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1 ESTIMATIVAS DOS CUSTOS PARA VIABILIZAR A UNIVERSALIZAÇÃO DA DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL SÃO PAULO, JUNHO DE 2015 REALIZAÇÃO ESTIMATIVAS DOS CUSTOS PARA VIABILIZAR A UNIVERSALIZAÇÃO DA DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL 4 5 Elaboração GO Associados Equipe GO Associados Coordenadores Gesner Oliveira Fernando S. Marcato Pedro Scazufca Assistente Cláudia Orsini M. de Sousa Consultores – revisão técnica Fabricio Dorado Soler Alexandre Citvaras Coordenação e edição Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE Equipe ABRELPE Coordenação Geral Carlos Roberto Vieira da Silva Filho Coordenação Técnica Gabriela Gomes Prol Otero Sartini FICHA TÉCNICA SUMÁRIO 1 2 2.1 2.2 2.3 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.2.1 3.2.2.2 3.2.3 3.2.4 4 4.1 4.2 4.3 4.4 5 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.1.4 5.2 5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.3 5.3.1 5.3.2 5.3.3 5.3.4 5.4 5.4.1 5.4.2 5.4.3 6 10 12 12 19 21 22 22 22 25 27 27 29 30 31 33 34 37 37 38 39 41 44 44 46 49 50 52 53 53 59 60 61 63 64 66 67 68 69 70 71 79 84 Introdução .............................................................................................................................................................. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ................................................................................... A Lei n° 12.305/2010 e suas principais contribuições ................................................................ O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) ........................................................................... Classificação dos resíduos sólidos .......................................................................................................... Sistemas estruturantes e alternativas de destinação final ........................................................ Sistemas estruturantes para destinação adequada dos resíduos ......................................... Coleta seletiva ..................................................................................................................................................... Logística reversa ................................................................................................................................................. Alternativas de destinação final consideradas ................................................................................. Compostagem ...................................................................................................................................................... Recuperação energética ................................................................................................................................ Tratamento Térmico .......................................................................................................................................... Gás de Aterro Sanitário ................................................................................................................................... Reciclagem ............................................................................................................................................................ Disposição final ambientalmente adequada: aterro sanitário ................................................. Conjuntura do tratamento dos resíduos sólidos no Brasil ......................................................... Composição dos RSU ...................................................................................................................................... Coleta regular ...................................................................................................................................................... Coleta seletiva ..................................................................................................................................................... Disposição final dos resíduos sólidos ................................................................................................... Modelagem de custos ..................................................................................................................................... Metas do Planares ............................................................................................................................................. Eliminação de lixões ........................................................................................................................................ Redução dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros sanitários ........................ Redução dos resíduos úmidos dispostos em aterros sanitários ............................................ Recuperação de gases de aterros sanitários ...................................................................................... Metodologia para cálculo de custos ....................................................................................................... Cenários ................................................................................................................................................................... Microrregiões ....................................................................................................................................................... Inflação .................................................................................................................................................................... Levantamento dos custos relacionados às alternativas de destinação de resíduos .... Custo dos sistemas de recepção e triagem dos resíduos sólidos secos ............................ Custo com compostagem .............................................................................................................................. Custo com aterros sanitários........................................................................................................................ Custo com recuperação energética ......................................................................................................... Resultados ............................................................................................................................................................. Resultados para o cenário que desconsidera o tratamento térmico ................................... Resultados para o cenário que considera o tratamento térmico ........................................... Resultados regionais ........................................................................................................................................ Conclusões ............................................................................................................................................................ Referências bibliográficas ............................................................................................................................. 6 7 Quadro 1 Quadro 2 Quadro3 Quadro4 Quadro5 Quadro6 Quadro7 Quadro8 Quadro9 Quadro10 Quadro11 Quadro12 Quadro13 Quadro14 Quadro15 Quadro16 Quadro17 Quadro18 Quadro19 Quadro20 Quadro21 Quadro22 Quadro23 Quadro24 Quadro25 Quadro26 Quadro27 Quadro28 Quadro29 Quadro30 SUMÁRIO DE QUADROS Principais objetivos da Lei Federal n° 12.305/10 Conceitos de resíduos e rejeitos Conceitos de destinação e disposição Etapas no gerenciamento de resíduos sólidos Fluxo de serviços de limpeza urbana, conforme a PNRS Conceitos: responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e logística reversa Plano de resíduos sólidos por abrangência Estrutura do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (versão preliminar) Classificação dos resíduos sólidossegundo a PNRS Funções de diferentes atores na coleta seletiva dos resíduos secos Possíveis destinos para cada classe de resíduos ou rejeitos Centrais mecanizadas de triagem de materiais recicláveis secos no município de São Paulo Procedimento da logística reversa Produtos obrigatórios ao sistema de logística reversa nos termos da Lei n° 12.305/2010 Vantagens e desvantagens da compostagem Vantagens e desvantagens da incineração Vantagens e desvantagens da captação de biogás em aterros sanitários Vantagens e desvantagens da reciclagem Ciclo de vida de aterros sanitários Vantagens e desvantagens da disposição final em aterros sanitários Síntese dos dados do Panorama 2013 Participação dos principais materiais no total de RSU coletado no Brasil em 2012 Evolução da coleta de RSU Universalização de coleta seletiva: municípios com iniciativas de coleta seletiva Municípios com serviço de coleta seletiva - Área de abrangência Disposição dos RSU coletados no Brasil (ton/dia) Metas para resíduos sólidos urbanos Quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição final inadequada Número de municípios brasileiros que se utilizam de cada tipo de destinação final de resíduos (2013) Metas de redução de resíduos sólidos secos dispostos em aterros sanitários (%) Quadro31 Quadro32 Quadro33 Quadro34 Quadro35 Quadro36 Quadro37 Quadro38 Quadro39 Quadro40 Quadro41 Quadro42 Quadro43 Quadro44 Quadro45 Quadro46 Quadro47 Metas de redução de resíduos sólidos úmidos dispostos em aterros sanitários (%) Metas de tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários (Mw) Premissas para estimativa de potencial energético de recuperação de gases de aterro sanitário Esquema geral dos sistemas estruturantes e das alternativas de destinação dos RSU Diagrama da destinação de RSU no Brasil, sem tratamento térmico, para 2023 e 2031 Diagrama da destinação de RSU no Brasil, com tratamento térmico para 2023 e 2031 Inflação real anual Custos de instalação de PEV Custos de instalação (Capex) e operação (Opex) de galpões de triagem e beneficiamento primário Custos de instalação (Capex) e operação (Opex) para unidades de compostagem Custos para implantação e operação de aterros sanitários Custos para implantação e operação de unidades de unidades de trata- mento térmico. Distribuição de investimentos até 2031, desconsiderando o tratamento térmico (em R$ bilhões) Distribuição de investimentos até 2031, considerando o tratamento térmico (em R$ bilhões) Investimentos em infraestrutura (Capex) necessários para cada região do Brasil (em R$ bilhões) Distribuição dos investimentos em resíduos sólidos por região Relação entre PIB per capita e investimentos necessários para adequa- ção da destinação de resíduos sólidos nas unidades federativas 8 9 CI GEE IBAM PGRM PLANARES PLANSAB PNMC PNRH PNRS PPCS RCC RSU SINIR SMA SNVS Comitê Interministerial Gases de efeito estufa Instituto Brasileiro de Administração Municipal Planos de Gerenciamento de Resíduos de Mineração Plano Nacional de Resíduos Sólidos Plano Nacional de Saneamento Básico Plano Nacional sobre Mudanças do Clima Plano Nacional de Recursos Hídricos Política Nacional de Resíduos Sólidos Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis Resíduos da Construção Civil Resíduos Sólidos Urbanos Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Secretaria do Meio Ambiente Sistema Nacional de Vigilância Sanitária LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 10 11 O objetivo deste Estudo é estimar o valor dos investimentos ne- cessários para universalizar os serviços de tratamento e destinação am- bientalmente adequada de resíduos sólidos no Brasil, conforme Dire- trizes da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Para isso, foram analisados os sistemas estruturantes e as alternativas de destinação final de resíduos sólidos, disponíveis e aplicáveis no país; foi avaliado o atual nível de desenvolvimento do setor; e foi realizada projeção do volume de investimento necessário para atingir a adequação. O documento está organizado em seis seções, incluindo esta introdução. A Seção 2 analisa a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Para tanto, são apresentados a Lei Federal nº 12.305/2010, que insti- tuiu a referida Política, e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Plana- res), que traz metas para gestão e gerenciamento dos resíduos e apre- senta estratégias para atingi-las. Ainda nessa Seção, é apresentada a classificação dos diferentes tipos de resíduos sólidos. A Seção 3 apresenta os sistemas estruturantes e as alternativas de destinação final ambientalmente adequada consideradas para o trata- mento dos resíduos sólidos. A Seção 4 discorre sobre a conjuntura atual do tratamento dos resí- duos sólidos no Brasil. A Seção 5 apresenta uma estimativa de investimentos necessários para a adequação do tratamento e da destinação correta de resíduos sólidos no país. Para tanto foram adotadas as seguintes etapas: 1 - INTRODUÇÃO I) Apresentação das metas sugeridas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos; II) Apresentação das alternativas de destinação correta dos RSU no país; III) Discussão da metodologia utilizada para estimativa de investi- mentos necessários para universalização do tratamento de resídu- os sólidos urbanos; IV) Apresentação das estimativas de investimentos necessários, por tipo de tratamento, e avaliação por região. Por fim, a Seção 6 apresenta as conclusões obtidas a partir do Es- tudo, além de fornecer sugestões para aprimoramento das informações existentes. Este Estudo está baseado em fontes públicas, devidamente citadas ao longo do texto. 12 13 O objetivo desta Seção é apresentar os aspectos relevantes da Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nas subseções que se seguem, serão apresentados também o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, criado para servir como guia de ação para implementação das determinações da PNRS, bem como serão descritos os diversos tipos de resíduos, abordados pela Lei, com desta- que àqueles que foram considerados para as estimativas do presente Estudo. 2 - A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) A Política Nacional de Resíduos Sólidos é contemplada pela Lei n° 12.305/2010 que, de forma genérica, compreende “o conjunto de prin- cípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal” (BRASIL, 2010a, art. 4o) no âmbito da gestão e ge- renciamento de resíduos sólidos, seja isoladamente, seja em conjunto a particulares ou aos demais entes federados, incluindo o Distrito Fe- deral. Em seu artigo 7º, são elencados os principais objetivos da PNRS, apresentados no Quadro 1. A Lei n° 12.305/2010 institui, de fato, um novo marco regulatório para os resíduos sólidos, tendo como diretriz basilar a não geração, a redução, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a disposi- ção final ambientalmente adequada dos rejeitos. Nela são considera- das as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública, bem como a promoção do desenvolvimento sustentável e da ecoeficiência (SOUSA, 2012). 