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O TRATAMENTO DA VARIAÇÃO LINGUISTICA NA ESCOLA A RESISTÊNCIA EM SUA INCLUSÃO

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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PRG
UNIDADE DE ASSESSORIA DIDÁTICO EDUCACIONAL - UADE
CURSO DE LETRAS
Disc.: Sociolinguística Semestre/Ano: 2/2013
Professora: Vânia de Aquino silva
Alunas: Maria Vieira - UC11079675
 Taís Marinho - UC11080266
O tratamento da variação linguística no ensino de língua portuguesa: a resistência perante sua inclusão. 
Introdução:
As tentativas de incluir a variação linguística em livros didáticos sempre foi assunto de muita polêmica. Sempre há resistência por parte de gramáticos, que argumentam que a escola é lugar para se ensinar a língua-padrão. Do outro lado estão os linguistas, que insistem que a educação linguística tem que partir da língua que os alunos trazem de casa. Recentemente, um livro didático aprovado pelo MEC foi o centro de uma grande discussão acerca desse embate. Abordaremos alguns pontos argumentados em favor da inclusão da variação linguística e outros argumentados contra, a fim de mostrar que, apesar da grande gama de variação linguística presente no Brasil, esta, ainda, encontra resistências no seu tratamento em sala de aula.
As mudanças e variações linguísticas inerentes à própria língua e defendidas pela sociolinguística nos trazem a noção de que certo e errado, numa língua, não fazem mais sentido. Estas acontecem em todos os níveis da língua. A língua portuguesa, apesar de sua grande gama de variação linguística, tem o seu ensino realizado na maioria das escolas de maneira totalmente ultrapassada. Os professores de Língua Portuguesa enfrentam muitas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem e, uma das maiores se refere às variações linguísticas. Estas, mesmo sendo tão presentes em nossa sociedade, ainda são alvos de críticas e tabus. E, com isso, os professores apenas reproduzem os métodos contidos nos livros didáticos. Estes trazem métodos discriminatórios, contradizendo o que consta nos PCN BRASIL, de que a educação escolar deve considerar a diversidade dos alunos como elemento essencial a ser tratado para a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem. Esta aprendizagem, ao considerar a diversidade, tem como valor máximo o respeito às diferenças — não o elogio à desigualdade. As diferenças não são obstáculos para o cumprimento da ação educativa; podem e devem, portanto, ser fator de enriquecimento. 
O livro Por uma Vida Melhor, da autora Heloísa Ramos, trouxe à tona uma polêmica antiga nos meios acadêmicos. No livro há um capítulo “Escrever é diferente de falar.”, que trata das diferenças entre escrever e falar. É nesse capítulo que está a tão criticada citação onde se distingue a norma culta e o uso popular da língua portuguesa. A obra foi violentamente atacada por apresentar uma “suposta” supremacia da língua falada sobre a escrita. Tal atenção, além de ser uma exigência por parte dos PCN, é necessária para o enfrentamento do preconceito linguístico e para a plena inclusão no ensino aprendizagem das diferentes variedades linguísticas que habitam a sala de aula.
O ensino de língua portuguesa pode servir como um instrumento para combater o preconceito linguístico e promover o respeito à diversidade social e regional, dando aos alunos de diferentes classes sociais a oportunidade de conhecer e utilizar as variedades de sua língua e possibilitando a todos o acesso à norma culta no sentido de prepará-los para a inserção social, em condições de competir em situação de igualdade com aqueles que pensam ter o domínio social da língua.
De um lado, estão linguistas que defendem a obra que prega que o aluno pode falar “os livro”. Eles entendem que o uso da língua popular no ensino ajuda os estudantes de classes populares a se sentirem incluídos e, com isso, aprenderem com maior facilidade a norma culta. De outro, os que acreditam que esta prática limita a ascensão social dos próprios alunos. Porém, o livro está de acordo com as normas dos PCN, normas estas que escolas e livros didáticos devem seguir em todo o país.
