Buscar

AULA+1+ +TEORIA+GERAL+DOS+RECURSOS (1)

Prévia do material em texto

Atenção!!! 
 
 O presente roteiro não esgota a totalidade do conteúdo programático, servindo apenas como 
orientação para que o aluno possa seguir um caminho especificado em seu estudo. 
 
 A bibliografia indicada pela Universidade e pelo professor da disciplina traz de forma clara 
todos os pontos do programa, sendo necessário o seu completo estudo para realização com 
êxito das avaliações e a consequente aprovação. 
 
 O presente roteiro deverá ainda ser complementado pelo aluno com: 
 
as aulas ministradas, 
os exemplos práticos citados em sala de aula, 
os exercícios elaborados e corrigidos pelo professor, 
os preceitos legais correspondentes a cada assunto e 
por todo material divulgado e/ou constante da pasta da disciplina. 
 
 
Aula 1: Teoria Geral dos Recursos. Meios de impugnação de decisão judicial. Conceito de 
Recurso. Classificação. Pronunciamentos sujeitos a recurso. 
 
 
CONTEÚDOS: 
 
1 Meios de impugnação de decisão judicial. 
2 Conceito de Recurso. 
3 Classificação. 
4 Pronunciamentos sujeitos a recurso. 
 
 
 
Meios de Impugnação de Decisão Judicial 
 
 a) Ação autônoma de impugnação: demanda que gera um processo novo que tem por 
objetivo impugnar uma decisão judicial. Ex.: ação rescisória – art. 966 do CPC. 
 
 b) Sucedâneo Recursal: é aquilo que substituiu, faz às vezes de; é medida que não se 
identifica como sendo ação autônoma, porque não cria uma nova demanda, nem recurso, 
porque não está previsto no rol taxativo previsto no art. 994 do CPC. Ex.: reexame necessário, 
correição parcial (medida administrativa contra juiz). 
 
 Obs.: a Lei nº 9.099/95 que trata dos Juizados Especiais Cíveis estaduais não prevê 
recurso das decisões interlocutórias, entretanto, na praxe forense, é comum a utilização do 
Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/2009), sendo o tema polêmico, conforme artigo 
publicado em http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/Fredie%20Didier%282%29-
formatado.pdf 
 
 Nas Turmas Recursais do Rio de Janeiro, é possível verificar decisões de concessão da 
ordem, conforme transcrito abaixo: 
 
