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DIREITO DO CONSUMIDOR aulas Thais Viegas

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DIREITO DO CONSUMIDOR – UNDB 2018
1. Aspectos Gerais
De início será realizada uma abordagem mais geral da teoria social do consumo, até que cheguemos no CDC, na tutela constitucional do consumidor no Brasil, a constituição da relação jurídica de consumo, e por fim, os princípios.
Consumir não é um ato frugal, e sim importante. É uma consequência esperada e normal de existir. É bem verdade que o consumo mudou (e muito), não significando que deixou de ser importante. Consumir é algo fundamental porque o ser humano não tem condição de produzir tudo aquilo que consome (alimentos, roupas, eletrônicos, etc), sendo necessário recorrer ao mercado.
Então, essa mudança do contexto histórico do consumo (por exemplo) pode ser percebida quando observamos que no início da vida humana, o indivíduo ia caçar e plantar o que comia, não necessitando de adquirí-la através do sistema de consumo (troca/venda) da época. Ou seja, um contexto totalmente diferente do atual.
Portanto, percebe-se que o consumir é um ato fundamental e intrínseco ao ser humano, ou seja, que sempre existiu. Mas o que/quantidade/como se consome mudou bastante, significando que hoje em dia além de suprirmos as necessidades, consumimos coisas associadas a valores e elementos simbólicos que antes não existiam (ex: uma coisa é comprar uma caneta e outra coisa comprar uma Montblanc; formas de se vestir ligado ao tratamento obtido em determinados estabelecimentos que procuram clientes com valores estereotipados/ sociais/econômicos/políticos). Isso é um retrato da complexidade nas relações sociais, havidas do século XVIII pra cá.
Partindo do século XVIII, no contexto da revolução industrial (contexto europeu), havendo uma estabilização das guerras e melhorias na qualidade de vida urbana, a demanda por produtos aumentou, não sendo mais suficiente a feitura artesanal destes. Então, havendo essa necessidade de aumentar a quantidade de ofertas do mercado, houve a mecanização da produção em amplas frentes.
Avançando mais um pouquinho no tempo, é possível verificar que a massificação da produção viabilizou o atendimento dessa demanda que até então inexistira. Com essa estabilização e pacificação das relações internacionais (conseqüência do fim das 2 grandes guerras), novas demandas foram surgindo.
Então, a princípio a mecanização/industrialização/crescimento tecnológico, viabilizaram uma melhor qualidade de vida, pois possibilitava que mais pessoas usufruíssem de melhores produtos. Portanto, se produz mais para ter uma demanda crescente.
Já na segunda metade do século XX pra cá, as coisas mudaram: agora a problemática não é mais a quantidade, e sim a necessidade de criar novas demandas para retroalimentar o sistema econômico que precisa crescer (voltando ao exemplo da caneta!). Então, voltou-se a associar a uma série de valores/identidades o consumo de alguns produtos. Por isso, consumir virou a tônica da sociedade contemporânea, definida por alguns autores (vulgo, Bauman) como a sociedade de consumo.??
Em resumo: o consumo passou a ter centralidade nas relações sociais contemporâneas.
Isso porque o modo de nossa reprodução cultural possui um conceito baseado no consumo. E mais, o ato de consumir passou a ser um ato de filiação social (ex: tratamento diferente de acordo com a sua vestimenta que nos insere em determinados grupos sociais, que por sua vez, consome menos produtos associados a sua funcionalidade e mais produtos associados aos valores ocultos a ele associados). Portanto, na contemporaneidade esse sentimento de pertença está diretamente ligado ao consumo.
Indicado: Livro ''vida para consumo'' - Zigmunt Bauman, em que diz que nós somos uma sociedade de consumidores, ou seja, que vivemos para o ato de consumir, seja o que for.
Existem conotações simbólicas e sociopolíticas, o que isso significa? O consumismo passou de um mecanismo funcional para um mecanismo que faz os indivíduos se diferenciarem socialmente (ex: pessoas veganas possuem um estilo de vida vegano). O consumo politizado é exemplificado com pessoas que deixam de consumir em lugares que já foram condenados por fazer uso de mão de obra análoga a escravo, sendo uma forma de boicote/imposição frente a uma discussão política.
Lipovetsky avançou no conceito do Bauman (sociedade de consumo), dizendo que fazemos parte de uma sociedade de hiperconsumo, afirmando que não fazemos parte de uma sociedade que consome apenas por necessidade ou diferenciação social, havendo agora uma individualização do consumo, perdendo a prática de consumo compartilhado. Outra característica dessa sociedade de hiperconsumo, são os atos movidos pelo prazer, associando o consumo ao prazer (ex: tirei 10 em tributário, vou comprar um celular novo para comemorar).
Tem outra característica desse sociedade de consumidores contemporânea, que é a produção em massa, a hiperindustrialização que possibilitou essa produção em massa. Isso teve muitas vantagens, como a possibilidade do acesso de determinados produtos por indivíduos de grupos que em um contexto diferente não poderiam adquiri-lo. O problema é que esses produtos possuem um tempo de duração (de vida) cada vez menor. Portanto, o intervalo da produção - distribuição - comercialização - descarte está cada vez menor, e quanto menor esse intervalo, melhor para a indústria (the story of stuff - youtube - exemplifica esse processo).
Esse prazo de validade curto que cada produto possui é conhecido como obsolescência planejada (que consiste na redução proposital do tempo de vida do produto, para que o consumidor sinta a necessidade/seja forçado a adquirir uma versão mais moderna daquilo). Como exemplo: 1) versões diferentes do iphone com funções iguais ou muito parecidas, 2) meias calças feitas com material que rasga mais fácil, 3) o iphone antigo não comporta atualizações de apps, forçando o seu descarte - obsolescência de função. Essa técnica a obsolescência planejada permite que o mercado se mantenha sempre aquecido, criando novas necessidades de consumo constantemente.
Outro ponto negativo da massificação é o fato de que se ocorre algum erro/defeito no processo produtivo, não é apenas um produto que é atingido, mas sim dezenas/milhares. É por isso que todo tempo há recols - procurar como se escreve.
Assim, diante desse cenário, se percebe a emergência de um novo sujeito. Esse sujeito, que é o consumidor, está em uma posição diferente da que possui o fornecedor. A distinção central entre esses indivíduos é que, como regra, o consumidor é um sujeito leito e o fornecedor um sujeito expert (já que este possui informações a mais).
Portanto, hoje em dia é reconhecida essa relação permanentemente desigual, que por muito tempo não tinha a devida proteção através de normas jurídicas postas ao seu interesse. Em virtude disso, na década de 1960 tiveram marcos importantes de mundialização de movimentos que desaguaram a constituição de normas jurídicas especificamente voltadas a produção do consumidor. Ocorre que por se tratar de uma relação desigual, esta desigualdade autoriza a intervenção estatal, que se dá compulsoriamente (dever inafastável do estado intervir nesta relação, para reduzir o fosso que separa consumidor e fornecedor).
Em 1962, o ex presidente dos EUA (John Kennedy) anunciou os direitos fundamentais dos consumidores (como a informação, liberdade de escolha, etc). Esse foi o momento que historicamente se elegeu como o marco que representou o reconhecimento da importância de um novo sujeito de direitos para o qual era necessário uma tutela jurídica especialmente vocacionada a proteger esses sujeitos.
A partir da obra de Noberto Bobbio, é possível localizar esse novo sujeito de direitos do consumidor na 3ª dimensão de direitos fundamentais. O direito/interesse do consumidor é iminentemente metaindividual, ou seja, o interesse consumerista, ainda que ele seja lesionado em uma situação específica em individual, ele tem uma repercussão coletiva. Ou seja, ainda que as demandas sejam individuais, certamente terá atingido um númeroindeterminado de pessoas.Ex: cláusula abusiva/leonina em contrato com cartão de crédito, que não são discutidas termos, prejudicando todos aqueles que aderiram o referido cartão de crédito (ou seja, não atingiu só uma pessoa, mas sim um número indeterminado).
Por essa razão, o CDC se enumera como uma norma de ordem pública e de interesse social (na medida em que consumidor pode ser sujeito individualmente considerado, mas todos nós coletivamente ou individualmente somos consumidores, dai a repercussão transindividual /coletiva do interesse do consumidor.
No caso brasileiro, a CF/88 previu já na ADCT a necessidade de se estruturar uma lei para proteger o consumidor. Portanto, o art. 48 do CF determinou a elaboração de um CDC, fixando um prazo de 90 dias para o Congresso Nacional criá-la (coisa que não aconteceu, já que a CF é de 1988 e o CDC de 1990).
