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FHO | UNIARARAS – FUNDAÇÃO HERMÍNIO OMETTO INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS FRANCIS HELLEN ROBERTA DA COSTA DOS SANTOS RA: 83604 NÍVEL DE ATIVIDADE DO PIB: EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE CRESCIMENTO ARARAS-SP 2018 -100% -50% 0% 50% 100% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 FBKF Consumo das famílias INTRODUÇÃO Após a eleição, em 1994, que elegeu o presidente Fernando Henrique Cardoso, até o segundo mandato do governo Dilma, a situação econômica do Brasil passou por algumas mudanças, como taxa de câmbio fixo, aumento dos gastos públicos de transferência de renda a fim de diminuir a desigualdade social, um período de crescimento puxado pelo boom das commodities e, a partir de 2014, a crise. O crescimento econômico durante o período do governo Lula, não foi acompanhado de uma política de desenvolvimento efetiva, além disso, houve políticas de forte estímulo ao consumo das famílias, sem a preocupação com os efeitos futuros. Assim, a presidente Dilma assume o cargo diante de um cenário conturbado, visto que o cenário internacional já não era mais tão favorável e a situação política vinha deteriorando-se. Além disso, as decisões políticas errôneas da presidente e sua equipe econômica aceleraram o processo da crise. Este trabalho tem como objetivo analisar a economia brasileira, entre os anos de 1995 – 2015, a partir das taxas de crescimento do PIB, e assim, visa propor algumas discussões sob o ponto de vista da economista Laura Carvalho acerca de possíveis saídas para a economia brasileira e a volta de seu crescimento. Para as análises discorridas durante o trabalho, foram utilizados alguns dados do Banco Central (crescimento da taxa do PIB), apêndice estatístico do livro Economia brasileira contemporânea, do Giambiagi et al. e também dados do índice de confiança do consumidor e do empresário industrial do site IPEA.DATA. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) tinha como objetivo principal a estabilização dos preços, e, devido aos acontecimentos recentes 1 , era de extrema importância para ele conseguir terminar seu mandato. Buscando estabilizar os preços, Fernando Henrique Cardoso aplicou a política de câmbio fixo, e isso promoveu um superaquecimento na economia via importação (GIAMBIAGI et al., 2011). Como pode ser analisada no gráfico 01, a média da Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) apresentou uma grande participação na composição do PIB, em decorrência da política cambial adotada que possibilitou que as importações se tornassem mais baratas, propulsionando os investimentos interno. A participação negativa durante os anos de 1998 e 1999, segundo Giambiagi et. al. (2011), é devido às crises vigentes do período, como a crise cambial e o desequilíbrio externo (a importação cresceu mais rapidamente que a importação, levando a uma queda nas reservas do país). Gráfico 01: Média da participação da composição do PIB – Ótica da demanda (1995-2002). Fonte: Apêndice estatístico Economia brasileira contemporânea. p. 248 1 O processo de redemocratização do Brasil havia acontecido há menos de 10 anos, e, além disso, o primeiro presidente eleito, Fernando Collor de Mello, não terminou seu mandato devido ao impeachment. Para ver mais, Giambiagi et. al., 2011. -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 1.996 1.997 1.998 1.999 2.000 2.001 2.002 Agropecuária Indústria Serviços -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 Agropecuária Indústria Serviços Ao analisar a taxa de crescimento do PIB via ótica da produção, no gráfico 02, fica evidente a importância da participação do setor primário na economia brasileira, reforçando que o país é um grande exportador de bens agrícolas e intensivos em recursos naturais. A importância do setor agrícola se fortaleceu ainda mais durante o governo Lula, com a consolidação da relação comercial