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ARTIGO LIBERALIMES Marcia Cristina

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A Medida executada em liberdade assistida ao Adolescente em conflito com a Lei, sob a intervenção do Poder judiciario de campo grande mato grosso do sul
Marcia Cristina Arguelho Mendes[1: Bacharel em serviço social pela Universidade Anhanguera-UNIDERP, e Pós- graduando em Gestão de Políticas Publicas Sociais na Área da Saúde da família turma 11- instituto Libera Limes/Uniasselvi em 2016.]
Perpétua Aparecida Albuquerque Dutra[2: Mestra em Educação pela UCDB, Professora e Orientadora – Instituto Libera Limes/Uniasselvi]
Resumo
O presente trabalho vem de encontro à necessidade de reconhecer os problemas sociais de Ato Infracional que é uma conduta considerada crime ou contravenção pela lei. A comprovação da autoria e materialidade da infração é condição necessária para que o adolescente seja responsabilizado. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera autores de infração apenas os adolescentes sendo que no Brasil, o menor de 18 anos responde por uma infração de forma diferente do adulto: não responde penalmente, mas tem responsabilidade social, podendo ser aplicado a estes, as medida socioeducativas. Dentro das medidas socioeducativas que possuem os objetivos principais a reintegração social e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, a Liberdade Assistida que consiste em uma medida coercitiva que necessita de um acompanhamento da vida social do adolescente. No Brasil, onde o desemprego assola o país, sobretudo nas classes baixais em que as pessoas não possuem qualquer qualificação para o trabalho, onde um curso superior parece ser uma realidade distante, o crime se apresenta como uma forma de emprego muito atraente a estes jovens. O menor de 18 anos não poderia trabalhar pelas regras legais, seria considerado menor aprendiz com salário inferior ao salário mínimo. 
Palavras Chave: Ato Infracional, Adolescente Infrator, Liberdade Assistida
INTRODUÇÃO
O presente trabalho consiste em abordar a complexidade do contexto atual que, a cada dia mais cedo, envolve adolescentes no mundo do crime. Para os adolescentes autores de ato infracional, personagens deste estudo, frequentar a escola, inserido nos projetos sociais, e no mercado de trabalho passa a ser obrigatório e isto está, muitas vezes, previsto na medida socioeducativa que lhes foi aplicada. Nessa perspectiva, foram utilizados procedimentos no campo da pesquisa quantitativa e qualitativa, na tentativa de melhor dimensionar os problemas sobre os quais este estudo se debruçou. Assim, foi feito um levantamento sobre quantos e quais eram os adolescentes que estavam em programas de medidas socioeducativas em meio aberto.
Parafraseando Salum (2012), o ECA e o SINASE foram de fundamental importância no estabelecimento de formas de responsabilização dignas aos adolescentes, que cometeram infrações. No entanto, na prática nem sempre acontece como deveria ou como foi idealizado, precisando de sensibilidade para que a lei seja interpretada a todo instante, a partir de acontecimentos cotidianos.
				
As razões da escolha do tema fundamentam-se no fato de que, com a edição da Lei nº 8.069/90. (O Estatuto da criança e do adolescente) o legislador vendo no adolescente muito mais um ser em desenvolvimento e vitima do descaso do Estado e da sociedade do que um delinquente explicitou de forma inovadora rompendo conceitos discriminantes e tratamento diferenciado aqueles autores de atos infracionais, dos já penalmente puníveis. O tema escolhido justifica-se por buscar esclarecer as condições de implantação e operacionalização dos serviços prestados aos adolescentes autores de atos infracionais que cumprem medidas socioeducativa fiscalizado pelo Poder Judiciário de Campo Grande MS. E também, pela necessidade pessoal dos pesquisadores em conhecerem de que forma as medidas socioeducativa são executadas e como são norteadas no enquadramento de cada uma delas.
	
Objetivo geral : Mostrar as realidades e as condições de trabalho no Poder Judiciário para garantia dos diretos de adolescentes em conflito com a Lei, na execução da medida socioeducativa Liberdade Assistida - LA. 
