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3º Fichamento CORAZZA, S. M. O que quer um currículo Pesquisas pós críticas em educação. São Paulo Vozes, 2001. cap. 1. p. 9 20.

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Aluno(a): João Batista da Silva Goulart 	Disciplina: Teorias do Currículo
Professora: Dra Cíntia Bueno Marques 	Data de entrega: 27/03/2017 
Texto: Cap. 1 – O que quer um currículo?
Fichamento de Leitura
	Referência (ABNT):
	
CORAZZA, S. M. O que quer um currículo? Pesquisas pós-críticas em educação. São Paulo: Vozes, 2001. cap. 1. p. 9-20.
	Resumo da obra:
	
No capítulo inicial, podemos verificar os seguintes questionamentos da autora acerca do currículo, como: “Um currículo “quer” alguma coisa? O que, afinal de contas, “é” um currículo, para querer alguma coisa? Estará este título dotando um currículo de predicados antropomórficos, ao modo moderno, humanizador de todos os seres do universo? Será algum eu, indivíduo, pessoa, sujeito do conhecimento, da consciência, do direito, da ciência, do inconsciente? Terá este livro escolhido operar “em espelho” com um currículo, animando-o com uma espécie de individualidade humana, que, além disto, é habitada por apetites, anseios, vontades, quereres?”. Dessa forma, dos questionamentos intentados derivam respostas constituídas pelas teorias da linguagem estruturalista e pós-estruturalista, das quais podemos inferir um currículo é uma linguagem identificada pelos significantes, significados, sons, imagens, conceitos, falas, língua, posições discursivas, representações, metáforas, metonímias, ironias, invenções, fluxos, cortes. No tópico “Falante”, depreende-se que o currículo tem uma natureza discursiva, portanto, arbitrária e ficcional, por ser histórica e socialmente construída. A autora aponta que o discurso presente no currículo fornece apenas uma das tantas maneiras de formular o mundo, de interpretar o mundo, e de atribuir-lhe sentidos. O discurso tem sintaxe e semântica que operam uma função constitutiva daquilo que enuncia como sendo “escola”, “aluno/a”, “professor/a”, “pedagogia”, e inclusive “currículo”. As palavras que um currículo utiliza para nomear as “coisas”, “fatos”, “realidade”, “sujeitos” são produtos de seu sistema de significação, ou de significações, que disputa com outros sistemas. Assim, o currículo como linguagem, é uma prática social, discursiva e não-discursiva, corporificada em instituições, saberes, normas, prescrições morais, regulamentos, programas, relações, valores, modos de ser sujeito. Nesse contexto, o currículo é um dispositivo saber-poder-verdade de linguagem, visto e pensado como uma espécie de “ser falante”. Na fala-ação, inserida no mundo da Cultura, da Pedagogia e da Escola, um currículo, como qualquer ser falante, pode ser concebido como regido pelo funcionamento da linguagem e sua enunciação espera sempre sua significação de algum outro lugar, de um enunciado a mais, e até mesmo da linguagem “toda”, ou seja: de um sistema total de linguagem. Por isso, a significação daquilo que um currículo expressa em palavras está sempre suspensa em algum lugar, que é, invariavelmente, uma cadeia incompleta de significantes. Dessa forma, a autora propõe um silogismo para o funcionamento de um currículo, significado como ser falante: lá, onde um currículo fala, um currículo não sabe o que diz. Se um currículo fala, um currículo quer. Lá, onde um currículo quer, ele não sabe o que quer. A linguagem de um currículo é tudo de que ele dispõe para imputar alguma vontade aos outros. Mas, quando diz o que quer, um currículo confunde-o com as expectativas desses outros. Deste modo, sempre outro, o que quer um currículo é apenas efeito de suas falações, e eles, os seus outros, também não sabem o que dizem. Assim, conclui-se que ao falar, um currículo é levado além de si próprio, pois o sentido do que diz encontra-se na linguagem de sua época e lugar, na qual está enredado. Ao agir, um currículo sempre significa algo diferente do que faz e faz algo diferente do que significa. Este “algo diferente” é dado na relação existente entre as coisas significadas nos fazeres de um currículo e os signos usados para significá-las, pois um currículo não pode, nem deve, ser tomado “ao pé da letra”, porque este “ao pé...” não existe. No tópico intitulado “Nós”, a autora busca respostas na seara das atividades de pesquisa acadêmica e escolar, a partir da pergunta: - 0 que quer... ? Isto posto, ao