2.1 - A LEI N° 12.305/2010 E SUAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES QUADRO 1 – PRINCIPAIS OBJETIVOS DA LEI FEDERAL N° 12.305/10 Fonte: BRASIL, 2010 (a). Elaboração GO Associados. Lei n⁰ 12.305/10 - Objetivos (Art. 7⁰) • Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; • Não geração, redução, reutilização, tratamento e disposição final adequada; • Adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas; • Diminuição do uso dos recursos naturais no processo de produção de novos produtos; • Intensificação de ações da educação ambiental; • Desenvolvimento da indústriada reciclagem no país; • Articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial; • Promoção da inclusão social, por meio da geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis; • Gestão integrada dos resíduos sólidos. Além disso, a PNRS prevê a “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto” e a “logística reversa”, definidas mais adiante (Quadro 7). Com esses dois conceitos, a PNRS apresenta atribuições não apenas dos fabricantes, mas também de todos os outros participantes da cadeia: importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e poder público responsável pelos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos. Trata-se, portanto, de uma inovação na maneira de a socie- dade se organizar dentro desta temática. A PNRS determina que os resíduos sólidos devam ser tratados e recuperados por processos tecnológicos disponíveis e economicamen- te viáveis, antes de sua disposição final. São exemplos de tratamentos passíveis de serem aplicados no país a compostagem, a recuperação energética, a reciclagem e a disposição em aterros sanitários. 14 15 No contexto do tratamento de resíduos sólidos, a Lei traz distinções inovadoras. São os conceitos de resíduos sólidos e rejeitos, descritos no Quadro 2, e os de destinação final ambientalmente adequada e disposi- ção final ambientalmente adequada, no Quadro 3. Resíduos sólidos Rejeitos Material, substância, objeto ou bem descartado, resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. QUADRO 2 – CONCEITOS DE RESÍDUOS E REJEITOS Fonte: BRASIL, 2010 (a). QUADRO 3 – CONCEITOS DE DESTINAÇÃO E DISPOSIÇÃO Fonte: BRASIL, 2010 (a). Destinação final ambientalmente adequada Disposição final ambientalmente adequada Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa. Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. Ao fazer a diferenciação entre resíduos e rejeitos, a Lei define as ações e os destinos mais apropriados a cada um deles. Nesse sentido, os rejeitos são resíduos sólidos que não podem mais ser recuperados, cabendo-lhes somente a disposição em aterros sanitários (SILVA FILHO & SOLER, 2013). Percebe-se que os processos de destinação listados pela Política guardam consideráveis distinções entre si. Conforme ressaltaram Silva Filho & Soler (2013), alguns processos de tratamento de resíduos têm por finalidade o aproveitamento dos resíduos ou seus componentes, e outros, seu tratamento, enquanto na disposição final se procede à eli- minação dos rejeitos. O aterro sanitário é a maneira considerada ambientalmente correta para a eliminação dos rejeitos, ou seja, uma operação que não visa, como fim, sua valorização. Já a utilização do resíduo como combustível para a produção de energia, a compostagem e a reciclagem são operações de valorização, ou seja, operações cujo resultado principal seja sua transfor- mação, de modo a servir a um fim útil (SILVA FILHO & SOLER, 2013). Destaca-se, nos conceitos elucidados, a diferença entre destinação e disposição finais ambientalmente adequadas. A primeira refere-se a resíduos sólidos que possuem potencial de aproveitamento energético ou de tratamento, enquanto a segunda dispõe sobre rejeitos que “não apresentam outra possibilidade que não a disposição final ambiental- mente adequada” (Brasil, 2010a; art. 3º; inciso XV). Vale ressaltar que a disposição é considerada ambientalmente adequada quando respeita- das “normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos” (BRASIL, 2010(a), art. 3º, inciso VII;). Unindo as definições dos Quadros 2 e 3 tem-se que, enquanto as modalidades de destinação final ambientalmente adequada são dire- 16 17 cionadas para receber a ampla gama de resíduos, o legislador restringiu apenas os rejeitos para os aterros sanitários, estabelecendo a diferen- ciação entre duas classes: resíduos e rejeitos (SILVA FILHO & SOLER, 2013). No Quadro 4, a seguir, são elucidadas as etapas na gestão de resíduos. Destinação Final Disposição Final Disposição de rejeitos Valorização Mecânica Valorização Biologica Valorização Energética Fonte: PAIVA, s.d. Elaboração GO Associados. QUADRO 4 - ETAPAS NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS De maneira bastante sintética, pode-se afirmar que a PNRS tem por objetivos a eficiência nos serviços e o estabelecimento de um sistema de gestão integrada de resíduos sólidos, voltada para seu aproveitamen- to como recurso. Com a diferenciação entre resíduos sólidos e rejeitos, trazida pela PNRS, aliada às definições de destinação e disposição final ambientalmente adequada, uma nova fase deverá ser iniciada na exe- cução dos serviços de limpeza urbana, com a substituição do sistema linear de gestão de resíduos, até então adotado, por um sistema cíclico (SILVA FILHO, 2012). O autor ressalta que tal sistema cíclico garante o cumprimento das diretrizes da PNRS, em especial da determinação de aplicação de uma ordem de prioridade de ações, veiculada pelo dispo- sitivo que estabelece a hierarquia na gestão e no gerenciamento dos resíduos sólidos (Quadro 5). Fonte: Silva Filho, 2012. Elaboração: GO Associados. QUADRO 5 - FLUXO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA, CONFORME A PNRS Geração Reutilização Conservação dos Recursos naturais Redução Rejeitos Separação/Triagem Tratamento/ Recuperação ReciclagemRejeitos Aterro Sanitário Recuperação/ Aproveitamento de biogás Coleta Resíduos Coleta A magnitude da abrangência da Lei tem como base alguns critérios que envolvem diversos agentes econômicos e sociais. Na interpretação de Lopes (2003), a falta de conscientização da população diante dos problemas relacionados aos resíduos é o ponto de maior importância a ser trabalhado pelos agentes públicos. A necessidade de sinergia entre diversos agentes da sociedade brasileira, para atingir os objetivos traçados pela Lei, criou mecanismos importantes de gestão. O Quadro 6 apresenta dois conceitos que corro- boram a característica estruturante da legislação analisada: a responsa- bilidade compartilhada e a logística reversa. 18 19 Responsabilidade compartilhada Logística reversa Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. Objetiva minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, além de reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos. Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. QUADRO 6 – CONCEITOS: RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA PELO CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS E LOGÍSTICA REVERSA Fonte: BRASIL, 2010 (a). Neste contexto, criam-se condições favoráveis à participação de di- versas entidades e organizações da sociedade civil em todas as etapas de políticas públicas de resíduos sólidos de diferentes entes federados. Assim, pode-se concluir que o sucesso da Lei n ° 12.305/2010 depende também da participação popular (SOUSA, 2012). A abrangência da Lei para diversos agentes econômicos e sociais, sejam eles de direito público ou privado, reflete-se inclusive na respon- sabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Observa-se, neste sentido, um viés evidentemente abrangente à sociedade como um todo, na medida em que responsabiliza também o consumidor pela redução do volume de resíduos sólidos gerados. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, portanto, contribui significa- tivamente para a universalização da gestão ambientalmente adequada de resíduos sólidos no Brasil, e tem sua regulamentação através do Decreto Federal nº 7.404/2010, que institui normas para a execução da mesma. 2.2 - O PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PLANARES) O Plano Nacional de Resíduos Sólidos é instrumento da Lei nº 12.305/2010. É uma ferramenta que, juntamente com os planos de resídu- os sólidos de outras esferas (Quadro 7), visa auxiliar a execução da PNRS. I - Plano NACIONAL de resíduos sólidos II - Planos ESTADUAIS de resíduos sólidos V - Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos VI - Planos de gerenciamento de resíduos sólidos III - Planos MICRORREGIONAIS de resíduos sólidos e os planos de resíduos sólidos de REGIÕES METROPOLITANAS ou aglomerações urbanas IV - Planos INTERMUNICIPAIS de resíduos sólidos QUADRO 7- PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS POR ABRANGÊNCIA Fonte: BRASIL, 2010 (a) e (b). Elaboração GO Associados. O Plano foi objeto de discussão em cinco audiências públicas regio- nais, uma audiência pública nacional e consulta pública via internet. Ele ainda se encontra em sua versão preliminar, uma vez que não foi aprova- do pelo Conselho Nacional da Política Agrícola1. 1Previa-se que o Plano fosse encaminhado para cinco Conselhos Nacionais relacionados à temática dos resíduos sólidos: Meio Ambiente (CONAMA), das Cidades (ConCidades), dos Recursos Hídricos (CNRH), da Saúde (CNS) e da Política Agrícola (CNPA). Esse último, por sua vez, foi o único que ainda não aprovou o Plano, uma vez que, na prática, esse Conselho não existe. Criado em 1991, até hoje não ocorreu nenhuma reunião dos membros do referido Conselho, o que criou um impasse no tocante à aprovação do Planares. 20 21 Quando publicado e em vigor, o Planares contribuirá para a imple- mentação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, uma vez que defi- ne diretrizes, estratégias e metas, pautado em possíveis cenários sobre o assunto. Ele apresenta “objetivos intermediários” a serem alcançados nos anos de 2015, 2019, 2023, 2027. Com a definição de metas inter- mediárias para esses anos, torna-se mais fácil atingir a universalização, nos moldes do Plano, prevista para 2031. O Planares tem estreita relação com os Planos Nacionais de Mu- danças do Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (PLANSAB) e de Ação para a Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS). Além disso, apresenta conceitos e propostas que refletem a interface entre diversos setores da economia, compatibilizando cres- cimento econômico e preservação ambiental com desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2012b). Sua estrutura consiste em sete capítulos principais, representados no Quadro 8. PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Capitulo Descrição I Diagnóstico da situação dos resíduos sólidos no Brasil II Cenarização III Educação ambiental IV Diretrizes e estratégias V Metas VI Programas e ações de resíduos sólidos VII Participação e controle social na implementação e acompanhamento do plano QUADRO 8 – ESTRUTURA DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (VERSÃO PRELIMINAR) Fonte: BRASIL, 2012b. Elaboração GO Associados. 2.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Para entender as metas do Planares, entretanto, é necessário enten- der os diferentes tipos de resíduos produzidos. Pela PNRS, os resíduos sólidos são classificados quanto à origem e quanto à periculosidade. A classificação presente na legislação encontra-se resumida no Quadro 9. QUADRO 9 – CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS SEGUNDO A PNRS Resíduos Sólidos classificados quanto à origem Resíduos domiciliares Resíduos de estabele- cimentos comerciais e prestadores de serviços Resíduos de serviço de saúde Resíduos de limpeza urbana Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico Resíduos da construção civil Resíduos sólidos urbanos Resíduos industriais Resíduos agrossilvipastoris Resíduos Sólidos classificados quanto à periculosidade Resíduos perigosos Resíduos não perigosos Fonte: BRASIL, 2012a. Elaboração GO Associados Dentre as categorias apresentadas, a de resíduos sólidos urbanos (RSU) é a mais relevante para este trabalho, sendo composta pelos resí- duos sólidos domiciliares e pelos resíduos de limpeza urbana. 22 23 3 - SISTEMAS ESTRUTURANTES E ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO FINAL O objetivo desta Seção é apresentar as principais tecnologias existen- tes para valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos, em cum- primento àquilo que determina a PNRS. Foram analisadas as tecnologias que podem ser incluídas no gerenciamento dos RSU no Brasil, tais como: compostagem, recuperação energética e disposição final em aterros sani- tários. Além disso, são descritas previamente as ações de gerenciamento fundamentais à viabilização de tais tecnologias de tratamento dos RSU. 3.1 - SISTEMAS ESTRUTURANTES PARA DESTINAÇÃO ADEQUADA DOS RESÍDUOS 3.1.1 - COLETA SELETIVA Pela Lei n° 12.305/2010, a coleta seletiva é definida como a “coleta de resíduos sólidos previamente separados de acordo com sua consti- tuição e composição” (BRASIL, 2010a). A coleta seletiva constitui um ins- trumento fundamental para atingir metas de redução e tratamento, tanto de resíduos secos quanto de resíduos úmidos. É um projeto que envolve o setor público, a sociedade civil (cidadão) e a indústria, principalmente no que se refere à interface da coleta seletiva dos resíduos secos com a logística reversa, especialmente a de embalagens em geral (Quadro 10). Agente Ação Setor Público Responsável pelo planejamento, execução e controle do sistema. Cidadão Responsável pela separação dos materiais recicláveis na fonte e disponibilização dos mesmos. Indústria Responsável por estruturar e viabilizar o sistema de logís- tica reversa e sua eventual interface com a coleta seletiva. QUADRO 10 – FUNÇÕES DE DIFERENTES ATORES NA COLETA SELETIVA DOS RESÍDUOS SECOS Elaboração: GO Associados. O sistema de coleta seletiva deve ser implantado pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Os geradores de resíduos sólidos, por sua vez, devem segregá-los e dis- ponibilizá-los adequadamente, na forma estabelecida pelo titular do serviço. Por fim, os fabricantes, importadores, distribuidores e comer- ciantes devem estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos, após o uso pelo consumidor. A coleta seletiva também auxilia na implantação dos sistemas de valorização e tratamento de resíduos, previstos na Lei n° 12.305. O Decreto n° 7.404 prevê que os resíduos devem ser separados em, no mínimo, duas frações: secos e úmidos. Progressivamente, a separação deve ser estendida, segregando os resíduos secos emsuas parcelas es- pecíficas. No presente Estudo, optou-se por considerar a separação dos resí- duos em três frações: uma seca, uma úmida, e outra contendo resíduos contaminados ou que não podem, por diversos motivos, ser recupe- rados ou reaproveitados, considerados genericamente como rejeitos. Com a separação de resíduos orgânicos (úmidos), secos e rejeitos, faci- lita-se a destinação ao tipo de tratamento mais adequado, como mostra o Quadro 11. QUADRO 11 – POSSÍVEIS DESTINOS PARA CADA CLASSE DE RESÍDUOS OU REJEITOS Fonte: SANTOS (2013); elaboração GO Associados. Residuos Organicos Residuos Secos Rejeitos Compostagem e Biodigestão Reciclagem Disposição Final (Aterro Sanitário) 24 25 Além dos destinos mais indicados para cada classe, vale ressaltar que, tanto na fração orgânica quanto na fração seca, há um volume de resíduos que não possibilita o aproveitamento por processos biológi- cos ou mecânicos. Para esses, uma destinação possível é a recuperação energética, antes de seu encaminhamento para o aterro sanitário. Os programas de coleta seletiva de resíduos secos no Brasil e no mundo, em geral, apresentam duas modalidades básicas que são: • Porta a porta: coleta realizada em dias específicos da semana, com equipamentos adequados, coletando os materiais pré-separados nos domicílios. O poder público responsável trafega pelas vias das cidades, recolhendo os resíduos disponibilizados. • Postos de Entrega Voluntária (PEVs): consiste no uso de caçambas ou contêineres, instalados, geralmente, em pontos estratégicos para onde a população possa levar os materiais previamente segregados. Após a coleta seletiva, os resíduos secos devem seguir para as cen- trais de triagem, cujo modelo mecanizado pode ser observado no Qua- dro 12, onde são separados por tipos e armazenados para serem enca- minhados aos processos de reciclagem. QUADRO 12 – CENTRAIS MECANIZADAS DE TRIAGEM DE MATERIAIS RECICLÁVEIS SECOS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Fonte: ABRELPE. Matéria Prima Matérias Primas Secundárias Centro Distribuidor Indústria Mercado Original e Mercado Secundário Retorno Coleta Pós Venda Componentes Secundários Desmanche/ Reciclagem Consolidação Pós Venda Varejo Consumidor QUADRO 13 – PROCEDIMENTO DA LOGÍSTICA REVERSA Fonte: LEITE, 2012. Elaboração GO Associados. 