										
O presente trabalho está dividido em três partes apresentados da seguinte forma:		
O tema I - enfatiza a adolescência como sendo uma fase de profundas mudanças psicológicas, hormonais e físicas, algo que provoca no adolescente curiosidade, rebeldia, medo e coragem. A realidade brasileira também é apresentada, pois a mesma influencia no comportamento e no dia-dia dos adolescentes, que estão diante de problemas sociais como: desigualdade social, miséria, exploração do trabalho, gravidez na adolescência, evasão escolar, analfabetismo e violência. É diante desta realidade de exploração e exclusão que se apresentam os adolescentes em conflito com a lei, pois estão submetidos ainda mais à vulnerabilidade.
							
 O tema II - Mostra um resgate histórico da Política de Proteção à criança e o adolescente em conflito com a lei, apresentando os aspectos legais que envolvem esta área, bem como o fim do Código de Menores e a efetivação do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo esta uma política de proteção aos direitos da criança e do adolescente. 												
No tema III – A questão social é enfocada no trabalho, fazendo parte da Política de Assistência Social. Política responsável pela execução das medidas socioeducativas em meio aberto, tornando possível o acesso a bens e serviços, tendo em vista o enfrentamento das expressões sociais. Apresenta as medidas socioeducativas em meio aberto na Capital de Campo Grande- MS, sendo o adolescente em conflito com a lei sujeito de direitos e o ator principal deste processo. 
						
Desta forma, o presente trabalho consistiu em demonstrar se as medidas aplicadas aos adolescentes que praticam algum ato infracional atingem sua finalidade, recuperando o infante. Analisou-se isso através do estudo dos direitos do adolescente, seus deveres, sua relação familiar, comunitária e também pela pesquisa de alguns fatores que indicam as causas da prática do ato infracional. 	
				
O trabalho foi realizado através de pesquisa doutrinária, jurisprudencial, e demais trabalhos relacionados para se conseguir o fim desejado. O estudo tem como finalidade demonstrar que a observância efetiva do Estatuto da Criança e do Adolescente, notadamente no que diz a respeito ao art. 112, possibilitara ao adolescente infrator, por meio da sua valorização e da reconquista da autoestima a reeducação e seu retorno à convivência social.
2. O INDIVIDUO E AS LEIS DE PROTEÇÃO 
 O resgate do adolescente autor de ato infracional não pode desconsiderar suas relações e interligações com a sua realidade social. As medidas sócio-educativas devem favorecer uma ação social, psicológica e pedagógica que possibilite sua aceitação e reconhecimento perante a sociedade e as leis do Estado. Suas habilidades e potencialidades devem ser valorizadas e desenvolvidas, possibilitando seu resgate humano e sua efetiva cidadania.
 Segundo Miller (2004), “sem um acompanhamento empático e uma compreensão do contexto da infância traumática, as emoções permanecem num estado caótico, que nos amedronta profundamente” (p. 82).A autora coloca que os bloqueios de pensamento podem ser considerados positivos, por um lado, sendo que protegem da dor e abafam os medos do passado, mas por outro lado, são negativos por produzirem uma cegueira emocional, induzindo prejuízos a si mesmo e a outros. Desta forma, um trabalho sócio e psicoterapêutico deve tentar trazer à consciência os sofrimentos passados, confrontando-os com os conhecimentos atuais.
 Sejam quais forem às formas escolhidas para o trabalho terapêutico ou qualquer outra ação direcionada ao atendimento dos adolescentes autores de atos infracionais submetidos à aplicação de medidas sócio-educativas, um aspecto importante que deve serconsiderado é a importância de tratá-los como pessoas, é o estabelecimento de uma relação horizontal e afetiva, tratando-os com respeito e acreditando na sua possibilidade de recuperação e superação, respeitando-os e aceitando-os como são.
