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PATOLOGIA CLÍNICA E CIRÚRGICA Universidade Federal Rural Do Rio De Janeiro – Campus Seropédica Medicina Veterinária - Jeferson Bruno Da Silva – Matrícula: 201406074-4 Princípios de Controle da Infecção Cirúrgica Assepsia e Antissepsia Infecção do local cirúrgico Aumento dos custos Necessidade de antibióticos Aumento do tempo de recuperação do paciente Aumento da morbidade e mortalidade Considerações emocionais tutor/paciente e do próprio veterinário. ¼ das infecções hospitalares em humanos Principal causa de infecção hospitalar acontece em pacientes cirúrgicos. Infecções ortopédicas acontecem cerca de 5% em cães e gatos e 10% em cavalos. 30 a 40% cirurgia abdominal no cavalo (cirurgias de cólica é motivo de preocupação!) Histórico - Ainda não se conheciam as bactérias. Holmes (1843) – infecção puerperal. Ele suspeitava que fatores cadavéricos trazidos pelas mãos dos cirurgiões no momento do parto causavam a infecção. Semmelweis (1846) – mortes por infecção puerperal diminuíram 90% porque ele pensava que os fatores cadavéricos das mãos eram os causadores das infecções então sugeriu que antes dos procedimentos se lavasse as mãos. Lister (1865) – pulverização de fenol (ácido carbólico) em toda a sala onde os procedimentos eram realizadas. Pasteur (1870) – teoria dos germes. Neuber (1883) – avental cirúrgico. Mikulics (1887) – gorro e máscara. Esterilização a vapor em 1881. Halsted (1890) – luvas de borracha. Objetivos da aula Reconhecer a infecção cirúrgica. Identificar os fatores de risco Métodos de prevenção Discutir o uso de antibioticoprofilaxia. Como tratar as doenças pós-operatória. Definições. Infecção cirúrgica: Incisional superficial Incisional profunda De órgãos ou espaços. Lembra que infecção é diferente de contaminação. Contaminação acontece no ato da cirurgia que é a presença da bactéria no ferimento, a partir do momento que essa bactéria se instala por moléculas de adesão no tecido e chama atenção do sistema imunológico e produção de inflamação aí sim estamos falando de infecção. Infecção incisional superficial (pele e tecido subcutâneo) Até 30 dias do procedimento Sintomatologia: Drenagem purulenta no local da incisão Cultura positiva Dor Calor e congestão Infecção incisional profunda Após 30 a 90 dias (após 1 ano ou mais em medicina veterinária quando envolve implantes.) Tecidos profundos (fáscias e planos musculares) Sintomatologia: Drenagem purulenta profunda Deiscência de planos musculares e fáscias Abscessos Sinais sistêmicos: Febre e leucocitose. Infecção de órgãos ou espaços Qualquer parte do corpo exceto pele subcutâneo e músculos. Exemplos: Artrite, Osteomielite, peritonite etc. Fatores de Risco Grau de contaminação. Limpas Limpas contaminadas Contaminadas Sujas ou infectadas Classificação NRC para grau de contaminação em procedimentos cirúrgicos Tipos de procedimentos Exemplos mencionados pelo professor Limpo Feridas cirúrgicas não traumáticas sem penetração dos tratos digestivo, respiratório ou geniturinário. Não há quebra da técnica asséptica. Cirurgia ortopédica eletiva – fratura que não está exposta e nós faremos uma incisão em pele íntegra e não está comprometido sistemicamente. E não há penetração de órgãos potencialmente contaminados. Limpo-Contaminado Feridas cirúrgicas com penetração dos tratos digestivo, respiratório ou geniturinário. Não há quebra da técnica asséptica. Feridas limpas (traumáticas) com colocação de dreno. Há uma série de procedimentos para minimizar a contaminação da cirurgia. Ferimentos com menos de 6 horas de evolução (período de ouro); Contaminado Feridas traumáticas sem supuração. Houve extravasamento de conteúdo intestinal ou de urina contaminada. Houve quebra da técnica asséptica. Urina em geral é estéril então num trauma da bexiga é menos preocupante, a não