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Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 1 MODELAGEM DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Os fatores a considerar no projeto organizacional são os condicionantes (reguladores), os componentes (conteúdo), e os níveis de influência da estrutura, que podem ser assim resumidos: E S T R U T U R A O R G A N I Z A C I O N A L CONDICIONANTES Ambiente Fator Humano (pessoas) Cultura Corporativa Tecnologia Objetivos e Estratégias COMPONENTES Sistema de Responsabilidades Sistema de Autoridades Sistema de Comunicações Sistema de Decisões NÍVEIS DE INFLUÊNCIA Estratégico Tático Operacional CONDICIONANTES DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A natureza da estrutura organizacional de uma empresa qualquer sofre a influência de alguns aspectos internos e externos – os condicionantes da estrutura. São os principais condicionantes da estrutura organizacional: ambiente; fator humano (pessoas); cultura corporativa; tecnologia; e objetivos e estratégias. Os condicionantes da estrutura organizacional também são chamados de dimensões contextuais do projeto organizacional, pois dependem, fortemente, do contexto de operação da organização. AMBIENTE O ambiente inclui todos os elementos além dos limites da organização que têm o potencial de afetar o seu desempenho. Sabe-se que uma empresa qualquer procura agrupar seus recursos da melhor maneira possível, a fim de produzir um resultado que tenha valor para o ambiente. Caso o ambiente sofra alterações, o resultado que antes era considerado adequado pode não mais ser aceitável, exigindo assim mudanças na alocação de recursos para que um resultado diferente seja gerado, novamente com valor para o público externo. Para essa alocação diferente pode ser necessária uma nova estrutura organizacional. Portanto, quanto mais turbulento for o ambiente, mais a estrutura terá que ser delineada tendo por base a flexibilidade, de modo a permitir adaptações rápidas às mudanças ocorridas no meio externo. O ambiente da organização pode ser segmentado em duas partes. Uma delas, genérica e comum a todas as organizações denomina-se ambiente geral ou macroambiente. O ambiente geral constitui-se de condições de natureza tecnológica, cultural, econômica, ecológica, demográfica, social, legal e política. A outra parte do ambiente, na realidade um subconjunto da primeira, consiste no ambiente mais próximo e imediato de cada organização, que fornece as suas entradas e absorve suas saídas. É o chamado ambiente de tarefa. Entre os elementos principais do ambiente de tarefa – também chamado ambiente de Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 2 operações ou de ação direta – estão os clientes, os fornecedores, a concorrência e os órgãos reguladores. FATOR HUMANO (PESSOAS) A qualidade de uma estrutura é função das pessoas que dela fazem parte, especificamente relacionada com fatores como o valor das pessoas, o seu conhecimento sobre a estrutura e sua motivação para fazê-la funcionar da melhor forma possível. Portanto, no projeto de uma estrutura organizacional eficiente deve-se levar em conta o comportamento e os conhecimentos das pessoas que terão de desempenhar as funções que lhes serão atribuídas. De nada adianta ter uma estrutura tecnicamente perfeita se as pessoas que a fazem funcionar não concordam ou não estão satisfeitos com ela. O fator humano tem forte relação com o condicionante tecnologia. Para tecnologias mais sofisticadas, são exigidas pessoas mais qualificadas e que necessitam de menor grau de controle, resultando em estruturas mais achatadas. Ao contrário, para tecnologias simples a qualificação exigida para as pessoas é menor, o controle requerido é maior, e as estruturas devem ser mais verticais. O fator humano também determina o tamanho físico da organização, que é a magnitude da organização em termos do número de pessoas. CULTURA CORPORATIVA A cultura de uma empresa é o conjunto subjacente de valores, crenças, conhecimentos e normas essenciais compartilhados pelos funcionários. Esses valores subjacentes podem referir-se ao comportamento ético, compromisso com os funcionários, eficiência ou serviços aos clientes, e fornecem a cola para manter unidos os componentes da organização. A cultura de uma organização não é escrita, mas pode ser observada em suas histórias, slogans, cerimônias, rituais, crenças, heróis