2. 1 ADOLESCENTE E O ATO INFRACIONAL 
As infrações cometidas por crianças e adolescentes podem ser divididas em delitos praticados: contra a pessoa (homicídio, lesões corporais, ameaça maus tratos, sequestro, contra a honra e violação de domicílio); contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, receptação, dano e estelionato); contra os costumes (estupro e atentado violento ao pudor); contra a paz pública (bando ou quadrilha); contra a fé pública (falsificação de documento particular e falsificação ideológica); contra a Administração Pública (desacato e evasão por meio de violência contra a pessoa); Lei de Tóxicos (tráfico e/ou uso de entorpecentes); porte de armas; contravenções penais (porte de arma branca, vias de fato, direção perigosa) e Lei Ambiental (pesca com explosivo). As consequências punitivas atribuídas à criança e ao adolescente, que cometem estas condutas, não são impostas pelo Direito Penal, já que a imposição de uma sanção penal ao indivíduo começa somente aos 18 anos, ficando a criança sujeita às medidas de proteção, e o adolescente, possivelmente, responsabilizado por meio das medidas socioeducativas. 											
Isto ocorre pelas crianças e adolescentes serem inimputáveis, como denomina o art. 27 do Código Penal: “Os menores de dezoito anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.” O mesmo também é compreendido através do que atesta o art. 104, da ECA. É indubitável que, o adolescente sendo vitimador também é vitima da sociedade e não agente de atitudes fruto da sua própria personalidade. 
Conforme Volpi (1999,p.7): ”a prática do ato infracional não é incorporado como inerente a sua identidade, mas vista como uma circunstância de vida que pode ser modificada”, pois o adolescente não nasce infrator, ele se produz infrator e assim sendo, há possibilidade de modificação dessa realidade que é construída historicamente, levando em consideração que, quando criança seus direitos foram-lhe abstraídos e conforme vai crescendo e tornando-se adolescentes percebe que não sofreu apenas carências materiais, mais também afetivas; falta de amor, carinho, respeito, atenção, que são itens de grande importância para a formação psicológica e moral de um individuo e se o ambiente em que vive não for favorável ao seu desenvolvimento, provavelmente se envolvera com a criminalidade fermentada pela exclusão e marginalidade.
										 
Esse meio pode ser tanto seu convívio familiar com carências materiais e afetivas, também o meio no qual passa a viver na busca em suprir essas carências: a rua, tentando adquiri-los por pratica ilícitas. Normalmente quando ele “chega” á rua nem sempre é de fato um adolescente autor de ato infracional, entretanto, ao se envolver com aqueles que já se encontram nessa situação de marginalidade, influenciados começam a cometer delitos.	
										
2.2 - OS PROGRAMAS SOCIOEDUCATIVOS EM MEIO ABERTO.
 Prestação de Serviço a Comunidade- PSC
Esta medida possibilita o retorno do adolescente infrator ao convívio com a comunidade, por meio de tarefas, ou serviços, que serão prestados pelo jovem, em locais como escolas, hospitais e entidades assistenciais, possibilitando, assim, o desenvolvimento de trabalhos voluntários, de cunho social e humanitário, sendo atividades escolhidas de acordo com a condição do jovem. Uma das formas de reinserção do adolescente à sociedade, permitindo sua participação ativa em prol da organização comunitária. Como dita o art. 117 da ECA: A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente há seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. 
Para Meneses (2008) a PSC e a Advertência devem estar focadas no desenvolvimento da capacidade humana para a interação social e sua construção individual. Faz-se necessário questionar se os meses e horas da PSC são suficientes para que a finalidade educativa seja cumprida. O autor interroga também se a rede de atendimento referencial do adolescente com pessoas, que o acolhessem com respeito, não seria essencial ao desenvolvimento, como proposta de resgate individual e social.