3.1.2 - LOGÍSTICA REVERSA A PNRS, em seu art. 31, prevê que, com vistas a fortalecer a res- ponsabilidade compartilhada, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem considerar, no momento de fabricação de pro- dutos, a possibilidade de reutilização e reciclagem dos mesmos após o uso, bem como divulgar informações e organizar o recolhimento de produtos e dos resíduos remanescentes. A logística reversa consiste no retorno de embalagens e outros ma- teriais à produção industrial, após o consumo e o descarte pela popu- lação, possibilitando seu reaproveitamento (Quadro 13). Trata-se de um instrumento de desenvolvimento econômico e social que tem como intuito viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial. 26 27 A logística reversa possui estreita relação com o princípio do polui- dor pagador, o qual imputa o ônus de arcar com os custos do impacto diretamente àquele que utilizou o recurso natural (SILVA FILHO & SOLER, 2013). Aplicada ao caso dos produtos pós-consumo, esse princípio recai sobre toda a cadeia de suprimentos - fabricantes, importadores, distribui- dores, comerciantes e consumidores finais (LEITE, 2012), afinal todos têm influência nos efeitos ambientais negativos que os resíduos podem gerar. Com a Lei n° 12.305, torna-se obrigatório, a partir da celebração de acordo setorial, o processo de implantação e operacionalização de sis- tema de logística reversa para as seguintes classes de produtos: agrotó- xicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescen- tes, equipamentos eletrônicos, embalagens e medicamentos (Quadro 14). Ficam responsáveis pelo processo de logística reversa fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes (BRASIL, 2010a; art.33). PneusEmbalagens em geral Agrotóxicos Medicamentos Lâmpadas LOGÍSTICA REVERSA Produtos Eletro- Eletrônicos Óleos lubrificantes Pilhas e Baterias QUADRO 14 – PRODUTOS OBRIGATÓRIOS AO SISTEMA DE LOGÍSTICA REVERSA NOS TERMOS DA LEI N° 12.305/2010 Fonte: BRASIL, 2010 (a). Elaboração GO Associados. Conforme mencionado anteriormente, a PNRS determina que os resíduos sólidos devam ser tratados e recuperados por processos tec- nológicos disponíveis e economicamente viáveis, previamente à sua disposição final ambientalmente adequada. Entende-se que se trata de tecnologias que estejam desenvolvidas em escala que permita sua aplicação nas diferentes localidades, levando-se em conta seu custo- -benefício. Tendo isso em vista, as próximas Subseções apresentam as tecno- logias que atualmente têm a possibilidade de serem implantadas no Brasil, considerando as características econômicas, financeiras, ambien- tais e sociais. Tais sistemas já existem em escala comercial e já possuem eficácia comprovada, o que, dentre outros fatores, justifica a preferência pelos mesmos em relação a outras tecnologias. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos prevê, em seu artigo 36, inciso V, que o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de ma- nejo de resíduos sólidos deve implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos urbanos, além de articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido (BRASIL, 2010a). A compostagem é um processo biológico de decomposição aeróbia da matéria orgânica contida em resíduos de origem animal ou vegetal. Esse processo gera, como principal resultado, um produto que pode ser 3.2 - ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO FINAL CONSIDERADAS 3.2.1 - COMPOSTAGEM 28 29 aplicado no solo para melhorar suas características de produtividade, sem ocasionar riscos ao meio ambiente (BNDES, 2014). Na compostagem, microrganismos são responsáveis, num primeiro momento, por transformações químicas na massa de resíduos, e, num segundo momento, pela humificação. O composto resultante, o húmus, pode ser utilizado como fertilizante (tanto para a agricultura quanto para áreas verdes urbanas) apresentando, portanto, valor econômico (CATAPRETA, 2008; RUSSO, 2011). No Quadro 15, são elencadas as van- tagens e desvantagens do processo de compostagem. Tecnologia Compostagem Vantagens Desvantagens Baixa complexidade na obtenção da licença ambiental. Facilidade de monitoramento Necessidade de investimentos em mecanismos de mitigação dos odores e efluentes gerados no processo. Requer pré-seleção da matéria orgânica na fonte. Necessidade de desenvolvimento de mercado consumidor do composto gerado no processo. Diminuição da carga orgânica do rejeito a ser enviado ao aterro, minimizando os volumes a serem dispostos. Tecnologia conhecida e de fácil implantação. Viabilidade comercial para venda do composto gerado. QUADRO 15 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COMPOSTAGEM Fonte: ICLEI, 2011; BNDES, 2014. Elaboração GO Associados. Apesar da massa de resíduos sólidos urbanos gerada no Brasil apre- sentar alto percentual de matéria orgânica - 51,4%, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2012)2 -, as experiências de com- postagem no país são ainda incipientes. O resíduo orgânico, por não ser coletado separadamente, acaba sendo encaminhado para disposição final (em lixões, aterros controlados ou aterros sanitários). A versão preliminar do Planares (BRASIL, 2012b) propõe a implantação de novas unidades de compostagem, que devem vir acompanhadas de: • Adequação dos critériostécnicos para obtenção do licencia- mento ambiental do empreendimento, por meio, por exemplo, do estabelecimento de diferentes níveis de exigências em fun- ção da quantidade de resíduo orgânico a ser tratado por meio da compostagem; • Campanhas de educação ambiental para conscientizar e sensi- bilizar a população na separação da fração orgânica dos resídu- os gerados na fonte; • Coleta seletiva dos resíduos orgânicos, uma vez que a qualida- de final do composto é diretamente proporcional à eficiência na separação. 3.2.2 RECUPERAÇÃO ENERGÉTICA O tratamento dos RSU por processos de recuperação energéti- ca é aceito pela legislação brasileira, sendo previsto na Lei Federal n° 12.305/2010, em seu art. 9°, §1°, conforme segue: “Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação ener- gética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido com- provada sua viabilidade técnica ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovados pelo órgão ambiental (BRASIL, 2010a).” 2Para esta estimativa, foram utilizados dados da composição gravimétrica média do Brasil, que são provenientes de 93 estudos de caracterização física, realizados entre 1995 e 2008. 30 31 Os principais produtos energéticos que podem ser obtidos através do aproveitamento dos RSU são: o biogás (gerado em aterros sanitários ou na digestão anaeróbia); a eletricidade (gerada a partir do biogás ou do tratamento térmico); e o calor (produzido juntamente com a eletri- cidade, em processo de cogeração). Além da geração de energia, que pode ser comercializada, o tratamento com recuperação energética traz outra vantagem, que é a redução do volume de rejeitos a serem enca- minhados para disposição final, contribuindo para a diminuição de área necessária para aterros sanitários (EPE, 2014), bem como o prolonga- mento de sua vida útil. 3.2.2.1 - TRATAMENTO TÉRMICO Um dos processos mais conhecidos e utilizados no mundo para a recuperação energética é a incineração, que consiste no tratamento tér- mico, com consequente redução do volume dos resíduos. A energia re- cuperada pode ser utilizada para produção de calor e geração de ener- gia elétrica (BNDES, 2014). A incineração dos RSU produz gases de combustão, os quais são fonte de energia térmica graças à geração de vapor superaquecido em caldeiras de recuperação de calor. Após trocarem calor dentro da caldei- ra, esses gases são tratados com o objetivo de abatimento de poluentes (entre eles NOx, SOx, HCl, etc.), de acordo com os limites exigidos pelas legislações vigentes. O monitoramento e o controle das emissões dos poluentes são efetuados por meio de sistemas de análise contínuos, instalados na chaminé (ABRELPE, 2012b). Algumas vantagens desse processo, além daquelas já mencionadas anteriormente, estão relacionadas à geração de energia limpa e descen- tralizada e à mitigação da geração de gases de efeito estufa e redução da dependência de combustíveis fósseis (SOUSA, 2012). No Quadro 16 são elencadas as principais vantagens e desvantagens relacionadas à incineração de resíduos com geração de energia. 3.2.2.2 - GÁS DE ATERRO SANITÁRIO Tecnologia Incineração Vantagens Desvantagens Aplicável a diversos tipos de resíduos. Aumento da vida útil dos locais para disposição final. Requer uma entrada constante de resíduos com alto poder calorífico. Alto custo de implantação. Geração de rejeitos, que devem ser corretamente dispostos de acordo com a sua composição. Demanda por sistema de tratamento dos gases. Degradação completa dos resíduos e quebra das moléculas dos componentes perigosos. Possibilidade de instalação em áreas próximas a centros urbanos, reduzindo custos de coleta e transporte. QUADRO 16 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA INCINERAÇÃO Fonte: ABRELPE (b), 2012; ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados. Outro método disponível para fins de recuperação energética dos resíduos é a captação de biogás em aterros sanitários, para geração de energia. Nesse tipo de empreendimento há uma rede coletora dos gases gerados no processo de decomposição anaeróbia dos resíduos aterrados que os encaminha, por meio de drenos verticais e horizontais, para uma unidade de geração de energia (BNDES, 2014). Segundo estudo do Ministério de Minas e Energia, a tecnologia de aproveitamento do biogás produzido nos aterros sanitários é o uso ener- gético mais simples dos resíduos sólidos urbanos, uma alternativa que pode ser instalada na maioria das unidades já existentes (EPE, 2014). Por contarem obrigatoriamente com sistemas de drenagem e capta- ção do gás, os aterros sanitários tornam-se mais atrativos para a recepção de sistemas de geração de energia elétrica (ARCADIS, 2010). Segundo o Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energético na Destinação 32 33 de Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2013b), há no Brasil 23 projetos reporta- dos que consideram a captura e o aproveitamento energético do biogás, o que representa cerca de 50% dos projetos de Mecanismos de Desen- volvimento Limpo (MDL)3 do país no setor de resíduos sólidos e aterros. A maior parte dos projetos está situada na região Sudeste (16 ao todo). Estima-se que até 2018, a captura e o aproveitamento energético do biogás em aterros no Brasil possam chegar a mais de 180.000 tonela- das de CO2 equivalente (tCO2e). A média anual estimada é de 155.112 tCO2e (ABRELPE, 2013b). A utilização do biogás como combustível para geração de energia elétrica ou para conversão em combustível e calor não apenas aproveita de forma sustentável os subprodutos da disposição dos resíduos sólidos em aterros sanitários, como também evita que o gás metano nele contido seja emitido para a atmosfera (ARCADIS, 2010). Assim, defende-se que deva haver incentivos públicos para a elaboração e execução de projetos de recuperação e aproveitamento de biogás, considerando-se os benefí- cios que esses projetos podem trazer. Tecnologia Captura de biogás em aterros sanitários Vantagens Desvantagens Eliminação da emissão de metano oriundo da decomposição da matéria orgânica. Geração de energia para consumo próprio do aterro sanitário e venda do excedente. Demanda por operação e sistema de captação de gás com alta eficiência. Processo menos eficiente que outros de recuperação energética. Irregularidade de sua geração ao longo da vida útil do aterro. Geração de créditos do carbono. QUADRO 17 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA CAPTAÇÃO DE BIOGÁS EM ATERROS SANITÁRIOS Fonte: PARO et al., 2008. Elaboração GO Associados. 3 De acordo com o Protocolo de Quioto (que fixa metas de redução voluntária de gases do efeito estufa - GEEs), a captação do biogás em aterros sanitários para geração de energia é considerada um MDL, podendo gerar créditos de carbono para países em desenvolvimento, uma vez que contribui para a redução do efeito estufa. Com o MDL, qualquer país sem teto de emissões de GEEs pode desenvolver projetos de redução de emissões e receber créditos por isso, podendo vender tais créditos no mercado de carbono. O Quadro 17 apresenta as principais vantagens e desvantagens da captação de biogás em aterros sanitários. Para o presente Estudo, foi considerado que a captação de biogás em aterros sanitários utilize motores recíprocos de combustão interna (CI). Segundo o Atlas Brasileiro de Emissões de GEE e Potencial Energé- tico na Destinação de Resíduos Sólidos (ABRELPE, 2013b), trata-se da tecnologia de conversão mais comumente utilizada nas aplicações de gás de aterro. As vantagens da opção escolhida são o baixo custo de capital, a confiabilidade no processo, os menores requisitos para pro- cessamento de combustível se comparados às turbinas, e a adequação de porte para aterros de dimensões moderadas. A reciclagem é oprocesso de transformação de resíduos sólidos que envolve a alteração de propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos (BRASIL, 2010a). Em outras palavras, consiste no beneficiamento e rea- proveitamento de materiais. Deve-se considerar que a reciclagem permite a substituição de in- sumos para cuja produção há, normalmente, grande consumo de ener- gia. Por aliviar pressões de demanda de matérias-primas e de energia, a reciclagem se constitui, em princípio, em uma forma ambientalmente eficiente de aproveitamento energético dos RSU (EPE, 2014). No Quadro 18 são elencadas as vantagens e desvantagens deste tipo de destinação de resíduos. 