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DIREITO CIVIL - PONTO 02

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DIREITO CIVIL - PONTO 02
DOMICÍLIO. BENS. NEGÓCIOS JURÍDICOS: CONCEITO. REPRESENTAÇÃO. CONDIÇÃO. TERMO. ENCARGO. DEFEITOS. INVALIDADE. ATOS JURÍDICOS LÍCITOS E ILÍCITOS
Atualizado em out/10 por Rodrigo Pessoa P. Silva
 Atualizado em ago/12 por Sophia Nóbrega Câmara
DOMICÍLIO 
O CC/02 manteve as mesmas regras do CC/16, organizando-as melhor. A palavra domicílio tem raiz na palavra domus, que significa casa; para os romanos era o lugar em a pessoa se estabelecia permanentemente. Inclusive, se cultuavam os antepassados (eis que os mesmos eram enterrados na propriedade familiar – daí, inclusive, a noção inicial do bem de família). Os franceses complicaram essa noção, estabelecendo uma relação entre o indivíduo e a casa. É preciso que sejam diferenciados três conceitos:
morada – é o lugar onde a pessoa se estabelece temporariamente; exemplo: morar em Salvador por 06 meses, é passageiro;
residência – é o lugar onde a pessoa se estabelece habitualmente, ou seja, é permanente; exemplo: pessoa que reside na cidade e passa finais de semana com frequência em sua casa de campo, terá 02 residências; o indivíduo pode ter várias residências.
domicílio – é o lugar onde a pessoa estabelece residência, com ânimo definitivo, transformando-o em centro de sua vida jurídica. O conceito de domicílio compreende o conceito de residência, porque há também a exigência de habitualidade (elemento objetivo). Mas é preciso também a existência do ânimo definitivo, de ficar com interesse de transformar o lugar em centro de sua vida jurídica (elemento subjetivo). Exemplo: pessoa que passa os fins de semana no sítio, mas tem a sua vida jurídica na residência da cidade. 
DOMICÍLIO = RESIDÊNCIA (quid facti) + QUALIFICAÇÃO LEGAL (quid juris)
	Comum / voluntário / geral (art. 70) – É a residência mais o animus / vontade / opção de que ela seja o local principal de suas atividades (centro). Elemento material = residência; elemento anímico ou psicológico = ânimo de permanência (oposto de transitoriedade). Domicílio é um centro de referência jurídica.
	Pluralidade de domicílios (artigos 71 e 72) – É admitida no Brasil, seguindo a doutrina alemã, a pluralidade de domicílios. Qualquer um dos locais pode ser caracterizado como domicílio (pessoa que tem dois domicílios). STF Súmula nº 483. É dispensável a prova da necessidade, na retomada do prédio situado em localidade para onde o proprietário pretende transferir residência, salvo se mantiver, também, a anterior, quando dita prova será exigida.
 
	Domicílio Profissional: (artigo 72 não tem correspondente no CC/16) local onde é exercida a profissão, ou seja, é uma especial modalidade de domicílio restrita a aspectos da vida profissional da pessoa física. O domicílio profissional não afasta o domicílio geral.
	Domicílio aparente ou ocasional (art. 73) – essa teoria foi desenvolvida por HENRI DE PAGE (civilista belga). Criado por ficção da lei em face de pessoas que não tenham residência habitual; será seu domicílio o local em que se encontrarem. EXEMPLO: andarilhos, pessoas que trabalham no circo. 
	Mudança de domicílio (artigo 74) – ocorre com a mudança da residência, aliada ao ânimo de mudar
	Domicílio da pessoa jurídica (art. 75) – fala da regra genérica do domicílio da pessoa jurídica de direito público, as regras específicas estão na CF/88. As pessoas jurídicas de direito privado terão seu domicílio no local previsto no estatuto ou no contrato social, sendo o local de sua sede.
STF Súmula nº 363 A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato.
	O artigo 100 do CPC trata dessa questão afirmando que será competente o foro do local no qual a pessoa jurídica tenha celebrado relações jurídicas com autonomia. 
	Espécies de domicílio
CONVENCIONAL – é o comum, é aquele que se fixa por ato de vontade própria, ou seja, a pessoa fixa por ato de vontade, ao se mudar.
LEGAL OU NECESSÁRIO – é o determinado por lei e previsto no artigo 76; trata-se de domicílio obrigatório da pessoa natural: 1)	do incapaz (domicílio de seu representante ou assistente); 2)	do preso (onde cumpre pena; preso cautelar não tem domicílio legal no lugar onde esteja preso; enquanto o preso estiver cumprindo simples prisão cautelar, ainda não está cumprindo sentença, não havendo domicílio legal); 3)	do servidor público (onde exerce permanentemente as suas funções, ou seja, só tem domicílio o servidor que exerce função permanente); 4)	do juiz (comarca onde judica); 5)	do militar (onde está servindo); 6)	do marítimo (marinheiro da marinha mercante) (local da matrícula do navio). 
	O artigo 77 também fala de um tipo de domicílio necessário, qual seja, o domicílio dos agentes diplomáticos; que é o local no Brasil enão no exterior.
 