A presença de uma previsão referente ao consumidor na CF não se restringe ao art. 48 da ADCT, como pode-se vislumbrar no art. 5º,XXXII CF possui a previsão da defesa do consumidor como de natureza fundamental. Tal inciso, mais especificadamente, se trata da previsão do princípio da intervenção estatal compulsória, que significa que a intervenção em defesa do consumidor é inafastável. Ou seja, refere-se a obrigatoriedade que o Estado possuía em editar uma lei para a defesa do consumidor.
O direito do consumidor convive com outros direitos, ressaltando a importância da defesa do consumidor na ordem econômica. O disposto no art. 170 CF, caput significa que toda atividade econômica é livre, e ela será tanto mais legitimada quanto mais contemplar a defesa do consumidor.
Portanto, é importante que se diga que há uma convivência desses interesses, desse modo não se pode afirmar a legitimidade de uma atividade econômica de qualquer iniciativa que não atente a defesa do consumidor, bem como não se pode utilizar o fundamento da defesa do consumidor para dificultar, obstaculizar, impedir o exercício de atividades econômicas lícitas (a iniciativa continua sendo livre).
E porque se faz necessário essa defesa do consumidor? Bem, como já dito anteriormente, fala-se de relações jurídicas evidentemente desiguais (consumidor, em regra leigo e o fornecedor, em regra, perito). Portanto, como regra, o ponto de partida da defesa do consumidor é a consideração de que estamos falando de um sujeito vulnerável.
A vulnerabilidade é um traço característico dos consumidores. Pode ser uma vulnerabilidade técnica, informacional, jurídica, econômica, e muitas outras faces que o consumidor se apresenta como vulnerável frente ao fornecedor.
Esse consumidor se posiciona relacionalmente e societalmente, ou seja, significa que ele se relaciona com fornecedores, com outros consumidores, que seus interesses se colocam incisivamente na sociedade. Por isso que uma demanda que aparenta ser individual, certamente repercute no interesse de alguns consumidores.
Continuando com distinção entre consumidor e fornecedor, temos que o primeiro é denominado como vulnerável e o último como endomercado. Significa que o consumidor pode muito mas não pode tudo, ou seja, o poder decisivo de compra é importantíssimo, que pode efetivamente mudar os rumos do processo produtivo, mas não afasta a necessidade de tutela do estado desse sujeito consumidor. Claudia Lima Marques reitera a legitimada intervenção do Estado na defesa do consumidor, no contexto do consumidor em situação de extrema fragilidade.
O art. 1º do CDC se enuncia como norma de ordem pública e interesse social. Significa que o CDC, por ser de ordem pública, ela é inafastável por vontade das partes, ou seja, todas as relações consumeristas devem observar as suas normas, sendo inadmitido que ainda que haja acordo entre as partes contratantes, algum direito/norma seja afastado. É inegociável/inafastado. Quando se fala de interesse social, quer dizer que quando há conflito consumerista, ainda que individual, repercutem coletivamente.
No art. 2º há a definição do que é consumidor. É importante que se diga que para a pessoa ser caracterizada como consumidor, não é necessário que a pessoa tenha um contrato formalizado/assinado etc para ser tido como tal. O vínculo de consumo se perfaz pelo mero ajuste verbal. O consumidor é considerado como consumidor quando tido por destinatário final de um produto ou serviço. E mais, o art 2º deixa claro que pode ser consumidor tanto a pessoa física como a pessoa jurídica, mas esse último nem sempre é considerado vulnerável (diferente da pessoa física).
Quando se fala que o consumidor é quem utiliza ou adquire o produto ou serviço, significa que tanto a pessoa que compra como a pessoa que vai usar (ex: comprar um presente de aniversário) são consumidores denominados como padrão/comum/standart.
Mas o CDC vai além em seu art. 2º, §ún., ao afirmar que também são consumidores aqueles que intervém na relação de consumo (ex: caso do avião da TAM que não conseguiu parar no aeroporto de congonhas, atingindo tanto as pessoas do avião, como pessoas que estavam embaixo). Esse consumidores são denominados como por equiparação/by standart, ainda que indertemináveis.
Então o leque de consumidor abrange: quem adquire, quem contrata, quem usa o produto ou serviço, quem é atingido pelo serviço ou produto. E, vale repetir, é desnecessário haver contrato escrito para ser reconhecido como consumidor, bastando as circunstâncias fáticas.
1.1. Revolução industrial: a massificação da produção e o início da era da abundância;
2. Relação jurídica de consumo
O CDC tentou inúmeras vezes constitucionalizar o direito privado, em várias hipóteses do cdc, foi protagonista nas alterações.
Mas nem toda relação de jurídica é de consumo, portando precisamos identificar quem é consumidor e fornecedor.
CONSUMIDOR consumidor pode ser pessoa jurídica e física; definição de consumidor: 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
        Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Consumidor standard (comum/ordinário): 
é aquele consumidor comum, é aquele que vai em uma loja e compra brinquedo. A pessoa que comprou é consumidora em relação a loja de brinquedos, vai presentear a criança, a criança não comprou mas vai ser considerada consumidora, pois utilizou o produto.
Consumidor equiparado: 
contrata cartão de crédito ou um plano de saúde, é . parte da ideia de que não precisa necessariamente que você faça contrato com a empresa, precisa só que você sofra um acidente de consumo. Exemplo: acidente aéreo, quem foi atingido no solo também é consumidor.
O CDC fala que é a pessoa onde “haja intervindo na relação de consumo”, outro exemplo: publicidade com a bunda de uma mulher exposta e sensual, a publicidade foi considerada abusiva, não se tem o controle de quem viu a bunda ou não, não tem como identificar, independente disso todos são considerados consumidores, pois é se considera a coletividade de pessoas que haja intervindo.
[esse assunto ela falou que vai ter tópico específico sobre, mas que só ia esclarecer] Produto, pode ser objeto material (celular) ou imaterial (canção), tudo pode ser objeto de relação de consumo, um serviço pode ser prestado por PF, quanto PJ de direito publico ou privado.
DESTINATÁRIO FINAL=> 
Esse tópico define concepções diferentes de quem pode ser consumidor, há doutrinadores que defendem a aplicação geral do CDC, como os que definem aplicações pontuais do CDC, essa divergência utilizou-se a definição de destinação final.
Para você ser consumidor, precisa só que seja um consumidor em potencial, não é preciso a compra para ter o interesse violado, por exemplo, em um shopping na vitrine não tem de maneira clara o preço de um produto, você já tem seu interesse violado, mesmo sem comprar, é desnecessário o contrato.
PJ pode ser consumidora, a diferença é que a vulnerabilidade dela não é absoluta. O destinatário final pode comportartrês interpretações [prova]:
Interpretação Finalista – (é bastante restrita) destinação fática e econômica --> aquela pessoa que adquire o produto esgota a cadeia econômica (encerrando o ciclo econômico) , retira o produto do mercado para si e não volta a reinseri-lo. Não há objetivo de lucro e o uso é pessoal – crítica: pessoa jurídica nunca seria consumidora;
Exemplo: vou ao supermercado e compro papel higiênico, eu tirei da circulação para meu uso, eu sou consumidora. Já no caso da menina da lanchonete que vai ao supermercado para vender coisas na lanchonete, para essa teoria não é consumidora, pois ao vender não está retirando eles do mercado, de alguma forma o valor daquele mantimento que comprou vai ser reinserido na lanchonete.
Nessa teoria, seria consumidor só quem tem o uso pessoal do produto ou para sua família. 
COMENTÁRIO PARALELO QUE AINDA VAI SER DADO: Relação de consumo tem como objeto um produto ou serviço que precisa ser renumerado
Interpretação Maximalista - basta ser destinatária fática – comprar para revenda já seria relação de consumo; seria a pessoa que recebeu o bem, a cozinheira da lanchonete seria consumidora, ainda que tenha uso econômico do bem. A maximalista é muito ampla.
Finalismo mitigado/aprofundado (aplicada pelo STJ): basta ser destinatário fático, mas depende da vulnerabilidade do caso concreto – caso seja relação entre pessoas de áreas distintas, há um desconhecimento por parte do consumidor. Analisa a vulnerabilidade que é condição essencial do consumidor.
2.1. O conceito de consumidor;
NUNANCES DO CONCEITO DE VULNERABILIDADE
Técnica, o consumidor não possui todos os conhecimentos técnicos sobre aquele produto. Ele não detém o conhecimento técnico sobre produto, então, por não conhecer ele pode ser induzido ao erro, por máximo que saiba manusear o produto.
Fática, 
Diz respeito a circunstancias pessoais do consumidor, são inúmeras a situação de fato em que o consumidor está em estado de vulnerabilidade, como por exemplo, o caso de consumidor idoso ou consumidor criança, etc. 
