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Carboidrato Princípios de Bioquímica – Lehninger, Página 273 Os carboidratos são as biomoléculas mais abundantes na Terra. A cada ano, a fotossíntese converte mais de 100 bilhões de toneladas métricas de CO2 e H2O em celulose e outros produtos vegetais. Alguns carboidratos (açúcar e amido) são os principais elementos da dieta em muitas partes do mundo, e sua oxidação é a principal via de produção de energia na maioria das células não fotossintéticas. Princípios de Bioquímica – Lehninger, Página 273 Polímeros de carboidratos (também chamado de glicanos) agem como elementos estruturais e protetores nas paredes celulares bacterianas e vegetais e também nos tecidos conectivos animais. Outros polímeros de carboidratos lubrificam as articulações e auxiliam o reconhecimento e a adesão intercelular. Polímeros de carboidratos complexos covalentemente ligados a proteínas ou lipídeos atuam como sinais que determinam a localização intracelular ou destino metabólico dessa molécula híbrida, chamadas de glicoconjugados. Carboidratos são poli-hidroxialdeídos ou poli- hidroxicetonas, ou substâncias que geram esses compostos quando hidrolisadas. Muitos carboidratos têm a forma empírica (CH2O)n; alguns também contém nitrogênio, fósforo ou enxofre. Existem três principais classes de carboidratos: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos, ou açúcares simples, são constituídos por uma única unidade de poli- hidroxicetona ou poli-hidroxialdeído. O monossacarídeo mais abundante na natureza é o açúcar de 6 carbonos D-glicose, algumas vezes chamada de dextrose. Monossacarídeos de quatro ou mais carbonos tendem a formar estruturas cíclicas (formação de anel). Os oligossacarídeos consistem em cadeias curtas de unidades de monossacarídeos, ou resíduos, unidas por ligações características chamadas de ligações glicosídicas. Os mais abundantes são os dissacarídeos, com duas unidades de monossacarídeos. Um dissacarídeo típico é a sacarose (açúcar da cana), constituído pelos açúcares de seis carbonos D-glicose e D-frutose. Em células, a maioria dos oligossacarídeos constituídos por três ou mais unidades não ocorre como moléculas livres, mas sim ligada a moléculas que não são açúcares (lipídeos ou proteínas), formando glicoconjugados. Os polissacarídeos são polímeros de açúcar que contém mais de 20 unidades de monossacarídeo; alguns têm centenas ou milhares de unidades. Alguns polissacarídeos, como a celulose, têm cadeias lineares; outros, como o glicogênio, são ramificados. Ambos são formados por unidades repetidas de D- glicose, mas diferem no tipo de ligação glicosídica e, em consequência, têm propriedades e funções biológicas notavelmente diferentes. Monossacarídeos e dissacarídeos Os monossacarídeos são aldeídos ou cetonas com dois ou mais grupos hidroxila. Os monossacarídeos de seis carbonos, glicose e frutose, têm cinco grupos hidroxila. Muitos dos átomos de carbono aos quais os grupos hidroxila estão ligados são centros quirais SLIDE 02 - Características Gerais • Biomoléculas mais abundantes da Terra • Base da dieta na maior parte do mundo • Oxidação: principal via metabólica fornecedora de energia para a maioria das células não fotossintéticas SLIDE 03 – Funções • Produção de energia; • Elementos estruturais e de proteção nas paredes celulares bacterianas e vegetais e nos tecidos conjuntivos de animais; • Composição dos lubrificantes das articulações esqueléticas; • Formação de Glicoconjugados (ligados a proteínas ou lipídeos, agem como sinais que determinam sua localização ou destino metabólico); reconhecimento e da coesão entre as células. (átomo que se liga a quatro átomos ou grupos atômicos diferentes), o que origina os muitos estereoisômeros (são os chamados estereoisômeros, cujos átomos são ligados na mesma sequência, mas diferem no arranjo de seus átomos no espaço) de açúcares encontrados na natureza. Esses estereoisomerismo é biologicamente importante porque as enzimas que agem sobre os açúcares são absolutamente estereoespecíficas, normalmente preferindo um estereoisômero a outro por três ou mais ordens de magnitude. É tão difícil encaixar o estereoisômero errado dentro de um sítio de ligação de uma enzima quanto é difícil colocar sua luva esquerda na mão direita. As duas famílias de monossacarídeos são aldose e cetose Os monossacarídeos são sólidos, cristalinos e incolores plenamente solúveis em água, mas insolúveis em solventes apolares. Os esqueletos dos monossacarídeos comuns são compostos por cadeias de carbono não ramificadas, nas quais todos os átomos de carbono estão ligados por ligações simples. Nessa forma de cadeia aberta, um dos átomos de carbono está ligado duplamente a um átomo de oxigênio, formando um grupo carbonil; os outros átomos de carbono estão ligados, cada um, a um grupo hidroxila. Quando o grupo carbonil está na extremidade da cadeia de carbonos (isto é, em um grupo aldeído), o monossacarídeo é uma aldose; quando o grupo carbonil está em qualquer outra posição (em um grupo cetona), o monossacarídeo é uma cetose. Os monossacarídeos mais simples são as duas trioses de três carbonos: Gliceraldeídos (aldotrioses) e di- hidroxiacetonas (cetotrioses). Existem aldoses e cetoses para cada um desses comprimentos de cadeia: aldotetroses e cetotetroses, aldopentose e cetopentoses, e assim por diante As hexoses, que incluem a aldo-hexose D-glicose e a ceto-hexose D-frutose A aldose mais simples, o gliceraldeído, contém um centro quiral (o átomo de carbono central) e assim tem dois isômeros ópticos diferentes, ou