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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/304989394 O uso do método fenomenográfico na pesquisa científica em Administração no Brasil Conference Paper · June 2016 CITATIONS 0 READS 207 2 authors: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: The Ethics In Practice Is Something Else – Understanding The Moral Dilemmas Experienced In Public Management View project Perspectivas epistemológicas no secretariado executivo View project Fernanda Geremias Leal Universidade do Estado de Santa Catarina 38 PUBLICATIONS 29 CITATIONS SEE PROFILE Laís Silveira Santos ESAG/UDESC 19 PUBLICATIONS 17 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Fernanda Geremias Leal on 18 September 2016. The user has requested enhancement of the downloaded file. 1 O Uso do Método Fenomenográfico na Pesquisa Científica em Administração no Brasil Autoria: Fernanda Geremias Leal, Laís Silveira Santos Resumo O pressuposto de que os indivíduos, baseados em suas vivências, têm maneiras qualitativamente diferentes de experienciar fragmentos da realidade ao seu redor faz da fenomenografia um método de pesquisa qualitativa que visa à apreensão das diversas concepções acerca de um fenômeno. Ainda que originalmente vinculada à educação, essa estratégia tem sido aplicada em outros campos do conhecimento. Nesses sentido, e diante do fato de que as abordagens metodológicas em si também se constituem como fenômeno de pesquisa, torna-se relevante analisar as possibilidades e as limitações de uso do método fenomenográfico nos estudos organizacionais. Este artigo visa a caracterizar a fenomenografia e seu uso na ciência da Administração no Brasil, por meio de um delineamento descritivo e qualitativo. Realizou-se um resgate teórico da fenomenografia, bem como uma revisão sistemática das teses, das dissertações e dos artigos científicos brasileiros que fizeram uso do método. Os resultados demonstraram que os estudos fenomenográficos no referido campo iniciaram aproximadamente em 2008, com os primeiros trabalhos stricto sensu publicados a partir de 2010. A principal limitação identificada nos trabalhos analisados está relacionada à sua aplicabilidade. Mesmo assim, o presente estudo nos permitiu considerar a fenomenografia como uma abordagem com potencial significativo na busca pela compreensão dos fenômenos sociais, a partir das diferentes formas pelas quais os indivíduos os concebem, constituindo-se como estratégia complementar a outras modalidades de pesquisa no campo da Administração. Refinamentos de fenomenógrafos experientes continuam sendo necessários; entretanto, a fenomenografia se configura como um método emergente com efetivas possibilidades de aplicação dentro na administração. Palavras-chave: Fenomenografia. Método Fenomenográfico. Métodos qualitativos. 1 INTRODUÇÃO O contexto de surgimento da pesquisa qualitativa é marcado por um processo multicultural, histórico, que teve a etnografia como um de seus fundamentos. Esse aspecto abrangente se manifesta nas suas características de posturas epistemológicas, nas tensões, limites e avanços metodológicos. Nas palavras de Denzin e Lincoln (2006, p. 21), “a pesquisa qualitativa, enquanto conjunto de práticas, envolve, dentro de sua própria multiplicidade de histórias disciplinares, tensões e contradições constantes em torno do projeto propriamente dito, incluindo seus métodos e as formas que suas descobertas e suas interpretações assumem”. Schwandt (2006) reconhece como posturas epistemológicas da pesquisa qualitativa o interpretativismo, a hermenêutica filosófica e o construtivismo social, os quais enxergam seus fenômenos sociais a partir de pontos de vista por lentes diferentes, mas não antagônicas. Há, nessas três posturas, elementos em comum que garantem à pesquisa qualitativa a manutenção de sua essência, tais como a fidelidade em relação aos fenômenos, o respeito pela experiência de vida e a atenção aos detalhes do cotidiano. Contudo, o constante avanço da pesquisa qualitativa exige do pesquisador uma atenção ao rigor científico, com ética e respeito aos sujeitos ou fenômenos focalizados na investigação, com o correto uso das técnicas de coleta e análise de dados, entre outros fatores que, se desconsiderados, podem comprometer sua validação. Como bem falaram Gergen e Gergen (2006, p. 367), “não enxergamos as dúvidas e as discordâncias como as dores do parto 2 de um novo fundamento metodológico, mas, sim, como oportunidades para novas conversas e novas evoluções na prática”. Com a aproximação de novos desenvolvimentos de pesquisa, emergem técnicas e perspectivas de se trabalhar com dados qualitativos que podem contribuir para as necessidades de respostas à “crise da validade” que talvez represente a principal tensão desse campo. Para que o pesquisador qualitativo tenha um olhar mais aproximado do “todo” e para que seus resultados sejam mais confiáveis, é imprescindível que ele questione o papel da própria metodologia e dos critérios de avaliação e que ele se posicione como um “confeccionador de colchas”, que “costura, edita e reúne pedaços da realidade” (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 19). Esses desafios e avanços parecem se justificar pela “juventude” da investigação qualitativa. Dado que seu delineamento enquanto método mais formal iniciou na década de 1970, Silverman (2009) indica o desenvolvimento cada vez mais profundo deste método de investigação social, capaz inclusive de participar da criação de instituições, vistas enquanto comportamentos, e de reconstruções da realidade social. Além disso, o autor também destaca a aproximação com a pesquisa quantitativa como uma possibilidade de complementaridade entre os métodos (SILVERMAN, 2009). A partir dessas percepções, pesquisadores têm se dedicado ao estudo da abordagem em si, que também se constitui como um fenômeno de pesquisa nas ciências sociais e, mais especificamente, no campo da Administração (GERGEN; GERGEN, 2006). Esse fenômeno pode ser observado na divisão acadêmica “Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade” da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ANPAD) e em temas contemplados pelo Encontro da ANPAD (EnANPAD), como “Ontologia, Epistemologias, Teorias e Metodologias nos Estudos Organizacionais” e “Estratégias e Métodos de Pesquisa Quantitativos e Qualitativos”. Além disso, Programas de Pós-Graduação em Administração têm inserido em seus conteúdos disciplinares a discussão de novos ou não tão habituais métodos de pesquisa, como parece ser o caso da estratégia de pesquisa fenomenográfica, foco de discussão neste artigo. Em busca de discussões realizadas nos eventos da ANPAD acerca desse método, tanto em forma teórica quanto empírica, encontramos cinco artigos, sendo um exemplo recente o intitulado “Fenomenografia e a valoração do conhecimento nas organizações: Diálogo entre método e fenômeno” (CHERMAN; ROCHA-PINTO, 2015), apresentado e premiado no XXXIX