fazê-la, intenciona criar condições para que cada pesquisador/a trabalhe não sobre “o Currículo”, como um conjunto de currículos, logo justificando a diversidade das respostas que são encontradas nas investigações. Então, parte de ditos conhecidos de um currículo, esta pergunta remaneja a metáfora, trabalhando para tornar “estranho” o que o/a pesquisador/a considerava “familiar” na linguagem de um currículo e conjectura indagações: - O que eu quero (queremos nós) com um currículo, como ser falante? O que posso (podemos) fazer com isto? Assim, persegue-se “a boa metáfora”, que demanda analisar nossos quereres, fazeres e dizeres constituidores do funcionamento de um currículo. Como respostas, imergem as consequências de um currículo restem sempre abertas, e que um currículo diga sempre mais do que pretendemos que diga, faça mais do que deva fazer, crie o que não se tenha previsto. Logo, compreenda também tudo aquilo que, para nós, ainda é não-sujeito, sem-sentido, insignificante, inimaginável, indescritível, imprevisto, indeterminado, impenetrável, inarrável, indizível. Nesse contexto, a autora infere que por ser uma linguagem, um currículo também produz ideias, práticas coletivas e individuais, sujeitos que existem, vivem, sofrem e alegram-se, num mundo que se produz atravessado por complexas redes de relações, que vão desde as econômico-sociais até as tramas amorosas e transferenciais. Assim, um currículo, como ser de linguagem, somos nós e nossas peculiaridades como geração, raça, gênero, local institucional, religião, ecologia, outridade, orientação sexual, território geopolítico, fluxos de desejo. Isto é um currículo: um ser falante, como nós, efeito e derivado da linguagem. Na sequência, ao se referir a “Vontade”, a autora que como um ser de linguagem, um currículo dá a sua resposta particular, localizada na rede discursiva das relações de poder-saber-subjetividade, que é o que lhe constitui como falante. A autora ressalta que a “vontade de sujeito” de um currículo não é em nada “inconsciente”. Tal vontade define-se e positiva-se no próprio funcionamento de sua linguagem, que realiza o sujeito que quer. O problema é que não há sujeitos perenes, que correspondam às palavras de um currículo, porque sua linguagem é opaca. Uma linguagem que isola o sujeito mesmo que quer e cria, dentro do universo de seu discurso, pensamento e ação. A autora segue seu pensamento acentuando que quem pesquisa 0 que quer um currículo? necessita indagar à opacidade e à “coisidade” construída da linguagem de um currículo e multiplica suas perguntas à inicial: - Se quer um sujeito, que sujeito é este? O cartesiano, o kantiano, o hesserliano? O sujeito do modernismo, do romantismo, da psicanálise, do pós-modernismo? Uma máquina, criação própria de produção, que se inventa no próprio acontecendo? Um currículo “quer” um sujeito que pensa, logo é? Que duvida de tudo, até de sua capacidade de conhecer? Que, justo por esta sua dúvida estratégica, pode ter a certeza de que é autocognoscível e autotransparente? Um sujeito com capacidade de observação sistemática e de raciocínio rigoroso, liberado do erro, do místico, do tirânico? Que atua, movido pela universalidade da sua consciência, anotando, quantificando, comparando? Que faz sua razão triunfar contra a emoção, o método contra os instintos, a ciência contra a arte? Um currículo deseja um sujeito progressista, que encarne o progresso? Que seja rentável, produtivo, próspero? Um currículo “quer” um ser autónomo, que promova uma sociedade de iguais, livres e fraternos? Anseia por um agente moral responsável? Dotado de uma alma interior, profunda e misteriosa, habitada por paixões incontroláveis? Um sujeito movido pelo amor ao próximo, tão imenso quanto o amor que tem por si próprio? Que prioriza osentimento moral, ao invés da racionalidade? Um sujeito que possui um eu essencial, constituído por emoções intensas? Um currículo “quer” um ser dividido, clivado, em afânise perpétua? Um eu, que responda pela ilusão de com- pletude pessoal, mantida no jogo da dinâmica pulsional? Um sujeito desconhecido para si, que necessita submeter-se a técnicas de auto-exame e de autoconhecimento? Um ser imbricado na sexualidade e verdade interior, só reveladas por uma hermenêutica do eu? Que busca a verdade de si, que sempre lhe escapa, por estar além de sua consciência? Um sujeito forçado a estar sempre em movimento, impulsionado por forças que desconhece? Um currículo “quer” um