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AUAN I Unidade 2 – Administração Aplicada às Unidades de Alimentação e Nutrição (UANs) A) Evolução e caracterização das UANs (food services) Origem: Os restaurantes surgiram em meio a revolução francesa, quando os cozinheiros da aristocracia foram demitidos e, não tendo do que viver, começaram a montar pequenos restaurantes individuais ou ligados a hospedarias. Desenvolvimento: Os Sistemas de Alimentação Coletiva (SACs) desenvolveram-se na Grã-Bretanha no início da Segunda Guerra Mundial, quando medidas do governo britânico instituíram o racionamento de alimentos, devido à escassez dos mesmos. Para que a produção reduzida existente atendesse a demanda do consumo, as cantinas e restaurantes de hotéis e as lanchonetes existentes na época foram induzidos a produzir alimentos para toda a população, de maneira que todos os civis tivessem uma refeição quente por dia. À partir daí surgiram cantinas e restaurantes de vários tipos e de todas as classes, incentivados financeiramente, inclusive. Entre 1940 e 1943, as fábricas a outras instituições reclamaram da instalação e do incentivo dado a tais cantinas e reivindicaram também estes benefícios. Daí, gradualmente foi-se estendendo este serviço à maioria das companhias e organizações com mais de 250 empregados. Para ter-se uma idéia do crescimento deste setor na época, na Grã-Bretanha, antes da guerra, existiam aproximadamente 1000 cantinas e, no final da guerra, este número chegara a 25000 unidades. Os benefícios provenientes deste serviço e a necessidade gerada pelo crescimento na formação educacional obrigaram os centros educativos a fornecer alimentação a todos os alunos destes estabelecimentos e concedeu meios e benefícios a estas escolas para implantação destes serviços, através da Lei da Educação, em 1944. No Brasil, a trajetória dos serviços de alimentação pode ser dividida em três épocas distintas: a primeira, terminando na década de 1950, quando predominava a existência de estabelecimentos com estrutura familiar, alguns dos quais ainda hoje permanecem como marcos desta época, caracterizando-se por um serviço personalizado (“à la carte”); e das lanchonetes tradicionais, cantinas, pensões etc. A segunda coincide com a expansão dos grandes centros urbanos, com a especulação imobiliária e a implantação dos parques industriais, durante os anos de 1960, além da instalação das grandes montadoras automobilísticas e shopping centers, caracterizadas pela implantação de restaurantes comerciais, pela rápida expansão das lanchonetes, pizzarias etc, com estruturas administrativas e operacionais mais evoluídas, surgindo as primeiras cadeias ou grupos de lojas. A terceira fase corresponde à década de 1980, caracterizada por uma maior profissionalização e pela chegada de grandes multinacionais do setor, contribuindo para a existência de sistemas do tipo ticket restaurante, administradoras de restaurantes, lanchonetes e lanchonetes fast-food. Esta rápida expansão do mercado de alimentação leva a uma salutar concorrência, ganhando, com isso, o consumidor, que começa a se conscientizar de seus direitos, reivindicando melhoria nos padrões dos serviços, na higiene, na qualidade e nos custos. B) Conceitos básicos: Nutrição: ciência dos alimentos, dos nutrientes e da sua interação e equilíbrio relacionados à saúde e à doença e o processo pelo qual o organismo ingere, digere, absorve, transporta, utiliza e excreta as substâncias alimentares. Além disso, a Nutrição deve estar relacionada com as implicações sociais, econômicas, culturais, psicológicas do alimento e do modo de se alimentar. (Associação Médica Americana) Dietética: ciência que aplica os conhecimentos físicos, químicos, biológicos e econômicos, adotando os métodos mais exatos, visando a manutenção e a preservação das substâncias essenciais dos alimentos, acrescida da manutenção e valorização dos caracteres sensoriais. UAN: unidade de trabalho ou órgão de uma empresa, que desempenha atividades relacionadas à alimentação e nutrição, independente da situação que ocupa na escala hierárquica da entidade, seja ao nível de divisão, seção, setor etc. Caracteriza-se por ser um serviço que presta assistência alimentar a indivíduos sadios e enfermos através da distribuição de refeições, abrangendo a ciência da nutrição como um todo, desde o processo de previsão, fornecimento de refeições cientificamente balanceadas e adequadas à população atingida, exigindo atividades de assistência, pesquisa e educação, no âmbito alimentar. C) Objetivos gerais das UANs: Fornecer refeições adequadas à clientela e aos comensais, com atividades de assistência, pesquisa e educação nutricional. Preparar e distribuir cientificamente a alimentação destinada aos comensais ou clientela, obedecendo