e símbolos – como a maneira de vestir e a disposição dos escritórios. Em geral, as organizações possuem culturas uniformes. Contudo, o reconhecimento de que a cultura organizacional possui propriedades comuns não significa que não pode haver subculturas dentro da organização. A cultura dominante da organização expressa os valores essenciais compartilhados pela maioria dos seus membros. É ela que empresta à empresa personalidade própria e distintiva das demais empresas. Os valores tornam explícito o que a organização julga relevante para o seu sucesso e deve refletir o jeito de ser da empresa. Nas grandes organizações, todavia, existe uma tendência de ser desenvolvidas subculturas para refletir problemas, situações ou experiências comuns a alguma porção específica dos membros da organização. Uma subcultura, portanto, inclui os valores essenciais da cultura dominante, além dos valores específicos de um grupo. Um escritório ou unidade que fique fisicamente separado do restante da organização pode assumir personalidade diferente, mantendo os valores essenciais. A cultura organizacional funciona como definidora de fronteiras. Ou seja, ela se presta para distinguir a organização das outras. Além disso, a cultura exerce outras funções. Ela propicia, por exemplo, um senso de identidade aos membros da organização. Também facilita o comprometimento com algo maior do que os interesses individuais de cada membro. Finalmente, a cultura organizacional estimula a estabilidade do sistema social, pois constitui a argamassa (ou cola) social que ajuda a manter a organização coesa. Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 3 A cultura organizacional pode ser aprendida pelos funcionários por meio de histórias, rituais, símbolos materiais e linguagem. Histórias referem-se a eventos ocorridos com fundadores de empresas, quebras de regras, enormes sucessos, situações organizacionais, dentre outros. Rituais são sequências repetitivas de atividades (premiações, coffee breaks etc.) que expressam e reforçam os valores fundamentais da organização, quais objetivos são mais importantes, quais pessoas são mais importantes e quais são dispensáveis. Os símbolos materiais sinalizam para os funcionários, dentre outros aspectos: • quem é importante (ex.: altos executivos com direito a carro com motorista, vaga privativa na garagem, acesso ao jato da empresa para viagens); • qual o grau de igualdade almejada pelos dirigentes (ex.: escritórios centrais compostos de cubículos, áreas comuns e salas de reuniões, indicando valorização da abertura, igualdade, criatividade); • tipos de comportamentos apropriados (ex.: assunção de riscos, conservadorismos, autoritarismo, participação, individualismo). A linguagem é usada, em muitas organizações, como forma de identificação dos membros de sua cultura ou subcultura. Ao aprender essa linguagem, os membros demonstram sua aceitação da cultura e, assim fazendo, ajudam a preservá-la. Muitas profissões possuem jargões próprios, que parecem outro idioma para quem não é do ramo. Organizações, com o passar do tempo, costumam desenvolver termos próprios para descrever equipamentos, escritórios, pessoas-chaves,fornecedores, clientes ou produtos relacionados com o seu negócio. TECNOLOGIA Tecnologia organizacional é a natureza do subsistema de produção, incluindo as ações e técnicas utilizadas para transformar as entradas organizacionais em saídas. A tecnologia se refere a como a organização realmente fabrica produtos e serviços que ela provê aos consumidores e inclui, por exemplo, a manufatura auxiliada por computador (CAM), sistema avançado de informações e a Internet. Uma linha de montagem automotiva, uma sala de aula e um sistema noturno de entrega de embalagem são tecnologias, embora difiram entre si. Tecnologia pode ser definida como o conjunto de conhecimentos utilizados para operacionalizar as atividades na empresa possibilitando o alcance dos objetivos organizacionais. Determinados tipos de tecnologias mais complexas exigem um maior nível de comunicação e interação entre os envolvidos no processo, o que pode ser conseguido com estruturas mais horizontais. Já para tecnologias mais simples, em que alto grau de controle é exigido, é adequada uma menor amplitude de controle (maior número de chefes), e consequentemente um maior número de níveis hierárquicos. Modernamente, a tecnologia da informação (TI) constitui a principal