enantiômeros. Para cada um dos comprimentos de cadeia carbônica, os estereoisômeros dos monossacarídeos podem ser divididos em dois grupos, os quais diferem quanto à configuração do centro quiral mais distante do carbono do carbonil. Aqueles nos quais a configuração desse carbono de referência é a mesma daquele do D- gliceraldeído são designados isômeros D, e aqueles com a mesma configuração do L-gliceraldeído são isômeros L. Em outras palavras, quando o grupo hidroxila do carbono de referência está à direita (dextro) em uma fórmula de projeção que apresenta o carbono do carbonil no topo, o açúcar é o isômero D; quando está à esquerda (levo), é o isômero L. Em sua maioria as hexoses dos organismos vivos são isômeros D. Lembre-se que todos os aminoácidos encontrados nas proteínas são um dos dois isômeros possíveis (digerimos a L.) Os carbonos de um açúcar começam a ser numerados a partir da extremidade da cadeia mais próxima ao grupo carbonil (C=O) Dois açúcares que diferem apenas na configuração de um carbono são chamados de EPÍMEROS; D-glicose e D-monose, que diferem apenas na estequiometria do C-2, são epímeros, assim como a D-glicose e D- galactose (que diferem no C-4) Os monossacarídeos comuns têm estruturas cíclicas (pág. 275) Em solução aquosa, as aldotetroses e todos os monossacarídeos com cinco ou mais átomos de carbono no esqueleto ocorrem predominantemente como estruturas cíclicas (em anel), nas quais o grupo carbonil está formando uma ligação covalente com o oxigênio de um grupo hidroxila presente na cadeia. A formação dessas estruturas em anel é resultado de uma reação geral entre álcoois e aldeídos ou cetonas para formar derivados chamados de hemiacetais ou hemicetais. Duas moléculas de álcool podem ser adicionadas ao carbono do carbonil; o produto da primeira adição é umhemiacetal (quando adicionado a uma aldose) ou um hemicetal (quando adicionado a uma cetose). Se os grupos –OH e carbonil vierem de uma mesma molécula, o resultado será um anel com cinco ou seis membros. A adição de uma segunda molécula de álcool produz o acetal ou cetal completo, e a ligação formada é uma ligação glicosídica. Quando as duas moléculas reagentes forem monossacarídeos, o acetal ou cetal formado será um dissacarídeo. A reação com a primeira molécula de álcool cria um centro quiral adicional (o carbono do carbonil). Como o álcool pode ser adicionado de duas maneiras diferentes, atacando a “frente” ou as “costas” do carbono do carbonil, a reação pode produzir qualquer uma das duas configurações estereoisoméricas, denominadas α e β. Por exemplo, a D-glicose ocorre em solução na forma de hemiacetal intramolecular no qual o grupo hidroxila livre do C-5 reagiu com o C-1 do aldeído, gerando o carbono assimétrico e produzindo dois possíveis estereoisômeros, designados α e β. As formas isoméricas de monossacarídeos que diferem apenas na configuração do átomo de carbono hemiacetal ou hemicetal são chamados de anômeros, e o átomo de carbono da carbonila é chamado de carbono anomérico. Os dissacarídeos contêm uma ligação glicosídica (pág. 281) Os dissacarídeos (como maltose, lactose e sacarose) consistem em dois monossacarídeos unidos covalentemente por uma ligação O-glicosídica, a qual é formada quando um grupo hidroxila de uma molécula de açúcar, normalmente cíclica, reage com o carbono anomérico de outro. Essa reação representa a formação de um acetal a partir de um hemiacetal e um álcool (um grupo hidroxila da segunda molécula de açúcar), e o composto resultante é chamado de glicosídeo. Ligações glicosídicas são prontamente hidrolisadas por ácido, mas resistem à clivagem por base. Assim, os dissacarídeos podem ser hidrolisados para originar seus componentes monossacarídeos livres por fervura de um ácido diluído. Ligações N-glicosídicas unem o carbono anomérico de um açúcar a um átomo de nitrogênio em glicoproteínas e nucleotídeos. Quando o carbono anomérico está envolvido em uma ligação glicosídica (ou seja, quando o composto for um acetal ou cetal completo), a fácil interconversão entre as formas lineares e cíclicas é impedida. Como o carbono do carbonil pode ser oxidado somente quando o açúcar estiver em sua forma linear, a formação de uma ligação glicosídica gera um açúcar não redutor. O dissacarídeo (próxima imagem) contém dois resíduos de D-glicose unidos por uma ligação glicosídica entre o C-1 (carbono anomérico) de um resíduo de glicose e o C-4 do outro. Como o dissacarídeo conserva o carbono anomérico livre (o C-1 do resíduo de glicose à direita), a maltose é um açúcar redutor. A configuração do átomo de carbono anomérico na ligação glicosídica é α. O resíduo do carbono anomérico livre pode existir nas formas piranose α ou β. Polissacarídeos (283) A maioria dos carboidratos encontrados na natureza ocorre como polissacarídeos, polímeros de média a alta massa molecular. Os polissacarídeos, também chamados de glicanos, diferem um dos outros na identidade das unidades de monossacarídeos repetidas, no comprimento das cadeias, nos tipos de ligações unindo as unidades e no grau de ramificação. Os homopolissacarídeos contêm somente uma única espécie monomérica; os heteropolissacarídeos contêm dois ou mais tipos diferentes. Alguns homopolissacarídeos, como o amido e o glicogênio, servem como formas de armazenamento para monossacarídeos utilizados como combustível. Nos tecidos animais, o espaço extracelular é preenchido por alguns tipos de heteropolissacarídeos, os quais formam uma matriz que conecta células individuais e fornece proteção, forma e suporte para células, tecidos e