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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA –UFU Instituto de Ciências Agrárias - ICIAG Princípios da nutrição animal Profa. Dra. Adriane Andrade Melhoramento genético Evolução na alimentação animal Evolução na alimentação animal Valor Nutritivo dos alimentos “Valor” aqui se define como a capacidade de satisfazer necessidades; e o adjetivo “nutritivo” é empregado para lhe conferir qualidade: que nutre, que tem propriedades de nutrir, de prover substâncias nutritivas que sustentem o organismo. Necessário para garantir o desempenho das funções produtivas e continuidade da vida. Nutrição garante: As atividades ou processos orgânicos que objetivam a manutenção dos animais (suas funções vitais e de integridade estrutural) Os produtos derivados das funções zootécnicas (leite, carne, pele, etc.) e conservam parte da matéria ou energia contidas originalmente nas substâncias nutritivas providas pelo consumo de alimentos. Valor nutritivo do alimento O valor nutritivo do alimento é uma medida de sua capacidade em sustentar grupos de atividades metabólicas inerentes ao organismo animal. Esse termo refere-se a uma atributo biológico e não químico ou físico, isto é, associa-se ao resultado alcançado pelos animais após consumirem certa quantidade de matéria alimentar. Os nutrientes que a compõem são de natureza diversa: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais. Apresentação matemática de Valor nutritivo (VN) Conforme se depreende da conceituação sobre a eficiência bruta ou total de utilização dos alimentos por Brody (1945) e por Kleiber (1975), a relação entre valor nutritivo (VN) e o desempenho biológico pode ser assim representada: VN = G I Em que, G representa a massa de produto animal (carne, leite, lã, etc) obtida pelo consumo alimentar (I) durante o tempo necessário à sua elaboração pelo organismo. Em alguns nutrientes é possível especificar o VN pela quantidade de sua composição química. VNnut = G X [NUT]p I X [NUT]A Em que VN nut equivale ao valor nutritivo do nutriente em questão; Nutp corresponde à proporção do nutriente na massa de produto animal formado; e Nut a é a proporção do mesmo nutriente na matéria alimentar oferecida ao animal. Esse conceito é utilizado no valor nutritivo de proteína, e eficiência de utilização de energia contida nos alimentos e dieta. Conversão alimentar e eficiência alimentar Conversão alimentar (CA): Capacidade do animal converter o alimento em uma unidade de produto animal, sendo: CA = Consumo de alimento/ganho de peso Eficiência alimentar(EA): Quantidade de produto animal obtida por quantidade unitária de alimento, sendo: EA = (Ganho de peso/Consumo de alimento) x 10 Deficiência nutritiva e carência nutricional Deficiência Nutritiva é a insuficiência de um nutriente essencial. Carência Nutricional: já é o quadro sintomático apresentado pelo animal como resultado da deficiência nutritiva. Deficiência nutritiva ocorre, mas não pode ser transformada em carência nutricional. OBS: eu posso fornecer alguns dia somente uma ração energética, sem inclusão de um alimento proteico. Mas não posso perpetuar esse fornecimento. NRC – National Research Council Quantidade de cada nutriente, requerida por determinada espécie e categoria animal, para sua boa manutenção, produção e reprodução eficientes. Temos NRC para as principais categorias: Nutrient Requirements of Beef Cattle (2000); FDN FDN efetivo = Fibra em detergente neutro efetivo FDN (fibra em detergente neutro): a fibra em detergente neutro está relacionada com o consumo voluntário. Quanto menor a percentagem de fibra em detergente neutro maior o consumo voluntário. É constituído principalmente por proteínas, gorduras, carboidratos solúveis e pectina, bem como outros constituintes solúveis em água. A parte insolúvel em detergente neutro é constituída de celulose, hemicelulose e proteína lignificada. FDA FDA = Fibra em detergente ácido FDA (fibra em detergente ácido) é a porção de menor digestibilidade da parede celular. É constituída basicamente de