EnANPAD. Inspiradas no trabalho de Cherman e Rocha-Pinto (2015) e em outros da mesma natureza, que nos possibilitaram conhecer a fenomenografia enquanto método de pesquisa qualitativa, objetivamos nesse artigo caracterizar o método fenomenográfico e suas perspectivas de uso na ciência da Administração no Brasil. Para alcançá-lo, optamos por um delineamento descritivo e qualitativo. Inicialmente, realizamos um resgate teórico do método em estudo, seguido de levantamento bibliográfico de teses e dissertações nos portais Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e Banco de Teses da CAPES, de onde foram selecionados estudos publicados na área da administração que contemplassemo método, sem restrição temporal. Em sequência, consideramos estudos empíricos que não constituíssem teses ou dissertações, mas que tivessem sido publicados em revistas científicas nacionais reconhecidas e indexadas à base de dados Spell e disponíveis nos anais dos eventos científicos da ANPAD. Esperava-se, com esses procedimentos, identificar as possibilidades de uso e desafios metodológicos do método fenomenográfico, sobretudo no contexto da Administração. 2 O MÉTODO QUALITATIVO EM EVIDÊNCIA: A FENOMENOGRAFIA 3 Desenvolvida durante a década de 1970 por um grupo de pesquisa composto por Ference Marton, Roger Säljö, Lars-Öwe Dahlgren e Lennart Svensson, no Departamento de Educação da University of Gothenburg (Suécia), a fenomenografia é um método de pesquisa qualitativa que visa à apreensão das diversas concepções dos indivíduos acerca de um fenômeno. Seu pressuposto essencial é de que os indivíduos, baseados em suas experiências e vivências, têm maneiras qualitativamente diferentes de experienciar, conceituar, perceber e compreender aspectos do mundo – concebidos como fragmentos da realidade – ao seu redor (MARTON, 1986, BOWDEN, 2000, SANTOS; SILVA, 2015, CHERMAN; ROCHA- PINTO, 2015). Trata-se, portanto, de uma pesquisa que tem como preocupação central as relações existentes entre os seres humanos e o mundo e cujo objetivo é a descrição, a análise e a compreensão das formas como as pessoas interpretam aspectos significativos da sua realidade, os quais são supostamente compartilhados entre os membros de um tipo de sociedade em particular (MARTON, 1981. 1986). Uma série de pontos positivos pode ser evidenciada nas pesquisas amparadas nesse método. Para Marton (1981, p. 178), descobrir as diferentes maneiras pelas quais as pessoas “experienciam, interpretam, entendem, apreendem, percebem ou conceituam vários aspectos da realidade”, além de ser interessante por si só, tem um significativo potencial pedagógico. Além disso, as descrições emergentes da fenomenografia são autônomas. Entretanto, alguns aspectos desfavoráveis também podem ser pontuados. Segundo Bowden (2000), a crítica à fenomenografia está principalmente relacionada à sua dificuldade de validação, à falta de poder de previsão, aos vieses dos pesquisadores e à negação da voz do indivíduo através da categorização. É relevante mencionar que o método fenomenográfico está predominantemente associado à pesquisa sobre ensino e aprendizagem, no campo da psicologia educacional (MARTON, 1986; BOWDEN, 2000). Nas palavras de Marton (1986, p. 141), “fenomenografia é uma abordagem de pesquisa projetada para responder a certas perguntas sobre o pensamento e a aprendizagem”. De acordo com Amaro e Brunstein (2011), o método foi concebido para compreender por que alguns estudantes aprendem melhor determinados conteúdos do que outros. Santos e Silva (2015, p. 2) complementam que o uso da fenomenografia no contexto da Educação “propõe um olhar mais amplo para compreender e descrever o impacto do processo de aprendizagem no aluno, por meio de suas experiências”. Como Cherman e Rocha-Pinto (2015, p. 1) realçam, “a conscientização sobre os diferentes conceitos, resultado das diversas percepções dos modos de experimentar esse fenômeno, permite sistematizar as formas de pensamento em uma estrutura lógica, inclusiva e hierárquica”. A totalidade dessas categorias descritivas - que são relacionais, experienciais, qualitativas e orientadas para o conteúdo -, nesses termos, representa uma espécie de intelecto coletivo, assim como uma ferramenta evolutiva no desenvolvimento contínuo (MARTON, 1981. 1986). 2.1 PRINCIPAIS ETAPAS Assim como nos outros tipos de pesquisa qualitativa, no caso da fenomenografia os pesquisadores precisam ter clareza dos objetivos do estudo e das estratégias que lhes permitirão alcançar os resultados em que estão interessados (BOWDEN, 2000). Poucas obras fornecem detalhes sobre suas etapas. Conforme Lopes (2012, p. 85) argumenta, apesar do desenvolvimento da fenomenografia ter iniciado na década de 1970, “somente no final da década de 1990 começou a ser desenvolvida uma literatura que descrevesse os requisitos metodológicos apropriados do método”. Marton (1986) e Bowden (2000) são dois dos autores que descrevem em termos mais concretos como ela é conduzida. De modo geral, o processo 4 engloba quatro principais etapas: planejamento, coleta, análise e interpretação dos dados. Os objetivos da pesquisa, elaborados na etapa de planejamento, devem ser articulados de modo a nortear todas as ações subsequentes do processo. A entrevista tem sido a principal fonte para a coleta de dados fenomenográficos (MARTON, 1986; SANTOS, SILVA, 2015). Segundo Marton (1986) e Bowden (2000), as perguntas em si, bem como a forma de perguntá-las, são aspectos significativos ao uso adequado da fenomenografia. Elas representam um diagnóstico, que deve revelar as maneiras qualitativamente diferentes pelas quais um fenômeno é compreendido em determinado contexto. Nesse sentido, as questões devem ser tão abertas quanto possível, para que os indivíduos tenham a liberdade de escolher as dimensões que eles desejam abordar em suas respostas, pois tais dimensões traduzem aspectos relevantes de sua estrutura e, por isso, também são consideradas dados (MARTON, 1986). Assim, os conceitos norteadores das questões não são necessariamente explicitados nelas (BOWDEN, 2000). Santos e Silva (2015), recomendam, além de entrevistas, instrumentos de coleta complementares, como: grupos de discussão; desenhos; observação; análise documental. No seu entendimento, é importante que o instrumento de coleta de dados incentive o diálogo em torno do fenômeno. Conforme Marton (1986) argumenta, não é possível especificar técnicas exatas de análise para a pesquisa fenomenográfica. Da mesma forma, não há algoritmos que permitam desvendar as maneiras qualitativamente diferentes pelas quais as pessoas conceituam um fenômeno. Com base nisso o autor descreve três etapas gerais a serem seguidas (MARTON, 1986): A primeira etapa da análise diz respeito a uma espécie de processo de seleção, feita com base em critérios de pertinência. Enunciados relevantes para a questão a ser investigada são selecionados e marcados. Na segunda etapa, o fenômeno em análise é estreitado e interpretado a partir das citações