3.2.3 - RECICLAGEM 34 35 Tecnologia Reciclagem Vantagens Desvantagens Diminuição de materiais a serem coletados e dispostos, aumentando a vida útil dos aterros sanitários. Economia no consumo de energia. Necessidade de participação ativa da população. Custo de uma coleta diferenciada. Alteração do processo tecnológico para o beneficiamento, quando da reutilização de materiais no processo industrial. Geração de emprego e renda. Preservação de recursos naturais e insumos. QUADRO 18 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA RECICLAGEM Fonte: ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados. A atividade de reciclagem envolve diversas etapas e processos e não representa uma atividade de baixo custo. Por isso, é importante que, junto com sua implementação, seja incentivada a formação de um mercado de material reciclado, de forma a tornar o processo mais efi- ciente e rentável (SOUSA, 2012). A transformação de resíduos em novos insumos e matéria prima é uma atividade econômica integrante de um sistema industrializado, portanto, realizada por empresas privadas que devem contar com infraestrutura física, técnica e econômico-fiscal para poderem contribuir efetivamente com o reaproveitamento dos mate- riais e conservação dos recursos naturais. 3.2.4 - DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE ADEQUADA: ATERRO SANITÁRIO Os aterros sanitários, conforme visto anteriormente, são considera- dos pela PNRS como a forma de disposição final ambientalmente ade- quada dos rejeitos. A aprovação do marco regulatório para o setor de re- síduos, na forma da PNRS, reforça a tendência de eliminação dos lixões e aterros controlados existentes e a implantação de aterros sanitários. O aterro sanitário é a forma correta de dispor os rejeitos no solo. Seu projeto de engenharia é baseado em critérios e normas operacio- nais específicas: os resíduos dispostos são cobertos com material iner- te, com o objetivo de controlar a entrada de ar e água, controlar a saída de gás do aterro, reduzir o odor e de outros inconvenientes e facilitar a recomposição da paisagem, dentre outros fatores (CATAPRETA, 2008). Quando há a necessidade de uma nova área para depósito de resí- duos sólidos, uma série de critérios deve ser considerada para a implan- tação desta instalação. A decisão pode ser auxiliada por meio de mode- lagem e deve levar em consideração tanto a eficiência ecológica quanto a econômica. Para tal, devem ser analisados os custos de distribuição e de transporte, as externalidades negativas e controle de poluição, ten- do como objetivos a preservação do meio ambiente, a minimização de custos e geração de padrões de distribuição dos resíduos (GANDELINI, 2002). Devido à crescente urbanização, as áreas ambiental e economica- mente adequadas para disposição final dos RSU tornam-se cada vez menos disponíveis. Isso porque para dispor resíduos no solo, deve-se levar em consideração uma série de fatores sobre o local, tais como a topografia, as características do solo, os corpos d’água e a distância do centro gerador. Devido às características necessárias para a área da disposição final e aos impactos que ela receberá, não é simples deter- miná-la e encontrá-la (SOUSA, 2012). Os aterros têm em média 42 anos de ciclo de vida, sendo que é possível que eles recebam resíduos somente nos primeiros 20 anos (Quadro 19). No Quadro 20 são elencadas as principais vantagens e desvanta- gens deste tipo de método de disposição final de rejeitos. 36 37 Etapas do ciclo de vida dos aterros sanitários (42 anos) Investimento • Estudos e projetos • Terreno Investimento • Instalações • Equipamentos Custos • Depreciação • Amortização Custos • Encerramento • Pós encerramento Ano 1 (Pré implementação) • Estudo de viabilidade • Aquisição de terreno • Projeto • Licenciamento Ano 2 (Implementação) • Infraestrutura Geral • Sist. Tratamento líquidos e percolatos • Sist de Drenagem • Áreas verdes • Apoio • Administração Anos 3 a 22 (operação) • Disposição • Disposição de resíduos • Trat. percolados e gases • Equipe operação • Outros Ano 23 (Encerramento) • Obras de encerramento Anos 24 a 42 (Pós-encerramento) • Trat. percolados • Monitoramento QUADRO 19 – CICLO DE VIDA DE ATERROS SANITÁRIOS Fonte: DEL BEL, 2012. Tecnologia Aterro Sanitário Vantagens Desvantagens Baixo custo operacional Tecnologia amplamente conhecida Necessidade de grandes áreas para o empreendimento Geração de odores característicos Exige captura e tratamento do “chorume” Após a capacidade esgotada, ainda exige cuidados e manutenção, por anos. Possibilidade de aproveitamento do biogás, que pode ser aproveitado para geração de produtos como energia elétrica, calor e metano Fonte: PARO et al., 2008; ICLEI, 2011. Elaboração GO Associados. QUADRO 20 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA DISPOSIÇÃO FINAL EM ATERROS SANITÁRIOS 4 - CONJUNTURA DO TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL 4.1 - COMPOSIÇÃO DOS RSU O objetivo desta Seção é apontar para a urgência de mais investi- mentos no setor de resíduos sólidos, por meio de dados que contribu- am para a compreensão de sua conjuntura. Conforme dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013, foram geradas 76,4 milhões de toneladas de RSU no ano em referência, das quais 69,1 milhões de toneladas foram coletadas. Desse montante coletado, 40,3 milhões de toneladas foram encaminhadas para disposi- ção final em aterros sanitários, e 28,8 milhões de toneladas foram en- viadas para lixões ou aterros controlados, que são formas de disposição final ambientalmente inadequadas (Quadro 21). Quadro 21. Síntese dos dados do Panorama 2013 Geração total Coleta total Aterros Sanitários Lixões/Aterros controlados Quantidade (milhões ton/ano) 76,4 69,1 40,3 28,8 Dentro do grupo de RSU, destacam-se alguns subconjuntos dos principais materiais: i) metais, ii) plástico, iii) matéria orgânica, iv) papel, papelão e tetrapak, v) vidro e vi) outros, conforme gravimetria apresen- tada no Quadro 22. Analisando as participações desses subconjuntos no total coletado, conclui-se que a matéria orgânica apresenta a maior participação, com 51,4% do total, seguida pelo “plástico” com 13,5%, “papel, papelão e tetrapak” com 13,1% e “outros” com 16,7%. 38 39 13.5% 13.1% 2.9% 2.9% 16.7% 51.4% Metais Papel, Papelão e TetraPak Plástico Vidro Matéria Orgânica Outros QUADRO 22- PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS MATERIAIS NO TOTAL DE RSU COLETADO NO BRASIL EM 2012* Fonte: (ABRELPE, 2013a). Elaboração GO Associados. * Consideram-se os dados de 2012, uma vez que no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil mais recente (de 2013) não foram apresentadas estas informações. 4.2 - COLETA REGULAR A coleta regular de RSU está presente em todas as regiões brasilei- ras. Pela análise de sua evolução até 2013 (Quadro 23), verifica-se que a porcentagem nacional de resíduo coletado aumentou no decorrer dos anos, atingindo 90,4%. No entanto, a regiãoNorte chama atenção por ter apresentado uma queda na porcentagem de resíduos coletados nos últimos anos (de 88% em 2002 para 80% em 2013), sendo que nas demais regiões brasileiras, a coleta de resíduos sólidos aumentou em até 13% no decorrer desses anos. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 2002 2003 Nordeste Norte Centro-Oeste Sudeste BRASIL Sul 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 QUADRO 23 – EVOLUÇÃO DA COLETA DE RSU (% DE RESÍDUOS COLETADOS POR ANO) Fonte: ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados. 4.3 - COLETA SELETIVA Apesar dos avanços nas últimas décadas, com o ritmo atual de ex- pansão da coleta, ou seja, sem considerar um avanço nos investimentos e nos esforços, a universalização desse serviço no país tardará mais do que o estipulado pelo Planares. O conceito de destinação final ambientalmente adequada também possui direta relação com a prática de coleta seletiva, que distingue os resíduos secos dos resíduos úmidos (orgânicos). A quantidade de muni- cípios que contam com iniciativas de coleta separada dos resíduos se- cos no Brasil chegou a pouco a mais de 62% do total (ABRELPE, 2014). Nesta estimativa, são considerados não somente a coleta porta-a-porta, mas também a existência de pontos de entrega voluntária (PEV) ou con- vênios com cooperativas e/ou organização de catadores. Segundo dados históricos da ABRELPE, o crescimento do número de municípios que realizam alguma iniciativa em coleta seletiva é de aproximadamente 2,2 % ao ano. Com um crescimento a este ritmo, a 40 41 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 6000 2008 2012 2016 2020 2024 2028 2032 2036 2040 2044 5000 4000 3000 2000 1000 0 Absoluto Relativo universalização da coleta seletiva ocorreria próximo ao ano 2044, coe- teris paribus4. Neste sentido, o Quadro 24 apresenta uma projeção para que todos os municípios do Brasil apresentem alguma iniciativa de co- leta seletiva. QUADRO 24 – UNIVERSALIZAÇÃO DE COLETA SELETIVA: MUNICÍPIOS COM INICIATIVAS DE COLETA SELETIVA Fonte: Panorama ABRELPE (histórico de 2008 a 2013). Elaboração GO Associados. O serviço de coleta seletiva pode não atender a todas as residências e estabelecimentos de um município, conforme se conclui a partir das informações do Quadro 25. Nele são apresentadas informações sobre a cobertura da coleta seletiva de resíduos secos para cada região brasi- leira, segundo dados de 2008. De acordo com as informações expostas, na maioria dos municípios brasileiros a coleta seletiva não atinge a to- talidade dos domicílios. 4 Tudo o mais constante, ou seja, considerando que todas as outras variáveis não serão alteradas ao longo do tempo analisado. Região Proporção de municípios que são atendidos em toda sua extensão Norte 4,8% Nordeste 37,5% Sudeste 32,4% Sul 46,0% Centro-Oeste 16,1% Brasil 37,9% QUADRO 25 - MUNICÍPIOS COM SERVIÇO DE COLETA SELETIVA - ÁREA DE ABRANGÊNCIA Fonte: IBGE, 2008 (tabela 105). Elaboração GO associados. Como parcela significativa de resíduos é coletada por catadores, cooperativados ou não, e por outras iniciativas locais, as estimativas quanto à abrangência da coleta seletiva no Brasil são precárias e ba- seadas em auto declarações das prefeituras ou pesquisas de campo. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2014), dos 5.570 municípios do país, 3.459 têm iniciativas de coleta seletiva, ou seja, 62,1%. Não há, entretanto, contextualização ou detalhamento sobre tais iniciativas. 4.4 - DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Um dos princípios básicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a obediência à seguinte ordem de prioridades de ações: não gera- ção, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sóli- dos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010a). Desta forma, tal princípio representa um desafio rele- vante, dado o atual gerenciamento dos resíduos sólidos nos municípios brasileiros. Neste contexto, o Quadro 26 apresenta as principais formas de disposição de resíduos sólidos no país. 42 43 24.3% 17.4% 58.3% Aterros sanitários Aterros controlados Lixões QUADRO 26- DISPOSIÇÃO DOS RSU COLETADOS NO BRASIL (TON/DIA) Fonte: ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados. Os lixões a céu aberto representam uma forma de disposição final inadequada em que os resíduos sólidos são depositados indiscrimina- damente no solo, sem qualquer tipo de cuidado ou tratamento. Eles apresentam grande potencial contaminante e prejudicial para o ambien- te e são nocivos à saúde humana (SOUSA, 2012). Os aterros controlados pouco se diferenciam dos lixões, uma vez que também não possuem os conjuntos de sistemas e medidas necessários para a proteção do meio ambiente a danos e degradações (ABRELPE, 2012a). Apesar disso, por meio do Quadro 26 pode-se observar que aproxi- madamente 41,7% de todo os resíduos sólidos coletados no Brasil se- guem para um destes dois destinos (aterro controlado e lixão), ou seja, não têm uma disposição final ambientalmente adequada, conforme determina a Lei Federal n° 12.305/2010. A disposição final em aterros sanitários, considerada ambientalmente adequada, recebe em torno de 58,3% dos RSU gerados no país. A maioria dos municípios brasileiros precisa adequar-se à Lei, no que diz respeito à disposição final. Em 2013, cerca de 60% dos mu- nicípios brasileiros destinavam seus resíduos a aterros controlados ou lixões (ABRELPE, 2014). Isso significa que, dos 5.570 municípios do país, 3.344 ainda dispõe seus resíduos de forma inadequada. A disposição final ambientalmente adequada vem aumentando nos últimos anos em ritmo lento. Em 2008, 55% do total de resíduos gera- dos no país eram encaminhados para aterros sanitários e, em 2013, este número passou para mais de 58% (ABRELPE, 2014). Com a publicação da PNRS, o fim do prazo para o fechamento dos lixões e a pressão da sociedade, espera-se que, nos próximos anos, a destinação para aterros sanitários aumente. 44 45 5 - MODELAGEM DE CUSTOS Esta Seção descreve a modelagem de custos criada para estimar os investimentos necessários para universalização do tratamento de resí- duos sólidos urbanos em todo o país. Na Subseção 5.1, são descritas as metas propostas pelo Plano Na- cional de Resíduos Sólidos, as quais foram consideradas fundamentais para se estimar a universalização do tratamento de resíduos sólidos. Na Subseção 5.2, é descrita a metodologia adotada para o cálculo dos custos totais associados à universalização do tratamento de resíduos sólidos e os resultados encontrados. Por fim, na Subseção 5.3, são descritos os tipos de tratamento dis- poníveis considerados mais adequados à realidade brasileira. Nessa Subseção, são levantados os custos associados a esses tratamentos, de acordo com dados públicos disponíveis. 