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Beatriz Garcez ECZ7036 (2018.2) - Fisiologia Animal Comparada RESUMO CAP. 13 - FISIOLOGIA TÉRMICA (PRINCÍPIOS DE FISIOLOGIA ANIMAL, 2° EDIÇÃO) A endotermia – a capacidade de gerar e manter elevadas as temperaturas corporais – surgiu há muito tempo na história evolutiva dos animais. Ela andou lado a lado com a capacidade de produzir calor através do metabolismo e, assim, altos níveis de atividade. A endotermia surgiu pelo menos duas vezes de formas independentes - nas aves e nos mamíferos. Contudo, evidências fósseis sugerem que outros répteis extintos também podem ter sido endo- térmicos. Muitos pesquisadores acreditam que a endotermia surgiu também em outras linhagens de dinossauros sem penas. A temperatura possui um importante efeito em todos os processos fisiológicos. Como resultado destes efeitos da temperatura, cada animal apresenta uma estratégia térmica: uma combinação de respostas comportamentais, bioquímicas e fisiológicas que garantem que a temperatura corporal (TC) se mantenha dentro de um limite aceitável. As temperaturas ambientais são muito variáveis nos ecossistemas terrestres; as temperaturas no ar se modificam mais rápido e alcançam maiores extre- mos do que as temperaturas na água. Já em grandes massas de água, como nos lagos e oceanos, podem variar a temperatura ambiente com a profundidade. Os ecossistemas também podem variar a tem- peratura temporalmente. A estratégia térmica de um animal serve para controlar a transferência de energia entre o ani- mal e o ambiente. Muitos animais incorporam comportamentos em suas estratégias térmicas, mas eles também devem lidar com os efeitos da temperatura na bioquímica e na fisiologia. Outros devem usar uma combinação de métodos comportamentais e fisiológicos para garantir que a TC permaneça praticamente constante. Ambas as estratégias – tolerância e regulação – possuem custos e benefícios. - A condução é a transferência de energia térmica de uma parte de um objeto ou de um fluido para outra. - A convecção é a transferência de energia térmica entre um objeto (neste caso, um animal) e um fluido externo em movimento. - Radiação é um termo geral que se refere à emissão de energia eletromagnética a partir de um objeto. - A evaporação de moléculas de água da super- fície de um objeto absorve energia térmica do objeto. Assim, a troca de calor evaporativo é quase sempre uma perda de calor do animal. A água possui uma condutividade térmica maior que o ar, isso porque a água possui mais moléculas por unidade de volume, ou seja, há uma maior probabilidade de ocorrer uma colisão molecular que resulte em transferência de energia. O calor é conduzido dos tecidos internos, através de outros tecidos e líquidos, até as superfícies externas, cada um destes locais com uma condutivi- dade térmica característica. As camadas superficiais do corpo podem possuir isolamentos que reduzem a transferência de calor por condução. A geometria do animal também tem um papel importante. As diferenças na área de superfície afetam a troca de calor. O processo físico do resfriamento evaporativo baseia-se no processo de evaporação da água que retira calor do ambiente ou do material sobre o qual a evaporação acontece. O suor é apenas uma das formas que os animais utilizam do resfriamento evaporativo. Nem todo resfriamento por evaporação é positivo. Quando animais semiaquáticos deixam a água, eles normalmente ficam com a superfície do Beatriz Garcez ECZ7036 (2018.2) - Fisiologia Animal Comparada corpo molhada, causando uma diminuição da temperatura corporal devido ao resfriamento por evaporação. A relação entre a área de superfície e o volume é importante em diversos contextos. Um determinado animal pode alterar sua área de superfície exposta para modificar o fluxo de calor, tais como se encolher e se gradupar. Um animal pode regular a troca de calor alteran- do a postura do corpo para minimizar ou maximizar a área de superfície exposta. Relações de área de superfície por volume também são importantes quando comparamos animais com diferentes dimensões e massas corporais. Normalmente, animais maiores perdem calor de forma mais lenta e retêm melhor o calor do que pe- quenos animais. A lei de Bergmann afirma que animais que vivem em ambientes mais frios tendem a ser maiores que animais em ambientes mais quentes. A lei de Allen afirma que animais em climas frios tendem a ter extremidades mais curtas que animais em climas quentes. Assim, mamíferos ou aves que vivem em regiões polares ou de grandes altitudes tendem a ser maiores e com as patas mais curtas que indivíduos da mesma espécie de regiões mais temperadas. O isolamento interno e externo também reduz