tecnologia utilizada pelas organizações. OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS Os objetivos e estratégias da organização definem o propósito e as técnicas competitivas que a distinguem das outras organizações. Os objetivos e estratégias – ambos voltados para o longo prazo – definem o escopo das operações e o relacionamento com funcionários, clientes e concorrentes. OBJETIVO ESTRATÉGICO O objetivo estratégico é idealizado tendo em vista o planejamento de longo prazo (planejamento estratégico). Ele constitui um parâmetro que pode variar de Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 4 organização para organização, dependendo do contexto de atuação da empresa. O mais importante é que o objetivo estratégico seja SMART. Essa sigla mnemônica, no inglês, designa os adjetivos specific, measurable, achievable, relevant, timebound, ou seja: eSpecífico, Mensurável, Alcançável, Relevante e vinculado ao Tempo. O objetivo estratégico é: • eSpecífico, quando é de fácil entendimento; • Mensurável, quando pode ser medido por meio de indicadores; • Alcançável, quando pode ser atingido adequadamente no período do planejamento; • Relevante, quando é alinhado a uma das perspectivas de desempenho organizacionais: financeira; mercado; processos internos; aprendizagem e crescimento (pessoas). • Temporal, quando tem um prazo certo a ser alcançado. No caso de esse tempo não estar explicitado na escrita do objetivo, significa que ele poderá ser alcançado até o final do período do respectivo plano estratégico. Exemplo de objetivo estratégico: “Ampliar base de clientes em 27%, até 2017”. São verbos usados para escrever objetivos estratégicos: Fornecer, Aumentar, Estruturar, Preparar, Priorizar, Ampliar, Prover, entre outros. ESTRATÉGIA Uma estratégia é um plano de ação que descreve a alocação de recursos e as atividades para lidar com o ambiente e alcançar as metas organizacionais. Segundo Porter (2005), estratégia “é o que torna uma empresa diferente e lhe dá vantagem competitiva”. As estratégias derivam dos objetivos estratégicos e têm de atendê-los totalmente. Ou seja, para cada objetivo estratégico estabelecido pela organização deve haver uma ou mais de uma estratégia para viabilizá-lo. A estrutura organizacional é o principal meio que possibilita a adequada implementação das estratégias da empresa, e consequentemente o alcance de seus objetivos. Por esse motivo, as estratégias têm de primar pela compatibilidade com a estrutura. Entretanto, somente essa compatibilidade não garante o sucesso da empresa, pois em primeiro lugar as estratégias devem ser adequadas. Quanto mais claramente os parâmetros objetivos e estratégias estiverem definidos, mais fácil será o trabalho de modelagem (delineamento) da estrutura organizacional, pois se sabe exatamente o que esperar de cada membro do grupo que compõe a empresa. Caso os objetivos ou estratégias de uma empresa mudem, pode ser que haja Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 5 necessidade de uma revisão em sua estrutura organizacional, pois esta pode não mais ser adequada para o novo fim a que a empresa se propõe. Objetivos e estratégias da organização têm origem no Planejamento Estratégico, que deve preceder, necessariamente, a elaboração da estrutura organizacional. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O Planejamento Estratégico é o planejamento de longo prazo. Na formulação do Planejamento Estratégico devem ser estabelecidas ou ratificadas a missão e a visão (de futuro) da organização. A missão é a expressão da razão de existência da organização, é a função que ela desempenha no mercado, de modo a tornar útil a sua ação. Ela deve ser sintética e de fácil compreensão. Na formulação da missão, deve-se responder a cinco perguntas básicas: Qual o negócio da organização? Qual é o seu cliente? Qual o escopo da organização? Qual a sua vantagem competitiva? Qual a sua contribuição social? Exemplo de missão (empresa Vale): “Transformar recursos naturais em riqueza e desenvolvimento sustentável”. A visão expressa a maneira pela qual a organização deseja ser reconhecida no futuro, um espécie de sonho que deve ser viável na implementação e ter um conteúdo altamente inspirador e positivo. Geralmente é elaborada começando com os verbos “ser” e “estar”. Ela pode ter uma referência de tempo (temporal) ou não (atemporal). Ao definir a sua visão, a organização deve