com a China. Gráfico 02: Taxa crescimento do PIB em % – Ótica da Produção (1996-2002) Fonte: Bacen O governo Lula, apesar de ter iniciado em meio a uma crise, em função das eleições conturbadas, referente à postura mais radical do partido, mostrou-se um período de forte crescimento econômico, influenciado pelo favorável cenário externo promovido pela China e sua alta demanda pelas commodities brasileiras. Com isso, o governo aproveitou-se de seus superávits primários para dar continuidade nas políticas de distribuição de renda, iniciadas no governo anterior (GIAMBIAGI et al., 2011). O gráfico 03 demonstra a taxa de crescimento do PIB, e, apesar do boom das commodities, a taxa de crescimento do setor agrícola não apresenta grandes disparidades em relação à da indústria e do setor de serviços. Isso advém do fato de ter ocorrido um aumento dos investimentos industriais para atender o aumento da demanda puxado pelo consumo das famílias. O comércio internacional promoveu um crescimento em cadeia na economia brasileira. Um ponto importante a ser destacado é a forte queda dos setores primário e secundário em decorrência da crise mundial de 2008, que afetou o país, porém, não em grandes proporções como o restante do mundo (GIAMBIAGI et al., 2011). Carvalho (2018) aponta a importância adquirida do setor terciário neste período. Como pode ser analisado no gráfico 03, o setor de serviços apresentou uma evolução com poucas variações (exceto no ano de 2009), e, devido à característica do Brasil, esse setor absorve grande quantidade de mão de obra de baixa qualificação, o que possibilita que haja uma distribuição de renda mais justa a partir deste setor, dinamizando toda a economia interna, como ocorreu durante a gestão Lula. Gráfico 03: Taxa de crescimento do PIB em % - Ótica da produção (2003-2010). Fonte: Bacen -100% -50% 0% 50% 100% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 FBKF Consumo das famílias -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 2.011 2.012 2.013 2.014 2.015 Agropecuária Indústria Serviços Apesar das políticas de forte estímulo para o consumo das famílias, o gráfico 04 demonstra que ela não obteve a maior média de participação da decomposição do PIB durante o governo Lula. A FBKF apresentou maior participação do PIB, e isso é resultado do forte crescimento econômico que promoveu maiores investimentos no setor industrial, porém, o investimento industrial passou a diminuir no governo Dilma. Gráfico 04: Média da participação da composição do PIB – Ótica da demanda (2003-2010). Fonte: Apêndice estatístico Economia brasileira contemporânea. p. 248 O governo Dilma (2011-2016) iniciou-se com a deterioração do cenário externo, com a queda do preço das commodities, e isso impactou fortemente as reservas e as receitas durante seu governo. Devido a crise que já apresentava sinais, houve uma reunião com alguns representantes das indústrias, como a FIESP, para propor políticas econômicas visando melhorar a situação dos investimentos industriais, visto que assim, a crise não teria um efeito tão negativo. Além disso, durante seu governo, Dilma continuoua política de estímulo ao consumo, porém, essa política já vinha apresentando certo esgotamento, já que o Brasil passou a apresentar a “armadilha da renda média”, ou seja, a renda estagnou, e ao mesmo tempo, o preço dos bens passou a subir, provando uma inflação. Essas decisões foram cruciais para que a crise tivesse um efeito extremamente negativo para a economia no decorrer de seu mandato, agravando-se no último ano, em 2015 (CARVALHO, 2018; GIAMBIAGI et al., 2011). Gráfico 05: Taxa de crescimento do PIB em % - Ótica da produção (2011-2015). Fonte: Bacen 2,2 3,4 0 0,3 4,3 1,3 2,7 1,1 5,7 3,2 4 6,1 5,2 -0,3 7,5 2,7 0,9 2,3 0,1 -3,8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 * 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 Crescimento em R$ Taxa de variação -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 