DE ELEIÇÃO OU ESPECIAL (artigo 78, CC e 111, CPC) – é o domicílio previsto em um contrato. A cláuaula eletiva de foro, se atentatória aos direitos do consumidor, é nula de pleno direito (artigo 51, IV, CDC). Em geral, no contrato de consumo há um desequilíbrio contratual, os contratos são de adesão.
LEMBRAR que o art. 112, P.U., do CPC, prevê que “a nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu”. (STF Súmula nº 335 É válida a cláusula de eleição do foro para os processos oriundos do contrato.)
	Ressalvas à validade do foro de eleição: deve ser fruto de escolha real; nos contratos de adesão não pode haver uma imposição em prejuízo do aderente. é possível escolher um foro, mas não um juízo.
BENS
1 NOÇÕES GERAIS
Atentando-se para a divisão do direito subjetivo, os bens são: objeto do direito. Tanto o significado semântico quanto o jurídico coincidem, ou seja, bem é o interesse juridicamente tutelado pela norma, é o que o titular do direito quer alcançar. Todos os autores fazem uma bagunça na conceituação de bens. Existem duas posições solidificadas que distinguem coisa de bem:
1ª corrente coisa – tudo que está externo ao homem bem – tudo que é jurídico; que tenha valoração econômica e que pode ser apropriado
CRÍTICA: não há como enquadrar os não patrimoniais no conceito de bem (direito à vida, à integridade física).
2ª corrente bem – é gênero. Tudo que possa estar na relação jurídica como objeto, tendo ou não valor econômico. coisa – é espécie, sendo bem que tem valor econômico.
Crítica: as coisas fora de comércio não têm valor econômico e fala-se mesmo assim em coisa. (TRF1: lua e estrelas são coisas, mas não são bens, porque insuscetíveis de apropriação)
	Essa corrente foi adotada pelo novo CC/02, que traz somente o conceito de bens e as coisas como as dotadas de valor econômico. Godoy: o novo CC acabou com essa celeuma jurídica e passou a utilizar a terminologia única de BENS, assim, essa discussão está superada (posição de Washington de Barros Monteiro – a qual acho mais adequada).(TRF1)
	Os bens não patrimoniais já foram estudados no capítulo de direitos da personalidade; no capítulo de bens, são tratados os patrimoniais.
 Bem é o interesse juridicamente tutelado pela norma, é o que o titular do direito quer alcançar. Existem duas posições solidificadas que distinguem coisa de bem, entretanto, o novo CC acabou com essa celeuma jurídica e passou a utilizar a terminologia única de BENS, assim, essa discussão está superada. Os bens não patrimoniais já foram estudados no capítulo de direitos da personalidade; no capítulo de bens, são tratados os patrimoniais. Pablo: ao conceito de COISA fica restrito o conceito relacionado à MATERIALIDADE. Sendo que BENS ficam com um conceito mais amplo (relação jurídica). 	Pablo Stolze Gagliano: conceito de COISA fica restrito à MATERIALIDADE. Sendo que o termo BEM tem significado mais amplo (relação jurídica). 
	PATRIMÔNIO: conceito que engloba todos os bens, com conteúdo pecuniário. Composto portodas as relações jurídicas dotadas de valor econômico. Mas a doutrina mais nova tem repensado esse conceito, para conceber a expressão patrimônio de maneira adjetiva: patrimônio jurídico, que é mais ampla em relação à gama de relações jurídicas tuteladas pelo direito.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS	- bens considerados em si mesmos; - Bens reciprocamente considerados
1 BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
1.1 BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS
	Não estão previstos na lei. Os primeiros têm existência física, concreta. Os últimos não são percebidos pelos sentidos.
1.2. BENS MÓVEIS E IMÓVEIS (arts. 79 a 84) 
	MÓVEIS, nos termos do artigo 82, são os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração de sua substância ou da destinação econômico-social. A movimentação pode ser por força própria (semovente) ou por força alheia. 
SUBCLASSIFICAÇÃO DOS BENS MÓVEIS
Pela própria natureza: semoventes e os sem movimento próprio
Por antecipação: “atualmente” são imóveis, mas possuem finalidade última como móveis, de modo que se antecipa sua mobilidade (ex: plantações para corte)
Por determinação legal: São considerados bens móveis para efeitos legais (artigo 83): 1) as energias que tenham valor econômico; (novidade no CC, mas já constava no sistema jurídico, quando se falava de furto de energia, ou seja, já considerando-a como bem móvel). 2) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 3) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
	O PENHOR AGRÍCOLA não é considerado bem móvel, porque a colheita e a safra se agregam ao solo e por definição de lei é considerado bem imóvel; assim, o PENHOR AGRÍCOLA é direito real sobre objetos IMÓVEIS, sendo assim, uma exceção à regra do artigo 83, inciso III. Além disso, o seu registro se dá no Registro de Imoveis. 
	Pelo artigo 84, os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
	IMÓVEIS: são os que não podem ser mobilizados, transportados ou removidos sem a sua destruição. 
SUBCLASSIFICAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS
por natureza (não podem ser movimentados sem ruptura), são o solo e tudo que lhe agregue naturalmente; e 
artificialmente por: 
acessão física (plantações e construções, que se prendam por fundação ao solo, p. ex., a tenda não se prende ao solo; o que foi feito pelo homem); artigo 81, I, afirma que as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local. 
acessão intelectual (são coisas móveis que são imobilizadas, por exemplo, o maquinário na fazenda agrícola e o estabelecimento empresarial, ou seja, são os móveis enquanto estiverem a serviço do imóvel) artigo 79 afirma que são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente; (há enunciado do CJF dizendo que esse conceito está afastado do direito, mas os examinadores podem continuar cobrando, já que a doutrina tradicional ainda cita) e 
determinação legal: artigo 80 afirma que se consideram imóveis para efeitos legais: I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e II – o direito à sucessão aberta.
	Não perdem também o caráter de imóveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem, inciso II, do artigo 81.
	BENS imóveis por determinação legal demandam a outorga CONJUGAL. Não se pode mais usar a expressão outorga UXÓRIA. Independentemente da época da aquisição do bem.
1.3 BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS
	Base: possibilidade de substituição por outro igual.
	FUNGÍVEIS: sempre serão bens móveis, que têm como característica poderem ser substituídos por outros de mesma qualidade, quantidade e espécies (artigo 85)
	INFUNGÍVEIS: Os infungíveis por outro lado não podem ser substituídos dessa forma. Esse conceito é muito importante para o Direito das Obrigações (assunto será retomado).
Também tem relevância na distinção entre os contratos de comodato e mútuo.
	- A INFUNGIBILIDADE pode se dar por ato de vontade do titular ou em função do valor histórico do bem.
1.4 BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS (art. 86)
	Sob duas vertentes pode ser considerado o bem consumível ou inconsumível:
materialmente consumíveis – são os fisicamente consumíveis, os que perdem substância logo em seu primeiro uso, p. ex., giz, sabão, alimento.
juridicamente consumíveis – são os bens de consumo, ou seja, são os destinados à alienação.
	Há no CDC a classificação de bens em duráveis e não-duráveis, relevante para efeitos do art. 26 do CDC (prazo decadencial do direito de reclamar pelos vícios aparentes).
1.5 BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS (arts. 87 e 88)
	Base: possibilidade ou não de fracionamento do bem sem a perda do seu valor econômico ou de sua finalidade. A indivisibilidade pode ser:
física – não poderão ser fracionados em várias partes, mantendo as mesmas qualidades das partes divisas, 
legal – bens podem ser materialmente divisíveis, mas, por aspectos legais não podem ser divididos (ex.: Lei de uso e ocupação do solo de um município estipula a metragem mínima de um lote).
convencional – bens podem se tornar indivisíveis por acordo entre as partes (ex.: estipulação de cláusula de solidariedade em contrato de mútuo com dois devedores)
economicamente indivisíveis – é a novidade trazida pelo novo CC, p. ex., dividir o terreno, respeitando os requisitos legais, mas deixando em uma das partes somente pedra, logo, não haverá o aproveitamento econômico ou utilitário, sendo assim, não podem ser divisíveis.
1.6. BENS SINGULARES E COLETIVOS (arts. 89/91)
SINGULARES são aqueles analisados isoladamente, mesmo estando em uma coletividade ou em uma universalidade de fato. São considerados em sua individualidade. É interessante para a teoria da empresa. 
COLETIVOS são considerados em sua coletividade (a que se dá destinação unitária), são as universalidades, estão em duas categorias:
Universalidade de fato: Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária, os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias, nos termos do artigo 90. p. ex., biblioteca ou rebanho. 
Universalidade de direito: conjunto de relações jurídicas dotadas de valor econômico de uma pessoa. Exemplo: patrimônio (todas relações jurídicas relevantes e economicamente apreciadas); sucessão aberta. 
	A importância dessa distinção se reflete claramente no Direito Contratual, na medida em que, se forem vendidas 100 cabeças de gado, elas estão individualmente consideradas; se for vendido o rebanho, o que foi negociado foram todos os bens coletivamente considerados, assim, não fará diferença a morte de alguns ou o nascimento de outros, já que todos os bens são considerados coletivamente.
2. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
	Existia no artigo 59 do CC/16 uma regra afirmando que o acessório segue o principal, o que não consta mais no novo CC, o que leva a concluir que às vezes o acessório segue, outras vezes não segue o principal. Para saber quando isso ocorre, é preciso distinguir as espécies de bens acessórios. (arts. 92/97)
PRINCIPAIS – são os bens que têm existência autônoma, não dependendo de outros bens para garantir a sua existência. 
ACESSÓRIOS – somente têm existência dependendo do principal, o acessório segue o principal, exceto se houver previsão em contrário no contrato. 
	Na verdade, ao estudar a classificação dos bens reciprocamente considerados, estar-se-á estudando a classificação dos bens acessórios (em relação aos principais). Os contratos principais são determinantes na existência dos contratos acessórios (locação e fiança). 
ESPÉCIES DE BENS ACESSÓRIOS - Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico (artigo 95).
2.1 FRUTOS – são utilidades que o bem principal periodicamente produz,cuja percepção não prejudica a sua substância. RENOVÁVEIS. Subclassificação:
a) Quanto à NATUREZA 
	
	CONCEITO
	EXEMPLO
	Natural
	espontaneamente dado pela coisa, prescinde de participação humana.
	Plantação, cria de animal. Plantações que não dão periodicamente são produtos.
	Industrial
	Há participação do homem
	Café gerenciado (plantado e colhido)
	Civil
	relações jurídicas que rendem periodicamente, ou seja, o bem principal é uma relação jurídica
	Locação e rendimentos.
b) De acordo com a ligação (física) com o bem principal
	Pendentes
	ainda não foram desligados do bem principal
	Percebidos ou colhidos
	já foram fisicamente desconectados do bem principal
	Percipiendos
	já deveriam ter sido desligados, mas não o foram
	Estantes
	já foram desligados, manuseados e encontram-se prontos para a comercialização
	Consumidos
	já foram desligados e consumidos, por isso, não existem mais
	Essa classificação é importante para a definição dos: direitos de retenção, de indenização e do dever de restituição, previstos nos Direitos Reais:
	
	DIREITO DE RETENÇÃO
	DIREITO DE INDENIZAÇÃO
	POSSUIDOR DE BOA-FÉ
	Sobre os frutos PERCEBIDOS
	Pelo custeio dos frutos PENDENTES
	POSSUIDOR DE MÁ-FÉ
	-
	Pelo custeio dos frutos PENDENTES
2.2 PRODUTOS
Produtos – utilidades que o bem principal produz, cuja extração prejudica a sua substância. Não têm periodicidade. Ex.: extração mineral (minério de ferro em relação ao solo). NÃO RENOVÁVEIS
2.3. PERTENÇAS
	Alguns autores não atribuem autonomia às pertenças, mas estes são minoria. Pertenças são sim bens acessórios. Vejamos:
	PERTENÇAS são coisas acessórias destinadas a conservar ou facilitar o uso das coisas principais, sem que dessas sejam partes integrantes (Orlando Gomes), ou seja, não são partes integrantes, mas agregam algo ao bem principal, condicionando a caracterização do bem principal, mas que não perdem a sua individualidade.
	As PARTES INTEGRANTES são bens que, unidos a um principal, formam com ele um todo, sendo desprovidos de existência material própria, embora mantenham sua identidade (passam a ser parte integrante do bem principal).
TRF1: o cimento que é colocado em muro NÃO é parte integrante do muro de acordo com a questão, por quê? Já que o cimento é um bem com existência autônoma? A retirada do cimento não determina uma perda de interesse econômico do muro? Não ocorreria uma PARCIALIZAÇÃO ESSENCIAL (MARIA HELENA DINIZ) (? 
(EU: entendo que o cimento colocado no muro É SIM parte integrante deste. Partindo do conceito de parte integrante, temos que esta, ao ser “anexada” ao bem principal, perde sua individualidade (ao contrário das pertenças), ou seja, mesmo tendo existência autônoma, uma vez agregado ao muro perde sua autonomia, passando a ser “parte integrante” do muro – daí, inclusive, o nome) Parcialização essencial – se parte a coisa e ela perde sua essencialidade
	A Pertença (artigos 93 e 94) tem a particularidade de não seguir o principal (vide art. 94) Ela é um bem acessório que é posto a serviço do bem principal, mas que se liga a ele sem condicioná-lo com o principal; ele é o mesmo bem principal sem a pertença. Já era aceita pela jurisprudência e agora está no código. Exemplos: rádio novo no carro, opcionais no carro, sem ser parte integrante necessária do carro
	Como já dito, NÃO segue o principal, salvo nos casos previstos no artigo 94: Determinação da lei Manifestação de vontade Circunstância do caso: típico caso de boa-fé objetiva; exemplo: verificar o carro e ver o eqüalizador, o que agrada muito o comprador; o vendedor não fala nada de que ele não irá com o bem principal; fica claro que o vendedor não poderá, depois de concretizada a venda, querer retirar o bem sob a alegação de que a pertença não segue o principal. (arts. 93 e 94)
	Note-se, CUIDADO, com o artigo 233, ele deve ser harmonizado com o entendimento acima, porque o acessório que vai com o principal é aquele que não se configura como pertença. Artigo 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou da circunstância do caso.
2.4. BENFEITORIAS
Benfeitorias (artigo 96) – obras realizadas pelo homem em um bem que já existe, com o propósito de conservá-lo, melhorá-lo, ou embelezá-lo. Ex: construir uma casa em um terreno não é benfeitoria, é acessão; aumentar a garagem de uma casa é benfeitoria.
	Necessárias
	têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore (§ 3o.) situações emergenciais
	Úteis
	facilitam o uso da coisa, ou seja, as que aumentam ou facilitam o uso do bem (§ 2o.).
	Voluptuárias
	são de mero embelezamento ou deleite, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor (§ 1o.).
	