Conforme Liberati (2003) salienta que a PSC deve fazer refletir ônus ao adolescente que cometeu a infração, interagir com a comunidade e pelos serviços comunitários, desenvolver a cidadania, sendo então relevante o significado da medida. Contudo, o trabalho deve ser gratuito e jamais ser uma relação de emprego. Assim, não deverá ser contrária à vontade do adolescente, pois aí será considerado trabalho forçado e obrigatório, o que não é permitido. Quando há um acompanhamento adequado ao adolescente pela entidade há mais efetividade na medida. Ressalta também que quando a PSC e LA são realizadas no contexto familiar e comunitário, possibilitam “reexaminar sua conduta, avaliar as consequências delas derivadas e propor uma mudança de comportamento, com indicação de que não mais irá praticar atos ilícitos”. (LIBERATI, 2003, p. 108-109).
2.3 MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS.
 Medidas aplicadas ao adolescente infrator
Medidas socioeducativas são regidas de acordo com as características da infração cometida pelo jovem menor de 18 anos, circunstâncias sócias familiares e disponibilidade de programas e serviços em nível municipal, chegando a ser até estadual. O nível municipal é escolhido para que o jovem integre-se socialmente ao ambiente em que vive, causando assim, uma facilitação ao acesso a rede de atendimento, envolvendo- o diretamente com a comunidade. Quando o adolescente é autuado pela policia inicia-se o processo judicial e dependendo da gravidade do ato infracional, das ocorrências passadas e do comprometimento da família, vai ser decidido qual o meio conveniente para submeter o jovem à medida socioeducativa. A aplicação da medida socioeducativa é de competência do representante do Ministério Público (Promotor de Justiça) ou do Juiz competente para tanto (Justiça da Infância e da Juventude). 
Para apoiar a compreensão do assunto, faz-se necessário a definição do termo medida socioeducativa, que segundo Wilson Donizeti (2003, p. 03): “[...] é a manifestação do Estado, em resposta ao ato infracional, praticado por menores de 18 anos, de natureza jurídica impositiva, sanciona tória e retributiva, cuja aplicação objetiva inibir a reincidência, desenvolvida com finalidade pedagógico-educativa”.
Meneses (2008, p.67) reforça que a medida somente será socioeducativa quando leva o adolescente a compreender seu lugar na totalidade, partindo de paradigma novo proposto pela educação. A educação se estende pela vida quando sustentada pelos pilares: “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto, aprender a ser”. Esse é também o entender de Veronese, Quandt e Oliveira (2001) quando dizem que a razão de ser de todas as medidas socioeducativas é educar e ensinar.
Na execução da medida podem participar entidades governamentais e não governamentais. O controle da execução da medida é de competência do Juizado da Infância e da Juventude. As medidas são consideradas ao mesmo tempo punitivas e educativas. Elas contêm um caráter educativo, e uma vez inserido nas medidas, os jovens têm acesso à formação e informação, caracterizada pela utilização dos serviços como: saúde, educação, defesa jurídica, trabalho e profissionalização. Os programas podem ser de privação de liberdade, regime aberto ou semiaberto. Neles todos os jovens têm direitos e deveres e cada um possui sua característica peculiar. No caso das medidas em meio aberto em liberdade assistida, os jovens têm uma proximidade com sua comunidade e assim, esse atendimento realizado a ele, proporcionaum favorecimento de sua capacidade profissional, inserção no mercado de trabalho e a adaptação ou retorno a escola.
3.0. O ASSISSTENTE SOCIAL E A MEDIDA EXECUTADA EM MEIO ABERTO LIBERDADE ASSISTIDA. 
O trabalho do profissional de Serviço Social não é aplicar a medida sócia educativa adequada ao ato infracional cometido, esse trabalho cabe ao poder judiciário. O assistente social tem por responsabilidade acompanhar a execução dessas medidas, e, em cada caso, fazer um levantamento sobre os fatos que o levou a cometer o ato infracional, assim como a construção de um projeto de vida alternativo. Portanto, faz-se imprescindível uma visão critica para compreender o adolescente como possuidor de uma história pessoal, vivenciando processos sociais, afetivos, psicológicos e morais que, consequentemente, conduzem-no à criminalidade. Cabe ao assistente social desenvolver ações de acompanhamento e orientação, possibilitando ao infrator o acesso às condições mínimas para a sua reintegração social, respeitando o atendimento integral que dispõe a ECA: 
Art. 4º é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público asseguras, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária. 
