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13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 1/10 Fundamentos de Análise Aula 2 - Conjuntos �nitos, in�nitos, enumeráveis, não enumeráveis e teorema de Cantor e os números reais INTRODUÇÃO Geraldo Ávila em Cantor e a Teoria de Conjuntos “Bernhard Bolzano (1781-1848) foi quem primeiro falou livremente de conjuntos in�nitos em Matemática. Ele escreveu um livro sobre os paradoxos do in�nito, publicado postumamente em 1859, no qual aborda questões de natureza �losó�ca e matemática acerca dos conjuntos in�nitos. Richard Dedekind (1831-1916) foi mais longe que Bolzano, usando a noção de conjunto na construção dos números reais, como já explicamos na RPM4. Mas foi Georg Cantor (1845-1918) quem mais avançou no estudo dos conjuntos. Logo no início de um de seus trabalhos sobre os números 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 2/10 trans�nitos, ele de�ne conjunto com as seguintes palavras: Por conjunto entenderemos qualquer coleção em uma totalidade M de objetos distintos, produtos de nossa intuição ou pensamento.” Os números reais Muitas vezes, quando simpli�camos equações e inequações, utilizamos as propriedades dos reais sem perceber que estamos fazendo isso. Eventualmente, um aluno aplica propriedades de forma incorreta por não considerar as hipóteses das propriedades a serem aplicadas. Construiremos axiomaticamente os números reais, ou seja, de�niremos os números reais como números que satisfazem a alguns axiomas ou postulados, aceitos sem demonstração. OBJETIVOS Diferenciar conjuntos �nitos e in�nitos, enumeráveis e não enumeráveis; Interpretar o Teorema de Cantor; Reconhecer o Conjunto dos Números Reais, suas propriedades algébricas e teoremas derivados dessas propriedades; Identificar as propriedades usadas em simplificações de equações e inequações. 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 3/10 A IDEIA DE CONTAGEM ALTERNATIVA 1: O que o professor pode fazer é contar as cadeiras e os alunos e comparar os resultados para obter a resposta à questão de ser ou não su�ciente o número de cadeiras. OUTRA POSSIBILIDADE: O professor pode pedir aos alunos que se acomodem nas cadeiras existentes. Bem, a partir daí, podemos ter três situações: Situação 1: todas as cadeiras estão ocupadas e ainda existem alunos de pé; Situação 2: existem cadeiras livres e todos os alunos estão sentados; Situação 3: todas as cadeiras estão ocupadas e todos os alunos estão sentados. UM BREVE FLASHBACK SOBRE FUNÇÕES Vamos relembrar alguns conceitos básicos de funções para podermos seguir em frente. Considere dois conjuntos A e B.Uma função é uma regra que associa a cada elemento x ∈ A, um elemento f(x) ∈ B. Notação: f: A → B x → f(x) O conjunto A é chamado domínio da função f. Notação: D(f). O conjunto B é chamado contradomínio da função f. A imagem de A será o conjunto f(A) = ImA = {f(x) : x ∈ A}. A função f será dita sobrejetiva se tivermos f(A) = B. A função f será dita injetiva quando, dados x e x ∈ D(f), se f(x ) = f(x ) então x = x . CONJUNTOS FINITOS E INFINITOS Notação: Dado n ∈ N, indicaremos o conjunto dos números naturais desde 1 até n por In = {p ∈ N, 1 ≤ p ≤ n} DEFINIÇÃO: CONJUNTO FINITO Um conjunto A é dito �nito quando é vazio ou quando existe, para algum n ∈ N, uma bijeção φ: In → A. Em outras palavras, 1 2 1 2 1 2 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 4/10 Um conjunto A será finito se é um conjunto vazio ou se existe uma bijeção entre A e {1,2,··· ,n} para algum n ∈ N. DEFINIÇÃO: NÚMERO DE ELEMENTOS DE UM CONJUNTO Se A é um conjunto vazio, dizemos que ele tem zero elementos. Se há uma bijeção φ: In → A dizemos que A possui n ∈ N elementos. DEFINIÇÃO: CONJUNTO INFINITO Dizemos que um conjunto A é in�nito quando não é �nito. Assim, A é in�nito quando não é vazio e, qualquer que seja n ∈ N, não existe uma bijeção φ: In → A. OBSERVAÇÃO Estamos negando um “ou”. Relembrando a Lei de Morgan: ∼(p ∨ q) ⇔ ∼p ∧ ∼ q Precisamos negar: Um conjunto A é dito �nito quando é vazio ou quando existe, para algum n ∈ N uma bijeção φ: In → A. PARADOXO DE HILBERT Fonte da Imagem: http://www.storyofmathematics.com/20th_hilbert.html David Hilbert nasceu em 23 janeiro de 1862, Königsberg, Prússia, hoje Kaliningrado, na Rússia, e morreu em 14 fevereiro de 1943, Göttingen, Alemanha, brilhante matemático alemão propôs o Paradoxo de Hilbert. Considere a existência de um hotel que possua in�nitos quartos: o quarto número 1, o quarto número 2, o quarto número 3 etc... Esse hotel encontra-se lotado. Situação 1 E se chegasse outro hospede, precisando de um quarto? Como fazer para alocá-lo? Se o hotel em questão fosse um hotel �nito, com quantidade de quartos limitada, não teria como alojar esse novo hospede. O que fazer? No hotel in�nito, o que se faz é transferir cada hóspede para o quarto ao lado. O hóspede do quarto 1 passa para o quarto 2; o hospede do quarto 2 passa para o quarto 3 e assim por diante. Bem, o quarto 1 �cará, assim, vago para receber o novo hóspede. 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 5/10 Fonte da Imagem: Situação 2: E se chegasse, no hotel de Hilbert, um ônibus trazendo in�nitos novos hóspedes? Pediremos então a cada hóspede para mudar de quarto de forma que o número de seu novo quarto seja o dobro do número de seu quarto atual. Dessa forma, o hóspede do quarto 1 passaria ao quarto 2; o do quarto 2 passaria ao quarto 4; o do quarto 3 passaria ao quarto 6 e assim por diante. CONJUNTOS ENUMERÁVEIS E NÃO ENUMERÁVEIS De�nição: Enumerável Dizemos que um conjunto A é enumerável quando é �nito ou quando existe uma bijeção ƒ: N → A. Quando existe uma bijeção ƒ: N → A, dizemos que A é um conjunto in�nito enumerável. NÚMERO CARDINAL Considere uma função ƒ: A → B bijetora. Essa função nos permite pensar em pares de elementos utilizando A e B, de modo que cada elemento de A ocorra uma única vez como o primeiro elemento de um par; e cada elemento de B uma única vez como o segundo elemento de um par. Dizemos então, nesse caso, que A e B têm o mesmo número de elementos. Definição: Conjuntos Equipotentes Dois conjuntos A e B são equipotentes se existir uma função bijetora ƒ: A → B Notação: A ≅ B Para cada conjunto A, desejamos associar um símbolo, chamado número cardinal de A, de modo que, se A e B são equipotentes, então os números cardinais de A e B coincidem. Notação: número cardinal de A: cardA ou |A|. O número cardinal do conjunto A nos diz quantos elementos A tem. TEOREMA DE CANTOR Sejam X um conjunto arbitrário e Y um conjunto contendo pelo menos dois elementos. Nenhuma função φ: X → ℑ(X,Y) (glossário) é sobrejetiva. Corolário: Sejam X , X ,..., X conjuntos in�nitos enumeráveis. O produto cartesiano não é enumerável.1 2 n 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 6/10 GRUPO Utilizaremos as de�nições de Grupo e Corpo da Coleção Fundamentos de Matemática , Álgebra - Estruturas Algébricas e Matemática Discreta sob coordenação de Waldemar de Maio. Vamos a elas: Um conjunto A, com a operação *: A → A possui estrutura de grupo, ou é um grupo quando a operação possui as propriedades: (a) Associativa (b) Elemento Neutro (c) Elemento Inverso (Utilizamos a sigla ANI para representaressas propriedades.) As propriedades: *: A → A Associativa: (u * v) * w = u * (v * w), ∀u, v, w ∈ A Elemento Neutro: Existe Θ ∈ A tal que ∀u ∈ A, Θ * u = u * Θ = u Elemento Inverso: ∀u ∈ A existe (-u) ∈ A tal que u * (-u) ∈ A tal que u * (-u) = Θ Se possuir também a propriedade comutativa, dizemos que o grupo é um grupo abeliano ou comutativo. d) Comutativa: u ∗ v = v ∗ u, ∀u, v ∈ A CORPO Sejam um conjunto A ≠ Θ e duas operações internas em A: *: A → A e Δ: A → A Dizemos que (A * Δ) possui estrutura de corpo, se 1) A operação ∗ tem estrutura de grupo abeliano, logo valem as propriedades Associativas, Elemento Neutro, Elemento Inverso e Comutativo (ANIC). 