Essa classificação é importante para a definição dos: direitos de retenção, de indenização e do dever de restituição, previstos nos Direitos Reais: 
	
	DIREITO DE RETENÇÃO
	DIREITO DE INDENIZAÇÃO
	DIREITO DE LEVANTAR
	POSSUIDOR DE BOA-FÉ
	Pelas benfeitorias necessárias e úteis
	Pelas benfeitorias necessárias e úteis
	Pelas voluptuárias, se não trouxer prejuízo para a substância do bem. 
Salvo se o novo possuidor quiser indenizar o seu valor para mantê-las no bem principal
	POSSUIDOR DE MÁ-FÉ
	-
	benfeitorias úteis
	-
Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
BENS EM RELAÇÃO AO SEU TITULAR
	Os bens podem ser públicos ou particulares. BASE: titularidade do domínio.
1) Bens particulares – pertencentes aos particulares
2) Bens públicos – São públicos os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião (artigo 102). Os bens públicos são pertencentes ao poder público e podem ser: (arts. 98/103)
De uso comum: não sofrem restrição quanto ao acesso (todo qualquer cidadão pode usar). Nada impede que se cobre um valor para sua conservação ou utilização, fato que não o descaracteriza, nos termos do artigo 103. São impenhoráveis e inalienáveis, enquanto conservar a sua qualificação, na forma que a lei determinar; e imprescritíveis (Exemplos: rios, mares, estradas, ruas praças. Artigo 99, I)
De uso especial: pertencentes a um órgão, são utilizados pelo poder público, para o desempenho da atividade pública. Também são impenhoráveis e inalienáveis, enquanto afetados, ou seja, enquanto conservarem sua qualificação, na forma que a lei determinar. Também são imprescritíveis. (Exemplos: edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, inclusive de suas autarquias. Artigo 99, II)
Bens dominicais: constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Fazem parte do “patrimônio comum” dessas pessoas jurídicas, identificáveis por exclusão. São alienáveis mediante autorização legislativa (artigo 101), imprescritíveis e impenhoráveis. Artigo 99, III). Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado (parágrafo único, artigo 99).
	A EC/46 alterou o inciso IV, do artigo 20 da CF/88, que trata dos bens da União.
BENS EM RELAÇÃO À SUA SUSCETIBILIDADE DE ALIENAÇÃO
	Os bens podem ser alienáveis ou inalienáveis. Os inalienáveis podem ser:
Naturalmente inalienáveis ou inapropriáveis por sua natureza: 
Juridicamente inalienáveis ou legalmente inalienáveis: impossibilidade decorre de lei. 
Voluntariamente inalienáveis – em decorrência de um ato de vontade. Ex: cláusulas de inalienabilidade, que, normalmente, vêm acompanhadas da incomunicabilidade e da impenhorabilidade. Essas cláusulas de inalienabilidade, no Brasil, estão adstritas a casos deliberalidade. Há quem sustente a inconstitucionalidade dessas disposições porque estariam limitando a circulação de bens, mas essa posição é minoritária. Alterações sobre a cláusula: 
a) O artigo 1911 incorporou entendimento sumulado pelo STF, que determina que a cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. É evidente que o contrário não é verdade. 
b) No artigo 1848 está expresso que, salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade sobre os bens da legítima. Assim, para gravar a legítima, o testador tem que declarar a justa causa (casamento com vagabundo, vício em jogo, incapacidade para gerir os bens).
BEM DE FAMÍLIA
	Na modernidade, deve ser um tema enfrentado com fundamento no DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL. Há dois tipos de bens de família:
bem de família voluntário – previsto nos artigos do CC/02, tratado no direito patrimonial (artigo 1711), como uma limitação patrimonial.
bem de família legal – está previsto na Lei 8009/90, consiste na proteção de um patrimônio mínimo que deve ser garantido em uma sociedade que defende a dignidade da pessoa humana. No artigo 3o, há exceções à impenhorabilidade; inclusive há muita discussão sobre a constitucionalidade dessas exceções.
BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO (arts. 1711/1722 cc) É aquele constituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou de terceiro, mediante registro no Cartório de Imóveis.
		São efeitos do registro de bem como sendo de família: Impenhorabilidade; Inalienabilidade
A impenhorabilidade diz respeito às dívidas posteriores ao registro e não atinge dívidas tributárias e condominiais relativas ao prédio.
A inalienabilidade é relativa e pode ser superada pela manifestação de todos os interessados.
O valor do bem de família voluntário não pode ultrapassar o teto de um terço do patrimônio líquido dos instituidores.
Poderão integrar a instituição do bem de família voluntário valores mobiliários ou rendas.	
4 BEM DE FAMÍLIA LEGAL (Lei 8.009/90) 	Consagrado pela Lei 8009/90, que, segundo o STJ, pode ser aplicada até mesmo em face de penhoras anteriores à sua vigência (Súmula 205), este tipo de bem de família traduz uma proteção automática da lei (impenhorabilidade do imóvel residencial), independentemente de escritura ou registro cartorário.
		A lei 8009/90 não estipula qualquer inalienabilidade e nem mesmo de patrimônio líquido mínimo para sua estipulação, até mesmo por que é a própria lei que estipula a impenhorabilidade independente de registro. 
A proteção é ampla. Porém, o STJ, mitigando o alcance hermenêutico do parágrafo único do artigo 1º, tem admitido desmembramento do imóvel para efeito de penhora.
No que tange a vaga de garagem, o STJ já firmou entendimento no sentido de que a impenhorabilidade só é possível se a vaga não tiver registro e matrícula próprios.
Caso o indivíduo possua mais de uma residência, a proteção recairá sobre a de menor valor, como também é possível que haja desmembramento do único imóvel.
	O STF a respeito da possibilidade de penhora de bem de família de fiador em contrato de locação: (AI-AgR 666879 / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTORelator(a): Min. EROS GRAUJulgamento: 09/10/2007 Órgão Julgador: Segunda Turma Publicação DJE-147 DIVULG 22-11-2007 PUBLIC 23-11-2007) 
- o STF também entende que a proteção da Lei 8.009/90 aplica-se mesmo a penhoras determinadas antes da vigência da referida lei, eis que a penhora é fase do procedimento de expropriação do bem, ou seja, enquanto não ocorrer a expropriação (alienação) do imóvel penhorado, o ato não se concretizou, sendo possível a incidência da norma protetiva. (RE 497850 / SP - SÃO PAULO – Rel. Min. Sepúlveda Pertence – 26/04/2007)
	O Ministro Luiz Fux entendeu que trabalhadores meramente eventuais como diarista, eletricista ou pintor não podem se valer da exceção para penhora do bem de família, pois não se enquadra na exceção do Art. 3º, I, (I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;)”.
	O STJ, no caso de indicação de bem a penhora, vem entendendo que tal simples indicação não implicaria em renúncia ao benefício da impenhorabilidade do bem de família. Isso não seria possível no caso de hipoteca, devido a expressa previsão legal.
	O STJ já sumulou o entendimento (Súmula 364) no sentido de que o devedor solteiro também goza da proteção do bem de família.
DECISÕES - 
IMPENHORABILIDADE. PEQUENA PROPRIEDADE RURAL. 
Cinge-se a controvérsia à análise da ocorrência da renúncia tácita à impenhorabilidade de pequena propriedade rural familiar dada em garantia pelo recorrido, em acordo extrajudicial posteriormente homologado judicialmente, o qual nele figura como garantidor solidário de obrigação de terceiro. Na espécie, a recorrente alega que a garantia oferecida pelo recorrido equipara-se à garantia real hipotecária, prevista no art. 3º, V, da Lei n. 8.009/1990. Contudo, o Min. Relator salientou que a ressalva prevista nesse dispositivo legal não alcança a hipótese dos autos, limitando-se, unicamente, à execução hipotecária, não podendo tal benefício (o da impenhorabilidade) ser afastado para a execução de outras dívidas. Assim, salvo as situações compreendidas nos incisos I a VII do art. 3º da Lei n. 8.009/1990, descabe a penhora de imóvel ou a sua oferta em garantia. Além do mais, o bem é uma pequena propriedade rural, cuja impenhorabilidade encontra-se garantida constitucionalmente (art. 5º, XXVI, da CF). De modo que, a exceção à impenhorabilidade do bem de família previsto em lei ordinária não pode afetar direito reconhecido pela Constituição, nem pode ser afastada por renúncia, por tratar-se de princípio de ordem pública que visa à proteção da entidade familiar. Precedentes citados: REsp 470.935-RS, DJ 1º/3/2004, e REsp 526.460-RS, DJ 18/10/2004. REsp 1.115.265-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 24/4/2012. 3ª Turma.
 IMPENHORABILIDADE. BEM DE FAMÍLIA. 
A exceção prevista no art. 3º, V, da Lei n. 8.009/1991, que deve ser interpretada restritivamente, somente atinge os bens que foram dados em garantia de dívidas contraídas em benefício da própria família. No caso, a hipoteca foi constituída em garantia de dívida de terceiro, o que não afasta a proteção dada ao imóvel pela lei que rege os bens de família. Precedentes citados:REsp 268.690-SP, DJ 12/3/2001; REsp 1.022.735-RS, DJe 18/2/2010, e AgRg no AgRg no Ag 1.094.203-SP, DJe 10/5/2011. REsp 997.261-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/3/2012. 4ª Turma.
PENHORA. NUA PROPRIEDADE. IMÓVEL UTILIZADO COMO RESIDÊNCIA DA GENITORA DO DEVEDOR. BEM DE FAMÍLIA
A Turma firmou o entendimento de que a nua propriedade é suscetível de constrição judicial, salvo se o imóvel do executado for considerado bem de família. Na hipótese dos autos, a proteção conferida pela Lei n. 8.009/1990 foi estendida ao imóvel do nu-proprietário (executado), onde reside sua genitora na condição de usufrutuária vitalícia. Segundo se asseverou, a Constituição Federal alçou o direito à moradia à condição de desdobramento da própria dignidade humana. Em especial atenção ao idoso conferiu-lhe expectativa de moradia digna no seio da família natural, situando-o, por conseguinte, como parte integrante desse núcleo familiar. Assim, quer por considerar a genitora do nu-proprietário como membro dessa entidade familiar, quer por vislumbrar o devido amparo à mãe idosa – pois o nu-proprietário habita com sua família direta outro imóvel alugado – reputou-se devidamente justificada a proteção legal ao imóvel em questão. REsp 950.663-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/4/2012. 4ª Turma.
FATOS JURÍDICOS E FATOS MATERIAS (AJURÍDICOS) - DISTINÇÃO
		São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, produzam efeito jurídico. Admite-se a existência de fatos jurídicos em sentidoamplo, que compreendem tanto os fatos naturais (sem interferência do homem), como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana. 
		O fato jurídico se caracteriza pela produtividade de efeitos jurídicos, distinguindo-se do fato material, que não os produz, não estando acobertado pela coercibilidade. 
	
