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Patologia - Sist Endócrino

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Patologia – Sistema Endócrino 
 
Glândulas endócrinas são coleções de células especializadas que sintetizam, estocam e liberam suas 
secreções diretamente na corrente sanguínea. São dispositivos sensoriais e emissores de sinais 
localizados no compartimento líquido extracelular e são capazes de responder a alterações no 
ambiente interno ou externo, coordenando múltiplas atividades que mantêm a homeostase. 
Muitas doenças do sistema endócrino são caracterizadas por marcantes distúrbios funcionais e 
alterações clinico-patológicas características afetando um ou vários sistemas do organismo. 
 
� Hipofunção Primária de uma Glândula Endócrina: A secreção de hormônio é subnormal 
devido à extensa destruição de células secretórias por um processo patológico, à falha de 
uma glândula em desenvolver-se adequadamente ou a um defeito bioquímico na rota 
sintética de um hormônio. Em animais, danos imunomediados causam hipofunção de várias 
glândulas endócrinas, incluindo as glândulas paratireoides, o córtex adrenal e a glândula 
tireoide. 
Falha no desenvolvimento também resulta em hipofunção primária de uma glândula endócrina. O 
exemplo clássico desse mecanismo é a falha do ectoderma orofaríngeo em diferenciar-se 
completamente em células secretoras de hormônios tróficos da adenohipófise em cães, resultando 
em nanismo hipofisário. 
 
� Hipofunção Secundária de uma Glândula Endócrina: Nesse mecanismo, uma lesão 
destrutiva de um órgão, como a glândula hipófise, interfere com a secreção de hormônio 
trófico. Isso resulta em hipofunção de uma glândula endócrina-alvo. 
Neoplasias grandes e endocrinologicamente ativas da hipófise em cães e gatos adultos e também em 
outras espécies de animais podem interferir com a secreção de múltiplos hormônios tróficos da 
hipófise e resultar em hipofunção clinicamente detectável do córtex da adrenal, das células 
foliculares da tireoide e das gônadas. 
 
� Hiperfunção Primária de uma Glândula Endócrina: Esse é um dos mecanismos patológicos 
mais importantes de doenças endócrinas em animais. A lesão, frequentemente uma 
neoplasia derivada das células endócrinas, sintetiza e secreta um hormônio, de modo 
autônomo, em quantidades excessivas que superam a capacidade do organismo em utilizá-lo 
e degradá-lo, resultando numa síndrome de excesso de hormônio. Exemplos na tabela 
abaixo: 
 
 
� Hiperfunção Secundária de uma Glândula Endócrina: Nesse mecanismo de lesão endócrina, 
uma lesão em um órgão (por exemplo, adenohipófise) secreta um excesso de hormônio 
trófico que leva a uma estimulação prolongada de um órgão-alvo e consequente 
hipersecreção de hormônio. 
O exemplo clássico em animais é a neoplasia secretora de hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) 
derivado de célula corticotrópica da hipófise. 
 
� Hipersecreção de Hormônios ou de Fatores Semelhantes a Hormônios por Neoplasias Não 
endócrinas: A hipersecreção de hormônios ou fatores "tipo-hormônios" (química ou 
biologicamente semelhantes ao hormônio original) por neoplasias não-endócrinas tem sido 
reconhecida recentemente em animais e seres humanos. A maioria dessas substâncias são 
peptídeos. Um exemplo clássico em animais é o adenocarcinoma derivado das glândulas 
apócrinas do saco anal em cães. Tais neoplasias produzem proteína relacionada ao hormônio 
da paratireoide (PTHrP), que estimula a mobilização de cálcio do osso, dos rins e do intestino. 
A resultante mobilização acelerada do cálcio leva ao desenvolvimento de hipercalcemia 
persistente, mesmo que as glândulas paratireoides do animal sejam menores que o normal e 
compostas de células principais atróficas e inativas. 
 
� Disfunção Endócrina em Consequência de Resposta Insuficiente da Célula-Alvo: A 
insuficiência das células-alvo em responder ao hormônio pode ser devido à falta de adenil 
ciclase na membrana celular ou à alteração nos receptores hormonais na superfície da célula. 
Certas formas de resistência à insulina associadas à obesidade em animais e seres humanos 
resultam do decréscimo no número de receptores na superfície das células-alvo. 
 
� Hiperatividade Endócrina Secundária a Doenças de outros Órgãos: o exemplo melhor 
caracterizado dessa resposta é o hipertireoidismo que se desenvolve secundariamente à 
insuficiência renal crônica ou a desequilíbrio nutricional. 
 
� Insuficiência da Função Endócrina Fetal: A função subnormal do sistema endócrino do feto, 
especialmente em ruminantes, pode perturbar o desenvolvimento normal do feto e resultar 
em gestação prolongada. Em bovinos Guernsey e Jersey, há uma insuficiência, 
geneticamente determinada, no desenvolvimento da adenohipófise, embora a neurohipófise 
se desenvolva normalmente. Isso resulta na falta de secreção de hormônios tróficos da 
hipófise durante o último terço da gestação e hipoplasia dos órgãos endócrinos-alvo, 
especificamente, córtex adrenal, gônadas e células foliculares das glândulas tireoides. O 
desenvolvimento fetal é normal até aproximadamente 7 meses de gestação, mas o 
crescimento fetal subsequente cessa, independentemente do tempo que o feto viável é 
retido no útero. 
 
� Disfunção Endócrina Resultante de Degradação Anormal de Hormônio: Nessas doenças, a 
secreção de hormônio por uma glândula endócrina é normal, mas as concentrações no 
sangue estão persistentemente elevadas, pois um índice de degradação diminuído estimula 
o estado de hipersecreção. 
 
� Síndromes Iatrogênicas de Excesso Hormonal: A administração de hormônio, seja direta ou 
indiretamente, influencia a atividade das células-alvo e resulta em distúrbios clínicos. A 
administração diária prolongada de altas doses de uma preparação potente de 
corticosteroides da adrenal, no tratamento sintomático de várias doenças, reproduzirá a 
maioria dos distúrbios funcionais associados ao excesso de cortisol, incluindo fraqueza 
muscular, perda acentuada de pelos e deposição de cálcio na pele. 
 
1. Alterações da Hipófise 
A hipófise também denominada glândula pituitária, é uma glândula endócrina produtora de 
hormônios proteicos. É dividida anatomicamente e funcionalmente em duas partes ( anterior e 
posterior). Cada parte será responsável por funções fisiológicas diferenciadas. Sendo assim, 
reconhece-se na hipófise: 
• Adenohipófise (hipófise anterior): produz hormônios tróficos. O Hipotálamo joga seu 
hormônio na circulação que chega à hipófise pelo sistema porta-hipotalâmico-hipofisário e 
estimula, através de receptores de membrana, a hipófise a produzir outro hormônio. 
• Neurohipófise (hipófise posterior): produz os neurormônios ADH (vasopressina) e Ocitocina. 
No hipotálamo contêm corpos de neurônios que produzem os neurormônios, que, pelo 
axônio vão para a neurohipófise e depois são secretados na corrente sanguínea. 
 
 
 
Hormônios tróficos: hormônios que estimulam a produção de outro 
a) Distúrbios do Desenvolvimento da Adenohipófise 
 
� Nanismo Hipofisário: baixa produção de GH. 
O nanismo hipofisário em cães é usualmente associado à insuficiência do ectoderma orofaríngeo da 
bolsa de Rathke em diferenciar-se em células secretoras de hormônios tróficos. Isso resulta num 
cisto multiloculado, que aumenta progressivamente de volume, na sela túrcica e na ausência de 
adenohipófise. Ocorre mais frequentemente em cães pastores alemães, mas tem sido também 
relatado em cães das raças Spitz, Pinscher toy e Carelian Bear. 
Até cerca de 2 meses de idade, os filhotes anões parecem normais. A partir daí, tornam-se evidentes 
o crescimento mais vagaroso, a retenção de pelagem de filhote e a falta de pelos de guarda 
primários. 
 
b) Neoplasias da Adenohipófise 
 
� Adenoma Secretor de ACTH (Corticotrópico) 
Neoplasias funcionais (endocrinologicamente ativas)que se originam da hipófise são, muito 
provavelmente, derivadas de células corticotrópicas (secretoras de ACTH). Causam uma síndrome 
clínica de excesso de cortisol (doença de Cushing). Tais neoplasias são encontradas com maior 
frequência em cães, particularmente em Boxers, Boston terriers e Dachshunds adultos ou idosos. 
Aumento bilateral das glândulas adrenais ocorre em cães com adenomas corticotrópicos funcionais. 
Esse aumento deve-se ao incremento do parênquima cortical, primariamente na zona fasciculata e 
na zona reticulada. Nódulos de tecido cortical amarelo-alaranjado são frequentemente encontrados 
fora da cápsula e também estendendo-se para o interior do parênquima e comprimindo a medular 
da adrenal. 
 
