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Fisioterapia na Artrite Reumatóide Profa. Angélica Tenório UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA DISCIPLINA: FISIOT. APLIC. À REUMATOLOGIA Artrite Reumatóide (AR) Doença autoimune, caracterizada por poliartrite periférica e simétrica, que leva a deformidade e destruição das articulações em virtude de erosões ósseas e da cartilagem. Quando se apresenta antes dos 16 anos de idade, é denominada artrite reumatóide juvenil (ARJ). •A AR acomete cerca de 1% da população. •Afeta mulheres duas a três vezes mais do que homens. •Prevalência aumenta com a idade, sendo mais frequente entre 40 e 50 anos. Epidemiologia Etiologia Não está totalmente esclarecida. Multifatorial. •Fatores genéticos: Maior propensão ao aumento de alguns antígenos, como o HLA-DR4. •Fatores ambientais: Vírus Epistein-Barr. •Fatores hormonais: Hormônios femininos. •Fatores imunológicos. A AR caracteriza-se por Inflamação crônica da Membrana sinovial Células infl. e enzimas migram para a sinóvia e formam infiltrado inflamatório: Pannus. aumento do volume articular, erosões ósseas, degradação da cartilagem, enfraquecimento de ligamentos, tendões e capsula articular Estímulo antigênico Lib. de mediadores pró-inflamatórios Fisiopatologia •Manifestações articulares; •Manifestações peri-articulares; •Manifestações extra-articulares Quadro clínico Manifestações articulares: Poliartrite simétrica. Evolui progressivamente. •Dor; •Aumento do volume articular (corresponde ao pannus); •Rigidez articular matinal; •Deformidades. Articulações mais acometidas: •Mãos (MCF e IFP); •Punhos; •Joelhos; •Ombros; •Tornozelos. •Deformidades articulares: Manifestações periarticulares: •Nódulos reumatóides •Mialgias •Osteopenia •Tendinites e tenossinovites •Rupturas tendíneas •Compressões neurais: síndrome do T. carpo Manifestações extra-articulares: •Astenia e febre •Alterações hematológicas: anemia •Vasculites •Ceratoconjuntivite seca •Pericardite •Pleurite Diagnóstico •Sintomas e sinais clínicos (*) •Achados laboratoriais •Alterações radiológicas Apresentar pelo menos 4 dos 7 critérios: 1.Rigidez articular matinal (durando pelo menos 1 hora); 2.Artrite de três ou mais áreas articulares; 3. Artrite de articulações das mãos e punhos; 4.Artrite simétrica; 5.Nódulos reumatóides; 6.Fator reumatoide (FR) sérico; 7.Alterações radiográficas: erosões ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos. Os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por pelo menos seis semanas. Critérios clínicos e laboratoriais (Colégio Americano de Reumatologia): Achados laboratoriais •Hemograma: Pode apresentar anemia •Velocidade de hemossedimentação (VHS), Alfa-1- glicoproteína ácida e Proteína C reativa (PCR): Aumentados na inflamação ativa. •Fator reumatóide: Imunoglobulina presente no soro em cerca de 80% dos pacientes com AR. •Outros auto-anticorpos podem estar presentes. •Aumento de partes moles; •Osteopenia / Osteoporose; •Redução do espaço articular; •Erosões ósseas; •Anquilose; •Cistos sinoviais; •Sub-luxações e luxações; •Deformidades articulares. Alterações radiológicas Tratamento Abordagem multidisciplinar. FARMACOLÓGICO: •AINH •Corticosteróides •Drogas modificadoras da doença - Ex: hidroxicloroquina, metotrexano •Agentes biológicos (modificam a resposta biológica) – Ex: Rituximabe CIRÚRGICO: •Sinovectomia •Artrodeses •Artroplastias FISIOTERAPIA CASO CLÍNICO - Avaliação •Paciente: M.A.J., 45 anos, sexo feminino, diagnóstico de AR há 10 anos; Q.P.- Dor e limitação de movimentos em punhos e mãos, joelhos e tornozelos. No momento, maior queixa em mãos e punhos. Identificamos: Diagnóstico médico / doença / estruturas do corpo acometidas •Localização específica da dor CASO CLÍNICO - Avaliação •Dor nos punhos e mãos: EVA= 8 (Direita) e 6 (Esquerda) Latejante, com rigidez matinal, piora no frio e aos movimentos, acompanhada de parestesia na mão direita. Melhora com compressa quente, repouso e anti- inflamatórios. •Dor nos Joelhos: EVA= 4 (Dir. e Esq.) Profunda, com rigidez matinal, piora ao caminhar muito e subir degraus e melhora = as demais articulações. •Dor nos tornozelos EVA= 4 (Dir.) e 3 (Esq.). Características = aos joelhos. •Queixa funcional: -Dificuldade para segurar utensílios de cozinha, e realizar força com as mãos. Prejudica atividades do lar; -Dificuldade para andar distâncias médias e subir degraus. •Participação social prejudicada: -Deslocar-se sozinha para o centro da cidade; para subir no ônibus e segurar-se nos apoios; -Sente vergonha por causa das deformidades nas mãos. •HDA: - Há cerca de 12 anos começou a sentir dor acompanhada de edema e calor nas mãos. Fazia uso de anti- inflamatórios. Há 10 anos: diagnóstico de AR por reumatologista. Dor nos joelhos e tornozelos iniciou há cerca de 