a cardápio pré-estabelecido pelo órgão. Previsionar e provisionar (abastecer) de gêneros alimentícios, equipamentos e utensílios necessários ao desenvolvimento do órgão. Fazer recepção, conferência, armazenamento, registro, distribuição e controle de todo material utilizado no órgão. Elaborar e atualizar manual de dietas ou manual do órgão. Elaborar programas de orientação nutricional e alimentar para a clientela atendida. Elabora programas de treinamento e reciclagem para o pessoal das UAN. Programar estágio e treinamento para o pessoal próprio. Colaborar em programas de educação sanitária pela empresa ou pela comunidade. Colaborar com as instituições educacionais na formação do profissional de Nutrição. Objetivos específicos das UANs Variam com o tipo de entidade e finalidade da mesma: Setor hospitalar: fornecer refeições cientificamente balanceadas, visando a recuperação e a manutenção da saúde. Em hospital escola: assistência, ensino e pesquisa. Setor escolar: fornecer refeições cientificamente adequadas, visando a disseminação de hábitos alimentares adequados, por meio da merenda escolar, bem como complementar a alimentação do escolar. Setor industrial; propiciar alimentação racional ao trabalhador e corrigir possíveis distúrbios nutricionais com o hábito de refeições adequadas. Setor comercial: oferecer refeições seguras do ponto de vista microbiológico e do valor nutricional dos alimentos, à clientela. D) Importância e vantagens das UANs: Em comunidades sadias desenvolve programas de alimentação equilibrada, acrescida de educação alimentar, mantendo o equilíbrio orgânico e a manutenção da saúde sob condições favoráveis de vida. Em comunidades enfermas contribui para a rápida recuperação e manutenção da saúde, diminuindo o tempo de internação e aumentando a sobrevida do paciente. No ensino promove atividades como estágio e treinamento, oportunizando aperfeiçoamento e aprimoramento de pessoal. Nas instituições, promove a aplicação mais adequada do capital, otimizando os custos. Para a Ciência, contribui para o aprofundamento da Ciência da Nutrição Humana e como campo de estudos. E) Tipos de Unidades de Alimentação e Nutrição: Alimentação Coletiva Institucional: caracteriza-se por cozinhas industriais localizadas em instituições, sem fins lucrativos em si, ou seja, o fornecimento de refeições não tem fins lucrativos. Exemplos: Restaurantes de Empresas: preocupa-se em suprir e renovar as energias gastas com o trabalho realizado por cada tipo de operário, onde são servidas refeições balanceadas em horários pré-determinados e em alguns casos, lanches pequenos durante a jornada de trabalho. Restaurantes Escolares Restaurantes Universitários Restaurantes Hospitalares: serviço misto de alimentação para coletividade sadia (distribuição centralizada) e coletividade enferma (distribuição descentralizada). Restaurantes de Campanha: restaurantes temporários para acampamentos, grandes eventos, atividades do Exército, canteiros de obras. Também chamados de cantinas. Restaurantes Militares, também chamados de ranchos. Alimentação Coletiva Comercial: caracteriza-se por ser uma atividadefim da empresa, ou seja, o fornecimento de alimentação é uma atividade com fins lucrativos. Exemplos: . Restaurantes de primeira categoria: oferecem, geralmente, refeições “a la carte” e pessoal altamente qualificado neste tipo de serviço, pois o atendimento é requintado. Exige do projetista, estudos de espaço e de decoração condizentes com o público que irá freqüentá-lo. . Restaurantes típicos (regionais): definem-se pela cozinha específica e apresentam uma decoração típica da região que foi idealizado, inclusive os uniformes dos funcionários. Ex:: italiano, grego, árabe, oriental, alemão, nordestino, mineiro, pizzaria. . Restaurantes tipo “grill-room”: são especializados em alimentos grelhados e flambados normalmente preparados à vista do consumidor ou cliente. Exigem equipamentos específicos como o Grill, o Réchaud, frigideiras e aparelhos de fondue. Utiliza-se de mesas auxiliares para grelhar e, pela natureza do serviço, torna-se necessária a existência de um sistema de exaustão eficiente e adequada ventilação, evitando a formação de névoa de gordura e o aquecimento demasiado do ambiente. . Restaurantes tipo “self-service”: auto serviço, ou seja, o próprio cliente é que se serve, em uma linha de balcões especiais aquecidos, refrigerados e neutros. Nestes balcões os alimentos são expostos conforme sua temperatura ideal de conservação, prontos para servir, normalmente acondicionados em pirex ou recipientes de aço inoxidável, tipo cubas. Este tipo de restaurante é apropriado para quem precisa de um serviço simples e rápido. Normalmente, a refeição é cobrada por pessoa ou por quilo de alimento consumido. . Restaurantes tipo “snack-bar”: se caracterizam por um serviço simples e se assemelham a lanchonetes sofisticadas. Oferecem refeições rápidas e econômicas a qualquer hora do dia ou da noite, normalmente localizados em estações de embarque de passageiros, grandes lojas, aeroportos, hotéis etc. O mobiliário e instalações deverão ser compatíveis com o tipo de atendimento: balcões e bancos altos. . Restaurantes tipo “Scoth-bar”: normalmente sua localização é agregada a um restaurante, boate etc., funcionando, por vezes, até como uma ante-sala para ponto de encontro ou sala de espera antes da refeição principal. Neste serviço servem-se aperitivos, coquetéis, drinques e petiscos. . Restaurantes tipo Taberna: casa cujo serviço baseia-se principalmente na venda de vinhos, assados, queijos e pães. . Restaurantes tipo “Pub”: de origem inglesa, caracteriza-se por possuir dois ambientes, sendo um deles o subsolo. Este tipo de restaurante funciona com serviço de bebidas e refeições e com espetáculos de variedades. Apresentam um certo refinamento. Alguns possuem ante-sala para jogos. . Cervejarias: estes estabelecimentos servem vários tipos de bebidas. Têm como principal atração a variedade de cerveja e “tira-gostos”. . Churrascarias: especializadas em serviços de grelhados e assados, com atendimento tipo “rodízio” ou “à la carte”. . Restaurantes tipo “steak-house”: especializados nos mais diversos tipos de carne bovina, normalmente acompanhada de molhos diversos. . Estabelecimentos tipo “fast-food”: serviços ultra-rápidos, normalmente direcionados ao público que tem pouco tempo disponível para a alimentação. Exigem equipamentos especiais para produção rápida, e com qualidade, do alimento. . Outros: restaurantes naturais e temáticos (vegetarianos, macrobióticos etc.) F) Modalidades de oferta de alimentação institucional Ticket Refeição X Restaurante Institucional – vantagens para as partes TICKET REFEIÇÃO RESTAURANTE INSTITUCIONAL EMPRESA EMPREGADO EMPRESA EMPREGADOS . minimiza a área física construída; . não há responsabilidade com a administração do restaurante (auto gestão ou concessionária) . não há responsabilidade com a manutenção dos equipamentos; . diminuição do imobilizado; . não há responsabilidade com a qualidade da alimentação; diminuição do efetivo pessoal. . maior opção de cardápio; . liberdade de escolha do local da refeição; .benefício de complementação salarial; . aquisição de outro bem de consumo com esta moeda paralela; . resolução de situações de caráter pessoal no horário de almoço; . possibilidade de uma atividade paralela ao emprego regular. . maior controle sobre o pessoal; . aumento da assiduidade e menor absenteísmo; aumento da produtividade; . diminuição do índice de acidentes no trajeto empresa-restaurante externo; . evita trabalhos paralelos esporádicos (bicos); . melhora a interação e relacionamento entre os empregados; . aumenta o grau de sociabilidade entre os empregados; . atrai e retém mão-de-obra na empresa. . garantia de alimentação saudável diariamente; . garantia de reposição calórica dos gastos energéticos diários; . garantia de qualidade e higiene da refeição oferecida; . maior sociabilidade dentro da empresa. Fatores decisórios: Existência de restaurantes suficientes nas proximidades; Preço de refeição compatível com o ticket distribuído; Condições higiênicas; Qualidade dos restaurantes disponíveis; Recursos financeiros da instituição. G) Formas de Gerenciamento de restaurantes institucionais Serviço próprio ou auto-gestão Nesta modalidade, a empresa possui as instalações e nela executa o serviço, sendo responsável pela administração de todo o serviço, desde o planejamento dos cardápios até os encargos decorrentes da administração de pessoal e controle dos custos. Geralmente é mais oneroso para as empresas, por maior nível salarial da mão-de-obra contratada para este serviço e menor poder de negociação de suprimentos. Serviço por concessão (terceirizado) Nesta modalidade a empresa possui as instalações, mas todas as etapas do processo são feitas por uma empresa contratada para desenvolver, realizar e administrar todo o serviço do restaurante: são as concessionárias. A terceirização é a delegação a terceiros de todas as atividades não relacionadas com a atividade-fim empresarial. A empresa que terceiriza é chamada de contratante e a concessionária, de contratada. O contrato firmado entre as partes define, entre outros aspectos (per capitas, porções, incidências, VET etc.), a forma de prestação de serviços, que possui duas formas básicas, mas passíveis de variação: Contrato fechado ou de preço fixo Neste sistema o preço das refeições é pré-fixado, prevendo-se reajustes periódicos, normalmente anuais. Como o preço é fixo, cabe à concessionária manter a margem de lucro evitando: perdas e