selecionadas de todas as transcrições, considerando os seus contextos. Tais citações compõem o conjunto de dados que forma a base da etapa seguinte. Na terceira etapa, a atenção do pesquisador é deslocada dos sujeitos da pesquisa para os significados embutidos em suas citações. Assim, os limites que separam os indivíduos são abandonados e o interesse passa a estar centrado no “conjunto de significados” (ou pool of meanings) descoberto nos dados. Trata-se de uma descontextualização, considerando que cada citação pertence a dois contextos: a própria entrevista e seu “conjunto de significados” (MARTON, 1986). Nesse sentido, a interpretação é um procedimento interativo, que se dá entre esses dois contextos. Como resultado do trabalho interpretativo, as citações são reunidas conforme suas similaridades em categorias (diferenciadas umas das outras em termos de discrepâncias) (MARTON, 1986), as quais são dispostas hierarquicamente (SANTOS; SILVA, 2015). O mapeamento da relação entre as concepções dá origem a o que Marton (1981, p. 198) denomina “intelecto coletivo”, um conjunto estruturado de ideias, concepções e crenças subjacentes às possíveis interpretações ou construções da realidade. Tal conjunto é continuamente aprimorado, pois novas possibilidades são continuamente acrescentadas. Uma diferença a ser destacada em relação à análise de conteúdo tradicional é que neste caso as categorias descritivas são determinadas antecipadamente. O procedimentodescrito por Marton (1986), por sua vez, requer uma análise dialética, caracterizada pela classificação e reclassificação contínua, de modo que as definições para as categorias são testadas em contraste aos dados, ajustadas, reanalisadas e ajustadas novamente. Os significados são desenvolvidos durante o processo de comparação e categorização: quando os significados das categorias começam a se formar, eles próprios determinam quais enunciados 5 devem ser incluídos ou excluídos. Portanto, “trata-se de um processo tedioso, demorado, trabalhoso e interativo” (MARTON, 1986, p. 42, tradução livre das autoras). Sobre esse último processo, Walsh (2000) argumenta que os vieses dos pesquisadores podem interferir nos resultados da pesquisa quando as categorias são extraídas dos dados. Bowden (1994) também concorda que, pelo fato de os investigadores individuais trabalharem por conta própria, sua análise pode ser fortemente influenciada pelos seus vieses no início do desenvolvimento das categorias descritivas. Até certo ponto, esse problema pode ser superado por meio do trabalho em equipe, de modo que uma série de pesquisadores – intitulados “desafiadores” (challengers) – apoie o pesquisador principal, lendo as categorias em contraste com os dados, a fim de chegar a um acordo sobre o conjunto refinado de categorias (BOWDEN, 1994; WALSH, 2000). Nas palavras de Sangberg (1995, p. 157, tradução livre das autoras): “quanto mais fiéis os pesquisadores forem em relação às concepções individuais acerca de um aspecto da realidade, mais perto eles estarão de compreender o ensino, a aprendizagem ou outros tipos de interação humana na sociedade”. A Figura 1 sintetiza as principais ações do método: Figura 1 - Principais ações do método fenomenográfico Fonte: Elaborado pelas autoras com base em MARTON, 1981. 1986, BOWDEN, 2000, CHERMAN; ROCHA- PINTO, 2015, SANTOS; SILVA, 2015. 3 A PRÁTICA DO MÉTODO EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Para alcançar o objetivo proposto, optamos por um delineamento descritivo e qualitativo. A fim de analisar a produção acadêmica sobre o método de pesquisa qualitativa em questão, a principal estratégia utilizada para a coleta de dados foi o levantamento bibliográfico das teses, dissertações e artigos científicos publicados sobre o tema no Brasil, sem restrição temporal. O levantamento das teses e dissertações foi realizado por meio dos portais Banco de Teses da CAPES, no período de 21 a 26 de fevereiro de 2016, e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, no período de 29 a 30 de março de 2016. Foram selecionados estudos publicados na área da Administração (critério 1) que tivessem indexadas uma das seguintes palavras-chaves (critério 2): fenomenografia, método fenomenográfico e estudo fenomenográfico. Apesar de não ter havido restrição temporal nas buscas, o banco de Teses da CAPES apresentou estudos relativos somente aos anos de 2011 e 2012, pois, para garantir fidedignidade dos dados disponíveis, a equipe desse portal estava realizando uma análise dos dados informados e identificando registros que, por algum motivo, não haviam sido informados de forma completa à época da sua coleta. Assim, no momento da coleta, apenas trabalhos defendidos em 2012 e 2011 estavam disponíveis. Por este motivo, estendemos nossa pesquisa para a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, que não tem essa restrição temporal. Após uma leitura prévia dos resumos, os trabalhos foram analisados na íntegra e foram selecionados aqueles que, de fato, haviam utilizado o método fenomenográfico. O levantamento resultou em 21 ocorrências de estudos strictu sensu relacionadas às palavras- Realização das entrevistas Transcrição das entrevistas Seleção das citações Interpretação das citações conforme seus contextos Organização das citações em categorias descritivas Organização das categorias descritivas no "espaço de resultados", que origina o "intelecto coletivo" 6 chaves fenomenografia, método fenomenográfico e estudo fenomenográfico (dez teses e onze dissertações, sendo três de mestrado profissional). Dessas, duas se repetiram quatro vezes, uma se repetiu três vezes e três se repetiram duas vezes, de modo que, no total, foram encontrados nove estudos (três teses e seis dissertações). O levantamento bibliográfico de artigos, por sua vez, foi primeiramente realizado a partir da base Spell, entre 21 e 22 de fevereiro de 2016. Trata-se de um repositório brasileiro de artigos que, no momento da pesquisa, contemplava 103 diferentes periódicos das áreas de Administração, Contabilidade e Turismo. Limitou-se a pesquisa ao campo da Administração (critério 1) e em artigos de periódicos classificados no Qualis da CAPES como A1 a B2 (critério 2). O uso dessa base se justifica tanto pela sua possibilidade de selecionar a área de conhecimento na busca, quanto pela significativa quantidade de periódicos da área de Administração indexados, que contempla todos os periódicos brasileiros qualificados como A1 a B2 disponíveis também na SciELO Brasil. Sequencialmente, entre 29 a 30 de março de 2016, foram realizadas buscas nos anais dos eventos científicos da ANPAD. Nesses casos, também se utilizaram as mesmas palavras-chaves (critério 3). A pesquisa resultou em oito ocorrências, sendo que não houve repetição mediante a troca da palavra-chave. Após essas pesquisas, os títulos das teses e dissertações foram buscados no Google para verificar se eles haviam sido publicados em outros meios de veiculação contemplados pelo recorte