Definição e classificação dos Fatos jurídicos
a) Fato jurídico- consiste em uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tenha relevância jurídica. O fato jurídico lato sensu pode ser natural, denominado fato jurídico stricto sensu (o qual pode ser ordinário ou extraordinário) ou pode ser humano- fato jurígeno. Fato jurídico = fato + Direito.
b) Ato Jurídico – fato jurídico com elemento volitivo e conteúdo lícito. Parta de doutrina (Flávio Tartuce, Zeno Veloso, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho) entende que ato ilícito não é jurídico, por ser antijurídico (contra o direito). Pontes de Miranda e José Carlos Moreira Alves sustentam que ato ilícito também é jurídico.
c) Negócio jurídico- Negócio jurídico, expressão maior da autonomia privada, consiste em uma declaração de vontade por meio da qual o agente atinge os efeitos jurídicos que a sua liberdade persegue. Essa autonomia privada é condicionada por parâmetros de ordem pública e pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva. 
d) Ato Jurídico stricto sensu- objetivo de mera realização da vontade do titular de um determinado direito, os efeitos da manifestação de vontade estão predeterminados pela lei.
e) Ato-fato jurídico ou ato real- é um fato jurídico qualificado por uma vontade não relevante juridicamente em um primeiro momento, mas que se releva relevante por seus efeitos. Ex: alguém encontra um tesouro sem querer.
		
Negócio jurídico – é toda emissão de vontade em harmonia com o ordenamento jurídico com o objetivo de criar, modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas. O negócio jurídico é o instrumento pelo qual atua a autonomia privada. Pra Venosa, negócio jurídico é “ toda conduta humana com intenção específica de gerar efeitos jurídicos ao adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. 
		Observe-se que enquanto o Código Civil adotava a teoria unitária do ato jurídico (sistema francês), não fazendo distinção entre o ato e o negócio jurídico, o Código Civil de 2002 adotou a teoria dualista (sistema alemão), distinguindo, explicitamente, os atos jurídicos stricto sensu dos negócios jurídicos, dada a autonomia conceitual de cada espécie. 
		O NCC, ao contrário do negócio jurídico (arts. 104 a 184), não tratou especificamente do ato jurídico em sentido estrito, dispondo em seu art. 185 que “Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior”. 
 NEGÓCIOS JURÍDICOS (TEORIAS) – durante muito tempo, a doutrina se digladiou sobre as teorias que explicam a existência do negócio jurídico. São duas as teorias (Antônio Junqueira de Azevedo):
VOLUNTARISTA – defende que o núcleo do negócio é a vontade interna. É a vontade de produção dos efeitos. Foi a que mais influenciou o direito brasileiro (artigo 112), porque há uma regra interpretativa que favorece a intenção. 
OBJETIVISTA – defende que o núcleo do negócio é a vontade externa, ou seja, a vontade declarada e não o que a pessoa pensou. Em eventual debate entre a vontade e a declaração, há predominância da declaração objetiva sobre a vontade subjetiva. Teoria oposta à teoria voluntarista é a teoria objetiva denominada por Scognamiglio de TEORIA PRECEPTIVA (preceito da autonomia privada dirigido a interesses concretos próprios de quem o estabelece), são seguidores dessa teoria: BULLOW, HENLE, LARENZ e BETTI. Para essa teoria o negócio jurídico constitui um comando concreto ao qual o ordenamento jurídico reconhece eficácia vinculante. Por outro lado, existe a TEORIA NORMATIVISTA (KELSEN) que reconhece o negócio jurídico como fato criador do Direito. Há previsão nos Códigos francês, espanhol e italiano de que os negócios jurídicos têm força normativa (Planiol). Orlando Gomes expõe que o Princípio da Força Obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato é lei entre as partes.
	Entretanto, as teorias não são antagônicas, a vontade externa espelha a vontade interna, quando ocorrer uma desarmonia entre ambas é porque houve um vício de consentimento. A vontade interna é a causa da vontade externa.
QUADRO-RESUMO:
	FATO 
Qualquer acontecimento da vida (voluntário ou natural)
	FATO NÃO JURÍDICO : Sem conseqüência jurídica
	
	FATO JURÍDICO 
Com conseqüência jurídicaTodo acontecimento natural ou humano que determina a produção de efeitos na órbita jurídica, ou seja, tem conseqüência jurídica. Acontecimento hábil a modificar, criar ou extinguir direitos. Que seja relevante para o Direito
	INVOLUNTÁRIO: Não provocado voluntariamente pelo homem
	
	
	VOLUNTÁRIO
ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO 
Conduta humana
	ATO ILÍCITO 
Ato praticado é contrário a lei.
	
	
	
	ATO JURÍDICO LÍCITO EM SENTIDO ESTRITO 
 Trata-se de um simples comportamento humano consciente, de natureza não negocial, e que determina a produção de efeitos legalmente previstos. A PARTE NÃO TEM A LIBERDADE DE ESCOLHER OS EFEITOS. Falta a liberdade negocial, os efeitos são automáticos.
Ex1: reconhecimento de paternidade; 
Ex2: plantação em terreno alheio.
 
ATO-FATO JURÍDICO: comportamento que surge da vontade humana, tendo, pois, o elemento humano como essencial, porém desprezando-a em seguida, uma vez que para a produção de seus efeitos a vontade humana é irrelevante, independendo do elemento anímico. 
Ex1: compra e venda de pequenos efeitos, por uma criança. 
	
