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Papilomavírus e Molusco Contagioso Introdução Família: Papovaviridae Foram descritos mais de 100 tipos de HPV. A classificação é feita com base na homologia do DNA – genótipos. Para ser classificado uma nova amostra, esta deve apresentar 50% de diferenças genéticas com as amostras já descritas. Doenças O papilomavírus humano (HPV) causa papilomas, que são tumores benignos de células escamosas, por exemplo, verrugas na pele. Alguns tipos de HPV, especialmente os tipos 16 e 18, causam carcinoma do cérvix e do pênis. Propriedades importantes 1. Vírus não envelopados 2. DNA de Fita dupla circular e nucleocapsídeo icosaédrico. 3. Tipos: 16 e 18: são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo de útero 6 e 11: são responsáveis por 90% dos casos de verrugas genitais em homens e mulheres 4. Dois dos genes precoces, E6 e E7, estão implicados na carcinogênese. . Eles codificam proteínas que inativam as proteínas codificadas pelos genes supressores de tumores em células humanas, por exemplo, o gene p53 e o gene do retinoblastoma (RB), respectivamente. A inativação das proteínas p53 e RB é uma importante etapa do processo pelo qual uma célula normal se torna uma célula cancerosa. Há pelos menos 100 tipos de papilomavírus, classificados principalmente por meio da análise de fragmentos de restrição de DNA. Há uma acentuada predileção de certos Tipos infectarem determinados tecidos. Por exemplo, verrugas cutâneas são causadas principalmente por HPV-1 a HPV-4, enquanto as verrugas genitais são geralmente causadas por HPV-6 e HPV-11. Aproximadamente 30 tipos de HPV infectam o trato genital. Resumo do ciclo replicativo Pouco se conhece sobre os aspectos específicos da replicação viral, uma vez que o vírus exibe pouco ou nenhum crescimento em culturas celulares. Em tecido humano, partículas virais infecciosas são encontradas em células escamosas já diferenciadas em vez das células basais. Em células malignas, o DNA viral é integrado ao DNA da célula hospedeira nas adjacências de proto-oncogenes celulares, e E6 e E7 são superexpressos. Entretanto, em células não malignas com infecção latente, o DNA viral é episomal, e E6 e E7 não são superexpressos. Essa diferença ocorre porque outro gene precoce, E2, controla a expressão de E6 e E7. O gene E2 é funcional quando o DNA viral é episomal, mas inativado quando o DNA viral é integrado. Papilomavírus e Molusco Contagioso Infecção O epitélio escamoso atua como uma “pele” protetora para impedir patógenos de infectarem o tecido subjacente. Apesar do colo não ser um tecido exposto externamente, está sujeito ao ambiente externo, especialmente durante o ato sexual. O HPV é capaz de atravessar as camadas protetoras do epitélio escamoso através de abrasões epiteliais para iniciar seu ciclo infeccioso Integração do HPV ao genoma do hospedeiro Há dois resultados principais da integração do DNA viral ao genoma do hospedeiro que podem eventualmente gerar formação de tumor. 1. Bloqueio da via de apoptose da célula 2. Bloqueio da síntese de proteínas reguladoras levando a mitoses descontroladas Há dois genes integrantes do genoma do HPV que exercem papéis centrais na formação de tumor, E6, que inibe a ação da p53 e E7, que inibe a ação da proteína do retinoblastoma (Rb). Na fisiologia normal, p53 and Rb estão envolvidos na regulação de células com DNA danificado/mutado. O gene da p53 codifica uma proteína que é vital na nossa proteção de células com DNA danificado. Em condições adequadas, a proteína p53 liga-se ao DNA danificado e torna-se ativa. A ativação da p53 leva à atração de outras proteínas, que finalmente leva à apoptose (morte celular programada) da célula que tem DNA danificado. Quando a proteína E6 do HPV liga-se à proteína p53 do hospedeiro, ela gera uma alteração estrutural e a variante da p53 não é mais capaz de ligar-se ao DNA danificado. Como consequência disto, a cascata de apoptose envolvendo p21 torna-se indisponível para agir como o “sinal de pare” na mitose e a célula mutada são capazes de dividir-se incontrolavelmente. O gene Rb codifica uma proteína que restringe a habilidade da célula de replicar-se: a Rb previne inibindo a progressão da fase de intervalo para a fase de síntese do ciclo mitótico em G1. Simplificadamente, quando a proteína E7 liga-se a proteína Rb e a degrada, ela não é mais funcional e a proliferação celular segue não verificada. Papilomavírus e Molusco