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APS SCORE

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICA– ICJ
SCORE-BANCO DE DADOS
Trabalho de Atividades Práticas Supervisionadas.
UNIP/SP
MAIO/2018
 
Alcino Custódio de Souza Junior RA: C04HFF-9
Daiane Aline M. F. Pedreira	 RA: C22253-4
Daiane Cristina dos Santos	 RA:C349453
Denise Jupi de Lima 		 RA: C2229I-1
Nilzélia Naira Alves 		 RA-C0279j-2
Trabalho de Atividades Práticas Supervisionadas.
SCORE- BANCO DE DADOS
UNIP/SP 2018
SUMÁRIO
1.0- Introdução............................................................................................4
1.1 -Problema.............................................................................................5
2.0 - O que é Score.................................................................................5
2.1- Como é praticado................................................................................6
3.0- Porque gerou sumula do STJ.............................................................8
4.0- O que são bancos dedados..............................................................10
4.1- Como são regulados.........................................................................12
5.0 Sobre o acerto do STJ.......................................................................13
6.0 Considerações finais..........................................................................18
7.0 Bibliografia.........................................................................................20
INTRODUÇÃO
Este estudo apresenta uma breve reflexão sobre score banco de dados, tendo por objetivo um embasamento teórico e prático para o caso em tela. 
O ordenamento jurídico consultado, em síntese, se resume na lei 12.414/2011, código de defesa do consumidor, dentre artigos e comentários complementares, referentes aos assuntos por este trabalho abordado. 
Além de vasta pesquisa doutrinária, consultas a respeito da atual posição da jurisprudência brasileira, bem como julgados e entendimentos considerados “pacíficos”, e até “uníssonos” no sentido de ser chegar a satisfação das partes. 
Consultas no sentido de nos informar como os tribunais brasileiros vem decidindo as demandas propostas semelhantes, bem como a fundamentação e a leis aplicadas a essa fundamentação foram de importância relevante ao presente estudo. 
Por derradeiro, pesquisamos as demandas propostas nos mesmos termos do caso em tela e elaboramos um texto de até 40 linhas, conforme fora nos orientado.
1.1 Problema
 A sumula 550 do Superior Tribunal de Justiça, de 14 de outubro de 2015, está redigida da seguinte forma:
“A utilização de score de credito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo”.
2.0 O que é Score
SCORE em inglês quer dizer placar, ou simplesmente contagem de pontos. Especificamente, o Score de Crédito é a pontuação que se conquista ao longo da vida como consumidor. Esses pontos ajudam a conseguir crédito quando for necessário, por exemplo: pedir um financiamento, empréstimo ou até mesmo parcelar uma compra.
A origem se deu nos Estados Unidos, a partir de um trabalho elaborado por David Durand, em 1941, denominado “Risk Elements in Consumer Installment Financing”, em que foi desenvolvida a técnica estatística para se distinguir os bons e os maus empréstimos, atribuindo-se pesos diferentes para cada uma das variáveis presentes.[1: “O “credit scoring” é prática comercial lícita” – Publicado em terça-feira, 27 de janeiro de 2015 - localizado em <http://www.dizerodireito.com.br/2015/01/o-credit-scoring-e-pratica-comercial.html]
A partir da década de 60, esse sistema de pontuação de crédito passou a ser amplamente utilizado nos EUA nas operações de crédito ao consumidor, especialmente nas concessões de cartão de crédito.
Para que a pontuação seja maior ou menor são analisadas pelas empresas que concedem o crédito uma combinação de fatores, até mesmo fórmulas matemáticas e ferramentas de estatística, entre eles:
- Dados pessoais: idade, sexo, estado civil, profissão, renda, número de dependentes, endereço, etc.
- Se as contas são pagas em dia (bancos, cartões de crédito, financeiras, telecomunicações, varejo e serviços);
- Histórico de créditos: aqueles já solicitados e para qual finalidade;
- Nome negativado (dados cadastrais atualizados em sites de proteção ao crédito, como o SCPC, SPC e Serasa).