da pesquisa, mas que por algum motivo não tivessem sido encontrados anteriormente. Essa ação resultou na ocorrência de mais um artigo, oriundo de dissertação, que foi apresentado em evento científico da ANPAD. Portanto, totalizaram nove artigos. Diante desses critérios, os resumos dos trabalhos foram analisados para serem selecionados os que se apropriaram da fenomenografia como estratégia. A partir dessa leitura, elaboramos a Figura 2, que expõe os trabalhos que constituíram o foco de análise para o alcance do objetivo. TESES – 3 ESTUDOS Ano Autor Título 2012 Rubens de Araujo Amaro Concepções de empreender e o desenvolvimento da competência empreendedora: um estudo à luz da fenomenografia 2012 Ana Luiza Szuchmacher Verissimo Lopes Autonomia no trabalho na perspectiva de um grupo de profissionais especializados: um estudo fenomenográfico 2013 Andrea Cherman Valoração do conhecimento nas organizações: percepções dos indivíduos e impactos nas práticas organizacionais DISSERTAÇÕES – 6 ESTUDOS Ano Autor Título 2010 Rafael Sabbagh Armony Fatores críticos para a prática de valores ágeis em equipes de Tecnologia da Informação 2010 Bianca Snaiderman A contribuição do coaching executivo para o aprendizado individual: a percepção dos executivos 2011 Gustavo Leonette de Moura Estevão O Novo Papel de Recursos Humanos: O que é RH Estratégico e qual é a sua contribuição para os negócios 2011 Silvia Bertossi Heidrich Concepções de fair play e as competências dos gestores para um jogo limpo nas organizações: uma análise fenomenográfica 2011 Betânia Dumoulin dos Reis A gestão de mudanças em organizações brasileiras de interesse público: uma perspectiva dos consultores 2012 Alexandre Spiguel Fernandes de Sant Anna Aprendizagem no ciclo-de-vida de projetos em empresas públicas e organizações governamentais: a percepção dos gestores de projetos ARTIGOS CIENTÍFICOS – 9 ESTUDOS Ano Autor Título 2008 Jorge Alberto dos Santos Practice Firms and Networked Learning: Matches and 7 Mismatches 2011 Sandra Regina da Rocha Pinto, Gisele Rosenda Araujo Mello Del Carpio Fatores críticos para a implantação do balanced scorecard: a visão de consultoresorganizacionais 2011 Rubens de Araujo Amaro, Janette Brunstein As Contribuições da Fenomenografia para o Desenvolvimento da Competência Profissional nas Organizações 2011 Sandra Regina da Rocha Pinto, Bianca Snaiderman A Contribuição do coaching Executivo para o Aprendizado Individual: A Percepção dos Executivos 2012 Sandra Regina da Rocha Pinto, Paulo Roberto Maisonnave Inovação e investimentos no setor elétrico brasileiro sob a ótica de Gestores de P & D 2012 Rubens de Araujo Amaro, Janette Brunstein Concepções de Empreender e o Desenvolvimento da Competência Empreendedora: um Estudo à Luz da Fenomenografia 2013 Rubens de Araújo Amaro, Janette Brunstein. Implicações das concepções de empreender para o desenvolvimento da competência empreendedora 2015 Gabriela Tavares dos Santos, Anielson Barbosa da Silva A Fenomenografia como Estratégia de Pesquisa para a Educação em Administração 2015 Andrea Cherman, Sandra Regina da Rocha-Pinto Fenomenografia e a Valoração do Conhecimento nas Organizações: Diálogo entre Método e Fenômeno Figura 2 - Trabalhos que constituíram o foco de análise Fonte: Elaborado pelas autoras Após a definição das teses, das dissertações e dos artigos que constituíram o foco de análise neste estudo, chegamos ao total de dezoito trabalhos que seriam analisados, conforme Figura 3. Teses Dissertações Artigos Total 3 6 9 18 Figura 3 - Trabalhos que foram foco do estudo Fonte: Elaborado pelas autoras Para a análise completa dos trabalhos, definimos algumas categorias de análise que pudessem guiar a avaliação. Elas são oriundas tanto da revisão teórica realizada sobre o método em discussão, quanto de dados gerais sobre as publicações. A Figura 4 expõe as categorias definidas: Categoria Critérios de análise Aspectos gerais do trabalho a. Instituição de origem b. Orientador (teses e dissertações) / Revista (artigos) c. Ano de publicação Fundamentos teórico- empíricos a. Principais autores utilizados para definir/orientar a aplicação do método b. Linha de pesquisa (teses e dissertações) c. Justificativa para uso do método d. Forma de aplicação do método - etapas e. Campo de aplicação Avaliação a. Limitações encontradas com o uso do método b. Aspectos favoráveis quanto ao uso do método c. Repercussão do estudo (quantidade de citações / Qualis do Periódico) Figura 4 - Categorias e critérios de análise Fonte: Elaborado pelas autoras 8 Com a categoria “aspectos gerais do trabalho”, buscamos trazer dados gerais que representassem uma contextualização geral dos trabalhos em termos de origem. Investigamos a instituição a que os autores pertenciam no período em que os trabalhos foram realizados; o orientador (no caso de teses e dissertações) ou a revista na qual o artigo foi publicado e o respectivo ano de publicação. Em “fundamentos teórico-empíricos”, buscamos apresentar os principais autores utilizados para definir e orientar a aplicação do método, o que nos possibilitou verificar se há outros autores que vêm discutindo a fenomenografia e quais parecem ter maior destaque ou repercussão. Também apresentamos a linha de pesquisa a qual pertencem as teses e dissertações, objetivando traçar uma característica de como os trabalhos se situam. Na sequência, investigamos as justificativas para o uso do método, ou seja, o motivo para sua escolha. Ainda em relação à investigação metodológica, tentamos verificar quais técnicas de coleta e análise predominaram e dentro de quais etapas de aplicação do método. Assim, foi possível aprofundar este tema que ainda parece pouco claro dentro da revisão teórica realizada. Ainda nesta categoria, identificamos os principais campos de aplicação do método. Para isso, precisávamos de uma proposta de categorização que fosse representativa, conhecida e compartilhada por colegas da área e que não se limitasse em nossa categorização, que poderia ser influenciada por nossos próprios pressupostos. Assim, optamos por utilizar as divisões acadêmicas organizadas pela ANPAD, de modo que os trabalhos foram classificados em um desses temas. Por fim, apresentamos a categoria “avaliação”, a qual não representa uma avaliação nossa a respeito dos trabalhos analisados, mas sim uma avaliação que os próprios autores realizaram sobre a utilização do método. Aqui também pudemos traçar um paralelo com o referencial teórico encontrado, para que fossem apresentadas as limitações e os aspectos favoráveis da fenomenografia. Como avaliação complementar, a qual pretendeu apresentar formas de avaliar a repercussão dos estudos, identificamos a quantidade de citações que os trabalhos tiveram, por meio do Google Acadêmico e o Qualis CAPES do periódicos nos quais or artigos foram publicados. 