c) Desordens da Neurohipófise 
 
� Diabetes Insipidus 
Diabete insípido resulta quando o ADH é inadequadamente produzido ou quando as células-alvo nos 
rins não têm as rotas bioquímicas necessárias para responder a concentrações normais ou elevadas 
de hormônio circulante. 
A alteração na síntese ou secreção de ADH no diabete insípido hipofisário ocorre como resultado de 
grandes neoplasias da hipófise, de um cisto ou granuloma inflamatório com expansão dorsal ou de 
traumatismo craniano com hemorragia e proliferação glial nos tecidos neurohipofisários. A 
compressão e a ruptura do lobo posterior, do pedúnculo infundibular e do hipotálamo pelas células 
neoplásicas interrompe os axônios não-mielinizados que transportam ADH de seu local de produção, 
primariamente no núcleo supra-óptico do hipotálamo, ao local de liberação na neurohipófise. 
Animais com diabete insípido excretam grandes volumes de urina hipotônica, o que, por sua vez, os 
força a ingerir volumes igualmente grandes de água para prevenir a desidratação e a 
hiperosmolaridade dos líquidos orgânicos. 
 
 
2. Alterações do Córtex Adrenal 
As glândulas adrenais dos mamíferos consistem de duas partes distintas que diferem não apenas na 
morfologia e na função, mas também na origem embrionária. 
• Córtex (externo) 
• Medular (interna) 
O córtex adrenal de cães normais é firme, amarelo e tem espessura aproximadamente uniforme. A 
medular é macia, marrom e cercada pelo córtex. As glândulas adrenais são ricamente vascularizadas. 
Microscópica e funcionalmente, o córtex adrenal é subdividido em três camadas ou zonas, embora a 
demarcação entre elas não seja distinta: 
• Zona glomerulosa: responsável pela secreção dos hormônios mineralocorticoides. 
• Zona fasciculata: Essa zona intermediária, que forma cerca de 65 a 70% do córtex, é 
composta por células que contêm lipídio citoplasmático abundante e são responsáveis pela 
secreção dos hormônios glicocorticoides. 
• Zona reticulada: são responsáveis pela secreção de hormônios sexuais esteroides. 
 
Mineralocorticoides (Aldosterona): são esteroides da adrenal que têm seus efeitos principais sobre 
o transporte de íons pelas células epiteliais, que resulta em perda de potássio e conservação de 
sódio. O mineralocorticoide de ocorrência natural mais potente e importante é a aldosterona. As 
"bombas" de eletrólitos controladas enzimaticamente nas células dos túbulos renais e das glândulas 
sudoríparas respondem aos mineralocorticoides, conservando sódio e cloro e excretando potássio. 
Nos túbulos contorcidos distais dos néfrons dos mamíferos, um mecanismo de troca de cátions é 
responsável pela reabsorção de sódio do filtrado glomerular e secreção de potássio para o lúmen 
tubular. Essas reações são aceleradas por mineralocorticoides, mas prosseguem, ainda que muito 
mais vagarosamente, na sua ausência. 
Uma falta de secreção de mineralocorticoides (tal como ocorre em cães na doença semelhante à 
doença de Addison) pode resultar em retenção letal de potássio e perda de sódio. 
 
Cortisol: e quantidades menores de corticosterona são os mais importantes hormônios 
glicocorticoides de ocorrência natural, secretados pelas glândulas adrenais em muitas espécies 
animais. De modo geral, as ações dos glicocorticoides sobre o metabolismo dos carboidratos, das 
proteínas e dos lipídios resultam em poupança de glicose com tendência à hiperglicemia e produção 
aumentada de glicose. Adicionalmente, os glicocorticoides diminuem a lipogênese e aumentam a 
lipólise no tecido adiposo, o que resulta em liberação de glicerol e ácidos graxos livres. 
Os glicocorticoides também funcionam suprimindo as respostas inflamatória e imunológica e, 
consequentemente, reduzindo a necrose e a fibroplasia associadas. No entanto, sob a influência de 
concentrações elevadas de glicocorticoides, um animal tem a resistência reduzida contra várias 
doenças bacterianas, virais e fúngicas. Os glicocorticoides podem prejudicar a resposta imunológica 
em qualquer estágio, desde a interação com antígenos e seu processamento por células dos sistema 
macrófago-monócito, até a indução e proliferação de linfócitos imunocompetentes e subsequente 
produção de anticorpos. A inibição, pelos glicocorticoides, de várias funções de células linfoides, faz 
parte da base da supressão da resposta imunológica. 
Os glicocorticoides exercem um profundo efeito negativo sobre a cicatrização das feridas. Cães com 
hipercortisolismo podem apresentar deiscência de feridas. O mecanismo básico envolvido é uma 
inibição da proliferação de fibroblastos e da síntese de colágeno, levando a um decréscimo na 
formação de tecido cicatricial. 
 
Progesterona, estrógenos e testosterona: são os hormônios sexuais sintetizados pelas células 
secretórias da zona reticulada do córtex da adrenal. Uma secreção excessiva de esteroides sexuais da 
adrenal pode ocorrer, ainda que infrequentemente, associada a uma neoplasia na zona reticulada. 
As manifestações clínicas de virilismo, desenvolvimento sexual precoce ou feminilização dependem 
de qual esteroide é secretado em excesso, do sexo do paciente e da idade em que o distúrbio 
aparece. 
 
a) Distúrbios do Desenvolvimento 
Hipoplasia do córtex da adrenal é vista em associação ao mau desenvolvimento da hipófise associado 
à anencefalia, em alguns casos de ciclopia e na aplasia hipofisária. O córtex da adrenal está pequeno, 
mas a medular aparece normal. 
 
b) Lesões Degenerativas e Inflamatórias 
 
� Calcificação das glândulas adrenais 
Extensos depósitos de sais de cálcio ocorrem frequentemente nas glândulas adrenais de gatos 
adultos. A causa é desconhecida. Os depósitos de cálcio, embora com frequência bilaterais e 
extensos, não são usualmente associados a sinais clínicos. Alguns cães com calcificação e 
degeneração extensas das glândulas adrenais podem morrer de forma súbita após estresse 
relativamente pequeno. Adrenais com calcificação extensa são grosseiramente nodulares, firmes e 
moteadas, com múltiplos focos branco-amarelados espalhados pelo córtex. Algumas têm grandes 
áreas de necrose com deposição de cálcio, adjacentes a áreas de hiperplasia nodular regenerativa. 
 
� Amiloidose 
A deposição de amiloide nas glândulas adrenais ocorre em todas as espécies e usualmente envolve 
apenas o córtex. Os córtex adrenais afetados frequentemente são mais largos, e os depósitos de 
amiloide podem ser macroscopicamente visíveis como áreas translúcidas. A deposição de amiloide 
começa ao redor dos sinusóides, nas porções internas da zona fasciculata e, na maioria das vezes, é, 
em grande parte, confinada a essa zona. 
 
� Adrenalite 
Agentes infecciosos e parasitários localizam-se frequentemente na glândula adrenal e induzem graus 
variados de inflamação e necrose. Inflamações focais usualmente são supurativas, originando-se no 
curso de septicemias bacterianas. 
 
c) Hiperplasia e Neoplasia do Córtex Adrenal 
 
� Tecido adrenal acessório 
Nódulos corticais acessórios são comunsnas glândulas adrenais de animais adultos e velhos e são 
encontrados na cápsula, no córtex e na medula. Muitos desses nódulos originam-se como 
evaginações do córtex na cápsula e gordura periadrenal adjacente ou invaginações do córtex na 
medula. 
 
� Hiperplasia 
Hiperplasia nodular também é comum no córtex adrenal, na forma de nódulos esféricos bem 
definidos no córtex ou aderidos à cápsula. Nódulos hiperplásicos são geralmente múltiplos, bilaterais 
e amarelos, podendo envolver qualquer uma das três zonas do córtex. Nódulos corticais 
hiperplásicos são mais comuns em equinos, cães e gatos mais velhos. Hiperplasia nodular da zona 
reticulada tem sido observada em animais com distúrbios funcionais, sugerindo excesso de 
andrógenos (por exemplo, massa muscular mais desenvolvida, crista bem desenvolvida, hipertrofia 
do clitóris e involução da glândula mamária). 
Hiperplasia cortical difusa resulta usualmente em aumento de volume bilateral dos córtex adrenais. 
Hipertrofia e hiperplasia acentuadas das células da zona fasciculata e da zona reticulada ocorrem em 
resposta à secreção autônoma de ACTH por um adenoma corticotrópico da glândula hipófise. 
 