A linguística não vê problema em descrever a maneira como as pessoas falam, porém não apregoa, apenas, o uso popular, invalidando, assim, o ensino da norma culta. Não há a defesa de que a norma culta não deva ser ensinada, ao contrário, a obra tem como objetivo debater o uso da variação linguística, para que se possa ressaltar a importância da norma culta no mundo letrado. Esta defende que considerar a língua falada no ensino é uma forma de evitar preconceito linguístico.
Um dos problemas trazidos pelo preconceito linguístico é que, ao negar a variedade falada por um grupo, nega-se a sua identidade cultural. Bagno (1999) afirma que tratar da língua é tratar de política e de seres humanos; assim, quando se discrimina a fala de alguém, na verdade se está discriminando a pessoa que fala. 
A escola é concebida como lugar, por excelência, ideal para se descrever, explicitar, confrontar e combater a discriminação e exclusão social em função da diversidade linguístico cultural, considerando que se trata de fenômeno inerente a qualquer língua natural viva. 
Tanto a escola como os professores que nela atuam precisam conscientizar-se de que ainda há muito preconceito linguístico com relação àqueles que fazem uso de um dialeto não prestigiado pela sociedade. Os alunos, quando chegam à escola, muitas vezes trazem consigo uma cultura e um dialeto que ela desvaloriza, ao considerá-los de pouco prestígio social. O papel da escola é o de acolher e respeitar os diferentes dialetos, mas também possibilitar o aprendizado e o conhecimento de diferentes variedades linguísticas, como forma de incentivar a aquisição de novas habilidades da linguagem oral e escrita.
O professor interessado e consciente da variedade linguística presente no Brasil poderá construir propostas metodológicas que visem o crescimento e o aprimoramento linguístico de seus alunos, contribuindo para que tenham uma atuação mais consciente, prazerosa e crítica na sociedade da qual fazem parte. 
Conclusão:
A discussão a respeito do livro didático Por uma vida melhor revelou o grande preconceito linguístico existente em nossa sociedade. É preciso, sim, reconhecer as variedades, sua legitimidade como língua portuguesa, para partir daí para o ensino da linguagem valorizada socialmente. Só assim milhares de alunos serão reconhecidos como falantes do português, embora passem a tomar consciência de que sua variedade não tem muito prestígio social. Vão aprender sabendo o porquê de aprender, não achando que é porque não falam português ou o falam de forma “errada”
O ensino democrático e avançado é aquele cujo objetivo se pauta na libertação e promoção das pessoas. Por isso, o aprendizado da diferença entre as normas culta e popular não pode ser dispensado. A linguagem é comunicação, mas também instrumento de intervenção política, social, cultural, que só se torna possível quando o uso da norma adequada permite a compreensão mais ampla daquilo que se diz e do que é dito por outros. E o ensino tem um papel fundamental para este falar igualitário. Dessa forma, o respeito às variações linguísticas como um todo, bem como a explicitação das decorrências sociais desse fenômeno, constituem, de acordo com as constatações da Sociolinguística, um dos grandes desafios delegado à escola, em especial, aos docentes de língua portuguesa.
Referências:
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2004.
BAGNO, Marcos. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola. 2011
GARCIA, Avany Aparecida. As variações linguísticas em sala de aula: especificidades da Amazônia.
BRASIL.MEC.Parâmetros curriculares nacionais: Língua portuguesa (1ª a 4ª séries ) ensino fundamental. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília;1997.
BRASIL.MEC.Programa Nacional do Livro Didático: Língua Portuguesa, Ensino Médio. Secretaria de Educação Básica. Brasília; 2012.
ROBERTO, Rejane de Faria. Método Sociolinguístico: uma ferramenta pedagógica para a (re) significação do ensino-aprendizagem de língua portuguesa no ensino fundamental.2
21/09/2018

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