	
	
	NEGÓCIO JURÍDICO 
É uma declaração de vontade que nasce de um processo complexo de elaboração e, por meio da qual a parte auto-disciplina os efeitos que escolheu e pretende atingir. O negócio jurídico permite a liberdade de escolha dos efeitos que pretende atingir, ou seja, as partes têm autonomia para escolher os efeitos que pretendem produzir. 
Ele é a aplicação do princípio da autonomia da vontade. Há liberdade negocial. 
Também provoca efeitos jurídicos, mas o indivíduo ao praticar o ato tem como objetivo alcançar os efeitos jurídicos decorrentes. 
Ex1: assinar nota promissória (vinculação cambiária). 
Ex2: testamento. 
Ex3: promessa de recompensa. 
O indivíduo pode, sem ferir o ordenamento, construir a relação contratual. O novo CC/2002 trata dos negócios jurídicos, de maneira geral. Mesmo no contrato de adesão há vontade, consistente na decisão de aderir ou não.
Observações à tabela acima: 
o negócio jurídico era o que o CC/16 definia como ato jurídico (destinado a provocar aquisição, extinção ou modificação de direito)
a palavra negócio não leva necessariamente a um contrato bilateral, ou seja, ele pode ser unilateral, como: promissória ou testamento. Mas, evidentemente, pode ser bilateral (contratos).
as regras que serão tratadas adiante (artigos 104 a 184) tratam somente ao negócio jurídico, aplicando-se somente no que couber ao ato jurídico lícito.
Classificação dos negócios jurídicos:
1) Quanto às vantagens que produzem:
	GRATUITOS, nos quais só uma das partes aufere benefícios e outra um prejuízo (doação), e ONEROSOS, em que os sujeitos visam, reciprocamente, a obtenção de vantagens. Há benefícios e sacrifícios para ambas as partes. Os negócios jurídicos onerosos se dividem em comutativos, em que há um equilíbrio subjetivo entre as prestações, sendo elas equivalentes e certas (compra e venda), e aleatórios, aqueles em que uma das prestações está subordinada a evento futuro e incerto, a “álea”, enquanto a outra já é certa e determinada (contrato de seguro).
2)Quanto às formalidades:
	Solenes, se requerem para sua existência forma especial prescrita em lei (testamento), e não-solenes, se não exigirem forma legal para sua efetivação (compra e venda de bem móvel). Nos termos do art. 107, são regra em nosso ordenamentojurídico.
3) Quanto ao conteúdo:
	PATRIMONIAIS, se versarem sobre questões suscetíveis de aferição econômica; EXTRAPATRIMONIAIS, se atinentes aos direitos personalíssimos e ao direito de família.
4) Quanto ao número e sentido da manifestação da vontade:
 	UNILATERAIS, se a declaração provier de um ou mais sujeitos, desde que estejam na mesma direção colimando um único objetivo. Subdividem-se em receptícios, se os seus efeitos só se produzirem após o conhecimento da declaração pelo destinatário, e não-receptícios, se sua efetivação independer do endereço a certo destinatário; Testamento, promessa de recompensa.
BILATERAIS, quando a declaração volitiva emanar de duas ou mais pessoas, coincidentes sobre o objeto, mas em sentidos opostos. Podem ser simples, quando concederem benefício a uma das partes e encargo à outra, e sinalagmáticos, quando conferirem vantagens e ônus a ambos os sujeitos; 
PLURILATERAIS: são os atos que envolvem mais de duas partes, com declarações no mesmo sentido, como o contrato social de constituição de sociedade com mais de dois sócios.
5) Quanto ao tempo em que produzem efeitos: em inter vivos e mortis causa.
6) Quanto aos seus efeitos:
	 CONSTITUTIVOS, se sua eficácia operar-se ex nunc; DECLARATIVOS, aqueles em que a eficácia é ex tunc.
7) Quanto à sua existência: 
	PRINCIPAIS, se existirem por si mesmos; ACESSÓRIOS, se sua existência subordinar-se à dos principais.
8) Quanto ao exercício dos direitos:
	Em negócios de DISPOSIÇÃO, se implicarem o exercício de amplos direitos sobre o objeto (doação), e de simples ADMINISTRAÇÃO, se concernentes ao exercício de direitos restritos sobre o objeto, sem que haja alteração em sua substância (locação de uma casa).
NEGÓCIO FIDUCIÁRIO é aquele em que alguém transfere a propriedade ou titularidade de um bem ou direito a outra pessoa, para determinado fim, com a obrigação de restituí-la ou transmiti-la a terceiro.
PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA
	Não é possível compreender o negócio jurídico, senão a partir de seus diferentes planos: existência, validade e eficácia. Como esclarece Junqueira de Azevedo, “plano de existência, plano de validade e plano de eficácia são os três planos nos quais a mente humana deve sucessivamente examinar o negócio jurídico, a fim de verificar se obtém plena realização”. São os três andares da Escada Ponteana, conforme ressalta Tartuce. 
	PLANO DA EXISTÊNCIA: relativo ao ser, isto é, sua estruturação, de acordo com a presença de elementos básicos, fundamentais para que possa ser admitido.
Existência: São os elementos do plano de existência (Pablo): manifestação da vontade – Manifestação de vontade totalmente ausente, configura a inexistência; agente – pessoa física ou jurídica. objeto – precisa ter um objeto. forma – meio pelo qual se exterioriza a vontade. Para que exista, o negócio jurídico deve ser manifestado de alguma forma, e a forma está ligada à manifestação de vontade, ela é o revestimento exterior de vontade.
PLANO DA VALIDADE dizendo respeito à análise dos requisitos em conformidade com a ordem jurídica, para afirmar a aptidão do negócio para produzir efeitos
	Validade O plano da validade engloba os elementos necessários para a validade, sendo o rol abaixo mais complexo do que o previsto no artigo 104 CC/02 (que não menciona a manifestação de vontade), basta pegar os elementos da existência e qualificá-los:
manifestação da vontade exteriorizada conscientemente, de forma livre e desembaraçada – deve ser totalmente livre e de boa-fé. Os defeitos ou vícios do negócio jurídico interferem no ato jurídico no plano de validade, por impedir a manifestação livre e de boa-fé.
	A manifestação pode ser expressa (escrita, oral ou gestual) ou tácita (muito em voga com o direito do consumidor); ela é inferida de um comportamento, podendo a vontade ser manifestada através de um comportamento contundente, ou seja, comportamento que leve à conclusão de que o indivíduo pretende alcançar os efeitos do negócio, 
	O SILÊNCIO, via de regra, não representa manifestação da vontade, mas em alguns casos (excepcionalmente) pode representar. No direito, quem cala, cala, não quer dizer que consente. O puro silêncio só vale se a lei assim o determinar, ou se vier acompanhado de outros fatores externos. (ART. 111 CC)	Há casos em que o silêncio equivale à aceitação (ex.: notificação, no prazo de até 30 dias, feita pelo credor ao herdeiro, para saber se ele aceitou ou não a herança). 
SILÊNCIO CIRCUNSTANCIADO: exemplo do equalizador vendido junto com o carro, quando o vendedor fica em silêncio, sabendo que deveria se manifestar, por um dever de lealdade.
AGENTE CAPAZ – o agente deve ser capaz e legitimado para a prática do negócio jurídico. (ART. 105 cc)
Se o capaz contrata com o relativamente incapaz não pode alegar o vício da vontade. Esse dispositivo repete um dispositivo do Código Português. Um capaz e um relativamente incapaz no mesmo polo da relação jurídica, não pode alegar o vício da vontade do seu co-interessado, exceto se for indivisível o objeto do direito.
OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL – o objeto deve ser lícito, possível e determinado ou determinável. Esse assunto tem repercussão em Direito das Obrigações. Em direito civil, considera-se lícito não apenas o que é legal, mas, também, o que é moral, dentro de uma moral de um homem médio. Exemplo: a atividade da prostituição não é crime (casa de prostituição é), o contrato celebrado entre a prostituta e o cliente é existente, mas o contrato é inválido, porque não tem um objeto lícito. (art. 106 CC)
	Lícito é o que não contraria a LEI, a MORAL ou os BONS COSTUMES. 
	A possilidade deve ser verificada sob os aspecto FÍSICO e JURÍDICO.
	Determinado ou determinável – sob pena de se prejudicar não apenas a validade, mas também a executoriedade da avença. Todo objeto deve, pois, conter elementos mínimos de individualização que permitam caracterizá-lo. P.ex. obrigar-se a entregar um carro, qualquer um, a cláusula é nula, porque, não é determinável, determinável seria dizer que entregaria um carro de sua frota.
FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI – é a forma prescrita em lei. No CC/02, há a previsão de liberdade de forma (art. 107). Quando a lei prescrever determinada forma como requisito de validade, o negócio será solene ou formal. EXEMPLO: artigo 108. Não há liberdade negocial em relação à forma quando haja determinação da lei. 
Essa forma não se confunde com o requisito de existência do negócio jurídico, exemplo: Sr Pedro que acreditava ter o documento certo de compra e venda de um imóvel, mas, na verdade, somente tinha um recibo de caderno, a forma era inválida, mas era existente. (arts. 107/109)
	A exigência de formas especiais se justifica quando os bens em questão sejam importantes, garantindo a liberdade de manifestação de vontade da parte e facilitando a prova do negócio jurídico. 
Observações:
Negócio jurídico formal é feito por qualquer instrumento, não somente o instrumento de escritura pública, ou seja, ele pode ser feito por instrumento particular, mas permanece com a característica de solenidade (ex.: fiança deve ser escrita); 
A lei pode prever mais de uma forma para o negócio jurídico, p. ex., testamento pode ser feito ordinariamente, como testamento público, testamento particular ou testamento cerrado.
	Por vezes, a lei exige uma forma para a prova do negócio jurídico, mas não a considera como substância do negócio jurídico, p. ex.:
Artigo 401, CPC, os negócios jurídicos que envolvam valores maiores que 10 vezes o SM somente ser provados por escrito.
Artigo 758, CC, o seguro é um negócio jurídico que somente pode ser provado pela apólice, pelo bilhete do seguro ou pelo recibo de pagamento do prêmio.
INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
	A interpretação foi um tema pouco explorado pelo novo CC/02 (artigos 112 a 114)