� Adenomas corticais 
Adenomas do córtex adrenal ocorrem com mais frequência em cães mais velhos e esporadicamente 
em equinos, bovinos e ovinos. Caprinos machos castrados têm uma maior incidência de adenomas 
corticais que os machos inteiros. 
Embora se tratem, na maior parte dos casos, de achados incidentais de necropsia, as neoplasias são, 
por vezes, endocrinologicamente ativas. Adenomas da cortical são nódulos bem demarcados, 
usualmente solitários, localizados em uma glândula adrenal. 
 
� Carcinomas corticais 
Carcinomas adrenocorticais ocorrem menos frequentemente que adenomas e têm sido relatados, na 
maioria das vezes, em bovinos e cães velhos, mas ocorrem com baixa frequência em outras espécies. 
Carcinomas adrenais são maiores que adenomas e têm mais probabilidade de ser bilaterais. Em cães, 
são compostos de tecido mosqueado de amarelo e vermelho, friável e podem invadir extensamente 
os tecidos circunjacentes e a veia cava caudal, resultando na formação de trombo. Carcinomas 
atingem um tamanho considerável em bovinos (até 10 cm ou mais em diâmetro) e apresentam 
múltiplas áreas de calcificação e ossificação. 
Carcinomas e adenomas do córtex adrenal em cães são ocasionalmente funcionais e secretam 
quantidades excessivas de cortisol. O quadro clínico dos carcinomas adrenocorticais pode ser 
complicado pela compressão de órgãos adjacentes, se a neoplasia for grande, pela invasão da aorta e 
veia cava caudal, causando hemorragia intra-abdominal e por metástases para locais distantes (por 
exemplo, fígado, rins, linfonodos mesentéricos e pulmões). 
 
� Hiperadrenocorticismo / Hipercortisolismo (Doença ou Síndrome de Cushing) 
As manifestações clínicas e lesões associadas à síndrome de hiperadrenocorticismo resultam 
primariamente da produção excessiva e crônica de cortisol por córtex adrenais hiperativos. Cães 
afetados desenvolvem um espectro de distúrbios funcionais e lesões resultantes dos efeitos 
combinados (gliconeogênico, lipolítico, catabolisante de proteínas e anti-inflamatório) dos 
hormônios glicocorticoides sobre muitos órgãos. A doença é insidiosa e vagarosamente progressiva. 
O excesso de cortisol é uma das endocrinopatias mais comuns em cães adultos e velhos, mas ocorre 
também, embora com pouca frequência, em outras espécies domésticas. O aumento nas 
concentrações circulantes de cortisol em cães com hiperadrenocorticismo pode resultar de um 
dentre vários mecanismos patogenéticos diferentes. A causa mais comum é um adenoma 
corticotrópico funcional (secretor de ACTH) de pituitária que causa hipertrofia e hiperplasia bilateral 
do córtex adrenal. 
Muitos dos sinais clínicos e lesões do hiperadrenocorticismo de ocorrência espontânea podem ser 
induzidos por administrações diárias, por longos períodos, de grandes doses de corticosteroides, 
como é feito no tratamento de outras doenças. Para separar-se com certeza os diferentes 
mecanismos patogenéticos responsáveis pelo excesso de cortisol, as concentrações de cortisol 
plasmático devem ser avaliadas com o animal em seu estado basal e após supressão de 
dexametasona (dose alta ou baixa) e estimulação de ACTH. 
 
Distúrbios funcionais e lesões no excesso de cortisol: 
O apetite e a ingestão de alimentos frequentemente aumentam como resultado direto do 
hipercortisolismo ou do envolvimento dos centros do apetite no hipotálamo por uma grande 
neoplasia da pituitária. Os músculos das extremidades e do abdômen estão fracos e atrofiados. A 
perda de tônus nos músculos do abdômen e do esqueleto abaxial resulta em distensão gradual do 
abdômen, lordose, tremores musculares e postura com membros retos e corpo retesado para 
suportar o peso do corpo. 
Hepatomegalia devido ao aumento da deposição de gordura e glicogênio pode contribuir para o 
desenvolvimento do abdômen distendido e frequentemente pendular. A astenia e o desgaste 
muscular resultam do catabolismo aumentado de proteínas estruturais, combinado com diminuição 
da síntese proteica sob a influência do excesso prolongado de cortisol. 
Lesões de pele ocorrem frequentemente em cães com hiperadrenocorticismo. As alterações iniciais 
na pele são, na maior parte das vezes, observadas sobre pontos de desgaste (por exemplo, pescoço, 
flancos, atrás das orelhas e sobre as proeminências ósseas). Essas alterações espalham-se num 
padrão simetricamente bilateral, até envolver uma porcentagem significativa da superfície corporal. 
As lesões de pele causadas por excesso de cortisol incluem atrofia da epiderme e do aparelho 
pilossebáceo combinada com perda de colágeno e elastina na derme e no tecido subcutâneo. A 
calcificação cutânea é uma característica de cães com hipercortisolismo (aproximadamente 30 a 40% 
dos casos). Numerosos cristais de cálcio são depositados ao longo das fibras colágenas e elásticas na 
derme e podem protruir através da epiderme atrófica e adelgaçada. Esses depósitos de cálcio 
ocorrem em cães com concentrações sanguíneas normais de cálcio e de fósforo. 
Calcificação grave também ocorre em outros tecidos, e os pulmões são mais frequentemente 
afetados. No entanto, músculos esqueléticos ativos e a parede do estômago podem também 
apresentar extensas áreas de calcificação. 
 
� Hipoadrenocorticismo (Doença de Addison) 
A insuficiência adrenocortical foi a primeira doença endócrina reconhecida. Cães com 
hipoadrenocorticismo têm atrofia adrenocortical bilateral envolvendo todas as camadas do córtex 
adrenal. A produção de todas as três classes de corticosteroides (mineralocorticoides, 
glicocorticoides e hormônios esteroides sexuais da adrenal) está deficiente. O córtex adrenal é 
reduzido a um décimo ou menos de sua espessura normal e consiste primariamente da cápsula da 
glândula. 
Assim, a medular da adrenal torna-se relativamente mais proeminente e, junto com a cápsula, forma 
a maior parte dos tecidos adrenais remanescentes. 
A patogenia exata da atrofia adrenocortical idiopática não é conhecida, mas a lesão pode ser 
imunomediada. Nos estágios iniciais da doença, aparecem múltiplos focos de linfócitos e plasmócitos 
intercalados entre os sinusóides da adrenal e grupos de fibroblastos. Todas as três zonas do córtex 
estão quase totalmente ausentes em cães que morrem de hipoadrenocorticismo não tratado. A 
cápsula está espessada devido ao colapso do córtex adrenal e à proliferação fibroblástica. 
A insuficiência crônica de adrenal é reconhecida como uma endocrinopatia distinta e comum em 
cães. Insuficiência adrenocortical idiopática ocorre mais frequentemente em cães adultos jovens e 
pode ter uma patogeniaimunomediada. 
A síntese e a secreção de mineralocorticoides estão reduzidas, resultando em alterações acentuadas 
nas concentrações séricas de potássio, de sódio e de cloro. Menos potássio é excretado pelos rins 
(hipocaIúria), resultando em hipercalemia acentuada. Menos sódio e cloreto são reabsorvidos dos 
túbulos renais, levando a vários graus de hipematrúria e hiperclorúria e a um declínio 
correspondente na concentração desses íons no soro. A hipercalemia grave frequentemente produz 
acentuados distúrbios cardiovasculares. Uma bradicardia pronunciada (frequência cardíaca de 50 
batimentos por minuto, ou menos) desenvolve-se em alguns cães e não se altera com exercício, 
predispondo à fraqueza ou a colapso circulatório após exercício mínimo. 
Uma produção diminuída de glicocorticoides resulta em vários distúrbios funcionais característicos 
de hipoadrenocorticismo. A falha na gliconeogênese e aumento na sensibilidade à insulina 
contribuem para o desenvolvimento de hipoglicemia moderada. A hiperpigmentação da pele ocorre 
em alguns cães com insuficiência adrenocortical de longa duração e é um achado comum na doença 
de Addison em seres humanos. Essas alterações resultam em aumento da liberação de ACTH (e 
possivelmente MSH). As concentrações de cortisol plasmático em cães com hipoadrenocorticismo 
são baixas e variam de 0,1 a 1,5 µ /dl. Devido à atrofia acentuada do córtex adrenal, ocorre pouco ou 
nenhum aumento na concentração de cortisol sérico após a administração de ACTH. 
 