- Relações consumidor x empresas;
A soma de todos esses fatores gera o Score, e os pontos variam de 0 a 1000 (quanto mais perto de 1000, melhor é a pontuação).
Precisamente, o Score de Crédito serve para sinalizar ao mercado as chances que existem de um consumidor honrar seus compromissos financeiros nos próximos doze meses, ou seja, se é um bom ou mal pagador.[2: Canal SERASA ENSINA no Youtube – Publicado em 20 de março de 2017 – localizado em < https://www.youtube.com/watch?v=JOuHmgbJoow>]
Como é praticado
As instituições financeiras, lojas ou qualquer empresa que venda produtos usando crediário podem consultar o Score de Crédito. Dependendo da situação do consumidor e das regras de pontuação da empresa, é possível obter maior facilidade na obtenção deste.
Essa análise é feita por empresas responsáveis por bancos de dados que oferecem relatórios precisos às empresas solicitantes através do acesso ao CPF do consumidor, e inclusive à movimentação financeira. Essas empresas trabalham no intuito de identificar soluções para reduzir riscos de crédito, evitar fraudes, vender a prazo com segurança, identificar parceiros, analisar fornecedores e renegociar ou recuperar dívidas.  
Portanto, o score geralmente é composto de informações cadastrais, negativas e públicas que existem, como protestos, cheques sem fundo, pendências financeiras e bancárias, ações judiciais, endereço, idade, se tem uma participação societária e até mesmo as pesquisas públicas sobre endividamento e, cada um desses dados é analisado de maneira particular por cada banco.
O consumidor pode acessar gratuitamente as informações existentes no banco de dados sobre ele mesmo, inclusive as que são utilizadas no cálculo do score, e pode impugná-las e solicitar sua correção ou cancelamento.
No Brasil o “credit scoring” é utilizado como sistema de avaliação do risco de concessão de crédito e já foi pacificado pelo STJ através da Súmula 550 como sendo prática comercial LÍCITA (considerando-o apenas como uma metodologia de cálculo do risco de crédito, utilizando-se de modelos estatísticos).
Sua prática está autorizada pelo art. 5º, IV, do CDC e pelo art. 7º, I, da Lei n. 12.414/2011, como vemos a seguir: [3: “O sistema de escore de crédito no Brasil: a incidência de indenização por danos morais” - Publicado por Alice Saldanha Villar (Advogada, colunista e articulista em diversas revistas jurídicas e periódicos) - localizado em <https://alice.jusbrasil.com.br/artigos/263933401/o-sistema-de-escore-de-credito-no-brasil-a-incidencia-de-indenizacao-por-danos-morais>]
Lei n. 8.o78/1990 - Código de Defesa do Consumidor: 
 Art. 5º - São direitos do cadastrado:
IV - Conhecer os principais elementos e critérios considerados para a análise de risco, resguardado o segredo empresarial;(...)
Lei n. 12.414/2011 - Lei do Cadastro Positivo: 
 Art. 7º - As informações disponibilizadas nos bancos de dados somente poderão ser utilizadas para: 
I - Realização de análise de risco de crédito do cadastrado;
No entanto, trata-se ainda de um tema que gera polêmica com relação aos direitos do consumidor no que se refere ao acesso que essas empresas têm aos cadastros nos bancos de dados.
3.0- Porque o STJ gerou sumula de Score
Conforme já ditoanteriormente o Score é uma ferramenta, que de maneira estatística, informa a probabilidade de inadimplência de determinado grupo ou perfil no qual um consumidor se insere.
Inobstante, uma empresa pode considerar vários fatores para decidir acerca da concessão do crédito, e o Score é apenas mais um dos vários elementos que podem ser utilizados, ficando a cargo da empresa analisar se será concedido ou não crédito ao consumidor que pedir a concessão de um empréstimo ou financiamento.
Com objetivo de ver declarada a ilegalidade da prática do Score, foram ajuizadas ações em todo Brasil. 
Referidas ações buscavam a condenação do prestador de dados ao cumprimento da obrigação de fazer para que se abstivesse de prestar as informações constantes no sistema e, consequentemente, sua condenação ao pagamento de indenização por danos morais. 