	A declaração de vontade foi privilegiada, mas não acima de tudo. É preciso se atentar à intenção doagente, que deve de alguma maneira ter se manifestado na declaração. O art. 112 abandonou a Teoria Pura da Vontade. O NCC conseguiu um equilíbrio entre as Teorias da vontade e da Declaração, agora, é aplicada a Teoria da Auto-Responsabilidade, que consiste no prestígio da vontade (ainda é uma mola propulsora), atribuindo a responsabilidade do emissor dessa vontade, mas deve-se procurar um lastro na declaração.
EU(Rodrigo): creio que a tese adotada pelo NCC foi a TEORIA DA CONFIANÇA que prevê, em síntese, o dever de sempre tentar buscar a vontade real (interna), mas tal busca somente pode ter como ponto de partida a declaração de vontade, pois é a declaração de vontade que gera na parte a confiança necessária para a celebração do NJ. Sendo assim, é a declaração o ponto de partida para qualquer busca da vontade interna (ou seja, seria inadmissível alegar que a vontade interna não tem qualquer relação com a declaração de vontade). (art. 113)
	Essa regra de interpretação é objetiva. A boa-fé que se fala aqui é a OBJETIVA, que em cada livro do CC se renova; ela é uma regra de conduta, um padrão de comportamento leal, o que se espera de pessoas leais e solidárias. Ela é objetiva porque, para verificar se alguém está de boa-fé ou não, não importa mais o que está na cabeça do agente, basta a verificação se sua conduta está adequada ou não ao padrão objetivo ideal. Trata-se de uma manifestação do Princípio da Eticidade. A boa-fé objetiva desempenha várias funções no CC, e aqui está funcionando como uma regra interpretativa. Entendimento predominante: sempre deve ser feita a interpretação com os aspectos subjetivos, não dando certo, parte-se para os aspectos objetivos, (Godoy discorda, acredita que as duas formas de interpretação devem coexistir). (art. 114, cc)
MOTIVO
	O motivo (razão que leva alguém a praticar um negócio jurídico) é irrelevante quando permanece na cabeça do indivíduo mas, se o motivo for expresso, haverá a vinculação do negócio jurídico, como está previsto no artigo 140. P. ex., o indivíduo perde a consciência durante o afogamento, ao recobrar sua consciência, encontra pessoa que acreditou que o salvou; assim, o indivíduo decide fazer uma doação por esse motivo, mas não houve salvamento: 1) se foi externado o motivo, e não houve salvamento, a doação perde a validade; 2) se não foi externado o motivo, mesmo com a inexistência de salvamento, a doação é válida. (art. 140, CC)
RESERVA MENTAL (art. 110, CC)
	Parte da doutrina entende que é um vício do negócio jurídico (artigo 110). É uma proposital divergência entre a vontade interna e a vontade declarada, assim, o indivíduo reserva mentalmente o que quer, a manifestação da vontade não coincide com a real vontade do sujeito. Ressalte-se que o CC fala que o negócio jurídico é válido (SUBISTE).
	Não se trata de dolo porque não obriga ninguém a celebrar o negócio jurídico, ou seja, não há ninguém induzido a erro. Existem duas pessoas celebrando um negócio jurídico e UMA delas manifesta algo diferente do que realmente quer. Está no plano da manifestação da vontade. Se a RESERVA MENTAL não for conhecida do destinatário, ela não tem relevância. Somente terá relevância se for do conhecimento do destinatário. Se a outra parte aderir, poderá haver a simulação.
	Exemplo 01: casamento para regularização em país estrangeiro, sendo que um dos cônjuges não sabia dessa intenção, assim, o casamento é válido, mas se os dois sabiam, haveria invalidade do ato (não é simulação, porque para isso teria que haver a intenção das duas partes).
Exemplo 02: promessa de reversão de parte da renda para filantropia, com a verdadeira intenção de lucrar. 
	O CC/02 tratou como um problema de manifestação em que pese a posição da doutrina como vício. 
	A reserva mental pode ser dos seguintes tipos:
1) Conhecida: o outro contratante sabe da reserva mental e adere a ela. Esse ato é equiparado à simulação. Existe doutrina minoritária (min. Moreira Alves), a entender que enquanto a reserva estiver escondida, o negócio é mantido, mas quando a outra parte conhece, o negócio jurídico é INEXISTENTE. Pablo discorda dessa posição, porque não é vício que será verificado no plano da existência.
2) Desconhecida: o outro contratante desconhece a reserva mental. O ato é existente e subsiste, ou seja, não é capaz de anular o negócio jurídico.
REPRESENTAÇÃO
Está prevista nos artigos 115 a 120.
	Está relacionada à incapacidade, servindo como instrumento jurídico, por meio do qual, alguém fale pessoalmente, mas, juridicamente, em nome de outra pessoa, ou seja, o vínculo jurídico é criado para o representado. 
		O CC pretendeu traçar um regramento genérico que se aplica à representação. Ela pode ser:
Legal (tutela, curatela, pais representando filhos) 
Convencional (procuração)
	O artigo 120, CC/02 afirma que a parte geral só serve para a representação legal (já não se utiliza a parte geral, lá na específica já tem tudo previsto), seria somente útil na representação convencional.
	Pelo artigo 116, se atuar fora de seus poderes, estará atuando ultra vires e aí não vincula o representado. O representado somente se vincula pelo ato do representante, se este houver atuando dentro de seus poderes.
	Se for legal, a lei estabelecerá quais são os limites de atuação do representante; se for convencional, o instrumento escrito (procuração) estabelecerá quais são esses poderes.
	Exceção: somente em um caso o representado se vincula pela manifestação do representante, mesmo este atuando ULTRA VIRES: REPRESENTAÇÃO PUTATIVA, que muito excepcionalmente pode ocorrer no caso de representação voluntária, p. ex., procuração feita sem o conhecimento do representado, porque assinou folha em branco; assim, é preciso que o representado tenha de alguma forma contribuído para o ato, como no exemplo, assinou folha em branco.
	Imprecisão técnica cometida pelos dois CC: A procuração é o instrumento do mandato, isso está errado porque o mandato pode ser até mesmo verbal, na verdade, a procuração é instrumento da representação.
	A regra do artigo 119 não pode ser confundida com a hipótese do artigo 116. 
	Pelo art. 119, o representante age de acordo com os poderes que lhe foram outorgados, mas está em desacordo com os interesses do representado (aquele negócio jurídico, naquela situação e condições) – há conflito de interesses. 
	O representado fica plenamente vinculado, havendo somente uma pretensão indenizatória de sua parte contra o representante. Mas se o terceiro sabia do conflito de interesse com o representado, caberá o pedido de anulação, no prazo de 180 dias a contar da celebração do negócio jurídico.
	Por outro lado, a regra do artigo 117 estabelece que, salvo se o permitir a lei ou o representado, é ANULÁVEL o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido estabelecidos.
PLANO DA EFICÁCIA
	Eficácia:A eficácia é verificada em nível superior, ou seja, somente depois que o negócio existe, somente depois de válido. Ou seja, a análise no plano da eficácia exige que o negócio seja existente e válido. 
	Orlando Gomes estabelece uma distinção entre os atos ineficazes e inválidos: o negócio é inválido quando defeituoso em seus pressupostos e requisitos. Diz-se ineficaz quando, embora válido, não produz os efeitos normais devido a obstáculo estranho aos seus elementos essenciais, como a necessidade de prática de ulteriores atos para se tornar eficaz ou implemento de condição ou advento de termo.
	Em que pese a distinção entre atos ineficazes e inválidos, vale registrar que os atos ou negócios anuláveis serão eficazes até que lhes seja decretada a anulação, tanto é que o negócio pode ser convalidado pelo decurso do tempo. Nesse sentido, é bastante esclarecedora a posição de Roberto Ruggiero: na verdade, o negócio anulável não é já um negócio que o ordenamentoconsidere inexistente; pelo contrário, existe e tem eficácia plena como se não tivesse vícios, até que a pessoa interessada e autorizada por lei a fazer valer o vício o faça valer, mediante uma ação, uma exceção ou uma anulação. A eficácia do negócio é, pois, condicionada ao não exercício do direito a invocar a sua invalidade.
	Observe-se, entretanto, que em algumas hipóteses (raras), os atos jurídicos nulos também produzem efeitos, como por exemplo, o casamento putativo. Assim, nos termos do artigo 1561�.
	No plano da eficácia, há distinção entre os atos jurídicos stricto sensu e os negócios jurídicos, conforme leciona Francisco Amaral: Quanto aos efeitos, no ato jurídico em sendo estrito é a própria lei a determiná-los, enquanto no negócio jurídico é a vontade dos particulares. 
	Há um aspecto da ineficácia que corrobora a necessidade do plano distinto que analise a inexistência, já que não se pode confundir a ineficácia do ato nulo com a ineficácia do ato inexistente, como afirma Marcos Bernardes de Mello: ... é necessário deixar claro que não tem sentido, do ponto de vista lógico, falar-se de ineficácia do ato inexistente e compará-lo à ineficácia do ato nulo, porque (a) a ineficácia, quando referida a ato inexistente, constitui conseqüência irremovível do não-ser (o NÃO-SER não pode produzir coisa alguma), enquanto (b) em relação ao nulo a ineficácia resulta, na verdade, de uma RECUSA de eficácia, como repúdio à ilicitude a que o sistema impõe a invalidade como sanção.
	O plano da eficácia estuda os elementos acidentais dos negócios jurídicos: CONDIÇÃO, TERMO, MODO ou ENCARGO, que são fatores que interferem na eficácia dos negócios jurídicos.
ELEMENTOS ACIDENTAIS (ou MODALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO)
1 – CONDIÇÃO (arts. 121 a 130 CC)
	  É o acontecimento FUTURO e INCERTO, que subordina a produção dos efeitos de um negócio jurídico. Ou seja, é sempre designada por um SE nos negócios jurídicos. Essa condição é a chamada CONDIÇÃO PRÓPRIA, porque resulta de uma convenção das partes. Há as condições impróprias, que já fazem parte integrante da natureza do negócio jurídico; exemplo: o testamento somente terá eficácia de transmissão causa mortis se o de cujus morrer antes do beneficiário.
	Há negócios jurídicos que não podem ser subordinados a nenhuma espécie de condição, que somente é cabível em negócios patrimoniais. Sendo assim, não é cabível condição:
Celebração de casamento
Adoção de filho
Reconhecimento de filho
Aceitação ou renúncia de herança
CLASSIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES
É importante para a determinação de quais são válidas ou não e quais que prejudicam o negócio jurídico como um todo ou não:
Condições possíveis e impossíveis
	CONDIÇÕES
	CONSEQUÊNCIA
	POSSÍVEIS
	
