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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS DO PANTANAL CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RODRIGO ADORNO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: Um Estudo Desenvolvido Junto aos Servidores da Guarda Municipal de Corumbá-MS. CORUMBÁ-MS 2014 RODRIGO ADORNO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: Um Estudo Desenvolvido Junto aos Servidores da Guarda Municipal de Corumbá-MS. Relatório de Estágio Obrigatório Profissional II apresentado à Comissão de Estágio-COE do curso de Administração/Campus do Pantanal, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como pré-requisito para obtenção de aprovação na disciplina Estágio Obrigatório Profissional II no ano 2014, sob a orientação do professor Roberto Domingues Galeano. CORUMBÁ-MS 2014 RODRIGO ADORNO QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: Um Estudo Desenvolvido Junto aos Servidores da Guarda Municipal de Corumbá-MS. Relatório de Estágio Obrigatório Profissional II apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Campus do Pantanal, ao Curso de Administração, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Administração, considerado _____________________, em avaliação conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores: _____________________________________ Prof. Orientador Roberto Domingues Galeano. ______________________________ Prof. Anderson Luis do Espírito Santo. ____________________________ Prof.ª Fernanda Lourenço Esteves. Corumbá, 01 de Dezembro de 2014. Dedico este trabalho aos meus pais pelo incentivo incondicional durante toda a minha vida, aos meus filhos me servindo como fonte de inspiração, e a todos que de alguma forma contribuíram para a elaboração deste estudo. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus por ter me dado força e sabedoria para superar as dificuldades, não apenas durante a minha passagem pela universidade, mas durante toda a vida. Agradeço aos meus pais que me incentivaram e contribuíram me oferecendo valores durante a minha existência; minha mãe exemplo de mulher, esposa, avó, tia, filha, pessoa, amiga, enfim mãe! Ao meu pai que apesar de todas as dificuldades me fortaleceu, mе dеυ apoio, incentivo nаs horas difíceis, de desânimo е cansaço, exemplo de superação e perseverança vivendo um dia de cada vez. Aos meus amigos, companheiros de universidade que com certeza fizeram e sempre farão parte da minha história de vida, aos colegas de trabalho que contribuíram de forma esplendorosa para a realização desta etapa da minha vida. A todos os professores do curso de Administração da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus do Pantanal, que compartilharam seus conhecimentos enriquecendo ao máximo minha formação profissional. Enfim, a todos que contribuíram de alguma forma para a realização de mais esta jornada na minha vida, Muito obrigado. “Quando o trabalho é prazer, a vida é uma grande alegria. Quando o trabalho é dever, a vida é uma escravidão.” (Máximo Gorki) ADORNO, Rodrigo. Qualidade de Vida no Trabalho: um estudo desenvolvido junto aos servidores da Guarda Municipal de Corumbá-MS. 2014. Contém 74 pg. Trabalho de Conclusão do Curso de Administração – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal, Corumbá-MS, 2014. RESUMO Este estudo tem como tema principal a qualidade de vida no trabalho dos servidores da Guarda Municipal de Corumbá-MS. O principal motivo para a execução deste trabalho é o crescente interesse das organizações sobre o tema, pois, grande parte das mesmas passam a ter a consciência que seus colaboradores são o principal ativo da empresa, assim sendo, necessitam zelar pela qualidade de vida no trabalho dos servidores. Tem como principal objetivo o levantamento e análise da qualidade de vida profissional no desempenho e produtividade dos serviços prestados pelos integrantes da Guarda Municipal de Corumbá-MS. Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória-explicativa, tendo como métodos de coleta de dados a observação participativa e o questionário baseado no modelo de Walton, que foi aplicado à todos os servidores ativos no ano de 2014. Para a análise dos resultados utilizou-se das abordagens quantitativa e qualitativa onde foi possível identificar os altos níveis de insatisfação dos colaboradores diante dos fatores descritos por Walton, e que não existe nenhum modelo de qualidade de vida no trabalho dentro da instituição. Permite também, neste contexto, este estudo contribui oferecendo a oportunidade dos gestores conhecer as percepções do trabalhador em relação ao trabalho executado e a instituição, para que os altos índices de insatisfação possam dar lugar, a um clima organizacional saudável e motivador derivado da qualidade de vida no trabalho. Palavras-chave: Qualidade de vida, Satisfação, Insatisfação, Guarda Municipal de Corumbá-MS. ADORNO, Rodrigo. Quality of Work Life: a study developed in conjunction with the Municipal Guard Corumbá-MS servers. 2014. contains 74 pg. Work Completion Course Administration - Federal University of Mato Grosso do Sul - Campus Pantanal, Corumbá-MS, 2014. ABSTRACT This study has as its main theme the quality of work life of the Municipal Guard Corumbá-MS servers. The main reason for carrying out this work is the growing interest of organizations on the subject, because, most of them now have the consciousness that its employees are the main asset of the company, therefore, need to ensure the quality of work life of servers. Its main objective is the collection and analysis of quality of work life and productivity performance of the services provided by members of the Municipal Guard Corumbá-MS. This is a survey of exploratory-explanatory nature, with the methods of data collection and participant observation-based model in Walton questionnaire was applied to all active servers in the year 2014. For the analysis of the results used themselves from the quantitative and qualitative approaches were identified where high levels of dissatisfaction among employees on the factors described by Walton, and there is no model of quality of life at work within the institution. Also allows, in this context, this study contributes offering the opportunity for managers to know the perceptions of the employee in respect of work performed and the institution, so that the high levels of dissatisfaction may lead to a healthy and motivating organizational climate derived from the quality life at work. Keywords: Quality of Life, Satisfaction, Dissatisfaction, Municipal Guard Corumbá- MS. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Organograma da Guarda Municipal de Corumbá-MS. ............................... 16 Figura 2- Satisfação Dentro do Trabalho x Satisfação Fora do Trabalho. ................. 22 Figura 3- Fatores Satisfacientes e Fatores Insatisfacientes como Entidades Separadas. ................................................................................................................23 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Faixa Etária .......................................................................................................... 33 Gráfico 2- Gênero .................................................................................................................. 34 Gráfico 3- Estado Civil .......................................................................................................... 34 Gráfico 4- Nível de Escolaridade ......................................................................................... 35 Gráfico 5- Número de Filho (s) ............................................................................................ 35 Gráfico 6- Tempo de Serviço na Guarda Municipal de Corumbá .................................. 36 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Dois Fatores de Herzberg. ....................................................................... 23 Quadro 2- Necessidades Adquiridas de McClelland. ................................................ 24 Quadro 3- Fatores que Envolvem a Qualidade de Vida no Trabalho. ....................... 26 Quadro 4- Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Nadler e Lawler. .............. 27 Quadro 5- Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Hackman e Oldham. ....... 28 Quadro 6- Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Walton. ............................ 29 LISTA DE TABELAS Tabela 1- O quanto você está satisfeito com sua jornada de trabalho? ....................... 37 Tabela 2- Em relação às possíveis doenças (estresse, cansaço e outros), que o trabalho possa lhe causar, como você se sente? ............................................................ 38 Tabela 3- O quanto você está satisfeito com suas condições de trabalho, em relação ao ambiente físico (é seguro, é saudável)? ....................................................................... 