ser que haja infecção urinária. Cirurgias de emergência às vezes não têm tempo de fazer a técnica asséptica adequada – cirurgia emergencial com abertura de tórax para massagem do coração em casos de parada cardíaca que as técnicas exteriores não funcionam. Sujo Feridas traumáticas supuradas, com tecidos desvitalizados e corpos estranhos. Perfuração TGI e contaminação fecal. Período de ouro – período desde o traumatismo até o estabelecimento da infecção. A partir do momento que você se feriu, a ferida foi contaminada e desse período até a formação de inflamação e infecção com ativação do sistema imune é o chamado período de ouro. Classificação NRC para grau de contaminação em procedimentos cirúrgicos % infecção do foco cirúrgico em cães e gatos Limpo 2,0-4,8 Limpo-contaminado 3,5-5,0 Contaminado 4,6-12,0 Sujo 6,7-18,1 Tricotomia Cientificamente provado que a tricotomia feita com o tricótomo causa infecção. As lâminas fazem pequenos ferimentos na pele que predispõem a colonização bacteriana e aumentando a chance de infecção. 4 horas x mais de 4 horas; O ideal é que seja feita pouco tempo antes da cirurgia, e há estudos que dizem que o ideal é fazer a tricotomia com o paciente já induzido. Tosa x Tricótomo Ideal imediatamente antes da cirurgia. Tempo cirúrgico O risco de infecção dobra para cada hora de cirurgia. As cirurgias possuem tempo esperado para realização e determinada taxa de infecção esperada, se ultrapassar tem mais predisposição a infecção. Supressão da resposta imune local (diminuição de linfócito TCD4; aumento do linfócito TCD8) Aumento do tempo de exposição. Maior trauma cirúrgico Maior utilização de sutura (ampliando incisão, abrindo espaço morto e por isso mais suturas são feitas) Maior uso de eletrocoagulação – em cirurgias prologadas tem muito uso de eltrocautério e ele provoca necrose aumentando a chance de proliferação de bactérias. Tempo Anestésico Inibição da fagocitose e função oxidativa. Inibição da quimiotaxia de neutrófilos Aumento de TCD8. Propofol O uso de propofol da anestesia predispõe a infecções cirúrgicas. É uma emulsão lipoproteica. Meio de cultura Preparo de várias seringas para o uso durante o dia – normalmente elas ficam expostas e fora de refrigeração ao ambiente e aumentam a chance da contaminação. Reuso da mesma seringa ou linha de infusão em vários pacientes. Contaminação do frasco. Endocrinopatias Diabetes melitus Cushing Hipotireoidismo Obesidade (Síndrome Metabólica Equina - SME) (>300kg risco dobrado de infecção incisional em celiotomia/laparotomia) Número de pessoas dentro da sala de cirurgia 30% a mais por pessoa – é esperado em hospitais escolas uma maior taxa de contaminação Deslocamento de ar – as portas devem ser de correr, porque a de abrir e fechar deslocam ar assim como a entrada e saída de pessoas na sala. Risco de contaminação do campo. Sexo Homens têm 50% mais chances de desenvolver infecções. Machos inteiros em geral (cão, gato, cavalo, boi) tem alta predisposição. Éguas mais propensas a infecções em cirurgias ortopédicas. Prevenção da Infecção Cirúrgica Assepsia – medidas para impedir a instalação e desenvolvimento de microrganismos Antissepsia – uso de agentes químicos para diminuir a população de microrganismos no paciente. Contaminação – introdução de microrganismos Infecção – microrganismo produzindo lesão e resposta inflamatória. Eliminação de microrganismos – Objetos inanimados Esterilização Desinfecção Química Física Desinfetantes ESTERILIZAÇÃO Física Vapor d’água Calor úmido (mais eficiente – 121º por 15/30 minutos) x Calor seco (200º por 1h) Barato Eficaz Não tóxico Limitação em objetos sensíveis ao calor e umidade Autoclave 121ºC x 30min 136ºC x 15min Estufa 160ºC x 120min 200ºC x 60min Química Esterilização quimica (desinfecção): uso de agentes químicos desinfetantes. Alta eficiência: eliminação de