Tendo em vista o número repetitivo de ações, restou determinada a suspensão de todas até o julgamento da matéria nas superiores instâncias.
O STJ então em atendimento ao julgamento do recurso especial 1.419.697/RS decidiu na íntegra:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). TEMA 710/STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR. ARQUIVOS DE CRÉDITO. SISTEMA "CREDIT SCORING". COMPATIBILIDADE COM O DIREITO BRASILEIRO. LIMITES. DANO MORAL. I - TESES: 1) O sistema "credit scoring" é um método desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis, com atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito). 2) Essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei n. 12.414/2011 (lei do cadastro positivo). 3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n. 12.414/2011. 4) Apesar de desnecessário o consentimento do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados (histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas. 5) O desrespeito aos limites legais na utilização do sistema "credit scoring", configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei n. 12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou desatualizados. II - CASO CONCRETO: 1) Não conhecimento do agravo regimental e dos embargos declaratórios interpostos no curso do processamento do presente recurso representativo de controvérsia; 2) Inocorrência de violação ao art. 535, II, do CPC. 3) Não reconhecimento de ofensa ao art. 267, VI, e ao art. 333, II, do CPC. 4) Acolhimento da alegação de inocorrência de dano moral "in re ipsa". 5) Não reconhecimento pelas instâncias ordinárias da comprovação de recusa efetiva do crédito ao consumidor recorrido, não sendo possível afirmar a ocorrência de dano moral na espécie. 6) Demanda indenizatória improcedente. III - NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL E DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS, E RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. (STJ - REsp: 1419697 RS 2013/0386285-0, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 12/11/2014, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 17/11/2014).[4: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/152068666/recurso-especial-resp-1419697-rs-2013-0386285-0/relatorio-e-voto-152068681]
Até a presente decisão nominada no Recurso Especial 1.419.697/RS, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), esteve suspenso, no âmbito do Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, o trâmite de todas as ações que versassem sobre a natureza dos sistemas de score capaz de gerar indenização por dano moral.
O Superior Tribunal de Justiça, além de decidir que a inclusão do consumidor no score não gera dano moral, também editou a súmula de número 550:
 “A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo. (STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, diário da Justiça Eletrônico 19/10/2015)”.[5: http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%20550).sub.]
Ou seja, a Súmula 550 considera válido um sistema de pontuação de empresas financeiras que avalia o risco de conceder crédito aos consumidores, divulgando informações pessoais mesmo de quem não é negativo. 
Com efeito, o score é considerado uma prática comercial lícita, autorizada pelo artigo 5º, inciso IV e art. 7º, inciso I, da Lei 12.414/2011. Entretanto, para ser lícito, é preciso que respeite os limites estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência das relações negociais, conforme previsão da mencionada lei e do Código de Defesa do consumidor.
Por fim, em resposta à pergunta enunciativa, é certo reconhecer que a grande demanda de ações promovidas em razão do uso do sistema score gerou a necessidade de edição da Súmula 550.
É válido ressaltar, ainda, que as súmulas têm como função facilitar o julgamento de processos sobre uma mesma matéria, bem como garantir a segurança jurídica das decisões e desestimular o início de processos judiciais baseados em teses rechaçadas pela súmula.
Indiferente a divergentes posicionamentos doutrinários, temos que as súmulas, sobre os operadores do direito, possuem forte influência, beirando o próprio poder normativo, uma vez que o escopo desse instituto visa a uniformização das decisões, buscando uma prestação jurisdicional mais justa para com os seus jurisdicionados.
4.0 O que são banco de dados
O Direito do consumidor visa regulamentar as relações de consumo, tendo em vista a nítida desigualdade entre as partes envolvidas: consumidor e fornecedor. Entretanto, mesmo o Direito do Consumidor militando a favor do consumidor que é a parte hipossuficiente, não se deve ignorar que direitos e obrigações são recíprocos, ou seja, tanto o consumidor quanto o fornecedor possuem direitos e obrigações.
