido, decretar a prisão de quem descumpre ordem judicial. (STJ, HC 214.297/GO, Rel. Ministra LAURITA VAZ, 5ª Turma, julgado em 19/04/2012).
	“O habeas corpus, que pressupõe direito demonstrável de plano, não é o instrumento processual adequado para aferir a dificuldade financeira do alimentante em arcar com o valor executado, pois demandaria o reexame aprofundado de provas. (STJ, RHC 32.088/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 3ª Turma, julgado em 17/04/2012).
1.8.2.	Habeas Data (art. 5º, LXXII, CF e Lei nº 9.507/97)
a) Conceito: é a ação para a garantia do direito que assiste a todas as pessoas de ter acesso às informações a seu respeito que constem de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, para que delas tome conhecimento e, se necessário for, para retificar os dados inexatos ou obsoletos ou que impliquem discriminação. Tutela o direito de informação.
	b) Natureza: ação constitucional de caráter civil, de rito sumário.
c) Cabimento: inicialmente, só cabe HD quando o pedido for indeferido ou não-respondido na via administrativa (Súmula 2 do STJ). Cabe HD para conhecer ou retificar dados pessoais constantes de bancos de dados das entidades governamentais e bancos de dados de caráter público gerido por pessoas privadas (de caráter público – ex.: SPC). 
A lei nº 9.507/97 considera de “caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações. Não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5º, XXXIV), para o qual cabe MS.
d) Sujeito ativo: pessoa física, pessoa jurídica, brasileiro ou estrangeiro;
e) Sujeito passivo: entidades governamentais, instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas que prestem serviços para o público ou de interesse público, e desde que detenham dados referentes ao impetrante;
f) Procedimento: o HD detém tramitação prioritária sobre os demais feitos, exceto sobre o habeas corpus e o mandado de segurança. A inicial deve ser instruída com a recusa administrativa ou com prova de sua demora. Após a distribuição, os autos devem ser levados à conclusão no prazo de 24 horas (no âmbito dos tribunais, na primeira sessão seguinte à conclusão ao relator). 
O juiz pode indeferir liminarmente se entender que não é caso de HD (cabe apelação). Em seguida, notificação da autoridade para prestar informações em 10 dias. Após, ouve MP em 5 dias. Sentença. Cabe apelação, com efeito meramente devolutivo. Trata-se de procedimento gratuito.
g) Competência (expressa na Constituição Federal):
(I) STF: atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
(II) STJ: ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
	(III) TRF: ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
(IV) Juízes Federais: ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
(V) Justiça do Trabalho: quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
h) Informativo 2014/2015/2016 – Habeas Data 
	(I) O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais. (STF. Plenário. RE 673707/MG. Repercussão geral. Info 790).
1.8.3.	Mandado de Segurança Individual (art. 5º, LXIX, CF e Lei 12.016/09)
a) Conceito: ação constitucional para garantir às pessoas físicas e jurídicas proteção a direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
b) Natureza: ação constitucional, de natureza civil (embora também seja utilizado no processo penal – vide Súmula 701 do STF).
c) Cabimento: quando houverlesão ou ameaça a direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, por ação ou omissão de autoridade ou agente delegatário de serviço público. É ação residual em relação ao HC e ao HD.
Segundo se infere do art. 5º da Lei 12.016/09, não cabe MS quando se tratar de (I) ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução, (II) decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo e (III) decisão judicial transitada em julgado. 
d) Direito líquido e certo: é aquele que resulta de fato que pode ser comprovado de plano, através de prova (documental) pré-constituída.
e) Sujeito ativo: qualquer pessoa física ou jurídica. Independe da personalidade jurídica. Órgãos públicos (secretaria de estado, Tribunal de Contas, câmara legislativa etc.) para a tutela de competências e prerrogativas decorrentes do exercício de sua função público (personalidade judiciária). Entes despersonalizados (espólio, massa falida, herança jacente, condomínio e sociedade de fato). 
Litisconsórcio ativo é possível até o despacho liminar positivo (Art. 10, §2º, Lei do MS). Não é possível a sucessão processual – ação de cunho personalíssimo, por isso inaplicável a suspensão do processo em caso de morte do impetrante (art. 313, I, CPC/2015).
f) Sujeito passivo: para Cássio Bueno, a lei restabeleceu a sistemática de 1930, impondo um litisconsórcio passivo necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica a que pertence. O mero executor não é autoridade coatora. A autoridade coatora é o agente público que pratica ou ordena o ato ilegal ou, ainda, que detém competência para corrigir a suposta ilegalidade.
A indicação inadequada da autoridade coatora, em regra, leva à extinção do processo sem resolução do mérito. Pode-se aplicar a teoria da encampação, atendidos os seguintes requisitos (STJ): (I) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; (II) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição; (III) defesa do mérito nas informações prestadas. 
O STJ admite a emenda à inicial para corrigir a autoridade coatora, desde que a retificação do pólo passivo não implique alteração de competência e desde que a autoridade erroneamente indicada pertença à mesma pessoa jurídica da autoridade de fato coatora.
g) Competência: fixada a partir da autoridade coatora.
	(I) STF: contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
(II) STJ: ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
(III) TRF/TJ: atos de juízes e de seus próprios membros;
	(IV) Justiça do Trabalho: quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
(VI) Juízes Federais: atos de autoridades federais;
(VII) Contra ato praticado por membro do MP: juízo monocrático de 1ª instância (ao contrário do HC, que é o Tribunal);
h) MS em matéria penal, impetrado pelo MP: réu é litisconsorte passivo obrigatório (Súmula 701 do STF).
	i) Prazo decadencial: 120 dias (contados da ciência do ato ilegal ou abusivo), sendo constitucional o instituto da caducidade no writ (STF).
j) Espécies: repressivo e preventivo (este último não decai).
k) Direito líquido e certo: para alguns, é condição de ação; para outros, é de procedibilidade.