3.1 ASPECTOS GERAIS DOS TRABALHOS ANALISADOS Buscamos trazer nesta sessão uma contextualização geral dos trabalhos analisados, iniciando por suas instituições originárias. Dos nove trabalhos strictu sensu que utilizaram a fenomenografia, o levantamento permitiu identificar que: das três teses, uma estava vinculada à PUC-RIO, uma à UFRJ e uma à Universidade Presbiteriana Mackenzie, cujos três campi estão localizados no estado de São Paulo. Das seis dissertações, cinco estavam vinculadas à PUC-RIO e uma à Universidade Presbiteriana Mackenzie. Esses trabalhos são, portanto, provenientes de apenas três instituições brasileiras, todas localizadas na região Sudeste. As instituições a que os autores dos nove artigos estavam vinculados no momento da publicação, por sua vez, foram cinco: PUC-RIO; Universidade Presbiteriana Mackenzie; UFES, (UFPB e Lancaster University (Reino Unido), sendo que, novamente, as duas primeiras instituições tiveram a maioria das autorias (três artigos cada). A respeito do ano de publicação, todos os trabalhos são publicações atuais. As teses datam de 2012 e 2013 e as dissertações de 2010 a 2012. Os artigos – com a exceção de um, de 2008 – foram publicados ou apresentados entre 2011 e 2015. Essa informação, juntamente com a identificação dos autores de alguns trabalhos, levaram-nos a considerar que a origem de alguns artigos publicados em revistas e em anais de eventos estava vinculada com o período de elaboração de teses e dissertações ou a sua respectiva conclusão, como será reforçado a seguir. 9 Quanto aos meios de veiculação, quatro dos nove artigos foram publicados nos seguintes periódicos: Cadernos EBAPE; Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos; Revista de Administração e Inovação (RAI) e Revista de Administração FACES Journal. Os outros cinco foram apresentados em eventos científicos da ANPAD, sendo três no EnANPAD e dois no EnGPR. Em relação à autoria dos trabalhos, observou-se certa correlação entre os autores das teses, das dissertações e dos artigos. Três artigos são resultantes de pesquisas de doutorado conduzidas por dois diferentes autores: Rubens de Araújo Amaro, cuja tese data de 2012, apresentou dois artigos com sua orientadora, Janette Brustein, sendo um em 2011 e um em 2012; enquanto Andrea Cherman, cuja tese data de 2013, apresentou um artigo com sua orientadora, Sandra Regina da Rocha-Pinto, em 2015. Além disso, Bianca Snaiderman, cuja dissertação data de 2010, apresentou um artigo com sua orientadora, Sandra Regina da Rocha-Pinto, em 2011. Os meios não permitiram verificar se a dissociação de autoria entre os demais trabalhos stricto sensu e os artigos se justifica por outras possíveis publicações em periódicos ou eventos não contemplados pelo recorte da pesquisa. Na análise dos orientadores das teses e dissertações, também verificou-se centralização significativa. Sandra Regina da Rocha-Pinto, da PUC-RIO, orientou a maioria desses trabalhos (uma das três teses e trêsdas seis dissertações). Janette Brunstein, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por sua vez, orientou dois deles (uma tese e uma dissertação). Essas mesmas orientadoras colaboraram com a maioria dos artigos, sendo que a primeira é autora de quatro e a segunda é autora de três dos nove artigos encontrados. Além dos trabalhos strictu sensu orientados, Sandra Regina da Rocha-Pinto participou de uma banca de tese na UFRJ e de uma banca de dissertação na PUC-RIO. Nesse sentido, pode-se considerar seu envolvimento na maioria dos trabalhos strictu sensu produzidos com enfoque nesse método, seja como orientadora ou membro de banca (sete de nove). Tanto a participação de poucas IES brasileiras quanto a reduzida quantidade de autores e orientadores envolvidos demonstram, além de uma polarização significativa em relação ao uso da fenomenografia na produção de trabalhos do campo da Administração, que se trata de um método ainda pouco usado nos estudos organizacionais, como já evidenciaram Amaro (2012) e Cherman e Rocha-Pinto (2015). A contemporaneidade dos estudos, por sua vez, evidencia que o uso da fenomenografia nesse campo no Brasil, além de limitado, é bastante recente e focado em algumas áreas, como apresentaremos na sessão seguinte. Cabe lembrar que o método foi desenvolvido somente na década de 1970, na Suécia e na Educação. Dessa forma, pode-se inferir que seu uso não tem longa tradição mesmo em seu campo de origem. O fato de que cinco dos nove artigos foram apresentados em eventos científicos da ANPAD sugere uma abertura relativa do campo da Administração em relação a novas estratégias qualitativas de pesquisa. A contemplação da divisão “Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade” e dos temas “Ontologia, Epistemologias, Teorias e Metodologias nos Estudos Organizacionais” e “Estratégias e Métodos de Pesquisa Quantitativos e Qualitativos” pelo EnANPAD pode ser fator contributivo para isso. 3.2 FUNDAMENTOS TEÓRICO-EMPÍRICOS Inicialmente, buscamos identificar os principais autores usados para definir e orientar a aplicação do método nos trabalhos selecionados. Evidentemente, o autor que mais se destacou foi o professor Ference Marton, líder do grupo de pesquisa da University of Gothenburg (Suécia) responsável pela criação do método e pelas primeiras publicações a seu respeito. Nesse sentido, destacam-se citações aos seus dois artigos clássicos “Phenomenography: describing conceptions of the world around us”, de 1981, no qual ele 10 apresenta a fenomenografia e seus pressupostos essenciais; e “Phenomenography: a research approach to investigating different understandings of reality”, de 1986, no qual os aspectos de operacionalização começam a ser detalhados. Além disso, as demais publicações deste autor com seus colegas de trabalho são frequentemente mencionadas. Ainda quanto às especificidades do método, as obras de Bowden e colaboradores foram utilizadas para sua conceituação. O artigo de Akerlind (2005), “Variation and commonality in phenomenography research methods”, também foi largamente utilizado quando os autores buscavam caracterizar o caminho metodológico ao qual percorreram, principalmente quanto aos aspectos de coleta de dados e sujeitos participantes. Já para a caracterização da fenomenografia dentro dos estudos organizacionais, praticamente todos os trabalhos fizeram menção aos estudos de Sandberg sobre a compreensão da competência humana e de seu desenvolvimento nas organizações. No caso das teses, os estudos de Dall’Alba também foram referenciados para esse fim. As linhas de pesquisa dos Programas de Pós-Graduação aos quais os autores dos trabalhos strictu sensu pertenciam foram: “Estudos organizacionais e relações de trabalho em ambiente de mudança” (uma tese); “Gestão humana e social nas organizações” (uma tese e uma dissertação); “Organizações, estratégias, estruturas, processos e sistemas” (uma tese); “Comportamento e estratégia organizacional em ambiente de mudança” (duas dissertações de mestrado acadêmico e três dissertações de mestrado profissional). Portanto, os temas de todas as teses e dissertações contempladas pelo recorte da pesquisa estiveram