todas as formas vegetativas e maioria dos esporos Eficiência intermediária: formas vegetativas, mas poucos esporos. Baixaeficiência: nem todas as formas vegetativas e nenhum esporo – geralmente em instrumentos não críticos como um estetoscópio. Desinfecção de Alta Eficiência Eficiência questionável Falta de métodos de aferição. Efeitos tóxicos sobre tecidos. Glutaraldeído – saindo de linha porque é cancerígeno, representando perigo para a equipe. Ortoftalaldeído – Cidex (nome comercial), ele tem menos efeitos tóxicos só que com alto custo. Ácido peracético – Perax Rio 0,2 (nome comercial) é o menos eficaz. Métodos Físico Químico Esterilização por óxido de etileno (ETO) Conceito Esterilização que utiliza o gás óxido de etileno, a uma temperatura entre 50 e 60ºC. Toxicidade Irritação no nariz, olhos e pele; se for ingerido; Depressão SNC, envenenamento do pulmão, coração, sangue, cérebro e fígado. Realizada por empresa terceirizada em função do rigor exigida pela Portaria Interministerial 482/99 Transporte do material É uma forma de esterilização extremamente eficaz e muito útil, mas é muito limitada devido a legislação do país. Só existem duas equipes no Brasil que realizam esse procedimento, e a ANVISA proíbe a realização desses procedimentos de esterilização em materiais veterinários por equipes de medicina humana. Vantagens: É útil para esterilização de praticamente todos os materiais, incluindo plásticos, borrachas peças de mão, fundições e aparelhos. A temperatura ambiente é tóxico para todas as bactérias, vírus, fungos e esporos. Desvantagens: Potencialmente mutagênico e carcinogênico (tóxico para a pele), ação lenta variando de 2,5h até 36h. Plasma H2O2 Ondas eletromagnéticas sobre o vapor de Próxido de hidrogênico Morte celular por radicais livres; Não forma resíduos tóxicos Rápido e eficiente Alto custo para aquisição do equipamento. Material do Invólucro Tempo de Armazenagem Algodão (musselina – 2 camadas) 2 dias Algodão coberto com SMS > 9 meses Algodão coberto com papel crepom 2,5 meses Linho dobrado (2 camadas) 24 meses SMS dobrado (2 camadas) 6 meses Envelope papel – plástico 24 meses Monitorar a esterilização Pode ser feita com a fita termosensível – mostra que foi submetida a procedimentos de esterilização, mas não garante, porque fica mais no exterior. Controle biológico – é uma bactéria que fica dentro do tubo e você deixa incubar em temperatura ambiente. Prevenção da Infecção Cirúrgica Sala de cirurgia Tamanho adequado – uma sala mais apertada por predispor a contaminar o material esterilizado, o número de pessoas na equipe deve ser menor. Fluxo direcional de pessoal e materiais – temos que ter uma área de ponto sujo, uma área limpa. Facilidade de limpeza – para não acumular sujeiras e microrganismo e o mínimo de materiais dentro da sala, mas ao mesmo tempo precisa ter as coisas essenciais dentro da sala, não somente para evitar contaminação, mas também para ganhar tempo e evitar prolongamento do procedimento. Drenagem (sala de grandes animais é essencial) Sala de preparo x Sala de cirurgia Controle de temperatura (20ºC) – acima predispõem a proliferação bacteriana, abaixo disso leva o paciente a caso de hipotermia Umidade de 50% Filtro de ar condicionado – realizar troca com regularidade. Lavagem das mãos Execução fácil e rápida. Custo acessível Proteger as mãos de danos (danos na mão do cirurgião podem causar problemas). Tendência em substituir a escovação – não há provas de que escovar seja mais eficiente que simplesmente ensaboar, mas a mão do veterinário costuma ser mais “suja” que do médico humano. Tendência em usar produtos alcoólicos Antissépticos Clorexidine Inicio rápido de ação Maior efeito residual Menor irritação da pele Tóxico para fibroblastos Não tem ação esporicida 0,05% a 4% de aumento de infecção. Efeito aumentado em solução