OBS: contra liminar cabe agravo de instrumento (se faltar fumaça do bom direito ou perigo da demora) e suspensão de segurança (se colocar em grave risco a ordem, a saúde, a segurança ou a economia pública), que vigora até o trânsito em julgado (efeito prospectivo).
OBS 2: cabe execução contra a Fazenda Pública em relação às parcelas pecuniárias vencidas a partir da propositura do writ.
m) Entendimentos sumulados pelo STF: 
(I) O MS não substitui a ação popular (101)
(II) Não cabe MS contra lei em tese (266); 
(III) Não cabe MS contra ato judicial passível de recurso ou correição (267); 
(IV) Não cabe MS contra decisão judicial com trânsito em julgado (268);
(V) O MS não é substitutivo da ação de cobrança (269); 
(V) MS não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria (271);
(VI) São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão do Supremo Tribunal Federal em MS (294); 
OBS: não existem mais embargos infringentes no CPC/2015.
(VII) Decisão denegatória de MS, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria (304);
(VIII) Denegado o MS pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária (405);
(IX) A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do MS contra omissão da autoridade (429);
(X) Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para MS (430); 
(XI) Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o MS (510); 
(XII) Não cabe condenação em honorários de advogado em MS (512); 
(XIII) Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em MS, decidiu, por maioria de votos, a apelação (597); 
OBS: não existem mais embargos infringentes no CPC/2015.
(XIV) Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de MS contra atos de outros tribunais (624); 
(XV) Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de MS (625);
(XVI) A suspensão da liminar em MS, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração (626);
(XVII) Extingue-se o processo de MS se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário (631).
n) Entendimentos sumulados pelo STJ: 
(I) MS constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária (213);
(II) É incabível mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte (460); 
OBS: há outros entendimentos iguais aos do STF.
1.8.3.1. Principais alterações dadas pela Lei 12.016/09: 
a) Não cabimento de MS contra atos de gestão comercial praticados no âmbito das empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias de serviços públicos (art. 1º, § 2º);
b) Possibilidade de impetração via fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada (art. 4º);
c) Cabimento de MS contra decisão judicial sujeita a recurso que não tenha efeito suspensivo (artigo 5º, inciso II);
d) Cabimento contra ato disciplinar, para aferição da legalidade, o que era antes vedado;
e) Com ou sem manifestação do MP, os autos serão conclusos para sentença;
f) Quando não publicada a decisão no prazo de 30 dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas notas taquigráficas, independentemente de revisão (art. 17).
g) Procedimento: proposta a demanda regularmente, o juízo determina em despacho liminar positivo a notificação da autoridade coatora e a cientificação do órgão de representação judicial da pessoa jurídica. O prazo para informações é de 10 dias, contados da juntada aos autos da notificação cumprida. 
Não há prazo expresso para apresentação da defesa pela pessoa jurídica. Para Cassio Bueno, a ciência do art. 7º, II, da Lei do MS, é verdadeira citação. O verbo “querendo” justifica-se por ser a defesa do réu mero ônus processual. Seu prazo, ante o silêncio da lei, também seria o de dez dias.
Após o prazo para prestação de informações pela autoridade coatora os autos devem ser remetidos ao órgão ministerial para manifestação no prazo de 10 dias. Com ou sem manifestação, os autos serão conclusos para sentença. 
h) Concessão de medida liminar: Requisitos legais: (I) fundamentorelevante; (II) possibilidade de o ato impugnado resultar ineficácia da medida, caso finalmente deferida. O juiz pode exigir caução fiança ou depósito (art. 7º, III) como medida de contracautela. Não se tem como condição da ação, mas mera faculdade do juiz inerente ao seu poder-dever geral de cautela. A exigência, contudo, deve ser fundamentada. 
A concessão de liminar acarreta a prioridade na tramitação para julgamento. Os efeitos da medida liminar perduram até a prolação da sentença, exceto se revogada ou cassada (Art. 7º, §3º). O § 5º, do art. 7º, estende todas as vedações de liminares em MS à antecipação de tutela. Deixa de fora, contudo, as cautelares. Ocorre que o artigo 1º, da Lei 8.437/92, continua vigente e dispõe que se não couber liminar em MS, não caberá cautelar.
Ademais, não será concedida liminar que tenha por objeto a compensação tributária, a entrega de bens e mercadorias provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza (art. 7º, §2º).
 Cabe agravo de instrumento contra a decisão que defere ou que indefere o pedido de liminar (Art. 7º, §1º). Cabe agravo interno contra a decisão do relator sobre a medida liminar em mandado de segurança impetrado originariamente no tribunal (art. 16, parágrafo único). 
i) Sentença concessiva de segurança: a lei estipula o prazo impróprio de 30 dias para o magistrado sentenciar. A comunicação da concessão da ordem é feita à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada, através de ofício, por oficial de justiça ou por correio com AR (art. 13). É possível valer-se dos meios eletrônicos para comunicação. Não há condenação em honorários advocatícios. 