órgãos. Ao contrário das proteínas, os polissacarídeos geralmente não têm massas moleculares definidas. Essa diferença é uma consequência dos mecanismos de construção dos dois polímeros. As proteínas são sintetizadas a partir de um molde (o RNA mensageiro), com sequência e comprimento definidos por enzimas que segue exatamente o molde. Para a síntese de polissacarídeos, não existe molde; em vez disso, o programa de síntese de polissacarídeos é intrínseco às enzimas que catalisam a polimerização das unidades monoméricas, e não há um ponto de parada específico no processo sintético; os produtos, portanto, variam em comprimento. Alguns homopolissacarídeos são formas de estocagem de combustível (pág. 285) Os polissacarídeos de armazenamento mais importantes são o amido, em células vegetais, e o glicogênio, em células animais. Ambos acontecem intracelularmente em grandes agrupamentos ou grânulos. As moléculas de amido e glicogênio são extremamente hidratadas, pois têm muitos grupos hidroxila expostos disponíveis para formarem ligações de hidrogênio com a água. A maioria das células vegetais possui a capacidade de sintetizar amido, e o seu armazenamento é especialmente abundante em tubérculos – como a batata – e em sementes. O amido contém dois tipos de glicose, amilose e amilopctina. A amilose consiste em cadeias longas, não ramificadas, de resíduos de D-glicose conectados por ligações (α1→4) (como na maltose). O glicogênio é o principal polissacarídeo de armazenamento das células animais. Como a amilopctina, o glicogênio é um polímero de subunidades de glicose ligadas por ligações (α1→4), com ligações (α1→6) nas ramificações; o glicogênio, porém, é mais ramificado (em média a cada 8 a 12 resíduos) e mais compacto do que o amido. O glicogênio é especialmente abundante no fígado, onde pode constituir até 7% do peso líquido; ele também está presente no músculo esquelético. Nos hepatócitos, o glicogênio é encontrado em grandes grânulos, os quais são agrupamentos de grânulos menores compostos por moléculas únicas de glicogênio, altamente ramificada. Esses grânulos de glicogênio também apresentam, firmemente ligadas, as enzimas responsáveis pela síntese e degradação do glicogênio. Quando o glicogênio é utilizado como fonte de energia, as unidades de glicose são removidas uma de cada vez a partir da extremidade não redutora. As enzimas de degradação que atuam somente em extremidades não redutoras podem trabalhar simultaneamente nas muitas ramificações, acelerando a conversão do polímero em monossacarídeo. • Desenhe a α-D-glicose, a β-D-glicose, a α-L- glicose e a β-L-glicose • Desenhe a estrutura da Frutose e a galactose • Faça a ciclização da glicose, da frutose e da galactose • Quais são as hexoses e pentoses? Onde são encontradas? • Quais são os dissacarídeos? Quais as fontes alimentares de cada um deles? • Desenhe a ligação glicosídica da maltose, sacarose e lactose • Quais as ligações que o glicogênio e o amido fazem? São heteropolissacarídeos ou homopolissacarídeos? Justifique. • Na condensação de quatro monossacarídeos, as moléculas de água saem ou entram na reação? Quantas moléculas de água serão movimentadas? • Onde o glicogênio é armazenado? Pode ser de origem vegetal? AMINOÁCIDOS, PEPTÍDEOS E PROTEÍNAS (pág. 105) Proteínas controlam praticamente todos os processos queocorrem na célula, exibindo uma quase infinita diversidade de funções. Para gerar uma determinada proteína, os aminoácidos se ligam de modo covalente em sequência linear característica. O mais marcante é que as células produzem proteínas com propriedades e atividades completamente diferentes ligando os mesmos 20 aminoácidos em combinação e sequências muito diferentes. Aminoácidos (pág. 106) Proteínas são polímeros de aminoácidos, com cada resíduo de aminoácido unindo ao seu vizinho por um tipo específico de ligação covalente (o termo “resíduo” reflete perda de elementos de água quando um aminoácido é unido a outro). As proteínas podem ser degradadas (hidrolisadas) em seus aminoácidos constituintes por vários métodos, e os estudos mais iniciais de proteínas naturalmente se concentram nesses aminoácidos livres delas derivados. Vinte aminoácidos diferentes são comumente encontrados em proteínas. Aminoácidos compartilham características estruturais comuns Todos os 20 tipos de aminoácidos comuns são α- aminoácidos. Eles têm um grupo carboxila e um grupo amino ligados ao mesmo átomo de carbono (o carbono α) Diferem um dos outros em suas cadeias laterais ou grupos R, que variam em estrutura, tamanho e carga elétrica, e que influenciam a solubilidade dos aminoácidos em água. Para todos os aminoácidos comuns, exceto a glicina, o carbono α está ligado a quatro grupos diferentes: um grupo carboxila, um grupo amino, um grupo R e um átomo de hidrogênio (na glicina, o grupo R é um átomo de hidrogênio). O átomo de carbono α é, portanto, um centro quiral. Em decorrência do arranjo tetraédrico dos orbitais de ligação em volta do átomo de carbono α, os quatro grupos diferentes podem ocupar dois arranjos espaciais únicos e, portanto, os aminoácidos têm dois estereoisômeros possíveis. Uma vez que elas são imagens especulares não sobreponíveis uma da outra As duas representam uma classe de estereoisômeros denominada enantiômeros. Todas as moléculas com centro quiral também são opticamente ativas – isto é, elas giram o plano da luz polarizada. Uma nomenclatura especial foi desenvolvida para especificar a configuração absoluta dos quatro substituintes dos átomos de carbono assimétrico. As configurações absolutas de açúcares simples