Jurídica, 
Afirma que em regra o consumidor desconhece os direitos básicos que são assegurados a ele, muitas vezes não sabe como negociar com fornecedor ou como agir diante uma violação, ao contrario dos fornecedores que contam com vários advogados para proteger seus interesses, tornando assim mais fraco o consumidor perante o fornecedor. 
A Cláudia helena marques elenca/cria uma espécie de 4 tipo de vulnerabilidade:
Vulnerabilidade Informacional, afirma que o consumidor em regra não tem informações básicas/essenciais do produto ou usufruto do serviço, tornando-o mais fraco perante o fornecedor.
decorre da vulnerabilidade técnica, porque é relacionado diretamente com uma questão de fato, que é aquele fato que o consumidor não possui todas as informações acerca de dado produto, é o fato do fornecedor esconder informações sobre o produto, esconder informações sobre o contrato. O consumidor via de regra é pouco informado, e o CDC veda essas práticas e garante ao consumidor a informação completa acerca do produto e dos contratos. (essa parágrafo estava na apostila da monitora, ela não falou em aula)
Consumidor equiparado (ou BYSTANDER) 
Art. 2 Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Então para fins do CDC, toda a coletividade que esteja inserida, um número indeterminado de pessoas, que possa intervir nas relações de consumo, é considerada consumidor. Isso fundamenta em grande parte as demandas coletivas, as demandas de violação a direito difuso. Em defesa da coletividade, aquele número indeterminado de pessoas que podem não ter feito parte da relação de consumo, que podem não ter adquirido o produto, nem utilizado, nem tido qualquer relação com o fornecedor, apenas por ter sido exposto, apenas por fazer parte dessa sociedade de consumo, ela é considerada consumidor. Isso ajuda na prevenção e na reparação desses direitos da coletividade. (apostila da monitora, na sala ela só mencionou esse artigo)
Art. 17: Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Qualquer consumidor que sofra algum prejuízo material ou extrapatrimonial com um produto ou má prestação de serviço será considerado consumidor, foi o exemplo dado anteriormente da propaganda.
As vítimas de acidente de consumo, ainda que não tenham adquirido ou sequer tenham utilizado aquele produto, são consideradas consumidores. Se eu estou caminhando aqui na rua e tem um caminhão de gás abastecendo aquele prédio, eu não sou usuário daquele serviço de gás, eu não contratei com aquele serviço, eu não estou utilizando aquele serviço, mas se aquele caminhão explode e me faz vítima de acidente de consumo, eu posso buscar reparação como consumidor de maneira equiparada. Se eu estou caminhando no supermercado, não estou utilizando nenhum produto, e uma lata de Coca-Cola explode do meu lado e me machuca, eu posso buscar essa reparação como consumidor por equiparação porque fui vítima daquele evento. (apostila da monitora, não falou na aula)
Art. 29: Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
É considerado consumidor toda pessoa que é submetida a essas práticas ilícitas, no caso da publicidade abusiva, todo mundo que viu aquela publicidade é considerado consumidor. (caso tenha se sentido lesado)
Conceito de fornecedor (artigo 3° do CDC)
Art. 3. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. (CONCEITO AMPLO PARA ABRANGER TODA A CADEIA DE FORNECEDORES)
Fornecedor pode ser PJ de direito publico e privado, nacional ou estrangeira, quer dizer que você pode demandar um fornecedor estrangeiro.
Entes despersonalizados=> camelô, que não é um microempreendedor e nem tem CNPJ, uma empresa pode falir, e o administrador pode continuar como fornecedor.
Todas as pessoas que desenvolvem essas atividades são consideradas fornecedoras. Não é necessário montar uma empresa para ser considerado fornecedor. Empresas estrangeiras também: um tempo atrás uma pessoa comprou uma câmera Panasonic nos EUA e chegando aqui viu que não funcionava. O consumidor, então, entrou com ação contra a Panasonic do Brasil e ela disse que não era fornecedora. O STJ decidiu que a globalização deu segurança ao consumidor brasileiro que comprou no estrangeiro algo de um fornecedor que também está no Brasil. Se a Panasonic do Brasil se beneficia da fama da Panasonic mundial, ela também é responsável pelos possíveis danos. Além disso, o acesso à justiça seria bem mais difícil (ação nos EUA, cartas rogatórias etc.). 
Empresas públicas: Submetem-se as normas do CDC os serviços públicos uti singuli, ou seja, individualizados e explorados mediante concessão. Ex. energia elétrica, água, gás etc., você paga de acordo com o consumo. 
Esse conceito de fornecedor é ampla para “facilitar”, no supermercado você compra uma fruta, o produto nem é identificado, é mais fácil demandar contra o supermercado, do que procurar onde foi plantada aquela fruta. A mesma coisa ocorre com a construção de carros, peças de vários países e lojas, ai o CDC se preocupa em informar quem montou, pois quem montou que será responsabilizado.
Em regra a responsabilidade por defeito não é solidária (veremos mais na frente), no caso um defeito em um liquidificador o erro foi na fabricação e tem nada a ver com o vendedor, já o vício pode ocorrer por exemplo na hora em que a pessoa vai colocar o açaí em um saco, a responsabilização pode recair também para o vendedor, caso tivesse uma infecção.
CONSTRUÇÃO- as pessoas fornecedores de bens imóveis também são consideradas fornecedoras!!Elementos/ características:
Habitualidade: desejo de continuidade, a atividade não é isolada, é construída periodicamente. Caso eu venda meu celular novo para meu amigo e dê problema, eu não sou fornecedora, pois não faço aquilo com habitualidade.
Ex.: pessoa que começa atividade de vender há dois dias, é considerada como habitual porque tinha proposito de durabilidade da atividade, era para durar mais, ser habitual. 
Profissionalidade: conhecimento especial, mínimo de técnica (não precisa ter nível superior, nem mil cursos) - se estrutura de maneira séria para produzir os produtos. Não precisa ter formação técnica, pode ser artesão.
Remuneração: desenvolvimento de atividade econômica com contraprestação pecuniária; deve gerar ônus para o consumidor.
Pode ser remuneração direta e indireta: a direta é o pagamento efetivo por aquilo que recebe; a indireta é por meio de custos inseridos no valor do produto (estacionamento “gratuito”, compre 3 leve 4)
Exemplo: posto de combustível, com 40 litros ganhava uma lavagem americana, o carro arranhou na lavagem. Há relação de consumo? A lavagem foi renumerada indiretamente, essa promoção leva ao aumento de numero de consumidores, a taxa de lucro então cresce.
O produto que veio “grátis” também poderá responsabilizar o fornecedor.
Ex.: cooperativa de médicos sem fins lucrativos, o plano de saúde alegou que não era fornecedora por conta disso.
Fins lucrativos? Prestação de serviço em forma de cooperativa que não objetiva o lucro? O fato de objetivar ou não lucro não define a relação de consumo Conceito de Produto, não descaracteriza como fornecedora, tendo em vista que está sendo renumerado o serviço e tem habitualidade + profissionalismo.
Uma igreja toda quarta um sopão durante o inverno, essa igreja é fornecedora? Não, não há renumeração.
Deve gerar um ônus ao consumidor, seja dinheiro ou não, por exemplo: o valor final do produto está inserido os gastos com a manutenção do estacionamento.
 OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO: 
Art.3°, § 1 do CDC, Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Contrato de promessa de compra e venda se aplica o CDC; uma canção ou uma poesia também poderá ser objeto; empréstimo; financiamento (há tentativas de afastar a aplicação do CDC nas relações bancarias); (imaterial) 
Bens imateriais: lazer, casas noturnas etc.
O comércio online não está previsto no CDC, pois o CDC é antigo, mas se aplica sim o CDC, houve um novo decreto (não escutei o nº) abrangendo o comercio online.
Outra discussão: contratos de locações: não se aplica o CDC pois tem lei específica, a jurisprudência é tranquila ao afirmar que não se aplica. 
Ainda sobre o objeto: Conceito de Serviço: art. 3 § 2° CDC ° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Relações de emprego: Aplica-se CLT e não CDC. A relação jurídica é diferente. 
empregada domestica com empregador, isso não é relação de consumo, caso tenha um problema na relação, não se aplicará o CDC.
Pessoas atingidas pelo gás em shopping: foi vítima de acidente de consumo, é consumidora mesmo sem consumir.
Uma funcionaria de uma loja que foi atingida durante o período de expediente que foi atingida pelo gás, aplica CDC? É vínculo de emprego e não do CDC.
2.2. O conceito de fornecedor;
2.3. O conceito de serviço;
2.4. Os serviços públicos;
Não é todo serviço publico que vai instaurar relação de consumo, serviço público que se aplicam o CDC são serviços singulares, ou seja, passíveis de individualização, geralmente são por meio de concessões, o estado permite que a iniciativa privada faça esses serviços por meio de contrato. 