A sentença que julga procedente o pedido está sujeita ao reexame necessário, não se aplicando as exceções do art. 496, CPC/2015.
	j) Recurso: cabe apelação em face da sentença de primeiro grau, qualquer que seja o julgamento proferido. A apelação é recebida apenas no efeito devolutivo, quando tenha sido deferida a segurança, exceto nos casos em que vedada a concessão de liminar, hipótese em que a apelação tem duplo efeito, devolutivo e suspensivo. Se a sentença for de procedência e não houver vedação à concessão de liminar, a apelação terá apenas efeito devolutivo, sendo possível a execução provisória. O processo deve ser levado a julgamento pelo Tribunal na primeira sessão seguinte à conclusão ao relator. 
Recurso em MS de competência originária do tribunal: recurso ordinário contra decisão denegatória. Salienta-se que o STJ tem flexibilizado o conceito de “denegatória de segurança”, para incluir decisões que indeferem a inicial de MS e que extinguem o feito sem julgamento de mérito. 
A Lei prevê que cabe apelação da decisão que indefere a inicial do MS, mas não explicita seu procedimento. Entende-se que é cabível a aplicação do art. 331, caput, do CPC/2015 (juízo de retratação), exceto na hipótese do art. 332 do CPC/2015 (improcedência liminar). 
Por fim, há ainda a possibilidade de a autoridade coatora recorrer da decisão concessiva da segurança (artigo 14, § 2º).
OBS: Os embargos infringentes ficaram expressamente vedados pelo art. 25 da Lei do MS (antes havia a Súmula 597 do STF, que vedava essa possibilidade), contudo, convém lembrar que com a revogação pelo CPC/2015 do referido recurso, tanto a súmula quanto o dispositivo em comento não têm mais utilidade prática.
k) Suspensão de segurança (art. 15): 
(I) Cabimento: em todas as hipóteses em que se concede provimento de urgência contra a Fazenda Pública ou quando a sentença contém efeitos imediatos, por ser impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo. Deferido um provimento liminar por um juízo de primeira instância, é possível o ajuizamento do pedido de suspensão para o presidente do tribunal ao qual aquele juiz esteja vinculado. 
Caso o provimento liminar ou antecipatório seja concedido, originariamente, pelo tribunal, o pedido de suspensão deverá ser intentado junto ao Presidente do STF ou ao presidente do STJ, quando a causa tiver por fundamento, respectivamente, matéria constitucional ou infraconstitucional. 
(II) Natureza jurídica: incidente processual com finalidade de contracautela, voltado a subtrair da decisão sua eficácia. 
(III) Pedido: sustação da eficácia da decisão impugnada. 
(IV) Causa de pedir: grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
Essa suspensão é criticada porque hoje é possível o manejo de agravo de instrumento com efeito suspensivo. Ademais, quando interposta no STJ/STF extrapola sua competência constitucional taxativa. 
Da decisão do presidente do tribunal que defere ou indefere o pedido de suspensão cabe agravo interno para o plenário ou corte especial. A lei prevê expressamente o agravo apenas em face da decisão de deferimento, mas este entendimento restritivo não é adotado pelo STF (cancelamento das súmulas 506/STF e 217/STJ, as quais tinham a mesma redação da nova LMS). 
Já a Lei 8.437/92, ainda em vigor, prevê o agravo interno tanto da decisão que concede quanto da que indefere a suspensão (art. 4º, § 3º). Ocorre que essa Lei só se aplica aos processos cautelares e, por força do artigo 1º, da lei 9.494/97, à antecipação de tutela. 
Para Cássio Bueno, o tratamento diferenciado da Lei 12.016/09 justifica-se pela natureza especialíssima do MS. Como não é possível ao Poder Público manejar o agravo interno da decisão que indefere o pedido de suspensão em MS, o §1º do art. 15 lhe outorga a possibilidade de entrar com novo pedido de suspensão ao STF/STJ (“suspensão da não-suspensão”).
Após o julgamento do agravo, permite-se que a fazenda pública renove o pedido de suspensão ao presidente do STF ou do STJ, a depender do fundamento, constitucional ou infraconstitucional. Além disso, também é cabível o pedido de suspensão ao STF ou STJ, quando for denegado o agravo de instrumento interposto contra a decisão liminar. 
Suspensão de segurança X agravo de instrumento: não se excluem, podendo ser manejadas concomitantemente. Enquanto o AI tem o objetivo de reformar/invalidar a decisão, sob o fundamento de error in iudicando ou error in procedendo, o pedido de suspensão visa apenas à suspensão dos efeitos da decisão, sem discutir a sua justiça ou validade.
	Súmula 626 do STF: a suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança, ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo STF, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.
Segundo o STF, proferida a sentença e mantida a mesma situação que deu ensejo à suspensão da liminar, devem ser suspensos também os efeitos da sentença. Se, ao contrário, a sentença vier a ser proferida sob novas condições de fato ou de direito, que afastem o motivo que gerou a suspensão da liminar, estará, então afastada a ultratividade da suspensão que já fora deferida. 
1.8.3.2. Informativos 2014/2015/2016 – Mandado de Segurança
a) É cabível mandado de segurança para impugnar decisão que tenha determinado a conversão de AI em retido. Nessa hipótese, não há previsão de recurso próprio apto a fazer valer o direito da parte ao imediato processamento de seu agravo. O prazo é de 5 dias. (STJ. Info 533)
OBS: o CPC/2015 não prevê mais a possibilidade de interposição de agravo retido (revogado).
b) O impetrante pode desistir de mandado de segurança sem a anuência do impetrado mesmo após a prolação da sentença de mérito. (STJ. Info 533) 
c) É cabível mandado de segurança, a ser impetrado no TRF, com a finalidade de promover o controle da competência dos juizados especiais federais. (STJ. Info 533)
d) Nos casos de equívoco facilmente perceptível na indicação da autoridade coatora, o juiz competente para julgar o MS pode autorizar a emenda da inicial ou determinar a notificação, para prestar informações, da autoridade adequada, desde que seja possível identificá-lapela simples leitura da petição inicial e exame da documentação anexada. (STJ. 4ª Turma. Info 551). 