sujeito que interpele os indivíduos concretos, para sujeitá-los a um Sujeito Absoluto, como Deus, A Humanidade, A Nação, A Classe, O Gênero, A Linguagem? Um sujeito do liberalismo capitalístico da burguesia? Um dos efeitos mais positivos do biopoder e da biopolítica? Uma invenção do humanismo de todas as ciências sociais e humanas? Uma individualidade, uma totalidade, criadas pelo dispositivo disciplinar cia normalização moderna? Um indivíduo derivado das tecnologias de governo dos Estados neoliberais? Um sujeito derrisório, abjecto, maltratado? Um louco, que não consegue escapar do Espírito Maligno, e nem de sua incessante disrupção como sujeito? Um devir, um tornar-se, um arranjamento coletivo de enunciação e maquínico do desejo? Um “nada de sujeito”, que o modo do discurso de um currículo condena ao limbo dos seres que não podem ser vistos nem ditos? Na busca da “Verdade”, o tópico faz relações ao labor com as teorias pós-críticas, no território da Educação, já não faz mais a pesquisa “do Currículo”, no sentido global. Pois, a pesquisa que requeria, como resultados, explicações totalizantes e unificadoras sobre a verdade e o verdadeiro do Currículo tencionam o pesquisador pós-crítico a analisar as vicissitudes do desejo por um sujeito e os acidentes da linguagem de cada currículo: daquele “um currículo” específico, que escolheu para investigar - sendo, ao mesmo tempo, também “escolhido/a” por ela. A verdade, extraída da pesquisa pós-crítica, na linguagem pós-crítica do currículo, resulta um semidizer, uma verdade que não pode ser dita toda, renunciando tanto ao saber consolidado quanto ao próprio acervo de conhecimentos obtidos por suas investigações. E, incessantemente, começa tudo de novo. Por fim, no tópico “O que é um currículo ? O que um currículo quer ? Que sujeito ele quer?”, a autora discorre que ao realizar a pesquisa pós-crítica de um currículo, entendido como linguagem, o/a pesquisador/a busca o encontro sempre faltoso com um semidizer, que ele/a não consegue designar no discurso, senão como lacuna. Logo, busca a significação que poderia ter sido esquecida, e aquela sempre nova, jamais esgotada, nem definitivamente fixada, tomando os enunciados dos discursos curriculares que analisa pelo avesso, e destaca, deles, outras redes de significação. Sendo assim, a pesquisa pós-crítica é uma pesquisa de “invenção”, não de “comprovação” do que já foi sistematizado. Sua principal contribuição é apenas a de ser aproveitável por outros/as pesquisadores/as, como uma “sementeira” de sentidos imprevistos. Destarte, encerra o capítulo postulando que as teorias pós-críticas orientam a atenção do/a pesquisador/a para certas unidades analíticas, mas não lhe fornecem nenhuma “solução” para os problemas que está considerando, dessa forma, o que elas fazem surgir são outros sentidos para um currículo, que, depois, vão ser cotejados com as outras teorias de sentido. Tal prática de pesquisa exige um grau razoável de tolerância à “frustração” acadêmica, representada pelas incertezas da verdade; pela falha de solução para o problema pesquisado; pelo esgarçamento de qualquer unidade dos resultados; e pela capacidade de suportar tudo o que, apesar dos esforços, não-faz-sentido.
	Ideias principais do(a) autor(a):
	Página
	Se alguma coisa falta, na linguagem de um currículo, é uma última palavra que traga em si mesma uma significação plena, para a qual nenhum dizer a mais seria necessário.
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	(...)um currículo não pode, nem deve, ser tomado “ao pé da letra”, porque este “ao pé...” não existe
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	O que eu quero (queremos nós) com um currículo, como ser falante? O que posso (podemos) fazer com isto? Assim, persegue-se “a boa metáfora”, que demanda analisar nossos quereres, fazeres e dizeres constituidores do funcionamento de um currículo.
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	Isto é um currículo: um ser falante, como nós, efeito e derivado da linguagem. Hoje, sem intimidade, não mais básico, nem fundamental, verdadeiro, autêntico. Um ser sem coerência e sem profundidade. Que experimenta relações fracionadas, construídas ao redor de pedaços de falas de cada um
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	Toma os enunciados dos discursos curriculares que analisa pelo avesso, e destaca, deles, outras redes de significação.
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