Partindo desse princípio, torna-se necessário ao profissional trabalhar procedimentos essenciais para que o adolescente em conflito com a lei tenha acesso a esses, e buscar a articulação e envolvimento com outros setores profissionais para maior assegurar os direitos constitucionalmente garantidos.
O termo usado “Liberdade” para Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1986, p.1028), possui diversos significados, dentre eles, os seguintes: 2- Poder de agir, no seio de uma sociedade organizada, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas; 3- Faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei. 
Para o autor (FERREIRA, 1986, p. 185) o termo “Assistir” possui o significado de 2- Ver, testemunhar, notar, observar. 
Desse modo, conclui-se que liberdade assistida é o poder de agir no seio de uma sociedade, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas, com a faculdade de praticar tudo que não é proibido, mas sempre sendo visto testemunhado, notado e observado por alguém.
3.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para Valter Kenji (2009, p.174-175) “realizado o ato infracional, inicia-se sindicância por meio da representação do membro do Ministério Público. Finalizando o procedimento, cabe ao Magistrado aplicar a medida socioeducativa adequada”. Isso implica em dizer que, sempre que for possível aplicar a medida de Liberdade Assistida, essa será aplicada com o objetivo de diminuir o índice de praticas reiterado e, por conseguinte, alcançar a ressocialização daqueles que acabaram de ser submetidos as tais medidas, atingindo assim a sua eficácia.
Os dados obtidos nos atendimentos foram organizados e distribuídos de acordo com análise sócia demográfica, análise dos discursos e avaliação de mudanças de atitude durante a intervenção. Foram realizados 100 atendimentos, sendo que destes, 57 foram com adolescentes do sexo masculino (79%), quarenta e três do sexo feminino (21%) e dos atendimentos familiares. As infrações que originaram a vinda dos jovens à delegacia fora predominantemente relacionada a pequenos assaltos ou furtos (47,3%) e a idade média dos adolescentes foram de 14 anos de idade. Da totalidade dos casos, 40% já haviam passado pela instituição, entretanto houve reincidências no serviço psicossocial. Esses dados acompanham os do relatório do Poder Judiciário de MS (2015 e 2016) em que a maioria dos adolescentes apreendidos se envolve com crimes de menor potencial ofensivo. Foram apresentados neste estudo somente cinco tipos de drogas citadas por essa população, são elas: álcool, cigarro, maconha, cocaína e crack.
Os dados revelam que a maioria desses adolescentes já havia experimentado álcool 146 (97,3%); maconha 145 (96,7%) e cigarro 135 (90%) concomitantemente com idade média de 12 anos. Com relação ao uso da cocaína, 98 (65,3%) já haviam experimentado e a idade média foi de 14,1 anos, e com relação ao crack somente 14 (9,3%) já haviam experimentado esta substância.
Por fim, com base nos resultados deste trabalho, sugere-se a realização de novas pesquisas centradas nessa população, as quais talvez possam contribuir para o planejamento de políticas públicas e programas preventivos contra o uso de drogas por adolescentes em conflito com a lei.
A tabela abaixo se refere à situação da medida socioeducativa e percebe-se que foi concedida a remissão em todos os processos.
Figura 1 - Caracterização dos Adolescentes quanto à escolaridade. 
 Diante dos dados apresentados, pode-se constatar que a maioria interrompeu os estudos, não chegando a concluir o Ensino Fundamental ou Médio. Muitos podem ser os motivos como: Desmotivação pela escola, necessidade de trabalhar, contribuição no orçamento familiar, entre outros. 
 Sobre a educação escolar, ressalta Meneses (2008, p. 28): 
O aluno fora da sala de aula afronta a juridicidade. Mas o aluno na sala de aula, sem espaço para o erro, e por causa dele, desautorizado a reconstruir concepções, afronta a proteção integral de pessoa em desenvolvimento. Ainda, o aluno na sala de aula, porque assim determina a lei, que não respeita a convivência com o educador e com os outros alunos, liquida com a qualidade da relação [...].