Contagioso Transmissão e epidemiologia 1. Contato Através do contato direto das lesões ou fômites com abrasões na pele, relação sexual e durante o parto. Papilomavírus são transmitidos principalmente pelo contato entre peles e por contato genital. Verrugas genitais estão dentre as doenças sexualmente transmitidas mais comuns. Verrugas cutâneas são mais comuns em crianças e adultos jovens, e tendem a regredir em adultos mais idosos. O HPV transmitido da mãe infectada ao neonato durante o nascimento causa verrugas na boca e no trato respiratório da criança, especialmente na laringe. Várias espécies de animais são infectadas por seus próprios tipos de papilomavírus; porém, esses vírus não são uma fonte importante de infecção humana. 2. Entrada Através da ligação de proteínas virais presentes no cápside com receptores presentes nas células do epitélio escamoso queratinizado da pele ou não queratinizado da mucosa oral, genital, TRS, conjuntiva e reto. 3. Disseminação Continuidade direta Patogênese e imunidade 1. Resumo O vírus infecta a camada de células basais da pele ou mucosa, a incorporação do material genético do vírus ao genoma celular induz a proliferação celular, resultando num hiperplasia. O retorno ao ciclo celular e inserção de DNA viral pode levar a instabilidade genética, resultando em transformação celular maligna. Os papilomavírus infectam células epiteliais escamosas e induzem a formação de um vacúolo citoplasmático característico no interior dessas células. As células vacuoladas, denominadas cilócitos, são a característica da infecção. A maioria das verrugas é benigna e não progride para a malignidade. Contudo, a infecção por HPV está associada ao carcinoma de cérvix uterino e do pênis. As proteínas codificadas pelos genes virais E6 e E7 interferem na atividade inibitória de crescimento das proteínas codificadas pelos genes supressores de tumores p53 e RB e, portanto, contribuem para a oncogênese por esses vírus. As proteínas E6 e E7 de HPV tipo 16 ligam-se mais fortemente às proteínas p53 e RB que as proteínas E6 e E7 de HPV dos tipos não implicados em carcinomas, o que explica por que o tipo 16 causa carcinomas com maior frequência do que os outros tipos. A imunidade mediada por células e os anticorpos são induzidos pela infecção viral e estão envolvidos na regressão espontânea das verrugas. Pacientes imunossuprimidos, por exemplo, pacientes com AIDS, exibem verrugas mais extensas, e mulheres infectadas por HIV exibem uma taxa muito alta de carcinoma de cérvix. Achados clínicos Papilomas em vários órgãos é o achado predominante. São causados por tipos específicos de HPV. Os papilomas são agentes etiológicos das verrugas. 1. Verrugas Cutâneas Comuns: localizadas em regiões proeminentes do corpo, geralmente são múltiplas bem delimitadas, com superfície rugosa e hiperqueratinizada. (HPV-2 e HPV- 4) 2. Papiloma na Conjuntiva e no canal auditivo 3. Papiloma no TGI 4. Verrugas anogenitais (condilomas acuminados) As infecções genitais pode permanecer latente ou manifestar como verrugas ou condilomas na vulva, meato uretral, colo uterino, períneo, ânus, vagina e pênis. São causadas principalmente por HPV-6 e HPV-11. HPV-6 eHPV-11 também causam papilomas no trato respiratório, especialmente papilomas de laringe, em crianças pequenas. I. Papimolatose Respiratória: as lesões começam na laringe podendo se estender para outras regiões do TRS. O crescimento da verruga pode obstruir a laringe. 5. O carcinoma de cérvix uterino, pênis e ânus, bem como as lesões pré-malignas denominadas neoplasias intraepiteliais, estão associados à infecção por HPV-16 e HPV-17. Lesões pré-malignas ocultas no cérvix e pênis podem ser reveladas pela aplicação de ácido acético no tecido. Papilomavírus e Molusco Contagioso Diagnóstico 1. Clínico: baseado na desidratação das verrugas. 2. Laboratorial Em geral, as infecções são diagnosticadas clinicamente. A presença de cilócitos nas lesões indica infecção por HPV. Citopatologia Colposcopia Histopatologia I. NIC-1 / LSIL (6 e 11) II. NIC-2 III. NIC-3/ HSIL (Neoplasia Intraepitelial Cervical) Imuno-histoquimica Detecção do gene viral Testes de hibridização de DNA: para detectar a presença de DNA viral encontram-se comercialmente disponíveis. Não são utilizados testes diagnósticos baseados na detecção de anticorpos no soro do paciente, ou no isolamento do vírus a partir de um tecido seu. Tratamento Remoção das verrugas através de agentes físicos e químicos. Nos casos de carcinoma cervical, remoção cirúrgica acompanhado de quimioterapia ou radioterapia. 