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Modelagem de Sistemas Dinaˆmicos I Aula 1 Professor: Rafael Valada Versa˜o: 2018/2 1 Conteu´do 1.1 Motivac¸a˜o EXPERIMENTO FI´SICO - Vı´deo Experimento: Garrafa Pet Quanto tempo a garrafa demora para ficar completamente vazia? 1.1.1 Me´todo cient´ıfico - resoluc¸a˜o de problemas na engenharia Me´todo cient´ıfico • observar a natureza • formular hipo´teses e modelar • teste das hipo´teses • elaborar teoria Soluc¸a˜o de problemas na engenharia • problema pergunta • modelagem • teste do modelo • resolver o problema 1.1.2 Construc¸a˜o e resoluc¸a˜o Problema: Tempo para a garrafa esvaziar? Matema´ticamente procuramos a relac¸a˜o entre ∆V ∆t ou ∆h ∆t Hipo´teses f´ısicas: 1 1. ∆V∆t , depende da a´rea de sa´ıda 2. ∆V∆t , depende da velocidade de sa´ıda 3. Lei de Torricelli da Hidrosta´tica: v = √ 2gh 4. V (0) = V0, ou h(0) = h0 5. volume de a´gua esta diminuindo Modelagem: Admita que ∆V ∆t ∝ A0, ∆V ∆t ∝ v ⇒ ∆V ∆t ∝ A0v, e como o volume esta diminuindo, acrescentamos um sinal negativo para que nosso modelo expresse esse resultado, chegando a ∆V ∆t ∝ −vA0 (1) Para transformar a proporcionalidade (1) em uma equac¸a˜o, devemos acrescentar uma constante e ja´ usando a hipo´tese de Torricelli para a velocidade, temos ∆V ∆t = −αA0 √ 2gh, (2) onde α e´ uma constante de proporcionalidade. Finalmente, fazendo o tempo ser ta˜o pequeno quanto se queira, ou seja, t→ 0, obte´m-se dV dt = −αA0 √ 2gh. (3) No entanto e´ muito mais fa´cil medir a altura da coluna de a´gua do que o volume, pois para o volume devemos fazer “contas”, logo, com este intuito faremos uma troca de varia´veis entre V e h. Para tanto, observe que V = Ah, onde A representa a a´rea do cilindro. Assim, usando a regra da cadeia, temos dV dt = dV dh dh dt , e como, dVdh = A, obte´m-se dh dt = −A0 A √ 2gh, (4) onde admitimos α = 1. Ou ainda dh dt = −A0 A √ 2gh1/2, (5) Fazendo separac¸a˜o das varia´veis da equac¸a˜o (5), temos h −1 2 dh = −A0 A √ 2gdt. (6) Por outro lado, aplicando a integral em ambos os lados da equac¸a˜o (6)∫ h −1 2 dh = ∫ −A0 A √ 2gdt, (7) 2 que resulta em 2h 1 2 = −A0 A √ 2g t+ C1, (8) onde C1 e´ uma constante de integrac¸a˜o. Como podemos determinar C1 ? Utilizando a condic¸a˜o h(0) = h0. Logo aplicando essa condic¸a˜o obtemos que C1 = 2h0 1 2 , e substituindo esse resultado em (8), obte´m-se h(t) = ( h0 1 2 − A0 A √ g 2 t )2 . (9) Observe que A0 e A, sa˜o a´reas de c´ırculos, logo podemos escrever A0 = piR0 2 e A = piR2, levando a equac¸a˜o (9) a seguinte forma h(t) = ( h0 1 2 − ( R0) R )2√g 2 t )2 . (10) Teste do modelo Observe que h(0) = h0. (11) Resoluc¸a˜o do problema Isolando t da equac¸a˜o (10), temos t = ( R R0 )2√2 g ( h0 1 2 − h 12 ) , (12) e para h = 0, temos tE = ( R R0 )2√2h0 g , onde tE , representa o tempo quando h = 0. Desta maneira o tempo para esvaziar a garrafa e´ dado por tE = ( R R0 )2√2h0 g , (13) onde r,R, representam, respectivamente, o raio do furo e o raio do cilindro. Podemos organizar os dados de nosso modelo na tabela abaixo Quais sa˜o as falhas e restric¸o˜es do nosso modelo? 1. o modelo na˜o considera a viscosidade do fluido 2. a equac¸a˜o (9), mostra que se t cresce indefinidamente, a altura de liquido comec¸a a crescer levando a uma inconsisteˆncia f´ısica. 