e de aminoácidos são especificadas pelo sistema D, L, com base na configuração absoluta do açúcar de três carbonos gliceraldeído (grupos circundam o carbono assimétrico do gliceraldeído). Para todos os compostos quirais, os estereoisômeros com configurações relacionada àquela do L- gliceraldeído são designadas L, e os estereoisômeros relacionados ao D-gliceraldeído foram designados D. Os grupos funcionais de L-alanina são combinados com aqueles de L-gliceraldeídos pelo alinhamento daqueles que podem ser interconvertidos por reações químicas simples, de etapa única. Portanto, o grupo carboxila de L-alanina ocupa a mesma posição ao redor do carbono quiral que o grupo aldeído de L- gliceraldeído, porque um aldeído é prontamente convertido em um grupo carboxila por meio de uma oxidação de etapa única. Os resíduos de aminoácidos em proteínas são estereoisômeros L Quase todos os compostos biológicos com centro quiral ocorrem naturalmente na forma estereoisomérica, D ou L. Os resíduos de aminoácidos em moléculas proteicas são exclusivamente estereoisômeros L. Os resíduos de D-aminoácidos foram encontrados em apenas alguns peptídeos, geralmente pequenos, incluindo alguns peptídeos de paredes celulares bacterianas e certos antibióticos peptídicos. Aminoácidos podem ser classificados pelo grupo R (pág. 108) O conhecimento das propriedades químicas dos aminoácidos comuns é fundamental para a compreensão da bioquímica. O tópico pode ser simplificado agrupando-se os aminoácidos em cinco classes principais com base nas propriedades dos seus grupos R, particularmente sua polaridade ou tendência para interagir com a água em pH biológico (próximo do pH 7,0). A polaridade dos grupos R varia amplamente, de apolar e hidrofóbico (não hidrossolúvel) ao altamente polar e hidrofílico (hidrossolúvel). Alguns aminoácidos são pouco difíceis de caracterizar ou não se encaixam perfeitamente em qualquer grupo, particularmente glicina, histidina e cisteína. Suas atribuições a determinados grupos são o resultado de avaliações ponderadas em vez de absolutas. As estruturas dos 20 aminoácidos comuns são mostradas na imagem a seguir. Grupo R apolares, alifáticos Os grupos R nessa classe de aminoácidos são apolares e hidrofóbicos. As cadeias laterais de alanina, valina, leucina e isoleucina tendem a se agrupar no interior de proteínas, estabilizando a estrutura proteica por meio de interações hidrofóbicas. A glicina tem a estrutura mais simples. Embora seja mais facilmente agrupada com os aminoácidos apolares, sua cadeia lateral muito pequena não contribui realmente para interações hidrofóbicas. A mentionina, um dos dois aminoácidos que contém enxofre, tem um grupo tio éter ligeiramente apolar em sua cadeia lateral. A prolina tem cadeia lateral alifática com estrutura cíclica distinta. O grupo amino secundário (imino) de resíduo de prolina é mantido em sua configuração rígida que reduz a flexibilidade estrutural de regiões polipeptídicas contendo prolina. Grupos R aromáticos Fenilalanina, tirosina e triptofano, com suas cadeias laterais aromáticas, são relativamente apolares (hidrofóbicos). Todos podem participar em interações hidrofóbicas. O grupo hidroxila da tirosina pode formar ligações de hidrogênio e é um importante grupo funcional em algumas enzimas. A tirosina e o triptofano são significativamente mais polares do que a fenilalanina, devido ao grupo hidroxila da tirosina e ao nitrogênio do anel indol ou triptofano. Grupos R polares, não carregados Os grupos R desses aminoácidos são mais solúveis em água, ou mais hidrofílicos do que aqueles dos aminoácidos apolares, porque eles contêm grupos funcionais que formam ligações de hidrogênio com água. Essa classe de aminoácido inclui a serina, treonina, cisteína, asparagina e glutamina. Os grupos hidroxila da serina e treonina e os grupos amida da asparagina e glutamina contribuem para suas polaridades. A cisteína é um caso isolado aqui porque sua polaridade, devido ao seu grupo sulfidrila, é bastante modesta. A cisteína é um ácido fraco e pode fazer fracas ligações de hidrogênio com o oxigênio ou nitrogênio. A asparagina e a glutamina são as amidas de dois outros aminoácidos também encontrados nas proteínas – aspartato e glutamato, respectivamente – nos quais a asparagina e a glutamina são facilmente hidrolisadas por ácido ou base. A cisteína é prontamente oxidada para formar um aminoácido dimérico ligado de modo covalente chamado cistina, no qual duas moléculas ou resíduos de cisteína são ligados por uma ligação dissulfeto. Os resíduos ligados a dissulfetos são fortemente hidrofóbicos (apolares). As ligações dissulfeto desempenham um papel especial nas estruturas de muitas proteínas pela formação de ligações covalentes entre partes de uma molécula polipeptídica ou entre duas cadeias polipeptídicas diferentes. Grupo R carregados positivamente (básicos) Os grupos R mais hidrofílicos são aqueles carregados positivamente ou negativamente. Os aminoácidos nos quais os grupos R têm uma carga positiva significativa em pH 7,0 são a lisina, com um segundo grupo amino primário na posição ε em sua cadeia alifática; a arginina,com um grupo guanidínio positivamente carregado; e a histidina, com um grupo imidazol aromático. Aminoácidos podem agir como ácidos e bases (pág. 111) Os grupos amino e carboxila de aminoácidos, em conjunto com os grupos ionizáveis R de alguns aminoácidos, funcionam como ácidos e bases fracos. Quando um aminoácido sem um grupo R ionizável é dissolvido em água em pH neutro, ele permanece na solução como íon bipolar, ou zwitteríon, que pode