relacionados aos estudos organizacionais e temas relacionados ao comportamento humano nas organizações. Os autores das teses foram os únicos que explicitaram de forma argumentativa, justificativa e coerente com sua pesquisa a corrente epistemológica adotada. Nos três casos, eles consideraram sua postura interpretativa e construtivista e sua ontologia relacional ou não- dualista. Seu posicionamento, portanto, veio ao encontro do que pressupõe o método fenomenográfico. Segundo Amaro e Brunstein (2011, p. 12), a fenomenografia tem uma epistemologia interpretativa (“o fenômeno estudado pode ser compreendido a partir dos significados que lhes são atribuídos pelos sujeitos envolvidos”) e uma ontologia relacional. Santos e Silva (2015, p. 4), baseados em Pheralli (2011), também concordam que o posicionamento epistemológico da fenomenografia “pressupõe a construção do conhecimento a partir de uma abordagem sócio-construtivista-interpretativa, que utiliza as descrições de experiências ou concepções para explorar a natureza do conhecimento” e que a ontologia fenomenográfica é “não dualista” (no sentido integrativo do sujeito com o fenômeno). Quanto à justificativa para uso do método, de maneira geral, poucos dos artigos selecionados especificaram claramente e coerentemente a justificativa. Contudo, entendemos que, talvez, isso se deva ao formato mais reduzido do conteúdo apresentado neste tipo de trabalho. Entretanto, em um julgamento particular nosso, acreditamos que essa conexão entre o fenômeno de estudo e método empregado seja essencial, principalmente considerando a especificidade interpretativa do método fenomenográfico e sua ontologia não dualista entre fenômeno e sujeito (SANTOS; SILVA, 2015). Há também a ressalva de quem um artigo caracteriza-se como um ensaio teórico, para o qual a justificativa não foi para a aplicação do método, mas sim a razão para seu estudo, mostrando como a fenomenografia pode assumir lugar importante nos estudos sobre a competência, na linha dos trabalhos de Sandberg (AMARO; BRUNSTEIN, 2011). Das justificativas apresentadas em artigos, os autores baseavam-se, geralmente, suas explicações apresentando os conceitos de fenomenografia de Marton, sem proporcionar uma relação explicita com os objetivos da pesquisa e o fenômeno pesquisado. Na análise dos trabalhos de pós-graduação stricto sensu, pouco se observou de justificativa para aplicação do método nas dissertações analisadas. A relação, quando feita, limitava-se à objetivo do estudo, 11 apresentando-o e tentando traçar alguns comentários com os conceitos de fenomenográfia. Por outro lado, nos trabalhos oriundos de cursos de Doutorado, as justificativas foram substancialmente mais bem trabalhadas e apresentadas, também relacionando aos objetivos da pesquisa. Interessante destacar que duas das três teses analisadas explicaram que consideraram utilizar outras abordagens, tais como grounded theory, fenomenologia interpretativa e fenomenologia descritiva, mas que acabaram por optar pela fenomenografia devido ao objetivo da pesquisa, sempre vinculado ao foco na experiência sobre determinado fenômeno. Precisamente dentro do capítulo ou sessão de procedimentos metodológicos das teses e dissertações, fomos buscar como os pesquisadores aplicaram o método (critério: forma de aplicação do método do nosso quadro de análise), mantendo o foco na descrição das etapas conduzidas para o alcance dos objetivos e técnicas utilizadas. No caso dos artigos, essas informações poderiam estar presentes também na descrição da própria análise dos dados. Cabe destacar que, no caso das teses, encontramos descrições detalhadas do caminho metodológicofenomenográfico; nas dissertações tal descrição é mais breve; e, nos artigos, o caminho metodológico é muito sucinto e sem descrições detalhadas. Como inferência dessas considerações, podemos ter em mente que os autores de teses já possuem uma inserção e conhecimento mais profundo da atividade de pesquisa científica, assim, o método foi descrito em detalhes (tanto a teoria quanto as etapas conduzidas no trabalho) e houve mais rigor metodológico. As dissertações, de modo geral, não seguiram o mesmo perfil, talvez pelos alunos de mestrado estarem iniciando nesta atividade científica. Em relação aos sujeitos participantes das pesquisas, em todos os trabalhos analisados eles estavam de acordo com o preconizado pelo método fenomenográfico, ou seja, sujeitos que experienciam diretamente o fenômeno em estudo. Santos e Silva (2015) sugerem que sejam apresentadas as características dos participantes e assim foi realizado nos trabalhos; alguns mais detalhadamente, em forma de figuras, e outros mais sucintamente. Geralmente o número de sujeitos estava de acordo com o sugerido por Bowden (1996), quinze a vinte entrevistas, tendo uma variação de cinco para mais ou para menos, com exceção de dois artigos que possuíam somente cinco e nove sujeitos. Os sujeitos foram, de forma geral, escolhidos de forma intencional, mas com critérios de escolha que permitissem o aumento da variedade das percepções sobre a experiência de autonomia no trabalho. Sobre as técnicas utilizadas, foi unânime nos trabalhos o uso de entrevistas, entretanto, em alguns o uso foi mais adequado ao que orientou Marton em seu artigo “Phenomenography: a research approach to investigating different understandings of reality” de 1986. Também sobre a realização de entrevistas, Santos e Silva (2015), baseadas em suas pesquisas sobre o método fenomenográfico, identificam que seus principais autores sugerem a realização das entrevistas em três tempos (para contribuir com o processo de reflexão). Desta forma, os pesquisadores realizaram entrevistas individuais, normalmente com roteiros semiestruturados, mas baseados em poucas perguntas centrais e abertas (de uma a cinco perguntas). Em relação à etapa de análise dos dados, identificamos uma dificuldade dos pesquisadores em detalhar sua execução. Talvez a razão para esta situação esteja na própria estratégia de pesquisa que, sendo recente e engatinhando nos estudos organizacionais, careça de trabalhos que enfatizem este aspecto. Na percepção de Dunkin (2000), os desafios de aplicação da fenomenografia no estudos organizacionais giram principalmente em torno da falta geral de familiaridade com a abordagem, da linguagem (que difere da utilizada pelos pesquisadores em Administração) e dos conceitos fora do campo original de investigação. Além disso, há falta de clareza sobre como operacionalizar a fenomenografia. Portanto, há necessidade de que os fenomenógrafos experientes continuem a refinar essas questões (DUNKIN, 2000). 