38 Tabela 4- O quanto você está satisfeito com o nível de tratamento dado pelos responsáveis do seu posto de trabalho em relação à você? ......................................... 39 Tabela 5- Como você se sente em relação a sua saúde, você teve algum problema que o trabalho possa lhe ter causado ou agravado? ....................................................... 39 Tabela 6- O quanto você está satisfeito com o nível de autonomia (oportunidade de tomar decisões) que possui no trabalho? .......................................................................... 40 Tabela 7- O quanto você está satisfeito com a importância do seu trabalho? ............ 41 Tabela 8- O quanto você está satisfeito com as informações sobre sua avaliação de desempenho, você recebe feedback de seus superiores?............................................. 41 Tabela 9- O quanto você está satisfeito com as possibilidades de permanecer na carreira? .................................................................................................................................. 43 Tabela 10- O quanto você está satisfeito com as possibilidades de crescimento na carreira? .................................................................................................................................. 43 Tabela 11- O quanto você está satisfeito em relação a manutenção da função que exerce dentro da Guarda Municipal? ................................................................................. 44 Tabela 12- O quanto você está satisfeito com o nível de treinamento e capacitações que recebe? ............................................................................................................................ 44 Tabela 13- O quanto você está satis feito em relação aos incentivos que recebe para buscar novos conhecimentos (estudar, se capacitar)? ................................................... 45 Tabela 14- O quanto você está satisfeito com o nível de igualdade de oportunidades oferecidas pela Guarda Municipal? .................................................................................... 46 Tabela 15- O quanto você está satisfeito com o nível de tratamento recebido dos superiores hierárquicos dentro da Guarda Municipal? .................................................... 46 Tabela 16- O quanto você está satisfeito com o nível de relacionamento interpessoal com os colegas de trabalho? ............................................................................................... 47 Tabela 17- O quanto você está satisfeito com relação ao respeito às leis e direitos trabalhistas? ........................................................................................................................... 48 Tabela 18- O quanto você está satisfeito com as normas e diretrizes estabelecidas pelo Estatuto da Guarda Municipal de Corumbá-MS? .................................................... 49 Tabela 19- O quanto você está satisfeito com a liberdade de expressão dada pela Guarda Municipal? ................................................................................................................. 49 Tabela 20- O quanto você está satisfeito com a clareza das normas, procedimentos e rotinas de trabalho da Guarda Municipal? ..................................................................... 50 Tabela 21- O quanto você está satisfeito com a influência do seu trabalho em sua vida Familiar? ......................................................................................................................... 51 Tabela 22- O quanto você está satisfeito com a influência do seu trabalho em sua vida social? ............................................................................................................................. 52 Tabela 23- O quanto você está satisfeito com o seu horário de trabalho e de descanso? ............................................................................................................................... 52 Tabela 24- O quanto você está satisfeito com o reconhecimento profissional dado à você? ....................................................................................................................................... 53 Tabela 25- Como você se sente em relação a imagem que a Guarda Municipal tem perante a sociedade? ............................................................................................................ 54 Tabela 26- Em relação a realização do seu trabalho e o orgulho de ser Guarda Municipal, como você se sente? ......................................................................................... 54 Tabela 27- O quanto você está satisfeito com sua remuneração? (Não considerar horas extras) ........................................................................................................................... 56 Tabela 28- O quanto você está satisfeito com a sua remuneração em comparação a dos outros colegas? .............................................................................................................. 56 Tabela 29- Como você se sente comparando sua remuneração em relação a de outros trabalhadores com atividades semelhantes às que você executa? (Não considerar horas extras) ....................................................................................................... 57 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11 1.1 Problematização e Justificativa .............................................................................. 12 1.2 Objetivos .................................................................................................................... 12 1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 12 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 13 1.3 Metodologia ............................................................................................................... 13 2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................... 16 3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 19 3.1 O Homem e o Trabalho ........................................................................................... 19 3.1.1 Trabalho X Satisfação no Trabalho ....................................................................... 19 3.1.2 Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow .......................................... 21 3.1.3 Teoria dos Dois Fatores de Herzberg ................................................................... 23 3.1.4 Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland ......................................... 24 3.2 Qualidade de Vida no Trabalho ............................................................................. 24 3.2.1 Conceitos ................................................................................................................... 24 3.2.2 Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho ........................................................ 27 3.2.2.1 Modelo de Nadler e Lawler ..................................................................................... 27 3.2.2.2 Modelo de Hackman e Oldham .............................................................................. 28 3.2.2.3 Modelo de Walton ..................................................................................................... 29 3.2.3 Qualidade de Vida no Setor Público ..................................................................... 30 3.2.3.1 Responsabilidades Organizacionais ..................................................................... 31 3.2.3.2 Responsabilidades dos Gestores .......................................................................... 31 3.2.3.3 Responsabilidades dos Servidores ....................................................................... 32 4 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ESTUDO .............. 33 4.1 Perfil do Guarda Municipal ...................................................................................... 33 4.2.1 Condições de Segurança e Saúde no Trabalho ................................................. 37 4.2.2 Utilização e Desenvolvimento no Trabalho da Guarda Municipal ................... 40 4.2.3 Oportunidades de Crescimento e Segurança ..................................................... 42 4.2.4 Integração Social na Organização ....................................................................... 45 4.2.5 Garantias Constitucionais ...................................................................................... 47 4.2.6 Trabalho e Espaço Total de Vida ......................................................................... 51 4.2.7 Relevância Social da Vida no Trabalho ............................................................... 53 4.2.8 Compensação Justa e Adequada ......................................................................... 