Segurança publica é serviço público, se eu for assaltado eu vou demandar o estado do maranhão? Não, pois é renumerado por impostos que servem para que o estado possa se manter (não entendi pois na PGE existe sim essa demanda , acho que ela quis dizer que não seria regida pelo CDC essa demanda).
Ex. energia elétrica, água, gás etc., você paga de acordo com o consumo. 
São renumerados por tarifas específica para aquele serviço e não por impostos (aqui se aplica o CDC)
A política nacional deve atender as necessidades dos consumidores, respeitar sua dignidade, saúde e segurança, isso que leva a respeitar o consumidor, devendo acautelar também os interesses econômicos, não devendo o fornecedor diferenciar os preços entre os consumidores. A melhoria da qualidade de vida, como fenômeno jurídico não pode ser analisado em um sentido moralizante, devendo discutir a relevância do consumo. Devemos levar em conta que o consumo melhora nossa qualidade de vida. A transparência na politica nacional do consumo é um dever anexo ou lateral decorrente da boa-fé objetiva que move as relações jurídicas de consumo, gerando deveres como cooperação, lealdade, etc.. Tendo todos entre si, todos os sujeitos do consumo. A harmonia das relações de consumo é o próprio objetivo do CDC, tendo harmonia nas relações entre consumidor e vendedor.
3. Princípios do Direito do Consumidor e direitos básicos
Princípios do Direito do Consumidor
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
        I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
Pode-se discutir vulnerabilidade quanto à pessoa jurídica, pessoa física não. Pois a pessoa física SEMPRE é vulnerável. 
       Princípio da intervenção estatal compulsória
 II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
O direito do consumidor é um direto fundamental, o estado tem a obrigação de fazê-lo.
        a) por iniciativa direta;
        b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
        c) pela presença do Estado no mercado de consumo; Não significa intervencionismo impeditivo da liberdade de iniciativa. A defesa do consumidor não pode ser realizada como argumento para impedir a liberdade de iniciativa. A liberdade de iniciativa pressupõe a defesa do consumidor.
        d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. Dever de qualidade segurança. A durabilidade remete a obsolescência planejada como violadora do CDC.
        III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; 
        IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; Informação adequada e clara para o consumidor. 
        V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; Ex. Certificações do ISO. Normas autônomas de qualidade que vão trazer mais segurança para o consumidor. 
        VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; Um fornecedor não pode utilizar marca de outra. 
        VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; O Estado pode ser fornecedor de maneira direita ou por meio de suas concessionarias e permissionárias. Os serviçospúblicos devem ser contínuos, 
        VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
        I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
        II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
        III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo;
        IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;
V- concessão de estímulos a criação e desenvolvimento das associações de defesa do consumidor
DIREITOS BASICOS
Os princípios da política nacional das relações de consumo funcionam, juntamente com os direitos básicos do consumidor, como duas faces de uma mesma moeda. Veremos os direitos básicos do consumidor, previstos no art. 6º do CDC. O CDC foi estruturado de maneira principiológica, e estes princípios estão refletidos nos direitos básicos.
Os direitos básicos do consumidor estão contemplados no artigo 6º do CDC. Esse artigo traz em seus incisos os direitos basilares, fundamentais, são o piso(?) de proteção jurídica do consumidor no cenário brasileiro. Esses direitos básicos estão enumerados de forma exemplificativa, ou seja, outros direitos básicos podem ser extraídos de outras normas jurídicas no próprio CDC, em outras normas, em atos administrativos, em leis internacionais de que o país é signatário. O art. 6º do CDC é, pois, apenas um ponto de partida em relação aos direitos do consumidor no Brasil. 
O art. 6º estabelece que: “ Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”. O Ministro Herman Benjamin construiu a denominada Teoria da Qualidade, que determina ao fornecedor deveres de qualidade/segurança e qualidade/adequação. 
A violação do dever de qualidade/adequação gera no produto ou serviço o vício. Por seu turno, a violação do dever de qualidade/segurança gera no produto ou serviço o defeito. 
Quando o CDC protege, como direitos básicos do consumidor, a vida, a saúde e a segurança, ele acautela o consumidor justamente a partir do dever de qualidade/segurança, determinado pelo CDC ao fornecedor. 
Importante lembrar que o CDC não colocou o consumidor numa redoma de vidro, nem o colocou como um sujeito intangível, mas protegeu a sua vida, saúde e segurança contra produtos ou serviços considerados perigosos ou nocivos.
Perigoso é diferente de nocivo, existem determinados produtos ou serviços que são inerentemente perigosos, exemplo: o que se espera quando se compra uma faca? – que ela corte. Trata-se, pois, de um bem de natureza perigosa. Mas quando se compra, por exemplo uma TV, não se espera que esse bem vá explodir na sua cara.
Conforme já dito, o CDC não coloca o consumidor como inatingível, mas tenta protegê-lo dos produtos ou serviços cuja nocividade vai além do razoável, além da expectativa legítima do consumidor. Exemplo: quando se compra um inseticida, há várias orientações e advertências na embalagem. E quando você coloca inseticida no quarto e aparecem várias baratas mortas, isso não será um acidente de consumo, pois é a ação esperada, desejada do produto; mas você não espera que uma pessoa ou o animal de estimação da casa morram com o uso de inseticida.
É preciso que de distinga esses perigos e essa nocividade, considerando o que é razoavelmente esperado e o que se pode legitimamente esperar de um produto ou serviço. 
A vida, a saúde e a segurança do consumidor são acautelados, mas isso não significa que não existam no mercado, de maneira legal, produtos e serviços que sejam perigosos. 
Enfim, esse é o direito básico: a proteção da vida, da saúde e da segurança do consumidor.
“Art. 6º. II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;” – a informação precisa ser adequada e clara; a educação para o consumo precisa ser transversal, precisa perpassar todos os níveis de educação, em todas as séries, e não apenas em nichos ou disciplinas da educação superior, todos os consumidores precisam se preparar para distinguir os limites do consumo, a exemplo do que deve acontecer em relação ao consumo consciente, ou aos valores sócio-políticos agregados ao consumo, ou ao consumo sustentável, etc.
O consumo tem uma série de repercussões: econômicas, políticas, ambientais e jurídicas, e a nossa sensibilização sobre o modo de consumir passa pelo processo de educação. Essa educação deve ser do consumidor, mas deve atingir também os fornecedores, estes também devem ser orientados sobre o modo como devem lidar com os consumidores, e isso está previsto nos princípios da Política Nacional das Relações de Consumo. Portanto, tudo está relacionado.
Em relação à liberdade de escolha, é preciso o consumidor temperar essa liberdade, porque hoje grande parte dos serviços que nós contratamos, como por ex. serviços de cartão de crédito, de assistência à saúde, serviços relacionados a financiamentos, são em regra serviços que nós contratamos por adesão, ou seja, nós recebemos um formulário pré-definido de cláusulas contratuais e aderimos a essas cláusulas sem termos tido a oportunidade de discuti-las com o nosso parceiro. Até essa liberdade precisa ser temperada, porque a gente quase nunca tem a oportunidade de discutir com precisão e alto detalhamento as condições da contratação
E preciso que o consumidor fique atento, porque nos serviços contratados por adesão não se permite discutir sobre as cláusulas com o parceiro que se contrata. Trata-se, pois, de uma liberdade de escolha com restrições e limitações. 
No que diz respeito à informação sobre a composição de produtos, a Anvisa tem uma série de regulamentos sobre a composição de alimentos industrializados. Obriga os fornecedores a informar nas embalagens se, por exemplo, o produto contém glúten. Mas existem outros produtos dentro daqueles alimentos industrializados que talvez não nos interesse consumir, mas que a gente não saiba que estão ali dentro, então a nossa liberdade de escolha, como direito básico, precisa ser fortalecida, mas considerando esse contexto de sociedade de consumo massificado a gente sempre tempera essa liberdade reconhecendo que é uma liberdade bastante restrita em várias situações.
Quanto à igualdade nas contratações, a ideia de isonomia tem extração constitucional e é interessante que, apesar de ser direito básico do consumidor essa igualdade, recentemente foi aditada a Lei 13.455/17, resultado da conversão da medida provisória 764 de dezembro de 2016, que permite a cobrança de preço diferenciado a depender da modalidade de pagamento, se em cartão de crédito ou dinheiro. Tem-se discutido a compatibilidade dessa lei com o CDC, pois quem vai pagar no cartão de crédito vai pagar mais caro do que quem paga à vista ou em espécie, e isso hoje é possível e previsto na Lei Federal 13.455/17. Então é uma igualdade que precisa ser repensada sob essa perspectiva.