realizar as seguintes reflexões: Como queremos ser reconhecidos no futuro? Qual o desafio que será apresentado para os nossos colaboradores? O que queremos ouvir do nossos stakeholders? Onde estaremos atuando com os nossos clientes? Quais são as principais oportunidades que podem surgir? Exemplo de visão (empresa Vale): “Ser a empresa de recursos naturais global número um em criação de valor de longo prazo, com excelência, paixão pelas pessoas e pelo planeta”. Do Planejamento Estratégico derivam-se, em perfeito alinhamento, os planejamentos tático (de médio prazo) e operacional (de curto prazo) da organização. O Planejamento Estratégico é um processo gerencial, porém participativo, que diz respeito à formulação de objetivos para a seleção e execução de programas de ação, levando em conta as condições internas e externas à empresa e evolução esperada dela. O Planejamento Estratégico é um processo dinâmico de alocação de recursos compatibilizando as oportunidades de mercado, os objetivos e as capacidades da organização. Ele considera premissas básicas que a empresa deve respeitar para que todo o processo tenha coerência e sustentação. Recomenda-se aplicar o Planejamento Estratégico periodicamente. Essa periodicidade é importante para manter a vitalidade organizacional, pois o ambiente da organização muda constantemente e novas necessidades têm de ser selecionadas para atendimento. Dentro do período total do Planejamento Estratégico, devem ser Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 6 considerados subperíodos ou marcos para o ajuste de metas e estratégias, necessário também em função da variabilidade ambiental. O Planejamento Estratégico é um instrumento importante para nortear a gestão institucional. Sabe-se que as necessidades existentes são impossíveis de ser atendidas em uma única gestão. Planejamento Estratégico também pode ser entendido como uma carta de intenções da gestão para todos da instituição; neleestão explicitadas as necessidades que serão o foco dos esforços institucionais para serem atendidas em um período estabelecido. Para implementar a estruturação ou reestruturação organizacional, recomenda-se, a partir do Planejamento Estratégico: a elaboração de estruturas alternativas; a escolha da melhor alternativa; e a implantação da estrutura, mediante um processo participativo que minimize os efeitos da resistência das pessoas à mudança. Três ferramentas de análise são importantes para subsidiar a elaboração do Planejamento Estratégico: a construção de cenários, a matriz SWOT (ou FOFA) e o modelo de Cinco Forças que moldam a estratégia, proposto pelo professor Michael Porter. Um cenário consiste em modelo para análise, construído a partir de indicadores sociais, econômicos, políticos etc., referentes a determinado período histórico. “Os cenários permitem analisar o longo prazo em um mundo onde reina a complexidade. As tendências presentes no mundo de hoje em dia influenciam decisivamente o futuro, mas sempre sob o signo da imprevisibilidade. Para lidar com as incertezas, deve-se estar atento para as descontinuidades presentes na jornada para o futuro, para as mudanças que ocorrem no ambiente em que vivemos. Só assim se estará preparado para a construção da organização do futuro nesse ambiente turbulento de mudanças aceleradas.” A SWOT visa identificar e avaliar, em relação à organização, suas: forças (strenghts) e fraquezas (weaknesses) – variáveis internas e controláveis; oportunidades (opportunities) e ameaças (threats) – variáveis ambientais externas e incontroláveis. Forças (Strenghts): constituem a diferenciação conseguida pela organização que lhe proporciona uma vantagem operacional no ambiente. Fraquezas (Weaknesses): consistem numa situação inadequada para a organização que lhe causa uma desvantagem operacional no ambiente. Oportunidades (Opportunities): são as forças ambientais incontroláveis pela organização, que podem favorecer sua ação estratégica, desde que conhecidas e aproveitadas, satisfatoriamente, enquanto perduram Ameaças (Threats): são as forças ambientais incontroláveis pela organização, que criam obstáculos à sua ação estratégica, mas que poderão ou não ser evitadas, desde que conhecidas em tempo hábil. A aplicação e análise da matriz SWOT resulta em diagnóstico de quatro distintas situações para a organização, a partir das quais a organização vai estabelecer a sua “postura estratégica” em