as perdas de calor. Geralmente, os animais usam isolamento externo para reduzir a perda de calor. Pelos e penas restringem o movimento de moléculas entre a superfície do animal e a grande massa do ambiente. Os pelos também impedem o fluxo de líquidos pela superfície da pele, ocorrendo, assim, menor perda de calor por convecção. A efetividade do isolamento depende da sua espessura. Algumas espécies modificam a espessura do isolamento externo de forma sazonal. Camadas mais grossas são um problema termorregulador nas estações quentes, por isso é benéfico que o animal perca pelos na primavera. Como grande parte dos pelos é composta por células mortas, o custo para refazer a camada quando as temperaturas diminuem é menor em comparação com os custos metabólicos que o animal iria enfrentar se tentasse se resfriar utilizando mecanismos fisiológicos. Os termos pecilotérmicos e homeotérmicos distinguem os animais com base na estabilidade da TC e dependem mais do tipo de ambiente do que da fisiologia do animal. Um pecilotérmico é um animal com a TC variável – que varia em resposta às condições ambientais. Um homeotérmico, por outro lado, é um animal com a TC relativamente constante. A maioria dos homeotérmicos obtém uma TC constante usando processos fisiológicos para regular as taxas de produção e perda de calor. A diferença entre pecilotermia e homeotermia depende das propriedades do animal e do tipo de ambiente. Um animal pode manter uma TC constante vivendo em um ambiente com uma TA constante. Os termos ectotérmico e endotérmico distinguem os animais pelos mecanismos fisiológicos que determinam a TC. O ambiente determina a TC de um ectotérmico. Se o ectotérmico apresentar uma TC variável, ele pode ser chamado de pecilotérmico. Um endotérmico é um ani- mal que gera calor interno para manter uma TC alta. Os endotérmicos regulam a TC dentro de um estreito limite, mas ela pode apresen- tar pequenas variações. A maioria das aves e dos mamíferos pode ser classificada como homeotérmica, pois a TC é estável, e também como endotérmica, pois o calor metabólico aumenta a TC. Entretanto, mui- tos animais são melhor descritos como uma combinação dos termos. Os heterotérmicos exibem endotermia temporalou regional. A maioria dos animais experimenta alguma variação na tempera- tura, tanto de forma regional como temporal. Muitos animais endotérmicos estabelecem grande priorida- de na manutenção de limites térmicos muito estreitos em Beatriz Garcez ECZ7036 (2018.2) - Fisiologia Animal Comparada certas regiões anatômicas. Normalmente, os homeotérmicos mantêm o sistema nervoso central e os órgãos internos em uma temperatura constante, permitindo uma variação na temperatura da periferia. Mamíferos hibernantes, como os esquilos e os morcegos, permitem que a TC reduza nos meses de inverno. Embora estes animais permitam o resfriamento de seus corpos, eles ainda são conside- rados endotérmicos, pois produzem e retêm o calor metabólico para manter a TC acima da TA. Contudo, estes animais endotérmicos são descritos de forma mais precisa como heterotérmicos temporais, para refletir a variabilidade temporal da TC. Alguns animais ectotérmicos também se encaixam nesta descrição de heterotermia temporal. A heterotermia temporal é uma estratégia que possui benefí- cios diferentes para os endotérmicos e para os ectotérmicos. Ela permite que um endotérmico conserve energia em temperaturas baixas reduzindo os custos da termorregulação. Ela também proporciona a um ectotérmico um período de metabolismo acelerado para aumentar a velocidade da digestão, da assimilação de nutrientes e da biossíntese. A maioria dos ectotérmicos perde rapidamente seu calor metabólico para o ambiente e, como con- sequência, não consegue elevar a TC muito acima da TA. Contudo, uma heterotermia regional pode reter calor em certas regiões do corpo. Grandes peixes pelágicos possuem trocadores de calor contracorrente para conservar o calor da digestão dentro do centro do corpo. Os atuns e os tubarões laminiformes são capazes de reter o calor miogênico dentro dos músculos. O aquecimento do músculo vermelho au- menta a capacidade metabólica e pode melhorar a performance contrátil durante o nado. Embora a maioria dos insetos seja ectotérmica, algumas espécies são heterotérmicas regionais, outras são heterotérmicas temporais e algumas espécies podem apresentar as duas formas, dependendo da época do ano. Os maiores insetos voadores possuem uma taxa metabólica muito alta nos músculos do voo. A temperatura torácica em um grande inseto voador pode aumentar mais de 10°C, mesmo enquanto a temperatura das outras regiões do corpo permanece próxima da TA. Interessantemente, estes animais tam-bém são capazes de