 
3. Alterações da Medular da Adrenal 
A medular da adrenal é derivada do neuroectoderma da crista neural e produz os hormônios 
catecolaminas: Adrenalina e Noradrenalina. 
Em mamíferos, a medular é completamente cercada pelo córtex adrenal, e o fluxo venoso do córtex 
banha as células medulares. Esse sangue contém uma concentração de corticosteroides maior do 
que qualquer fluido do organismo. 
 
 
 
 
 
a) Lesões Proliferativas 
 
� Hiperplasia da medular da adrenal 
Hiperplasia nodular ou difusa da medular da adrenal parece preceder o desenvolvimento de 
feocromocitoma em touros ou em seres humanos com neoplasias das células C da glândula tireoide. 
A hiperplasia da medular é diagnosticada com base nesses critérios: 
(1) aumento no peso da adrenal, 
(2) decréscimo no quociente corticomedular devido a aumento no tamanho e no número das células 
medulares e 
(3) presença de numerosas figuras mitóticas na medula da adrenal. 
 
b) Neoplasias 
 
� Neuroblastomas e ganglioneuromas 
Neuroblastomas usualmente ocorrem em animais jovens, originando-se de células 
neuroectodérmicas primitivas e formando uma grande massa intra-abdominal. 
Ganglioneuromas são usualmente neoplasias pequenas que apresentam células ganglionares 
multipolares bem diferenciadas e neurofibrilas. 
Ocasionalmente, as células neoplásicas em neoplasias medulares podem diferenciar-se em duas 
linhas celulares, resultando em feocromocitoma e ganglioneuroma na mesma glândula adrenal. 
 
� Feocromocitoma 
Feocromocitomas são neoplasias unilaterais ou bilaterais de células cromafins localizadas nas 
glândulas adrenais de animais, ocorrendo com maior frequência em bovinos e caninos e, 
infrequentemente, em outras espécies. Em touros e seres humanos, os feocromocitomas 
desenvolvem-se junto com neoplasias de células C da tireoide, secretoras de calcitonina. Os 
feocromocitomas malignos invadem através da cápsula da glândula adrenal, atingindo estruturas 
adjacentes (por exemplo, veia cava caudal) ou metastatizam para locais distantes (por exemplo, 
fígado, linfonodos regionais ou pulmões). 
Os feocromocitomas são frequentemente grandes (10 em ou mais em diâmetro) e substituem a 
maior parte da glândula adrenal afetada. São compostos de células secretoras de adrenalina ou 
noradrenalina ou ambas. 
 
4. Alterações da Tireoide 
 
Células Foliculares da Tireoide 
 
A glândula tireoide na maioria das espécies animais é localizada em dois lobos nas superfícies laterais 
da traqueia. 
A glândula tireoide é o maior dos órgãos endócrinos que funcionam exclusivamente como glândula 
endócrina. 
A estrutura histológica básica da tireoide é singular dentre as glândulas endócrinas, consistindo de 
folículos de tamanhos variados que contêm coloide produzido pelas células foliculares. As células 
foliculares são cúbicas ou cilíndricas, e seus polos secretórios são voltados para o lúmen dos folículos. 
Uma extensa rede interfolicular e intrafolicular de capilares fornece um abundante suprimento de 
sangue às células foliculares. As células foliculares possuem abundante quantidade de retículo 
endoplasmático rugoso e aparelhos de Golgi bem desenvolvidos para síntese e empacotamento de 
quantidades substanciais de proteínas que são transportadas para o lúmen folicular. A interface 
entre o lado da célula folicular voltado para o lúmen e o coloide é modificada por várias 
microvilosidades. 
A síntese dos hormônios é singular entre as glândulas endócrinas porque a montagem final do 
hormônio ocorre extracelularmente, dentro do lúmen folicular. As células foliculares aprisionam 
matéria-prima essencial, como iodo do plasma, transportam-na rapidamente contra um gradiente de 
concentração até o lúmen onde o iodo é oxidado, por uma peroxidase nas microvilosidades, a iodo 
molecular. A montagem dos hormônios tireoidianos dentro do lúmen folicular torna-se possível 
devido a uma proteína única (tireoglobulina). 
O aminoácido tirosina, um componente essencial dos hormônios tireoidianos é incorporado na 
estrutura molecular da tireoglobulina. O iodo é ligado a resíduos tirosil localizados na molécula de 
tireoglobulina na superfície apical das células foliculares para formar, sucessivamente, 
monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina (DIT). 
As MIT e DIT resultantes combinam-se para formar as duas iodotironinas biologicamente ativas 
tiroxina [T4] e triiodotironina [T3], secretadas pela tireoide. 
T3 e T4 são liberados da molécula de tireoglobulina, difundem-se da célula folicular e penetram 
capilares adjacentes. O controle da secreção de hormônio tireoidiano por retroalimentação negativa 
é realizado pela resposta coordenada à concentração de T4 e T3 pela adenohipófise e por certos 
núcleos hipotalâmicos. 
Uma vez liberados na circulação, T4 e T3 atuam sobre vários tipos diferentes de células-alvo no 
organismo. As funções gerais de T4 e T3 são semelhantes, embora muito da atividade biológica 
pareça ser o resultado da monodesiodização da T4 a triiodotironina (T3) antes da interação com as 
células-alvo. Sob certas circunstâncias (falta de proteína, período neonatal, doenças hepáticas, 
renais, febris, etc.), T4 é preferencialmente monodesiodizado a triiodotirorina ("T3 reverso"). Uma 
vez que o T3 "reverso" produzido pelas células-alvo é biologicamente inativo, a monodesiodização 
para formar T3 reverso fornece um mecanismo para atenuar os efeitos metabólicos gerais dos 
hormônios tireoidianos. 
 
 
a) Distúrbios do Desenvolvimento 
 
� Tecido tireóideo acessório 
A glândula tireoide origina-se embriologicamente como um espessamento em forma de placa do 
epitélio no assoalho da faringe. O fato de o desenvolvimento da tireoide ser intimamente 
relacionado ao saco aórtico leva à ocorrência frequente de tecido tireóideo acessório, localizado de 
modo usual no mediastino, particularmente em cães adultos, mas podendo ocorrer em qualquer 
local, desde a base da língua até o diafragma. A estrutura folicular e a função são as mesmas dos 
lobos principais da tireoide. Esse tecido tireóideo acessório pode sofrer transformação neoplásica. 
 
 
 
� Cistos do ducto tiroglosso 
Cistos do ducto tiroglossal desenvolvem-se com mais frequênciaem cães e suínos e, ocasionalmente, 
em outros animais. Ocorrem devido à persistência de porções dos primórdios tireoidianos da linha 
média que migram caudalmente do assoalho da faringe primitiva para formar os lobos tireóideos 
pós-natais. Esses cistos ocorrem no aspecto ventral da região cervical de cães como massas 
flutuantes. Podem romper formando um trajeto fistuloso para o exterior. O epitélio de revestimento 
dos cistos consiste de múltiplas camadas de células foliculares nas quais há, ocasionalmente, folículos 
contendo coloide que podem sofrer transformação neoplásica e dar origem a carcinomas papilares. 
 
b) Lesões Degenerativas e Inflamatórias 
 
� Atrofia ("colapso') folicular idiopático 
Na atrofia folicular, há perda progressiva de epitélio folicular e substituição por tecido conjuntivo 
adiposo com resposta inflamatória mínima. A glândula geralmente é menor e de cor mais clara que o 
normal. A lesão inicial em cães com sinais clínicos discretos de hipotireoidismo parece ser confinada 
a uma parte da glândula tireoide. Essa parte afetada contém pequenos folículos, revestidos por 
células foliculares cilíndricas e, de modo geral, contêm pouco coloide. 
Uma forma mais avançada de atrofia folicular ocorre em cães com hipotireoidismo e baixa 
concentração sanguínea de hormônios tireoidianos. 
 