12 Além disso, Marton (1986) já havia salientado que não é possível especificar técnicas exatas de análise para a pesquisa fenomenográfica, uma vez que não há algoritmos que permitam desvendar as maneiras qualitativamente diferentes pelas quais as pessoas experenciam ou conceituam um fenômeno. No entanto, ele aponta para três etapas gerais, que se iniciam com a transcrição das entrevistas. Nos trabalhos analisados, os autores ressaltaram a realização desse procedimento; praticamente todos realizaram a transcrição das gravações de entrevistas na íntegra. Posteriormente, identificamos uma dificuldade dos pesquisadores em explicar como, a partir das transcrições, chegaram às primeiras categorias ou ao “conjunto de significados”, sendo que apenas alguns conseguiram demonstrar, por meio de figuras, os primeiros significados que, com novas diferenciações, deram origem as categorias finais as quais corresponderam aos resultados da pesquisa ou o “espaço de resultados”. Autores como Marton (1986), Santos e Silva (2015) e Cherman e Rocha-Pinto (2015) destacam que, após a diferenciação das categorias umas das outras, elas devem ser dispostas hierarquicamente. Este procedimento de hierarquização foi realizado, de forma geral, pelos pesquisadores em suas teses e dissertações, entretanto, não foi verificado em todos os artigos. Considerando que dos nove, dois são ensaios teóricos, não houve categorias para serem hierarquizadas, mas os autores destacaram esta etapa na análise. Dos sete artigos teórico- empíricos, quatro não realizaram ou não apresentaram a hierarquia no espaço de resultado; enquanto que outros três sim, sendo que dos três, dois eram dos mesmos autores e correspondem a um artigo publicado anteriormente nos anais do EnANPAD e, posteriormente, em uma revista científica. Em relação à validação da análise, Bowden (2000) destaca que esse é um aspecto que pode suscitar críticas à fenomenografia devido à falta de poder de previsão, aos vieses dos pesquisadores e à negação da voz do indivíduo através da categorização. Assim, algumas pesquisas utilizaram outras fontes de dados, como documentos, para auxiliar na análise, ou se assumiram como realizando uma postura de triangulação a fim de validar as categorias emergentes por meio de grupos focais. Por fim, em relação ao campo de aplicação do método, que representa o principal campo de pesquisas ao qual o trabalho pode ser vinculado dentro das divisões acadêmicas organizadas pela ANPAD, inserimos os nove trabalhos stricto senso na divisão temática “Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho”. Nesse grupo, destacam-se os temas, em teses, de competência, autonomia no trabalho e valoração do conhecimento, todos aparentemente próximos. Também no grupo das dissertações aparecem trabalhos com temas similares, acrescentando-se a aprendizagem individual, papel estratégico de recursos humanos, prática de valores e gestão de mudanças. Os artigos seguem a mesma caracterização, com alguns acréscimos. Quatro, dos nove, são posicionados como “Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho”, abordando temas, principalmente, de competência e aprendizagem. Três são localizados dentro da divisão “Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade”, pois, embora dois deles tenham realizado um estudo teórico-empírico, focaram na dimensão metodológica e de aprendizagem e formação acadêmica; enquanto que o terceiro foi exclusivamente teórico. Os outros dois foram relacionados ao campo de “Estratégia em Organizações” e “Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação. 3.3 AVALIAÇÕES E REPERCUSSÕES Apresentamos, por fim, a última categoria analisada nos trabalhos selecionados. Ressaltamos, novamente, que os aspectos aqui expostos não se tratam de nossa avaliação dos estudos mas, sim, da própria exposição realizada pelos autores sobre o método fenomenográfico. Cabe ressaltar, no entanto, que nem todos os trabalhos faziam menção de 13 forma explícita aos critérios aqui investigados. Em relação aos artigos, principalmente, nem de forma implícita foram encontradas menções à alguns aspectos, como esclarecemos nos parágrafos seguintes. Inicialmente, percebemos que nenhum dos artigos mencionou quaisquer limitações ou aspectos favoráveis em relação à operacionalização do método fenomenográfico. O mesmo padrão foi observado nas dissertações, que descreveram apenas alguns fatores limitadores da fenomenografia segundo a própria teoria, sem relacioná-los à sua experiência empírica com o método. Os autores das três teses, por outro lado, o fizeram. As limitações relatadas com mais frequência neste caso estiveram relacionadas aos seguintes aspectos: falta de experiência pessoal prévia com o método (resultando em insegurança para tomar certas decisões metodológicas); dificuldade no processo de aprendizagem de operacionalização; dificuldade no processode análise dos dados (que é lento, cansativo, tedioso e estressante); ausência de especialistas da área no Brasil para discutir sobre as categorias descritivas elaboradas e outras questões; problema de explorar outros tópicos relativos ao objeto em estudo (devido do aprofundamento de análise da fenomenografia); dificuldade na representação da complexidade dos dados analisados; falta de detalhes metodológicos e excesso de contradições encontradas na própria literatura (resultando em conflitos entre o que a teoria diz e a necessidade prática dos pesquisadores). Como Lopes (2012, p. 220), autora de uma das teses, reconhece, “todo o processo de pesquisa foi difícil e permeado de impressões e sentimentos ambíguos”. Essa mesma autora (2012, p. 107) faz um comentário sobre a ausência de literatura com informações sobre os procedimentos metodológicos da fenomenografia: a análise de dados na fenomenografia é um estágio da pesquisa bastante criticado no final da década de 1990 pela ausência de publicações com informações sobre os procedimentos para a realização desta tarefa e pela ausência de critérios para a realização de uma análise crítica dos procedimentos utilizados e resultados apresentados. Esse aspecto metodológico pode ser observado na elaboração dos trabalhos e na descrição de seus procedimentos metodológicos, como ressaltado na categoria anterior (fundamentos teórico-empíricos). Relativamente aos aspectos positivos, não houve detalhamento relacionado às etapas e à aplicação do método em si, mas algumas menções estiveram relacionadas ao fato de que a fenomenografia permitiu aos autores alcançar os objetivos propostos, viabilizando novas definições em relação ao objeto de estudo e lhes confirmando que o mesmo fenômeno pode ser experienciado de diferentes formas. Cherman (2013), por exemplo, relata que a o método revelou a construção social acerca da valoração do conhecimento, por meio das narrativas das vivências dos entrevistados. Essa mesma autora, em seu artigo de 2015 (p. 2), argumenta sobre a “capacidade do método fenomenográfico em capturar a dinâmica de movimento bidirecional dos sujeitos em experimentar o fenômeno; o continuum ininterrupto entre as concepções; e a trajetória dinâmica e flexível dos indivíduos pelas concepções do fenômeno no tempo e espaço em relação ao contexto”. Tais elementos foram indicados pela autora como “achados fortuitos” de seu estudo fenomenográfico que não foram, segundo ela, relatados pela