55 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 61 APÊNDICES ............................................................................................................ 63 APÊNDICE - A Questionário de Qualidade de Vida no Trabalho ................... 64 ANEXOS .................................................................................................................. 70 ANEXO A - Termo de Autenticidade ................................................................... 71 11 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como problemática a qualidade de vida no trabalho que Fernandes (1996 apud CONTE, 2003, p.33), a define como “gestão dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sóciopsicológicos que afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas”. O principal motivo para a execução deste trabalho é o crescente interesse das organizações sobre o tema, pois, grande parte das mesmas passam a ter a consciência que seus colaboradores são o principal ativo da empresa, assim sendo, necessitam zelar pela qualidade de vida no trabalho, com atividades exercidas conforme as descrições de cada cargo, diuturnamente e diariamente ou conforme escala de serviço aos sábados, domingos e feriados, às vezes cumprindo uma carga horária entre 8 e 12 horas por dia. Desta forma, torna- se importante para a Guarda Municipal de Corumbá-MS entender como os seus integrantes veem a instituição, e percebem o interesse de seus gestores em oferecer melhores condições de trabalho, observando a satisfação e a motivação dos seus subordinados, para, se necessário, traçar ações de melhoria da qualidade de vida no trabalho propiciando assim, grande ganho, não apenas para os Guardas Municipais, mas também para toda a população que receberá em troca um serviço de melhor qualidade. Sob este contexto cabe ressaltar que a não existência de uma programação de qualidade de vida no trabalho, afeta a vida do trabalhador levando-o a fragilidade e redução da produtividade, e da motivação, prejudicando assim, até mesmo o relacionamento entre os colegas de trabalho, e também a sua vida particular, antes a preocupação dos patrões era em fazer com que a vida particular não interferisse no cotidiano do trabalho, hoje a lógica se inverteu, ou seja, a preocupação passa a ser, em fazer com que o trabalhador passe a ter melhor qualidade de vida no trabalho para que ele possa ser feliz dentro do trabalho e isso se reflita também fora dele. O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade de vida profissional em relação a qualidade produtiva dos serviços prestados pelos integrantes da Guarda Municipal de Corumbá, identificando a presença de qualidade de vida no trabalho, e 12 verificando os fatores relevantes em relação aos seus membros, para enfim analisar a motivação dos Guardas Municipais para com o trabalho e a instituição. 1.1 Problematização e Justificativa Ao longo da história, vários estudos foram feitos em busca de tornar o trabalho mais eficiente e eficaz, muitos fatores foram levados em conta, como fatores administrativos, de tempo, espaço, psicológicos e outros. Hoje, fatores referentes a qualidade de vida no trabalho tem se tornado muito importante para o cenário global, o estilo de vida relacionado ao trabalho tem grande relevância para a qualidade do trabalho, portanto torna-se importante para a Guarda Municipal de Corumbá-MS, e seus integrantes entenderem o que ocorre hoje dentro da corporação, para que os serviços prestados à população da cidade sejam de melhor qualidade e isso sereflita para a qualidade de vida no trabalho. Pois, segundo Conte (2003, p.32), “funcionários com qualidade de vida no trabalho são mais felizes e produzem mais”. As organizações contemporâneas vivenciam grandes mudanças no cenário de competitividade atual, o estilo de gerir a empresa e principalmente o capital humano tem sido um grande diferencial organizacional. Nos últimos anos, a qualidade de vida no trabalho tem despertado grande interesse corporativo, pois, fatores como motivação e satisfação fazem parte de um leque de influencias da qualidade produtiva do trabalhador, para tanto torna-se importante saber: Qual o nível de influência da qualidade de vida no trabalho em relação a qualidade produtiva dos serviços prestados pelos integrantes da Guarda Municipal de Corumbá-MS? 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Levantar e analisar a qualidade de vida profissional no desempenho e produtividade dos serviços prestados pelos integrantes da Guarda Municipal de Corumbá-MS. 13 1.2.2 Objetivos Específicos Identificar principais fatores, em diferentes modelos de qualidade de vida no trabalho. Levantar fatores relevantes para contribuir com a qualidade de vida no trabalho. Analisar a motivação dos integrantes da Guarda Municipal em relação ao trabalho e a instituição. Fornecer as principais fontes de mal-estar e bem-estar no trabalho. Identificar o nível de satisfação e insatisfação dos trabalhadores perante os fatores descritos no modelo de qualidade de vida no trabalho de Walton. 1.3 Metodologia Antes de descrevermos a metodologia que será adotada nesta pesquisa torna-se necessário antes conceituarmos pesquisa que segundo Gil (2002, p.17), trata-se de um “procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Para Ander-Egg (1978 apud LAKATOS e MARCONI, 1992, p.43), “é um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo de conhecimento”. Para Lakatos e Marconi (1992, p.43), “a pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para conhecer verdades parciais”. Neste trabalho inicialmente, utilizou-se a pesquisa exploratória e a seguir a explicativa, pois, segundo Gil (2002, p.42), “a pesquisa exploratória e descritiva quase sempre constitui etapa prévia indispensável para que se possa obter explicações científicas”. Para Gil (2002, p.41), a pesquisa exploratória tem “o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses e o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”. Assim, a pesquisa exploratória proporcionou um melhor aprofundamento com o 14 tema da pesquisa e uma maior familiarização com as principais teorias e conceitos sobre o objeto da pesquisa. Já a pesquisa explicativa, segundo Gil (2002, p.42), “têm como preocupação central identificar os fatores que determinam, ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”. Ou seja, esta é o tipo de pesquisa que mais se aprofunda no conhecimento da realidade explicitando o porquê das coisas. No primeiro momento utilizou-se a abordagem quantitativa que segundo Kauark, Manhães e Medeiros (2010, p.26), é o estudo do “que pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las”. E depois foi aplicada a abordagem qualitativa para interpretação dos dados, por serem questões que não podem ser traduzidas em números, por se tratarem de situações subjetivas ao comportamento do trabalhador como sentimentos, valores e atitudes. Pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números [...]. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010, p.26-27) A pesquisa tem como delineamento o estudo de caso, que segundo Gil (1991 apud KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010, p.29), “é quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um, ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento”. O estudo impõe também a obtenção de dados específicos de cada elemento da população, que para Gil (2002, p.98), “significa o número total de elementos de uma classe a ser estudado”, foi realizado um censo que é o exame de todos os elementos de uma população, onde dos 234 servidores, foram aplicados questionários a 181 Guardas Municipais ativos na instituição no período da aplicação do mesmo, assim os 53 colaboradores, entre cedidos, afastados, e em férias não participaram desta pesquisa, e 20 foram excluídos da fase de avalição da qualidade de vida no trabalho, por terem pouco tempo de serviço e ainda não terem a real percepção do trabalho, evitando assim influência no resultado da pesquisa. Para a coleta de dados secundários os procedimentos foram as pesquisas bibliográficas, que Gil (2002, p.44), afirma que “é desenvolvida com base em 15 material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. O levantamento bibliográfico se deu por meio eletrônico e de bibliotecas públicas. E também se valeu da observação participante. Na observação participante, o pesquisador participa da situação que está estudando, sem que os demais elementos envolvidos percebam a posição dele, que se incorpora ao grupo ou à comunidade pesquisados, de modo natural (quando já é elemento do grupo) ou artificialmente. (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010, p.62) Foi utilizado como instrumento de coleta de dados primários o questionário, com questões fechadas, que foram preenchidos pelos próprios pesquisados e sem identificação dos respondentes, oferecendo à eles uma tranquilidade para responde- lo de maneira mais sincera e verdadeira possível. O Questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta de dados. A confecção é feita pelo pesquisador; o preenchimento é realizado pelo informante. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que o interrogado compreenda com clareza o que está sendo perguntado. (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010, p.58) O questionário aplicado tem como base o modelo de qualidade de vida no trabalho de Walton, pois, segundo Mônaco e Guimarães (2000 apud OLIVEIRA, 2006, p.45), é utilizado por “ser considerado o mais amplo, levando em conta fatores intra e extra organização”. Walton (1975 apud FRANÇA, 1996, p.165-166), traz em seu modelo de qualidade de vida, fatores objetivos e subjetivos para a aferição do tema em ambientes organizacionais, levando em consideração as teorias de desenvolvimento humano para medir o nível de satisfação dos trabalhadores, abordando assim os seguintes fatores: Compensação Justa e Adequada, Condições de Segurança e Saúde do Trabalho, Utilização e Desenvolvimento de Trabalho, Oportunidade de Crescimento e Segurança, Integração Social na Organização, Garantias Constitucionais, Trabalho e Espaço Total de Vida, Relevância Social da Vida no Trabalho. Para organização e tabulação dos dados obtidos mediante questionário foram utilizados programas específicos como o Microsoft Office Excel 2010, e para uma melhor análise e apresentação dos resultados foram utilizadas tabelas e gráficos.16 2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A Guarda Municipal de Corumbá-MS, é uma instituição pública, criada pela Lei nº 1.068, de 11 de janeiro de 1990, é uma corporação operacional, organizada de conformidade com o § 8º do art. 144 da Constituição Federal e o art. 95 da Lei Orgânica do Município, com a finalidade de proteger os bens, serviços e instalações ocupadas por órgãos e entidades da Administração Pública Municipal e o patrimônio natural e cultural do Município. Atua hoje com um efetivo de 234 guardas municipais, possui em sua frota 12 veículos quatro rodas, sendo uma van e duas caminhonetes de pequeno porte, e 20 veículos de duas rodas. Este trabalho será desenvolvido em conjunto com o setor administrativo da instituição que é o responsável pelas atividades de gestão de pessoas. A Guarda Municipal é vinculada à coordenadoria municipal de segurança pública que por sua vez é subordinada à secretaria de governo do município, tem em sua estrutura de cargos o comandante da guarda municipal, guardas de 3ª, 2ª e 1ª categorias, distribuídos na seguinte estrutura organizacional: Figura 1- Organograma da Guarda Municipal de Corumbá-MS. Fonte: O Autor. Coman- dante Núcleo Admi- nistrativo Correge- doria Núcleo de Patrimô- nio Núcleo Operacio- nal Ronda Monitora- mento Cartório Núcleo Educacio- nal Canil ROPE ronda patrimonial escolar Patrulhei- ros Guardas de Postos Ouvidoria 17 A estrutura de cargos dos efetivos da Guarda Municipal, é definido por estatuto próprio, que garante aos guardas municipais progressão horizontal em níveis de A à G a cada cinco anos e vertical de 3ª, 2ª, 1ª categorias e inspetor, também a cada cinco anos, sendo que no cargo de inspetor ainda não há nenhum Guarda Municipal exercendo a função, a progressão horizontal tem como requisito apenas o tempo de serviço, proporcionando ao trabalhador um acréscimo de 5% no vencimento base, sendo que o trabalhador inicia a carreira com a letra A. Já para a progressão vertical, o Guarda Municipal inicia a carreira como 3ª categoria, mas para a ascensão à 2ª categoria se torna necessário alguns pré requisitos, como carteira de habilitação no mínimo B, ter cinco anos na categoria anterior, estar no mínimo na letra B na progressão vertical, ser aprovado em curso específico, e ter o ensino médio completo. Para passar à 1ª categoria, o candidato deve ter cinco anos na categoria anterior, estar no mínimo na letra C na progressão horizontal, e ser aprovado em curso específico. Para a categoria de inspetor é necessário ter 5 anos na categoria anterior, estar na letra D, ser aprovado em curso específico, e possuir ensino superior. Sendo que para todas as mudanças horizontais é necessário ter comportamento no mínimo “Bom” na avaliação da ficha funcional do trabalhador. Descrição das principais atividades dos cargos da Guarda Municipal de Corumbá-MS: Comandante da Guarda: esta função cabe ao prefeito nomear o seu ocupante, que tem como principal responsabilidade gerenciar as atividades da guarda municipal. Ouvidoria: Tem como principais funções receber sugestões, elogios, denúncias, reclamações do público em geral e servidores da instituição, propondo providencias ou medidas junto ao comando da Guarda Municipal. Núcleo Administrativo: É o responsável pelas atividades administrativas relacionadas ao trabalho da Guarda Municipal, como gestão de pessoas, folha de pagamento, elaboração de ofícios, e outras atividades correlacionadas. E tem sob sua supervisão o Cartório que é o responsável pelo recebimento e envio de documentação pertinente. 18 Corregedoria: Tem a responsabilidade de apurar possíveis desvios de conduta disciplinar dos guardas municipais, e elaboração de elogios para a apreciação do comandante. Núcleo de Patrimônio: Núcleo responsável pela manutenção do patrimônio da Guarda Municipal, tais como; viaturas, uniformes, materiais de expediente, de limpeza, bem como dar suporte às guarnições de serviço em grandes eventos. Núcleo Educacional: É responsável pela formatação de cursos, tanto de progressão funcional, quanto os de aperfeiçoamento. Núcleo Operacional: Responsável pela elaboração de escala de serviço bem como o gerenciamento das guarnições de apoio, conforme a estrutura organizacional da Guarda Municipal; integram o núcleo: A Ronda (responsável pela fiscalização dos guardas em postos), o Canil (responsável pelo patrulhamento em postos sem guardas, praças, o adestramento de cães e atendimento de ocorrências de responsabilidade da Guarda Municipal), o ROPE (Ronda Ostensiva Patrimonial e Escolar, responsável pelo patrulhamento em postos sem guardas, praças, escolas no horário de aula, eventos, acompanhamento de ações fiscalizatórias da prefeitura e atendimento de ocorrências de responsabilidade da Guarda Municipal), o Monitoramento (responsável pelo videomonitoramento da área central da cidade e telecomunicação com auxílio de rádio comunicador, fazendo o monitoramento das guarnições de apoio e a interface com outros órgãos de segurança pública caso haja necessidade de apoio policial), os Patrulheiros (responsáveis pelo patrulhamento em postos sem guardas, praças, eventos, escolta em passeatas e eventos esportivos) e os Guardas de Postos (onde se classificam a grande maioria dos Guardas Municipais, que são responsáveis pela segurança do patrimônio público, em escolas, creches, postos de saúde, praças, pronto socorro, cemitérios, prefeitura, pontos turísticos, outros órgãos públicos por meio de convênio, e segurança dos funcionários que nestes trabalhem). Como meio de interação com a comunidade a Guarda Municipal desenvolve ainda um projeto denominado “Teatro de Fantoches” que visa abordar de forma lúdica temas sobre segurança pública, conservação e proteção do patrimônio público junto aos alunos de escolas públicas municipais, contribuindo assim para a redução dos índices de violência, principalmente dentro do ambiente escolar. 19 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 O Homem e o Trabalho O homem vive em um ambiente de trabalho, desde sempre, mesmo quando na época mais remota da existência humana, em seu inconsciente, trabalhava sem saber que o que fazia era trabalho. O trabalho tem sido essencial na consciência do ser humano desde os tempos mais remotos, pois o homem não é perfeitamente definido com um instrumento; o desenvolver de instrumentos, abordagens, objetivando a organização do trabalho é algo único e específico do ser humano. Portanto, o trabalho, tem se revelado uma preocupação básica da humanidade há muitos milênios. (DRUCKER, 1997 apud OLIVEIRA, 2006 p.20) Chiavenato (2003, p.77), diz que “trabalho é toda atividade humana voltada para a transformação da natureza, no sentido de satisfazer uma necessidade. Trata- se de um dos fatores de produção para os economistas, juntamente com a natureza e o capital”. Já o ato de trabalhar, segundo Scottini (2009, p.528), “consiste em exercer um ofício, cumprir seus deveres, cansar-se com sua atividade, ser ativo, desenvolver uma atividade”. O mesmo autor define trabalho como todo exercício despendido para a obtenção de um retorno; e como sendo um cuidado, uma tarefa, obrigação ou empenho. A complementariedade dos conceitos fica evidente, deixando claro a complexidade do tema, outros conceitos poderiam ser abordados neste trabalho, mas a falta de consenso entre os diversos autores pesquisados, deixaria o trabalho cansativo e exaustivo para oleitor, não sendo este o seu foco. 3.1.1 Trabalho X Satisfação no Trabalho O conceito de satisfação no trabalho é defendido por Edwin Locke e compartilhado por Coda (1990 apud FRANÇA,1996, p.243), como sendo “um estado de prazer emocional resultante da avaliação que um profissional faz sobre até que ponto seu trabalho apresenta a capacidade de facilitar ou permitir o atendimento de seus objetivos e valores”. 