modular a produção de calor. Antes do voo, eles ativam vias termogênicas para aquecer o tórax. Insetos sociais usam o agrupamento como uma forma de controlar a temperatura da colônia. As estratégias fisiológicas para enfrentar as temperaturas diferem em ectotérmicos e endotérmicos, mas apesar das diferenças, tanto os ectotérmicos como os endotérmicos estão sujeitos a custos e consequências fisiológicas quando as condições ambientais se alteram. Um animal normalmente passa grande parte de sua vida em uma faixa de temperatura que é ideal para os processos fisiológicos. A zona termoneutra de um homeotérmico endotérmico em descanso é a faixa de temperaturas ambientais onde a taxa metabólica é mínima, considerada taxa metabólica basal, ou TMB. Se as temperaturas aumentarem até um ponto chamado de temperatura crítica máxi- ma (TCM), a taxa metabólica aumenta à medida que o animal induz respostas fisiológicas para evitar o superaquecimento. Se a temperatura fica abaixo da temperatura crítica baixa (TCB), a taxa metabólica aumenta para aumentar a produção de calor. Quando os animais enfrentam um desafio hipotérmico, podem reduzir a TC para manter a homeostase da taxa metabólica. Normalmente, estas respostas compensatórias em TA altas ou baixas permitem que o animal mantenha uma TC constante, mas além de um ponto o animal não consegue sustentar uma TC constante. O conceito de uma zona térmica neutra não se aplica aos animais que alteram a TC, mas os ectotérmicos também possuem faixas de TA (e TC) ideais para o crescimento e a reprodução. Os animais Beatriz Garcez ECZ7036 (2018.2) - Fisiologia Animal Comparada procuram ativamente suas temperaturas preferidas, uma TA que está dentro desta faixa de funcionamento ideal. Das quatro classes de macromoléculas, somente as proteínas e os lipídeos são significativamente afeta- dos pela temperatura dentro da faixa normal onde os animais se encontram. Os animais remodelam as membranas para manter a fluidez praticamente constante. A temperatura afeta a estrutura e a função das proteínas de uma forma complexa, inclusive alterando a cinética enzimática. Até mesmo pequenas alterações na estrutura das proteínas podem ter importantes efeitos nas suas funções. As reações bioquímicas são aceleradas pelas altas temperaturas e reduzidas pelas baixas temperaturas. À medida que a temperatura aumenta, a energia cinética média dos substratos aumenta, e uma maior proporção de moléculas possui energia suficiente para ser convertida em produto, fazendo com que a veloci- dade da enzima aumente. A evolução pode levar a alterações nas cinéticas enzimáticas. Quando os animais são expostos a temperaturas abaixo do ideal por gerações, existe a possibilidade de alterações evolutivas dos genes que codificam as enzimas. Mutações podem levar a alterações estruturais na enzima que representam uma diferença favorável na cinética enzimática. Os animais que podem tolerar temperaturas extre- mas podem invadir e colonizar nichos que são subexplorados pelos seus competidores. A necessidade de modificações estruturais em enzimas é muito mais pronunciada nos extremos de temperatura. Os ectotérmicos que vivem em temperaturas congelantes usam duas estratégias para sobreviver ao frio: tolerância ao congelamento e evitar o congelamento. Os animais tolerantes ao congelamento permitem que seus tecidos se congelem e até incentivam a formação de gelo nos seus corpos. Os animais que evitam o congelamento utilizam mecanismos comportamentais e fisiológicos para evitar a formação e o crescimento de cristais de gelo. A formação de cristais de gelo dentro de um tecido possui dois efeitos deletérios. Primeiro, como os cristais de gelo possuem extremidades pontia- gudas e afiadas, os cristais em crescimento podem perfurar membranas, matando a célula. Segundo, o crescimento dos cristais de gelo remove a água que está ao redor, causando um estresse hiperosmótico. Os animais tolerantes ao congelamento normalmente produzem nucleadores de gelo para controlar a localização e a cinética do crescimento dos cristais de gelo. O gelo é mais perigoso quando se forma dentro das células; por isso, os animais tolerantes ao congelamento secretam nucleadores para fora das células. Isto restringe a formação de gelo para os líquidos extracelulares, como a hemolinfa, e permite que o espaço intracelular permaneça líquido. Evitar o congelamento é a segunda estratégiautiliza- da pelos animais para sobreviver ao frio extremo. Os solutos em geral diminuem o ponto de congelamento de uma solução, evitando a formação de gelo em temperaturas abaixo de zero. Alguns animais possuem macromoléculas anticongelantes – normalmente pro- teínas ou glicoproteínas – que reduzem o