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Estresse e suas implicações na saúde- PSICOLOGIA DA SAÚDE

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Estresse e suas implicações na saúde
Depois de deixar seu filho na escola... Miriam corre para pegar a condução que a levará ao trabalho, mas o ônibus não para. A espera pelo outro ônibus é de mais 40 minutos. A chegada ao hospital acontece mais tarde que o começo de seu plantão. Seu supervisor chama sua atenção. Ela mal acaba de chegar e já tem que atender uma emergência na UTI. Os familiares do Sr. R. estavam ansiosos por sua chegada, querendo saber sobre o estado de seu pai, pois o Sr. R. é um paciente crítico, que requer atenção constante e demanda seus cuidados imediatos.
As atividades de um profissional de saúde são consideradas muito estressantes devido a vários fatores: o relacionamento com outras unidades e supervisores, com o funcionamento adequado da unidade, com atividades relacionadas à administração de pessoal, com a assistência prestada ao paciente, e finalmente, com as condições de trabalho para o desempenho das atividades.
Conceito de estresse
O estresse é um conceito não muito bem definido, que descreve ameaças ou desafios que as pessoas costumam enfrentar no seu dia a dia e sua reação aos fatores estressantes.
Podemos, então, entender o estresse não como uma simples resposta a um estímulo, mas como um processo: os fatores estressantes são os acontecimentos imprevistos aos quais reagimos física e emocionalmente por um lado e, sobretudo, a forma como lidamos com os fatores estressantes, por outro.
 Os psicólogos definem o estresse como o “processo pelo qual avaliamos e lidamos com as ameaças e desafios do ambiente” (Myers, 2006, p. 363).
Fatores estressantes
O que a Psicologia da Saúde evidencia é que a importância maior ou menor dos fatores estressantes depende da forma como nós os avaliamos, colocando a avaliação do sujeito como o fator essencial no desencadeamento do estresse.
Neste sentido, há muitos fatores estressantes, em nova vida moderna, que podem ser percebidos como um desafio a superar, uma meta a alcançar. Neste caso, os efeitos do estresse são positivos: eles são motivadores e fazem com enfrentemos e superemos nossos problemas.
Entretanto, quando percebemos os fatores estressantes como uma barreira difícil de superar, este se torna uma ameaça. 
Esta é a face negativa do estresse. Podemos, a partir de nossa avaliação, adoecer ou compreender os fatores estressantes, modificar nossas reações frente a eles, melhorar o sofrimento e aumentar a qualidade e a expectativa de vida.
O processo do estresse
O médico Hans Selye (1936-1976, in: Myers, p. 363) ajudou a tornar o estresse um conceito importante tanto na Medicina como na Psicologia.
Suas pesquisas levaram à descoberta de que a reação adaptativa do corpo era geral, uma vez que qualquer trauma, físico ou mental, independentemente de sua característica, desencadeia uma reação ao estresse, que incide no corpo de maneira generalizada. A essa reação adaptativa geral do corpo ao estresse, Selye deu o nome de Síndrome de Adaptação Geral (SAG). Selye descreveu a SAG em três fases nas quais o corpo reage de diferentes formas aos fatores estressantes que sofre. A descrição destas fases nos ajudará a entender o que causa, quais são os efeitos do estresse na nossa mente e no nosso corpo e como podemos lidar com eles.
Fases do estresse
Vamos acompanhar a descrição que Selye faz das três fases que se seguem a um evento traumático: diante de um trauma físico ou emocional, reagimos através de uma súbita ativação do sistema nervoso simpático.
Reação de alarme
Assim, o coração dispara, o sangue é enviado para os músculos esqueléticos e todos os nossos recursos estão mobilizados. Esta é a fase de reação de alarme.
Reação de resistência
Nosso organismo entra na fase de resistência, quando estamos prontos para combater o desafio: temperatura, pressão e respiração permanecem em níveis elevados, e os hormônios fluem subitamente em nossa corrente sanguínea. Esta é uma fase importante, que pode nos colocar em alerta. Por exemplo: para fugirmos de um perigo iminente.
Reação de exaustão
Porém, se ela for persistente, pode acabar esgotando as resistências do corpo e levar à terceira fase: a da exaustão. Nesta fase, nós nos tornamos mais vulneráveis às doenças, e corremos risco de vida nos casos mais extremos.
Esta pesquisa de Hans Selye (1956, In: Mello, 2011) evidencia que nosso organismo está em constante exercício de adaptação. Um organismo em estresse sente que sua integridade está ameaçada de alguma forma.