Outra questão: a contratação de planos de assistência à saúde por consumidores idosos. O estatuto do idoso proíbe a discriminação do idoso pelos planos de saúde em virtude da idade, mas os planos aumentam de valor quando a idade avança. O STJ entendeu que essa prática não é ilegal, desde que essa cobrança seja proporcional, sem excessiva onerosidade para o idoso. 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; - informação como direito básico não nos serve qualquer tipo de informação, mas a informação adequada e cara e, no que diz respeitoàs limitações, ela precisa ser ostensiva. Isso tem repercussão ampla quando se fala em defesa do consumidor, inclusive sob os aspectos mais simples do nosso cotidiano, como por exemplo a obrigação do fornecedor de colocar o preço do produto na vitrine, que é algo que muitas lojas de shopping descumprem.
Isso é uma repercussão do direito básico do consumidor à informação. Essa informação é central para o exercício de nossa liberdade de escolha, especialmente quando se trata das características, da composição de produtos. Esse dispositivo (art. 6º, III) foi alterado recentemente, em 2012, para inserir essa parte de “tributos incidentes”, então dentro do nosso direito básico à informação está também o de conhecer quais são os tributos que incidem sobre o produto adquirido e sobre o serviço contratado. Isso precisa estar especificado no momento da exigência da nota fiscal.
Sobre a quantidade: há alguns anos o sorvete Häagen Dazs mudou de conteúdo líquido, o produto importado vem com uma espécie de selo na embalagem com a tradução da composição, o peso... e ali naquela embalagem havia a advertência sobre a redução do conteúdo líquido do sorvete. O potinho continuava do mesmo tamanho, mas o consumidor estava sendo advertido de que aquela quantidade havia sido reduzida. 
Isso é importante pois normalmente a redução da quantidade, do peso líquido do produto, não vem acompanhada da redução de preço, então é fundamental que o consumidor seja devidamente advertido disso. É interessante perceber que quando os produtos industrializados mudam de conteúdo líquido vem escrito no cantinho “nova embalagem”, aí a gente pensa que é só mudança no design, nas cores, algo pra ficar mais chamativo e mais interessante visualmente pro consumidor... mas essas alterações visuais da embalagem normalmente são apenas um motivo para legitimar a alteração do conteúdo líquido do produto. 
Tudo isso precisa estar devidamente advertido ao consumidor, e também pois a depender do tipo de embalagem, o conteúdo líquido pode mudar de peso. Essas variações decorrentes da própria característica do produto embalado não são ilegais, pois é algo esperado e do que o consumidor também precisa ser advertido.
Em relação a produtos alimentícios industrializados, é fundamental que a composição esteja bem advertida ao consumidor, em virtude do direito básico à proteção da vida, saúde e segurança. Então se o consumidor é alérgico à proteína do ovo, ou então é alérgico a castanhas, e aquele produto tem ou pode conter traços de castanha, isso precisa estar advertido na embalagem. Não se trata de um preciosismo, mas isso pode impactar a vida, a saúde e a segurança do consumidor.
Quanto à qualidade: esta tem a ver com dados como, por exemplo, a validade do produto, local de fabricação, todos os dados necessários ao conhecimento do consumidor sobre as características do produto. 
No que diz respeito ao preço, nós não estamos falando aqui só do preço que precisa estar ostensivo na vitrine da loja, mas estamos falando do preço inclusive quando se vai contratar serviços, como celebrar um contrato de financiamento por exemplo. É fundamental que esteja presente ali pro consumidor não apenas o valor do produto ou o valor daquele bem no momento da contratação, no momento da compra e da venda. É preciso que esteja ali presente o valor depois que incidirem os juros e demais práticas ao final do processo de financiamento.
Isso é importante pois o consumidor precisa saber quanto ele pagaria se fosse à vista e quanto ele efetivamente está pagando em virtude de um contrato de financiamento, por exemplo. Assim o consumidor vai ter uma noção precisa de qual é o melhor negócio. Enfim, essas são condições para que o consumidor exerça a sua liberdade de escolha. 
Os riscos sobre os quais o inciso III diz que o consumidor deve ser advertido, são os riscos que estão para além do que é inerente ao produto ou serviço. Por ex.: quando você compra uma faca, ela não vem com a advertência “cuidado, a faca corta”, pois você espera que a faca corte; mas você não espera decepar a cabeça do dedo abrindo uma lata de extrato de tomate, como ocorreu em um caso conhecido julgado pelo STJ, pois esse é um risco que escapa e muito do que razoavelmente se espera.
Então se aquele produto oferece um risco que pode causar lesão ao consumidor, é preciso que isso esteja muito bem advertido. 
 “IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;” – a publicidade no Brasil é permitida e incentivada, o que o CDC veda é a publicidade ilícita.
O art. 36 do CDC distingue 2 tipos de publicidades ilícitas, a publicidade enganosa e a abusiva. 
A publicidade enganosa é aquela que mente, e ela mente ou por dizer que o produto faz mais do que ele realmente faz, ou por omitir qualquer dado essencial do produto ou serviço. Por exe.: quando se anuncia a pílula cogumelo do Sol, que promete um milagre dentro de uma cápsula, e não se consegue o resultado prometido, então a publicidade mente, pois vende mais do que o produto efetivamente pode te oferecer, já que a publicidade não cumpre com a oferta veiculada na mensagem. 
A publicidade também pode ser enganosa por omissão, por exe.: digamos que num anúncio de um automóvel comum, o fornecedor não tenha dito com a mensagem publicitária que o automóvel tem 4 pneus. Nesse caso, a publicidade não pode ser considerada enganosa por omissão, pois essa omissão precisa ser sobre um dado essencial do produto e que possa afetar a liberdade de escolha do consumidor.
Então se a publicidade deixa de informar, por exemplo, no caso de um crédito, a taxa de juros ou diz que a taxa é zero, mas quando o consumidor chega lá descobre que tem taxas, então aí a publicidade é enganosa.
Então a publicidade pode ser enganosa por dizer algo que não cumpre ou por omitir um dado central. A imagem, por exemplo, constitui também a mensagem publicitária e é um atrativo muito importante pro consumidor fazer a contratação, então não é razoável o fornecedor usar o argumento de que a imagem é “meramente ilustrativa” par descumprir a oferta.
 Quanto aos métodos comerciais coercitivos ou desleais, são as ligações, e-mails, mensagens que os fornecedores ou prestadores de serviços mandam pros clientes, que fazem com que estes se sintam coagidos a comprar ou contratar. O consumidor fica acossado por uma insistência incômoda e isso é considerado prática abusiva.
O CDC protege o consumidor em todos os momentos da relação de consumo: antes, durante e até após a finalização do ajuste. Antes de contratar, o CDC protege o consumidor, por exemplo, contra a publicidade ilícita; durante a contratação, o CDC protege a vida, a saúde e a segurança do consumidor; após a contratação o CDC acautela o consumidor com instrumentos como o sistema de responsabilização e o recall. Do mesmo modo como o consumidor é protegido durante toda a relação de consumo, ele o é independentemente de vínculo contratual. 
Por isso o CDC, no artigo 39, prevê uma série de práticas abusivas que estão nomeadas ali em rol exemplificativo. O artigo 51 do CDC prevê também uma lista exemplificativa de cláusulas abusivas. Tanto num caso quanto no outro, o fundamento da ilicitude é a violação a esses direitos básicos do consumidor. O CDC protege o consumidor contra essas condutas desleais no mercado de consumo, quer pela prática de condutas abusivas, quer em virtude das repercussões da cláusula contratual ilícita,
 “V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;” – segundo o dogma do ‘pacta sunt servanda’, o contrato era praticamente inatingível, a teoria da imprevisão dinamizou essa intangibilidade do contrato, permitindo alteração em determinadas circunstâncias excepcionais e que estivessem ao largo da capacidade cognitiva do consumidor. 
No CDC não se falaem Teoria da Imprevisão, mas sim em teria da quebra ou do rompimento da base objetiva do negócio jurídico. Existem determinadas circunstâncias que admitem que o contrato seja tocado para adequá-lo à demanda do consumidor. Existem circunstâncias que permitem que o consumidor peça essa modificação, adeque os dispositivos contratuais no sentido de executar o contrato. O propósito não é dar calote no fornecedor, é viabilizar o atendimento das cláusulas contratuais. 
No começo da década de 90, quando nós mudamos de moeda e começou a circular o real, houve uma paridade entre dólar e real, mas quando o câmbio ficou flutuante o valor do dólar explodiu e inúmeros contratos foram celebrados indexados ao valor do dólar, e as pessoas não conseguiam mais cumprir os contratos com a explosão do dólar. E esse é um caso claro que permite a revisão de cláusulas contratuais em razão de fato superveniente que as torne excessivamente onerosas. 