5.1 - METAS DO PLANARES No Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em seu capítulo V, foram estipuladas metas a serem atingidas para o tratamento de resíduos sóli- dos, tomando por base as disposições da Lei Federal n° 12.305/2010 e as diretrizes e estratégias contidas no capítulo IV do Plano. O alcance dos objetivos não depende apenas do cenário macroe- conômico, mas também do envolvimento das três esferas de governo, além do modo efetivo como as outras medidas do Plano devem impac- tar a sociedade e o setor privado. Nesse sentido, o Planares chama a atenção não só para a elaboração dos planos estaduais, intermunicipais e, quando aplicável, municipais, mas também para a conclusão dos es- tudos de regionalização. Isso elevaria os ganhos de escala e propiciaria o atendimento às metas propostas com maior facilidade, principalmen- te no que se refere à erradicação de lixões e disposição final ambiental- mente adequada.As metas, assim como o diagnóstico do Plano, foram separadas para cada tipo de resíduo de modo que, para cada um deles, deveriam ser atendidas em períodos de tempo distintos. Cada meta, por sua vez, dife- re em relação ao ano em que será cumprida. No Quadro 27 explicitam- -se as metas e o ano de cumprimento total de cada uma delas para os resíduos sólidos urbanos, foco do presente Estudo. O objetivo da modelagem de custos apresentada neste Estudo foi estimar os investimentos necessários para a universalização da destina- ção adequada de resíduos sólidos no Brasil, nos termos do que deter- mina a PNRS. Meta (nº) Descrição da meta Ano de atingimento da meta 1 Eliminação total dos lixões 2014 2 Reabilitação de lixões Após 2031 3 Redução dos resíduos recicláveis se-cos dispostos em aterros sanitários. Após 2031 4 Redução do percentual dos resíduos úmidos dispostos em aterros. Após 2031 5 Recuperação de gases de aterros sanitários. 300 MW/h em 2031 6 Inclusão e organização de 600.000 catadores. 2031 QUADRO 27 – METAS PARA RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Fonte: BRASIL, 2012b. Elaboração GO Associados 46 47 5.1.1 - ELIMINAÇÃO DE LIXÕES Para tanto, foram consideradas quatro das seis metas do Planares propostas para os RSU: i) Eliminação de lixões; ii) Redução dos resíduos secos dispostos em aterros sanitários; iii) Redução de resíduos úmidos dispostos em aterros; e iv) Recuperação de gases de aterros sanitários. Essas metas serão descritas nas próximas Subseções. A meta do Planares segue o que consta expressamente na PNRS e determina que todos os lixões deveriam ter sido eliminados até agos- to de 2014 e que todo rejeito seja disposto de forma ambientalmente adequada, ou seja, em aterros sanitários. O Plano determina que, para tanto, deve haver a elaboração de projetos de engenharia, de viabilida- de econômica e ambiental, a implementação de aterros sanitários e o aporte de recursos visando o encerramento de lixões. Vale ressaltar que durante o período analisado, os aterros sanitários construídos ainda estarão operando dentro de sua vida útil, de forma que, até 2031, não ocorrerá o encerramento de nenhum desses novos aterros, devido ao esgotamento de capacidade. Conforme dados do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plan- sab) e da ABRELPE, tem-se que entre 2000 e 2013 houve uma redução de aproximadamente 18% na quantidade de RSU com destinação ina- dequada (Quadro 28). Porém, tal redução só foi observada de fato para as regiões Sul e Sudeste. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, observa-se um aumento na quantidade absoluta de resíduos e rejeitos que não são encaminhados para aterros sanitários. Vale destacar que no Centro-Oeste a quantidade diária de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição inadequada quase dobrou (variação de 92%). QUADRO 28- QUANTIDADE DE RESÍDUOS E REJEITOS ENCAMINHADOS PARA DISPOSIÇÃO FINAL INADEQUADA (TONELADAS/DIA) Fonte: PNSB, 2000; ABRELPE, 2014. Elaboração GO Associados. Região 2000 2013 Variação Norte 6.790 7880 16% Nordeste 18.660 27.116 45% Centro-Oeste 5.635 10.834 92% Sudeste 57.696 27.475 -52% Sul 7.521 6.094 -19% Brasil 96.302 79.399 -18% Segundo dados da ABRELPE (2014), entre 2012 e 2013, aumentou em 13 o número de municípios que dispõem seus resíduos adequa- damente em aterros sanitários, mesmo com a proximidade do encerra- mento do prazo dado pela lei para isso. No Quadro 29, são apresentados os números de municípios para cada tipo de destinação final, nas diferentes regiões do país, em 2013. Observa-se que menos da metade dos municípios destinam seus resí- duos aos aterros sanitários, como determina a Lei. Destinação Final Região Brasil Norte Nordeste Centro- Oeste Su- deste Sul Aterro Sanitário 92 453 161 817 703 2.226 Aterro Controlado 111 504 148 645 367 1.775 Lixão 247 837 158 206 121 1569 Total 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570 ABRELPE, 2014. QUADRO 29 – NÚMERO DE MUNICÍPIOS BRASILEIROS QUE SE UTILIZAM DE CADA TIPO DE DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS (2013) 48 49 A maioria dos municípios das regiões Sul e Sudeste apresenta desti- nação ambientalmente correta de seus resíduos, enquanto que no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, uma minoria encaminha os resíduos aos aterros sanitários. Para calcular os custos relacionados à eliminação dos lixões, foi con- siderado que os resíduos sólidos dispostos em lixões ou aterros controla- dos seriam encaminhados para aterros sanitários já existentes, ou a serem construídos, depois de esgotadas as outras formas de tratamento, como a reciclagem e a compostagem. Um município, isoladamente, pode não ser capaz de cumprir todas as metas definidas pela Lei, como, por exemplo, a construção de aterro sani- tário para a disposição ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Contudo, consorciado a outros, é possível que a escala obtida garanta via- bilidade econômica e até mesmo técnica, necessária para a provisão dos serviços de manejo de resíduos (OLIVEIRA & GALVÃO, 2014). Segundo esses mesmos, a regionalização dos serviços pode propor- cionar custos mais baixos em comparação à solução individualizada e, em alguns casos, poderia até possibilitar empreendimentos cuja viabilidade técnica e econômica passa por uma escala mínima de atendimento. Pre- vendo as possíveis dificuldades econômicas e técnicas de municípios de menor porte, a PNRS não somente permite, mas também incentiva a arti- culação entre entes federados, visando à formação de consórcios inter- municipais ou microrregionais. Deve-se destacar, entretanto, que a forma- ção de consórcios precisa, entre outros fatores, se basear nas distâncias entre as localidades. Partindo-se dessas premissas, considerou-se que o fechamento de li- xões e a implantação de aterros sanitários somente seriam possíveis por meio da formação de consórcios entre municípios brasileiros próximos. Para o presente Estudo, os referidos consórcios seriam formados pelos municípios que compõem cada microrregião brasileira, de acordo com a classificação do IBGE. No total, os municípios brasileiros foram distribuí- dos em 558 microrregiões. 5.1.2 - REDUÇÃO DOS RESÍDUOS RECICLÁVEIS SECOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS A versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2012) determina a redução de 34% dos resíduos sólidos urbanos secos dispostos em aterros sanitários até 2023 e de 45% até 2031, com base na caracterização nacional em 2013, destinando-os à reciclagem. Para cada região brasileira, as metas são diferentes, conforme observado no Quadro 30. Meta Região Plano de Metas 2015 2019 2023 2027 2031 Redução de resíduos recicláveis secos dispostos em aterro, com base na caracterização nacional em 2013 Norte 10 13 15 17 20 Nordeste 12 16 19 22 25 Sul 43 50 53 58 60 Sudeste 30 37 42 45 50 Centro- Oeste 13 15 18 21 25 Brasil 22 28 34 40 45 QUADRO 30 – METAS DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS SECOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS (%) Fonte: BRASIL, 2012. No presente Estudo, considerou-se tanto a meta de redução geral de RSU secos dispostos em aterros sanitários, quanto a meta de redu- ção para cada região brasileira, individualmente. Para que seja possível reduzir a quantidade de resíduos recicláveis secos dispostos em aterros sanitários, o sistema de coleta seletiva deve ser aprimorado e expandido. Apenas com um sistema de coleta seletiva melhor estruturado e um sistema de logística reversa de embalagens implementado será possível aumentar a quantidade de resíduos que podem ser destinados para a reciclagem e, dessa forma, cumprir com a meta estabelecida. 50 51 5Áreas rurais mais próximas às áreas urbanas. Nesse sentido, a atuação do CORI contribui para que tais metas se- jam atingidas. Em setembro de 2014, o Comitê publicou deliberação (n°9/2014) que adota meta para o sistema de logística reversa de embala- gens em geral. O objetivo é recolher ao menos 3.815 toneladas por dia, em média, de embalagens, até o final de 2015. Essa deliberação, como consequência, auxilia na redução de resíduos sólidos secos em aterros sanitários. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos destaca que a implantação da coleta seletiva deve ocorrer em todos os municípios brasileiros, priori- zando-se inicialmente os de maior porte, ou aqueles que integram Regi- ões Metropolitanas, Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômi- co (RIDE) ou Aglomerações Urbanas (BRASIL, 2010b). No Plano, também é prevista a implantação da coleta seletiva de resíduos secos nos cin- turões verdes5. Vale lembrar que, de acordo com os dados da ABRELPE de 2012, 31,6% dos RSU coletados no Brasil compõem a fração seca. Entretanto, nem todos os resíduos secos descartados podem ser efetivamente re- ciclados, por uma série de fatores. Estima-se que um terço dos resíduos secos não seja passível de reciclagem, por conta de contaminação por outros materiais, deficiências na logística e ausência de plantas para sua transformação. 5.1.3 - REDUÇÃO DOS RESÍDUOS ÚMIDOS DISPOS- TOS EM ATERROS SANITÁRIOS A redução do percentual de resíduos úmidos dispostos em aterro sanitário diz respeito ao tratamento diferenciado da matéria orgânica. Pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos, tem-se que, para atendimento desta meta, deve-se introduzir a compostagem dos RSU e aproveitar os gases provenientes da digestão anaeróbia da fração orgânica e daque- les gerados em aterros sanitários. O desenvolvimento de outras tecno- logias visando à geração de energia a partir da parcela úmida de RSU também deve ser incentivado. O Planares propõe que, no total em todo o país, seja reduzido em 38% o percentual de resíduos úmidos dispostos em aterros sanitários até 2023 e em 53% até 2031, com base na caracterização nacional de 2013. Para cada região brasileira, as metas são diferentes, conforme observado no Quadro 31. Meta Região Plano de Metas 2015 2019 2023 2027 2031 Redução do percentual de resíduos úmidos dispostos em aterros, com base na caracterização nacional em 2013 Norte 10 20 30 40 50 Nordeste 15 20 30 40 50 Sul 30 40 50 55 60 Sudeste 25 35 45 50 55 Centro- Oeste 15 25 35 45 50 Brasil 19 28 38 46 53 QUADRO 31 - METAS DE REDUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ÚMIDOS DISPOSTOS EM ATERROS SANITÁRIOS (%) Fonte: BRASIL, 2012. No presente Estudo, considerou-se tanto a meta de redução geral de RSU úmidos dispostos em aterros sanitários, quanto a meta de redu- ção para cada região brasileira, individualmente. A partir dessas premissas, propomos que, para atingir a referida meta, deve ser ampliado e fortalecido o sistema de coleta seletiva da parcela orgânica, bem como serem instaladas usinas de compostagem, distribuídas pelo território brasileiro. 52 53 5.1.4 - RECUPERAÇÃO DE GASES DE ATERROS SANITÁRIOS O Planares prevê o aproveitamento energético do biogás gerado em aterros sanitários, além do gerado em biodigestores e em outras tecnolo- gias a serem desenvolvidas, as quais também visam à geração de energia a partir da parcela úmida de RSU coletados. O Plano prevê a disponibilização de recursos financeiros voltados para a realização de estudos de viabilidade técnica ambiental e econômi- ca de sistemas de captação de gases em aterros sanitários, existentes ou novos. O Planares propõe, no geral, em todo país, que sejam recuperados 150 MW até 2023 e 300 MW até 2031 (Quadro 32). Entretanto, sabe-se que esses valores podem ser maiores, dada a realidade brasileira. QUADRO 32 - METAS DE TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO DE GASES EM ATERROS SANITÁRIOS (MW) Fonte: BRASIL, 2012. Meta Plano de Metas Recuperação de gases de aterro sanitário (potencial total: 300MW) 2015 2019 2023 2027 2031 50 100 150 200 300 Estima-se que, atualmente, o país tenha capacidade de recuperar aproximadamente 0,009 MWh/ton/dia o que corresponde a um poten- cial de até 1.144 MWh até 2031. Esse potencial energético foi calculado a partir das premissas dispostas no Quadro 33. QUADRO 33 – PREMISSAS PARA ESTIMATIVA DE POTENCIAL ENERGÉTICO DE RECUPERAÇÃO DE GASES DE ATERRO SANITÁRIO Fonte: ABRELPE, 2015. Captação de Biogás Liberação de biogás 125 m3/ton resíduos Concentração metano 50% Poder calorífico do metano 8570 Kcal/m3 5.2 - METODOLOGIA PARA CÁLCULO DE CUSTOS Nesta Subseção, são esclarecidas as premissas e a metodologia uti- lizadas para os cálculos de determinação dos investimentos necessá- rios para a universalização do tratamento e disposição final de resíduos sólidos. 5.2.1 - CENÁRIOS Respeitando o proposto no Planares para os cálculos de investi- mentos necessários para tratamento dos resíduos sólidos, foram utili- zadas as informações de geração de resíduos sólidos contidos no Pa- norama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013 (ABRELPE, 2014). Também foi utilizada, no presente Estudo, a composição dos RSU gerados pelos brasileiros em 2012, de acordo com informações da ABRELPE (2013). Para identificar os objetivos de redução de resíduos encaminhados à destinação final e captação de gases de aterros sanitários foram utiliza- dos dois cenários futuros, determinados pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Um deles traz metas intermediárias e deverá ser alcançado até 2023. Já o cenário final considera as metas que deverão ser alcançadas até 2031, conforme explicitado anteriormente no Quadro 27. Com a finalidade de identificar os custos relacionados a um siste- ma que fosse tecnicamente disponível e economicamente viável para, minimamente, atender as metas contidas no Planares, o presente Es- tudo apresenta os valores de investimento e operação para as etapas estruturante e alternativas de destinação selecionadas para a realidade brasileira e identificadas no esquema abaixo (Quadro 34). 