20 A satisfação no trabalho depende de alguns fatores entre organização e colaborador, Chiavenato (2003, p.132 e p.540), cita dois fatores como fontes poderosos de satisfação no trabalho; o convívio social, que faz com que as experiências entre colegas sejam compartilhadas; e o clima organizacional, que tem uma influência sobre a motivação, e desempenho das pessoas, consequentemente sobre a satisfação no trabalho. Já Ferreira (2011, p.50), descreve sete fatores que mais influenciam a satisfação no trabalho: 1. Relacionamento com os Colegas de Trabalho. 2. Segurança no Local de Trabalho. 3. Autonomia e Responsabilidade. 4. Relacionamento com a Hierarquia. 5. Relacionamento com a Clientela. 6. Reconhecimento no Trabalho. 7. Possibilidade de Evolução Profissional. Para se medir o nível de satisfação ou insatisfação no trabalho é preciso entender as motivações que levam uma pessoa a este estado dentro de uma organização. A palavra motivação (deriva do latim motivus, movere, que significa mover) indica o processo pelo qual um conjunto de razões ou motivos explica, induz, incentiva, estimula ou provoca algum tipo de ação ou comportamento humano [...]. A motivação para o trabalho é uma expressão que indica um estado psicológico de disposição ou vontade de perseguir uma meta ou realizar uma tarefa. (MAXIMIANO, 2000, p.347) A motivação então pode ser mensurada pelo nível de disposição ou empenho em que um trabalhador desempenha sua tarefa, como ela deriva de um estado psicológico, pode provocar algum tipo de ação do comportamento humano que pode não ser a desejada pela empresa. Segundo Maximiano (2000, p.349), a importância da motivação é representada pelas várias teorias das necessidades, que afirmam que o comportamento humano é motivado por estados de carência, pois as pessoas agem de maneiras diferentes em certas situações para satisfazê-las. 21 Os autores behavioristas verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações. (CHIAVENATO, 2003, p. 329) Sendo assim, motivação é fator crucial para a qualidade de vida no trabalho, mas para que ela seja utilizada como meio de aumento da produtividade das pessoas é importante para os gestores conhecer e entender as necessidades e o comportamento humano dentro das organizações. Chiavenato (2003, p.328), cita Abraham Maslow, Frederick Herzberg e David McClelland, como sendo os autores mais importantes dentro do campo da motivação humana. Essas teorias deram início às primeiras discussões sobre qualidade de vida no trabalho. 3.1.2 Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow Segundo Maslow (apud CHIAVENATO, 2003, p.329), as necessidades humanas estão dispostas em níveis, organizadas por hierarquia de importância e influência, e pode ser visualizada em forma de pirâmide, tendo em sua base as necessidades mais baixas (fisiológicas) e em seu topo as mais elevadas (auto realização). Sendo classificadas assim: Nível 1- Necessidades fisiológicas: é tido como o nível básico de necessidades humanas relacionadas com a sobrevivência da pessoa. Nível 2- Necessidades de Segurança: são as necessidades de estabilidade, busca de proteção contra ameaça ou privação e fuga do perigo. Nível 3- Necessidades Sociais: estão relacionadas com o desejo humano de pertencer, incluindo o desejo por amizades, companheirismo, afeto e amor. Nível 4- Necessidade de Estima: São as necessidades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. A satisfação das necessidades de estima conduz a sentimentos de autoconfiança e a sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade e o desânimo. Nível 5- Necessidades de Auto Realização: estão relacionadas com o desejo humano de realizar totalmente o seu potencial. 22 Considerações do estudo de Maslow: 1. Somente quando um nível inferior de necessidades está satisfeito é que o nível imediatamente mais elevado surge no comportamento da pessoa. 2. Nem todas as pessoas conseguem chegar ao topo da pirâmide de necessidades. 3. Quando as necessidades mais baixas estão satisfeitas, as necessidades localizadas nos níveis mais elevados passam a dominar o comportamento humano. 4. Cada pessoa possui sempre mais de uma motivação. 5. O comportamento motivado funciona como um canal através do qual as necessidades são expressas ou satisfeitas. 6. A frustração ou a possibilidade de frustração da satisfação de certas necessidades, passa a ser considerada ameaça psicológica. Figura 2- Satisfação Dentro do Trabalho x Satisfação Fora do Trabalho. Fonte: Chiavenato (2004 apud DUARTE, 2012) A figura acima demostra os diferentes tidos de fatores de satisfação dentro e fora do trabalho, que estão dispostos nos diferentes níveis da hierarquia das necessidades humanas, os fatores de satisfação são diferentes entre si mas iguais em importância dentro dos respectivos níveis da pirâmide. 23 3.1.3 Teoria dos Dois Fatores de Herzberg Herzberg (1960 apud ROCHA, 2012, p.25), diz que existem dois fatores que definem como é o comportamento humano no trabalho: os fatores higiênicos (por estarem mais relacionados com a insatisfação, também são chamados de fatores insatisfacientes) e os motivacionais (por estarem relacionados com a satisfação dos indivíduos, também são chamados de fatores satisfacientes). Quadro 1- Dois Fatores de Herzberg. Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos 1. O trabalho em si. 1. Estilo de supervisão. 2. A realização de algo importante. 2. Relações pessoais. 3. O exercício da responsabilidade. 3. Salário e políticas de administração de pessoal. 4. A possibilidade de crescimento. 4. Condições físicas e segurança no trabalho. Fonte: Adaptado de Maximiano (2000, p.358) Os fatores higiênicos demonstrados são chamados higiênicos porque descrevem o ambiente em si, já os motivacionais são fatores relacionados ao próprio trabalho e relacionados com o que o trabalhador faz e de que forma faz. Segundo Chiavenato (2003, p.334), “os fatores higiênicos e motivacionais são independentes e não se vinculam entre si”. Ou seja, os fatores responsáveis pela satisfação e pela insatisfação profissional não estão interligados, portanto não tem nenhuma influência uns sobre os outros. Figura 3- Fatores Satisfacientes e Fatores Insatisfacientes como Entidades Separadas. Não Satisfação - + Satisfação Insatisfação - + Não Insatisfação Fonte: Chiavenato (2003, p.334) Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos 24 Quanto maior o número de fatores motivacionais existirem, maior o nível de satisfação do colaborador, e quantomenos existirem, menor o nível de satisfação ocasionando não a insatisfação, e sim a não satisfação. E quanto maior o número de fatores higiênicos existirem, eles acabam satisfazendo temporariamente o trabalhador, gerando a não insatisfação, e quanto menos fatores higiênicos existirem, acabam causando a insatisfação. 3.1.4 Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland Quadro 2- Necessidades Adquiridas de McClelland. 1. Poder. Refere-se às relações com pessoas: status, prestígio, posição de influência. 2. Afiliação. Refere-se ao relacionar-se cordialmente e afetuosamente. 3. Realização. Refere-se à autoestima e a auto realização. Fonte: Adaptado de Rocha (2012, p.26) A base da Teoria afirma que quando um indivíduo consegue algo através de algum motivo, o mesmo meio será utilizado para resolver outros problemas. Isto caracteriza o estilo da pessoa. Essas necessidades apontadas por McClelland correspondem aos níveis mais altos da pirâmide de Maslow e aos fatores motivacionais de Herzberg. (SERRANO, 2006) Esta teoria, traz que o motivo ou motivação pelo qual uma pessoa consegue realizar algo, depende do estilo de cada pessoa, ou seja, depende de como a pessoa vai absorver os incentivos dados pela organização. 3.2 Qualidade de Vida no Trabalho 3.2.1 Conceitos A qualidade de vida no trabalho compreende vários aspectos da relação entre trabalhador e a organização, mas Ferreira (2011, p. 91), salienta que os 25 conceitos de qualidade de vida no trabalho são vistos sob duas óticas, à da organização e a do trabalhador. 1. Sob a ótica das organizações, é um preceito de gestão organizacional que se expressa por um conjunto de normas, diretrizes e práticas no âmbito das condições, da organização e das relações socioprofissionais de trabalho que visa a promoção do bem-estar individual e coletivo, o desenvolvimento pessoal dos trabalhadores e o exercício da cidadania organizacional nos ambientes de trabalho. 