Existem outras circunstâncias que podem permitir a mudança dessas cláusulas contratuais, como a morte de um arrimo de família, a perda do emprego... tudo isso pode permitir a repactuação do ajuste, justamente pra viabilizar o cumprimento da obrigação. Não se trata de um favor do fornecedor ao consumidor, trata-se de um direito básico do consumidor.
“VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;” – seria ideal que as lesões ao consumidor não se perpetrassem, mas o que acontece é que todo dia isso ocorre. Nem sempre é possível que as ilicitudes sejam prevenidas, na maioria das vezes é preciso acionar medidas de responsabilidade para reparação desses danos. Essa reparação pode se dar individual e coletivamente.
No que diz respeito a lesões a consumidores, mesmo em lesões de natureza extrapatrimonial é possível que o pedido seja deduzido em ação coletiva, fortalecendo a atuação do MP e da defensoria pública como titulares dessas ações coletivas. 
“VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;” – aqui mais uma vez mencionamos a importância da Defensoria pública (tanto dos estados quanto da união), além do acesso aos juizados especiais, órgãos judiciários administrativos, e o PROCON que é o órgão de defesa do consumidor que está mais próximo do nosso cotidiano, e também as agências reguladoras têm papel importante na defesa do consumidor. 
No que diz respeito aos direitos meta-individuais, é importante que se conclua que esses direitos podem ter cunho patrimonial e extrapatrimonial, inclusive sob a perspectiva meta-individual.
“ VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;” – esse inciso é fundamental, pois garante a inversão do ônus da prova em defesa do consumidor, essa inversão que é direito básico do consumidor depende de decisão judicial, ela é ope judicis. Mas o CDC contempla outras possibilidades em que a inversão do ônus da prova decorre da determinação legal, nesses casos ela é ope legis, aquela em que o próprio CDC inverte o ônus da prova. Mas o ônus da prova que é direito básico do consumidor é esse que depende de decisão judicial.
A inversão do ônus da prova fica vinculada à verossimilhança do que alega o autor e à hipossuficiência. A hipossuficiência é diferente da vulnerabilidade, e é importante pontuar isso, porque apesar de as categorias terem definições distintas, até em precedentes do STJ é possível ver uma verdadeira confusão sobre essa distinção. 
A vulnerabilidade é uma característica inerente ao consumidor e é inclusive um princípio da Política Nacional das Relações de Consumo, todo consumidor é vulnerável. A hipossuficiência não é uma característica de todo e qualquer consumidor, ela pode ser considerada uma espécie de vulnerabilidade no contexto processual, refere-se, portanto, a uma dificuldade ou a uma fraqueza do consumidor de demonstrar os elementos constitutivos do que argui. Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente!!!
No CPC de 73, art. 333, o legislador distribuía o ônus da prova. Essa distribuição se dava de maneira bastante estática, o CDC dinamizou essa distribuição para facilitar a defesa do consumidor. Essa distribuição dinâmica do ônus de provar foi fortalecida no CPC de 2015, pois lá o legislador reconheceu que existem determinadas circunstâncias que tornam muito difícil, no nosso caso específico ao consumidor, apresentar os elementos, as provas constitutivas de sua alegação. Então nesse aspecto o CPC/15 está muito bem afinado com o CDC no que diz respeito à dinamicidade da distribuição do ônus de provar.
A hipossuficiência é o primeiro critério que será avaliado pelo judiciário para decidir pela inversão do ônus da prova. O segundo critério é o da verossimilhança das alegações, ou seja, a verificação no caso concreto, segundo as regras de experiências, se aquela alegação do consumidor tem maior ou menor probabilidade de corresponder à realidade. 
No inciso VIII o CDC utiliza a conjunção alternativa ‘OU’, o que significa que basta a presença de um desses critérios – hipossuficiência OU verossimilhança – para o juiz inverter o ônus da prova em defesa do consumidor. Presente um desses critérios o juiz deverá inverter o ônus da prova, não se trata de alternativa, ele deverá, na medida em que nós estamos falando de um instrumento que é essencial à facilitação da defesa do consumidor e que, portanto, é direito básico nos termos desse artigo 6º, VIII.
Obs.: a hipossuficiência não é quando o consumidor não investiu os esforços necessários a reunir os elementos probatórios, é quando ele não tem como fazê-lo. É o caso clássico de fraude em contratação de linha telefônica, o consumidor só recebe a notificação de lançamento do seu nome em cadastro de restrição creditícia numa empresa qualquer, mas ele nunca assinou um contrato, não conhece aquela linha telefônica e nem nunca realizou nenhum tipo de ajuste com a empresa de telefonia. E aí, como faz?
Tem uma discussão interessante sobre o momento oportuno para a inversão do ônus da prova, o STJ se debatia sobre a seguinte questão: a inversão do ônus da prova é uma regra de procedimento ou de julgamento? – Se se considerar a inversão do ônus da prova como uma regra de julgamento, o momento oportuno para o juiz inverter o ônus da prova em benefício do consumidor é o momento da prolação da sentença.
Se se entender que a inversão do ônus da prova é uma regra de procedimento, o momento oportuno pra isso no despacho de citação ou num saneador? O STJ tinha entendimento divergente sobre isso: o entendimento que partia da ideia de que a inversão do ônus da prova é uma regra de julgamento, considerava que o momento oportuno para a inversão é a sentença, mas isso poderia dificultar a distribuição da paridade das armas e impactar o princípio da isonomia por pegar de surpresa o fornecedor, que poderia ter tido um outro comportamento ao longo da instrução processual se soubesse que o ônus de provar os fatos estivesse com ele. Então essa tese considerava o ônus da prova uma regra de julgamento indevida, por pegar o fornecedor de surpresa.
Por sua vez, quem sustentava que a inversão do ônus da prova é uma regra de procedimento, questionava o momento em que isso seria feito, pois se você pensar que é no despacho inicial, parece que o juiz tá pré-julgando o processo; e quem também sustentava que a inverso do ônus da prova era um regra de procedimento, mas o fazia de maneira mais ponderada, dizia que o momento oportuno pra isso seria no despacho saneador, pois assim o fornecedor ainda teria tempo de produzir outros elementos e influenciar a decisão judicial. 
Esse problema durou muito no STJ e foi resolvido pelo CPC de 2015 noartigo 357, que se mostrou bastante afinado com o propósito do CDC, especialmente no que diz respeito à inversão do ônus da prova, ao considerá-la uma regra de procedimento e considerar o momento oportuno para tal o saneador. Pois assim nem se pega o fornecedor de surpresa e nem se impede o exercício do direito básico do consumidor. 
O CDC determina ao juiz que defina sobre quais fatos o ônus da prova deve ser invertido, não é pra tudo. Isso é fundamental para que o curso processual seja o mais paritário e condizente com a cláusula geral da boa-fé objetiva.
“X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.” – além dos produtos, os serviços também são objetos das relações jurídicas de consumo. Podem ser os serviços prestados pela iniciativa privada e também pelo Estado, por meio de suas concessionárias ou permissionárias. 
Em relação aos serviços públicos, estes precisam ser eficientes, seguros e adequados; e os essenciais precisam ser contínuos (art. 22, CDC). A Lei de Concessões permitiu a suspensão de serviços públicos essenciais na hipótese de inadimplemento do consumidor, nesse caso a continuidade não vai ser quebrada pois o serviço só não vai ser fornecido para aquele consumidor, para todos os demais ele vai continuar funcionando. Então nesse art. 6º, o CDC não poderia deixar de considerar a essencialidade de se proteger o consumidor também quando esse consumidor tem por objeto o serviço público essencial.
“Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.” – nesse caput o legislador amplia o rol de direitos básicos ao prever que outros diplomas legislativos podem consubstanciar (??).
“regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes” - isso aqui é especialmente relevante no âmbito do departamento de proteção e defesa do consumidor, vinculado ao Ministério da Justiça. Esse departamento expede uma série de atos administrativos que preveem, por exemplo, práticas abusivas que não estão elencadas no art. 39, direitos básicos que não estão contemplados no art. 6º, bem como cláusulas contratuais abusivas que não estão mencionadas no art. 59. 
Então as normas dos atos administrativos, as normas jurídicas mais simples dos órgãos de defesa do consumidor, também podem consubstanciar esses direitos básicos. 
A definição jurídica de fornecedor, o art. 3º do CDC define fornecedor num conceito super amplo, e faz isso para permitir a responsabilidade de toda a cadeia de fornecedores. Essa solidariedade como regra está prevista no parágrafo único do art. 7º, que diz:
“Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.” – então no sistema do CDC a regra é que a responsabilidade seja solidária. 
