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RESPONSABILIDADE CIVIL – 24.04.2017 Evolução histórica da responsabilidade: antes de o Estado invocar o direito de fazer Justiça, não havia responsabilidade civil, tudo era baseado na vingança (Lei de Talião). o No Direito Romano, o Estado invocou para si a administração da Justiça. A responsabilidade aquiliana trouxe a culpa, o que deu início a responsabilidade civil pelo ato ilícito, diferente do descumprimento contratual. Ou seja, a responsabilidade aquiliana é aquela que não resulta de descumprimento de contrato. o Na Idade Média houve a separação da responsabilidade civil e penal. o No Direito Francês a responsabilidade civil era fundada na culpa (responsabilidade subjetiva). Contudo, na França, houve o primeiro julgado a admitir a responsabilidade civil sem culpa, ou seja, a responsabilidade objetiva. O que é responsabilidade civil? É o dever de reparar o dano em decorrência do descumprimento de uma obrigação anterior. Primeiro alguém descumpre uma obrigação, depois, se o descumprimento gerou dano, surge o dever de reparar. Nem sempre decorre de ato ilícito, visto que ato lícito também causa danos que merecem reparação. A obrigação descumprida pode ser contratual ou genérica (“neminem laedere” – obrigação de não lesar ninguém) ou específica (previsão legal que foi descumprida). o EXCEÇÕES – shuld – obrigação. Haftung – responsabilidade. Há deveres que podem ser descumpridos sem que a pessoa responda – exemplo: dívida de jogo pode deixar de ser paga e ninguém será responsabilizado por isso – 814, CC; dever do evictor de indenizar as benfeitorias – 453, CC. Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Há casos em que haverá responsabilidade mesmo sem descumprimento de dever: exemplo: empregador que responde pelos danos causados pelo empregado – 932, III, CC; transportador de pessoas que responde pelos danos causados ao seu passageiro mesmo que não tenha tido culpa no acidente – art. 735, CC. Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Diferenças entre responsabilidade civil e responsabilidade penal: Na área penal, o objetivo da responsabilidade é a “expiação”, ou seja, pagar pelo erro cometido. Já na responsabilidade civil, o objetivo é reparar. A responsabilidade penal é deflagrada pelo Estado. A responsabilidade civil depende da iniciativa da(s) vítima(s). Para que alguém responda penalmente não é necessário se verificar prejuízo moral ou material. Na responsabilidade civil pressupõe prejuízo moral ou material. Na responsabilidade penal precisa-se de imputabilidade, ser maior de 18 anos. Na responsabilidade civil não precisa de imputabilidade – 928, CC, o incapaz responde civilmente pelos prejuízos que causar, independentemente de culpa, a fim de garantir à vítima o eu direito de reparação. Contudo, o entendimento do STJ é que a responsabilidade civil do incapaz é subsidiária, deve-se esgotar primeiro a responsabilidade dos representantes legais. Na responsabilidade penal, o ônus da prova é do persecutor, enquanto que na responsabilidade civil o ônus da prova é da vítima, em regra. A responsabilidade penal é intransferível. Já na responsabilidade civil, essa responsabilidade pode passar para herdeiros – 943, CC – tanto o dever de reparar quanto o de buscar reparação. Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS CÍVEL E CRIMINAL – 935, CC o A propositura de demanda penal não obsta o prosseguimento de ação cível, bem como a responsabilidade penal não impede a responsabilidade civil. o EXCEÇÕES – três casos em que o resultado da ação criminal fará coisa julgada na área cível, vinculando-se. Sentença penal condenatória – art. 63, CPP – juiz já terá reconhecido os fatos relevantes para que se reconheça a responsabilidade civil. No cível não deverá se provar tudo novamente, apenas destaca a sentença criminal e fazer a ação civil ex delicto – CPP. Essa ação irá liquidar e executar a sentença criminal no que se refere ao cível. A liquidação irá apurar os danos, seguindo-se a execução. Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Absolvição por inexistência do fato – art. 66, CPP e 935, CC – o juiz criminal está convencido de que aquele fato não aconteceu. Desse modo, torna inviável a responsabilização civil do acusado, uma vez que inexistindo fato, inexiste responsabilidade civil/criminal. Absolvição por inexistência de autoria – art. 935, CC – o fato aconteceu, mas o juiz está convencido pelas provas de que aquele acusado não foi o autor do fato, desse modo, impede a responsabilização civil dessa pessoa, faz coisa julgada na esfera cível. FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL o Punitiva/Preventiva: a função punitiva não existe por si mesma. Serve para prevenir também, evitar que aconteça de novo. Sempre estará atrelada à função preventiva. Função pedagógica do dano moral – exemplo – aplicar reprimenda para que sirva de aviso para que a conduta não se reproduza. o Reparação do dano: garantir à vítima a reparação do seu dano, é considerada a principal função. Por tal motivo que algumas pessoas respondem sem ter agido com culpa. O dano moral por si só não é indenizável, pois é impossível desfazer o dano a personalidade. Desse modo, a reparação concedida é uma forma de compensação com dinheiro. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA – art. 186, CC Para responsabilizar alguém é necessário: AÇÃO OU OMISSÃO VOLUNTÁRIAS Ação é atitude positiva, omissão é um não fazer. A voluntariedade decorre da vontade de agir ou de não agir. (involuntário é diferente, por exemplo, engavetamento, quem foi envolvido não é responsabilizado pelos estragados causados no carro da frente). A ação ou omissão voluntárias são praticadas com discernimento, por ser capaz. Não precisa verificara se a pessoa estava ciente, é critério objetivo. Dois ou mais praticando ato danoso – SOLIDARIEDADE LEGAL – 942, CC. Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. A omissão responsabilizará se a pessoa tinha um dever de agir para impedir o evento danoso e se omitiu, pode decorrer da lei ou do contrato. CULPA Não importa o tipo de culpa, a vítima receberá a indenização conforme o dano que sofreu. Stricto sensu: a ação/omissão é voluntária, mas o sujeito não queria produzir dano. Lato sensu (dolo): no direito civil, dolo é vício do negócio jurídico. Consiste na vontade de agir e de produzir o resultado danoso. Graduações da culpa: Lata ou grave: muito grave Leve: bastava um pouco de previdência para evitar o dano Levíssima: somente com máxima diligência teria conseguido evitar o dano. o PARÁGRAFO ÚNICO DO 944, CC – o juiz pode julgar equitativamente e reduzir o valor da indenização quando ficar demonstrado que a culpa do réu é levíssima. o Art. 944. A indenização mede-se pela extensãodo dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. o Aferição da culpa: parte-se da premissa geral de que todos os capazes têm o dever de prever o resultado das suas ações ou omissões. Previsibilidade: possibilidade de prever que ocorreria um dano, prejuízo; Comparação com o tipo padrão: analisar se a atitude tomada pelo indigitado estaria de acordo com a diligência normal de um homem médio. Analisar o que teria feito naquela situação o tipo padrão. Se o tipo padrão teria feito da mesma forma que o indigitado, não haveria culpa. Se agiria de forma diferente, aí sim teria culpa. A culpa pode se manifestar de três maneiras: o Imprudência: agir sem pensar, de forma açodada. o Negligência: poderia/deveria ter feito algo para evitar o dano. o Imperícia: pode ser combinada com a negligência ou com a imprudência. É a falta de uma aptidão exigível de um profissional. Outras manifestações: o Culpa in omittendo, in comittendo: se omitir ou agir culposamente. o Culpa in custodiendo: culpa na guarda de coisas; o Culpa in vigilando: culpa na vigília de pessoas; o Culpa in elegendo: culpa na escolha, escolheu mal. Culpa presumida ou in re ipsa: decorre do próprio fato, não se confunde com responsabilidade objetiva, pois quando o réu provar que não teve culpa, será isento de responsabilidade, enquanto que a responsabilidade objetiva independe da comprovação de culpa, provar que não agiu com culpa não faz diferença nenhuma. Fatos recorrentes, que de tanto se verificar que ali o sujeito agiu com culpa, a jurisprudência passou a trabalhar com a presunção de culpa para casos no mesmo sentido. A diferença está a quem cabe o ônus da prova. Quando há culpa presumida, há inversão do ônus da prova. O réu deverá provar que não teve culpa. Exemplo: veículo que invade calçada, inadimplemento contratual... 389, 383, CC. Médico é profissional liberal, responde subjetivamente (14, p. 4º, CDC – única hipótese de responsabilidade subjetiva do CDC). o CULPA CONTRA A LEGALIDADE: presume-se a culpa daquele que tenha descumprido um mandamento legal. Aquele que descumpriu uma norma é automaticamente responsável pelos danos. Exemplo: dirigir embriagado, sem habilitação. Os tribunais brasileiros não adotam essa teoria. o CULPA CONCORRENTE – art. 945: se dá quando ambos (ofensor e vítima) agiram com culpa e contribuíram, concorreram para a produção do resultado danoso. o Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Culpa concorrente com danos apenas a uma das partes: a indenização será reduzida, sendo que um suportará sozinho uma parte do dano sofrido e a outra parte será indenizada proporcionalmente pelo que concorreu para causar o dano; Danos recíprocos: as duas partes sofreram danos. Exemplo: “A” sofreu danos de R$ 20.000,00 e “B” sofreu danos de R$ 5.000,00. Não é cada um paga o seu. Cada um pagará a metade do dano do outro e é possível fazer compensação. “A” tem direito de receber R$ 10.000,00, mas teria que pagar R$ 2.500, receberá só R$ 7.500,00. 