Um dos grandes desafios no trabalho dos adolescentes é sua inserção no ambiente escolar, pois grande parte deles já não está mais estudando e, em alguns casos, já estão fora do sistema escolar há algum tempo.
A conduta do aluno pode caracterizar a uma indisciplina, que não corresponda a uma infração prevista na legislação. Agora, o conceito de indisciplina é mais tormentoso. Extrai-se do Dicionário Aurélio, os seguintes conceitos de disciplina e indisciplina: Disciplina - Regime de ordem imposta ou livremente consentida; Ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar escolar etc.); Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; Observância de preceitos ou normas; Submissão a um regulamento. Indisciplina - Procedimento, ato ou dito contrário a disciplina; desobediência; desordem; rebelião.
Figura 2 – Caracterização de gêneros dos adolescentes envolvidos no mundo do crime, do sexo feminino e do sexo masculino.
O total de adolescentes, que cumpriram a medida socioeducativas, foram feita a distribuição dos adolescentes atendidos com relação ao gênero demonstra uma proporção reduzida de adolescentes do sexo feminino (46%) e adolescente do sexo masculino (54%) É um fato que se expressa nos atendimentos realizados, à instituição, que estão no mundo do crime.
 
É pertinente destacar que o número é bastante elevado se comparado com os outros municípios de Campo Grande MS. De acordo com o Levantamento Estadual sobre as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. Desde o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, toda a ênfase tem sido dada na possibilidade de incrementar as situações de convivência familiar, mesmo que em família substituta, reconhecendo a família como espaço privilegiado onde as pessoas aprendem a ser e a conviver. Ou seja, a família é considerada a matriz da identidade individual e social.
“Ao mesmo tempo em que conecta gêneros e gerações, a família media continuamente os deslocamentos dos limites entre o público e o privado no cotidiano de seus sujeitos e media as relações entre sujeitos e coletividade. Assim, a família encerra um projeto de vida baseado na solidariedade entre as gerações e, simultaneamente, é geradora de formas comunitárias de vida” (Mioto, 2001, p.114).
Desta forma, pode-se entender a família como um instrumento central no processo de garantia de direitos da criançae do adolescente.
Figura 3 - Caracterização dos crimes praticada pelos adolescentes infratores.
Quanto ao ato infracional, a definição é dada pelo Estatuto da Criança do Adolescente, que estabelece: Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Assim, toda infração prevista no Código Penal, na Lei de Contravenção Penal e Leis Penais esparsas (ex. Lei de tóxico, porte de arma), quando praticada por uma criança ou adolescente, corresponde a um ato infracional. O ato infracional em obediência ao princípio da legalidade, somente se verifica quanto a conduta do infrator se enquadra em algum crime ou contravenção previsto na legislação em vigor. Desta forma, a primeira conclusão que se pode chegar é que nem todo ato indisciplinar corresponde a um ato infracional. 
No que se refere ao ato infracional, os dados apontaram que os delitos mais praticados foram o roubo 123 (82%), violência domiciliar111 (74%), furto 89 (59,3%) e 121 (80,7%) já haviam portado arma de fogo. Todos esses delitos foram cometidos pela primeira vez com idade média de 13 anos de idade. 
De acordo com Oliveira (2003), diversas expressões de violência que acometem a sociedade norteiam os pensamentos e ações dos indivíduos na adolescência.Embora haja menores infratores com tendência dirigida para o crime, a maioria presencia o abandono social em um contexto familiar permeado por alcoolismo, consumo de drogas ilícitas, violência doméstica e desemprego. Conforme é assegurado o direito da criança e do adolescente à convivência familiar e comunitária saudável (BRASIL, 2003), muitas vezes o menor infrator é referido como produto de um meio no qual impera a carência de recursos e de estrutura familiar e social e afetivo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que motivou a pesquisar e aprofundar nesse campo foram devidos o trabalho exercido no Poder Judiciário de MS, e as visitas realizadas no domicilio a esses adolescentes infratores. As medidas em meio aberto, apesar de algumas possuírem cunho repressor, ou de difícil execução, este grupo ainda disponibiliza regimes que fundamentam os ditames preconizados pela Proteção Integral, realizando com veemência o objetivo ressocializador do sistema socioeducativo. A liberdade assistida e a prestação de serviços à comunidade são regimes que enfatizam a responsabilização recíproca entre adolescente e sociedade, medidas que possibilitam ao jovem infrator uma transformação interna, mudança de valores, bem como o fortalecimento de vínculos sociais.