2. Sob a ótica dos trabalhadores, ela se expressa por meio das representações globais (contexto organizacional) e específicas (situações de trabalho) que estes constroem, indicando o predomínio de experiências de bem-estar no trabalho, de reconhecimento institucional e coletivo, de possibilidade de crescimento profissional e de respeito às características individuais. (FERREIRA, 2011, p.91) Já Chiavenato (2010, p.488), também salienta que o clima organizacional é fator crucial para determinação da qualidade de vida no trabalho, e não somente as características individuais ou organizacionais, mas sobretudo pela junção dessas. O conceito de clima organizacional representa o quadro mais amplo da influência ambiental sobre a motivação. O clima organizacional é a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos participantes da organização e que influencia o seu comportamento. O ambiente organizacional apresenta certas propriedades que podem provocar motivação para determinados comportamentos. (CHIAVENATO, 2003, p.539) Chiavenato (2010, p.487), afirma que a qualidade de vida no trabalho é representada pelo grau de satisfação das necessidades pessoais que o colaborador é capaz de realizar através do seu trabalho na organização em que está inserido, assim as necessidades humanas acabam variando entre a cultura de cada colaborador e a organização em que ele participa. Em seu estudo França (1996, p.143), enfatiza que a “qualidade de vida no trabalho é o conjunto das ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho”. As conceituações sobre o tema não têm um consenso entre os autores pesquisados, abordando de maneira geral o bem-estar do trabalhador, as suas motivações e a satisfação com o trabalho, defendendo interesses do colaborador e organização em uma ação recíproca de qualidade e produtividade por parte do trabalhador. França (1996, p.146), afirma ainda que “a construção da qualidade de 26 vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olham as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial”, pensamento compartilhado por Maximiano (2000 apud ROCHA, 2012, p.36), que diz que “o enfoque biopsicossocial das pessoas origina-se da medicina psicossomática, que propõe a visão integrada, ou holística, do ser humano”. Portanto a qualidade de vida no trabalho envolve fatores para que se excluam ou ao menos minimizem condições de mal-estar, que adoecem os trabalhadores e que acabam adoecendo a organização como um todo. Ferreira (2011, p. 91), afirma que “quando o mal-estar é presença predominante, coloca em risco a saúde. Logo, é a felicidade que é sequestrada e o sentido humano do trabalho que se esvai, combater o mal-estar no trabalho é um imperativo ético permanente e uma tarefa coletiva pra ontem’’. Quadro 3- Fatores que Envolvem a Qualidade de Vida no Trabalho. Componentes 1. Satisfação com o trabalho executado. 2. As possibilidades de futuro na organização. 3. O reconhecimento pelos resultados alcançados. 4. O salário percebido. 5. Os benefícios auferidos. 6. O relacionamento humano dentro da equipe e da organização. 7. O ambiente psicológico e físico do trabalho. 8. A liberdade de atuar e responsabilidade de tomar decisões. 9. As responsabilidades de estar engajado e de participar ativamente. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2010, p.487-488) A qualidade de vida no trabalho vai depender de como, e em qual nível esses fatores estão sendo oferecidos pela organização e captados pelos trabalhadores, ou seja, o quanto eles estão satisfeitos com o modo em que a organização aborda cada fator. 27 3.2.2 Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho Ao longo do tempo vários autores apresentam modelos de qualidade de vida no trabalho, dentre os mais importantes estão os modelos de Nadler e Lawler, de Hackman e Oldham e o de Walton citados por Amorim (2010, p. 38) e Chiavenato (2010, p.488), sendo que o de Walton foi citado como o mais amplo e importante também por França (1996, p.194), Oliveira (2006, p.14) e Warken (2009, p.22). Os modelos em si, demonstram fatores e dimensões de aferição da qualidade de vida no trabalho. Os modelos elencados são pesquisas que não diferem umas das outras em seu contexto geral, diferenciando apenas nomenclaturas e quantidades de fatores e dimensões, mas cruciais para a investigação da qualidade de vida no trabalho. 3.2.2.1 Modelo de Nadler e Lawler O modelo de Nadler e Lawler (1983 apud CHIAVENATO, 2010, p. 489), apresenta os seguintes fatores e dimensões: Quadro 4- Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Nadler e Lawler. Fatores Dimensões 1. Tomada de decisão. Participação dos trabalhadores na tomada de decisões. 2. Reestruturação do trabalho. Através do enriquecimento das tarefas e de grupos autônomos de trabalho. 3. Inovação no sistema de recompensas. Para que haja uma influência no clima organizacional. 4. Melhoria no ambiente de trabalho. Quanto as condições físicas e psicológicas, horário de trabalho entre outros. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2010, p.489) O modelo apresentado valoriza a natureza do trabalho, oferecendo meios de enriquecimento dos valores intrínsecos de cada pessoa, que acabam produzindo a satisfação no cargo, e motivando as pessoas para o trabalho, pelosimples fato dos 28 trabalhadores buscarem a valorização do empenho em que desempenham suas tarefas conforme as atribuições de cada cargo. 3.2.2.2 Modelo de Hackman e Oldham Hackman e Oldham (1975 apud CHIAVENATO, 2010, p.489), utilizaram um modelo de pesquisa baseado nas características do cargo para aferir o grau de satisfação e motivação interna, pois, para eles as dimensões do cargo influenciam os resultados pessoais e de trabalho, influenciando a qualidade de vida no trabalho. Quadro 5- Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Hackman e Oldham. Fatores Dimensões 1. Variedade de habilidades. O cargo deve requerer várias e diferentes habilidades, conhecimentos e competências das pessoas. 2. Identidade da tarefa. O trabalho deve ser realizado do início ao fim, para que a pessoa possa perceber que produz um resultado palpável. 3. Significado da tarefa. A pessoa deve ter uma clara percepção de como o seu trabalho produz consequências e impactos sobre o trabalho das outras. 4. Autonomia. A pessoa deve ter responsabilidade e independência para planejar e executar as tarefas. 5. Retroação do próprio trabalho. A tarefa deve proporcionar feedback, para auto avaliação do desempenho. 6. Retroação extrínseca. Deve haver um retorno proporcionado pelos superiores hierárquicos ou clientes sobre o desempenho na tarefa. 7. Inter-relacionamento. A tarefa precisa oferecer contato interpessoal com outras pessoas, sejam internas ou externas. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2010, p.489) Esse modelo descreve principalmente que os resultados variam de acordo com tipo de percepção, e o estado psicológico em que o trabalhador se encontra, em relação a cada dimensão apresentada. 29 3.2.2.3 Modelo de Walton Walton (1975 apud FRANÇA, 1996, p.164), em seu estudo ele evidencia fatores objetivos e subjetivos de compensação, sinalizando aspectos físicos, sociais, mentais, comunitário e a contribuição das teorias de desenvolvimento humano, evidenciando a Hierarquia das Necessidades de Maslow. Quadro 6- Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Walton. Fatores Dimensões 1. Compensação justa e adequada. 1. Renda (salário) adequado ao trabalho. 2. Equidade interna (compatibilidade interna). 3. Equidade externa (compatibilidade externa). 2. Condições de segurança e saúde do trabalho. 4. Jornada de Trabalho. 5. Ambiente Físico (seguro e saudável). 3. Utilização e desenvolvimento de trabalho. 6. Autonomia. 7. Significado da tarefa. 8. Identidade da tarefa. 9. Variedade de habilidades. 10. Retroação e retroinformação. 4. Oportunidade de crescimento e segurança. 11. Possibilidades de carreira. 12. Crescimento profissional. 13. Segurança do emprego. 5. Integração social na organização. 14. Igualdade de oportunidades. 15. Relacionamentos interpessoais e grupais. 16. Senso comunitário. 6 Garantias constitucionais. 17. Respeito às leis e direitos trabalhistas. 18. Privacidade pessoal. 19. Liberdade de expressão. 20. Normas e rotinas claras da organização. 7. Trabalho e espaço total de vida. 21. Papel balanceado do trabalho na vida pessoal. 8. Relevância social da vida no trabalho. 22. Imagem da empresa. 23. Responsabilidade social pelos produtos/serviços. 