relação ao ambiente, conforme demonstrado na figura adiante: Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 7 A estrutura (ou modelo) de Cinco Forças de Porter que moldam a estratégia identifica as cinco ameaças mais comuns que as empresas enfrentam em seus ambientes competitivos locais (de tarefa) e as condições sob as quais essas ameaças têm maior ou menor probabilidade de estarem presentes. Esta análise foi proposta pelo professor Michael Porter no artigo Como as forças competitivas moldam a estratégia, publicado em 1979. Antes disso, a competição estava relacionada apenas à rivalidade entre as empresas. Depois da publicação do artigo, executivos, consultores e estudantes de negócio passaram a entender que a análise da competição vai além da mera rivalidade entre companhias que atuam no mesmo segmento de mercado. Uma empresa pode sobreviver e ter sucesso no longo prazo se ela desenvolver eficazmente estratégias para enfrentar as cinco forças que definem a estrutura de competição em seu ramo de atividades. Essas cinco forças que moldam a estratégia da organização são: a rivalidade entre os concorrentes; poder de barganha de clientes; poder de barganha dos fornecedores; ameaça de novos entrantes; e ameaça de produtos substitutos. Rivalidade entre os concorrentes: É fundamental para a organização ter a noção clara de quem são os seus concorrentes diretos no momento, pois a partir desta perspectiva serão traçadas as estratégias. Deve-se levar em consideração as seguintes indagações: De que forma os concorrentes atuam?; Trabalham sozinhos ou em conjunto?; Qual o peso de suas marcas no mercado?; E qual o respaldo perante esse mesmo mercado? Deve-se ainda atentar para os pontos considerados fortes nos concorrentes, como: Eles possuem custos menores? Existe valor agregado no preço de suas mercadorias? Que margens são aplicadas? E qual a fidelidade da sua clientela? Segundo Porter (2004): a rivalidade entre os concorrentes existentes assume a forma corriqueira de disputa por posição – com o uso de táticas como concorrência de preços, batalhas de publicidade, introdução de produtos ou aumento dos serviços e das garantias ao cliente. A rivalidade ocorre porque um ou mais concorrentes sentem-se pressionados ou percebem a oportunidade de melhorar a sua posição. Poder de barganha (negociação) dos clientes: a organização deve optar por uma carteira variada de clientes, evitando ficar refém de um cliente ou de um grupo de clientes específicos. Quando a dependência de poucos consumidores acontece, as margens são sacrificadas, não raro, acaba prevalecendo as condições de negociação impostas pelo cliente. Segundo Porter (2004): Os compradores competem com a indústria forçando os preços para baixo, barganhando por melhor qualidade ou por mais serviços e Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 8 jogando os concorrentes uns contra os outros [...] O poder de cada grupo importante de compradores da indústria depende de certas características quanto à sua situação no mercado e da importância relativa de suas compras da indústria em comparação com os seus negócios totais. Poder de barganha (negociação) dos fornecedores: se uma determinada organização depende de poucos fornecedores e se o insumo ou matéria-prima de que precisa for de difícil acesso ou aquisição, essa organização estará correndo sérios riscos de ficar sob as condições do fornecedor, máxime no que concerne a preços de custos de produtos ou serviço, prazos de entrega, e níveis de qualidade dos produtos ofertados. Segundo Porter (2004): Os fornecedores podem exercer poder de negociação sobre os participantes de uma indústria ameaçando elevar preços ou reduzir a qualidade de bens ou serviços fornecidos. Fornecedores poderosos podem sugar à rentabilidade de uma indústria incapaz de repassar os aumentos de custos em seus próprios preços. Ameaça de novos entrantes: a organização deve, desde o início, procurar criar barreiras que de certa forma inviabilizem a entrada de novos entrantes, tais como: produtos devidamente registrados com patentes; marcas fortes; ou mesmo contratos de exclusividade. Segundo Porter (2004): Novas empresas que entram para uma indústria trazem nova capacidade, o desejo de ganhar uma parcela do mercado e frequentemente recursos substanciais. Como resultado os preços podem cair ou os custos dos participantes podem ser inflacionados, reduzindo, assim, a