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Trabalho de Reformas Processuais Penais

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Direito Penal e Processual Penal
Resenha do tema:
 
Nome do aluno: Eduardo Cesar de Souza Cajazeiras
 Trabalho da disciplina Reformas Processuais Penais 
 Tutor: Prof. Ana Paula Branco Machado Couto
Rio de Janeiro 
2018
As reformas processuais penais e as práticas penais na realidade atual.
Quando a Constituição Federal de 1988 entrou em vigor, houve uma ruptura de um Estado de Exceção para o Estado democrático de Direito, ocorrendo diversas mudanças dentro de nosso ordenamento jurídico. Com o Estado Democrático de Direito fez-se necessária a mudança, também, em nosso sistema processual penal brasileiro, que passou do sistema inquisitório para o sistema acusatório, que dentre outras características, possui órgão acusatório desvinculado do órgão julgador. Da promulgação da Constituição federal até hoje, ocorreram várias “reformas” processuais penais, dada a dinâmica social. Surgiram muitas leis dotadas de boa intenção, cujo objetivo era aperfeiçoar o nosso sistema processual penal, porém o que podemos perceber é que muitas das vezes determinadas leis foram desnaturando o sistema adotado, muitas das vezes ignoram as garantias constitucionais, e trazem retrocessos ao nosso ordenamento jurídico.
Como leis reformadoras, podemos citar as leis nº 11689/08, lei nº 11690/08, lei nº 11719/08, que reformularam, respectivamente, o procedimento do Tribunal do júri, os dispositivos relativos à produção probatória e os procedimentos comuns ordinário e sumário. Muitos juristas alegam que essas leis, na verdade, foram um retrocesso no processo penal, e citam como exemplo o artigo 362, do CPP, que inseriu a citação por hora certa nos casos em que o oficial de justiça constata que o acusado se oculta para não ser citado, permitindo, nessas situações, que o acusado não seja citado pessoalmente, possibilitando, dessa forma, a existência de processo sem o conhecimento da acusação, com base em critérios subjetivos do oficial de justiça.
Por ocasião da reforma parcial ocorrida com o advento da lei nº 11719/08, foi inserido no Código de Processo Penal o parágrafo 2º, do artigo 399, que fala sobre o Princípio da Identidade Física do Juiz. Dispõe esse princípio que o juiz que sentenciar deve ser o mesmo que acompanhou o processo penal desde o seu início. O CPP não possui a regulamentação desse princípio, sendo necessário buscar tal regulamentação no CPC de 1973, em seu artigo 132, que dizia o juiz titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, etc. 
Em 2016, entrou em vigor o novo Código de Processo Penal, que suprimiu o princípio do juiz natural, e revogou por completo o CPC de 1973. Com isso o CPP ficou novamente sem regulamentação para o Princípio do Juiz Natural. 
E criou-se uma dúvida de como aplicar o princípio do juiz natural no processo penal. É certo que na prática jurídica os juízes estão sempre mudando de comarca, nem sempre é possível que o juiz sentenciante seja o juiz que acompanha o processo desde o início, pois por interesse público, são removidos para outras varas. 
O entendimento jurisprudencial do STF é no sentido de que o princípio do juiz natural não é absoluto, conforme dispõe o seguinte julgado: 
“De acordo com o princípio da identidade física do juiz, que passou a ser aplicado também no âmbito do processo penal após o advento da Lei11.719, de 20 de junho de 2008, o magistrado que presidir a instrução criminal deverá proferir a sentença no feito, nos termos do § 2º do artigo 399 do Código de Processo Penal. Em razão da ausência de outras normas específicas regulamentando o referido princípio, nos casos de convocação, licença, promoção ou de outro motivo que impeça o juiz que tiver presidido a instrução de sentenciar o feito, os autos passarão ao sucessor do magistrado” (STJ, RHC 43.403/SP, 5ª T, rel.Min. Jorge	 Mussi,,j.25-2-2014, DJe de 10-3-2014).
	Portanto, o princípio da identidade física do juiz continua a ser aplicado no âmbito do processo penal, ficando, dessa forma, a cargo da jurisprudência a tarefa de delimitar a sua atuação e mostrar as suas exceções. Tendo sempre em mente que não se trata de um princípio absoluto, que pode ser relativizado por interesse público. 
	Dessa forma, por não ser absoluto não acarreta em nenhuma nulidade, conforme entendimento jurisprudencial. Sendo esse entendimento um dos retrocessos trazidos pelas reformas parciais. 
Referências:
- MARCÃO, Renato. Código de Processo Penal Comentado. 1. Ed. São Paulo. Saraiva. 2016;
- CABRERA, Michelle Gironda. Reformas processuais penais no Brasil: olhando para trás e evitando o pesadelo da História. Disponível em: < https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/405961201/reformas-processuais-penais-no-brasil-olhando-para-tras-e-evitando-o-pesadelo-da-historia.>.Acesso em 17/02/2018.
Vade Mecum. 23 ed. São Paulo. Saraiva. 2017..

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