24. Responsabilidade social pelos empregados. Fonte: Adaptado de Walton (1975 apud FRANÇA, 1996, p. 165-166) 30 Por este modelo os fatores e dimensões apresentados, são critérios preponderantes para determinar o nível de satisfação dos funcionários de qualquer organização, repercutindo no desempenho de cada um. 3.2.3 Qualidade de Vida no Setor Público A qualidade de vida no trabalho no setor público é uma incógnita, pois é difícil implantá-la em sua totalidade em locais e com pessoas tão distintas dadas as barreiras territoriais, sociais e culturais de região para região. Para dizer o óbvio: o setor público brasileiro é heterogêneo e diversificado. Tal obviedade ilustra a dificuldade em se abordar esse segmento no Brasil no campo da qualidade de vida no trabalho. O servidor público de um município pequeno do interior do Brasil e o servidor público federal de um dos órgãos dos poderes da república tem, regra geral, perfis profissionais muito distintos. Do mesmo modo, os perfis organizacionais do contexto de trabalho onde ambos atuam em termos gerais são também bem distintos, por exemplo, as condições de trabalho. (FERREIRA, 2011, p.277) Como se não bastasse tudo isso ainda temos o crivo legal, que impossibilita a grande maioria das ações necessárias para a implementação da qualidade de vida no trabalho, como orçamentos reduzidos para oferecer salários mais adequados, as regras de licitação que fazem com que os materiais necessários para se fazer o trabalho sejam adquiridos conforme o preço e não pela qualidade, pois na maioria das vezes o barato acaba saindo caro, gerando um serviço de má qualidade e gerando insatisfações tanto para os usuários do serviço quanto para o servidor. A aplicação da qualidade de vida no trabalho na administração pública é capaz de preencher uma lacuna verificada, ao longo dos anos, no nível de tratamento oferecido ao servidor público relativa à valorização do seu trabalho e preocupação com o seu bem-estar e o de sua família. O gestor público tem maior dificuldade em desenvolver seu processo de gestão e decisão, pois se encontra constantemente preso às amarras legais, como limites de investimentos estabelecidos no orçamento, licitação, estrutura de cargos e carreira dos servidores, dentre outros. (AMORIM, 2010, p.38) Contudo, Ferreira (2011, p.261-263), estabelece que algumas ações são passíveis de se estruturar para a implantação de uma melhoria na qualidade de vida no trabalho no setor público, onde a Organização, os Gestores, e os Servidores precisam assumir responsabilidades. 31 3.2.3.1 Responsabilidades Organizacionais Estabelecer as competências de gestão e promover a capacitação e o desenvolvimento gerencial; são ações que ajudam a desenvolver a cultura organizacional e o bem-estar coletivo. A descentralização da tomada de decisão traz um sentimento de corresponsabilidade entre os stakeholders envolvidos, buscando o comprometimento de dirigentes em todos os níveis hierárquicos, bem como todos os servidores com a política de qualidade de vida no trabalho. Promover o reconhecimento e o crescimento profissional; sempre com base na meritocracia, incentivos, impessoalidade e em oportunidades isonômicas acabam se tornando premissas que promovem a qualidade de vida no trabalho. A comunicação interna, a disseminação, a disponibilização e a transparência de informações entre as áreas, os trabalhadores e gestores, melhoraram a imagem institucional, principalmente com a divulgação da missão, e dos resultados alcançados pela instituição em benefício da sociedade Garantir condições físicas de trabalho adequadas e suficientes para todos os que trabalham na instituição; tanto na sede quanto nas unidades externas, estimulam a promoção e o desenvolvimento de atitudes de cooperação entre os trabalhadores e os superiores, esse equilíbrio entre as atividades profissionais, ajudam a melhorar a saúde e a vida pessoal dos trabalhadores. 3.2.3.2 Responsabilidades dos Gestores Para Ferreira (2011, p.262), os gestores devem ser agentes promotoresda qualidade de vida no trabalho no contexto organizacional; e promover uma gestão transparente, participativa e isonômica, Comunicando-se de forma clara e objetiva com os servidores e pares, pautando a postura gerencial com base no diálogo e, sobretudo, na habilidade de saber ouvir as contribuições dos servidores, reconhecendo os resultados da equipe, e valorizando as contribuições individuais. Essas ações acabam fazendo com que o servidor se sinta valorizado, e promove também a equidade dentro do setor de trabalho, refletindo em um ambiente mais saudável e humanizando o clima organizacional, trazendo um ganho significativo na qualidade dos serviços prestados. 32 3.2.3.3 Responsabilidades dos Servidores Ferreira (2011, p.263), afirma que os servidores precisam atuar com cordialidade e contribuir para criação do clima de confiança e cooperação na equipe, assumindo também responsabilidades na promoção da qualidade de vida no trabalho no contexto organizacional, e corresponsabilidades pelo seu próprio desenvolvimento, buscando o aprimoramento de suas competências profissionais e o seu crescimento pessoal em complemento às ações promovidas pela instituição, e compartilhando os conhecimentos adquiridos com outros membros da equipe, sendo proativo, propondo melhorias em relação às atividades e processos de trabalho. As ações citadas, apenas vem afirmar que a qualidade de vida no trabalho só será bem sucedida se houver o estreitamento do relacionamento entre clientes e gestores internos, e que as ações devem ter um sincronismo de objetivos e ideais para que se possa pensar em qualidade de vida no trabalho, assim sendo não depende exclusivamente de um ou de outro, mas sim das ações conjuntas entre os mesmos, afim de priorizar tal tema. No que se refere principalmente ao setor público, onde a grande maioria dos servidores recebem baixos salários, torna-se primordial as ações dos gestores em fomentar uma gestão inovadora baseada em ações motivacionais mais consistentes, a fim de diminuir a insatisfação dos seus subordinados, pois, já que não depende dos chefes imediatos aumentarem ou não os salários dos servidores, saber desenvolver a empatia faz com os seus subordinados percebam a preocupação dos mesmos, sabemos que é difícil motivar pessoas que ganham pouco, e não têm as melhores condições de trabalho, porém é primordial tentar fazer do seu ambiente de trabalho o melhor clima possível, e com pessoas que se relacionam bem, e sabem a importância do seu trabalho para a sociedade. E sabendo respeitar as limitações de cada um e principalmente aceitar a diversidades, sejam elas, sociais, étnicas, religiosas, e qualquer outra que por ventura possa existir dentro do ambiente de trabalho, ajuda na promoção de um bom clima organizacional, ou seja, esses passos são fundamentais para a melhoria do trabalho esses são apenas alguns passos em busca da melhoria da qualidade de vida no trabalho no setor público. 33 4 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ESTUDO Neste capítulo, serão apresentados os resultados do estudo sobre qualidade de vida no trabalho realizado junto aos integrantes da Guarda Municipal de Corumbá-MS, e a análise dos resultados baseado na literatura apresentada no decorrer deste trabalho. 4.1 Perfil do Guarda Municipal O gráfico abaixo demonstra que dos 181 Guardas Municipais pesquisados, que a grande maioria tem entre 26 e 41 anos, representando 65,75% em percentual agregado das faixas etárias correspondentes. Que se distribuíram da seguinte forma: 6,08% estão entre 18 e 25 anos, 30,39% estão entre 26 e 33 anos, 35,36% estão entre 34 e 41 anos, representando a maioria dos pesquisados, 20,44% estão entre 42 e 49 anos, e 7,73% está com 50 anos ou mais. Gráfico 1-Faixa Etária 18 à 25 anos 26 à 33 anos 34 à 41 anos 42 à 49 anos 50 anos ou mais 100,00% 6,08% 30,39% 35,36% 20,44% 7,73% 181 11 55 64 37 14 11 55 64 37 14 6,08% 30,39% 35,36% 20,44% 7,73% 0 10 20 30 40 50 60 70 Fonte: O Autor O gráfico a seguir demonstra que em sua maioria absoluta o gênero dos respondentes é representado por 87,29% do sexo masculino, e de 12,71% do gênero feminino, percentuais que refletem o tipo de serviço prestado, pois o cargo de Guarda Municipal é considerado um cargo tradicionalmente masculino. 34 Gráfico 2- Gênero Masculino Feminino 100,00% 87,29% 12,71% 181 158 23 158 23 87,29% 12,71% 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Fonte: O Autor O estado civil dos Guardas Municipais, é representado no Gráfico 3, como sendo 24,31% de solteiros, 61,33% como sendo a maioria absoluta de casados, nenhum se declarou viúvo, 0,55% de separados, 2,76% se declarou divorciado e 11,05% como outros. Gráfico 3-Estado Civil Solteiro (a) Casado (a) Viúvo (a) Separado (a) Divorciado (a) Outros. 