ponto de congelamento dos líquidos corporais por ações não coligativas. A capacidade de ficar com o corpo aquecido requer vias metabólicas que produzam calor (termogênese), assim como mecanismos fisiológicos para reter esse calor - controlar tanto a termogênese como a troca de calor. Em ambientes frios, os endotérmicos esti- mulam a termogênese e reduzem a perda de calor. Em ambientes quentes, eles aumentam a perda de calor, mas também podem reduzir a termogênese. Beatriz Garcez ECZ7036 (2018.2) - Fisiologia Animal Comparada A produção de calor é uma consequência inevitável de se estar vivo. Todos os animais – endotérmicos e ectotérmicos – geram calor durante estes processos (metabólicos, principalmente do metabolismo energético, da digestão e da atividade muscular), mas apenas os endotérmicos possuem as adaptações fi- siológicas que os permitem reter calor metabólico suficiente para elevar a TC acima da TA. Além das vias que produzem calor como um subproduto, os endotérmicos possuem vias termogênicas específicas com a finalidade principal de produção de calor. As vias termogênicas têm como base os ciclos fúteis, em que energia potencial química é gasta para gerar calor - grande parte do calor provém direta ou indiretamente da fosforilação oxidativa na mitocôndria. Os músculos possuem um papel muito importante no balanço térmico dos endotérmicos. Como o músculo é o tecido mais abundante nas aves e nos mamíferos, ele produz uma quantidade considerável de calor, mesmo em repouso. A locomoção aumenta a taxa de produção de calor pelos músculos. Contudo, muitas aves e mamíferos também podem utilizar seus mús- culos esqueléticos para gerar calor através da termogênese por tremor - contrações musculares não sincronizadas. O tremor termogênico é uma estratégia que funciona por curtos períodos de exposição ao frio, mas não é útil para o estresse do frio prolongado. Além disso, se o tremor persistir, ou repetir-se com frequência, os músculos são rapidamente depletados de nutrientes e ficam exaustos. A termogênese por tremor é exclusiva das aves e dos mamíferos; entretanto, outros animais também usam os músculos para gerar calor. Grandes insetos voadores podem gerar calor suficiente para aquecer os músculos torácicos do voo, o que melhora o desempenho muscular do voo. A alta TM durante o voo gera grande quantidade de calor, suficiente para aquecer em muitos graus os músculos do voo. Mais interes- sante ainda é que estes insetos são capazes de aque- cer seus músculos do voo antes da decolagem. Três mecanismos distintos permitem que os in- setos aqueçam o tórax antes do voo. O primeiro mecanismo é um ciclo metabólico fútil no metabolismo dos carboidratos. Um segundo mecanis- mo de aquecimento depende da contração muscular. O terceiro mecanismo para a geração de calor é o próprio movimento das asas. Coletivamente, estas vias termogênicas permitem que os músculos do voo se aqueçam antes da decolagem. Aparentemente existe uma temperatura torácica crítica que deve ser alcançada antes que o inseto comece a voar. Os mamíferos possuem uma forma exclusiva de gerar calor em depósitos especializados de tecido adiposo marrom (TAM), normalmente localizado nas costas próximo da região dos ombros. Os adipócitos marrons diferem dos adipócitos brancos - eles possuem níveis muito maiores de mitocôndrias e expressam o gene que codifica a proteína termogenina. O TAM é par ticularmente importante para a termogênese nos pequenos mamíferos e recém-nascidos de animais maiores, principalmente aqueles que vivem em ambientes frios. Quando a termogenina está inserida na membrana mitocondrial interna, ela acentua o vazamento de prótons da mitocôndria e dissipa a força próton motriz. Como a oxidação não fica mais aco- plada à fosforilação, diz-se que a termogenina gera um desacoplamento. Na presença da termogenina, a oxidação e o bombeamento de prótons continuam em altas taxas, mas com baixos níveis de síntese de ATP. O controle da temperatura corporal nos animais en- dotérmicos requer a coordenação de múltiplos siste- mas fisiológicos. A informação dos neurônios sensíveis à temperatura é recebida e Beatriz Garcez ECZ7036 (2018.2) - Fisiologia Animal Comparada interpretada por um termostato dentro do sistema nervoso central. O termostato central desencadeia as respostas comportamentais ou fisiológicas adequadas. Os mamíferos monitoram a TA através de neurônios sensíveis na pele e nas vísceras. Quando a TA muda, os neurônios enviam sinais para o hipotálamo, que manda sinais para o corpo alterar as taxas de produção ou dissipação de calor. A regulação da TC nas aves é menos conhecida, mas é claramente diferente da regulação dos mamíferos. O aquecimento ou o resfriamento