agir como ácido ou base. Substâncias com essa natureza dupla (ácido-base) são anfotéricas e são frequentemente chamadas de anfólitos (a partir de “eletrólitos anfotéricos”). Um simples α-aminoácido monoamino monocarboxilico, como a alanina, é um ácido diprótico quando completamente protonado; ele tem dois grupos, o grupo - COOH e o grupo – NH3, que pode produzir dois prótons: Peptídeos e proteínas (pág. 115) Agora o foco passa a ser os polímeros de aminoácidos, os peptídeos e as proteínas. Os polipeptídios que ocorrem biologicamente variam em tamanho de pequenos a muito grandes, constituindo em dois ou três milhares de resíduos de aminoácidos ligados. Aqui, serão focalizadas as propriedades químicas fundamentais desses polímeros. Peptídeos são cadeias de aminoácidos Duas moléculas de aminoácido podem ser ligadas de modo covalente por meio de uma ligação amida substituída, denominada ligação peptídica, a fim de produzir um dipeptídeo. Tal ligação é formada pela remoção de elementos de água (desidratação) do grupo α-carboxila de um aminoácido e do grupo α- amino do outro. A formação da ligação peptídica é um exemplo de uma reação de condensação, uma classe comum de reações nas células vivas. Em condições bioquímicas padrão, o equilíbrio para a reação mostrada na figura acima favorece os aminoácidos em relação ao dipeptídeo. Para tornar a reação mais favorável termodinamicamente, o grupo carboxila deve ser modificado ou ativado quimicamente, de modo que o grupo hidroxila possa ser mais rapidamente eliminado. Três aminoácidos podem ser unidos por duas ligações peptídicas para formar um tripeptídeo; do mesmo modo, quatro aminoácidos podem ser unidos para formar um tetrapeptídeo e assim por diante. Quando alguns aminoácidos se ligam desse modo, a estrutura é chamada de oligopeptídeo. Quando muitos aminoácidos se ligam, o produto é chamado de polipeptídeo. Uma unidade de aminoácido em um peptídeo é frequentemente chamada de resíduo (a parte restante após a perda de elementos de água – um átomo de hidrogênio de seu grupo amino e a metade do seu grupo carboxila). Em um peptídeo, o resíduo de aminoácido na extremidade com um grupo α-amino livre é chamado de resíduo aminoterminal (ou N- terminal); o resíduo na outra extremidade, que tem um grupo carboxila livre, é o resíduo carboxiterminal (C- terminal). Algumas proteínas contêm outros grupos químicos além dos aminoácidos (pág. 119) Muitas proteínas, como, por exemplo, as enzimas ribonuclease A e a quimotripsina, contêm apenas resíduos de aminoácidos e nenhum outro constituinte químico; elas são consideradas proteínas simples. Entretanto, algumas proteínas contêm componentes químicos permanentemente associados além dos aminoácidos; elas são chamadas de proteínas conjugadas. A parte não aminoácido de uma proteína conjugada é normalmente chamada de grupo prostético. As proteínas conjugadas são classificadas com base na natureza química de seus grupos prostéticos; por exemplo, lipoproteínas contêm lipídeos, glicoproteínas contêm grupos de açúcares e metaloproteínas contêm um metal específico. A estrutura de proteínas: estrutura primária (pág. 126) A purificação de uma proteína é geralmente apenas um prelúdio para uma dissecção detalhada de sua estrutura e função. O que torna uma proteína um enzina, outra um hormônio, outra uma proteína estrutural e ainda outra um anticorpo? Como elas diferem quimicamente? As distinções mais óbvias são estruturais, e agora será abordada a estrutura das proteínas. A estrutura de grandes moléculas, tais como proteínas, pode ser descrita em vários níveis de complexidade, arranjada em um tipo de hierarquia conceitual. Quatro níveis de estrutura proteica são comumente definidos. Uma descrição de todas as ligações covalentes (principalmente ligações peptídicas e ligações dissulfeto) ligando resíduos de aminoácidos em uma cadeia polipeptídica é a sua estrutura primária. O elemento mais importante da estrutura primária é a sequência de resíduos de aminoácidos. A estrutura secundária se refere a arranjos particularmente estáveis de resíduos de aminoácidos dando origem a padrões estruturais recorrentes. A estrutura terciária descreve todos os aspectos do enovelamento tridimensional de um polipeptídeo. Quando uma proteína tem duas ou mais subunidades polipeptídicas, seus arranjos no espaço são chamados de estrutura quaternária. As diferenças na estrutura primária podem ser especialmente informativas. Cada proteína tem um número e uma sequência de resíduos de aminoácidos distintos. A estrutura primária de uma proteína determina como ela se dobra em sua estrutura tridimensional única, e isso, por sua vez, determina a função da proteína. Em primeiro lugar, serão considerados os indícios empíricos de que a sequência de aminoácidos e a função da proteína são intimamente ligadas; em seguida, será descrito como a sequência de aminoácidos é determinada; e, finalmente, serão destacados os múltiplos usos dessas informações. Estrutura secundária das proteínas (pág. 149) O termo estrutura secundária se refere a qualquer segmento de uma cadeia polipeptídica e descreve o arranjo espacial dos seus átomos na cadeia principal, sem considerar a posição de suas cadeias laterais ou sua relação com outros segmentos. Os triacilgliceróis são ésteres de ácidos graxos do glicerol (pág. 390) Os lipídeos mais simples construídos a partir de ácidos graxos são os triacilgliceróis, também chamados de triglicerídeos, gorduras ou gorduras neutras. Os triacilgliceróis são compostos por três ácidos graxos, cada um em ligação éster com uma molécula