literatura. Dessa forma, apontou como aspectos positivos “a capacidade do método em capturar a fluidez de trânsito dos sujeitos pelas diferentes categorias descritivas encontradas no fenômeno, até o nível de sua consciência focal” (CHERMAN, 2015, p. 2). No entanto, ela ressalta a importância de discutir se os seus achados fortuitos estão associados diretamente ao método 14 fenomenográfico ou se são aspectos referentes ao fenômeno que estudou (valoração do conhecimento no contexto do trabalho). Quanto às repercussões dos estudos, nenhum deles apresentou quantidade significativa de citações no Google Acadêmico. A tese mais citada foi “Valoração do conhecimento nas organizações: percepções dos indivíduos e impactos nas práticas organizacionais”, de Andrea Cherman (PUC-RIO, 2013), e a dissertação mais citada foi “A contribuição do coaching executivo para o aprendizado individual: a percepção dos executivos” de Bianca Snaiderman (PUC-RIO, 2010). Ambos os trabalhos foram orientados por Sandra Regina da Rocha-Pinto e tiveram duas citações. Quantitativamente falando, o artigo que parece ter sido mais influente foi “Fatores críticos para a implantação do balanced scorecard: a visão dos consultores organizacionais”, de Sandra Regina da Rocha Pinto e Gisele Rosenda Araújo Mello Del Carpio, publicado na Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos e citado sete vezes. Em nenhum dos casos as citações eram dos próprios autores. Em termos qualitativos, cabe mencionar que a tese de Andrea Cherman, recebeu menção honrosa do Prêmio CAPES de Tese, em 2014. Seu artigo, oriundo deste mesmo trabalho e desenvolvido com Sandra Regina da Rocha-Pinto, também foi premiado no XXXIX EnANPAD, em 2015. Dos periódicos que veicularam os artigos, um é atualmente classificado como Qualis A2 e três como B2. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio deste artigo, buscamos caracterizar o método fenomenográfico e seu uso na ciência da Administração no Brasil. Para alcançarmos o objetivo proposto, optamos por um delineamento de pesquisa descritivo e qualitativo. A primeira parte da pesquisa consistiu no resgate histórico desse método, de modo que foram abordados seus pressupostos essenciais; suas principais etapas e uma síntese comparativa com a fenomenologia, haja vista as dúvidas ainda existentes entre ambos os métodos. Ressaltamos que não foi nossa principal intenção realizar uma vasta e profunda abordagem teórica sobre o método, uma vez que este empreendimento já foi realizado por outros pesquisadores. Assim, nossa principal contribuição onstitui-se no segundo momento de realização deste estudo: o levantamento de trabalhos que fizeram uso da abordagem no campo da Administração no Brasil. O levantamento resultou em três teses, seis dissertações e nove artigos. Os resultados demonstraram que os estudos fenomenográficos no Brasil, no campo da administração, tiveram início aproximadamente em 2008, com os primeiros trabalhos de pós- graduação stricto sensu publicados a partir de 2010. Não temos dados sobre como tem se dado a aceitação desse tema em revistas científicas nacionais, entretanto, haja vista as publicações encontradas, acreditamos que este método está tendo uma aceitação representativa dentro de nosso campo de estudos. Tal indicativo também parece significativo nos eventos da ANPAD, onde o tema tem se propagado desde 2011 e revelam os que têm sido os principais campos de atuação dos estudos fenomenográficos na administração: estudos sobre competência e aprendizagem individual e organizacional. O que surgiu como principal carência nos trabalhos analisados, como já esperado e até mesmo sugerido pela literatura, foi em relação à sua aplicabilidade. Os pesquisadores, de forma geral, dedicaram-se ao estudo do método para compreendê-lo, entretanto, mais importante do que conceituá-lo, é compreender a relação entre sujeito e fenômeno e como o método é capaz de fazer a sua devida correlação entre eles, garantindo sua cientificidade e rigor metodológico, como visto nas teses de doutorado, que mais bem representaram 15 justificativas ontológicas, epistemológicas e metodológicas para o uso da fenomenografia. Possivelmente devido ao alto nível de exigência e ineditismo atribuído às pesquisas doutorais, esses mesmos estudos foram os mais cuidadosos em relação à descrição das etapas que constituíram a aplicação do método, inclusive quanto às dificuldades enfrentadas ao longo do processo, oriundas sobretudo da falta de orientação ou das contradições encontradas na literatura, bem como do seu recente uso no campo da Administração. Em nossa percepção, a descrição de tais etapas representa um fator crucial à questão da validade, que talvez represente a principal tensão da pesquisa qualitativa. O presente estudo nos permitiu considerar a fenomenografia como uma abordagem com potencial significativo na busca pela compreensão dos fenômenos sociais, a partir das diferentes formas pelas quais os indivíduos os experenciam. Sua abertura quanto à complementaridade de outros métodos de pesquisa é um fator contributivo ao seu uso nas ciências sociais e, mais especificamente, no campo da Administração, uma vez que a integração entre diferentes abordagens pode auxiliar o pesquisador qualitativo a ter um olhar mais aproximado do “todo”. Em relação aos aspectos do“todo”, Chanlat (1996) nos lembra que o ser humano produz representações do mundo que lhe confere significação, uma vez que está inserido numa dimensão de espaço, tempo e elementos contextuais. Dentro dessa dimensão, o método fenomenográfico permite captar tais representações e coloca o pesquisador numa postura de “confeccionador de colchas”, que “costura, edita e reúne pedaços da realidade” (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 19). Entretanto, como bem reconheceu Dunkin (2000, p. 149), “a aplicação de uma abordagem fenomenográfica fora do campo da investigação educacional não é isenta de dificuldades”. Há, ainda, falta de clareza como operacionalizá-la mesmo em seu campo de origem. Portanto, é evidente que refinamentos de fenomenógrafos experientes continuam sendo necessários e, ao mesmo tempo, que a aplicação desse método em outros campos precisa ser estudada. Concluimos reafirmando que nosso artigo não procurou ser exaustivo em relação à abordagem fenomenográfica no campo da Administração, mas, sim, que buscou representar um método emergente, com efetivas possibilidades de aplicação, e uma sinalização de sua ainda necessidade de estudo, avaliação e tentativas de aplicação. Nesse sentido, destacamos o mérito dos pesquisadores que se arriscaram a realizar tal feito, mesmo diante das dificuldades encontradas no percurso metodológico. REFERÊNCIAS AMARO, Rubens de Araújo. BRUNSTEIN, Janette. As contribuições da fenomenografia para o desenvolvimento da competência profissional nas organizações. III Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, João Pessoa, 2011. 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