OBS: 1ª turma entende que do STJ entende em sentido contrário.
e) O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra limitação de idade em concurso público conta-se da ciência do ato administrativo que determina a eliminação do candidato pela idade, e não da publicação do edital que prevê a regra da limitação. (STJ. Info 533)
f) No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública, as parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da segurança devem ser pagas por meio de precatórios, e não via folha suplementar (STJ, Info 576).
g) O prazo decadencial para impetrar MS contra redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês a mês. O ato que suprime a vantagem é único, razão pela qual o prazo para o MS é contado da data em que o prejudicado tomou ciência do ato (STJ, Info 578).
i) Em MS impetrado contra redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público, os efeitos financeiros da concessão da ordem retroagem à data do ato impugnado (STJ, Info 578).
Atenção: julgamento contrário às Súmulas 269 e 271 do STF e ao art. 14, §4º da LMS. O próprio STJ teve entendimento diverso em julgados posteriores. 
j) Não cabe sustentação oral no julgamento que aprecia o pedido liminar formulado em MS. Cabe no julgamento final do MS (STF, Info 821).
1.8.4.	Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º, LXX, CF e arts. 21 e 22 da Lei n. 12.016/09)
a) Conceito: ação constitucional para proteger direito líquido e certo dos membros ou associados de partido político com representação no Congresso Nacional e de organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.
b) Natureza: ação constitucional, de natureza civil.
c) Sujeito ativo: partido político com representação no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.
OBS: no caso se associações, a autorização dos filiados não é necessária, bastando a previsão genérica no estatuto (ao contrário das ações ordinárias, nas quais é necessária a autorização de cada um dos membros). 
d) Sujeito passivo: autoridade pública ou agente delegatário de serviços públicos.
	e) Legitimação: é extraordinária.
f) Petição inicial: não precisa trazer o nome de todos os membros do impetrante.
g) MS Coletivo x MS Individual: pode haver concomitância, mas se o sujeito não desiste do individual, este prevalece.
h) Entendimentos sumulados pelo STF: 
(I) Súmula 629 do STF: a impetração de MS coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.
(II) Súmula 630 do STF: a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
i) Inovações: os partidos políticos têm ampla pertinência temática para a impetração. A referência aos seus “interesses legítimos relativos aos seus integrantes ou à finalidade partidária” não afasta a assertiva. É que a Lei 9.069/95 prevê que os partidos destinam-se a assegurar o regime democrático e os direitos fundamentais. O STF e o STJ, porém, entendem que os partidos políticos somente podem manejar o MS para defesa de seus filiados.
Quanto ao tempo de constituição, o STF tem sustentado que é próprio das associações e não dos sindicatos e associações de classe ("legitimidade do sindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da comprovação de um ano de constituição e funcionamento." (RE 198.919, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 15-6-1999)
Embora o art. 21, parágrafo único, mencione apenas os direitos coletivos e individuais homogêneos, Cássio Scarpinella defende ser possível a tutela de direitos difusos, desde que algum dos legitimados (em especial os partidos políticos) esteja habilitado a representar essa gama de interesses. Era essa, aliás a posição predominante antes da Lei 12.016/09. 
Da leitura do art. 22 pode-se interpretar o porquê da limitação aos direitos homogêneos e coletivos (só eles têm destinatários determináveis). Ocorre que essa classificação tem por função apenas indicar o legitimado a ir em juízo e não restringir os efeitos de uma decisão. 
No §1º, do art. 22, deve-se sustentar o pedido de suspensão e não de desistência do MS individual, dada a natureza garantista do instituto. 
Cabem a assistência simples e a litisconsorcial. Cassio defende a admissão do amicus curiae também.
Preservados os atos praticados na vigência da lei antiga (princípio do isolamento dos atos processuais) os atos praticados após a nova LMS devem observá-la.
1.8.5.	Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI, CF e Lei 13.300/16)
OBS: utilizado como base o artigo publicado no site Dizer o Direito[1: http://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-lei.html]
a) Conceito: trata-se de ação de cunho constitucional que pode ser proposta por qualquer interessado com o objetivo de tornar viável o exercício de direitos e liberdades constitucionais ou de prerrogativas relacionadas com nacionalidade, soberania ou cidadania e que não estão sendo possíveis de ser exercidos em virtude da falta, total ou parcial, de norma regulamentando estes direitos. Ver art. 2º, caput, e parágrafo único da LMI.
b) Natureza: ação constitucional, de natureza civil e de cunho subjetivo (ADI por omissão tem cunho objetivo).
	c) Lei 13.300/16: o mandado de injunção não teve regulamentação legal por muitos anos. Contudo, o STF tinha entendimento no sentido de que mesmo sem lei já era possível o manejo do MI, pois o art. 5º, LXXI, CF, sempre foi autoaplicável (Plenário do STF. MI 107 QO, Rel. Min. Moreira Alves, 23/11/1989). Antes da edição da Lei 13.300/16, aplicava-se, por analogia, as regras procedimentais do MS (art. 24, parágrafo único, da Lei 8.038/90). 	
d) Cabimento: será possível o seu manejo quando faltar norma regulamentadora de direitos e liberdades constitucionais (de eficácia limitada) e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
	e) Espécies e sujeito ativo:
	(I) MI individual: pode ser proposto por qualquer pessoa física ou jurídica, em nome próprio, defendendo interesse próprio, isto é, pedindo que o Poder Judiciário torne possível o exercício de um direito, liberdade ou prerrogativa seu e que está impossibilitado pela falta de norma regulamentadora. Ver art. 3º da LMI.