Face positiva e negativa do estresse
Se a face positiva do estresse é um conjunto de reações físicas que leva à adaptação, a inadaptação é uma resposta inadequada e excessiva e constitui as doenças que são denominadas doenças de adaptação. Se formos submetidos a um estresse excessivo, nos tornamos vulneráveis aos sintomas e doenças físicas.
Guilherme está tão ocupado no escritório que não tem tempo nem para um café. Ele poderia estar irritado diante desse evento estressante, mas avaliou a situação de forma positiva. Não percebe a hora passar e quando se dá conta já está na hora de ir para casa.
O que Selye descobriu é que a maneira com que nos sentimos estressados depende grandemente da forma com que avaliamos os eventos com os quais nos defrontamos. As características de nossa subjetividade, o somatório de nossas experiências passadas é nossa forma singular de respondermos as situações estressantes.
Campos, em um levantamento de trabalhos de pesquisa que apontam para possíveis relações entre estresse e doença, demonstra que parece haver uma evidência de que as pessoas submetidas a uma carga excessiva de fatores estressantes acabam apresentando sintomas físicos.
Situações estressantes x situações percebidas como estressantes
Para diferenciar os fatores intrínsecos e extrínsecos que estão em jogo na relação entre estresse e doença, Campos propõe a distinção entre situações estressantes e situações percebidas como estressantes. Esta diferenciação nos ajudará a entender os fatores psicológicos que podem levar as pessoas a perceber os eventos positiva ou negativamente. É neste sentido que as estratégias de enfrentamento das situações percebidas como estressantes podem ser “moderadas ou hipertrofiadas”, em função da história de vida da pessoa, e se constituir numa forma de adaptação e desafio ou em forma de ameaça e falta de controle e vulnerabilidade.
Desta forma, Campos ressalta a influência do modo de funcionamento do sujeito na percepção das situações estressantes: Sem dúvida, parece haver correlação entre quantidade de situaç̧ões estressantes e a resultante percepç̧ão desse estresse. Mas parece haver um efeito moderador ou hipertrofiador que depende do próprio indivíduo em função de sua constituição, história e circunstâncias. O mesmo se aplica ao modo de reagir, de enfrentar, de se adaptar ao estresse, que aparece também influenciado por circunstâncias particulares, próprias do indivíduo. O que fica evidente nesta afirmação é que o somatório das situações estressantes pode ter efeitos diferentes em indivíduos diferentes. 
O fator estressante não vem sozinho; é preciso um sujeito que o interprete como positivo ou negativo. Por exemplo: de sua forma singular, Miriam pode considerar um desafio dar conta de todas as demandas que lhe são impostas na sua profissão, ou pode avaliar que não conseguirá lidar com tantas demandas ao mesmo tempo.
As condições de estresse
Os pesquisadores apontam para três tipos de estresse que se apresentam e contra os quais concentramos nossas reações:
A primeira situação que provoca estresse se apresenta em forma de catástrofes naturais. Diante dos desastres naturais, das catástrofes de grande magnitude, nós todos nos sentimos ameaçados. Verificou-se que as pessoas que são vítimas destes desastres sofrem influências significativas em sua saúde.
A segunda situação considerada como um evento estressante é uma mudança significativa na vida pessoal. Os psicólogos que estudaram os efeitos da morte de uma pessoa amada, da perda de um emprego ou da separação chegaram à conclusãoque as pessoas que sofrem perdas significativas têm uma maior vulnerabilidade às doenças. Verificaram também que o nível de vulnerabilidade está intimamente ligado à forma como as pessoas avaliam e vivenciam esses fatores estressantes.
A terceira situação diz respeito aos problemas do cotidiano. Os problemas no trabalho que se tornam persistentes podem levar a uma exaustão mental física e emocional denominada burnout. Todas as pessoas em geral, e profissionais de saúde em particular, podem sofrer de fadiga ou apatia decorrente de um estresse prolongado. O resultado de uma situação permanente de estresse pode ainda causar uma queda do desempenho.
Então, o que faz com que um evento seja realmente estressante?
Um evento se torna mais ou menos estressante quando temos a crença de que podemos controlá-lo. Isto porque a percepção de situações como mais ou menos estressantes vem do nosso sentimento de controle percebido. Esse controle é muito importante na avaliação que fazemos das mudanças de vida e das demandas do cotidiano.