A gente vai ver no art. 14 do CDC quais são as hipóteses excludentes, mas, como regra, toda a cadeia de fornecedores poderá ser responsabilizada. 
4. Qualidade de produtos e serviços: proteção à saúde e à segurança do consumidor
Aspectos gerais de qualidade de produtos e serviços
-a abordagem dos arts. 8º, 9º e 10 do CDC, serve de abre alas para a discussão de responsabilidade por acidente de consumo e responsabilidade por vício.
-Interpretação dos artigos 8, 9 e 10 do CDC
-Teoria da qualidade: Faz surgir para o fornecedor deveres de segurança e adequação de produtos e serviços. Regra: produtos e serviços não sejam nocivos ao consumidor, não exponham a vida, saúde e segurança do consumidor a riscos, ocorre que possui a tolerância para os produtos que são inerentemente nocivos e perigosos (Ex.: remédios). 
O artigo 8° dispõe sobre a regra de que os produtos ou serviços não devem gerar riscos ou lesões aos consumidores; as exceções: riscos toleráveis; obrigação do fornecedor alertar o consumidor sobre esse risco. 
O que são produtos essencialmente nocivos? Que tipo de informação assegura o direito básico previsto no artigo 8°? Necessidade de informação adequada dos riscos. Precisa ser ostensiva. A falta de informação pode resultar em um produto defeituoso. A natureza do produto apresenta risco inerente, periculosidade. 
-Periculosidade inerente: é típica do produto (Bebidas alcoólicas, agrotóxicos)
-Nível de normalidade desses produtos: Critérios: Objetivo: de acordo com o tipo especifico do produto (Manusear fogos de artifícios). Subjetivo: Consumidor tinha condições de prever o risco? As informações são adequadas? Pergunta-se isso para aferir se o produto está na normalidade de sua nocividade 
O §único do artigo: refere-se a fabricante de produto industrializado; Linguagem escrita sobre eventuais riscos (Ex.: Bula de remédio para informar efeitos colaterais). 
O dispositivo direciona a responsabilidade aos fabricantes, mas os encargos podem recair sobre aos comerciantes caso ele “mexa” no produto, invente de bulir. 
Ex.: A concessionária quando recebe o carro não mexe em nada, portanto, quem deve dar as informações sobre ele (advertir o consumidor) é a montadora/fabricante.
É bem importante para estudar o artigo 13 do CDC que trata sobre a responsabilidade quanto ao defeito do produto. (Protege quem comercializada em relação a quem fabrica, este deve alertar sobre os riscos); 
Regra da responsabilidade: objetiva e solidária (esta será em alguns dispositivos “temperada” pelo senso de justiça, ou seja, flexibilidade).
-Artigo 6° e 8° estão relacionados: Princípios básicos (direito a informação, a saúde, efetiva reparação de dano) x qualidade dos produtos e serviços (teoria da qualidade)
Leu o artigo 9°: Produtos e serviços nocivos podem ser colocados no mercado, mas necessita de informação. Informação ostensiva e adequada, uma pessoa de conhecimento mediano pode entender essa informação. Essa falta de informação desses produtos pode implicar em um tipo penal.
Periculosidade divide-se em 3 grupos: 
Inerente: Aquela que é típica do produto. É normal e não viola a legitima expectativa do consumidor. Ex.: Produto ou serviço depende desse nível de periculosidade. Não enseja indenização, portanto. Não apresenta vicio de qualidade/ defeito.
Ex.: Cigarro configura essa periculosidade (entendimento STJ). Remédios, fogos de artificio, serviço de dedetização. 
Adquirida: Demanda reparação, pois implica que o produto ou serviço tenha um defeito, seja ele de fabricação ou comercialização. 
Os defeitos decorrentes dessa periculosidade adquirida podem ser de fabricação pois decorrem de montagem, construção, produção (processo industrial). Pode ser também de concepção: decorre da sua fórmula do produto que se verifica um defeito. Por fim, defeitos que decorrem da comercialização, que muitas vezes se dá pela falta de informação.
Exagerada: Aquela que ainda que o consumidor tenha toda a informação a sua segurança não está contemplada, não estará garantida. 
Ex.: (Associados aos produtos industrializados), alimentos transgênicos 
Obs.: Isso tem a ver com o case da disciplina 
Obs.: Se possuem periculosidade exagerada, como esses produtos ainda estão em circulação? Não há nada que impeça isso. Tem quem diga que não seja um defeito, mas sim um risco que o consumidor está sujeito.
Em consulta ao CDC, percebe-se que do art. 8º a diante há uma série de regras gerais que vão nos auxiliar na compreensão do sistema de responsabilidade. A gente vai começar a discutir agora a responsabilidade, a teoria da qualidade e recall.
O art. 8º do CDC inaugura um capítulo eu trata da qualidade e segurança de produtos e serviços, e tem vinculação direta com o art. 6º.
“ Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores,em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.” – o que pode ser considerado risco normal e previsível?
Quando o CDC proíbe que riscos sejam criados à saúde e segurança do consumidor, estamos falando dos direitos básicos previstos no art. 6º (proteção à vida, saúde e segurança), estamos falando na confiança depositada pelo consumidor na qualidade de produtos e serviços. 
Aí o CDC fala “exceto os normais e previsíveis” e de todo modo o fornecedor tem que informar o consumidor, o que decorre do direito básico deste à informação, também previsto no art. 6º do CDC. 
“Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.” – o propósito é prevenir os danos, e se esse sistema de prevenção não funcionar tem-se a reparação. 
Para se considerar os riscos normais e previsíveis existem 2 critérios: o 1º é um critério subjetivo, que leva em conta o próprio consumidor: analisa-se se o consumidor, naquelas circunstâncias, tinha condições de verificar a ocorrência daquele risco. Na definição de vulnerabilidade, foi dito que ela tem várias facetas e que tem alguns consumidores mais vulneráveis que outros, então esses consumidores precisam ter as suas situações específicas analisadas pra que se identifique se aquele consumidor, naquela circunstância, tinha condição de definir se o produto ou serviço era arriscado. 
Além desse critério subjetivo, tem-se o critério objetivo, onde se analisa as características do próprio produto. Existem riscos normais e previsíveis: você espera que uma faca corte, mas não espera cortar um pedaço do dedo com uma lata de extrato de tomate, não é previsível e nem normal.
“Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.” 
Existem 3 tipos de periculosidade. A primeira é a periculosidade inerente, aquela da qual depende a própria funcionalidade do produto, é o caso dos remédios, dos fogos de artifício, dos inseticidas...
A periculosidade adquirida, por sua vez, é aquela inadequação que decorreu do processo de produção, por exe.: um determinado automóvel que tem um problema no sistema de frenagem, uma medicação manipulada com substâncias trocadas...
No caso do cigarro, anos atrás muitas famílias de vítimas de câncer de pulmão ajuizaram ações contra a indústria do tabaco, alegando que os produtos eram defeituosos e que por isso geraram danos definitivos à saúde dos consumidores e até morte. O STJ considerou que os cigarros são produtos inerentemente perigosos, ou seja, para que aquele produto desenvolva as consequências esperadas é necessário que em sua composição estejam presentes aquelas substâncias que fazem mal à saúde. 
O professor Leonardo Garcia insere uma terceira definição de periculosidade: a periculosidade exagerada, que é aquela que está para além do que se poderia admitir no ordenamento jurídico brasileiro. A periculosidade exagerada é aquela em que mesmo que o consumidor tenha todas as informações sobre o produto, ainda assim ele não estará protegido dos seus riscos. É o caso, por exemplo, dos agrotóxicos, dos transgênicos, das nano-medicações. Isso pois os riscos desses produtos, em sua maioria, são desconhecidos até mesmo dos próprios fabricantes, quanto mais dos consumidores. 
Quando o CDC veda os riscos, ele veda os que estejam para além do que se pode admitir. O CDC não impede que produtos perigosos circulem no mercado, desde que esses riscos sejam inerentemente perigosos. O CDC veda a periculosidade adquirida. No que diz respeito aos riscos exagerados, em uma situação ideal de segurança, esses produtos sequer poderiam estar em circulação, mas diante da incerteza nós optamos por afastar a aplicação do princípio da precaução e continuar nos alimentando de transgênicos e usando uma série de outros produtos arriscados que são comprometedores de nossa saúde e segurança.
“Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.” – Esse artigo trata do recall, do chamamento. Então a regra do CDC é que os produtos não tenham defeito, e que quem tem a obrigação de saber do defeito é o fornecedor. 
“§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.” – o chamamento ou recall é uma oportunidade que o fornecedor tem de sanar o defeito ou vício do produto que pode repercutir negativamente sobre a vida, saúde e segurança do consumidor.