2) A operação ∆ possui estrutura de grupo; logo valem as propriedades associativa, elemento neutro e elemento inverso. 3) vale a propriedade distributiva, à direita/esquerda, da operação ∆ em relação à operação *. Se é válida a propriedade comutativa, temos um corpo comutativo ou um campo. OS NÚMEROS REAIS Sabemos que os números reais constituem um corpo da Álgebra abstrata. Sabemos também que um corpo é um conjunto munido de duas operações: adição e multiplicação. Essas operações satisfazem a algumas condições, ditas axiomas de corpo: axiomas da adição, da multiplicação e da distributividade. Muitas vezes, quando simpli�camos equações e inequações, utilizamos as propriedades dos reais sem perceber que estamos fazendo isso. Eventualmente, um aluno aplica propriedades de forma incorreta por não considerar as hipóteses das propriedades a serem aplicadas. Construiremos axiomaticamente os números reais, ou seja, de�niremos os números reais como números que satisfazem a alguns axiomas ou postulados, aceitos sem demonstração. VOCÊ SABIA? 2 2 2 2 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 7/10 Os axiomas podem ser chamados também de propriedades ou mesmo propriedades básicas. A partir desses axiomas podemos encontrar novas definições e deduzir outras propriedades. PROPRIEDADES ALGÉBRICAS As propriedades algébricas são muito utilizadas juntamente com os axiomas e as de�nições para demonstrar outras e novas propriedades. Existem duas operações binárias no conjunto dos números reais: adição e multiplicação (produto). NotaçãoSoma de a e b: a+b Produto de a por b: a x b, a . b e ab Essas operações satisfazem as propriedades a seguir: AXIOMAS DA ADIÇÃO Axiomas da adição. ∀a, b ∈ ℜ (A1) Fechamento a + b ∈ ℜ (A2) Comutativa a + b = b + a (A3) Associativa (a + b) + c = a + (b + c) (A4) Elemento Neutro ∃0 ∈ ℜ, 0 + a = a + 0 = a (A5) Elemento Simétrico Aa ∈ ℜ, ∃(-a) ∈ ℜ tal que a + (-a) = 0 e (-a) + a = 0 AXIOMA DA DISTRIBUTIVIDADE Axiomas da Multiplicação ∀a, b ∈ ℜ (M1) Fechamento a . b ∈ ℜ (M2) Comutativa a . b = b . a (M3) Associativa (a . b) . c = a . (b . c) (M4) Elemento Neutro ∃1 ∈ ℜ, 1 . a = a . 1 = a (M5) Inverso Multiplicativo 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 8/10 Notação Elemento inverso de a: a . Assim, a = AXIOMA DA DISTRIBUTIVIDADE Axioma da Distributividade ∀a, b, c ∈ ℜ (D) Distributiva a . (a + b) = (a . b) + (a . c) e (b + c) . a = (b . a) + (c . a) Subtração. Subtrair b de a: soma de a com o simétrico de b. a - b := a + (-b) Notação. a - b Divisão. Dividir a por b: produto de a pelo inverso de b. Potência. Potência de a elevada a n, com a ∈ ℜ e n ∈ ℵ: a := a x a x a x ... a, onde a aparece n vezes. 1. Considere as a�rmativas a seguir. Com relação a elas, é somente correto a�rmar que (I) Se X é um conjunto �nito então todo subconjunto Y ⊂ X é �nito. (II) Não pode existir uma bijeção ƒ: X → Y de um conjunto �nito X em uma parte própria Y ⊂ X. (III) Seja A ⊂ I . Se existir uma bijeção ƒ: I → A, então A = I . (I) (II) (II) e (III) (I) e (II) (I), (II) e (III) Justi�cativa -1 -1 n n n n 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 9/10 2. Considere as a�rmativas a seguir. Com relação a elas, é somente correto a�rmar que (I) Dizemos que um conjunto A é enumerável quando é �nito ou quando existe uma bijeção ƒ: ℵ → A. (II) Quando existe uma bijeção ƒ: ℵ → A, dizemos que A é um conjunto in�nito enumerável. (III) Todo conjunto �nito A contém um subconjunto in�nito enumerável. (I) (II) (I) e (II) (II) e (III) (I), (II) e (III) Justi�cativa Glossário 13/08/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=1762116&classId=977840&topicId=1755193&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 10/10 O símbolo ℑ(X,Y) representa o conjunto de todas as funções ƒ: X → Y POR DEFINIÇÃO := é um símbolo para “por de�nição”.
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