� Tireoidite linfocitária (imunomediada) 
As bases imunológicas para o desenvolvimento de tireoidite linfocitária crônica em seres humanos e 
cães parecem ocorrer através da produção de anticorpos direcionados contra a tireoglobulina, um 
antígeno microssomal e contra um segundo antígeno do coloide. O fato de que se têm encontrado 
auto anticorpos contra a tireoglobulina em 48% de cães de companhia com hipotireoidismo pode 
estar relacionado à causa da tireoidite. 
 
c) Bócio 
 
� Hiperplasia das células foliculares da tireoide (“bócio ") 
Aumentos de volume não-neoplásicos e não-inflamatórios da tireoide desenvolvem-se em todos os 
mamíferos domésticos, aves e outros vertebrados submamíferos. Certas formas de hiperplasia da 
tireoide, especialmente a nodular, podem ser difíceis de diferenciar de adenomas. Os principais 
mecanismos patogenéticos responsáveis pelo desenvolvimento de hiperplasia de tireoide incluem 
dietas deficientes de iodo, compostos bociogênicos que interferem com a tiroxinogênese, excesso de 
iodo na dieta e defeitos geneticamente determinados nas enzimas responsáveis pela biossíntese dos 
hormônios tireoidianos. 
Tudo isso resulta em síntese inadequada de tiroxina e decréscimo nas concentrações sanguíneas de 
T4 e T3. Isso é detectado pelo hipotálamo e pela glândula pituitária (hipófise), estimulando um 
aumento na secreção de TSH que resulta em hipertrofia e hiperplasia das células foliculares. 
 
� Bócio Hiperplásico difuso e coloide 
Deficiência de iodo na dieta resulta em hiperplasia difusa da tireoide. Essa alteração era comum em 
muitas áreas do mundo antes da prática, agora disseminada, de adicionar-se iodo ao sal da 
alimentação de animais. O bócio por deficiência de iodo ainda ocorre em todo o mundo em animais 
domésticos, mas os casos são esporádicos, e poucos animais são afetados. Dietas marginalmente 
deficientes em iodo que contêm substâncias indutoras de bócio podem causar hiperplasia das células 
foliculares e bócio acentuados. Essas substâncias incluem tiuracil, sulfonamidas, ânions da série de 
Hofineister e numerosas plantas da família Brassicacceae. 
Ambos os lobos laterais da tireoide são uniformemente aumentados de volume em animais jovens 
devido à hipertrofia e à hiperplasia difusas das células foliculares. Os aumentos de volume podem ser 
extensos e resultar em tumefações palpáveis ou visíveis na área cervical cranial. 
O bócio coloide representa a fase involuntária do bócio hiperplásico difuso em animais jovens e 
adultos. As células foliculares acentuadamente hiperplásicas continuam a produzir coloide, mas a 
endocitose de coloide está diminuída devido às concentrações baixas de TSH da pituitária em 
resposta ao retomo ao normal dos níveis sanguíneos de T4 e T3. 
O bócio coloide pode desenvolver-se após a adição de quantidades suficientes de iodo à dieta ou 
após a diminuição das necessidades de hormônios tireoidianos em animais mais velhos. As 
concentrações sanguíneas de T4e T3 tendem a retomar ao normal, e a secreção de TSH pela 
pituitária é correspondentemente diminuída. Os folículos são progressivamente distendidos por 
coloide densamente eosinofilico devido à diminuição na endocitose induzida por TSH. 
Embora aparentemente paradoxal, um excesso de iodo na dieta pode resultar em hiperplasia da 
tireoide em animais e em seres humanos. Potros de éguas alimentados com algas marinhas 
contendo excesso de iodo podem desenvolver hiperplasia de tireoide e bócio clinicamente evidente. 
Concentrações sanguíneas altas de iodo interferem com um ou mais dos passos da síntese e da 
secreção dos hormônios tireoidianos, levando à baixa nas concentrações sanguíneas de T4 e T3 e a 
um aumento compensatório na secreção de TSH pela pituitária. 
 
� Hiperplasia multifocal nodular 
Hiperplasia nodular ("bócio") nas glândulas tireoides de equinos, gatos e cães velhos aparece como 
múltiplos nódulos brancos ou marrons e de tamanhos variáveis. Os lobos afetados são, de modo 
usual, moderadamente aumentados de volume e de contornos irregulares. O bócio multifocal 
nodular na maioria dos animais (exceto em gatos) é endocrinologicamente inativo e é uma lesão 
incidental de necropsia. No entanto, adenomas funcionais de tireoide desenvolvem-se 
frequentemente na glândula tireoide de gatos velhos com hipertireoidismo e hiperplasia 
multinodular das células foliculares. 
 
� Bócio disormonogênico congênito 
Bócio disormonogênico congênito em ovinos, bovinos e caprinos é uma doença genética transmitida 
por um gene autossômico recessivo. Os seguintes sinais clínicos sugerem que os animais jovens 
afetados são clinicamente hipotireóideos: índice de crescimento subnormal, falta de 
desenvolvimento normal de lã ou desenvolvimento de pelagem áspera e esparsa, mixedema 
subcutâneo, fraqueza e comportamento vagaroso. A maioria dos cordeiros com bócio congênito 
morrem logo após o nascimento ou são altamente sensíveis aos efeitos ambientais adversos, 
particularmente o frio. 
 
d) Neoplasias da Glândula Tireoide 
 
� Adenoma de células foliculares 
Adenomas são usualmente nódulos sólidos, pequenos, brancos ou marrom-amarelados, bem 
demarcados, do parênquima tireoidiano adjacente. O lobo tireoidiano afetado está apenas 
moderadamente aumentado de volume e distorcido. 
De modo usual, apenas um adenoma simples ocorre no lobo da tireoide. Uma distinta cápsula branca 
de tecido conjuntivo fibroso, de espessura variável, separa o adenoma do parênquima comprimido. 
Adenomas são classificados como nos tipos papilares e foliculares. Os tipos foliculares são mais 
comuns. 
 
� Carcinomas de células foliculares 
Em cães, os carcinomas de tireoide ocorrem com maior frequência do que os adenomas. Em gatos, 
no entanto, os adenomas são mais comuns. Cães Boxer desenvolvem carcinomas de tireoide mais 
frequentemente que qualquer outra raça, mas a incidência em cães Beagle e Golden retriever é 
significativa. Em cães, cerca de 60% dos carcinomas de tireoide são detectáveis clinicamente por 
palpação como uma massa firme no pescoço e por evidência de distúrbio respiratório. 
Carcinomas tomam-se fixados em posição por invasão local extensa de estruturas adjacentes, 
enquanto que adenomas (que não são invasivos) podem, de modo usual, ser movidos livremente sob 
a pele. 
Os carcinomas de tireoide, de modo usual, crescem rapidamente e invadem estruturas adjacentes 
como traqueia,esôfago e laringe. As metástases desenvolvem-se primeiro e mais frequentemente 
nos pulmões porque os carcinomas de tireoide, no início do seu desenvolvimento, invadem os ramos 
da veia tireóidea. Os linfonodos retrofaríngeos e cervicais caudais são também locais de metástases, 
embora infrequentes. 
 
� Hipertireoidismo 
Lesões proliferativas que secretam excesso de hormônios tireoidianos são comuns nas glândulas 
tireoides de gatos adultos e velhos. Adenomas de células foliculares, que frequentemente se 
desenvolvem numa tireoide com hiperplasia multinodular, são encontrados mais comumente que 
carcinomas de tireoide. Em gatos velhos, uma síndrome de hipertireoidismo associada à hiperplasia 
multinodular, a adenomas ou a carcinomas derivados de células foliculares da tireoide está sendo 
reconhecida mais frequentemente. 
Os folículos na faixa de tecido tireóideo ao redor de um adenoma funcional são acentuadamente 
aumentados de volume e distendidos por acumulação de coloide. As células foliculares são cúbicas 
baixas e atróficas, com pouca evidência de atividade endocitótica em resposta a concentrações 
sanguíneas elevadas de hormônios tireoidianos. 
Hipertireoidismo em gatos também ocorre associado à hiperplasia multinodular bilateral 
("adenomatosa"). Essas áreas múltiplas de hiperplasia de células tireoidianas usualmente causam 
apenas leve aumento de volume dos lobos afetados. 
Neoplasias de tireoide no cão podem secretar suficiente quantidade de hormônios tireoidianos, 
produzindo sinais clínicos leves de hipertireoidismo, incluindo perda de peso, polifagia, fraqueza, 
fadiga, intolerância ao calor e nervosismo. 
No entanto, como o eficiente mecanismo excretório êntero-hepático para T4 e T3 é difícil de ser 
sobrecarregado, o hipertireoidismo clínico em cães com neoplasias funcionais de células tireoidianas 
é infrequente. 
 