 
0001495-50.2017.8.19.9000 - MANDADO DE SEGURANÇA - CPC 
 
Juiz(a) JUSSARA MARIA DE ABREU GUIMARAES - Julgamento: 10/11/2017 - CAPITAL 3a. TURMA RECURSAL DOS 
JUI ESP CIVEIS 
 
MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE DEIXOU DE RECEBER DOIS EMBARGOS À 
EXECUÇÃO. DEMONSTRAÇÃO DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO 
LEGAL, DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. CONCESSÃO DA 
ORDEM. Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado por CEDAE ¿ COMPANHIA 
ESTADUAL DE ÁGUAS E ESGOTOS, em razão de alegado ato ilegal imputado ao Juízo do I Juizado Especial Cível da 
Comarca de São João de Meriti. Insurge-se a Impetrante contra ato judicial que deixou de receber dois embargos à 
execução, considerando-os procrastinatórios, ao argumento de possuírem o mesmo fundamento dos embargos 
opostos anteriormente, já julgados, com trânsito em julgado certificado nos autos originários. A liminar foi 
concedida a fls. 257-258. As informações foram prestadas a fls. 261-262. O i. representante do Parquet opinou a 
fls.262 verso pela denegação da ordem. DECIDO. A Impetrante pretende a modificação de decisão interlocutória 
que reconsiderou o recebimento de dois embargos à execução apresentados, com determinação para a expedição 
de mandados de pagamento dos valores constritos, sob o argumento de que a discussão já havia sido tratada e 
julgada de forma imútavel. O pedido deduzido por Letícia dos Passos Caldas foi acolhido nos autos do processo nº 
0002124-66.2012.8.19.0054, que tramita no I Juizado Especial Cível da Comarca de São João de Meriti, para ¿1- 
condenar a ré a pagar à autora a quantia de R$ 4.000,00, a título de indenização por danos morais, corrigidos 
monetariamente e acrescidos de juros moratórios de 1% ao mês a partir da leitura desta decisão; 2- determinar 
que a ré restabeleça o serviço de água prestado à autora de forma contínua, em 10 dias, sob pena de multa diária 
de R$ 100,00 limitada ao teto do JEC; 4- determinar que a ré cancele todo e qualquer débito existente na matrícula 
0739543-6 desde 2009, em especial as contas em aberto listadas às fls. 19, sob pena de multa do quádruplo do que 
vier a ser cobrado em desconformidade com a presente decisão¿ (fls. 74-75). Efetivada a primeira constrição de 
valores, a ora Impetrante apresentou embargos à execução, que foram desacolhidos ao fundamento de que a água 
é um serviço essencial que não pode ser suprido por dinheiro, não sendo possível a conversão da obrigação de fazer 
imposta em perdas e danos em razão daquela essencialidade, estando resguardados os princípios da 
proporcionalidade e da razoabilidade do valor apurado, correspondente a R$ 27.120,00 (fls. 149-151). A segundo 
constrição foi efetivada no valor de R$ 124.000,00, sendo interpostos embargos à execução nos quais a ora 
Impetrante sustentou a possibilidade de redução da multa em razão dos princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade, ressaltando a impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer imposta (fls. 196-206), 
sendo esses recebidos pelo Juízo a quo a fls. 207 dos autos originários (fls. 216). A terceira constrição foi efetivada 
no valor de R$ 165.000,00, renovando a ora Impetrante a apresentação de embargos à execução (fls. 250-260), 
assim como os argumentos deduzidos nas peças anteriores, com recebimento pelo Juízo a quo a fls. 258 dos autos 
originários (fls. 263). A decisão combatida foi prolatada após, nos seguintes termos: ¿CHAMO O FEITO À ORDEM. 
Reconsidero as decisões de fl.207 e 258, que receberam os dois novos embargos opostos pela executada, para deixar 
de recebê-los, eis que já houve prolação de sentença nestes autos sobre o mesmo pedido e causa de pedir, fls. 
129/131, isto é, sobre a conversão da obrigação de fazer em perdas e danos e o excesso de execução. Sendo assim, 
resta encerrada a discussão sobre a matéria, que se torna imutável e indiscutível, ressaltando já houve o trânsito 
em julgado da referida decisão. (...) Desse modo, expeçam-se mandados de pagamento sobre os valores já 
depositados, em favor autor. Prossiga-se a execução, em observância ao despacho de fl. 180, até cumprimento da 
obrigação de fazer, ou até entendimento de eventual exagero de multa, diante da essencialidade do serviço e 
desrespeito à ordem judicial, quando será feita nova apreciação de redução ou suspensão da multa.¿ Inicialmente, 
os embargos à execução apresentados a partir da segunda constrição de valores foram manejados sob o 
fundamento de impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer imposta, razão pela qual seria cabível a 