	(II) MI coletivo: proposto por legitimados restritos previstos na LMI, em nome próprio, mas defendendo interesses alheios. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria (art. 12, parágrafo único, da LMI). 
O mandado de injunção coletivo não foi previsto expressamente pelo texto da CF/88, mas mesmo assim sempre foi admitido pelo STF e atualmente encontra-se disciplinado pela Lei nº 13.300/16.
	Legitimado
	Situação
	I - MINISTÉRIO PÚBLICO
	Quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis.
	II - PARTIDO POLÍTICO (com representação no Congresso Nacional)
	Para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária.
	III - ORGANIZAÇÃO SINDICAL, ENTIDADE DE CLASSE OU ASSOCIAÇÃO (legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano)
	Para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
	IV - DEFENSORIA PÚBLICA
	Quandoa tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da CF/88.
OBS: quadro retirado do dizerodireito.
f) Sujeito passivo: pessoa estatal competente para legislar (ex: Congresso Nacional) ou iniciar o procedimento (ex.: Presidente da República, nas matérias de sua iniciativa exclusiva).
g) Procedimento: regulado pela LMI. Caso ela não preveja solução para alguma situação, o intérprete deverá aplicar, subsidiariamente, as regras contidas na Lei do Mandado de Segurança e no CPC/2015.
(I) Petição inicial: deve preencher os requisitos previstos nos arts. 319 e 320 do CPC/2015. Há necessidade de o autor indicar o órgão impetrado e a pessoa jurídica que ele integra ou está vinculado (art. 4º, LMI).
A peça deve ser instruída com documentos e acompanhada de tantas vias quanto forem os impetrados. O uso do meio eletrônico dispensa as cópias. Caso o autor não consiga juntar determinado documento que se encontra na posse de terceiro, não obtendo cópia, pode pedir que o juízo o requisite de quem o tiver (art. 4, §§2º e 3º, LMI).
A petição inicial será indeferida de plano quando a impetração for manifestamente incabível (faltar algum pressuposto processual, aplica-se o art. 330, CPC/2015) ou manifestamente improcedente (quando o mérito do pedido for claramente improcedente, aplica-se o art. 332, CPC/2015).
(II) Recurso contra o indeferimento da petição inicial: se feito pelo juiz de primeiro instância, é realizado por meio de sentença, sendo cabível apelação, admitindo-se o juízo de retratação previsto no art. 331, CPC/2015.
De outro lado, se o indeferimento ocorrer por decisão monocrática do Relator (em processo de competência originária do Tribunal), o recurso cabível é o agravo interno, no prazo de 5 dias (art. 6º, parágrafo único, LMI). ATENÇÃO, pois, conforme visto, não se aplica o art. 1.021, CPC/2015, cujo prazo para interposição de agravo interno é de 15 dias! Lei especial > lei geral.
(III) Recebimento da petição inicial: deve o juiz ou Relator despachar ordenando (art. 5º):
A notificação do impetrado (ex: Presidente da República) sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresentada com as cópias dos documentos para que, no prazo de 10 dias, preste as informações;
A ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada (ex: AGU), devendo-lhe ser enviada a cópia da petição inicial, para que, querendo, ingresse no feito. 
 (IV) Manifestação do MP: após o término do prazo para o impetrado prestar as informações, tendo ele apresentado ou não, será ouvido o MP, que deverá oferecer parecer no prazo de 10 dias (art. 7º, LMI). 
(V) Sentença ou acórdão: esgotado o prazo para a manifestação do MP, com ou sem parecer, os autos vão conclusos para decisão. 
h) Liminar: a LMI não prevê possibilidade de medida liminar, todavia, antes da regulamentação, o STF já possuía entendimento no sentido de não ser cabível a concessão de liminar.
OBS: o STF não admitia medida liminar em Mandado de Injunção, pelo mesmo motivo da ADI por omissão. Efeitos ex tunc (o direito sempre existiu). Contudo, em 2009, a Lei 9.868/99 recebeu o novo art. 12-F, admitindo a medida cautelar na ADI por omissão. Neste ponto, o fato de o STF não admitir a liminar em MI merece algumas críticas – no caso, deveria ser aplicável, por analogia, o art. 12-F. 
Para a prova, contudo, deve-se ter em mente que as manifestações do STF eram pela não admissão da liminar em MI (entendimento do STF sempre foi pacificado a este respeito), e, como não houve manifestação em sentido contrário, é a posição que deve prevalecer.
i) Competência: As regras de competência para impetrar o mandado de injunção são disciplinadas na própria Constituição Federal e variam de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma regulamentadora:
	Competência
	Quando a atribuição para elaborar a norma for do(a)(s) ... 
	STF
(art. 102, I, "q")
	• Presidente da República
• Congresso Nacional
• Câmara dos Deputados
• Senado Federal
• Mesas da Câmara ou do Senado
• Tribunal de Contas da União
• Tribunais Superiores
• Supremo Tribunal Federal.
	STJ
(art. 105, I, "h")
	Órgão, entidade ou autoridade federal, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
	Juízes e Tribunais da Justiça Militar, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho
	Órgão, entidade ou autoridade federal nos assuntos de sua competência. 