rentabilidade. [...] a ameaça de entrada em uma indústria depende das barreiras de entrada existentes, em conjunto com a reação que o novo concorrente pode esperar da parte dos concorrentes já existentes. Ameaça de produtos substitutos: um dos maiores erros que uma empresa pode cometer é presumir que sendo o seu produto inovador, ele não tem concorrente. Engana-se, pois se ele surge para resolver um problema existente, por mais inédito que ele seja, já devem existir outras formas, pelo menos em parte, de solucionar a mesma questão. Para responder esse ponto, é preciso listar outros produtos que também possam oferecer o mesmo benefício ou algo similar e trabalhar para garantir credibilidade ao produto no efeito comparativo. Segundo Porter (2004):os produtos substitutos que exigem maior atenção são aqueles que estão sujeitos a tendências de melhoramento do seu trade-off de preço-desempenho com o produto da indústria, ou são produzidos por indústrias com lucros altos. No último caso muitas vezes os substitutos entram rapidamente em cena [...] A análise dessas tendências pode ser importante na decisão acerca de tentar suplantar estratégicamente um substituto ou planejar a estratégia considerando o substituto como uma força-chave inevitável. ESTRATÉGIAS GENÉRICAS (DE POSICIONAMENTO): As empresas podem contrabalançar as ameaças das forças competitivas que enfrentam posicionando-se por meio de estratégias competitivas genéricas. Essas estratégias genéricas podem ser segregadas em duas categorias: 1) as estratégias genéricas essenciais – estratégia de liderança em custos e estratégia de diferenciação e de enfoque (ou foco); 2) as estratégias genéricas complementares - estratégia de inovação, estratégia de imitação, estratégia de crescimento e estratégia de aliança. Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 9 A estratégia de liderança em custo é centrada em baixos custos e preços e a marca fundamental deste tipo de estratégia é uma abordagem de grandes volumes de produção e baixas margens, os que adotam tal estratégia estão sempre à busca de custos mais reduzidos e muitas vezes correm o risco de comprometerem a qualidade dos seus produtos. A estratégia de diferenciação caracteriza-se pelo impacto no mercado, por meio da qualidade dos produtos e formação de valor para os consumidores. O segredo é uma abordagem de pouco volume de produção e alto valor agregado com altas margens. No que diz respeito ao enfoque (ou foco), essa estratégia objetiva atender às necessidades específicas de segmentos ou nichos específicos de mercado. Isso pressupõe domínio de tecnologia específica e constante atenção ao desejo dos consumidores. A estratégia de inovação consiste em a organização encontrar novas maneiras de fazer negócios. Isso pode envolver o desenvolvimento de produtos e serviços, ou a criação de mercados ou de nichos exclusivos. Pode envolver também mudanças radicais nos processos empresariais de produção ou distribuição de produtos e serviços, alterando, assim, a estrutura fundamental do ramo de atividades. Quanto ao escopo, a inovação pode abranger produtos ou serviços e processos. Uma inovação em produtos e serviços é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado em relação às suas características ou uso. Inclui melhorias expressivas em especificações, componentes e materiais, software embarcado, facilidade de uso e outras características funcionais. Os produtos ou serviços podem utilizar conhecimentos e tecnologias novas ou podem basear-se em novas formas de uso ou combinações de conhecimentos e tecnologias existentes. Uma inovação de processo é a implementação de um novo processo produtivo ou de logística novo ou expressivamente melhorado. Inclui mudanças nas técnicas, equipamentos e software. A inovação pode ter o objetivo de reduzir custos, aumentar qualidade ou produzir e entregar serviços significativamente melhorados. Um modelo contemporâneo de inovação inclui a “inovação aberta” (ou “sem fronteiras”). O termo inovação aberta (em inglês open innovation) designa a iniciativa da organização de olhar para fora em busca de novos caminhos para gerar inovação sem depender inteiramente de seus departamentos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Nesse sentido a organização colaborar, compra, contrata ou licencia processos ou invenções (patentes, propriedade intelectual) de outras companhias, organizações