conversão em perdas e danos, bem como de ausência de razoabilidade e de proporcionalidade nos valores 
decorrentes da incidência da multa cominada para o descumprimento. Portanto, restou apurado o cumprimento 
dos requisitos necessários para o recebimento dos embargos à execução apresentados, nos termos dos artigos 525 e 
917, ambos do CPC, não se evidenciando a possibilidade de revogação ex officio das decisões de fls. 207 e 258 dos 
autos originários, sendo certo que a parte credora não requereu tal medida nas manifestações apresentadas, 
apenas o julgamento de improcedência dos requerimentos formulados pelo devedor (fls. 218-222 e 264-268). 
Assim, incide no caso a proibição expressa no art. 505 do CPC, segundo o qual ¿nenhum juiz decidirá novamente as 
questões já decididas relativas à mesma lide¿. A decisão ora combatida faz referência à sentença transitada em 
julgado na qual foram desacolhidos os primeiros embargos à execução, decisão na qual restou ressaltado pelo i. 
Juízo a quo que ¿o valor configura-se razoável e em consonância com o princípio da proporcionalidade, pois se 
trata aqui de cumprimento de obrigação de um serviço essencial a subsistência humana¿. Nesse sentido,prosseguiu 
fundamentado que ¿em razão da impossibilidade da conversão em perdas e danos, por se tratar de serviço 
essencial, em razão de ser impossível também a obtenção do resultado prático através da sua execução por terceiro 
à custa do réu, conforme previsão dos artigos 633 e 634 do CPC, eis que a autora não possui cisterna, só resta uma 
alternativa ao réu, cumprir a sentença¿. Assim, foram julgados improcedentes os embargos. Em que pese a 
improcedência dos primeiros embargos à execução tenha sido fundamentada pela Juíza sentenciante de forma 
contundente, não há que se falar no caso vertente em imutabilidade da decisão hábil ao afastamento da análise dos 
novos embargos apresentados pela ora Impetrante. Isso porque não se rediscute nos novos embargos tema já 
apreciado, notadamente em razão das novas constrições de valores efetuadas, evidenciando-se novos fatos 
geradores de controvérsia. Nesse sentido, após a primeira penhora, no valor de R$ 27.120,00, efetivaram-se outras 
duas, nos valores de R$ 124.000,00 e de R$ 165.000,00, sendo flagrante a possibilidade de rediscussão diante do 
argumento deduzido pela ora Impetrante, no sentido da não observância dos princípios da proporcionalidade e da 
razoabilidade. A possibilidade defendida nos embargos não apreciados está, inclusive, expressamente prevista no 
art. 537, §1º, I, do CPC: ¿Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de 
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível 
com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. § 1o O juiz poderá, de ofício ou 
a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: I - se 
tornou insuficiente ou excessiva;¿ (grifo nosso) Some-se a isso que os motivos determinantes e a verdade dos fatos 
não fazem coisa julgada, como disposto no art. 504 do CPC, razão pela qual não há que se falar em impossibilidade 
de apreciação dos novos embargos à execução em razão da sentença antes prolatada. Evidenciados os requisitos 
para o recebimento dos embargos à execução interpostos, o que se verificou nas decisões irrecorridas de fls. 207 e 
258 dos autos originários, a reconsideração posterior revela-se ofensiva aos princípios do devido processo legal, do 
contraditório, da ampla defesa e da inafastabilidade da jurisdição, devendo, pois, ser cassada. Por fim destaca-se 
que a jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que a impetração 
do Mandado de Segurança contra ato judicial é medida excepcional, encontrando-se a admissão do writ 
condicionada à natureza do ato judicial irrecorrível. Achando-se demonstrado o vício do julgado combatido, diante 
da ofensa a direitos constitucionais antes mencionados, sendo evidente o direito líquido e certo da Impetrante, 
torna-se forçoso concluir pela concessão do pedido mandamental para a anulação da decisão combatida. Os 
pedidos deduzidos pela Impetrante nos embargos à execução interpostos devem ser apreciados pelo Juízo a quo, 
que decidirá conforme seu entendimento sobre o tema e o constante dos autos. Pelo exposto, VOTO pela 
CONCESSÃO DA ORDEM para, confirmando a liminar concedida, anular a decisão combatida, devendo ser 
apreciados os pedidos deduzidos nos embargos à execução apresentados pela Impetrante. Sem arbitramento de 
honorários advocatícios, na forma do art. 25 da Lei nº 12.016/09 e Súmulas 105 do STJ e 512 do STF. Dê-se ciência 
ao Ministério Público. Preclusas as vias impugnativas, oficie-se à autoridade apontada como coatora para ciência 
da decisão, com cópia deste. P.I. 
 