1 9 9 7 T 1 1 9 9 7 T 4 1 9 9 8 T 3 1 9 9 9 T 2 2 0 0 0 T 1 2 0 0 0 T 4 2 0 0 1 T 3 2 0 0 2 T 2 2 0 0 3 T 1 2 0 0 3 T 4 2 0 0 4 T 3 2 0 0 5 T 2 2 0 0 6 T 1 2 0 0 6 T 4 2 0 0 7 T 3 2 0 0 8 T 2 2 0 0 9 T 1 2 0 0 9 T 4 2 0 1 0 T 3 2 0 1 1 T 2 2 0 1 2 T 1 2 0 1 2 T 4 2 0 1 3 T 3 2 0 1 4 T 2 2 0 1 5 T 1 2 0 1 5 T 4 O gráfico 05 deixa evidente que após 2011, a indústria perdeu sua participação no crescimento do PIB, inclusive apresentando valores negativos em três anos. A agricultura foi a responsável pelo fato da economia não ter apresentado resultados piores. A perda de participação da indústria no PIB enquanto o setor de serviços apresenta crescimento, evidencia um processo de desindustrialização da economia brasileira, porém, essa industrialização é chamada de precoce/negativa por Cano (2011), visto que o parque industrial brasileiro não atingiu a maturidade necessária para iniciar sua desindustrialização. Esse processo teve início ainda durante os anos 1990 e se acentuou com o decorrer dos anos. Além disso, o autor explica que o aprofundamento do processo de aceleração da industrialização ocorreu devido a falta de uma política de desenvolvimento efetiva durante o governo Lula. Gráfico 06: Crescimento do PIB em R$ e Taxa de crescimento em % (1996 – 2015) Fonte: Bacen O crescimento total do PIB em reais e em porcentagem entre 1996 a 2015 pode ser avaliado no gráfico 06. Os períodos em que houve crescimento percentual negativo foram em anos que o Brasil passou por crises, como a crise mundial de 2008, que atingiu o país em 2009, e após 2014, período que iniciou a crise do governo Dilma. Além disso, o gráfico 07 permite a análise do crescimento trimestral do PIB, e, apesar do crescimento não possuir um padrão, o gráfico aponta apenas que seu pico de crescimento geralmente é no último trimestre do ano, em decorrência das sazonalidades que tendem a aquecer a economia. Gráfico 07: Taxa do crescimento trimestral em % (1997-2015) Fonte: IPEA.DATA 0 50 100 150 200 Média ICC Média ICEI O gráfico 07 demonstra também que entre os anos de 1997 a 1999, houve uma tendência de crescimento negativo da economia, e isso é justificado a partir dos desequilíbrios externos e crise fiscal, como já fora abordado anteriormente. E entre os anos de 2000 até 2010 (com exceção do ano de 2009), há uma ascendência na taxa de crescimento, em decorrência do favorável setor internacional, que impulsionou a economia através da balança comercial com a exportação de commodities (GIAMBIAGI et al., 2011). Gráfico 08: Média da composição Gráfico 09: Média da composição Gráfico 10: Média da composição do PIB em % - Ótica da Prodção do PIB em % - Ótica da Prodção do PIB em % - Ótica da Prodção (1996-2002) (2003-2010) (2011-2015) Fonte: Bacen Os gráficos 08, 09 e 10 demonstram o processo de desindustrialização que Cano (2011) defende. Durante o governo FHC (1996-2002), a indústria tinha participação de 19% no PIB, e apesar deste valor ter aumentado durante o governo Lula, como evidencia o gráfico 09, a sua participação perdeu espaço em relação ao setor de serviços e agropecuário, ou seja, de acordo com Cano (2011), o processo de desindustrialização está relacionado a perda de participação do setor secundário em relação ao terciário. Durante o governo Dilma, devido a economia fragilizada pela queda dos preços das commodities, a aceleração da inflação e suas políticas de estímulo ao consumo, que já estavam esgotadas promoveram uma queda nos investimentos industriais (CARVALHO, 2018). Diante deste cenário, Carvalho (2018) defende que um dos meios de se superar a crise e promover um crescimento econômico saudável é através de investimentos públicos no setor de serviços. A autora argumenta que o setor de serviços no Brasil absorve grande quantidade de mão de obra de baixa qualificação, e isso faz com que haja uma distribuição de renda de forma mais equitativa. Além disso, o crescimento do setor de serviços promoveria