Neste contexto o Código de Defesa do Consumidor previu a possibilidade da formação de bancos de dados e cadastros como forma de conter a inadimplência e preservar as relações consumeristas e econômicas.
Os bancos de dados são um conjunto de informações sobre a situação financeira e patrimonial dos consumidores, para auxiliar os fornecedores a possibilidade ou não da celebração de possível contrato de consumo, que a teor são considerados entidades de caráter público, devendo conter informações clara e objetivas, de livre acesso ao consumidor, o qual tem, inclusive, o direito de ser informado sobre sua inclusão nos referidos arquivos. 
Visa conferir a segurança nas relações negociais, para que os fornecedores realizem suas atividades de forma segura e os consumidores tenham direito a adquirir o serviço ou o produto com qualidade. A finalidade primordial da formação dos bancos de dados e cadastros é a identificação de consumidores promissores à realização de negócios seguros.
Cabe fazer uma breve distinção entre banco de dados e cadastros. Por cadastro de consumidores, entende-se o conjunto de dados próprios de um fornecedor ou intermediário, geralmente formado por dados repassados pelo próprio consumidor, para obter crédito pessoal. Já por banco de dados, é conjunto de informações de fornecedores sobre um determinado consumidor, que visa principalmente proteger o mercado, estando à disposição dos fornecedores que realizem operações de crédito paracorram menos riscos. 
Os bancos de dados em sua maioria no Brasil, são negativos, ou seja, a inclusão do nome de alguém se dá é por estar inadimplente em relação ao pagamento de uma dívida.
4.1 Como são regulados
A lei nº 8.078/1990 no seu artigo 43, caput, e §§, do 1° ao 5°, do Código de Defesa do Consumidor regulam os bancos de dados e cadastros de todo e qualquer fornecedor público e privado que contenham dados do consumidor, relativos a sua pessoa ou suas ações enquanto consumidor, são espécies dos chamados arquivos de consumo.
	Instituições como SPC e SERASA atuam no Brasil, com o objetivo específico de obter, organizar, armazenar e divulgar informações para a verificação aos fornecedores sobre a conveniência da realização de contrato de consumo.
	Os bancos de dados de proteção ao crédito são os principais utilizados no Brasil, e que mais diretamente possuem no tocante às relações de consumo.
	É importante observar algumas regras básicas quando o assunto for a inclusão de informações sobre um consumidor no banco de dados de alguns serviços de proteção ao crédito.
É dever da empresa que presta tais serviços, previamente notificar o consumidor por escrito, sobre a inclusão de seu nome em qualquer órgão restritivo de crédito, para que este tenha oportunidade de manifestar sobre essas informações. Se o consumidor encontrar algum erro, deverá ser corrigido, no prazo de cinco dias úteis pelo serviço de proteção ao crédito.
A outra obrigação, é a de retirar o nome do consumidor, após a quitação ou a prescrição dos débitos inscritos no seu banco de dados, que é responsabilidade do credor providenciar o cancelamento da anotação negativa do nome do devedor. Ressaltando que caso contrário é crime previsto no artigo 73º do CDC, quando o fornecedor deixa de comunicar o pagamento da dívida ao cadastro de proteção ao crédito.[6: Art. 73° CDC: Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:Pena-Detenção de 1(um) a 6(seis) meses ou multa.]
	Também, não poderão conter informações negativas do consumidor referentes a período superior a cinco anos, independentemente de como esteja a situação da dívida, o próprio órgão de cadastro deve retirar a anotação negativa.
Súmula 323-STJ: A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução.[7: Súmula 323 do STJ ganha redação mais específica – localizado em https://oab-ba.jusbrasil.com.br/noticias/2019118/sumula-323-do-stj-ganha-redacao-mais-especifica]
	Portanto, uma vez regularizada a inadimplência do consumidor, os dados constantes nos órgãos de proteção ao crédito, deverão ser corrigidos imediatamente.
Vale ressaltar que um mesmo débito poderá ser inscrito uma única vez nos serviços de proteção ao crédito.