08.05.2017 NEXO DE CAUSALIDADE É uma ligação ininterrupta entre uma ação, omissão ou fato e um dano, de modo que se possa afirmar que aquela ação, omissão ou fato foram a causa do dano. Também pode ser chamado de nexo etiológico. Não há nenhuma definição de nexo causal no CC, o art. 186 apenas prevê a expressão de “causar” dano, apenas. Se tiver apenas uma causa em relação ao dano, não há dificuldade em demonstrar o nexo de causalidade, é só comprovar a relação entre o fato e o dano. Contudo, há vezes em que não há apenas uma causa/fato: o Concausas: conjunto de causas, a partir delas, ser verificará quais delas ou quais foram efetivamente a causa do dano; Simultâneas: duas ou mais causas que atuam juntas e que ocasionaram o dano. Exemplo: caso boate kiss: rojão, produto tóxico no teto e saída de emergência inadequada, todas juntas causaram o dano. Neste caso, todos que concorreram para o dano serão responsabilizados solidariamente. Sucessivas: se têm várias causas e vários danos. Um acontecimento leva a outro e um dano leva ao outro. Verifica-se a presença de danos diretos e indiretos. Para saber a dimensão da responsabilidade (pelo que e até onde responde), deve-se analisar as três teorias do nexo de causalidade: o Teoria da equivalência das condições ou teria do “sine qua non” – todas as condições são consideradas causas do dano, desse modo, todos os envolvidos respondem, não há distinção qualitativa, análise sobre as causas que realmente foram importantes para aquele dano; é adotada no direito penal, contudo, a grande maioria da doutrina e da jurisprudência não entende que ela deva ser aplicada no direito civil; NÃO É APLICADA. o Teoria da causa mais próxima ou dos danos diretos – art. 403, CC – a maioria dos doutrinadores entende que esta deverá ser aplicada quando há concausas, por conta da sua mínima previsão no art. 403, CC que diz “por efeito dela direto e imediato”. Para esta teoria, cada um responderá apenas pelo dano direto e imediato da sua ação ou omissão, afastando-se as causas remotas. A dificuldade está em mensurar e especificar o valor de cada dano. o Teoria da causalidade adequada – é a que mais é aplicada na jurisprudência. Deve-se identificar o que é causa e o que não é causa do dano, pois nem tudo é causa, e encontrar a (s) causa(s) importante(s), adequadas a produção do dano. Identificada a causa adequada, o responsável irá responder pelos danos diretos e indiretos. Teoria thin skull rule – sempre vem aplicada junto com a causalidade adequada. Quando um causador – que deu a causa adequada – deixa a vítima em estado de vulnerabilidade, suscetível a novos danos, responderá pelos novos danos que decorreram da vulnerabilidade da vítima. Grupo de pessoas, alguém dentro do grupo causou o dano, não se sabe quem: todos do grupo serão responsabilizados solidariamente – teoria da causalidade alternativa – 938, CC. Responsabilidade civil sem nexo de causalidade: atentados terroristas ou atos de guerra; dano ambiental que se torna obrigação propter rem (se alguém comprar propriedade e ali foi causado um dano ambiental, mesmo que o adquirente não tenha dado causa ao dano ambiental, será responsabilizado civilmente). O DANO E SUA INDENIZAÇÃO Art. 944 – o valor da indenização é proporcional ao valor do dano. O dano é uma lesão a um interesse juridicamente tutelado. Existem várias espécies de danos, pois existem várias espécies de interesses juridicamente tutelados. É necessário que o dano seja atual e certo. o Dano atual – já existe ao tempo da responsabilização; EXCEÇÃO – dano infecto – art. 1280, CC. É aquele que ainda não aconteceu, mas é certo que vai acontecer. Por exemplo, prédios que ameaçam a ruir, árvores que ameaçam cair. Providência – tutela inibitória e não indenização. Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. o Certo – não hipotético, sobre o qual se tem certeza. ESPÉCIES DE DANOS o DANO PATRIMONIAL Dano emergente ou positivo – art. 402, CC - aquilo que a vítima perdeu. O valor devido pelo ofensor não pode ser abatido com o seguro contratado pela vítima. O danopatrimonial é pago até que se torne indene, até que a vítima se torne sem dano. Se a vítima decidiu cobrar o dano de sua seguradora, não pode cobrar novamente do ofensor, é uma escolha da vítima, no caso do seguro de dano. Contudo, com relação ao dano moral, é possível que a vítima receba tanto do ofensor, quanto da seguradora. O dano moral admite essas duas indenizações pois ele não tem preço, no caso do seguro de vida. Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Súmula 246, STJ – seguro obrigatório. SÚMULA N. 246 O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada. Súmula 537, STJ Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice. Lucro cessante ou dano negativo – art. 402, 948, II, 949 e 950, CC – aquilo que razoavelmente deixou de lucrar, certamente a vítima receberia, mas não receberá em razão do evento danoso. Tem que se certo, senão não é lucro cessante. Pensionamento: O lucro cessante mais fácil de comprovar é a perda do salário. É quando se indeniza pelo lucro cessante do salário que deixou de ser auferido, seja porque a vítima perdeu ou reduziu a sua capacidade de trabalho. Sempre será convertida em salários mínimos. A parte pode pedir a constituição de capital ou a inclusão em folha de pagamento – art. 533, CPC – pegar bem e separar, tornando-se inalienável, indisponível e é desse capital que sairá a renda ou garantirá o pagamento da pensão. Súmula 490, STF: A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores., e Súmula 313, STJ: Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação financeira do demandado. O pensionamento pago pelo INSS não exime o ofensor de pagar o pensionamento devido, pois tratam-se de origens diferentes, uma previdenciária e outra decorrente de ato ilícito. A morte de filho menor, nas famílias humildes, de baixa renda, será devido o pensionamento, mesmo que esse filho em nada contribuísse para o sustento da família. Existe uma presunção de que esse filho contribuiria no futuro para o sustento da família. Se não for família de baixa renda, o entendimento pode ser outro. A família da vítima tem duas opções: pedir pensionamento ou pagamento em uma parcela integral. Tem se admitido o 13º pensionamento. É possível penhorar o bem de família do ofensor, em razão do caráter alimentar do pensionamento. Dano reflexo ou ricochete – pode ser tanto patrimonial, como extrapatrimonial, art. 12 e 20, CC. Enunciado 560, da VI Jornada de Dto. Civil: No plano patrimonial, a manifestação do dano reflexo ou por ricochete não se restringe às hipóteses previstas no art. 948 do Código Civil. Há uma vítima direta, que é quem sofre o dano, mas ele sofre um reflexo, atingindo uma vítima indireta, que é quem reclamará pelo dano. Exemplo: “A” foi assassinado, tinha esposa e filho. Vítima direta é o “A”, mas o dano ricocheteia na esposa e filho. Exemplo de dano patrimonial: policial estaciona carro no estacionamento da faculdade, o carro tinha sua farda dentro, o carro é furtado. A vítima direta é o policial, contudo, a vítima indireta é o Estado, visto que é o Estado quem paga a farda. Perda de uma chance – pode ser um dano patrimonial ou moral. A vítima tinha uma oportunidade/chance de alcançar uma vantagem anteriormente almejada. Contudo, o evento danoso barra totalmente a expectativa de ganho da expectativa/vantagem almejada. A vítima perde a chance em razão de evento danoso provocado por um ofensor. A chance é considerada um interesse legitimamente tutelado. Desse modo, a perda da chance deve ser indenizada. O valor do dano é arbitrado conforme a probabilidade que a vítima tinha de ganhar. 15.05.2017 o DANO EXTRAPATRIMONIAL: o objeto da lesão não é patrimônio, a lesão recai sobre direito da personalidade de alguém. A cada pouco surge uma nova teoria apresentando uma nova espécie de dano, basta se apresentar um interesse jurídico legitimamente tutelado que poderá haver a tutela de um novo dano. Dano moral: decorre de uma lesão a um direito de personalidade, todos os seres humanos têm direitos da personalidade e estes são inerentes ao ser humano, basta nascer com vida. Exemplos de direitos da personalidade: direito ao nome, vida, integridade física, integridade psíquica, contudo, podem aparecer novos direitos de personalidade. Pessoa jurídica pode sofrer dano moral – Súmula 227, STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. - proteção à honra objetiva da pessoa jurídica, se for maculada em sua honra objetiva de forma injusta, imagem que é vista, tem direito ao dano moral. Não existe indenização para dano moral, pois indenizar é tornar sem dano e quanto se ofende direito da personalidade, não há mais como voltar atrás, o que existe é uma compensação. Condenação punitiva e preventiva. Sistema bifásico – adotado pelo STJ: Arbitramento com base na jurisprudência e nas particularidades do caso; Arbitramento equitativo: grau da culpa, gravidade da ofensa, porte econômico do causador, etc... Dano moral in re ipsa: do fato em si já se sabe que houve uma lesão, não há necessidade de provas, os danos já se presumem. É o que ocorre com a morte, perda de membros, abalo de crédito, entre outros. Súmula 403, STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Dano existencial: dano que agride os projetos de vida de uma pessoa, de modo que ela é obrigada a viver uma vida que ela não queria, nestes casos se identifica a presença do dano existencial, exemplo: alguém que gosta de praticar esportes, pratica esportes frequentemente, sofre um acidente por culpa de alguém e perde as duas pernas. A existência dele ficará comprometida, a felicidade ficará comprometida, pois ele não tem mais como desenvolver umas das paixões da vida dele que é o esporte. Art. 292, V, CPC/15 – deve ser informado o montante pretendido a título de dano moral e este deverá integrar o valor da causa. Contudo, a