54 55 Resíduos Sólidos Urbanos Outros Resíduos SecosResíduos Úmidos Compostagem Pontos de Entrega Voluntária ReciclagemCentrais de Triagem Aterros Sanitários Recuperação de Gás Tratamento Térmico QUADRO 34 - ESQUEMA GERAL DOS SISTEMAS ESTRUTURANTES E DAS ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO DOS RSU Elaboração: GO Associados. Para fins do presente Estudo, considerou-se que, até 2023, 38% dos resíduos úmidos sejam encaminhados para a compostagem e que 34% dos resíduos secos sejam reciclados. Já para 2031, considerou-se que 53% dos resíduos úmidos gerados no país deverão ser destinados à com- postagem e que 45% dos resíduos secos, para a reciclagem (Quadro 35). Para ambos os cenários, os resíduos foram separados em duas fra- ções principais, obedecendo ao previsto no art. 9° do Decreto n° 7.404: secos e úmidos. Considerou-se, ainda, uma fração adicional (“outros”), na qual estão incluídos resíduos que, por diversas características, não são passíveis de recuperação e aproveitamento, devendo ser aterrados ou, caso apresentem valor calorífico, encaminhados para processos de recu- peração energética, quando existentes. Tendo em vista as reais perspectivas de avanços no tratamento e destinação de RSU, foi ainda desenvolvido um outro cenário, com a in- clusão de processos de recuperação energética dos resíduos, através da tecnologia de incineração. Considerou-se que esse tratamento poderia ser utilizado para os resíduos que originalmente seriam encaminhados diretamente para aterros sanitários. Como não há metas previstas para tratamento térmico com recuperação energética no Planares, foi esti- mado que, até 2031, 10% dos RSU serão encaminhados para plantas de recuperação energética. Esse valor equipara-se ao de outros países, tais como Estados Unidos, o qual apresenta vasta extensão territorial, semelhante à realidade brasileira. Para fins do Estudo, esse tratamentofoi considerado possível em municípios com geração de RSU superior a 500 ton/dia de resíduos sóli- dos considerados como “outros”. Isso porque as Usinas de Recuperação Energéticas (UREs) ainda não se mostram viáveis em menores escalas. O percentual de resíduos a ser encaminhado para cada tipo de destina- ção, considerando a recuperação energética por tratamento térmico, é apresentado no Quadro 36. 56 57 Resíduos Sólidos Urbanos2023 2031 Outros (17%) Resíduos Secos (31,6%) Reciclagem (34%) Aterro (100%) Aterro (66%) Resíduos Úmidos (51,4%) Compostagem (38%) Aterro (62%) Resíduos Sólidos Urbanos Outros (17%) Resíduos Secos (31,6%) Reciclagem (45%) Aterro (100%) Aterro (55%) Resíduos Úmidos (51,4%) Compostagem (53%) Aterro (47%) QUADRO 35 - DIAGRAMA DA DESTINAÇÃO DE RSU NO BRASIL, SEM TRATAMENTO TÉRMICO, PARA 2023 E 2031 Elaboração GO Associados. Resíduos Sólidos Urbanos2023 2031 Outros (17%) Resíduos Secos (31,6%) Reciclagem (34%) Aterro (90%) Tratamento Térmico (10%) Aterro (62%) Tratamento Térmico (4%) Resíduos Úmidos (51,4%) Compostagem (38%) Aterro (62%) Resíduos Sólidos Urbanos Outros (17%) Resíduos Secos (31,6%) Reciclagem (45%) Aterro (45%) Resíduos Úmidos (51,4%) Tratamento Térmico (10%) Tratamento Térmico (10%) Aterro (90%) Tratamento Térmico (10%) Compostagem (53%) Aterro (37%) Elaboração GO Associados. QUADRO 36 – DIAGRAMA DA DESTINAÇÃO DE RSU NO BRASIL, COM TRATAMENTO TÉRMICO PARA 2023 E 2031 58 59 5.2.2 - MICRORREGIÕES A PNRS estimula o planejamento intermunicipal ou microrregional para a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, o que é de extre- ma importância para sua efetividade, uma vez que muitos municípios, isoladamente, não apresentam condições que lhes permitam elaborar planos de gestão de resíduos completos, aplicáveis e sustentáveis. De fato, aproximadamente 95% dos municípios brasileiros têm po- pulação abaixo de 100 mil habitantes, de forma que o custo de instala- ção e operação de unidades municipais para a gestão adequada de resí- duos sólidos pode ser inviável para os municípios menores (OLIVEIRA & GALVÃO JUNIOR, 2014). A ineficiência na gestão, nesse sentido, decorre principalmente da falta de capacidade técnica, gerencial e financeira dos pequenos municípios. Assim, justifica-se o incentivo para a forma- ção de consórcios intermunicipais, visando ganhos de escala e escopo, além do intercâmbio de informações, beneficiando a gestão dos RSU. Dessa forma, para estimar os custos relacionados à gestão de resí- duos sólidos no país, considerou-se no presente Estudo a possibilidade de formação de consórcios entre municípios localizados próximos uns aos outros. Para isso, utilizou-se a premissa de que tais consórcios se- riam formados pelos municípios que compõem cada microrregião brasi- leira, de acordo com a classificação do IBGE. A população de cada microrregião foi calculada utilizando-se os da- dos populacionais do IBGE para o ano de 2010 e o crescimento proje- tado pelo órgão para os anos de 2012 e 2013, por unidade federativa, considerando-se uma taxa de crescimento populacional constante. 5.2.3 - INFLAÇÃO Visto que as informações disponíveis sobre custos de tecnologias apresentam, em sua maioria, alguma defasagem temporal, é provável que os valores não sejam mais os mesmos. Dessa forma, optou-se por fazer uso de um método de correção dos valores monetários defasados, utilizando o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA). Para efeito de metodologia, aplica-se a inflação de acordo com a fórmula: Os dados da inflação acumulada em cada ano, segundo cálculo da GO Associados, apontam que, para o ano de 2009, a inflação foi de 4,31%. Para 2010, esse número se modifica para 5,91% e em 2011, para 6,50%. Em 2012, houve um decréscimo neste número, que passou para 5,84%, voltando a subir em 2013, atingindo 5,91% e chegando a 6,41% em 2014, conforme é possível verificar no Quadro 37. QUADRO 37 – INFLAÇÃO REAL ANUAL Fonte: GO Associados. Ano Inflação Real 2009 4,31% 2010 5,91% 2011 6,50% 2012 5,80% 2013 5,91% 2014 6,41% 60 61 5.3 - LEVANTAMENTO DOS CUSTOS RELACIONADOS ÀS ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS Dentre as alternativas consideradas, o presente Estudo concluiu que, para o horizonte de tempo considerado, são mais adequados à realidade brasileira os que seguem: aterros sanitários, compostagem, reciclagem, recuperação energética por meio do tratamento térmico e da captação aproveitamento do gás de aterro. Acredita-se que esses tra- tamentos são os mais viáveis e com maiores chances de sucesso para a realidade brasileira A coleta seletiva é um pré-tratamento fundamental, uma vez que separa os tipos de resíduos, permitindo que cada um seja processado da maneira mais adequada. Este processo é essencial para o sucesso da reciclagem e da compostagem, tratamentos considerados no presente Estudo para a universalização da destinação adequada de resíduos só- lidos no país. Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, para se atingir as metas propostas pelo mesmo, é fundamental a busca por melhorias na segregação de RSU (BRASIL, 2012). Sem a separação dos resíduos por tipo de material no nível residencial, o tratamento de resíduos orgâni- cos por meio da compostagem não se mostra economicamente viável (CLIMATE WORKS FOUNDATION, 2014). A compostagem, apesar de incipiente no país, é um tipo de trata- mento que deve ser utilizado para resíduos orgânicos, os quais repre- sentam mais da metade do total de RSU gerado pelos brasileiros. O custo de reciclagem dos resíduos secos não foi considerado na presente estimativa, embora seja fundamental para a destinação ade- quada de uma parcela considerável dos resíduos. Isso porque a recicla- gem aproveita materiais já selecionados, que são encaminhados para um processo industrial de transformação, portanto, extrínseco ao fluxo dos resíduos. Para melhor aproveitamento daquilo que é descartado, sugere-se que a recuperação energética pelo tratamento térmico seja adotada em áreas de grande adensamento populacional (e elevada geração de resí- duos) que apresentem menor disponibilidade de terrenos para instala- ção de aterros sanitários, os quais demandam grandes áreas. Por exem- plo, grandes centros urbanos podem adotar usinas termoelétricas para tratar os resíduos, visando reduzir o custo de transporte dos RSU aos aterros sanitários e aumentando a vida útil dos já existentes (pois reduz o volume dos rejeitos descartados). Por fim, os aterros sanitários têm sido utilizados no Brasil como a forma mais econômica e ambientalmente segura para a disposição final de RSU (PARO et al., 2008). Considerou-se ainda que deva ser captado o biogás gerado nos aterros, que será aproveitado para a geração de energia. Os custos associados a cada uma das alternativas consideradas es- tão dispostos nas Subseções a seguir. Para cada um deles, foram uti- lizados dados do custo de capital (Capital Expenditure – CAPEX) e dos custos operacionais (Operational Expenditure – OPEX). 62 63 5.3.1 - CUSTO DOS SISTEMAS DE RECEPÇÃO E TRIAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS SECOS Para fins deste Estudo, não foram considerados os custos de logísti- ca da coleta seletiva, mas parte-se do princípio de que esta deve ocor- rer idealmente para, ao menos, três frações (secos, úmidos e outros). Dessa forma, maximiza-se o potencial de aproveitamento dos materiais submetidos aos processos de recuperação. Sabe-se que, para o alcance da meta de redução de RSU encami- nhados a aterros sanitários, serão necessários programas robustos de educação ambiental, além de forte conscientização da população, res- ponsável pela separação e disponibilização dos resíduos para trata-mentos adequados. Entretanto, pela falta de informação e pelo longo período necessário para assimilação da população sobre seus deveres nesse sentido, as estimativas de custo referentes a esses programas não foram incluídas na presente análise. Para calcular os investimentos necessários à redução de resíduos recicláveis secos dispostos em aterros, foi estimado o custo para uni- versalizaras estruturas de recepção e triagem. Para tanto, foram consi- derados investimentos para implantação de PEVs, para entrega de ma- teriais recicláveis e de Galpões de Triagem e Beneficiamento Primário (GTB) , para separação e armazenamento do material recebido (Quadro 38). Os custos associados à instalação de PEVs foram calculados com base no estudo do IBAM (2012), segundo o qual apresenta custos da ordem de R$ 80.000,00 para cada 100.000 habitantes. Tal valor foi atu- alizado pela inflação acumulada até 2015 e contempla apenas o custo de instalação, visto que o custo de manutenção é muito baixo. Além disso, foi considerado que a operação destes espaços se dá em apenas 6Locais destinados para recebimento de resíduos secos oriundos da coleta seletiva e dos PEVs. 5.3.2 - CUSTO COM COMPOSTAGEM seis dias por semana. Para efeitos de cálculos, a instalação dos PEVs foi calculada tendo por base um posto para cada 100.000 pessoas residen- tes em cada microrregião. Já os custos de instalação e operação de GTB, para diferentes faixas de população, foram baseados nos dados encontrados em estudo do BN- DES (2014; Quadro 39), atualizados pela inflação acumulada até 2015. Custos de instalação Faixa de População Valor (por unidade operacional) 100.000 R$ 80.000,00 Custos de instalação (R$/Ton) Faixa de População CAPEX OPEX De 30 mil a 100 mil R$ 71,50 R$ 794,70 De 100 mil a 2,5 milhões R$ 36,00 R$ 596,80 Acima de 2,5 milhões R$ 25,60 R$ 419,00 QUADRO 38 – CUSTOS DE INSTALAÇÃO DE PEV QUADRO 39 – CUSTOS DE INSTALAÇÃO (CAPEX) E OPERAÇÃO (OPEX) DE GALPÕES DE TRIAGEM E BENEFICIAMENTO PRIMÁRIO Fonte: IBAM, 2012. Fonte: IBAM, 2012. Os resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil apresentam alto per- centual de matéria orgânica. Entretanto a compostagem, um dos trata- mentos mais indicados para este tipo de resíduo, ainda é pouco prati- cada no país. A instalação de usinas de compostagem requer gestão técnica ro- busta, com monitoramento constante. É indicado instalar unidades de maior porte para atender a um conjunto de municípios (MMA, 2010), obtendo-se, desta forma, ganhos de escala. 64 65 Ressalta-se que, para o sucesso da compostagem, devam ser desen- volvidas, juntamente, ações para a comercialização e a utilização do com- posto resultante do processo. Este composto pode ser utilizado em pro- cessos de recomposição de áreas erodidas, na silvicultura, na jardinagem e até mesmo na produção de alimentos, como já acontece em muitos países. Na Europa, por exemplo, o composto é classificado de acordo com sua qualidade, podendo ou não ser considerado adequado para uso na agricultura. Municípios de pequeno porte devem considerar a implantação de unidades menores de compostagem, com sistema de reviramento ma- nual, implicando baixos custos de implantação e operação, conferindo viabilidade ao sistema. Em unidades com capacidade de processamento superiores a 0,5 t/dia, deve ser considerado o uso de equipamentos mais modernos e eficientes para processamento de grandes volumes de resí- duos (BNDES, 2014). A partir desses pressupostos, foram estimados os custos de instalação e operação de usinas de compostagem aeróbia para municípios de dife- rentes faixas populacionais (Quadro 40), utilizando como referência os valores estimados por estudo do BNDES (2014), atualizados pela inflação. Custos Compostagem (R$/ton) Faixa População CAPEX OPEX 30 a 250 mil R$ 3,00 R$ 90,00 250 a 1 milhão R$ 5,50 R$ 70,00 Mais de 1 milhão R$ 3,075 R$ 45,00 Fonte: BNDES, 2014. QUADRO 40 - CUSTOS DE INSTALAÇÃO (CAPEX) E OPERAÇÃO (OPEX) PARA UNIDADES DE COMPOSTAGEM 5.3.3 - CUSTO COM ATERROS SANITÁRIOS Partindo da premissa de que nenhum RSU pode ser disposto em li- xões ou aterros controlados, considerou-se que novos aterros sanitários devem ser construídos para receber os rejeitos gerados pela população e aqueles resultantes de outros tipos de tratamento de resíduos sólidos. Para estimar a quantidade demandada por novos aterros sanitários, partiu-se do total de resíduos gerados por cada microrregião e descon- tada a quantidade que, em 2013, já era enviada para aterros, segundo dados da ABRELPE. Utilizou-se, para cada microrregião, o coeficiente de resíduos destinados a aterros do estado a que ela pertence. Para a estimativa de custos, estabeleceu-se uma quantidade de- mandada por Aterro Sanitário em cada Microrregião. Essa quantidade demandada foi obtida por meio da fórmula: Em que: DAt representa a Demanda por Aterros Sanitários no ins- tante de tempo t, (2013); NAt é a Necessidade de Aterros Sanitários no instante t; e QAt é a Quantidade de Aterros Sanitários já existentes no instante t. Utilizou-se o DAt para que fosse projetado o tamanho do aterro ne- cessário a ser construído, alocado através da capacidade de tratamento de cada tipo de aterro. Os custos referentes à construção dos aterros nas microrregiões brasileiras foram baseados também no levantamento da ABETRE & FGV (2009), atualizados pela inflação. Os custos variaram de acordo com o porte do aterro a ser construído, determinado de acordo com a geração de resíduos sólidos de cada microrregião. 66 67 Para determinar os gastos relacionados à construção e à operação de aterros sanitários, foram considerados empreendimentos de três ta- manhos distintos: empreendimentos aptos a receber até 100 toneladas por dia de RSU; aptos a receber entre até 800 toneladas por dia e aptos a receber até 2.000 toneladas de RSU por dia. Os custos de construção e operação estão explicitados no Quadro 41. Porte Toneladas processadas/ dia CAPEX OPEX Total (milhões) Pequeno 100 R$ 6.976.285 R$ 45.468.163 R$ 52,4 Médio 800 R$ 30.049.713 R$ 206.485.324 R$ 236,5 Grande 2.000 R$ 64.300.115 R$ 461.494.052 R$ 525,8 QUADRO 41 – CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS Fonte: ABETRE & FGV, 2009. 