O chamamento, por si só, não implica um ato de violação ao consumidor. Tem inclusive alguns precedentes do STJ analisando pedidos de indenização por dano moral pelo fato do recall, e o STJ diz que o chamamento é um procedimento de proteção do consumidor, e não uma chance de oportunismo de se recorrer ao poder judiciário na tentativa de ganhar indenização por dano moral.
No recall, identificado o problema, o fornecedor informa o consumidor e o Ministério da Justiça, pois o poder público precisa ser amplamente notificado e o consumidor também. Liga-se para o consumidor, manda-se mensagem para o celular, manda-se carta, faz-se anúncio em TV e jornais de grande circulação... os fornecedores devem utilizar todos os meios necessários para atingir o maior número possível de consumidores. 
O Ministério da Justiça tem uma portaria que regulamenta o recall e é previsto inclusive o percentual de consumidores que devem ser não apenas notificados, mas que devem realizar o recall. Sob pena de o fornecedor continuar tendo a obrigação de notificar e atingir esses consumidores, pois o próprio Ministério da Justiça exige o número mínimo, a depender da quantidade de consumidores atingidos, que aquele recall tem de alcançar. Sob pena também de uma série de sanções administrativas, desde as simples advertências até as multas.
“§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.” - o fornecedor já inclui no valor do produto o risco que ele terá de realizar o chamamento, isso é risco do negócio. Por isso que quando o consumidor vai fazer o recall no carro, por exemplo, ele não tem que pagar nada, pois o produto não poderia apresentar aquele defeito.
“§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.” – tanto os fabricantes têm o dever de informar, quanto o poder público. 
Obs.: O fato de o consumidor não atender ao chamamento e, em virtude daquele defeito, sofrer um acidente de consumo, não afasta a responsabilidade do fabricante! Pois os produtos não devem apresentar defeito, e se o fabricante não sabia do defeito, ele deveria saber. Agora se o consumidor sabia do chamamento e não o atendeu por desleixo, isso certamente influenciará no momento do juiz arbitrar uma indenização por dano moral. O consumidor também não pode simplesmente se desincumbir de qualquer tipo de responsabilidade, então se ele sabe do recall, ele tem a obrigação de atendê-lo, por conta do princípio da boa-fé objetiva.
4.1. O recall;
RECALL: Artigo 10 do CDC. Mecanismo de proteção e defesa do consumidor. Não é lesiva ao consumidor. O ônus do saber é do fornecedor, é o que o caput do artigo dispõe (Se este não sabe, deveria saber). Regra: TINHA QUE SABER!!!!!! 
RECALL: depois de comercializado o produto apresenta defeito, o fornecedor chama o consumidor para corrigi-lo.
Obs.: Alto graude nocividade: termo jurídico indeterminado 
§1°: A comunicação do defeito deve ser feita a autoridade (Poder Público) e ao consumidor. Deve ser alargada, por meio de anúncios publicitários. O consumidor precisa ser alcançado. O fornecedor deve “achar” o consumidor. 
O ministério da justiça regulamenta o Recall e determina um percentual dos consumidores que precisam ser comunicados. Por isso o Recall pode durar meses. 
§2°: Os custos correrão por meio do fornecedor 
§3°: Dever de informação é obrigatório ao fornecedor mas não é exclusivo seu, o poder público também poderá exerce-lo. O poder público fiscaliza os produtos e serviços, portanto, também podem comunicar aos consumidores acerca de algum defeito. O artigo 55 do CDC complementa esse entendimento. (Ver também o §1° desse artigo 55). 
QUEM TEM OBRIGAÇÃO DE FISCALIZAR TAMBÉM TEM O DE COMUNICAR!!!
Artigo 56 do CDC: sanções para o fornecedor quanto a essa comunicação. Conduta típica para o descumprimento por parte do fornecedor. 
Definição de Recall mais uma vez: O fornecedor chama o consumidor para sanar defeito. 
O fornecedor deve achar o consumidor de todas as formas possíveis. O risco do negócio deve ser assumido pelo fornecedor. E quando o consumidor não atende ao chamamento e fica inerente?? Como fica a responsabilidade?? 
Resposta: O consumidor sabendo do Recall não leva o carro para arrumar e sofre um acidente. Tem direito a indenização? SIM. A responsabilidade do fornecedor é objetiva, com culpa concorrente do consumidor, mas o fornecedor continua sendo integralmente responsabilizado. A ideia da culpa concorrente é uma espécie de repartição dos custos, para que o desleixo do consumidor não passe em branco. A culpa concorrente influencia no arbitramento do dano moral, mas não exclui a responsabilidade do fornecedor. O fornecedor continua responsável pelo defeito do produto, pois deveria saber sobre esse defeito. 
O procedimento do Recall é comum, porém, a informação precisa atingir o seu objetivo. Se o consumidor sofre um acidente e depois recebe o chamamento para o Recall, não haverá culpa concorrente. (Entendimento do STJ). 
Obs.: Um consumidor ingressou com ação judicial pois seu carro foi objeto de Recall. Nesse caso, o STJ entendeu que não houve dano e julgamento nesse sentido seria enriquecimento ilícito. Nesse caso entende-se que o chamamento do Recall não gera dano moral. 
Obs.: Não levar o carro para concertar o defeito não afasta a responsabilidade objetiva do fornecedor, pois houve defeito na fabricação do produto, e é obrigação do fornecedor saber desse defeito. 
 A responsabilidade do fornecedor independe de vínculo contratual, não divide a responsabilidade em contratual ou aquiliana. 
Teoria da qualidade gera a obrigação de segurança e adequação para o fornecedor, para evitar acidentes de consumo, vício de qualidade e/ou qualidade. 
Produto é viciado quando perde sua prestabilidade.
Violação do dever de segurança gera produtos e serviços defeituosos e violação na adequação gera produtos e serviços com vício. 
4.2. A teoria do risco do negócio;
4.3. A responsabilidade civil objetiva.
5. Vício e defeito
A violação do dever de qualidade e segurança gera produtos e serviços com defeitos. O CDC distinguiu s âmbitos de responsabilidade do consumidor a depender de a impropriedade do produto e do serviço repercutir sobre a vida, saúde e segurança do consumidor enquanto no defeito ou repercutir essencialmente ou basicamente sobre questões econômicas.
O CDC da tratamentos distintos quanto a produto e quanto a serviço: Artigo 12, CDC (capítulo que trata de saúde e segurança do consumidor).
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
PS. O CDC não falou fornecedor, como especificou no artigo 3º, ele faz assim porque ele diferenciou a responsabilidade de um dos elos da cadeia de fornecimento, faltando aqui nesse artigo 12 o comerciante, contemplado no artigo 13. Pois o CDC distinguiu o que tange a responsabilidade pelo fato do produto a responsabilidade do comerciante, pois quando o defeito decorre do processo de montagem e de concessão do produto, pois sobre essa atividade e defeito o comerciante não tem responsabilidade, pois a responsabilidade é solidária e objetiva, a responsabilidade é a defeito de produto, no CDC. 
O que é produto? Pode ser material e imaterial.
Divide-se a periculosidade em três categorias: inerente, adquirida e exagerada. A inerente não gera responsabilidade, mas a adquirida sim, pois decorre da ocorrência de um defeito de projeto, fabricação, montagem, construção, formulas, apresentação, informações inadequadas... etc. (final do artigo 12, caput). Nessa ultima informação (informações inadequadas) remete-se ao artigo 9º, CDC. 
O que é um produto com defeito? Frustra a qualidade e segurança, portanto frustra a legitima expectativa do consumidor.
Diz o que é e o que não é produto defeituoso.
        § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: (Essas circunstancias são importantes para analisar no caso concreto se aquele produto é ou não é defeituoso).
        I - sua apresentação (a embalagem, o invólucro, o manual de instrução, etc.); II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação.
        § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. (avanços tecnológicos)
        § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: (Rol Taxativo, só essas que estão aqui podem afastar a responsabilidade).
        I - que não colocou o produto no mercado;
        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
O CDC distingui os âmbitos de responsabilidade do consumidor, em regra ela é solidária ou objetiva, em relação a defeito de produto, diferenciou a responsabilidade do comerciante. Discute-se se a responsabilidade de do consumidor é subsidiária, se ela seria solidária ou se é exclusiva. 
 Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando (nessas hipóteses):
        I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; (o produto for anônimo).
        II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; (mal identificado).
        III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. (responsabilidade exclusiva, só do comerciante).
        Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. 
Responsabilidade por prestação de serviços
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
        § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - o modo de seu fornecimento; (no caso de inobservância de normas técnicas).
        II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi fornecido.
        § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. (avanço

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