	São duas espécies de bancos de dados usados:
Bancos de dados restritivos é aquele que imprime uma mácula nas relações de consumo de modo a torná-las impassíveis à realização de qualquer negócio no mercado, a organização é feita de várias formas, sejam mantidos pelas associações de fornecedores( caso do SCPC, Serviço de Proteção ao Crédito, mantidos pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas – CNDL) por empresas que tem como objetivo a organização, disposição de dados para a consulta, mediante remuneração( caso do SERASA), ou por órgão públicos.
Bancos de dados de informações positivas abona a conduta do consumidor, atestando a existência de seu bom comportamento na administração do crédito, conferindo-lhe o status de bom pagador.
5.0 Sobre o acerto do STJ
Até 31/12/2010 não havia, no Brasil, um diploma legislativo específico que dispusesse expressamente sobre o regime de tratamento das informações positivas junto aos cadastros de proteção ao crédito.
Essa lacuna legislativa fez com que predominasse, até então, um sistema de concessão de crédito que se baseava - geralmente - na consulta às informações negativas, referentes a compromissos não pagos pelos consumidores.
 Assim, a dinâmica de avaliação do perfil cadastral-creditício do consumidor era binária: ou o consumidor apresentava-se como inadimplente (em virtude dos apontamentos de débito), ou apresentava-se sem quaisquer informações de inadimplência constantes a seu respeito.
 Dessa forma, o consumidor adimplente, cumpridor de seus compromissos, não tinha condições satisfatórias de usufruir dessa circunstância - de bom pagador - para, por exemplo, conseguir condições de crédito que lhe fossem mais benéficas, tais como juros menores, taxas diferenciadas, prazos de pagamento mais adequados etc.
 E os concedentes de crédito, por sua vez, não podiam conhecer o quão bom pagador o consumidor era e qual o seu grau de endividamento. Exceção feita às instituições financeiras, que, por meio do cadastro do Banco Central denominado de SCR - Serviço de Informações de Crédito -, acessavam as informações positivas, as quais não são disponibilizadas para os outros players do mercado.
 Equivocada, em nosso sentir, essa sistemática que era praticada. Injustamente os consumidores bons pagadores acabavam pagando juros na média do mercado. Ora, se eram bons pagadores, seus riscos creditícios (de tornarem-se inadimplentes) eram menores, e, assim, mereciam, evidentemente, juros abaixo da média.
 Com a publicação, em 31/12/2010, da Medida Provisória nº 518/2010, a qual foi convertida na Lei Ordinária n.º 12.414/2011 - publicada em 10/06/2011 -, o sistema legal brasileiro passou a dispor de um diploma que permite, expressamente, o registro de informações positivas junto aos órgãos de proteção ao crédito, relacionadas ao histórico de pagamentos e de compromissos assumidos pelo consumidor, viabilizando-se assim o que se denomina de cadastro positivo.
 Nos termos do art. 2º, inciso VII da Lei 12.414/2011, as informações passíveis de registro no cadastro positivo são representadas pelo "conjunto de dados financeiros e de pagamentos relativos às operações de crédito e obrigações de pagamento adimplidas ou em andamento por pessoa natural ou jurídica."
 São exemplos de informações positivas, passíveis de serem registradas perante os cadastros de proteção ao crédito: pagamentos efetuados, empréstimos ou financiamentos contratados, valores envolvidos, prazos de pagamento pactuados, número e valor das parcelas, saldo a pagar, garantias contratuais celebradas etc.
 A Lei 12.414/2011, ao permitir o cadastramento dessas informações de histórico de crédito, manteve-se em sintonia com o princípio da igualdade previsto no caput do art. 5º da CF/88, pois permite que os consumidores cadastrados, nas suas relações creditícias, tenham condições de serem tratados desigualmente, na exata medida das suas desigualdades. Em termos práticos: o consumidor inadimplente e endividado é, evidentemente, diferente do consumidor adimplente e com baixo/nenhum grau de endividamento.  Se diferentes são, podem ser tratados diferentemente.