3 Grandeza Medida R R0 h0 g Tabela 1: Dados do modelo 3. Pelo item (2), vemos que nosso modelo possui uma restric¸a˜o quanto ao intervalo de tempo que podemos usar na equac¸a˜o (9), pois vimos que em tE a altura era nula e para um tempo maior continuara´ sendo nula, independente de quanto tempo passar. Conclusa˜o final Func¸a˜o h(t) h(t) = ( h0 1 2 − ( R0 R )2√g 2 t )2 , (14) para t < tE , onde tE e´ o tempo para que o cilindro fique completamente vazio. Tambe´m podemos concluir que o tempo, como func¸a˜o da altura e´ dado por t = ( R R0 )2√2 g ( h0 1 2 − h 12 ) . (15) Perceba que nosso modelo permite inverter a ordem do problema, ou seja, medir a altura da coluna de liquido atrave´s da medida de tempo. Um problema real: Considere um tanque de combust´ıveis e levantamos a pergunta: Sera´ poss´ıvel apenas medindo tempo para enchermos um pequeno volume saber a quantidade de l´ıquido que conte´m o tanque? Observe que da equac¸a˜o (14), sabemos que h(0) = h0, (16) e escolhendo um tempo adequado, t∗, temos h(t∗) = ( h0 1 2 − ( R0 R )2√g 2 t∗ )2 . (17) Admitindo a variac¸a˜o da altura do combust´ıvel temos ∆h = h(t∗)− h(0) = ( h0 1 2 − ( R0 R )2√g 2 t∗ )2 − h0, (18) sabendo que ∆h = ∆V piR2 , podemos ainda escrever( h0 1 2 − ( R0 R )2√g 2 t∗ )2 − h0 = ∆V piR2 , (19) 4 ou f (h0) = ( h0 1 2 − ( R0 R )2√g 2 t∗ )2 − h0 − ∆V piR2 . (20) A equac¸a˜o (20), e´ uma equac¸a˜o na˜o linear, podendo ser resolvida por alguma te´cnica nume´rica, onde a procura por uma soluc¸a˜o sera´ entre 0 < h0 < H e H representa a altura ma´xima do tanque cil´ındrico. 1.2 Definic¸a˜o informal de equac¸a˜o diferencial Uma equac¸a˜o diferencial e´ uma igualdade, onde aparece a derivada da inco´gnita na equac¸a˜o. Logo e´ uma equac¸a˜o que existe derivada. 1.3 Primeiro aspecto: concisa˜o de informac¸o˜es Uma equac¸a˜o diferencial possui a caracter´ıstica de resumir informac¸o˜es e conceitos. Um exemplo desse poder de concisa˜o sa˜o as equac¸o˜es da cinema´tica, que podem ser resumidas em uma u´nica equac¸a˜o diferencial, a saber a = dv dt . Podemos derivar o MRU, apenas adicionando as condic¸o˜es de contorno adequadas, bem como o MRUV. 1.3.1 MRU Admitindo que a = dv dt , (21) e introduzindo as condic¸o˜es que definem o MRU, v = const e x(0) = x0, temos dv dt = 0⇒ v = V, dx dt = V ⇒ dx = V dt⇒ x(t) = V t+ C1. E utilizando x(0) = x0, temos que x(t) = x0 + V t. 1.3.2 MRUV Admitindo que a = dv dt , (22) e introduzindo as condic¸o˜es que definem o MRUV, a = const, x(0) = x0 e v(0) = v0 temos dv dt = a⇒ dv = a dt⇒ v(t) = at+ C2, utilizando v(0) = v0, temos 5 dv dt = a⇒ dv = a dt⇒ v(t) = at+ v0. Mas dx dt = at+ v0 ⇒ dx = (at+ v0) dt⇒ x(t) = v0t+ at 2 2 + C3, e utilizando x(0) = x0, temos x(t) = x0 + v0t+ at2 2 . Equações Diferenciais Descrição de modelos na ciência e engenharia Consisão de conceitos Leis gerais da naturezas 1.4 Segundo aspecto: a natureza e´ modelada por equac¸a˜os diferenciais No livro Escritos Populares, o f´ısico Ludwig Boltzmann, um dos criadores da Termodinaˆmica e teoria cine´tica dos gases, escreveu sobre a filosofia da cieˆncia e a descric¸a˜o da natureza pela matema´tica. Nos cap´ıtulos introduto´rios Boltzmann levanta a pergunta de por queˆ a natureza pode ser descrita por equac¸o˜es diferenciais ? Na˜o existe uma resposta precisa para a pergunta feita por Boltzmann, mas sabemos que a natureza parece ser descrita por equac¸o˜es diferenciais. A seguir enumeramos alguns exemplos famosos: Segunda lei de Newton F = m dv dt 6 Lei de resfriamento de Newton dT dt = −k (T − Tm) Leis de crescimento dN dt = kN Circuito RC R dq dt + 1 C q = E(t) Circuito LR L di dt +Ri = E(t) Sistema Massa-mola mx′′ + cx′ + kx = f(t) Circuito LRC L d2q dt2 +R dq dt + 1 C q = E(t) Equac¸a˜o da onda ∂2u ∂x2 − ∂ 2u ∂t2 = 0 Equac¸a˜o do calor ∂2u ∂x2 − ∂u ∂t = 0 Equac¸a˜o de Laplace ∂2u ∂x2 + ∂2u ∂y2 = 0 1.5 Revisa˜o sobre ca´lculo diferencial - integral • definic¸a˜o dederivada f ′(x) = y′ = dy dx = lim ∆x→0 f(x+ ∆x)− f(x) ∆x • regra da cadeia – func¸o˜es polinomiais y = (u(x))p ⇒ y′ = p(u(x))p−1u′(x) – func¸o˜es trigonometricas y = sin(u)⇒ y′ = cos(u) · u′ y = cos(u)⇒ y′ = − sin(u) · u′ y = tan(u)⇒ y′ = sec2(u) · u′ – func¸o˜es logaritmicas y = ln(u)⇒ y′ = 1 u · u′ 7 – func¸o˜es exponenciais y = eu ⇒ y′ = eu · u′ • Regra do produto e quociente y = u · v ⇒ y′ = u′v + uv′ y = u v ⇒ y′ = u ′v − uv′ v2 • Integrais indefinidas - tabelas • Integrais definidas - teorema fundamental do ca´lculo b∫ a f(x)dx = F (b)− F (a) • Substituic¸a˜o de varia´veis – escolher u – calcular dudx – isolar dx – substituir na integral – resolver a integral – volta para varia´vel x 1.5.1 Exemplos 1) Calcule a derivada das func¸o˜es abaixo: a) f(x) = x2 + 2x b) y = ( x2 + 2x )2 c) y = ( x2 + 2x )29 d) Vı´deo Exemplo: y = (x+ 1) ( 2x2 + 4 ) e) Vı´deo Exemplo: y = (x+1) (2x2+4) f) y = cos2 ( x2 + 2x ) g) y = ex 2 h) y = ln ( x2 + x ) 2) Resolva as integrais: a) ∫ (x+ 1)2dx 8 b) Vı´deo Exemplo: ∫ (x+ 1)19dx c) Vı´deo Exemplo: ∫ ( 2+x2 x ) dx d) Vı´deo Exemplo: ∫ [( 4x3 + 2x2 ) · (x4 + 23x3)] dx e) ∫ xexdx f) ∫ x5exdx g) ∫ sin3 (x) cos (x) esin 2(x)dx Refereˆncias [1] Kreyszig, E.; Matema´tica Superior para Engenharia Vol. 1, ed 9, Ed. LTC, 2009. [2] Zill, D. G, Cullen, M. R; Equac¸o˜es Diferenciais; vol 1, ed 3, Ed. Makron Books, 2001. [3] Zill, D. G, Cullen, M. R; Matema´tica Avanc¸ada para Engenharia Vol. 1, ed 3, Ed. Bookman, 2009 [4] Plataforma de simulac¸o˜es da Universidade do Colorado: http://phet.colorado.edu/pt BR/ [5] Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx 9 2 Lista 1 1) Resolva as derivadas: a) y = ( x5 − x4 + x3 − 1x + 9 )2 b) y = √ x c) y = √ x3 + 9x2 − 3x+ 2 d) y = ( x3 + 9x2 − 3x+ 2) 13 e) y = ( x2 + x )3 ( x2 − 9) f) f(x) = sin(2x3 + x2 + 3) g) Vı´deo Problema: y = sin(x+1) tan(2x2+4) h) y = ln [ sin ( x2 + x )] i) y = ex 3+2x 2) Resolva as integrais: a) ∫ ( 2x+ 3x2 ) dx b) ∫ (√ x+ 1x + 1 x2 + 4 ) dx c) ∫ ( 3 √ x+ −1 x3 + 8 x5 + 14 ) dx d) 2∫ 1 ( 2x+ 3x2 ) dx e) 1∫ −1 (xex)dx f) ∫ 1 3+x g) ∫ 6x2 3+x3 h) ∫ x7exdx i) ∫ sin3 (x) cos (x) esin 2(x)dx j) ∫ sin(y)−cos3(y) cos(y) dy 10 2.1 Respostas 1) a) y′ = 2 ( x5 − x4 + x3 − 1x + 9 ) ( 5x4 − 4x3 + 3x2 + 1 x2 ) b) y′ = 1 2 √ x c) y′ = 3x 2+18x−3 2 √ x3+9x2−3x+2 d) y′ = 13 ( x3 + 9x2 − 3x+ 2)− 23 (3x2 + 18x− 3) e) y′ = 8x7 + 21x6 − 36x5 − 130x4 − 108x3 − 27x2 f) f ′ (x) = ( 6x2 + 2x ) cos ( 2x3 + x2 + 3 ) g) y′ = cos(x+1) tan(2x 2+4)−4x sin(x+1)sec2(2x2+4) tan2(2x2+4) h) y′ = (2x+ 1) cot ( x2 + x ) i) y′ = ( 3x2 + 2 ) ex 3+2x 2) a) x2 + x3 + C b) 23x 3 2 + ln(x)− 1x + 4x+ C c) 34x 4 3 + 1 2x2 − 2 x4 + 14x d) 10 e) 2e−1 f) ln (x+ 3) + C g) ln ( x3 + 3 )2 + C h) ( x7 − 7x6 + 42x5 − 210x4 + 840x3 − 2520x2 + 5040x− 5040) ex + C i) e sin2(x) 2 [ sin2 (x)− 1]+ C j) ln |sec (y)| − 12 ( y + sin(2y)2 ) + C 11
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