1. O tratamento comum para as verrugas genitais consiste em podofilina; alfa interferon é também efetivo e previne melhor as recorrências do que os tratamentos não antivirais. 2. O nitrogênio líquido é comumente utilizado em verrugas na pele. 3. Verrugas plantares podem ser removidas cirurgicamente ou tratadas com uso tópico de ácido salicílico. 4. Cidofovir pode ser útil no tratamento de infecções severas por HPV. Papilomavírus e Molusco Contagioso Prevenção 1. Bival: 3 doses – eficácia para período de proteção foi de 8,4 e de proteção pra lesão 2. Bival: 1 ou 2 doses – eficácia para período de proteção foi de 4,2 anos e de proteção foi Vacina específica (Bi ou Tetravalente) ou BCG para estimular a resposta imune celular. Uso de preservativos durante a relação sexual. Uma vacina contra quatro tipos de HPV foi aprovada pelo FDA em 2006. A vacina, denominada Gardasil, contém as proteínas capsidiais dos tipos 6 e 11, responsáveis por verrugas genitais, e tipos 16 e 18, as duas causas mais comuns de carcinoma cervical. Seu uso é aprovado em mulheres com idades entre 9 e 26 anos. O papel da cesariana na prevenção da transmissão de HPV da mãe com verrugas genitais a seu recém-nascido é incerto. Perspectivas de novas vacinas 1. Vacina de L2 – baixa imunogenicidade. 2. Vacina nove valente (6,11,16,18,31,33,45,52,58) – 90% de proteção contra HPV 3. Vacina Terapêutica (E6 e E7) – sem sucesso até o momento Molusco Contagioso O vírus do molusco contagioso (MCV) é membro da família dos poxvírus, embora seja bastante distinto dos vírus da varíola e da vacínia. O vírus do molusco contagioso apresenta 4 subtipos, sendo o subtip 1 o mais prevalente e o subtipo 2 o mais frequente em adultos, e na maioria das vezes, de transmissão sexual. Manifestações Clínicas 1. Forma da lesão: Características clínicas: pequenas pápulas brilhosas, translúcidas e indolores, medindo em média 5 mm. Pode haver lesões maiores, elas apresentam umbilização central. Sinal de Koebner: As pápulas podem surgir em formas de linhas (surgimento de lesões seguindo áreas de trauma, provavelmente de coçadura, provocam surgimento de lesões lineares) principalmente onde a pessoa coçou (as lesões são auto inoculáveis). A lesão do molusco contagioso é uma pápula pequena (2-5 mm), da cor da pele, observada na pele ou membrana mucosa, indolor, não pruriginosa e não inflamada. As lesões exibem uma característica cratera em forma de xícara, com cerne branco. Observe que essas lesões são diferentes das verrugas causadas pelo papilomavírus, um membro da família dos papovavírus. 2. Complicações Disseminação Infecções Secundárias Transmissão 1. Contato: através de contato direto com lesões ou fômites com abrasões na pele, relação sexual. Fatores de Risco: Molusco contagioso é mais comum em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como no caso e soropositivos, e em crianças, especialmente as que têm dermatite atópica. MCV é transmitido por contato pessoal próximo, incluindo contato sexual. A doença é bastante comum em crianças, em que as lesões ocorrem frequentemente ao redor dos olhos e no tronco. Os adultos frequentemente apresentam lesões na região genital. As lesões podem ser amplamente distribuídas em pacientes com imunidade celular reduzida. Em pacientes imunocompetentes, as lesões são autolimitantes, mas podem persistir por meses. Diagnóstico O diagnóstico é realizado clinicamente; o vírus não é isolado no laboratório clínico e os títulos de anticorpos não são úteis. A remoção das lesões por curetagem ou com nitrogênio líquido é frequentemente efetiva. Não há terapia antiviral estabelecida, porém cidofovir pode ser útil no tratamento de lesões extensas que ocorrem em pacientes imunocomprometidos. Em pacientes com AIDS, a terapia antirretroviral pode restaurar imunidade suficiente para curar as lesões. Não há vacina. 1. Clinico: por meio de sinais e sintomas Papilomavírus e Molusco Contagioso Tratamento 1. Raspagem e curetagem HPV MOLUSCO CONTAGIOSO Diagnóstico 1. Clínico: baseado na identificação das verrugas Diagnóstico 1. Clínico: baseado na identificação das pápulas umbilicadas Tratamento 1. Remoção das verrugas através de agentes físicos e químicos. Tratamento 1. Raspagem 2. Curetragem Prevenção 1. Evitar contato com as lesões e fômites contaminados. Prevenção 1. Evitar contato com as lesões e fômites contaminados.