 Com a possibilidade de cadastramento de informações positivas, os consumidores com históricos de crédito mais favoráveis podem, portanto, diferenciar-se, usufruindo dessa circunstância comportamental, pois têm condições de serem avaliados também de acordo com suas informações positivas de habitualidade de pagamento e de cumprimento pontual de seus compromissos.
 O Cadastro Positivo, é bom ressaltar, auxilia o consumidor a prevenir-se do superendividamento e ajuda a evitar a concessão inadequada de crédito. Pode-se dizer que a Lei 12.414/2011 equiparou o Brasil às principais economias desenvolvidas, as quais há tempos adotam a metodologia de cadastramento de informações negativas e positivas. Os EUA usaram o escore de credito desde a década de 1960, ou seja, estávamos apenas 50 anos atrasados!A partir do momento em que os cadastros de proteção ao crédito podem ostentar não apenas as informações negativas, os concedentes de crédito passam então a ter, à sua disposição, informações mais completas e pertinentes, portanto em melhores condições de mensurar o risco de crédito, especialmente de inadimplência.
 Participar ou não do Cadastro Positivo é uma escolha que cabe exclusivamente ao consumidor, o qual tem o direito de, livre e conscientemente, decidir o que melhor se aplica para sua situação. Deve-se elogiar, nesse aspecto, a opção do legislador que, no caput do art. 4º da Lei 12.414/2011, permitiu ao consumidor essa opção de autorizar - ou não - o cadastramento de suas informações positivas junto aos gestores dos cadastros de proteção ao crédito.
 A título de comparação, em relação às informações negativas a lei não atribui, ao consumidor inadimplente, a possibilidade de optar por participar ou não do cadastro negativo, tendo em vista a sobreposição do interesse social - de proteção ao crédito - em relação ao interesse individual dos consumidores cadastrados como inadimplentes. Assim, o registro da inadimplência é efetuado independentemente da vontade e do desejo do consumidor (obviamente respeitando-se os requisitos legais previstos basicamente no art. 43 do CDC).
 Nesse aspecto - em que é facultado ao consumidor o direito de optar por participar ou não do Cadastro Positivo -, vislumbra-se respeito à intimidade, à dignidade e à igualdade dos consumidores. Pode-se concluir, portanto, que o Cadastro Positivo está em sintonia com o disposto na CF/88 em seus artigos 1º, inciso III, e art. 5º, caput e inciso X, bem como se mantém alinhado às proteções legais destinadas aos direitos da personalidade dos consumidores, constantes dos artigos 11 a 21 do Código Civil.
 Importante lembrar que as informações positivas somente poderão ser consultadas (a) pelo próprio consumidor interessado; (b) pelas instituições legalmente autorizadas (tais como o Poder Judiciário e o Ministério Público), e (c) pelos clientes-consulentes do gestor do órgão de proteção ao crédito. Aliás, estes últimos apenas poderão consultar as informações positivas desde que especificamente para fins de concessão de crédito ou para realização de venda a prazo ou outras transações comerciais e empresariais que impliquem risco financeiro, em respeito ao disposto no art. 7º da Lei 12.414/2011.