um aumento da demanda por bens industriais, que estimularia a indústria a fazer maiores investimentos sem tanta dependência do Estado. Gráfico 11: Média do índice de confiança do consumidor x média do índice de confiança do empresário industrial (%) Fonte: IPEA.DATA -10 -5 0 5 10 15 Indústria Serviços Agropecuária O gráfico 11 demonstra a média dos níveis de confiança do consumidor e do empresário industrial, e, mesmo os consumidores apresentando forte confiança na economia, o empresário brasileiro, devido a sua característica conservadora, apresenta confiança sempre abaixo do nível de confiança do consumidor. Isso evidencia que mesmo a economia apontando para um crescimento com a confiança do consumidor, a classe empresarial não demonstra que irá promover investimentos para corresponder a demanda futura. Com isso, Carvalho (2018) afirma que com um setor terciário mais efetivo, o aumento do consumo promovido por ele irá dinamizar o mercado interno a tal ponto que a classe empresarial investirá sabendo que isso lhe garantirá retornos futuros. Além disso, o setor de serviços é o que menos apresenta oscilações em seu crescimento, como é mostrado no gráfico 12, o que demonstra ser um setor estável que pode ser um caminho para um aquecimento da economia doméstica, sem tanta dependência do setor industrial. É importante deixar claro que Carvalho (2018) defende a importância da indústria em um país subdesenvolvido como o Brasil, porém, há de se promover uma maior dinamização entre os mercados. Gráfico 11: Taxa de crescimentodo PIB em % - Ótica da produção (1996-2015). Fonte: Bacen CONCLUSÃO: Desde o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso até a metade do segundo mandato do governo Dilma é um período de várias transformações na economia contemporânea brasileira. A partir da segunda metade dos anos 1990, houve a estabilização dos preços com o controle da inflação e a fixação do câmbio com paridade semelhante a um para um com o dólar, além disso, houve a criação de políticas públicas de distribuição de renda, visando diminuir a desigualdade social do país. O período entre 1995 a 2015 é marcado por um processo de desindustrialização precoce, devido a falta de políticas de desenvolvimento mais eficientes, além disso, o estímulo ao consumo sem pensar nas consequências futuras foi um dos fatores que influenciaram a crise do governo Dilma, visto que a mesma utilizou-se das mesmas políticas para estimular a demanda, porém, a mesma já estava saturadas. Além disso, a queda dos preços das commoditiesaprofundou os efeitos da crise. Em decorrência do processo de desindustrialização, o setor de serviços passou a apresentar maior participação na composição do PIB, e o setor terciário, por ter a característica de empregar uma grande parcela de trabalhadores com baixa qualificação, pode ser um meio de promover o crescimento da economia nacional, visto que seria através dele que poderia estimular novamente a demanda e promover uma maior dinamização entre os setores agrícola e o industrial. Fica implícito então que, já que o país está passando por um processo de desindustrialização precoce, e, devido a desconfiança do empresário industrial de fazer investimentos, esse processo tende a se aprofundar cada vez mais, enquanto o setor de serviços passa a crescer. Assim, maiores investimentos no setor de serviços para torná-lo mais complexo e dinâmico, poderia ser uma saída para promover o crescimento da economia brasileira nos próximos períodos, visto que o setor terciário dinamizaria a economia doméstica e não a deixaria tão dependente do setor industrial. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CANO, W. (Des)Industrialização e (Sub)Desenvolvimento. Texto apresentado no II Congresso Internacional do Centro Celso Furtado em 11/8/2014. CARVALHO, L. Valsa brasileira: Do boom ao caos econômico. Brasil: Todavia. 2018. GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier. 2011.