lignocelulose (lignina e celulose), sendo inversamente proporcional digestibilidade: quanto mais alta a percentagem de fibra em detergente ácida mais baixa a digestibilidade do material. Seus valores são de 58 e 32% para FDN e FDA respectivamente. FIBRA A fibra é um dos nutrientes que não faz parte dos seis básicos (carboidratos, proteínas, minerais, vitaminas e água), MAS É FUNDAMENTAL PARA O FUNCIONAMENTO DO RÚMEN. É caracterizada nutricionalmente como carboidratos que não são digeridos por enzimas de mamíferos. FIBRA A fibra está localizada principalmente na parede celular das plantas, protegendo o conteúdo celular e dá sustentação às estruturas da planta. FB = Fibra bruta pouco usada ultimamente FDN e FDA Fibra solúvel em detergente neutro (FSDN) Através destas análises podem ser calculadas a digestibilidade e o consumo de uma forragem Carboidratos na Planta Conteúdo Celular Parede Celular Ácidos orgânicos Açucares Amido Pectina βGlucana Frutosanas FIBRA SOLUVEL EM DETERGENTE NEUTRO Hemi celulose Celulose FDA FDN Lignina Carbohidratos soluvel em detergente neutro Hall, 2001 – Figura carboidratos nas plantas forrageiras NDT NDT = Nutrientes digestíveis totais 1 caloria (cal) = 4.184 Joules (J) 1 megacaloria (Mcal) = 1.000.000 cal 1 kg NDT = 4.4 Mcal ED Ou seja, ED = NDT X 0,04409 NDT medida ligada a ENERGIA O animal precisa de energia para manter a sua homotermia, processos vitais do corpo, além das atividades físicas, incluindo aquelas associadas com a alimentação. A nível de mantença, a exigência energética necessária para o metabolismo do jejum deve ser mantida e a perda ou ganho energético do tecido corporal deve ser nulo. O animal ainda precisa de energia para atender as exigências de crescimento, engorda, gestação e lactação. Energia A energia pode ser expressa em diversas formas, como energia Bruta (EB), também chamada de calor de combustão de uma substância. É representada pelo calor de sua queima até produzir CO2 e H2O e outros gases. É medida em um aparelho chamado calorímetro ou bomba calorimétrica. Fracionamento da ENERGIA A energia é fracionada: Temos a energia digestível (ED) é a energia bruta do alimento menos a energia perdida nas fezes através da excreção dos produtos não digeridos. Energia metabolizável (EM) é calculada pela diferença entre a energia digestível e a energia perdida através de gases combustíveis, como o metano formado no rúmen e intestinos pelas fermentações e a energia perdida na urina (ureia e acido urico). EM = EB – perdas ocorridas por fezes, gases e urina ENERGIA A energia metabolizável segue duas vias principais: 1- parte é perdida nos trabalhos de digestão e absorção de alimentos 2- Parte vai construir a energia Liquida (EL), que é usada pelo organismo para diferentes fins:manutenção, crescimento, produção de leite, gordura ou trabalho. Sendo assim, tem-se energia líquida para manutenção (ELm), energia líquida para ganho (ELg) e energia líquida para lactação (Ell) ENERGIA ED = NDT X 0,04409 EM = 0,82 X ED Exemplo de Elm e Elg = ELm = 1,37 X EM – 0,138 X EM2 + 0,0105 EM3 – 1,12 ELg = 1,42 X EM – 0,174 X EM2 + 0,0122 EM3 – 1,65 NDT NDT = % PD + %ENND + %FD + (%EED x 2,25) O NDT é fruto da soma dos teores de proteínas digestíveis (PD), extrato não nitrogenado digestíveis (ENND), fibra digestível (FD), extrato etéreo digestível (EED), sendo este multiplicado pelo fator 2,25. NDT de acordo com o NRC (2001) Atualmente o NRC tem utilizado fórmulas mais complexas para estimar a quantidade de energia para os alimentos mais comuns. NDT = CNFvd + PBvd = (Agvd x 2,25) + FDNvd – 7 Onde: CNFvd (Carboidratos não fibrosos verdadeiramente digestíveis) = 0,98 x [100 – FDN – PIND) –PB – EE – Cinzas] X PAF PAF = fator de ajuste que corrige o valor energético dos alimentos, conforme processamento mecânico ou térmico. PBvd (forragem) = proteína verdadeiramente digestível = PB– 1,2 PIDA/PB PBvd (concentrado) = PB x [1 – (0.4 x PIDA/PB) AGvd = ácidos graxos verdadeiramente digestíveis (se EE = 1, Ag = 0) FDN vd = 0,75 X (FDN – PIDN – LDA) x {1 – [LDA/(FDN-PIDN)] 0,667} PIDN = Proteina indigestível em detergente neutro PIDA = Proteina indigestível em detergente ácido LDA = lignina em detergente neutro Partição de energia na nutrição Energia Emetabolizavel Energia liquida digestível (50 a 60%) perda por calor (A) (65 a 70%) EB Energia perdida urina Energia perdida (3 a 4%) nas fezes (30 a 35%) Energia perdida como gases (6 a 10%) A = refere-se à energia perdida devido ao trabalho de digestão Energia líquida Energia para mantença (75%) a. Metabolismo basal b. Atividade voluntária c. Manter a temperatura corporal dentro da normalidade (2) Energia para produção (25%) a. Formação do feto e anexos b. Sêmen nos machos c. Crescimento d. Produção de leite e. Produção de carne Os percentuais citados são exemplos do que pode ocorrer, não é aplicável a todas as condições. Muitos fatores estão relacionados e podem afetar. Proteínas Proteína Bruta (PB) e a PDR (Proteínas digestíveis no rúmen) e PNDR (proteínas não digestíveis no rúmen). A exigência de proteína dos ruminantes, durante muito tempo, foi expressa em termos de proteína bruta (PB) e proteína bruta digestível (PD). Porém observou-se que havia um grande impacto da fração dos compostos nitrogenados não proteicos (CNNP), presente nas rações. E que a resposta obtida com vários níveis de PD variava com a fonte de proteína, além de outros fatores, especialmente o suprimento de energia. Proteínas O ARC (1980) enfatizou a necessidade de se considerar a exigência de N da população microbiana para uma adequada fermentação e a exigência de N na forma de aminoácidos do animal hospedeiro, sendo esta calculada como exigência líquida pelo método fatorial. O NRC (1984) expressava os requerimentos de proteínas em termos de proteína bruta (PB). Em 1985, o subcomitê preferiu adotar como proteína absorvida (PA), e desde 1989 ficou como sinônimo de Proteína metabolizavel (PM), que é definida como proteína verdadeira absorvida pelo intestino, composta por proteina microbiana e proteina ingerida não degradada no rúmen (PNDR) Proteínas Em termos de ruminantes, a proteína bruta microbiana (PBM) pode suprir 50% do essencial de PM requerida pelo bovino de corte, dependendo da PNDR contida na dieta. Modelo UFV e outros http://cqbal.agropecuaria.ws/webcqbal/index.php AFRC (1993) - Inglaterra CSIRO (1990) – Austrália INRA (1989) - França Trabalhos nacionais – UFV e outros Frações: Composição doa alimentos Energia Conceito de partição de carboidratos Proteína Coeficiente de digestão e NDT Coeficiente de digestão (%) = ((quantidade consumida – quantidade excretada nas fezes) / quantidade ingerida) x 100 Nutrientes digestíveis totais (NDT) = PBD + CFD + CNFD + EED (2,25) Capacidade ingestão das diferentes espécies 10 kg de Matéria Seca ou 40 kg de pastagem 6 kg de Matéria Seca ou 25 kg de pastagem 2 kg de Matéria Seca ou 8 kg de pastagem Matéria Seca ou Massa Seca BIOMOLÉCULAS ÁGUA – H O H PROTEÍNAS – AMINOÁCIDOS – C O H N LIPÍDIOS – ÁCIDOS GRAXOS – C O H CARBOIDRATOS – GLICOSE – C O H VITAMINAS – C O H N MINERAIS - INORGÂNICOS 46 ÁGUA O funcionamento do organismo animal se faz às custas de perdas ininterruptas de água que devem ser repostas constantemente através da água de bebida. No animal a água intracelular representa mais de 50% do peso vivo, e o conteúdo extracelular 20%. ÁGUA Transporte de nutrientes para os diferentes tecidos Controle da temperatura dos tecidos – órgãos - organismo Participa de processos metabólicos celulares 80% 70% 12 % Manutenção do equilíbrio ácido-base 42 % ÁGUA Água de bebida Consumo de matéria seca (energia/proteína). Temperatura/umidade ambiente. Condição fisiológica. Água metabólica C51 H97 O6 + 72,5 O2 = 51 CO2 + 49 H2O + Energia (tripalmitilglicerol) (água metabólica) C6H12O6 + 6 O2 + 36 ADP = 36 ATP + 6 CO2 + 6 H2O (glicose) (água metabólica) Água dos Alimentos Água – efeito da temperatura ambiente Temp(ºC) 4,4 10 15,6 21,1 26,7 32,2 37,8 Cons. (l.) 15,5 16,3 17,8 20,1 25,4 33,7 40,9 Efeito da temp. ambiente (ºC) sobre o consumo de água (litros/100 poedeiras) 50 ÁGUA - temperatura da água Temperatura da água (ºC) Ganho