 Ou seja, as informações constantes do cadastro positivo somente poderão ser acessadas nas situações em que o consumidor mantenha ou pretenda manter relação comercial ou creditícia, conforme previsto no art. 15 da Lei 12.414/2011.[8: Lei n° 12414, de 9 de junho de 2011. Disciplina a formação e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito.][9: Art. 5º CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes;][10: Art. 4o  lei 12.414/11: A abertura de cadastro requer autorização prévia do potencial cadastrado mediante consentimento informado por meio de assinatura em instrumento específico ou em cláusula apartada. § 1o  Após a abertura do cadastro, a anotação de informação em banco de dados independe de autorização e de comunicação ao cadastrado. § 2o  Atendido o disposto no caput, as fontes ficam autorizadas, nas condições estabelecidas nesta Lei, a fornecer aos bancos de dados as informações necessárias à formação do histórico das pessoas cadastradas. ][11: Art. 43 CDC. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.§ 1º Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos. § 2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. § 3º O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. § 4º Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. § 5º Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. § 6 º Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) ][12: Art. 1º CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:...III - a dignidade da pessoa humana; ][13: Art. 5º CF Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:...X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; ][14: Os artigos 11 ao 21 do Código Civil, fazem parte do Capítulo II que tratam Dos Direitos da Personalidade.][15: Art. 7o, lei 12.141/11:  As informações disponibilizadas nos bancos de dados somente poderão ser utilizadas para: I - Realização de análise de risco de crédito do cadastrado; ou II - Subsidiar a concessão ou extensão de crédito e a realização de venda a prazo ou outras transações comerciais e empresariais que impliquem risco financeiro ao consulente. Parágrafo único.  Cabe ao gestor manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico, de consulta para informar aos consulentes as informações de adimplemento do cadastrado. ][16: Art. 15, lei 12.414/11:  As informações sobre o cadastrado constantes dos bancos de dados somente poderão ser acessadas por consulentes que com ele mantiverem ou pretenderem manter relação comercial ou creditícia. ]
 Além disso, o credit scoring deve respeitar as limitações temporais para as informações a serem consideradas, estabelecidas pelo CDC e pela Lei n° 12.414⁄2011, que são de 5 anos para os registros negativos (CDC) e de 15 anos para o histórico de crédito (Lei n. 12.414⁄2011, art. 14). [17: Art. 14, lei 12.414/11:  As informações de adimplemento não poderão constar de bancos de dados por período superior a 15 (quinze) anos.]
 Caso haja violação de tais limites na utilização do sistema de credit scoring, configurará abuso de direito conforme dispõe o art. 187 do CC, podendo ensejar:[18: Art. 187 CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.]
 - A responsabilização objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do consulente;
 - Pela ocorrência de danos morais;
 - Nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis e também nos casos de recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou desatualizados.
6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao decorrer dopresente trabalho foi abordado os bancos de dados de proteção ao crédito. Iniciamos a abordagem conceituando o crédito, os bancos de dados de consumidores e o cadastro de consumidores. Em seguida, o surgimento, a forma como era feito a coleta de dados, e a expansão no Brasil. 
Notamos os aspectos importantes para este trabalho relacionados à Lei nº 12.414/2011, que disciplinou os arquivos de consumo. Também fora abordada o Sistema de Scoring, o que é o sistema de escore de crédito de acordo com algumas entidades de proteção ao crédito e seu funcionamento.
Por fim, a legalidade do sistema conforme fora discorrido no presente trabalho, analisados a negatividade e a positividade dessas entidades em prol do sistema de score, respaldados em legislação vigente, sumulas, artigos da presente matéria
Assim, concluiu-se que as atividades desenvolvidas pelos bancos de dados de proteção ao crédito devem observar rigorosamente os contornos jurídicos estabelecidos. 
Ademais, a análise de risco realizada por meio de scoring só é possível se realizada com a comunicação prévia quando fora informação negativa, e a informação contém consentimento ou requerimento do consumidor, de informação positiva.
 Não obstante, o consumidor deve conhecer todas as informações que afetem seu scoring bem como o peso que possuem em relação à sua avaliação, porquanto, o consumidor pode questionar o scoring tanto em relação à correção das informações bem como à legitimidade das informações coletadas. Sendo assim, o sistema de score de crédito é útil e importante, e deve ser utilizado com transparência e clareza possibilitando o questionamento do consumidor, se achar necessário.
7.0 Bibliografia
 
BESSA, Leonardo Roscoe. Cadastro Positivo - Comentários À Lei 12.414, de 09 de junho de 2011. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2011.
DA COSTA, Carlos C. Orcesi. Cadastro Positivo. São Paulo: Saraiva. 2012.
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https://jus.com.br/artigos/48862/direito-do-consumidor-diferenca-entre-banco-de-dados-e-cadastro-dentro-do-genero-arquivos-de-consumo Acessado em 05/05/2018 às 14:00 hrs.
https://jus.com.br/artigos/4263/bancos-de-dados-e-cadastros Acessado em 05/05/2018 às 17:30 hrs.

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