� Hipotireoidismo 
Hipotireoidismo é uma doença bem conhecida e clinicamente importante em cães, mas é encontrada 
apenas ocasionalmente em outros animais. Embora a doença possa ocorrer em cães adultos de 
muitas raças puras ou cruzas, certas raças (Golden retriever, Doberman pinscher, Dachshund, 
Shetland sheepdog, Irish setter, Schnauzer miniatura, Cocker Spaniel e Airedale) têm sido descritas 
como mais comumente afetadas. Hipotireoidismo em cães usualmente é resultante de lesões 
primárias na glândula tireoide, particularmente colapso folicular idiopático e tireoidite linfocitária. 
Causas menos comuns de hipotireoidismo incluem neoplasia de células tireoidianas bilateral não 
funcionante e casos graves de bócio por deficiência de iodo. 
Hipotireoidismo secundário a lesões pituitárias ou hipotalâmicas de longa duração que impedem a 
liberação de TSH ou de hormônio de liberação da tirotropina (TRH) é encontrado, embora 
infrequentemente, em cães. 
Muitos distúrbios funcionais associados a hipotireoidismo são devido à redução no índice metabólico 
basal. Alguns cães com hipotireoidismo apresentam ganho de peso não associado à alteração no 
apetite. Os pelos tornam-se finos e, frequentemente, ocorre alopecia bilateral simétrica. As áreas 
inicialmente afetadas por perda de pelos são as que recebem fricção por desgaste, como a cauda e o 
pescoço. Hiperqueratose é um achado consistente no hipotireoidismo e resulta em aumento da 
descamação e formação de crostas na pele. Pode tornar-se grave e ocorre como áreas focais de 
descamação crostosa circulares, sugestivas de seborreia. 
Em muitos cães com hipotireoidismo, ocorre hiperpigmentação da pele, especialmente em áreas 
localizadas de alopecia como o aspecto dorsal do nariz e a porção distal da cauda. Pode ocorrer 
mixedema, que é resultante da acumulação de mucina (mucopolissacarídeos neutros e ácido 
combinados com proteína) na derme e no tecido subcutâneo. 
Alterações no sistema reprodutor incluem perda da libido, redução da contagem espermática, ciclos 
estrais reduzidos ou ausentes e índices de concepção reduzidos. O epitélio dos testículos está 
frequentemente atrófico em casos de hipotireoidismo crônico. 
O hipotireoidismo em cães é acompanhado por concentrações baixas de hormônio tireoidiano 
circulante. A concentração sérica de colesterol está elevada significativamente (300 a 900 mg/dl) em 
muitos cães hipotireóideos. A hipercolesterolemia acentuada no hipotireoidismo grave e prolongado 
resulta em várias lesões secundárias, incluindo aterosclerose, hepatomegalia, lipidose glomerular e 
corneal. Aterosclerose das coronárias e dos vasos cerebrais pode desenvolver-se em cães com 
hipotireoidismo grave e hiperlipidemia de longa duração. 
 
Células C (parafoliculares) da Tireoide 
A calcitonina é secretada por uma segunda população de células endócrinas, as células C 
(parafoliculares), na glândula tireoide dos mamíferos. Essas células são situadas na parede dos 
folículos, entre as células foliculares ou como pequenos grupos de células entre os folículos. As 
células C não fazem limite diretamente com o coloide folicular, e seu polo secretório é orientado em 
direção aos capilares interfoliculares. 
Calcitonina é um hormônio polipeptídico, e a concentração de íons cálcio no plasma e líquidos 
extracelulares é o principal estímulo fisiológico para a secreção de calcitonina pelas células C. O 
índice de secreção de calcitonina aumenta grandemente em resposta à elevação nas concentrações 
de cálcio no sangue. 
As células C armazenam quantidades substanciais de calcitonina em seu citoplasma e, em resposta à 
hipercalcemia, o hormônio é descarregado rapidamente das células C para os capilares 
interfoliculares. 
A hiperplasia das células C ocorre em resposta à hipercalcemia de longa duração. Quando a 
concentração de cálcio sanguíneo é reduzida, o estímulo para a secreção de calcitonina é diminuído, 
e numerosos grânulos secretórios acumulam-se no citoplasma das células C. 
 
e) Neoplasias das células C da tireoide 
Neoplasias derivadas das células C da glândula tireoide são mais frequentemente encontradas em 
touros adultos ou velhos (mas não em vacas que recebem a mesma alimentação), em certas cepas de 
ratos de laboratório e em equinos adultos ou velhos, mas ocorrem com baixa frequência em outras 
espécies. Uma alta porcentagem de touros velhos alimentados com dietas ricas em cálcio 
desenvolvem neoplasias de células C ou hiperplasia de células C. 
 
� Adenomas 
Adenomas de células C ocorrem como nódulos bem definidos, solitários ou múltiplos, cinzas ou 
marrom-amarelados, localizados em um ou em ambos os lobos da tireoide. Adenomas são menores 
(aproximadamente 1 a 3 cm em diâmetro) que carcinomas e são separados do parênquima tireóideo 
adjacente comprimido, por uma cápsula de tecido conjuntivo. Adenomas de células C maiores 
substituem a maioria do lobo da tireoide, mas uma barra marrom-avermelhada permanece em um 
dos lados. 
 
� Carcinomas 
Carcinomas de células C da tireoide resultam em extensos aumentos de volume multinodulares em 
um ou em ambos os lobos da tireoide e podem substituir toda a glândula. As neoplasias de células C 
da tireoide em touros, em outras espécies animais e em seres humanos são firmes e, em algumas 
áreas, o estroma consiste de densas bandas de tecido conjuntivo fibroso. Metástases múltiplas que 
ocorrem nos linfonodos craniais cervicais são usualmente grandes e têm áreas de necrose e 
hemorragia. As metástases pulmonares aparecem como nódulos marrom-amarelados bem 
delimitados e ocorrem infrequentemente. 
 
Um declínio significativo na incidência de neoplasias de célula C ocorre quando a alta ingestão de 
cálcio pelos touros é diminuída. Vacas alimentadas com rações semelhantes raramente desenvolvem 
lesões proliferativas de células C devido aos altos requisitos fisiológicosde cálcio durante a prenhez e 
lactação. 
 
 
5. Alterações da Paratireoide 
As glândulas paratireoides consistem de dois pares de glândulas situados na região cervical cranial. 
No cão e no gato, tanto a paratireoide externa como a interna estão localizadas perto da glândula 
tireoide. 
As glândulas paratireoides contêm um Único tipo de célula secretória responsável pela formação de 
um hormônio. 
As glândulas paratireoides de animais e de seres humanos são compostas predominantemente de 
células principais em diferentes estágios de atividade secretória e, em certas espécies, em transição 
para células oxifilicas. 
O hormônio paratireoidiano biologicamente ativo (PTH = Paratormônio) secretado pelas células 
principais é um polipeptídio de cadeia reta. 
As células secretárias nas glândulas paratireoides da maioria dos animais armazenam quantidades 
relativamente pequenas de hormônio pré-formado, mas são capazes de responder a pequenas 
flutuações na concentração de íons cálcio, rapidamente alterando a velocidade da secreção 
hormonal e, mais vagarosamente, alterando a velocidade de síntese hormonal. 
As glândulas paratireoides apresentam um sistema de controle Único de retroalimentação, baseado 
primariamente na concentração de íons cálcio (e, em menor grau, na de íons magnésio) no sangue. A 
concentração de íons cálcio controla não somente a velocidade de biossíntese e secreção do 
hormônio da paratireoide, mas também outros processos metabólicos e processos degradativos 
intracelulares nas células principais. 
O PTH é o principal hormônio envolvido na regulação fina, minuto a minuto, da concentração de 
cálcio sanguíneo em mamíferos. Realiza isso influenciando diretamente a função das células-alvo 
localizadas primariamente nos ossos e nos rins e indiretamente agindo no intestino para manter uma 
concentração plasmática de cálcio suficiente para assegurar o funcionamento ótimo de uma grande 
variedade de células no organismo. 
 
a) Distúrbios do Desenvolvimento 
 
� Cistos de Paratireoide 
Cistos de paratireoide (cistos de Kursteiner) parecem desenvolver-se da persistência de 
remanescentes dilatados do ducto que conecta a paratireoide ao primórdio do timo durante o 
desenvolvimento embrionário. 
 
b) Lesões Degenerativas das Células Principais da Paratireoide 
 
� Células multinucleadas sinciciais 
As glândulas paratireoides de cães e de ratos podem desenvolver uma célula gigante multinucleada 
sincicial muito singular. Essas células parecem ser formadas pela fusão do citoplasma de células 
principais adjacentes e são frequentemente mais numerosas próximo à periferia da glândula 
paratireoide. O número de células sinciciais varia consideravelmente entre as paratireoides de um 
mesmo animal e pode totalizar metade do parênquima da glândula. 
c) Lesões Inflamatórias e Hipoparatireoidismo 
 