 
 c) Recurso: meio utilizado para impugnar decisão judicial no mesmo processo em que a 
decisão foi proferida, não gerando processo novo. 
 
TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
- RECURSO: “é o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, 
a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial que se impugna”1. O 
recurso é voluntário porque é necessário que a parte interessada recorra. Com esta afirmação, 
pode-se concluir que o reexame necessário, previsto no art. 475 do CPC – não tem natureza de 
recurso, mas sim condição de eficácia das sentenças que a ele estão sujeitas. O recurso tem 
como pedido uma das quatro providências: a reforma, a invalidação, o esclarecimento e a 
integração. 
 
- quando o recurso tem por objeto a reforma da decisão judicial impugnada, estar-se-á diante 
de um error in iudicando, isto é, de um erro no julgamento. O erro de julgamento ocorre 
quando o magistrado atribui ao direito positivo uma vontade que não é a sua verdadeira, ou 
seja, quando o juiz profere uma declaração errônea da vontade concreta da lei, seja de norma 
de direito material ou processual. Toda vez que se interpuser recurso contra uma decisão sob 
o fundamento de que a mesma deu errônea solução à questão sobre a qual versa, o objeto de 
tal recurso será a reforma da referida decisão judicial e pedir a reforma significa pedir para 
que ela seja corrigida, revista, melhorada, aprimorada. Na reforma o discutido é o conteúdo do 
que foi decidido. 
 
 
1 MOREIRA, José Carlos Barbosa. 
- quando o recurso tem por objeto a invalidação da decisão judicial impugnada, estar-se-á 
diante de um error in procedendo, isto é, de um erro no procedimento. O error in procedendo 
está sempre ligado ao descumprimento de uma norma de natureza processual e consiste em 
vício formal da decisão, que acarreta sua nulidade. Aqui, não se discute o conteúdo de uma 
decisão. Não se entra no exame do que foi decidido, examina-se apenas a forma. 
 
- quando a decisão proferida pelo órgão judicial é obscura ou contraditória, é possível a 
interposição de recurso tendo por fim o esclarecimento da decisão. Nesta hipótese, o recurso 
não é destinado a provocar uma nova decisão sobre a questão, mas sim a fazer com que o 
juízo reafirme, com outros termos, o que havia dito anteriormente. 
 
- quando a decisão proferida pelo órgão judicial é omissa, é possível a interposição de recurso 
tendo por fim a integração (atividade de suprir lacunas, torná-la completa). 
 
- CLASSIFICAÇÃO 
 
a) Quanto a fundamentação o recurso pode ser de fundamentação livre ou vinculada. 
b) Quanto á extensão da matéria o recurso pode ser total ou parcial. Art. 1.013, CPC. 
Parcial é aquele que, em virtude de limitação voluntária, não compreende a totalidade 
do conteúdo impugnável da decisão. Total é aquele que abrange todo o conteúdo 
impugnável da decisão recorrida. 
c) principal: independente; adesivo: acessório, subordinado – art. 997, CPC. 
d) ordinário: tem por finalidade imediata a tutela do direito subjetivo (matéria de fato e 
de direito); excepcional: tem por finalidade imediata a tutela do direito objetivo 
(matéria de direito). 
 
- ATOS SUJEITOS A RECURSO: somente as decisões (lato sensu) são recorríveis. Portanto, o 
despacho, que não tem conteúdo decisório, é irrecorrível (art. 1.001 do CPC). As decisões 
podem ser divididas em duas espécies: (i) as de juiz singular (interlocutória e sentença) e (ii) 
as de tribunal (monocráticas ou acórdãos).

Continue navegando