de Peso (g) Consumo de água (ml/dia) Temperatura corporal (ºC) 22,7 55,4 364 42,8 31,1 50,3 359 43,1 42,2 47,0 304 43,3 - Efeito da temperatura da água sobre o ganho de peso, consumo de água e temperatura corporal de frangos de corte mantidos em estresse calórico 51 Água – Consumo médio Espécie Consumo per capita (L/animal dia) Bovino 50,0 Equino 50,0 Suíno 12,5 Ovino 10,0 Aves 0,36 Telles e Domingues (2006) PROTEÍNAS AMINOÁCIDOS ANIMAL VEGETAL polipeptídeos ELEMENTO PORCENTAGEM Nitrogênio 15,5 a 18,0 (média 16,0) Carbono 51,0 a 55,0 Hidrogênio 6,5 a 7,3 Oxigênio 21,5 a 23,5 Enxofre 0,5 a 2,0 Fósforo 0,0 a 1,5 COMPOSIÇÃO ELEMENTAR MÉDIA DAS PROTEÍNAS PROTEÍNAS AMINOÁCIDOS Aromáticos: fenilalanina, tirosina, triptofano Básicos: lisina, histidina, arginina. Ácidos: Ac. Glutâmico, Ac. Aspártico Ramificados: isoleucina, leucina, valina Sulfurados: metionina, cisteína, cistina Outros : treonina, serina, asparagina, glutamina, glicina, alanina, prolina. Ligação peptídica = formação de peptídeos Proteínas = Polipeptídeos Terminal Amino Terminal carboxilico Ligação peptídica PROTEÍNAS Estrutural (colágeno, elastina, queratina, fibroina, etc.); Contração e movimentação (actina e miosina, tubulina, etc.); FUNÇÕES Fonte de nutrientes e de reserva (ovoalbumina, caseína, etc…) Transporte (hemoglobina, lipoproteínas, etc.) Enzimática (amilase, pepsina, lipase, etc.) hormonais (insulina, ocitocina, hormônio paratireóideo, etc.) Defesa (imunoglobulinas ou anticorpos, fibrogênio, trombina, etc.) AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS – devem estar presentes na dieta. NÃO-ESSENCIAIS – podem ser produzidos pelo próprio metabolismo do animal a partir de outros aminoácidos absorvidos. ESSENCIAIS NÃO ESSENCIAIS LEITÕES/AVES SUINOS/AVES PINTOS Lisina Lisina Lisina Glicina * Metionina Metionina Metionina Cistina** Triptofano Triptofano Triptofano Alanina Valina Valina Valina Ácido Aspartico Histidina Histidina Histidina Ácido Glutâmico Fenilalanina Fenilalanina Fenilalanina Tirosina*** Leucina Leucina Leucina Serina Isoleucina Isoleucina Isoleucina Prolina Treonina Treonina Treonina OH-prolina Arginina - Glicina ou Asparagina Serina Glutamina Prolina AMINOÁCIDOS AMINOÁCIDOS LIMITANTES Os aminoácidos limitantes referem-se àqueles que estão presentes na dieta em uma concentração menor do que a exigida para o máximo crescimento. Os aminoácidos mais limitantes para suínos/aves em rações a base de milho e farelo de soja são: Aminoácidos Aves Suínos 1o. Limitante Metionina Lisina 2o.Limitante Lisina Metionina 3o. Limitante Treonina Triptofano Treonina Triptofano BIOMOLÉCULAS ÁGUA PROTEÍNAS CARBOIDRATOS LIPÍDIOS MINERAIS VITAMINAS Composição de alimentos (volumosos e concentrados) Alimentos Volumosos % Proteína Bruta % NDT (Energia) Brachiaria Brizantha 7% 51 Mombaça 9% 54 Silagem de Milho 8% 63 Alimentos concentrados % Proteína Bruta % NDT (Energia) Farelode soja comum 45% 76% Farelo de algodão 28% 67% Milho Grão 9% 81% TrigoFarelo 16% 63% Nutriente Funções Fontes Proteína -constituição, manutenção e renovação dos tecidos; -formação de enzimas, secreções; hormônios e anticorpos; Carnes, peixes, ovos, leite e derivados. Carboidratos - fonte primária de energia; Cereais, leguminosas, raízes e açúcares. Lipídeos -estrutural (constituinte membranas) e sustentação de órgãos; -fornecimento de energia; -participação na síntese de hormônios; -conferem sabor e saciedade; Óleos e azeites, oleaginosas, margarina, creme de leite, banha, toucinho, bacon. Fibras - aumento do volume fecal; - assegura absorção mais lenta; - redução da glicemia e colesterol; Cereais integrais, verduras, legumes, frutas. Vitaminas -regulam o crescimento e metabolismo; - fixam Ca e P nos ossos; - colaboram na formação dos tecidos e na defesa; Frutas, legumes, verduras, óleos vegetais. Minerais - formação dos tecidos; - atuam no funcionamento das glândulas e músculos; - participam na regulação do organismo, digestão e absorção dos alimentos; Todos os alimentos de origem vegetal e animal.
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