� Paratireoidite linfocitária e hipoparatireoidismo 
No hipoparatireoidismo, as glândulas paratireoides secretam quantidades subnormais de PTH ou o 
hormônio secretado é incapaz de interagir com as células-alvo. 
O hipoparatireoidismo idiopático em cães adultos é usualmente associado à paratireoidite 
linfocitária difusa e caracterizado por extensa degeneração das células principais e substituição por 
fibrose. 
Outras causas infrequentes de hipoparatireoidismo incluem a invasão e a destruição das glândulas 
paratireoides por neoplasias primárias ou metastáticas na região cervical cranial e atrofia por falta de 
estímulo das glândulas paratireoides associadas à hipercalcemia de longa duração. Também, as 
glândulas paratireoides podem ser danificadas ou inadvertidamente removidas durante uma cirurgia 
de tireoide. 
Os distúrbios funcionais e as manifestações clínicas de hipoparatireoidismo são primariamente o 
resultado do aumento da excitabilidade neuromuscular e tetania. Devido à falta de PTH, diminui a 
reabsorção óssea, e as concentrações de cálcio sanguíneo decrescem progressivamente. Animais 
afetados são inquietos, nervosos, atáxicos, fracos e apresentam tremores intermitentes de grupos 
musculares separados. Os tremores podem progredir para tetania generalizada e ataques 
convulsivos. Ao mesmo tempo, as concentrações sanguíneas de fósforo estão elevadas devido ao 
aumento da reabsorção tubular renal. 
 
d) Hiperplasia das Células Principais 
 
� Hiperparatireoidismo secundário a desequilíbrios nutricionais 
Hiperparatireoidismo nutricional ocorre comumente em gatos, cães, certos primatas não-humanos, 
equinos, aves domésticas e em cativeiro e répteis. O aumento da secreção de PTH é um mecanismo 
compensatório induzido por desequilíbrios nutricionais. Tais desequilíbrios ocorrem com dietas 
baixas em cálcio, dietas com excesso de fósforo, mas com cálcio normal ou baixo e dietas com 
quantidades inadequadas de vitamina D3. O resultado significativo é hipocalcemia, que estimula as 
glândulas paratireoides. 
Uma concentração sanguínea elevada de fósforo pode contribuir indiretamente para a estimulação 
da paratireoide, através do decréscimo da concentração sanguínea de cálcio. 
Em resposta a uma hipocalcemia induzida pela dieta, as células principais sofrem hipertrofia, entram 
em hiperplasia, apresentando aumento do citoplasma. 
 
� Hiperparatireoidismo secundário à doença renal 
Hiperparatireoidismo como complicação de uma insuficiência renal crônica é caracterizado por 
produção excessiva de PTH em resposta à hipocalcemia crônica. Quando a doença renal é acentuada 
o suficiente para reduzir o índice de filtração glomerular, o fósforo é retido e desenvolve-se 
hiperfosfatemia. O aumento da concentração sanguínea de fósforo contribui para a estimulação da 
paratireoide, baixando a concentração de cálcio. Todas as quatro glândulas paratireoides entram em 
acentuada hiperplasia das células principais, e os ossos apresentam graus variáveis de osteodistrofia 
fibrosa generalizada. 
 
� Hipocalcemia associada ao parto: estimulação aguda da paratireoide 
A paresia do parto em bovinos de leite é uma doença metabólica complexa caracterizada pelo 
desenvolvimento de hipocalcemia acentuada e hipofosfatemia próximo à época do parto e início da 
lactação. A concentração do cálcio sérico cai para menos de 50% do normal, apesar de um aumento 
na secreção de PTH. A reabsorção óssea permanece baixa, e alguns poucos osteoclastos ocorrem nas 
superfícies ósseas. 
A composição da dieta administrada a vacas de leite é um fator significativo na patogenia da 
hipocalcemia do parto. Dietas altas em cálcio têm sido incriminadas num significativo aumento da 
incidência da doença. Por outro lado, dietas com níveis baixos de cálcio, suplementadas com doses 
farmacológicas de vitamina D, reduzem a incidência de hipocalcemia do parto. 
 
� Neoplasias das Células Principais: Hiperparatireoidismo Primário 
Adenomas e carcinomas das glândulas paratireoides frequentemente secretam PTH muito além do 
normal. Isso resulta numa síndrome de hiperparatireoidismo primário. Um aumento prolongado da 
secreção de PTH acelera a reabsorção óssea osteolítica e osteoclástica. O mineral removido dos 
ossos em ritmo acelerado é substituído por tecido conjuntivo imaturo. As lesões de osteodistrofia 
fibrosa são generalizadas por todo o esqueleto, mas podem ser acentuadas em certas áreas locais. 
Adenomas de glândulas paratireoides são encontrados em animais velhos, particularmente em cães 
e infrequentemente em certas cepas de ratos. Carcinomas de paratireoide são raros em animais. 
Adenomas de células principais usualmente causam considerável aumento em uma só glândula 
paratireoide. 
Os distúrbios funcionais associados a neoplasias endocrinologicamente ativas de células principais 
são primariamente resultantesde enfraquecimento dos ossos devido à excessiva reabsorção de 
cálcio. 
Claudicação devido a fraturas de ossos longos pode ocorrer após trauma físico relativamente 
pequeno. Fraturas de compressão de discos vertebrais podem exercer pressão sobre a medula 
espinhal e nervos, resultando em disfunção motora, sensorial ou ambas. 
A hiperostose facial devido à extensa proliferação osteoblástica e deposição de osteóide pobremente 
mineralizado e afrouxamento e perda de dentes da cavidade alveolar têm sido observados em cães 
com hiperparatireoidismo primário. 
A hipercalcemia resulta em anorexia, vômito, constipação, depressão, poliúria, polidipsia e fraqueza 
muscular generalizada devido à excitação neuromuscular aumentada. 
O teste laboratorial mais importante e mais prático no auxílio ao diagnóstico de hiperparatireoidismo 
primário é a medida da concentração total de cálcio sanguíneo. Cães com hiperparatireoidismo têm 
concentrações de cálcio muito elevadas. A concentração de fósforo sanguíneo está baixa ou no limite 
mínimo devido à inibição da reabsorção tubular renal do fósforo pela secreção autônoma de PTH. A 
excreção urinária do cálcio e do fósforo está aumentada e predispõe ao desenvolvimento de 
nefrocalcinose e urolitíase. 
 
� Hipercalcemia Humoral Associada à Malignidade: Pseudo-hiperparatireoidismo 
Hipercalcemia humoral associada à malignidade (HHM) é um distúrbio metabólico no qual peptídeos 
relacionados ao PTH ou outras substâncias indutoras de reabsorção óssea são secretadas em 
quantidades excessivas pelas neoplasias malignas que têm origem em outros órgãos que não as 
paratireoides. 
 
� Hipercalcemia Associada à Linfossarcoma 
Linfossarcoma é a neoplasia mais comum associada a hipercalcemia em cães e gatos. Os linfonodos 
periféricos podem ou não estar aumentados de volume, mas usualmente os linfonodos mediastínicos 
craniais ou os viscerais estão envolvidos. A hipercalcemia pode ser induzida por substância humoral 
produzida pelas células neoplásicas, pela destruição física das trabéculas ósseas pelo linfossarcoma 
na medula óssea ou por ambos os mecanismos. 
 
 
6. Alterações do Pâncreas Endócrino 
 
Ilhotas pancreáticas: A função endócrina do pâncreas é realizada por um pequeno grupo de células 
(as "ilhotas de Langerhans") que são completamente cercadas por células acinares (exócrinas) que 
produzem enzimas digestivas. As ilhotas pancreáticas de animais normais contêm múltiplos tipos 
celulares. 
• Células beta: as células secretórias, predominantes, funcionam na biossíntese de insulina. 
• Células alfa: secretoras de glucagon, são menos numerosas. 
• Células delta: secretoras de somatostatina. 
Insulina: O principal estímulo fisiológico para liberação de insulina das células beta é a glicose. A 
membrana plasmática das células beta apresenta receptores que se ligam à glicose. Como resultado, 
o sistema da adenil ciclase na membrana plasmática é ativado, levando à formação de AMPc a partir 
de ATP na presença de íons magnésio. Uma concentração apropriada de íons cálcio nos líquidos 
extracelulares é necessária para induzir a liberação de insulina das células beta. 
A insulina é um hormônio poderoso com um amplo espectro de influências biológicas, afetando 
direta ou indiretamente a estrutura e a função de cada órgão do corpo. Órgãos, tecidos e células 
especialmente responsivos à insulina incluem os músculos esquelético e cardíaco, tecido adiposo, 
fibroblastos, fígado, leucócitos, glândula mamária, cartilagem, osso, pele, aorta, pituitária e nervos 
periféricos. A principal função da insulina é estimular as reações anabólicas envolvendo carboidratos, 
gorduras e ácidos nucléicos. 
Fígado, células adiposas e musculares são os três principais locais-alvo para ação da insulina. Em 
geral, a insulina aumenta a transferência de glicose e de certos monossacarídeos, alguns 
aminoácidos e ácidos graxos e íons potássio e magnésio, através da membrana plasmática das 
células-alvo. Incrementa a oxidação da glicose e a glicogênese. Estimula a lipogênese e a formação de 
ATP, de DNA e de RNA. A insulina também diminui o índice de lipólise, de proteólise, de cetogênese e 
de gliconeogênese. 
 