5.3.4 - CUSTO COM RECUPERAÇÃO ENERGÉTICA A recuperação energética é hoje uma realidade e uma alternativa concreta para a destinação dos resíduos sólidos urbanos em várias loca- lidades. Entretanto, devido à necessidade de altos investimentos, muitas vezes o processo pode ser considerado de complexa viabilidade. Para estimar os custos associados à recuperação energética, foram considerados dois processos: i) a recuperação do biogás em aterros sa- nitários e ii) o tratamento térmico por incineração. Para a recuperação energética do biogás gerado nos aterros sanitá- rios (existentes e que serão construídos), foi considerada a instalação de motores recíprocos de combustão interna (CI). Segundo o Atlas Bra- sileiro de Emissões de GEE e Potencial Energético na Destinação de Re- síduos Sólidos (ABRELPE, 2013b), trata-se da tecnologia de conversão mais comumente utilizada nas aplicações de gás de aterro. Ainda se- gundo dados da ABRELPE, o custo de projetos de geração de eletricida- de a partir do gás de aterro com essa tecnologia é de R$ 3.300.000,00/ MW de instalação (CAPEX) e de R$70,00/MWh na operação (OPEX). Para o tratamento térmico por incineração, por sua vez, são conside- radas duas hipóteses de porte: uma para a qual se prevê a instalação de usinas com capacidade de processamento de 650 t/dia e potência ins- talada de 60MW de potência térmica por linha, o que corresponde a 15 MW elétricos; e outra para a qual se prevê uma unidade com capacidade de processamento de 1300 t/dia e potência instalada de 120MW de potência térmicapor linha, o que corresponde a 30 MW (BNDES, 2014; ABRELPE 2015). Com bases nessas premissas, foram considerados os seguintes custos de implantação de unidades de tratamento térmico, conforme mostra o Quadro 42. Capacidade máxima (t/dia) 650 1300 Custos Totais de Investimento por planta R$ 280.000.000,00 R$ 480.000.000,00 Custos Totais de Operação e Manutenção (R$/ano) R$ 23.000.000,00 R$ 40.330.000,00 Fonte: ABRELPE, 2015; BNDES, 2014. QUADRO 42 – CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE UNIDADES DE TRATAMENTO TÉRMICO. 68 69 5.4.1 - RESULTADOS PARA O CENÁRIO QUE DESCONSIDERA O TRATAMENTO TÉRMICO Segundo os dados levantados, das 76,4 milhões de toneladas de re- síduos sólidos urbanos gerados no ano de 2013 no Brasil, cerca de 24 milhões correspondem aos resíduos secos, 39 milhões aos resíduos úmi- dos, e quase 13 milhões de toneladas por outros tipos de materiais. Com base nessas quantidades, e obedecendo às metas preliminares do Planares (a serem cumpridas até 2023), estimou-se que, no cenário que desconsidera o tratamento térmico, seriam necessários, no mínimo, R$ 7,44 bilhões para implantação da infraestrutura adequada (ou seja, re- ferente ao CAPEX) para receber e tratar os resíduos gerados anualmente no país, até 2023. Para cumprir as metas finais de destinação de resídu- os sólidos, seriam necessários ao menos R$ 2,86 bilhões adicionais para implantação da infraestrutura adequada para receber e tratar os resíduos sólidos gerados no país, totalizando, até 2031, R$ 10,30 bilhões. Uma vez pronta a infraestrutura demandada para atendimento das metas previstas para 2023, seriam necessários R$ 11,49 bilhões ao ano para operação do sistema de gestão de resíduos sólidos (ou seja, referen- te ao OPEX). Já com a instalação da infraestrutura necessária para atendi- mento das metas finais, os custos operacionais passariam para R$ 14,32 bilhões, anualmente. Os desembolsos necessários para implantação e operação de cada tipo de tratamento de resíduos sólidos estão especifi- cados no Quadro 43. 5.4.2 - RESULTADOS PARA O CENÁRIO QUE CONSIDERA O TRATAMENTO TÉRMICO Ainda com base na quantidade de resíduos gerados em 2013, foi ela- borado cenário considerando-se a recuperação energética por meio de tratamento térmico. Atingindo-se as metas intermediárias brasileiras pro- postas no Planares (até 2023), haveria um acréscimo nos investimentos necessários (CAPEX) de R$ 235 milhões, para as usinas de tratamento tér- mico. Visando ao atendimento das metas finais propostas no Planares (até 2031), por outro lado, seriam necessários investimentos da ordem de R$ 1,17 bilhão em usinas de incineração. Nesse cenário, os custos de implantação de unidades de tratamento de resíduos sólidos seriam de R$ 7,66 bilhões, para cumprimento das me- tas parciais, com um acréscimo de R$ 3,97 bilhões para o cumprimento das metas finais totalizando, até 2031, R$ 11,6 bilhões. Os desembolsos anuais para operação do sistema seriam de R$ 12,21 bilhões, após o cum- primento das metas intermediárias, e de R$ 15,59 bilhões após o cumpri- mento das metas finais. Os investimentos necessários para implantação e operação de cada tipo de tratamento de resíduos sólidos estão especificados no Quadro 44. 2023 Sistema de Triagem Compostagem Aterros Sanitários Biogás Total CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* 0,66 7,52 0,17 2,49 2,11 0,71 4,50 0,76 7,44 11,49 2031 Sistema de Triagem Compostagem Aterros Sanitários Biogás Total CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* 0,15 10,18 0,07 2,79 - 0,71 2,64 0,64 2,86 14,32 QUADRO 43 – DISTRIBUIÇÃO DE INVESTIMENTOS ATÉ 2031, DESCONSIDERANDO O TRATAMENTO TÉRMICO (EM R$ BILHÕES) * por ano | Elaboração: GO Associados. 5.4 - RESULTADOS A presente Seção visa apresentar as estimativas de custos para univer- salização da destinação adequada de resíduos sólidos, conforme a meto- dologia apresentada nas seções anteriores. Nos Anexos, é possível observar o cronograma de dispêndio dos recursos financeiros referentes a CAPEX e OPEX até 2031 para ambos cenários: com e sem tratamento térmico. 70 71 2023 Sistema de Triagem Compostagem Aterros Sanitários Biogás Tratamento térmico Total CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* 0,66 8,22 0,17 2,49 2,11 0,71 4,48 0,76 0,24 0,02 7,66 12,2 2031 Sistema de Triagem Compostagem Aterros Sanitários Biogás Tratamento térmico Total CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* CAPEX OPEX* 0,15 10,65 0,07 3,47 - 0,71 2,58 0,63 1,17 0,12 3,97 15,59 QUADRO 44 – DISTRIBUIÇÃO DE INVESTIMENTOS ATÉ 2031, CONSIDERANDO O TRATAMENTO TÉRMICO (EM R$ BILHÕES) * por ano | Elaboração: GO Associados. 5.4.3 - RESULTADOS REGIONAIS Além das estimativas gerais para o país, foi feita a análise de custos envolvidos no processo de universalização de tratamento de resíduos sólidos para cada uma das cinco regiões brasileiras. As análises foram feitas para atingimento das metas intermediárias (até 2023) e finais (2031), num cenário que desconsidera o tratamento térmico, e outro que o considera. Optou-se por essa fórmula de análise, por dois motivos: • As metas (intermediárias e finais) para cada região são bastante dis- crepantes entre si, conforme observa-se no nos Quadros 30 e 31. • Pelas condições dos municípios de cada região (financeiras, de- senvolvimento do setor, população, PIB, entre outros), a necessida- de de investimento para atingir a meta é diferente em cada região. Para a região Norte, calculou-se a geração total de 5,5 milhões de toneladas de RSU por ano. Desse total, segundo as metas do Planares, dever-se-ia reduzir a disposição de 45% dos resíduos secos e 53% dos resíduos sólidos úmidos em aterros sanitários, até 2031 (15% e 30%, respectivamente, até 2023). Com base nessas premissas, tem-se que seria necessário R$ 1,09 bi- lhão de reais em investimentos para implantação da infraestrutura ade- quada para tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. Desse total, R$ 0,86 bilhão deveria ser aplicado até 2023, para cumprimento das metas intermediárias. Na região, a maior parte dos investimentos deve ser alocada para a construção de aterros sanitários e na recuperação energética do biogás captado. Nos estados do Norte não seria implantada nenhuma usina de tratamento térmico, pelo fato de que nenhuma microrregião produz a quantidade mínima de resíduos que torna esse tipo de tratamento viável. Para operação da nova estrutura de gestão de resíduos, seria neces- sário R$ 0,63 bilhão anualmente após o cumprimento das metas inter- mediárias previstas no Planares (atingidas até 2023), e R$ 0,72 bilhão a cada ano após o atingimento das metas finais (cumpridas até 2031). NORTE NORDESTE Para a região Nordeste, calculou-se a geração total de 19,5 milhões de toneladas de RSU por ano. Desses, segundo as metas do Planares, dever- -se-ia reduzir a disposição de 25% dos resíduos secos e 50% dos resídu- os sólidos úmidos em aterros sanitários, até 2031 (19% e 30%, respecti- vamente, até 2023). 72 73 Com base nessas premissas, tem-se que seriam necessários R$ 3,77 bilhões de reais em investimentos para implantação da infraestrutura adequada para tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. Desses, R$ 2,91 bilhões deveriam ser aplicados até 2023, para cumprimento das metas intermediárias. Na região, a maior parte dos investimentos deve ser alocada para a construção de aterros sanitários e na recuperação energética do biogás captado. Nos estados do Nordeste não seria implantada nenhuma usina de tratamento térmico, pelo fato de que nenhuma microrregião produz a quantidade mínima de resíduos que torna esse tipo de tratamento viável. Para operação da nova estrutura de gestãode resíduos, seriam neces- sários R$ 2,37 bilhões anualmente após o cumprimento das metas inter- mediárias previstas no Planares (atingidas até 2023) e R$ 2,73 bilhões por ano após o atingimento das metas finais (atingidas até 2031). SUL Para a região Sul, calculou-se a produção total de 8 milhões de tone- ladas de RSU por ano. Desses, segundo as metas de redução do Planares, dever-se-ia reduzir a disposição de 60% dos resíduos secos e 60% dos resíduos sólidos úmidos em aterros sanitários, até 2031 (53% e 50%, res- pectivamente, até 2023). Com base nessas premissas, tem-se que seria necessário R$ 0,77 bi- lhão de reais em investimentos para implantação da infraestrutura ade- quada para tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. Desse total, 0,52 bilhão deveria ser aplicado até 2023, para cumprimento das metas intermediárias. Na região, caso sejam respeitadas as metas de redução de resíduos destinados aos aterros sanitários, ou seja, parte dos resíduos secos seja reciclada e parte dos resíduos úmidos, compostada, não haverá a necessi- dade de construção de novos aterros sanitários, para atender à demanda resultante da desativação de aterros controlados e lixões. Nos estados do Sul do país, também não seria implantada nenhuma usina de tratamento térmico, pelo fato de que nenhuma microrregião produz a quantidade mí- nima de resíduos que torna esse tipo de tratamento viável. Para operação da nova estrutura de gestão de resíduos, seria necessá- rio RS 1,70 bilhão anualmente após o cumprimento das metas intermedi- árias previstas no Planares (atingidas até 2023), e R$ 1,88 bilhão por ano após o atingimento das metas finais (atingidas até 2031). SUDESTE Para a região Sudeste, calculou-se a produção total de 37,3 milhões de toneladas de RSU por ano. Desses, segundo as metas de redução do Planares, dever-se-ia reduzir a disposição de 50% dos resíduos secos e 55% dos resíduos sólidos úmidos em aterros sanitários, até 2031 (42% e 45%, respectivamente, até 2023). Com base nessas premissas, tem-se que seriam necessários R$ 5,62 bilhões de reais em investimentos para implantação da infraestrutura adequada para tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. Des- ses, R$ 2,83 bilhões deveriam ser aplicados até 2023, para cumprimen- to das metas intermediárias. Na região, a maior parte dos custos previstos seria aplicada nos tra- tamentos com recuperação energética, ou seja, na captação de biogás em aterro sanitário e no tratamento térmico. Vale destacar que os úni- cos dois municípios brasileiros em que seria viável a instalação de usi- nas de tratamento térmico, São Paulo e Rio de Janeiro, estão no Sudeste. Para operação da nova estrutura de gestão de resíduos, seriam ne- cessários R$ 6,59 bilhões anualmente após o cumprimento das metas intermediárias previstas no Planares (atingidas até 2023), e R$ 7,58 bi- lhões por ano após o atingimento das metas finais (atingidas até 2031). 74 75 CENTRO-OESTE Por fim, para a região Centro-Oeste, calculou-se uma produção total de 6,07 milhões de toneladas de RSU por ano. Desses, segundo as metas de redução do Planares, dever-se-ia reduzir a disposição de 25% dos resí- duos secos e 50% dos resíduos sólidos úmidos em aterros sanitários, até 2031 (18% e 35%, respectivamente, até 2023). Com base nessas premissas, tem-se que seria necessário R$ 1,17 bi- lhão em investimentos para implantação da infraestrutura adequada para tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. Desse total, R$ 0,91 bilhão deveria ser investido até 2023 para cumprimento das metas inter- mediárias. Na região Centro-Oeste, assim como nas regiões Norte e Nordeste, a maior parte dos investimentos deveria ser alocada para a construção de aterros sanitários e na recuperação energética do biogás captado. No Centro Oeste não seria implantada nenhuma usina de tratamento térmico, pelo fato de que nenhuma microrregião produz a quantidade mínima de resíduos que torna esse tipo de tratamento viável. Para operação da nova estrutura de gestão de resíduos, seria necessá- rio R$ 0,74 bilhão anualmente após o cumprimento das metas intermedi- árias previstas no Planares (atingidas até 2023), e R$ 0,87 bilhão por ano após o atingimento das metas finais (atingidas até 2031). SINTESE COMPARATIVA DAS REGIÕES Os investimentos necessários para cada região brasileira estão dispos- tos no Quadro 45. Note-se que a soma dos investimentos necessários para todas as regiões é superior ao total previsto para o Brasil, obtido a partir das metas nacionais do Planares. Isso decorre do fato de as metas nacionais do Planares não terem sido calculadas através da média ponderada das metas regionais pela quantidade de resíduos sólidos gerada em cada região. NORTE NORDESTE SUL SUDESTE CENTRO-OESTE Com tratamento térmico 1,091 3,770 0,771 5,618 1,158 Sem tratamento térmico 1,091 3,770 0,771 5,226 1,158 QUADRO 45 – INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA (CAPEX) NECESSÁRIOS PARA CADA REGIÃO DO BRASIL (EM R$ BILHÕES) QUADRO 46 – DISTRIBUIÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM RESÍDUOS SÓLIDOS POR REGIÃO Elaboração: GO Associados. Elaboração: GO Associados. A partir dos custos estimados por região brasileira, tem-se que a dis- tribuição dos investimentos necessários varia pelo país. A participação dos investimentos regionais no total nacional é mostrada no Quadro 46. Nota-se que as regiões Sudeste e Nordeste são aquelas que neces- sitam de mais investimentos. Uma possível explicação para esse fato é a alta densidade demográfica e consequente alta geração de resíduos em ambas as regiões. Sudeste Nordeste Centro-Oeste Norte Sul 30% 45% 9% 9% 7% 76 77 Uma análise comparando PIB per capita estadual e os investimen- tos per capita necessários para adequação da destinação de resíduos (Quadro 47) demonstra a baixa correlação entre riqueza da população e valor necessário para adequar os serviços de destinação. No Brasil, há locais mais bem favorecidos economicamente, mas que apresentam o setor de resíduos sólidos pouco desenvolvido, ao mesmo tempo em que há locais com PIB mais baixo, mas que não necessitam