3 anos. Realiza tratamento com corticosteroides e anti-inflamatórios (este nas crises). Já realizou fisioterapia (TENS e exercícios), com alívio momentâneo dos sintomas. As dificuldades para uso das mãos têm piorado muito e surgiram deformidades, que estão aumentando. Os joelhos e tornozelos têm inchado com maior frequência. Também apresenta anemia e fadiga. •HPP: Hipertensa controlada com medicamentos. •Uso dedicamentos: Captopril (25 mg) para HAS; Corticosteróides (Prednisona) para AR. •História familiar: Mãe tem AR, HAS e diabetes. •Hábitos sociais: Não realiza atividade física. Gosta de dançar, mas evita por causa da dor nos MMII. •Nível de atividade: - Tarefas que consegue fazer (independente ou sem dor): Tarefas de higiene, vestimenta e alimentação em geral, deslocamentos curtos. -Tarefas que quase consegue fazer (ou realiza com dor): Cozinhar (faz com dificuldade), deslocamentos pela rua a pé ou de ônibus (dor e medo de cair). -Tarefas que não consegue fazer: Atividades domésticas de mais esforço (lavar roupas, faxina) Identificamos: Comprometimentos no Nível de atividade e participação social •Avaliação física: Sinais vitais sem alteração. INSPEÇÃO: Punhos e dedos com desvio ulnar e aumento de volume nas IFP (pior à dir.); Hipotrofia mm. região palmar Aumento de volume articular do joelho direito; Geno valgo moderado (bilateralmente); Pés e tornozelos apresentam hálux valgo e edema perimaleolar no tornozelo Dir. -Postura: Discreto aumento da cifose torácica, geno valgo e hálux valgo (bilateral). -Marcha: Apoio unipodal reduzido sobre o MID, pouca dissociação de cinturas. •PALPAÇÃO: -Calor em punhos e mãos, edema duro em punhos e IFP (espessamento tecidual); -Aumento de tensão muscular nos flexores do punho; -Dor à palpação dos punhos (fáscia palmar); -Edema duro em joelho e tornozelo (direitos); -Dor à palpação perimaleolar (tornozelo dir.); -Trigger points em flexores do punho (dir. e esq.) - cotovelos sem alteração •FORÇA MUSCULAR: -Flexores do punho = 4 -Extensores do punho = 4 -Déficit de preensão e pinças -Quadríceps = 4 (dir.). Demais sem grupos musc. sem alt. •ADM: Déficit de flexão e abdução dos dedos; flexão e extensãodos punhos (últimos graus); Dorsiflexão do tornozelo (últimos graus). •Testes neurológicos sem alteração, apesar de referir parestesia nas mãos em algumas atividades domésticas. •Teste especiais: -Teste de Phalen: Não foi possível realizar devido a dor ao posicionamento. -Teste de Tinel (-) -Instabilidade do punho (stress +) -Fundo de saco (joelho): (+) -Sinal da tecla (-) -Stress em valgo (-) -Instabilidade do tornozelo (-) •Exames complementares: -Raios-x de punhos e mãos: Diminuição do espaço articular dos punhos (bilateral) Desvio ulnar dos metacarpos (pior à direita) Aumento de volume articular das IFP -Joelhos: Valgo bilateral, aumento de partes moles em região suprapatelar -Tornozelos Hálux valgo bilateral, aumento de volume de partes moles perimaleolar. Laboratorial: Fator reumatoide (-) Instrumento de avaliação da funcionalidade Diagnóstico cinesiológico funcional •Paciente com AR, acometendo mãos, punhos, tornozelos e joelhos; com dor e prejuízos à mobilidade, estabilidade e sensibilidade das mãos e punhos, além de dor e hipomobilidade em tornozelos e joelhos; comprometimento funcional moderado para atividades domésticas e prejuízos à independência na mobilidade urbana e lazer. •Hipótese: - Provável destruição de estruturas articulares decorrentes de processo inflamatório crônico em punhos e mãos, levando a deformidades em desvio ulnar acompanhado de encurtamento muscular em flexores do punho e hipotrofia em mm. intrínsecos das mãos. Resulta em prejuízos funcionais (atividades com movimentos finos e força). - Provável sinovite crônica em joelhos e tornozelos, levando a aquisição de posturas antálgicas e assimetrias em joelhos e tornozelos, relacionadas com desequilíbrio muscular. Resulta em prejuízos à propriocepção e descarga de peso irregular durante a marcha. •Objetivos? •Condutas ? -Recursos anti-inflamatórios? -Recursos manuais ? -Cinesioterapia ? -Órteses ? -Recursos especiais ? -Orientações para casa ? -Contra-indicações e Precauções ? Atenção!!! Precauções devido às instabilidades; Evitar compensações; Respeitar o estágio inflamatório; Progredir gradualmente; Equilíbrio entre repouso articular e mobilização. Referências •BÉRTOLO, M.B. et al. Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite Reumatoide. Temas de Reumatologia clínica , vol. 10, Nº 1, 2009. •CHIARELLO, B; DRIUSSO, P; RADL, A. Fisioterapia Reumatológica. Manole, 2005. •SILVA, R. G., et al. Artrite reumatóide – Como diagnosticar e tratar. Rev. Bras. Med. , vol. 60, nº 8, 2003. •WIBELINGER, L M. Fisioterapia em Reumatologia. Revinter, 2009.
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