	VÁLIDAS
	IMPOSSÍVEIS
	FISICAMENTE
	Quando o evento subordinador (futuro e incerto) for inalcançável para qualquer pessoa, do ponto de vista físico. 
EXEMPLO: tocar a mão na lua com um pulo (exemplo absurdo).
	INVÁLIDAS, SE SUSPENSIVAS
NÃO ESCRITAS, SE RESOLUTIVAS
	
	JURIDICAMENTE
	No CC/16, previa nesse item todas as condições que encontrassem um obstáculo da lei, fosse uma afronta direta, ou mero desrespeito a um requisito legal, no estabelecimento da condição. 
Havia uma mistura com as situações nas quais o próprio evento futuro e incerto era ilícito, o que já não ocorre no novo CC. Misturando no mesmo conceito os dois tipos de ilicitude da condição: do evento em si próprio (matar alguém) e da condição específica no caso concreto (adotar com diferença de idade inferior a 16 anos).
	
	
	
	No CC/02, estabelece que o evento futuro e incerto, em si mesmo, é LÍCITO; mas, no caso concreto, falta-lhe requisito específico; 
EXEMPLO: alugar o imóvel se for adotada uma criança, a adoção em si é um evento perfeitamente lícito; mas, se a condição for adotar um menor com diferença de idade inferior a 16 anos, estará, no caso concreto, faltando um requisito específico, qual seja a diferença de idade entre adotante e adotado. 
Especifica como CONDIÇÃO JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL aquela na qual somente no caso concreto há uma ilicitude, mas a condição abstratamente considerada é plenamente lícita.
	
As condições POSSÍVEIS são Válidas
Quanto às condições IMPOSSÍVEIS: 
1) Caso sejam SUSPENSIVAS – física ou juridicamente, invalidam o negócio jurídico (TODO, e não somente a condição)
2) Caso sejam RESOLUTIVAS, consideram-se inexistentes (SOMENTE A CONDIÇÃO, ou seja, é como o negócio jurídico não tivesse subordinado à condição).
 Condições Lícitas Ou Ilícitas
Também podem ser verificadas quanto a sua validade ou invalidade.
As condições lícitas são válidas e, as ilícitas, inválidas: Quer sejam suspensivas ou resolutiva, não importa se o negócio jurídico gerou ou não efeitos, é inválido o negócio jurídico, porque o vício da condição é muito grave. Essa idéia é de Clóvis Bevilácqua. 
	CONDIÇÕES quanto à licitude
	CONSEQUÊNCIA
	LÍCITAS
	São as condições que não contrariam a lei, a ordem pública ou os bons costumes (artigo 122, 1a. parte)
	VÁLIDAS
	ILÍCITAS 
(são as que privarem de todo efeito o negócio jurídico ou o sujeitarem ao puro arbítrio exclusivo de uma das partes – artigo 122, 2a. parte) 
	PRIMEIRA: é a condição ilegal, que consiste no fato de o evento futuro e incerto em si ser ILÍCITO (matar alguém)
	INVÁLIDAS
	
	SEGUNDA: é a condição que viola um princípio (renunciar ao direito de trabalhar, ou seja, a renúncia a um direito fundamental); há parte da doutrina que faz uma ressalva, quanto ao casamento (condição de não casar), mas será lícita se for especificado com quem casar (não casar com A ou B)
	
	
	TERCEIRA: é a condição que viola a moral e os bons costumes (se a pessoa se prostituir)
	
	
	QUARTA: é a condição incompreensível, ou seja, não se compreende qual a subordinação que se quis impor ao negócio jurídico
	
	
	QUINTA: é a condição perplexa, que consiste em trazer uma contradição (na venda de um imóvel residencial, condição não ser utilizado como moradia). Privarem de todo efeito o negócio jurídico.
	
	
	SEXTA: é a condição puramente potestativa
	
Condições causais ou potestativas
	CONDIÇÕES quanto à ORIGEM
	CONSEQUÊNCIA
	CASUAIS
	O evento futuro e incerto, que independe da vontade humana, ou seja, depende da natureza, é um evento da natureza, p. ex., se chover, se não chover
	VÁLIDAS
	POTESTATIVAS
O evento futuro e incerto depende da vontade exclusiva de uma das partes. potestade=poder
	MERAMENTE 
OU
PURAMENTE POTESTATIVAS 
	O evento futuro e incerto depende puramente da vontade de uma das partes; vontade essa que não dependa de nenhum elemento externo, ou seja, são as condições que a doutrina chamava de condições de MERO CAPRICHO (se eu quiser, se eu acordar de bom humor); a vontade não depende de nenhum fato externo. 
Uma parte subordina-se totalmente ao arbítrio da outra.
	ILÍCITAS=INVÁLIDAS
	
	PROMÍSCUAS
	é a condição que nasce simplesmente potestativa e se invalida posteriormente
	INEFICAZ
	
	SIMPLESMENTE POTESTATIVAS
	O evento futuro e incerto depende puramente da vontade de uma das partes, não sendo arbitrária, porque essa vontade de uma das partes, por sua vez, depende de um fator ou de um elemento externo (em um contrato de locação, prevista uma condição de que o contrato será prorrogado se o inquilino quiser; há o fator externo que consistirá no sucesso do negócio prestado por ele). (Bicho do jogo de futebol) 
	VÁLIDAS
	MISTAS
	O evento futuro e incerto está condicionado à vontade de uma das partes e da vontade de um terceiro. (venda por experimentação, que dependerá da vontade do comprador) Pablo disse que essa condição é puramente potestativa, mas é válida por força da lei.
	VÁLIDAS
 
Condição Puramente Potestativa
SEPARAÇÃO. Doação. Revogação. É inaceitável a cláusula constante do acordo de separação, que submete a doação aos filhos, de imóveis de propriedade do casal, à condição de poderser desfeita a qualquer tempo, pela vontade única dos doadores.(RESP 220608/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 04.12.2001, DJ 20.05.2002 p. 145)
 
CONDIÇÕES SUSPENSIVAS OU RESOLUTIVAS 
	CONDIÇÕES quanto ao modo de atuação
	CONSEQUÊNCIA
	SUSPENSIVAS
	O evento futuro e incerto subordina o INÍCIO DA EFICÁCIA do negócio jurídico, ou seja, ele somente começa a ter eficácia quando ocorrer a condição; até a ocorrência da condição suspensiva, o negócio jurídico ficará impedido de começar a produzir efeitos 
	VÁLIDAS
	RESOLUTIVAS
	O evento futuro e incerto CONDICIONA A PERSISTÊNCIA OU A PERMANÊNCIA DA EFICÁCIA do negócio jurídico, ou seja, o negócio jurídico já produz efeitos quando é celebrado com condição resolutiva, mas será resolvido caso ocorra a condição. Assim, quando acontece a condição, o negócio jurídico cessa, resolve-se (vender o imóvel, mas se chover a venda se desfaz).� PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE da cláusula resolutiva = não pode atingir terceiro.
	VÁLIDAS
	
	INVALIDAM O NEGÓCIO JURÍDICO POR COMPLETO (artigo 123)
	
	
	Condições fisicamente impossíveis suspensivas
	
	
	Condições juridicamente impossíveis suspensivas
	
	
	Condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita
	
	
	Condições incompreensíveis ou contraditórias
	
	
	