doutrina e a jurisprudência vem aduzindo que integrar o valor no valor da causa não irá mudar a sistemática de antes. Quando se pretende uma quantia x, pode-se utilizar 03 opções: pedir o valor líquido(colocar o valor pretendido no valor da causa), sugerir um valor na causa de pedir, mas fazer pedido ilíquido/genérico (pede que arbitre o valor da indenização, sugerindo-se que seja de R$..., mas não precisa inserir no valor da causa), não sugerir valor e deixar ao arbitramento do juiz. Se pedir um valor x e ser arbitrado menos, será sucumbente no que deixou de ganhar? NÃO! Súmula 326, STJ - Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca. Dano moral coletivo ou social: é possível quando há uma lesão à direitos difusos e coletivos. Art. 60, VI, CDC e art. 1º, da lei 7347/85. O dinheiro do dano moral coletivo normalmente são destinados a fundos. Difere dos países que adotama Common Law, que aplica o punitive damages, que correspondem a um valor muito maior do que o dano efetivamente amargado pela vítima. Dano estético: é um dano próprio e independente do dano moral, é uma lesão à configuração física do indivíduo, de forma que a sua imagem se torne distorcida, fonte de tristeza, desgosto, para a vítima que sofreu o dano estético. Não importa onde está o dano estético, não precisa ser visível, pode estar escondido. A reparação/compensação depende de se verificar se o dano é permanente, prolongado, redimível. Se a pessoa usava a imagem para trabalho, o dano estético pode gerar, também, reparação pelo lucro cessante. o CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS A correção monetária atualiza o valor usando como base o índice de inflação do período. Juros funcionam como “castigo” para quem causou dano a outrem, sendo tomado como base 1% ao mês. Danos materiais: art. 398, CC e Súmulas 43 e 54, STJ: Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. Súmula: 43 INCIDE CORREÇÃO MONETARIA SOBRE DIVIDA POR ATO ILICITO A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO. Súmula: 54 OS JUROS MORATORIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO DANOSO, EM CASO DE RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. Juro moratório: começa a ser contado da data do evento danoso; Correção: começa da data do arbitramento. Quando o julgador arbitra o valor do dano extrapatrimonial, já arbitra atualizado, só precisa atualizar do arbitramento para frente. Danos morais: Súmulas 362 e 54, STJ Súmula: 362 A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. Juro moratório: começa a ser contado da data do evento danoso; Correção: começa da data do evento danoso. o DUTY TO MITIGATE THE LOSS: dever de mitigar os próprios danos, toda a vítima tem esse dever. A vítima não pode criar mais danos porque ela sabe que será indenizada. O ônus de provar que o autor se excedeu é do réu. Súmulas 43, 54, 246, 362 498. Súmula: 246 O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada. Súmula 498 Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. Ato abusivo: agir com abuso de direito também pode gerar dever de indenizar sem ter havido culpa (ato ilícito sem culpa). Fatos antijurídicos: não consegue se identificar ato ou omissão de ninguém. 22.05.2017 RESPONSABILIDADE OBJETIVA Em vez de punir o ofensor pela culpa, é garantido o direito da vítima de obter reparação, não se faz análise da reprovabilidade da conduta do ofensor. A regra é a responsabilidade subjetiva. Não será responsabilidade subjetiva quando a lei previr a responsabilidade objetiva ou quando estiverem presentes os elementos da cláusula geral de responsabilidade objetiva. (p. único, art. 927, CC). As cláusulas gerais são abertas, admitem que muitos fatos se enquadrem naquela moldura que ela delimitou. “Todo mundo que praticar atividade perigosa que implique risco aos outros terá que responder objetivamente”. É autorenovável, sempre será possível analisar novas atividades à luz da cláusula geral. A doutrina majoritária diz que a atividade é uma ação coordenada de atos de empreendimento empresarial. Deve ser perigosa ao ponto de expor os outros a risco. É uma atividade lícita, mas implica risco aos outros. O fundamento teórico da responsabilidade objetiva é o risco. Tipos de riscos: Risco proveito: quem tem o bônus, terá o ônus, desse modo, quem tem o lucro, terá que responder ao dano causado às suas vítimas. Aquele que coloca os outros em perigo, mas está obtendo proveito econômico com a atividade; Risco criado: desvincula da ideia de lucro. Se criou o risco a alguém, responderá objetivamente; Risco integral: está ligado a uma atividade extremamente perigosa e, por isso, não admite excludente da responsabilidade civil, nem por força maior, caso fortuito, culpa exclusiva da vítima, nada afasta a responsabilidade do sujeito se estiver submetido ao risco integral. Por exemplo, poluição ambiental. Pilares da responsabilidade objetiva: Função reparadora: a