Glucagon: o glucagon secretado em resposta à redução de glicose no sangue é um hormônio que 
estimula a liberação de energia de células-alvo. Mobiliza estoques de nutrientes produtores de 
energia, através do incremento da glicogenólise, gliconeogênese e lipólise, aumentando, assim, a 
concentração de glicose no sangue. Em concentrações fisiológicas, o glucagon aumenta tanto a 
glicogenólise hepática como a gliconeogênese. 
 
A insulina e o glucagon agem em conjunto para manter a concentração de glicose nos líquidos 
extracelulares dentro de limites relativamente estreitos. Um "sensor de glicose" nas ilhotas 
pancreáticas controla a mistura relativa desses dois antagonistas biológicos secretados pelas células 
beta e pelas células alfa das ilhotas. O glucagon controla o influxo de glicose do fígado para o espaço 
extracelular, e a insulina controla o efluxo de glicose do espaço extravascular para tecidos sensíveis à 
insulina como gordura, músculo e parênquima hepático. 
 
a) Hipofunção 
 
� Diabete Melito 
O Diabete melito é um distúrbio metabólico que resulta da diminuição na disponibilidade de insulina 
para a função normal de muitas células no organismo. Em alguns casos, o aumento das 
concentrações de glucagon contribui para o desenvolvimento de hiperglicemia persistente. 
A indisponibilidade de insulina pode ser devido a alterações degenerativas nas células beta das 
ilhotas pancreáticas, redução na efetividade do hormônio devido à formação de anticorpos 
antiinsulina ou complexos inativos, citotoxicidade imunomediada contra as ilhotas e secreção 
inadequada de hormônios por neoplasias em outros órgãos endócrinos. 
Os mecanismos patogenéticos do diabete melito, responsáveis pela diminuição na disponibilidade de 
insulina, são múltiplos. A destruição das ilhotas secundária à pancreatite grave ou à degeneração 
seletiva de células das ilhotas é a causa usual. 
O desenvolvimento de diabete melito em animais jovens pode estar associado à atrofia idiopática do 
pâncreas, à pancreatite aguda com necrose e hemorragia e à aplasia das células pancreáticas. O 
pâncreas com atrofia idiopática tem seu tamanho total reduzido a um terço ou menos do normal. 
A hipoplasia das ilhotas pancreáticas já foi descrita como causa de diabete melito em cães jovens (2 a 
3 meses de idade). Nesses casos, as ilhotas estavam ausentes, mas os ácinos pancreáticos e os ductos 
estavam presentes e funcionais. 
O aparecimento do diabete é insidioso, e o curso clínico é frequentemente crônico. Em cães, os sinais 
mais frequentemente associados ao diabete melito incluem polidipsia, poliúria, aumento do 
consumo de alimentos, perda de peso, catarata bilateral e fraqueza. Os distúrbios no metabolismo 
da água têm uma base primariamente osmótica. Em cães com hiperglicemia persistente e glicosúria, 
o epitélio tubular renal é incapaz de concentrar efetivamente a urina contra a atração ósmótica da 
glicose no filtrado glomerular. 
Animais com diabete apresentam resistência diminuída contra infecções bacterianas e fúngicas e 
frequentemente desenvolvem infecções crônicas ou recorrentes, como cistite supurativa, prostatite, 
broncopneumonia e dermatite. 
Pode ocorrer hepatomegalia devido à degeneração gordurosa e cirrose. O acúmulo de lipídio no 
fígado resulta do aumento na mobilização de gordura. Adicionalmente, os hepatócitos lesados pela 
cetonemia utilizam menos as gorduras. 
Os hepatócitos estão acentuadamente aumentados de volume devido à presença de múltiplas gotas 
de lipídios no citoplasma. Se a acumulaçãode lipídio é extensa e de longa duração, pode ocorrer 
cirrose nutricional. O fígado permanece aumentado, e sua superfície torna-se distorcida por nódulos 
irregulares resultantes do extenso remodelamento do parênquima hepático. Os hepatócitos 
degenerados são substituídos por nódulos regenerativos e fibrose interlobular. Icterícia e 
bilirrubinúria frequentemente acompanham a cirrose acentuada. 
Outras lesões extraprancreáticas de diabete melito, como lesão renal crônica, cegueira e gangrena, 
resultam de microangiopatia caracterizada por espessamento da membrana basal dos capilares. 
A manifestação completa dos complexos distúrbios metabólicos no diabete melito parecem resultar 
de uma anormalidade bi-hormonal. Embora uma deficiência relativa ou absoluta da ação da insulina 
em resposta a uma concentração crescente de glicose extracelular tenha sido reconhecida há 
bastante tempo como uma condição essencial para o desenvolvimento do diabete melito, a 
importância de uma elevação absoluta ou relativa na secreção de glucagon na maioria das formas da 
doença tem sido considerada apenas recentemente. A hiperglucagonemia em pacientes com diabete 
pode resultar do aumento da secreção de glucagon pancreático, de glucagon entérico ou de ambos. 
O aumento do glucagon sanguíneo contribui para o desenvolvimento de hiperglicemia endógena 
grave pela mobilização dos estoques hepáticos de glicose e para o desenvolvimento de cetoacidose 
pelo aumento de oxidação dos ácidos graxos pelo fígado. 
 
b) Hiperfunção das Ilhotas Pancreáticas 
 
� Neoplasias de células beta (secretoras de insulina) 
As neoplasias mais frequentes originadas nas ilhotas pancreáticas são adenomas e carcinomas 
derivados das células beta. Tais neoplasias são, na maior parte das vezes, endocrinologicamente 
ativas e produzem distúrbios funcionais marcantes. São observadas mais frequentemente em cães 
com 5 a 12 anos de idade (média: 9 anos). Essas neoplasias também ocorrem em bovinos velhos e 
podem estar associadas a ataques convulsivos periódicos. 
As alterações clínicas observadas em neoplasias nutricionais de células beta resultam da secreção 
excessiva de insulina e do desenvolvimento de hipoglicemia acentuada. 
Os sinais clínicos são reflexos da hipoglicemia e não são específicos do hiperinsulinismo produzido 
pelas neoplasias de células beta. Sinais iniciais incluem fraqueza, fadiga após exercício vigoroso, 
contrações musculares generalizadas, fraqueza muscular, ataxia, confusão mental e alterações do 
temperamento. Esses cães agitam-se facilmente e apresentam períodos intermitentes de 
excitabilidade e inquietude. 
Ataques convulsivos periódicos, do tipo tônico-clônico, ocorrem em fases posteriores da doença e 
aumentam progressivamente em frequência e intensidade. A predominância dos sinais clínicos 
relacionados ao SNC demonstra a dependência primária do cérebro no metabolismo da glicose para 
obtenção de energia. 
 
� Neoplasia de células não-beta (secretoras de gastrina) das Ilhotas Pancreáticas 
Neoplasias de células não-beta derivam de células APUD* ectópicas e produzem um excesso de 
gastrina que normalmente é secretada pelas células da mucosa duodenal e antral. Os poucos casos 
estudados em cães e gatos apresentaram sinais clínicos de anorexia, vômito de material tingido de 
sangue, diarreia intermitente, perda progressiva de peso e desidratação. Os distúrbios funcionais 
proeminentes resultam de múltiplas ulcerações da mucosa gastrointestinal causadas pela 
hipersecreção de gastrina. 
 
Célula APUD é um grupo de células endócrinas. Estas células compartilham a função comum de secreção de um hormônio 
polipeptídeo de peso molecular baixo. Existem vários tipos diferentes, que secretam os hormônios secretina, 
colecistoquinina e vários outros.

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