de glicerol. Aqueles que contêm o mesmo tipo de ácido graxo em todas as três posições são chamados de triacilgliceróis simples, e sua nomenclatura é derivada do ácido graxo que contêm Os triacilgliceróis armazenam energia e proporcionam isolamento térmico (pág. 390) Na maioria das células eucarióticas, os triacilgliceróis uma fase separada de gotículas microscópicas de óleo no citosol aquoso, servindo como depósito de combustível metabólico. Em vertebrados, os adipócitos (células especializadas) armazenam grandes quantidades de triacilgliceróis em gotículas de gordura que quase preenchem a célula. Os triacilgliceróis também são armazenados como óleos nas sementes de vários tipos de plantas, fornecendo energia e percursores biossintéticos durante a germinação da semente. Os adipócitos e as sementes em germinação contêm lipases, enzimas que catalisam a hidrólise dos triacilgliceróis armazenados, liberando ácidos graxo para serem transportados para os locais onde são necessários como combustível. Existem duas vantagens significativas em se usar triacilgliceróis para o armazenamento de combustível em vez dos polissacarídeos, como o glicogênio e o amido. Primeiro, os átomos de carbono dos ácidosgraxos estão mais reduzidos do que os dos açúcares, e a oxidação de uma grama de triacilgliceróis libera mais que o dobro de energia do que a oxidação de um grama de carboidrato. Segundo, como os triacilgliceróis são hidrofóbicos e, portanto, não hidratados, o organismo que carrega gordura como combustível não precisa carregar o peso extra da água da hidratação que está associada aos polissacarídeos armazenados (2g por grama de polissacarídeo). Os seres humanos apresentam tecido adiposo (composto principalmente por adipócitos) sob a pele, na cavidade abdominal e nas glândulas mamárias. As pessoas moderadamente obesas, com 15 a 20kg de triacilgliceróis depositados em seus adipócitos, poderiam suprir suas necessidades energéticas por meses utilizando seus depósitos de gordura. Além do fator energético, os adipócitos servem como proteção mecânica e térmica. LIPÍDIOS Os lipídios biológicos são um grupo de compostos quimicamente diversos, cuja característica em comum que os define é a insolubilidade em água. As funções são igualmente diversas. Gorduras e óleos são as principais formas de armazenamento de energia em muitos organismos. Os fosfolipídios e esteróis são os principais elementos estruturais das membranas biológicas. Outros lipídios, embora presentes em quantidades relativamente pequenas, desempenham papéis cruciais como cofatores enzimáticos, transportadores de elétrons, pigmentos fotossensíveis, âncoras hidrofóbicas para proteínas, chaperonas para auxiliar o enovelamento de proteínas de membrana, agentes emulsificantes no trato digestivo, hormônios e mensageiros intracelulares. Lipídios de armazenamento As gorduras e os óleos utilizados de modo quase universal como formas de armazenamento de energia nos organismos vivos são derivados dos ácidos graxos. Os ácidos graxos são derivados de hidrocarbonetos, com estado de oxidação quase tão baixo (ou seja, altamente reduzido) quanto hidrocarbonetos nos combustíveis fósseis. A oxidação celular de ácidos graxos (a CO2 e H2O) é uma reação extremamente exergônica. Os ácidos graxos são derivados de hidrocarbonetos Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas de comprimento variando de 4 a 36 carbonos (C4 e C36). Em alguns ácidos graxos, essa cadeia é totalmente saturada (não contém ligações duplas) e não ramificadas; em outras, a cadeia contém uma ou mais ligações duplas. Alguns poucos contêm anéis de três carbonos, no grupo hidroxila ou ramificações de grupos metila. Uma nomenclatura simplificada para ácidos graxos não ramificados especifica o comprimento da cadeia e o número de ligações duplas, separados por dois pontos; por exemplo, o ácido palmítico, saturado e com 16 carbonos, é abreviado 16:0, e o ácido oleico, com 18 carbonos e uma ligação dupla, é 18:1. A posição de qualquer ligação dupla é especificada em relação ao carbono carboxílico, o qual recebe o número 1, pelos números sobrescritos ao Δ (delta); um ácido graxo com 20 carbonos e uma ligação dupla entre C-9 e C-10 (sendo C-1 o carbono da carboxila) e outra entre C-12 e C-13 é designado 20:2(Δ9,12). Em quase todos os ácidos graxos insaturados que ocorrem naturalmente, as ligações duplas encontram- se em configuração cis. Ácidos graxos trans são produzidos pela fermentação no rúmen de animais leiteiros, e são obtidos dos laticínios e da carne. A família de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) com ligação dupla entre o terceiro e o quarto carbono a partir da extremidade da cadeia com grupo metila é de importância especial na nutrição humana. Como o papel fisiológico dos ácidos graxos poli-insaturados está relacionado mais à posição da primeira ligação dupla próxima à extremidade da cadeia com o grupo metila em vez da extremidade contendo carboxila, uma nomenclatura alternativa algumas vezes é utilizada para esses ácidos graxos. O carbono do grupo metila – isto é o carbono mais distante do grupo carboxila – é chamado de carbono ω e recebe o número 1. Nessa convenção, os ácidos graxos poli-insaturados com uma ligação dupla entre C-3 e C-4 são chamados de ácidos graxos ômega-3 (ω-3) e aquele com a ligação dupla entre C-6 e C-7 são ácidos graxos ômega-6 (ω-6). Os pontos de fusão também são muito influenciados pelo comprimento e grau de instauração da cadeia hidrocarbonadas. À temperatura ambiente (25°C), os ácidos graxos saturados de 12:0 a 24:0 têm