antijuridicidade do ato não está na conduta, mas sim no dano. A vítima não tem que suportar o dano sofrido. Aplicação do princípio da solidariedade: art. 3º, I, CF/88. Casos de responsabilidade objetiva no Código Civil: Artigo 936 – fato do animal. Dono e detentor respondem solidariamente, embora existam opiniões contrárias. O dono e o Estado respondem pela presença de animal na pista. Artigo 937 – Ruína de edifício. Artigo 938 – Queda de effusis e dejectis – líquidos e sólidos. Coisas caídas e lançadas. Se cair de apartamento e não puder ser verificado de onde caiu, o condomínio todo responde pela queda do objeto. Responsabilidade pelo fato da coisa – teoria da guarda Por essa teoria, o dono da coisa vai responder pelo dano que a sua coisa provocar. Entrega do veículo para outrem – não se verifica se o dono teve negligência, imprudência na entrega do veículo ao condutor. Se entregou a outrem, basta para verificar a sua responsabilidade. O dono responderá independentemente de culpa se o condutor foi o culpado pelo acidente. No trânsito, a responsabilidade é subjetiva, depende da culpa do condutor para que se verifique a responsabilidade objetiva do dono. Responsabilidade impura, heterogênea, mista, híbrida. Descuidou de sua guarda: exemplo, filho que pega a chave escondido e provocasse acidente por culpa dele, o dono responde. Vendeu o veículo – Súmula 132, STJ: vendedor vendeu, entregou o carro, quem está andando com o carro é o comprador e este causa um acidente. Depois da tradição, o dono é o comprador, mesmo que não tenha havido a transferência administrativa e que o veículo esteja em nome do vendedor. Aquele que vendeu o carro não responde pelo acidente. Teve o veículo roubado/furtado: se ficar configurada a facilitação do furto ou do roubo por parte do dono, ele pode ser responsabilizado pelos danos que o ladrão do seu veículo provocou a uma vítima. A empresa locadora de veículo – Súmula 492, STF A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.: a locadora do veículo responde junto com o condutor que foi o culpado pelo acidente. A locadora não responde se a culpa do acidente não foi do locatário. RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA – art. 932, ss, CC Possui dois nomes: indireta ou por fato de terceiro. Casos em que alguém responderá por atos/fatos de outrem. Grande parte da doutrina diz que é uma enumeração taxativa, contudo, os que não concordam com tal argumento se apoiam na Súmula 492, STF para justificar que há casos que não estão no 932 e, ainda assim, há responsabilidade por fato de terceiro. Responsabilidade sem débito – há haftung sem schuld. Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores: os pais respondem pelos danos que seu filho provocar, a responsabilidade dos pais é objetiva. Não há como apurar a culpa do filho que causou o dano, pois o menor não tem o dever de prever as consequências dos seus atos. Emancipação: Enunciado 41, CJF – no caso de emancipação voluntária, a doutrina entende de que não libera os pais da responsabilidade civil. 41 – Art. 928: a única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil. “Sob sua autoridade e em sua companhia”: significaque o filho tem que estar sob a guarda daquele genitor para que o genitor responda pelos atos dele, se não estiver sob a guarda do genitor x, este não responderá pelos danos provocados pelo filho. A responsabilidade é do guardião. Os pais não têm direito de regresso contra os filhos (único caso do art. 932, CC). Porém, o valor arcado pelos pais pode ser trazido à colação, descontando a parte no valor da herança do filho que causou o dano, art. 2010, CC. Responsabilidade dos tutores e curadores pelos danos provocados pelos tutelados e curatelados: a responsabilidade do tutor/curador é objetiva e não se pode falar em culpa do incapaz. Os curadores e tutores têm direito de regresso em face dos curatelados/tutelados – art. 928. CC. Não é necessário provar a culpa in vigilando. A responsabilidade do incapaz é subsidiária e mitigada, pois o artigo deixa clara uma ordem a ser seguida, o incapaz somente será responsabilizado se seus responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não tiverem meio. Pela jurisprudência, não é possível demandar diretamente o incapaz, sendo necessário demandar o responsável, colocando o incapaz no polo passivo, porém como litisconsorte passivo subsidiário. É mitigada, pois não pode privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do necessário, para isso, o juiz pode condená-lo a pagar por um valor menor do que o dano, decidindo pela equidade. Responsabilidade do empregador ou comitente: empregador é quem tem um empregado, comitente, no art. 932, tem um amplo sentido de quem comete, atribui a outrem uma tarefa, serviço, contrata alguém para trabalhar sem que se dê o vínculo empregatício. O empregador e o comitente respondem objetivamente pelos danos que o seu