de investi- mentos tão elevados no setor. R$ 60.000,00 R$ 50.000,00 R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 R$ 20.000,00 R$ 10.000,00 Investimento per capita R$ - R$ 70.000,00 R$ 20,00 R$ 30,00 R$ 40,00 R$ 50,00 R$ 60,00 R$ 70,00 R$ 80,00 R$ 90,00 R$ 100,00 QUADRO 47 - RELAÇÃO ENTRE PIB PER CAPITA E INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS PARA ADEQUAÇÃO DA DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NAS UNIDADES FEDERATIVAS Fonte: GO Associados; IBGE, 2010. Elaboração GO Associados. Como se observa no Quadro 47, no canto superior direito do gráfico está o Distrito Federal, o qual, apesar de possuir PIB per capita elevado, apresenta o setor de resíduos sólidos bastante atrasado, devendo in- vestir altos valores para atingir a adequação. Em Brasília, ainda não foi elaborado o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) e o principal destino dos RSU continua sendo um lixão. No canto inferior direito, temos estados que apresentam baixo PIB per capita, mas que necessitam de altos investimentos para adequar os serviços de destinação de resíduos sólidos. Nesses estados, é indispen- sável a formação de consórcios ou agrupamentos entre os municípios, para reduzir os custos e aumentar a eficiência dos sistemas de trata- mento de resíduos sólidos. Um exemplo de estado nessa situação é Alagoas, que apesar de apresentar um dos mais baixos índices de geração de resíduos sólidos por habitante, ainda utiliza lixões como a principal destinação final de resíduos sólidos. No Estado, findo o prazo da PNRS para eliminação de lixões apenas a capital, Maceió, cumpriu a lei. No canto inferior à esquerda, encontram-se os estados que apre- sentam baixo PIB per capita,mas, por outro lado, necessitam de me- nores investimentos no setor de resíduos sólidos. Muitos dos estados localizados neste quadrante do gráfico apresentam baixa população estadual, menor urbanização e, consequentemente, menor geração de resíduos sólidos, havendo menor necessidade de investimentos. Por fim, o canto superior à esquerda inclui os estados que apresen- tam maior PIB per capita e menor necessidade de investimentos. São aqueles que apresentam situação mais favorável. Entretanto, vale des- tacar que há ainda muito que ser feito e que os esforços não devem parar; afinal, a tendência ainda é de aumento da geração de resíduos em todo o país. Os estados da Região Sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Gran- de do Sul) são os que mais se aproximam dessa condição. Nesses esta- dos, mais de 70% dos resíduos sólidos já são encaminhados para ater- ros sanitários, sendo necessário principalmente o incremento de outros tipos de tratamento de resíduos sólidos, visando à redução de RSU des- tinados à disposição final ambientalmente adequada. 78 79 6 - CONCLUSÕES A gestão de resíduos sólidos no Brasil é heterogênea, devendo ha- ver uma expansão do atendimento dos serviços de manejo, para que se atinjam de maneira uniforme as diversas regiões brasileiras. Além disso, com o ritmo atual de investimentos no Brasil, a universalização da des- tinação adequada de resíduos é algo muito distante. A PNRS surgiu como um marco regulatório para o setor no país, mas, com base no grande volume de investimentos necessários, observa-se que ainda devem ser somados muitos esforços para garantir seu suces- so. A partir dos dados apresentados, conclui-se que ainda são necessá- rios grandes investimentos para se atingir a universalização da destina- ção adequada dos resíduos sólidos no Brasil, nos próximos anos. Con- siderando que essa adequação deve ser atingida até 2031, estimou-se a necessidade de um investimento anual médio de cerca de R$ 700 milhões para sistemas de gestão dos resíduos sólidos, atendendo ao previsto no Planares. Os custos de operação do sistema de destinação de resíduos só- lidos apresentados no presente Estudo desconsideram a coleta porta a porta, cujo serviço regular já se encontra praticamente universaliza- do no país, bem como da logística reversa, da instalação e operação de centrais mecanizadas de triagem e do uso de unidades de digestão anaeróbia. Assim, ressalta-se que os valores encontrados no presente Estudo são os mínimos necessários para adequação da destinação dos resíduos sólidos no país, podendo aumentar se outros sistemas estrutu- rantes ou formas de tratamentos dos RSU entrarem no cálculo. O Brasil é um país que investe pouco em infraestrutura e sanea- mento. Segundo dados da GO Associados, o país investiu nos últimos 20 anos, em média, 2,2% de seu PIB ao ano. Esse valor é inferior ao investido por diversos países em desenvolvimento, como Índia e China. É também inferior ao da média mundial de investimentos no setor, que é de 3,8% do PIB das nações ao ano. Assim, deve-se quebrar um paradigma de baixo investimento nacio- nal em infraestrutura (e principalmente em saneamento) e realizar altos esforços em conscientização e mudança cultural. Os investimentos fi- nanceiros necessários são robustos, mas, conforme apresentado no pre- sente Estudo, os custos para implantação da infraestrutura necessária para a universalização dos serviços relacionados ao gerenciamento de resíduos sólidos representam menos do que a média mundial de inves- timentos em infraestrutura e saneamento. Os altos custos também são amenizados pela possibilidade de re- sultarem em grande retorno, caso sejam consideradas as receitas ge- radas de diversas formas, a partir dos tratamentos de resíduos sólidos. Gera-se receita através da comercialização de materiais recicláveis, dos fertilizantes provenientes do processo de compostagem, da energia no processo de tratamento térmico e de captação do biogás em aterros sanitários. Além disso, uma gestão eficiente de resíduos sólidos é capaz de criar um grande número de empregos e, portanto, retirar trabalha- dores da informalidade, gerando ganhos econômicos para a sociedade. Vale ainda considerar as externalidades positivas relacionadas aos investimentos na destinação correta dos resíduos sólidos. Além de uma possível e importante redução nos gastos com saúde, advindos da me- lhoria das condições ambientais, há a preservação de recursos naturais que seriam extraídos/explorados pela demanda industrial e energética, geração de empregos e inclusão social, bem como a redução das emis- sões de metano, um gás de efeito estufa (GEE). 80 81 Para fins de estimação de custos, considerou-se a implantação de unidades de recuperação energética em municípios com produção diá- ria suficiente para destinar, após a aplicação dos processos anteriores, a quantidade mínima de 500 toneladas por dia de resíduos sólidos con- siderados como “outros”. Dessa forma, determinou-se que atualmente apenas os maiores centros urbanos do país, como São Paulo e Rio de Ja- neiro, estão aptos a receber esse tipo de tratamento de RSU. que, apesar de bastante criticado, traz diversas vantagens ao sistema. Os cenários que consideram o uso de tratamento térmico apresen- tam valores de investimentos mais elevados, o que, no entanto, é com- pensado pelo fato de gerar menor quantidade de rejeitos, aumentando a vida útil dos aterros sanitários, considerados como a forma ambien- talmente adequada de disposição final dos resíduos sólidos. Adicional- mente, a comercialização da energia elétrica e térmica pode ser uma fonte de receita acessória que auxiliará na mitigação dos custos com investimento e operação da planta. No caso da disposição final em aterros sanitários, pode haver retor- no do capital aplicado por meio da comercialização de energia gerada pelo biogás captado, assim como se pode considerar também a nego- ciação de créditos de carbono, apesar de atualmente este possuir baixo valor de mercado. Os investimentos necessários para o tratamento de resíduos só- lidos também serão gradativamente reduzidos à medida que houver uma diminuição da geração desses, conforme preconizado pela PNRS. Segundo estimativa da ABRELPE, baseada na experiência com outros países, estima-se que serão necessários de 15 a 20 anos para reduzir significativamente a geração dos resíduos sólidos no Brasil. A logística reversa, que não teve seus custos e receitas considera- dos no levantamento de investimentos deste Estudo, também é essen- cial para reduzir a quantidade de resíduos sólidos que dependem do sistema público de coleta e destinação final. Os resíduos que devem ter a logística reversa obrigatoriamente implantada comporão cadeias independentes, de responsabilidade de empresas particulares, o que significa que não farão parte do sistema público de limpeza. Contribuirão também para a otimização dos investimentos necessá- rios, a formação de consórcios intermunicipais e de parcerias público- -privadas (PPPs). O primeiro elevaria os ganhos de escala e propiciaria o atendimento às metas propostas com maior facilidade, principalmente no que se refere à erradicação de lixões e à disposição final ambiental- mente adequada. O segundo permitiria a participação de entes priva- dos, que apresentam interesse e capacidade de investir no setor, po- dendo otimizar os investimentos necessários em projetos com maior eficiência e assim acelerar a adequação da situação de RSU ao estabe- lecido pela PNRS. Percebe-se, através dos dados levantados neste Estudo que há espaço para aumentar a participação privada no desenvolvimento do setor. Desta forma, instrumentos contratuais entre o Poder Público e o Poder Privado serão de grande valia para o incremento dos investimen- tos, de forma que possam ser realizados de modo mais rápido(exclusos processos burocráticos), contribuindo para o ganho de bem estar social e principalmente de proteção do meio ambiente e da saúde pública. O nível de desenvolvimento no setor de resíduos sólidos, assim como os investimentos necessários para universalizar os serviços, varia conforme cada unidade federativa. Ao mesmo tempo em que há locais com alto PIB per capita, mas que precisam de muito investimento, há lo- cais menos favorecidos economicamente, mas que apresentam melhor desempenho no setor. Assim, as medidas que visam à universalização do tratamento de resíduos sólidos devem sempre levar em considera- ção a realidade de cada região. 82 83 ARCADIS. Estudo sobre o potencial de geração de energia a partir de Resíduos de Saneamento (lixo, esgoto), visando incrementar o uso do biogás como fonte alternativa de energia renovável, Resumo Executivo, 56p. Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 2010. BESEN, G. R. Programas municipais de coleta seletiva em parceria com organizações de catadores na Região Metropolitana de São Pau- lo: desafios e perspectivas. Dissertação apresentada no programa de pós-graduação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo para obtenção de título de Mestre. São Paulo, 2006. BESEN, G. R; GÜNTHER, W. M. R.; RODRIGUEZ, A. C.; BRASIL, A. L. Re- síduos sólidos: vulnerabilidades e perspectivas. In: SALDIVA P. et al. Meio Ambiente e Saúde: o desafio das metrópoles. São Paulo: Ex Libris, 2010. BESEN, G. R. A questão da coleta seletiva formal. In: JARDIM, Arnal- do; YOSHIDA, Consuelo; FILHO, José Valverde Machado. 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XIII Simpósio de Engenharia de Produção - SIMPEP, Bauru, SP. 2006. 90 91 (2015-2018) Alberto Bianchini Antônio Dias Felipe Edison Gabriel da Silva Ivan Valente Benevides José Carlos Ventri José Eduardo Sampaio Nesterson da Silva Gomes Oswaldo Darcy Aldrighi Ricardo Gonçalves Valente Savio Rubens de Souza Andrade Walmir Beneditti Diretor Presidente Carlos Roberto Vieira da Silva Filho Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento em Resíduos Gabriela Gomes Prol Otero Sartini Departamento Administrativo- Financeiro e de Resíduos Especiais Odair Luiz Segantini Departamento Jurídico Gabriel Gil Bras Maria Departamento de Comunicação Ana Lucia Montoro Departamento Administrativo Maria Cristina Soares dos Santos Diagramação Thiago Ferreira Mullon Planchart A ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais é uma associação civil sem fins lucrativos, que congre- ga e representa as empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. O seu objetivo fundamental é a promoção do desenvolvimento técnico-operacional do setor representado, dentro dos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento susten- tável. Desde a sua fundação, em 1976, a ABRELPE colabora efetivamente com os setores público e privado, promovendo a permanente troca de informações, estudos e experiências destinadas ao desenvolvimento do setor. Além de representar e defender seus associados, a ABRELPE tam- bém incentiva a sociedade na busca por soluções para a correta gestão dos resíduos sólidos. No contexto internacional, a ABRELPE é a representante da ISWA – In- ternational Solid Waste Association, no Brasil. A ISWA é a principal entida- de mundial dedicada às questões relacionadas aos resíduos sólidos. Em 2011, a ABRELPE passou a sediar a secretaria sub-regional da América do Sul da Parceria Internacional para Expansão de Serviços de Gestão de Re- síduos para Autoridades Locais (IPLA), um programa mantido pelo Centro das Nações Unidas para Desenvolvimento Regional (UNCRD). Aborgama do Brasil Ltda. Ambiental Limpeza Urbana e Saneamento Ltda. Boa Hora Central de Tratamento de Resíduos Ltda. Centro de Gerenciamento de Residuais Cuiabá Ltda. Clean Gestão Ambiental Ltda. Consórcio Renova Ambiental Constroeste Construções e Participações Ltda. Construtora Marquise SA Contemar Ambiental Comércio de Container Ltda. Corpus Saneamento e Obras Ltda. DELC Ambiental Ltda. Ecopav Construção e Pavimentação Ltda. Embralixo Emp. Brag. de Var. e Col. de Lixo Ltda. EPPO Saneamento Ambiental e Obras Ltda. Eppolix Tratamento de Resíduos Especiais Ltda. Forty Construções e Engenharia Ltda. Foxx Soluções Ambientais Ltda. Jotagê Engenharia, Comércio e Incorporações Ltda. Limpatech Serviços e Construções Ltda. Litucera Limpeza e Engenharia Ltda. Locar Saneamento Ambiental Ltda. Locavargem Ltda. MB Engenharia e Meio Ambiente Ltda. Mosca Grupo Nacional de Serviços Ltda. OT Ambiental Construções e Serviços LTDA. Pioneira Saneamento e Limpeza Urbana Ltda. Quitaúna Serviços Ltda. Sanepav Engenharia e Saneamento e Pav. Ltda. Seleta Meio Ambiente Ltda. Sellix Ambiental e Construção Ltda. Serquip Serviços, Construções e Equipamentos MG Ltda. Serrana Engenharia Ltda. Silcon Ambiental Ltda. Stericycle Gestão Ambiental Ltda. TB Serviços, Transporte, Limpeza, Gerenciamento e Rec. Humanos Ltda. Tecipar - Engenharia e Meio Ambiente Ltda. Terraplena Ltda. Torre Empreendimentos Ltda. Trail Infraestrutura Ltda. Transresíduos Transportes de Resíduos Industriais. Vega Engenharia Ambiental S/A Viasolo Engenharia Ambiental S/A Vital Engenharia Ambiental S/A CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO EQUIPE ABRELPE MEMBROS ABRELPE 94 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS Av. Paulista, 807 - 2o Andar - Cj. 2017 - 01311-915 - São Paulo/SP Telefone: 55 11 3297-5898 abrelpe@abrelpe.org.br www.abrelpe.org.br