Todos os eventos inevitáveis de nossas vidas se tornam muito mais estressantes quando avaliados como negativos e incontroláveis. A percepção de que não temos controle sobre a situação que vivenciamos pode nos tornar mais vulneráveis às doenças.
O profissional de saúde e o estresse
Como o profissional de saúde pode desenvolver estratégias para lidar tanto com os fatores estressores do meio ambiente quanto com suas percepções sobre as situações do cotidiano em sua prática de cuidar?
Na interação da natureza e intensidade do agente estressante;
Na avaliação interna do indivíduo que “quantifique e qualifique o agente estressor e de uma decisão interna do indivíduo quanto ao modo de enfrentar o problema”.
Conceitos opostos à vulnerabilidade
Vimos que as pessoas se sentem mais vulneráveis quando percebem que não têm controle da situação. No polo oposto deste conceito de vulnerabilidade, temos dois conceitos que determinam a capacidade de uma pessoa para agir positivamente nos “desdobramentos emocionais e comportamentais de seu sofrimento” (Mello, 2011, p. 481). Esses conceitos são muito importantes quando buscamos formas de lidar com o estresse. São eles:
A resiliência é a capacidade de uma pessoa de adaptar-se a eventos negativos sem que sofra maiores danos e o conceito. Ela nos ajuda a determinar o potencial de cada pessoa de agir positivamente no enfrentamento das situações, emoções e nas ações que decorrem da forma como enfrentamos os acontecimentos “adversos e indesejáveis”;
O coping (lidar com) nos ajuda a lidar com as situações estressantes de forma positiva, aumentando nossa qualidade de vida.
Dirigindo o foco para o problema
A outra estratégia de lidar com os fatores estressantes é dirigida não para uma modificação interna nos nossos sentimentos e pensamentos, mas por dirigir o foco para o problema. Diferentemente da estratégia de coping, focada na regulação interna para evitar uma situação desagradável, a estratégia de focalizar no problema leva a pessoa a dirigir-se à fonte externa que está provocando o estresse.
No caso de Miriam, por exemplo, uma atitude focada no problema seria de atuar, no caso da cobrança de seu supervisor, buscando estratégias de negociação para resolver um possível conflito interpessoal. Miriam estaria usando a estratégia focalizada na emoção e nos seus sentimentos, podendo sair para tomar um café, por exemplo.
Para finalizar, é importante entender a relação que o coping tem com a história de vida da pessoa. Todos nós temos uma história de aprendizado de como reagimos aos fatores estressores, mas podemos desenvolver estratégias novas para lidarmos com as situações de vida estressantes, sem nos tornarmos vulneráveis.
Comportamento flexível e proposital
O conceito de coping nos ajuda a utilizar tanto estratégias para lidarmos com nossos sentimentos e emoções como para tentarmos modificar nosso meio ambiente, focando no problema; buscando negociar, por exemplo. O processo de coping não é a repetição de respostas estereotipadas, mas um comportamento flexível e proposital, visando a um movimento inventivo, voltado para o futuro. Para colocarmos estes conceitos em uma situação prática, retornemos à nossa personagem, Miriam:
Embora sua história molde sua personalidade e sua forma de lidar com os fatores estressantes, ela pode a cada momento redefinir o fator estressante atual e reinventar, a cada nova demanda, uma forma adaptativa às imposições de seu meio ambiente. O estresse pode ser inevitável na nossa vida moderna, mas podemos inventar estratégias inventivas para lidar com situações estressantes do nosso cotidiano no nosso processo de cuidar.
O objetivo do coping harmoniza com os objetivos da Psicologia da Saúde, que visa dar uma contribuição não só para “promover o tratamento da doença, mas também a doção de estratégias que ajudem a prevenir a doença e aumentar o bem-estar”
ATIVIDADE PROPOSTA
Discorra sobre o que é o estresse e como ele afeta o organismo. Discuta também como podemos lidar com os fatores estressores que surgem na nossa vida para melhorar a qualidade de vida e evitar as doenças.
R.: As emoções, crenças e expectativas que temos afetam nossa forma de perceber e lidar com o estresse. As próprias crenças podem ser um fator de cobrança interna, que aumenta a importância dos fatores estressantes. O estresse é a resposta que se tem diante de algumas situações na vida. Ele causa sintomas como depressão, perda de desempenho e depressão, e nos casos mais extremos, taquicardia. A boa administração do evento estressor é essencial para melhorar a qualidade de vida e evitar os sintomas do estresse.

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