empregado, serviçal, preposto, comissário, causar a terceiros. o Quando há vínculo empregatício, não é necessário pesquisar se entre A e B há subordinação. o Quando não há vínculo empregatício, a responsabilidade do comitente depende da verificação de que modo se dá a relação, analisando se tem subordinação, que é a condição para responsabilizar aquele que não é empregador pelos atos do seu trabalhador. o Nos dois casos, outra condição é que o ato danoso tenha sido cometido por ocasião do serviço. o A terceira condição é que para o empregador/comitente responda pelo ato do empregado este deve ter agido com culpa. Responsabilidade civil objetiva impura ou imprópria. Responsabilidade dos hotéis, albergues e educandários: responsabilidade dos estabelecimentos de educação e hotéis tanto pelos danos sofridos, quanto pelos danos causados por seus hóspedes e estudantes. Ex: caso Geisy, homicídios em Realengo... A responsabilidade pode se dar em solidariedade com os pais e alunos agressores (há discussões sobre o tema). Responsabilidade civil dos participantes de crimes: responsabilidade de quem ganhou uma parte ou todo produto de um crime, seria uma espécie de enriquecimento sem causa, leva ao dever de reparar, art. 884, CC. Alguém comete o crime e outro se beneficia com o produto do crime, nesse sentido, este outro responderá civilmente perante as vítimas do crime. 05.06.2017 EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Existindo fato e dano, verificar se existe excludente de ilicitude. Em geral, quem alega as excludentes é o réu, mas nada impede de o autor se antecipar para verificar a incidência de excludente. Se couber excludente, não haverá responsabilidade civil. A responsabilidade civil é excluída porque houve quebra de nexo de causalidade, inexiste ligação entre o fato e o dano sofrido pela vítima ou o dano da vítima deve ser suportado por ela e não é antijurídico. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA: ocasiona tanto a quebra do nexo causal quanto a juridicidade do dano, a vítima sabe e conhece os riscos de sofrer aquele dano e, mesmo assim, pratica o ato que vai lhe causar dano. Permite a minoração da responsabilidade em caso de culpa concorrente. EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO – art. 188, I – não é ato ilícito/antijurídico. Exemplo: protesto do título do devedor, utilização de ofendículos (arame farpado, cachorro – medidas de proteção à propriedade). Se o cachorro atingir pessoa inocente não é exercício regular de um direito, quem vai usar ofendículo precisa tomar providências para que ele não atinja aquele que não é agressor. Se houver abuso, deixa de ser regular, deixa de ser excludente – ato ilícito – art. 187, CC. – Resultados desproporcionais obtidos com o exercício irregular do direito. o Culpa in contrahendo – desistir de um contrato pode ser exercício regular de um direito, contudo, não o será se a desistência do contrato se der de forma abusiva. Durante as tratativas, fase pré-contratual, é possível que alguém responda civilmente pelos danos causados àquele que confiava que o contrato seria firmado. Para que gere a responsabilidade civil, deve-se verificar a ocorrência de 3 elementos: Desistência de se firmar o contrato se deu sem justo motivo; Encorajamento da confiança na conclusão do contrato – “deu corda”; Existência de dano/prejuízo àquele que confiou que o contrato seria realizado. o No casamento passa a ser indenizável quando a vítima já fez despesas confiante quando o casamento seria realizado. FORÇA MAIOR – art. 393 – rompe o nexo de causalidade. É um fato previsível e inevitável. Exemplo: vendaval, enchentes. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. CASO FORTUITO – evento imprevisível e inevitável. o Caso fortuito externo – inevitável e imprevisível – é excludente de responsabilidade – Exemplo: raio, assalto o Caso fortuito interno – não é excludente de responsabilidade - fatos relacionados e inerentes a uma atividade (empresarial, profissional) realizada pelo réu, entende-se que por serem próprios da lida poderiam ter sido evitados se houvesse a adequada manutenção ou vigilância. Exemplo: previsível que determinada peça iria quebrar, poderia ter sido evitado... LEGÍTIMA DEFESA – tira a antijuridicidade do dano, não é obrigado a indenizar. Se alguém estiver ameaçando o indivíduo ou alguém da família dele, poderá repelir a agressão e causar um dano ao seu agressor. Deixa de ser excludente da responsabilidade civil quando para defender-se da agressão acaba atingindo terceiro – 188, II, c/c 929, CC, deve indenizar o terceiro. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. ESTADO DE NECESSIDADE – é escolher e sacrificar um interesse jurídico de menor valor para salvar um interesse jurídico de maior valor. Será excludente da responsabilidade civil quando o interesse sacrificado é do autor do dano/fato – provocou perigo para os dois interesses. Quando a vítima do dano for o autor do perigo, o estado de necessidade será uma excludente – capitão do navio que colocou o navio em local perigoso foi morto por um passageiro, passageiro agiu emestado de necessidade e não terá obrigação de reparar o dano. Sacrificar a vida de outro em favor da minha é estado de necessidade e não há dever de indenizar. NÃO É EXCLUDENTE se o lesionado não causou o perigo, gerando dever de indenizar – art. 929, CC. – exemplo: quebrar vidro da janela para salvar a criança que está na casa pegando fogo, mas tem que pagar a janela quebrada, pratica ato lícito, mas tem que indenizar, há direito de regresso contra o autor do perigo. Não haverá estado de necessidade quando a vítima do dano não causou o perigo/fato. FATO DE TERCEIRO – quebra o nexo de causalidade, réu demonstra que quem causou aquele dano foi um terceiro. O dano foi causado por outra pessoa. Terceiro é aquele que não tem ligação/subordinação com o suposto responsável. O fato de terceiro não é excludente quando a relação se enquadra nas hipóteses do art. 932, CC. Nem sempre a atuação do terceiro exclui a responsabilidade – art. 735, - contrato de transporte. 12.06.2017 RESPONSABILIDADE DO ESTADO É toda baseada em doutrina e jurisprudência – Artigo 37, §6, da CF e 43 do Código Civil. Por Estado, entende-se as pessoas jurídicas de direito público (União, estado, municípios, DF, autarquias, fundações públicas, etc). Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Também responderão civilmente como Estado algumas pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. Estas irão responder como Estado quando prestar serviço público, sendo assim, não importa sua natureza, mas sim o serviço prestado. Se o prestador do serviço público causar danos, o entendimento é de que a concedente de distribuição de água. No caso de danos causados pela CASAN, o município somente vai responder caso a CASAN não tenha patrimônio para arcar com os danos que causar. Para responsabilizar o Estado é necessário demonstrar se o Estado estava atuando (responsabilidade objetiva) ou for omisso (responsabilidade subjetiva). O Estado não responde quando houver quebra do nexo de causalidade. Responsabilidade objetiva (atuação): O fundamento teórico da responsabilidade objetiva é o risco administrativo. O estado, para atender a necessidade do administrado pode colocar todos em risco e, por isso, responderá pelos danos causados aos administrados vítimas da sua atuação, pelo princípio da distribuição igualitária dos ônus e encargos. Ainda que não haja ato ilícito, a administração responde. O estado não responde pelo risco integral. Se respondesse pelo risco integral, nada excluiria a responsabilidade civil do Estado. Como responde pelo risco administrativo, incidem excludentes. Ex de ato lícito – retroescavadeira do município que causa rompimento de tubulação de gás, queda de viaduto recém construído... Responsabilidade subjetiva (omissão): quando o Estado deixa de fazer aquilo que poderia/deveria ter feito. É pautada no princípio da reserva do possível, de modo que se entende que o Estado tem um limite em sua atuação. Ainda, em alguns casos, as consequências dos fatos naturais são agravadas peça ação ou omissão do Estado. Assim, só responderá se ficar demonstrada a sua “culpa” pela omissão, a demonstração de excludentes pode eximir o Estado. O Estado não pode ser responsabilizado por omissões genéricas, apenas quando há omissão específica. o Omissão genérica: se caracteriza pelas mazelas gerais do Estado, por exemplo, o Estado não cuida das estradas, a saúde pública é demorada, a educação deixa a desejar, a segurança não é eficiente... o Omissão específica: acontece quando tem um fato com dia, hora e vítima. Culpa do agente – culpa anônima – não é necessário identificar o agente culpado, basta demonstrar a falha, a deficiência no serviço, não é necessário individualizar o agente que se omitiu. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO INDENIZATÓRIA O prazo geral é o do art. 206, CC, p. 3º, V – prescreve em 3 anos a pretensão da responsabilidade civil indenizatória; Contagem: o Da violação do direito/fato o Do momento em que a vítima conhece o dano e sua autoria – O STJ adota a teoria actio nata, que dispõe que os prazos prescricionais começam a ser contados do momento que a vítima sabe que foi vítima de um dano ou quando ela sabe quem foi o autor do dano. Havendo ação penal ou inquérito, haverá influência na contagem do prazo prescricional, eles impedem o início do prazo prescricional – art. 200, CC, enquanto estes correrem, independentemente quanto tempo dure o inquérito policial ou a ação penal. Prazos especiais: o Contra a Fazenda Pública: 5 anos – art. 1º, Dec. 20.910/32 e art. 1º, Lei 9494/97 o No Código de Defesa do Consumidor: 5 anos para pleitear reparação pelos acidentes de consumo – art. 27, CDC;
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