	Juízes Federais e TRFs
	Órgão, entidade ou autoridade federal, se não for assunto das demais "Justiças" e desde que não seja autoridade sujeita à competência do STJ. 
Ex: compete à Justiça Federal julgar MI em que se alega omissão do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) na edição de norma de trânsito que seria de sua atribuição (STJ MI 193/DF).
	Juízes estaduais e TJs
	Órgão, entidade ou autoridade estadual, na forma como disciplinada pelas Constituições estaduais.
OBS: quadro retirado do dizerodireito.
A CF ainda prevê competência recursal envolvendo o MI:
(I) Compete ao STF julgar, em recurso ordinário, o mandado de injunção decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (art. 102, II, "a", da CF/88).
(II) Compete ao TSE julgar o recurso interposto pelo autor contra a decisão do TRE que denegar mandado de injunção (art. 121, § 4º, V).
OBS: o STF não admite, em regra, que Estado-membro ou Município impetre Mandado de Injunção, já que não são titulares de direitos e liberdades constitucionais.
	j) Eficácia objetiva da decisão: quanto aos efeitos da decisão de mérito, quais os tipos de provimento jurisdicional são possíveis no Mandado de Injunção? Existem quatro correntes:
j.1) Corrente não-concretista: o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção, deverá apenas comunicar o Poder, órgão, entidade ou autoridade que está sendo omisso. Para os defensores desta posição, o Poder Judiciário, por conta do princípio da separação dos Poderes, não pode criar a norma que está faltando nem determinar a aplicação, por analogia, de outra que já exista e que regulamente situações parecidas.
É uma posição considerada mais conservadora e foi adotada pelo STF (MI 107/DF) até por volta do ano de 2007.
j.2) Corrente concretista: o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção e reconhecer que existe a omissão do Poder Público, deverá editar a norma que está faltando ou determinar que seja aplicada, ao caso concreto, uma já existente para outras situações análogas.
É assim chamada porque o Poder Judiciário irá "concretizar" uma norma que será utilizada a fim de viabilizar o direito, liberdade ou prerrogativa que estava inviabilizada pela falta de regulamentação
 (I) Concretista geral: o Judiciário concretiza a norma com efeitos erga omnes. A concretização da norma regulamentadora ausente aplica-se a todos os casos que tenham o mesmo objeto em âmbito nacional. 
Esta solução já foi adotada pelo STF nos MI’s 670, 708 e 712, em que se determinou a aplicação da lei de greve do setor privado (Lei 7.783/89) a todo o funcionalismo público, ante a ausência de lei regulamentadora do art. 37, VII, da CF.
(II) Concretista individual direta: corrente defendida pela maioria da doutrina. O Judiciário concretiza a norma não para todos, mas tão somente com efeitos inter partes. Apenas a parte que impetrou a ação é atingida pela decisão do Mandado de Injunção.
Esta solução foi adotada pelo STF no MI 721, em que se proferiu decisão mandamental concedendo à impetrante (servidora pública vinculada a regime próprio de previdência) o benefício de aposentadoria especial, nos moldes da legislação do Regime Geral de Previdência Social (art. 57 da Lei 8213/91), à míngua de regulamentação que viabilize o exercício desse direito por parte dos servidores públicos (art. 40, §4º, da CF).(III) Concretista individual intermediária: já utilizada pelo STF em alguns julgamentos, a exemplo de um julgamento acerca de imunidade tributária de entidades beneficentes.
É um meio-termo: o Judiciário primeiro dá ciência ao Poder competente acerca de sua omissão (efeito da teoria não-concretista), porém fixando prazo para que a omissão seja suprida; se dentro desse prazo a omissão não for suprida, o Judiciário edita a norma concreta (efeito da teoria concretista).
j.3) Posição adotada no Direito Brasileiro: conforme visto, o STF inicialmente consagrou a corrente não-concretista. No entanto, em 2007 houve um overruling (superação do entendimento jurisprudencial anterior) e o STF adotou a corrente concretista direta geral (STF. Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/10/2007).
A Lei 13.300/16 tratou do tema em comento, determinando, como regra, a aplicação da corrente concretista individual intermediária (art. 8º). Confira:
Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.
Desse modo, em regra, a Lei nº 13.300/2016 determina a adoção da corrente concretista intermediária (art. 8º, I). Caso o prazo para a edição da norma já tenha sido dado em outros mandados de injunção anteriormente propostos por outros autores, o Poder Judiciário poderá veicular uma decisão concretista direta (art. 8º, parágrafo único).
OBS: a ADI por omissão somente comporta ciência da mora ao legislador (ação mandamental, segundo Lenza). 
k) Eficácia subjetiva da decisão: como regra, a LMI adotou a corrente individual.
(I) MI individual: em regra, a decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes (art. 9º).
(II) MI coletivo: em regra, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante (art. 13).
Excepcionalmente, a LMI afirma que poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração (art. 9º, § 1º). Essa possibilidade se aplica tanto para o MI individual como para o coletivo (art. 13).
l) Coisa julgada no MI coletivo: a LMI traz previsão específica no art. 13º:
Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 9º.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.
m) Superveniência de norma regulamentadora: o MI fica prejudicado e o processo deverá ser extinto sem resolução de mérito (art. 11, parágrafo único). 
Salienta-se que a partir do momento em que entra em vigor, a norma regulamentadora que estava faltando passa a reger todas as situações que ela disciplinar, mesmo que já tenha havido decisão transitada em julgado em mandado de injunção "criando" outra solução para o caso concreto.