100,00% 24,31% 61,33% 0% 0,55% 2,76% 11,05% 181 44 111 0 1 5 20 44 111 0 1 5 20 24,31% 61,33% 0% 0,55% 2,76% 11,05% 0 20 40 60 80 100 120 Estado Civil Fonte: O Autor O nível de escolaridade é distribuído no gráfico abaixo, como sendo 3.32% com o ensino fundamental incompleto, 4,97% com o ensino fundamental completo, 4,42% com o ensino médio incompleto, 42,54% representando a maioria dos Guardas Municipais com ensino médio completo, 26,52% com o ensino superior 35 incompleto, 18,23% se declarou com o ensino superior completo e nenhum respondente como sendo outros, para a esta pergunta chama a atenção o percentual agregado dos Guardas Municipais que concluíram ou estão concluindo algum curso superior, atingindo assim 44,75%, o que demonstra que os mesmos continuam buscando qualificação. Gráfico 4-Nível de Escolaridade Ensino Fundamental Incompleto Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Ensino Superior Incompleto Ensino Superior Completo Outros 100,00% 3,31% 4,97% 4,42% 42,54% 26,52% 18,23% 0,00% 181 6 9 8 77 48 33 0 6 9 8 77 48 33 0 3,32% 4,97% 4,42% 42,54% 26,52% 18,23% 0,00% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Fonte: O Autor Para a pregunta sobre o número de filho(s) o Gráfico 5, demonstra que 20,44% dos respondentes não tem filho(s), 21,55% tem pelo menos 1 filho, 27,07% tem dois filhos, sendo assim a maioria dos respondentes, 13,26% tem 3 filhos, 9,94% tem 4 filhos e 7,73% se declarou como tendo 5 ou mais filhos. Gráfico 5-Número de Filho (s) 0 1 2 3 4 5 ou Mais 100,00% 20,44% 21,55% 27,07% 13,26% 9,94% 7,73% 181 37 39 49 24 18 14 37 39 49 24 18 14 20,44% 21,55% 27,07% 13,26% 9,94% 7,73% 0 10 20 30 40 50 60 Fonte: O Autor 36 O tempo de serviço é representado por 11,05% com menos de 1 ano, 7,18% entre 1 e 5 anos, a maioria com 51,38% tem entre 5 e 10 anos, 20,44% tem entre 10 e 15 anos e 9,94% tem 15 anos ou mais de serviço na Guarda Municipal como demonstra o gráfico abaixo, o que revela que os Guardas Municipais detêm grande experiência no trabalho executado e teriam totais condições em agregar compartilhando, valor e conhecimento aos entrantes na carreira. Gráfico 6-Tempo de Serviço na Guarda Municipal de Corumbá Menos de 1 ano 1 à 5 anos 5 à 10 anos 10 à 15 anos 15 anos ou mais 100,00% 11,05% 7,18% 51,38% 20,44% 9,94% 181 20 13 93 37 18 20 13 93 37 18 11,05% 7,18% 51,38% 20,44% 9,95% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Fonte: O Autor Com os resultadosobtidos com a pesquisa, o perfil geral dos Guardas Municipais constitui em sua maioria de homens (87,29%), entre 34 e 41 anos (35,36%), casados (61,33%), com 2 filhos (27,07%), com ensino médio completo (42,54%) e entre 5 e 10 anos de serviço (51,38%). 4.2 Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho Baseado no Modelo de Walton Dos 181 Guardas Municipais pesquisados, 20 foram excluídos desta fase da pesquisa, por terem pouco tempo de serviço e ainda não terem a real percepção do trabalho, evitando assim influência no resultado da pesquisa, a seguir serão demonstrados os resultados de cada pergunta feita, e com base nas mesmas, será feita a avaliação de cada fator proposto por Walton, assim sendo em cada tabela será dado ênfase ao agrupamento das respostas para oferecer o nível de satisfação à cada dimensão do fator em estudo. 37 4.2.1 Condições de Segurança e Saúde no Trabalho Este fator representa para Walton (1975 apud FRANÇA, 1996, p. 165-166), dimensões referentes à jornada de trabalho e ambiente físico (seguro e saudável), para Nadler e Lawler (1983, apud CHIAVENATO, 2010, p. 489), este fator é diferenciado apenas pela sua nomenclatura denominado de Melhoria no Ambiente de Trabalho, abordando assim as mesmas dimensões mais a dimensão psicológica, as tabelas de 1 à 5 representam os resultados para este fator. A tabela abaixo revela que 63,35% dos 161 respondentes disseram estar insatisfeito ou muito insatisfeito com sua jornada de trabalho, 10,56% responderam estar indiferentes, e 26,09% responderam estar satisfeitos ou muito satisfeitos, estes resultados revelam que existe uma sobrecarga de trabalho a que os servidores estão se submetendo, pois em observação foi levantado que esta a maneira dos mesmos conseguirem melhorar a sua remuneração. Tabela 1- O quanto você está satisfeito com sua jornada de trabalho? Frequência (%) (%) Agrupada Muito Insatisfeito 31 19,25% 63,35% Insatisfeito 71 44,10% Indiferente 17 10,56% 10,56% Satisfeito 39 24,22% 26,09% Muito Satisfeito 3 1,86% Total 161 100,00% 100,00% Fonte: O Autor A Tabela 2 demonstra que 75,16% dos respondentes possuem algum nível de insatisfação no que se refere as possíveis doenças relacionadas ao trabalho, 11,80% estão indiferentes à elas, e 13,04% possui algum nível de satisfação, estes resultados acabam sendo condicionados à questão anterior que nos revelou uma sobrecarga de trabalho na instituição, em atenção a este alto índice de insatisfação quando questionados que tipos de problemas eles teriam, responderam: cansaço, estresse, dores de cabeça, distúrbios do sono, e medo entre outros. 38 Tabela 2- Em relação às possíveis doenças (estresse, cansaço e outros), que o trabalho possa lhe causar, como você se sente? Frequência (%) (%) Agrupada Muito Insatisfeito 32 19,88% 75,16% Insatisfeito 89 55,28% Indiferente 19 11,80% 11,80% Satisfeito 21 13,04% 13,04% Muito Satisfeito 0 0,00% Total 161 100,00% 100,00% Fonte: O Autor A seguir é demonstrado pela Tabela 3 que 64,60% dos Guardas Municipais responderam estar com algum nível de insatisfação diante das condições do ambiente físico de trabalho, 10,56% se declararam indiferentes, e 24,84% estão satisfeitos com seu ambiente físico de trabalho, este alto índice é principalmente em relação ao ambiente do posto de serviço (escolas, postos de saúde, e outros), pois em conversa acabaram revelando que em muitos lugares não existem condições mínimas de trabalho, tais como: banheiro adequado, limpeza externa, muros baixos, água e iluminação precárias, falta de acesso a um telefone em caso de urgência, entre outros. Tabela 3- O quanto você está satisfeito com suas condições de trabalho, em relação ao ambiente físico (é seguro, é saudável)? Frequência (%) (%) Agrupada Muito Insatisfeito 32 19,88% 64,60% Insatisfeito 72 44,72% Indiferente 17 10,56% 10,56% Satisfeito 40 24,84% 24,84% Muito Satisfeito 0 0,00% Total 161 100,00% 100,00% Fonte: O Autor A tabela a seguir apresenta o nível de satisfação referente ao tratamento dado pelos gestores dos seus respectivos postos de serviço, onde 44,10% dos respondentes disseram estar insatisfeito ou muito insatisfeito com o tratamento recebido, 13,04% se declararam indiferentes a questão apresentada, e 42,86% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento recebido esta questão reflete 39 no resultado da questão anterior, pois as condições de trabalho no posto de serviço é de responsabilidade dos gestores dos respectivos postos de trabalho. Tabela 4- O quanto você está satisfeito com o nível de tratamento dado pelos responsáveis do seu posto de trabalho em relação à você? Frequência (%) (%) Agrupada Muito Insatisfeito 25 15,53% 44,10% Insatisfeito 46 28,57% Indiferente 21 13,04% 13,04% Satisfeito 65 40,37% 42,86% Muito Satisfeito 4 2,48% Total 161 100,00% 100,00% Fonte: O Autor A seguir é apresentado os resultados pela Tabela 5 da última variável pesquisada referente a este fator, assim sendo foi perguntado sobre a saúde do Guarda Municipal em relação ao seu trabalho, onde 52,17% responderam estar com algum nível de insatisfação a problemas de saúde causados ou agravados pelo trabalho, 22,98% responderam estar indiferentes à questão, e 24,84% disseram estar satisfeitos ou muito satisfeitos os resultados obtidos acabam sendo reflexo da carga horária excessiva em busca de uma melhor remuneração. Tabela 5- Como você se sente em relação a sua saúde, você teve algum problema que o trabalho possa lhe ter causado ou agravado? Frequência (%) (%) Agrupada Muito Insatisfeito 18 11,18% 52,17% Insatisfeito 66 40,99% Indiferente 37 22,98% 22,98% Satisfeito 38 23,60% 24,84% Muito Satisfeito 2 1,24% Total 161 100,00% 100,00% Fonte: O Autor Com base nos resultados para o fator Condições de Segurança e Saúde no Trabalho, e no conteúdo apresentado durante esta pesquisa, as dimensões: jornada de trabalho, ambiente físico (seguro e saudável) e psicológicas, afetam extremamente o bem-estar do Guarda Municipal, pois ficou evidenciado que o grau 40 de insatisfação para este fator se mostrou significativamente elevado pois, 63,35% estão insatisfeitos com sua jornada de trabalho, a considerando excessiva, 75,16% estão insatisfeitos com a possibilidade das atividades causarem estresse, cansaço e outros problemas à sua saúde, 64,60% estão insatisfeitos com seu ambiente físico de trabalho afirmando não serem seguros e saudáveis, 44,10% se sentem afetados psicologicamente com o tratamento recebido pelos responsáveis no seu posto de trabalho e 52,17% estão insatisfeitos com sua saúde afirmando terem problemas agravados ou causados pelo seu serviço. 4.2.2 Utilização e Desenvolvimento no Trabalho da Guarda Municipal Este fator é representado segundo Walton (1975 apud FRANÇA, 1996, p. 165-166), por dimensões relacionadas a autonomia, o significado da tarefa, a identidade da tarefa, a variabilidade de habilidades, a retroação e a retroinformação. Já Hackman e Oldham (1975, apud CHIAVENATO, 2010, p.489), tratam essas dimensões separadamente como sendo fatores influenciadores da satisfação e motivação interna, e Nadler e Lawler (1983, apud CHIAVENATO, 2010, p.489), diferencia o seu estudo somente na nomenclatura deste fator, descrito por eles como sendo a Restruturação do trabalho, abordando praticamente as mesmas dimensões onde as tabelas de 6 à 8 representam os resultados para este fator. O
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