consistência de cera, enquanto os ácidos graxos insaturados do mesmo comprimento são líquidos oleosos. Essa diferença nos pontos de fusão deve-se a diferentes graus de empacotamento das moléculas dos ácidos graxos. Nos compostos completamente saturados, a rotação livre em torno de cada ligação carbono-carbono dá grande flexibilidade à cadeia hidrocarbonadas; a conformação mais estável é a forma completamente estendida, na qual o impedimento estérico dos átomos vizinhos é minimizado. Em ácidos graxos insaturados, uma ligação dupla cis força a dobra na cadeia hidrocarbonadas. Ácidos graxos com uma ou várias dessas dobras não podem agrupar-se tão firmemente quanto ácidos graxos totalmente saturados, e as interações entre eles são, portanto, mais fracas. A hidrogenação parcial dos óleos de cozinha produz ácidos graxos trans A maioria das gorduras naturais, como as dos óleos vegetais, dos laticínios e da gordura animal, são misturas complexas de triacilgliceróis simples e mistos, que contêm uma variedade de ácidos graxos que diferem no comprimento da cadeia e no grau de saturação. Os óleos vegetais, como o óleo de milho e o azeite de oliva, são compostos de grande parte por triacilgliceróis com ácidos graxos insaturados e, portanto, são líquidos à temperatura ambiente. Os triacilgliceróis que contêm somente ácidos graxos saturados, como a triestearina, o componente mais importante da gordura da carne bovina, são sólidos, brancos e gordurosos em temperatura ambiente. Quando alimentos ricos em lipídios são expostos por muito tempo ao oxigênio do ar, eles podem estragar e tornarem-se rançosos. O gosto e o cheiro desagradáveis associados à rancidez resultam da clivagem oxidativa das ligações duplas em ácidos graxos insaturados, que produz aldeídos e ácidos carboxílicos de menor comprimento de cadeia e, portanto, de maior volatilidade; esses compostos se dispersam prontamente pelo ar até seu nariz. Para aumentar o prazo de validade de óleos vegetais de cozinha e para aumentar sua estabilidade às altas temperaturas utilizadas nas frituras, os óleos vegetais são preparados por hidrogenação parcial. Esse processo converte muitas das ligações duplas cis dos ácidos graxos em ligações simples e aumenta o ponto de fusão dos óleos, de forma que eles ficam mais próximos do estado sólido à temperatura ambiente (a margarina é produzida assim, a partir de óleo vegetal). A hidrogenação parcial tem outro efeito indesejado: algumas ligações duplas cis são convertidas em ligações duplas trans. Hoje existem fortes evidências de que o consumo de ácidos graxos trans pela dieta (frequentemente chamados de “gorduras trans”) leva a uma maior incidência de doenças cardiovasculares e que evitar essas gorduras na dieta reduz consideravelmente o risco de doenças cardíacas. Os ácidos graxos trans da dieta aumentam o nível de triacilgliceróis e de colesterol LDL (o colesterol “ruim”) no sangue e diminui o nível de HDL (o colesterol “bom”). Essas mudanças por si só são suficientes para aumentar o risco de doençascardíacas, mas podem ter mais efeitos adversos. Parecem, por exemplo, aumentar a resposta inflamatória do corpo, o que é outro fator de risco para doenças cardíacas. Esteróis Além dos seus papéis como constituintes de membrana, os esteróis servem como precursores para uma diversidade de produtos com atividades biológicas específicas. Os hormônios esteroides, por exemplo, são sinalizadores biológicos poentes que regulam a expressão gênica. Os ácidos biliares são derivados polares do colesterol que atuam como detergentes no intestino, emulsificando as gorduras da dieta para torna-las mais acessíveis às lipases digestivas. • Os esteróis têm quatro anéis fusionados e um grupo hidroxila (parte polar). O colesterol, o principal esterol em animais, é tanto um componente estrutural das membranas quanto um precursor para uma ampla variedade de esteroides. Os hormônios esteroides carregam mensagens entre os tecidos Os esteroides são derivados oxidados dos esteróis; eles têm o núcleo esterol, mas não a cadeia alquila ligada ao anel D do colesterol. Os hormônios esteroides circulam pela corrente sanguínea (em carregadores proteicos) do local onde foram produzidos até os tecidos-alvos, onde entram nas células, ligam-se a receptores proteicos altamente específicos no núcleo e causam mudanças na expressão gênica e, portanto, no metabolismo. Como os hormônios têm afinidade muito alta por seus receptores, concentrações muito baixas (nanomolar ou menos) são suficientes para produzir respostas nos tecidos-alvo. Os principais grupos de hormônios esteroides são os hormônios sexuais masculinos e femininos e os hormônios produzidos pelo córtex suprarrenal, cortisol e aldosterona. Lipídios como sinalizadores e cofatores As duas classes funcionais de lipídios consideradas até agora são os componentes de membrana e os lipídios de armazenamento; ambos desempenhando um papel passivo no organismo. Outro grupo de lipídios, presentes em quantidades bem menores, tem papéis ativos no tráfego metabólico como metabólitos e mensageiros. Alguns servem como sinalizadores potentes – como hormônios, carregados no sangue de um tecido a outro, ou como mensageiros intracelulares gerados em resposta a uma sinalização extracelular (hormônio ou fator de crescimento). Outros funcionam como cofatores enzimáticos em reações de transferência de elétrons nas mitocôndrias, ou na transferência de porções de açúcar em várias reações de glicosilação. ENZIMAS São duas as condições fundamentais para haver vida. Primeiro, o organismo deve ser capaz de se