desperdícios, uso freqüente de preparações onerosas, manipulação inadequada de equipamentos e gêneros, gastos excessivos com pessoal (admissões e demissões freqüentes), fatores de correção elevados, perdas decorrentes de contaminações, desvios de materiais, preparações da má-aceitação (aumento do resta ingesta). Contrato por administração ou mandato Neste sistema, o pagamento das refeições é obtido mediante apresentação das notas fiscais provenientes da compra de gêneros alimentícios a e material de consumo (alimentar, descartável, higiene, escritório) e da folha de pagamento de pessoal, acrescidos de um percentual, chamado de taxa de administração, que representará a margem de lucro da concessionária. H) Formas de dinâmica dos serviços Sistema centralizado: confecção e distribuição da refeição no mesmo ponto. Características: . menor taxa de manipulação dos alimentos; . melhor conservação da temperatura dos alimentos; . melhor supervisão e controle por nutricionista; . maior integração de esforços do pessoal do serviço de alimentação, dispensando o auxílio de outros profissionais; . menor custo com equipamentos, transporte e pessoal, por supressão de outros pontos de distribuição. Sistema descentralizado: confecção da refeição em um local e distribuição em outro. As refeições são transportadas em cubas dentro de recipientes isotérmicos, para distribuiçãoem balcões térmicos, ou em marmitas individuais descartáveis (embalagens de alumínio). Características: . maior manipulação dos alimentos (maior possibilidade de contaminação); . perda na apresentação dos alimentos; . alteração ou perda das características sensoriais dos alimentos; . excesso de aquecimento e reaquecimento; . alteração ou perda de propriedades nutricionais dos alimentos; . possibilidade maior de evasão ou desvio de refeições; . perdas de porcionamento inadequado; . supervisão dificultada; . maior investimento em área física, equipamentos e pessoal. Sistema misto: parte dos processos é feita na sede e parte é feita no local de distribuição. Transporta-se somente parte da refeição pronta, algumas preparações são finalizadas ou confeccionadas integralmente nos pontos de distribuição. Papel do Nutricionista como administrador e responsável técnico de UANs Avaliar condições físicas e planejamento físico-funcional de Unidades de Alimentação e Nutrição. Planejar cardápios de acordo com as necessidades da clientela. Executar os cálculos de quantidade per capita, valor nutritivo, rendimento e custo das refeições e/ou preparações culinárias. Participar do planejamento, coordenação e atividades de previsão, seleção, compra e armazenagem de alimentos, acompanhando o preenchimento dos formulários pertinentes. Avaliar tecnicamente os gêneros recebidos e as preparações culinárias. Avaliar tecnicamente as condições de armazenagem de gêneros. Acompanhar atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições ou preparações culinárias. Avaliar tecnicamente as condições de manipulação dos gêneros e preparações culinárias. Efetuar controle periódico do resto-ingestão e da sobra limpa das preparações. Participar do planejamento, implantação, treinamento, coordenação das atividades de higienização de ambientes, equipamentos e utensílios assim como de veículos de transporte de alimentos, Desenvolver manuais técnicos, rotinas de trabalho e receituários. Avaliar aplicação de Manuais de Qualidade ou de Boas Práticas de Manipulação. Avaliar métodos e formas de controle de qualidade de acordo com a legislação vigente. Participar dos procedimentos de recrutamento, seleção, admissão, avaliação e demissão de pessoal. Participar das atividades de apontamento de registro de ponto e cálculo de horas-extras, adicional noturno, atrasos e faltas. Participar de treinamento de manipuladores de alimentos. Preservar o cumprimento da legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (MS). Preservar o cumprimento da legislação do Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT (MTE). Preservar o cumprimento das Normas Regulamentadoras – NR (MTE). Participar dos trabalhos da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Participar de treinamentos em Segurança do Trabalho. Conhecer o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Perceber a importância da relação nutricionista-cliente. Executar atividades referentes a informações nutricionais e técnicas de atendimento direto ao cliente. Participar da promoção de campanhas de educação alimentar aos clientes de restaurantes industriais, hospitais, produtos congelados, refeições transportadas, catering, restaurantes comerciais, hotéis e similares. Participar de estudos e pesquisas na área de alimentação em Unidades de Alimentação e Nutrição. �PAGE � �PAGE �7�
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