Em regra, a lei editada não modifica os efeitos que a decisão do MI já produziu. A norma produz efeitos apenas a partir de sua vigência. Há, no entanto, uma exceção: a norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex tunc caso ela seja mais favorável ao beneficiário (autor do MI que foi julgado procedente no passado), é o que diz o art. 11º, caput, da LMI.
n) Ação de revisão: sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito (art. 10, LMI). 
Não se confunde com a ação rescisória, pois não se busca rediscutir a coisa julgada que foi formada. É de competência do juízo que proferiu a decisão no MI.
o) Considerações finais:
(I) O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração, desde que fundada em outros elementos probatórios (art. 9º, § 3º).
(II) Transitada em julgado a decisão que julgou procedente o mandado de injunção, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator (art. 9º, § 2º, da LMI).
1.8.6.	Ação Popular (art. 5º, LXXIII, CF e Lei 4.717/65)
a) Conceito: ação proposta por cidadão que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
b) Natureza: ação constitucionalmente prevista para o exercício da soberania popular.
c) Histórico: a CF de 1824 já tratava da ação popular, mas com caráter disciplinar e penal. Apenas em 1934 ganhou contornos constitucionais como ação civil. Retirada em 1937, retornou em 1946, tal como sucedeu com o MS. Juntamente com o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, a ação popular constitui importante instrumento da abertura democrática.
d) Requisitos:
(I) Subjetivos:
Sujeito ativo: autor tem que ser cidadão (pessoa jurídica não tem legitimidade; bem como estrangeiros e apátridas). O menor entre 16 e 18, com título eleitoral, pode.
Sujeito passivo: as pessoas cujo patrimônio se pretende proteger; aqueles que causaram, por ato ou omissão, ou que ameaçam causar lesão aos bens tutelados; os beneficiários diretos do ato ou da omissão. 
OBS: STJ admite que a pessoa jurídica de direito público figure, ao mesmo tempo, quanto a um pedido, no pólo passivo, e quanto a outro no pólo ativo. 
OBS 2: peculiar situação da Fazenda Pública, que pode se abster de contestar o pedido ou pode atuar ao lado do autor, desde que se afigure útil ao interesse público
(II) Objetivos:
Ação ou omissão do Poder Público.
Ilegalidade ou imoralidade (há autores que a dispensam, satisfazendo-se com a lesão, como Lenza e Mancuso).
Lesão (ao patrimônio público, incluindo qualquer pessoa jurídica subvencionada com dinheiro público; à moralidade administrativa; ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural).
e) Considerações:
(I) Não cabe AP contra lei em tese.
(II) Ministério Público: só acompanha a AP, mas não pode ajuizá-la. Em caso de desistência (90 dias após o último edital), pode assumir o pólo ativo. Mas sempre pode recorrer.
(III) Natureza da decisão: desconstitutiva-condenatória.
(IV) Competência: juízo de 1º grau (em qualquer hipótese).
(V)	Prazo de contestação: 20 dias, prorrogáveis por mais 20. Já a sentença, quando não proferida em audiência, deve sê-lo em 15 dias do recebimento dos autos, sob pena de impedir a promoção por merecimento por 2 anos e perda dos dias de atraso na promoção por antiguidade.
(VI) Sentença de procedência: invalida o ato, condena os responsáveis (inclusive em custas e honorários), tem eficácia erga omnes.
(VII) Sentença de improcedência: efeito erga omnes e de coisa julgada material, exceto se considerada improcedente por falta de provas. Sujeita ao duplo grau.
(VIII) Ônus para o autor: só se agir de má-fé (10x custas).
1.8.6. Informativos 2015/2016 – Ação Popular
a) O STF não possui competência originária para julgar ação popular, ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República (STF, Info 811).
1.8.7. Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) 
a) Conceito: é a ação de caráter civil para a defesade interesses transindividuais proposta por colegitimados ativos. Leia-se direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. 
Deve-se atentar que “a legitimidade do Ministério Público para defesa de interesses individuais homogêneos disponíveis, por meio da ação civil pública, somente se configura quando estes visualizados em seu conjunto, em forma coletiva e impessoal, têm a força de transcender a esfera de interesses puramente individuais e passar a representar mais que a soma de interesses dos respectivos titulares, verdadeiros interesses da comunidade em seu todo" [Zavascki, Teori Albino. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de direitos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 256/257].
O STJ e STF admitem a propositura de ACP pelo MP para a defesa de direitos individuais indisponíveis (saúde).
b) Interesses protegidos: meio ambiente, consumidor, patrimônio cultural, infrações à ordem econômica, economia popular, ordem urbanística, honra e dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, patrimônio público e social, além de outros interesses difusos e coletivos (rol exemplificativo).
OBS: ainda que se trate de rol exemplificativo, o Dizer o Direito afirma que a alteração dada pela Lei 12.966/14 (acrescentou o inciso VII ao art. 1º da Lei da ACP) é positiva em termos simbólicos ao demonstrar o respeito e a deferência que o Estado brasileiro possui em relação aos direitos e interesses dos grupos raciais, étnicos ou religiosos. 
No entanto, na prática, pouco muda, considerando que, juridicamente, tais valores já podiam ser protegidos pela ACP, conforme previsão do art. 1º, IV e V da Lei n.° 7.347/85 e do art. 55 da Lei n.° 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial).