autorreplicar; segundo, ele deve ser capaz de catalisar reações químicas com eficiência e seletividade. As enzimas são proteínas altamente especializadas e também mediam a transformação de uma forma de energia em outra. As características mais notáveis das enzimas consistem em seu poder catalítico e sua especificidade. A catálise ocorre em determinado local da enzima, denominado sítio ativo. Quase todas as enzimas conhecidas são proteínas, entretanto, as enzimas não têm monopólio da catálise; a descoberta da molécula de RNA cataliticamente ativas. As proteínas, como classe de macromoléculas, são catalisadores altamente efetivos para uma grande diversidade de reações químicas, em virtude de sua capacidade de ligar-se especificamente a uma variedade muito ampla de moléculas. Por meio de forças intermoleculares, as enzimas aproximam os substratos em uma orientação ideal, que inicia a formação ou a quebra de ligações químicas. Elas catalisam reações ao estabilizar os estados de transição, as formas químicas de maior nível de energia nas vias das reações. Ao estabilizar seletivamente um estado de transição, uma enzima determina qual das várias reações químicas potenciais deve realmente acontecer. O estudo das enzimas tem imensa importância prática. Em algumas doenças, especialmente nas doenças genéticas hereditárias, pode haver uma deficiência ou mesmo ausência total de uma ou mais enzimas. Outras doenças podem ser causadas pela atividade excessiva de determinada enzima. A determinação das atividades de enzimas no plasma sanguíneo, nas hemácias ou em amostras de tecidos é importante no diagnóstico de certas enfermidades. Muitos medicamentos agem por interação com enzimas. A maioria das enzimas é proteína Exceto por um pequeno grupo de moléculas de RNA catalíticas, todas as enzimas são proteínas. A atividade catalítica depende da integridade das suas conformações nativas. Se uma enzima for desnaturada ou dissociada nas suas subunidades, geralmente a atividade catalítica é perdida. Se uma enzima for degradada até os aminoácidos que a compõem, a atividade catalítica é sempre destruída. Então, as estruturas proteicas primarias, secundária, terciária e quaternária das enzimas são essenciais para a atividade catalítica. Dentro das estruturas mais complexas podem-se, ainda, apontar dois tipos proteicos diferentes. • Proteínas globulares – cadeias polipeptídicas organizadas de forma esférica ou globular. (b) • Proteínas fibrosas – cadeias polipeptídicas organizadas de forma alongada, laminar. (a) • Proteínas Fibrosas – As proteínas fibrosas apresentam propriedades que conferem resistência mecânica, flexibilidade e suporte às estruturas nas quais são encontradas, desempenhando um papel basicamente estrutural nos sistemas biológicos. Essas proteínas possuem cadeias polipeptídicas arranjadas em feixes, consistindo tipicamente um único tipo de estrutura secundária, além de serem insolúveis em água, devido à elevada ocorrência de aminoácidos hidrofóbicos tanto na parte externa como na interna da proteína (ex: α-queratina, β-queratina, colágeno etc) • Proteínas Globulares – As proteínas globulares apresentam uma ou mais cadeias polipeptídicas organizadas em uma forma final aproximadamente esférica. Esta organização ocorre porque estruturas em hélice e de conformação beta podem organizar-se de forma a unir as extremidades das sequências uma das outras em três dimensões. São geralmente solúveis em água e desempenham várias funções biológicas. (ex: enzimas, albumina, etc) Algumas enzimas não necessitam de outros grupos químicos além de seus próprios resíduos de aminoácidos. Outras necessitam de um componente químico adicional denominado cofator, que pode ser um ou mais íons inorgânicos como Fe2+, Mg2+, Mn2+ ou Zn2+ ou uma molécula orgânica ou metalorgânica complexa, denominada coenzima. As coenzimas agem como carregadores transitórios de grupos funcionais específicos. A maioria deles é derivada de vitaminas, utrientes orgânicos cuja presença na dieta é necessária em pequenas quantidades. Algumas enzimas necessitam tanto de uma coenzima quanto de um ou mais íons metálicos para terem atividade. Uma coenzima ou íon metálico que se ligue muito firmemente, ou mesmo covalentemente, a uma enzima é denominado grupo prostético. Uma enzima completa, cataliticamente ativa junto com sua coenzima e/ou íons metálicos, é denominada holoenzima. A parte proteica de uma dessas enzimas é denominada apoenzima ou apoproteína. Algumas enzimas são modificadas covalentemente por fosforilação, glicosilação e outrosprocessos. Muitas dessas modificações estão envolvidas na regulação da atividade enzimática. As enzimas são catalisadores eficientes e altamente específicos As enzimas aceleram as reações por fatores de até um milhão de vezes ou mais. Com efeito, a maioria das reações nos sistemas biológicos não ocorre em velocidades perceptíveis na ausência de enzimas. Mesmo uma reação tão simples quanto a hidratação do dióxido de carbono é catalisada por uma enzima, isto é, a anidrase carbônica. A transferência do CO2 dos tecidos para o sangue e, em seguida, para o ar nos alvéolos dos pulmões seria menos completa na ausência dessa enzima. As enzimas são altamente específicas tanto nas reações que catalisam quanto na sua escolha dos reagentes, que são denominados substratos. Uma enzima catalisa habitualmente uma única reação química ou um conjunto de reações estreitamente relacionadas. Considere as enzimas proteolíticas como exemplo. In vivo, essas enzimas catalisam a proteólise, isto é, a hidrólise de uma ligação peptídica.