alcoólica. PVPI Início de ação mais lento Ação esporicida em contato prolongado Inibido por matéria orgânica Irritação da pele (50% dos cães forma edema na mesa hora com pele grossa, espessa e vermelha) Absorção sistêmica de iodo Concentração mínima bactericida 1% (tóxica para fibroblastos 0,5%) Triclosan 1% Grupo de fenóis Age na parede celular Menos eficaz que clorexidine e PVPI Efeito residual intermediário Posturas no centro cirúrgico Roupas Acessórios Gorro/máscara/pró-pé Evite conversar Evite se mover – deslocamento de ar Não toque as áreas estéreis. Vestimenta (pijamas) Diminuir a dispersão de contaminantes – pijamas de manga longa contaminam mais porque causa fricção nos pelos do braço, o aconselhável é jaleco de manga curta. Homens contaminam mais do que mulheres. Roupas de rua x pijamas x uso fora do centro cirúrgico Lavagem não diminui o número de patógenos. Vestimenta (avental cirúrgico) Diminuir a dispersão de contaminantes – o número de lavagens diminui a capacidade de reter bactérias. Barreira entre a pele do cirurgião e o paciente – ele vai ficar preso na luva. Musseline algodão 140 fios/polegada não forma barreira depois de molhado (ideal 280 fios/polegada) Descartáveis de SMS x tacas de infecção. Luvas Proteção do paciente e do cirurgião Calçamento duplo x simples. Simples 12 – 30% perfuração Duplo 11,5-44% fora x 3,8-13% dentro; Mão dominante começa o procedimento. Máscaras Diminuir disseminação de partículas da boca. Pesquisas confirmam que o uso de máscara não altera o número de infecções. Mas o uso continua sendo requerido. Preparação do Paciente Banho Diminuição do número de bactérias na pele. Tricotomia Imediatamente antes da cirurgia. Antissepsia Degermação (scrubbing) Eliminar flora transitória e inibir flora residente Preparação na sala de indução Água e sabão – antisséptico PVPI ou clorexidine + álcool. Antissepsia na sala de cirurgia PVPI ou Clorexidine alcoólico. Adesivo de cianoacrilato (INTEGUSEAL) Revestimento Panos de campo Criar barreira entre a pele contaminada do paciente e a área estéril. Devem ser impermeáveis. Resistente ao rasgamento Seguros por pinças ou adesivos 2 camadas. Antibioticoprofilaxia – ANTIBIOTICOS CAEM NA PROVA! Justificativa Mesmo em condições ideias a % de infecção não é = 0. Fatores inerentes a resposta imune x carga bacteriana. Ambiente do animal no período pós-cirúrgico imediato. Prevenção da invasão de microrganismos antecipadamente esperados no local cirúrgico Critério para utilização: risco de infecção alto (limpo contaminado, contaminado e sujo), infecção pode acarretar consequências ameaçadoras da vida (neurocirurgia) ou desastres cirúrgicos (implantes). Pontos chaves Seleção Efetivo contra o organismo esperado; Estar em concentrações efetivas no local a ser operado; uso intravenoso preferencialmente. Local cirúrgico Patógenos Comuns Trato gastrointestinal Esôfago, estômago, duodeno Bacilos Gram – Coccos Gram + Trato Biliar Bacilos Gram – Enterococcus Clostridium Cólon, reto Bacilos Gram – Enterococcos Clostridium e outros Anaeróbios Trato geniturinário Bacilos Gram – Enterococcus Sistema Nervoso Central Staphylococcus Oftálmicas Staphylococcus Streptococcus Bacilos Gram – Ortopédicas Staphylococcus Cefalosporinas 1ª, 2ª e 3ª gerações. Cefazolina e Cefalotina – 1ª geração. Cefoxitima, cefaclor – 2ª geração Ceftriaxona e Ceftiofur – 3ª geração Metronidazol – usado em infecções com anaeróbios, geralmente em tratogastrointestinal baixo (cólon/reto); Quinolonas – não age sobre Staphylococcus. Sulfa + trimetoprim (Cavalos) Penicilina + Gentamicina (Cavalos) A maioria dos Staphylococcus são resistentes a ß-lactâmicos. Tempo de aplicação Dentro de 1 hora da incisão da pele. Repetir a dose a cada 1 a 2 meias-vidas. Interromper em 24 horas na maioria das cirurgias.
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