OBS 2: não cabe ACP contra tributos, FGTS, contribuições previdenciárias, interesses individuais disponíveis.
c) Sujeitos ativos: MP; Defensoria Pública; União, Estados e Municípios; autarquia, empresa pública, fundação e sociedade de economia mista; associação com mais de um ano de funcionamento, que inclua entre suas finalidades a proteção de algum dos interesses acima (requisito temporal pode ser dispensado conforme o caso, ao contrário do MS coletivo);
c) Sujeito passivo: responsável pelo dano;
d) Competência: foro do local do dano (competência funcional absoluta). Se afetar bens, serviços ou interesses da União ou suas entidades autárquicas ou empresas pública, a competência é da Vara Federal que tenham abrangência sobre o local do dano. 
OBS: foi cancelada a súmula 183 do STJ, a qual previa a competência do juiz estadual, nas comarcas que não sejam sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil publica, ainda que a União figure no processo. 
Entendeu-se ser a competência da Justiça Federal porque o legislador ordinário (art. 109, §3°, CF) não atribuiu jurisdição ao Juízo Estadual do foro da domicílio da outra parte, ou lugar do ato pelo art. 2° a Lei 7.347/85 (RE 228955, DJU 24.3.2000). 
	e) Objeto: condenação em dinheiro ou em obrigação de fazer ou não fazer.
f) Ministério Público: se não é parte, é fiscal obrigatório da lei. Ainda, assume a titularidade em caso de desistência. Alguns entendimentos jurisprudenciais sobre o MP e ACP:
(I) O Ministério Público não deve obrigatoriamente intervir em todas as ações de ressarcimento ao erário propostas por entes públicos (EREsp 1.151.639-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/9/2014). 
	(II) Súmula 643 do STF: o Ministério Público tem legitimidade para ACP cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
(III) Súmula 329 do STF: o Ministério Público tem legitimidade para propor ACP em defesa do patrimônio público.
(IV) O Ministério Público afigura-se parte legítima para propor ação civil pública em que se discutem as relações jurídicas constituídas por Resolução editada por Conselho Federal, instituindo exame de capacidade técnica para fins de obtenção do registro profissional, em face do relevante interesse social, porquanto não seria razoável esperar que todos os graduados e graduandos ajuizassem ação própria para ver atendida igual pretensão. A prevenção da proliferação de demandas individuais evidencia o interesse social. Precedente do STJ. (Processo: AC 0003145-79.2003.4.01.3400/DF; APELAÇÃO CIVEL Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE Órgão Julgador: OITAVA TURMA Publicação: e-DJF1 p.455 de 13/08/2010 Data da Decisão: 30/07/2010)
(IV) O STF passou admitir, em sede de repercussão geral, a legitimidade do MP para propor ACP em defesa dos interesses dos segurados do DPVAT, superando a Súmula 470 do STJ (foi cancelada).
	g) Litisconsórcio ativo: pode haver entre os diversos MPs (isso é o que diz o art. 5º, § 5º, da Lei 7.347/85), mas há forte corrente doutrinária e jurisprudencial que não admite essa possibilidade, argumentando que cada ramo do Ministério Público somente pode litigar no âmbito de sua respectiva Justiça. Algumas decisões sobre o tema:
Pode ser admitido litisconsórcio ativo facultativo entre o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público do Trabalho em ação civil pública que vise tutelar pluralidade de direitos que legitimem a referida atuação conjunta em juízo (REsp 1.444.484-RN, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/9/2014).
Em ACP, a formação de litisconsórcio ativo facultativo entre o MPE e o MPF depende da demonstração de alguma razão específica que justifique a presença de ambos na lide (STJ, 3ª Turma, REsp 1.254.428/MG, julgado em 02/06/2016, Info 585).
h) Termo de Ajustamento de Conduta (TAC): só MP e órgãos públicos podem celebrar. Neste último caso, se federal, deve haver participação da AGU ou PGF (há parecer vinculante do AGU nesse sentido). 
i) Inquérito Civil: só o MP pode promover. O arquivamento depende de remessa ao Conselho Superior do MP ou, no caso do MPF, às Câmaras de Coordenação e Revisão.
j) Liminar em ACP: é cabível. Contra a liminar é cabível agravo de instrumento (ou regimental/interno se dada monocraticamente em órgão colegiado) ou suspensão de segurança.
k) Sentença: efeito erga omnes no território de competência da autoridade judiciária; coisa julgada material, exceto se julgado improcedente por falta de provas. 
l) Apelação: em regra, efeito somente devolutivo, mas o juiz pode dar efeito suspensivo também (art. 14 da Lei 7.347/85).
	OBS: perfeitamente cabível a aplicação analógica da norma contida no art. 19 da Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular) (duplo grau de jurisdição nas sentenças de improcedência), por tratar-se, na espécie, de extinção do processo pela carência superveniente da ação civil pública em referência. Processo: REO 0006351-46.2008.4.01.3200/AM; REMESSA EX OFFICIO Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE Órgão Julgador: OITAVA TURMA Publicação: e-DJF1 p.349 de 25/06/2010 Data da Decisão: 01/06/2010.
	m) Ônus de sucumbência: só se o autor estiver de má-fé.
	n) Multa cominada liminarmente: só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
o) Antecipação de tutela: Mazzilli diz que é possível. TRF4 também;
p) Limitação territorial da coisa julgada: segundo o art. 16 da LACP, a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. 
O dispositivo é uma aberração jurídica, sendo alvo de duras críticas pela doutrina, pois: 
(I) Confunde amplitude da coisa julgada com competência jurisdicional (seria o mesmo que dizer que uma sentença de divórcio proferida em São Paulo não produziria efeitos no Rio de Janeiro, onde o casal permaneceria casado!);
(II) É incompatível com a natureza dos direitos tutelados (um dano ambiental muitas vezes ultrapassa os limites territoriais do órgão julgador);

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