ou instituições. Chama-se “cocriação” se a inovação aberta acontece mediante a associação de entidades externas à empresa – como fornecedores, colaboradores e clientes - com o negócio ou produto agregando inovação de valor, conteúdo ou marketing, e recebendo em troca os benefícios de sua contribuição, sejam eles através do acesso a produtos customizados ou da promoção de suas ideias. A estratégia de imitação consiste no posicionamento “seguidor” adotado pela empresa em lançar novos produtos ou ingressar em novos mercados apenas depois que a viabilidade deles for comprovada. A cópia de boas práticas (best practices), conhecida como benchmarking, constitui tática alinhada com a estratégia de imitação. Benchmarking pode ser tática competitiva ou genérica. É competitiva quando a prática é copiada de concorrentes da organização. É genérica quando a prática é copiada de não concorrente da organização. A estratégia de crescimento caracteriza-se pela expansão significativa da capacidade da empresa para produção de bens e serviços, expansão para mercados mundiais, expansão do market share, diversificação do portfólio de produtos e Gestão de Processos e Sistemas de Informação UNIDADE II – FUNDAMENTOS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Parte 2 10 serviços ou integração em produtos e serviços afins. Trata-se de desenvolvimento orgânico, baseado em fatores endógenos (i.e. internos à organização). A estratégia de aliança caracteriza-se pelo estabelecimento de vínculos e alianças comerciais com clientes, fornecedores, concorrentes e outras organizações. Esses elos podem consistir em fusões, aquisições, joint ventures, formação de empresas virtuais ou outros acordos de marketing, de manufatura ou de distribuição entre a empresa e seus parceiros comerciais. Representa um desenvolvimento inorgânico, baseado em fatores exógenos (i.e. externos à organização). Mudanças ocorridas em um dos citados condicionantes podem exigir ajustes na estrutura organizacional, para que a empresa mantenha a efetividade. Esses ajustes estruturais serão mais ou menos críticos em função da magnitude das mudanças ocorridas nos condicionantes. No mundo moderno, as alterações realizadas nas estruturas organizacionais das empresas são cada vez mais complexas, devendo inúmeros fatores ser considerados para que se obtenha êxito. Uma vez posta a funcionar a nova estrutura, é indispensável avaliar se o seu funcionamento está compatível com as expectativas que originaram a modificação. E para que a estrutura organizacional adotada seja considerada de qualidade, independentemente de seu tipo, é importante que os seguintes resultados sejam alcançados: • Sólida sinergia interdepartamental, com a efetiva participação da alta administração, no sentido de proporcionar um bom nível de coordenação entre as diferentes áreas; • Adequada abertura para o mercado, de modo a interagir de modo eficiente com o ele, sem perder oportunidades de novos negócios ou aperfeiçoamentos; • Ênfase e priorização das áreas e atividades mais relevantes da empresa, a receber tratamento especial em relação a recursos e investimentos de modo a assegurar altos níveis de competitividade e facilitar o alcance dos objetivos; • Correta atribuição de autoridade e responsabilidade entre os diversos níveis da empresa, com clara definição dos tipos de decisões que cada um deverá tomar; • Facilitação das relações em todos os níveis, evitando enfatizar em excesso a relação superior versus subordinado. Faz-se muito relevante a relação ascendente, ou seja, a contribuição de um setor para a unidade maior da qual faz parte, e as relações laterais, que permitem a contribuição de um funcionário aos colegas de mesmo nível, mas de áreas diversas. -o-o-o-o-o-o-o-o-o-o- REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional. A dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. DAFT, R. L. Organizações: Teoria e Projeto. 2. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2008. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional, 11. ed. São Paulo: Prentice-Hall,2005. OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas, Organizações e Métodos: uma abordagem gerencial. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PORTER, M. E. Estratégia competitiva. Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. São Paulo: Campus, 2005.
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