Conclui-se que o sucesso do sistema socioeducativo, em prol do adolescente infrator, depende da execução de medidas que forneçam condições pedagógicas, reintegrantes ao meio social, em conjunto a políticas públicas que lhe garanta a alimentação, educação, saúde, cultura, lazer, profissão, aliados à realização de atitudes e ações beneficiárias do Estado, sociedade e família em proveito da transformação da realidade do infrator.
Assim faz se necessário um enfrentamento perspicaz à violência, mas a violência estrutural, aquela que se expressa pelo quadro de miséria, má distribuição de renda, exploração dos trabalhadores, crianças nas ruas, falta de condições mínimas para uma vida digna, falta de assistência em educação e saúde, etc. Deste modo, para que o ECA possa desencadear processos que serão instituídos na sociedade brasileira é preciso o engajamento político, um grau massificado de participação e mobilização da sociedade civil. Precisamos de investimentos altos por parte do Estado nas políticas sociais, pois a grande dificuldade consiste na insuficiência de políticas designadas ao segmento infanto-juvenil e de proteção à família. E nesse contexto, é que os profissionais do Serviço Social como intelectuais orgânicos devem se mobilizar e se organizar em movimentos sociais por meio da contestação e protesto, na criação de uma consciência crítica coletiva, numa luta ideológica utópica persistente. 
5 REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei nº. 8.069, de 13 de Julho de 1990. ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
_______ . Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed.
São Paulo: Saraiva, 2003. 168 p.
BRASIL. Legislação Brasileira para o Serviço Social. Coletânea de leis, decreto e regulamentação para instrumentação da (o) assistente social/ organização Conselho Regional de Serviço Social do Estado de São Paulo, 9ª Região Provisória, 2ª edição, CRESS, 2006. 
COELHO, Claudinei de Paula. Adolescência e o ato infracional, responsabilidade do estado e da sociedade? Disponível em: Acesso em: 20 de Outubro de 2013.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda; J.E.M.M. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2ª ed. ver. e aument. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986.
JESUS, Maurício Neves de. Adolescente em conflito com a lei: prevenção e proteção integral. Campinas, SP: Servando, 2006.
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente – Doutrina e Jurisprudência. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LIBERATI, Wilson Donizeti, Adolescente e ato infracional – Medida Sócio - Educativa é Pena. 1ª ed. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2003.
MENESES, Elcio Resmini. Medidas socioeducativas: uma reflexão jurídico pedagógica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.126 p.
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Martins Fontes, 2004.
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SALUM, Maria José Gontijo. O Adolescente, o ECA e a Responsabilidade. Rev. Bras. Adolescência e Conflitualidade, 2012 (6): 162-176 162. Disponível em: <http://periodicos.uniban.br/index.php?journal=RBAC&page=article&op=view&path%5B%5D=297&path%5B%5D=236>. Acesso em: 10 maio. 2016.
VERONESE, Josiane Rose Petry; QUANDT, Guilherme de Oliveira; OLIVEIRA, Luciene de Cássia Policarpo. O ato infracional e a aplicação das medidas socioeducativas: algumas considerações pedagógicas. In: VERONESE, Josiane Rose Petry; SOUZA, Marli Palma; MIOTO, Regina Célia Tamaso (orgs.). Infância e Adolescência, o conflito com a lei: algumas discussões. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2001. p. 39-90.
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