do hipotála- mo possui pouco efeito nas respostas termorreguladoras das aves. O termostato central nas aves parece ser na medula espinal, não no hipotálamo. A piloereção reduz a perda de calor - as aves (e os mamíferos) ficam arrepiadas no frio, pois forçam suas penas (e pelos) a se orientarem perpendicular- mente à superfície do corpo. Pequenos músculos lisos, chamados de músculos eretores, conectam cada folículo piloso à superfície inferior da epiderme. Quando o músculo eretor se contrai, o pelo é puxado perpendicularmente – um processo chamado de piloereção. Alterações no fluxo sanguíneo afetam as trocas de calor. Todos os animais trocam calor pelas superfícies ex- ternas do corpo, mas são capazes de alterar a efetividade da troca de calor superficial através de modificações no padrão de fluxo sanguíneo. Nos locais onde os vasos sanguíneos se aproximam da superfície do corpo, eles perderão ca- lor mais rapidamente. Da mesma forma, o aumento do fluxo de sangue através destes vasos aumenta a capacidade de perda de calor. A regulação da quantidade de sangue que flui dentro dos vasos é conhecida como resposta vasomotora. Alterações no fluxo sanguíneo através de capilares subcutâneos permitem que um endotérmico controle a troca de calor. O exercício aumenta a temperatura corporal central e desencadeia um aumento no fluxo de sangue para a pele, fazendo com que ela fique vermelha. Da mesma forma, temperaturas frias ge- ram vasoconstrição periférica, reduzindo o fluxo de sangue para as mãos e para os pés e fazendo com que fiquem brancos. A restrição prolongada de fluxo sanguíneo pode fazer com que as extremidades fiquem roxas, pois o sangue armazenado no sistema venoso está levemente desoxigenado. Os trocadores contracorrente nos vasos ajudam a reter calor - alguns animais são capazes deextrair calor do san- gue aquecido e transferi-lo para o sangue mais frio. Isto é realizado através de um arranjo dos vasos nos trocadores de calor contracorrente. Como os peixes respiram a água, qualquer calor metabólico é rapidamente perdido através das brânquias. Alguns peixes regionalmente heterotérmicos são nadadores ativos que produzem muito calor em seus músculos vermelhos - as veias que deixam o músculo vermelho estão justapostas às artérias que suprem este músculo, permitindo a transferência do calor. Isto permite que o músculo vermelho alcance temperaturas 10°C mais quentes que os outros tecidos, incluindo o músculo branco. Os trocadores de calor contracorrente são importantes em outros peixes regionalmente heterotérmicos. Os trocadores de calor contracorrente são usa- dos pelos endotérmicos para reduzir a perda de ca- lor na periferia. As aves que ficam paradas em su- perfícies frias, como o gelo, podem perder grandes quantidades de calor pelos pés. Elas podem reduzir a perda de calor restringindo o fluxo de sangue para a periferia, mas por longos períodos de tempo isso poderia causar uma deficiência de nutrientes para os tecidos periféricos. Os trocadores de calor contracorrente transferem o calor das artérias provenientes do centro do corpo para as veias que retornam da periferia resfriada. O aquecimento do sangue venoso diminui o impacto do resfriamento da periferia. Beatriz Garcez ECZ7036 (2018.2) - Fisiologia Animal Comparada O suor reduz a temperatura corporal pelo resfriamento por evaporação. Pequenos animais possuem uma relação favorável entre área de superfície e volume para a perda de calor; portanto, o resfriamento por evaporação é usado principalmente por animais maiores. O suor é uma mis- tura de água, de sais e de alguns óleos. O sal no suor aumenta o ponto de ebulição da água, tornando o resfria- mento por evaporação mais eficiente. A perda de água e sais pode afetar a regulação iônica e osmótica, mas os animais expostos aos climas quentes por longos períodos de tempo podem alterar a composição química do suor. O ofego aumenta a perda de calor através da superfície respiratória - um ótimo local para troca gasosa – alta vascularização, superfícies úmidas e grande fluxo de ar – também aumentam a perda de calor. A dormência diária (torpor) e a uma dormência sazonal prolongada (hibernação) são fases de hipometabolismo acompanhadas por uma diminuição na TC, um fenômeno chamado de endotermia relaxada. Sob condições normais (eutérmicas), os mamíferos e as aves mantêm a TC dentro de um limite estreito. Durante períodos de endotermia relaxada, o animal reajusta seu termostato central para reco- nhecer e definir um ponto de referência diferente para a TC. O animal endotérmico pode permitir que a TC reduza até valores próximos da TA, bem abaixo do ponto de referência eutérmico.
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