	
	
	CONSIDERAM-SE NÃO ESCRITAS ou INEXISTENTES (artigo 124)
(Prevalece o negócio jurídico sem considerá-las)
	
	
	Condições fisicamente impossíveis resolutivas
	
	
	Condições juridicamente impossíveis resolutivas
	
	
	CONDIÇÕES DE NÃO FAZER COISA IMPOSSÍVEL
É praticamente um NADA, assim deve ser considerada como não escrita
	
TERMO
	É elemento acidental do negócio jurídico, que subordina a sua eficácia a EVENTO FUTURO E CERTO (ou seja, vai acontecer). Esse evento pode ser datado previamente, porque já se sabe que vai ocorrer (termo certo); mas pode ser também não datado (morte – termo incerto). O termo pode ser inicial (a quo) ou final (ad quem). 
	O termo inicial equivale (mais ou menos) à condição suspensiva, porque o negócio jurídico ainda não está gerando efeitos antes de chegar o termo; mas o termo inicial já gera direito adquirido (na condição não gera, por que o evento é incerto, no termo ele é certo). O termo inicial não impede o pagamento antecipado da obrigação, por isso que se pode pagar antecipadamente o financiamento do carro, com abatimento dos juros, o denominado deságio.
 O termo final, por outro lado, equivale (mais ou menos) à condição resolutiva, porque o termo final encerra o negócio jurídico. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
PRAZO é o intervalo de tempo entre o termo inicial (início da locação) e final (fim da locação). Artigo 134. 
Regras de contagem de prazo – regras básicas estão previstas no artigo 132
salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluindo o dia do começo e incluído o do vencimento;
se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil;
meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia;
os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência;
os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto; desde que se saiba o horário do início (na Lei de Falências, como há muitos prazos contados em horas, o juiz estabelece o horário da decretação da falência).
	
	Quando há negócio jurídico a termo, presume-se que o prazo foi fixado em benefício do devedor, o que significa que, como regra, o devedor pode cumprir sua obrigação antes de alcançado o termo final. (art. 133 CC)
	Quanto à origem o termo pode ser:
LEGAL – estabelecido em lei;
CONVENCIONAL – estabelecido pelas partes;
DE GRAÇA – é o termo judicial, ocorre muito dos acordos formalizados, quando o juiz estabelece o prazo para pagamento.
ENCARGO
	O CC/16 chamava de modo. Seu termo revelador: a fim de que.
	O encargo é a imposição de uma obrigação ao beneficiário de uma liberalidade (testamento e doação), um ônus que limita a liberalidade. Exemplo: doar a casa com obrigação de cuidar de crianças. É elemento típico de negócios gratuitos. É um ônus que se atrela a uma liberalidade maior. 	O encargo não impede a aquisição do direito (artigo 136)
	O encargo pode ser uma obrigação de dar, fazer ou não-fazer. Ele também deve sempre ser lícito. O encargo não é uma contrapartida da liberalidade, se ele não for cumprido:
DOAÇÃO: expresso no CC/02, o beneficiário pode ser acionado para cumprir o encargo pelo doador. Em sua falta, sendo o encargo de finalidade social, pelo MP. Mas o doador pode também pedir a revogação da doação, que sempre se dará por sentença judicial com EFEITO EX NUNC.
TESTAMENTO: caso não estiver expresso, haverá a necessidade de se explicitar no testamento qual o efeito do não cumprimento do encargo.
	Se ele não for possível de ser cumprido (artigo 137) e o motivo do contrato tiver sido o encargo, o contrato perde a validade, nos termos do art. 136. 
	O encargo ilícito (viola a lei) ou impossível (física ou juridicamente) será afastado, mantendo-se o negócio jurídico.
	Note-se que o tratamento dispensado à condição ilícita é diferente do dispensado ao encargo, na medida em que, nela há a invalidação de todo o negócio, já no encargo, ele é afastado e será mantido o negócio jurídico. Ou seja, diferentemente da condição suspensiva, regra geral, o encargo ilícito ou impossível deve ser desconsiderado, mantendo-se o negócio jurídico. (Artigo 137)
A INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
	O plano de validade do negócio jurídico abrange as hipóteses de nulidade (art. 166 e 167 do CC) e as de anulabilidade (art.171 do CC). Por isso, tanto as nulidades quanto as anulabilidades são espécies do gênero invalidade do negócio jurídico.
	Convém assinalar que, em se tratando de desconformidade com o ordenamento jurídico, as invalidades dependem de expressa previsão legal, somente podendo estar caracterizadas por expressa previsão no ordenamento jurídico. 
	De acordo com a gravidade do vício, o legislador estabelece uma graduação na sanção (= reação do ordenamento jurídico), prescrevendo sanção mais grave em determinados casos e menos grave em outros, porque considera que o interesse seja menos da sociedade e mais das partes envolvidas no ato jurídico.
	A nulidade viola interesse público, cuja proteção interessa a todos, à própria pacificação social. A anulabilidade, por sua vez, é menos grave, comprometendo interesses particulares, servindo esta distinção para fixar, desde logo, a legitimidade para pleitear o reconhecimento da invalidade: em se tratando de nulidade, qualquer interessado pode suscitá-la e o juiz pode conhecer de ofício; se, por outro turno, o caso é de anulabilidade, somente o interessado pode provocá-la. 
1) NULIDADE (NULIDADE ABSOLUTA)
	De modo geral, a nulidade decorre da violação a um dos requisitos de validade estabelecidos pelo art. 104: “a validade do ato jurídico requer agente capaz (art. 104, I), objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104, II e III)”. (art. 166 CC)
Agente ABSOLUTAMENTE incapaz: incapacidade deve ser absoluta
For ilícito, impossível ou indeterminável o seu OBJETO
O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito (se o motivo permanecer na esfera pessoal do agente, não é causa de nulidade do negócio jurídico). 
	PS (Rodrigo): há autores que diferenciam causa e motivo do negócio jurídico. A causa seria a finalidade declarada do negócio, e o motivo o conjunto de razões internas – pessoais – que levaram as partes à celebração do NJ. Ou seja, o motivo, por ser interno, subjetivo, em princípio não anularia o NJ se afeto à somente uma das partes. Caso sejailícito e COMUM A AMBAS AS PARTES, teria força para anulá-lo. A causa é comum a todos os NJ da mesma espécie (ex.: causa de um contrato de locação seria a transferência da posse mediante recebimento do valor; causa de uma compra e venda é a transferência de propriedade mediante pagamento do preço). Ela não interferiria na validade do NJ.
Não revestir a forma prescrita em lei. Exemplo: escritura pública de compra e venda de imóveis com valor superior a 30 SM.
For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade (é hipótese muito próxima da prevista no item anterior). EXEMPLO: o casamento deve ser celebrado de portas abertas. Não deixa de ser hipótese de inobservância de forma.
Tiver por objetivo fraudar lei imperativa (difere da simulação, porque aqui, o negócio é de verdade, mas viola lei imperativa, p. ex., querer vender lotes sem atender aos requisitos legais, o sujeito começa a vender partes ideais, sem obedecer à Lei de Parcelamento do Solo). Essa fraude à lei é muito genérica, ampla, não há uma vítima específica, ocorre muito nos âmbitos do Direito Trabalhista e Direito Tributário.
A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática sem cominar sanção (parte final é novidade) (venda de ascendente para descendente, no CC/02, é expressamente prevista como negócio ANULÁVEL).
	O art. 167 contempla outra hipótese específica de nulidade: a SIMULAÇÃO, caracterizada pela manifesta desconformidade entre a vontade declarada pelas partes e a vontade concretamente pretendida por elas. Enfim, o desajuste entre vontade real e a vontade afirmada negocialmente. Ressalte que no Código Civil de 1916, ao contrário do CC/2002, a simulação era causa de anulabilidade.(a simulação será tratada com mais detalhes adiante). 
	Em virtude da gravidade do vício infringido, violado, considera o ordenamento jurídico que o ato ou negócio nulo não produza qualquer efeito jurídico, podendo, inclusive, ser reconhecido como tal ex officio, pelo próprio juiz, ou a requerimento do interessado ou do Ministério Público, quando tenha de intervir. 
	Como se trata de vício não convalidável, o negócio jurídico não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo (art. 169). Percebe-se, assim, em que pese as antigas divergências doutrinárias, que o ato nulo não prescreve.
	PS (Rodrigo): Doutrina moderna sustenta que o ato, mesmo nulo, pode produzir efeitos, desde que não seja requerida sua invalidação, o que pode ser facilmente perceptível na vida prática (celebrado contrato nulo, mas que não se suscite sua nulidade, ele produzirá sim efeitos).
	 Note-se, porém, que o art. 170 do Código Civil trouxe o instituto da conversão substancial, admitindo uma verdadeira recategorização de determinado negócio para outro de diferente espécie, respeitadas determinadas circunstâncias e os requisitos de validade quanto ao “novo” NJ. Assim, se o negócio nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. (arts. 169 e 170 CC)
	Assim, pode-se apresentar as características elementares da nulidade do negócio jurídico: 
Opera-se de pleno direito; 	b) Pode ser invocada por qualquer interessado, inclusive pelo Ministério Publico; 	c) Inadmite confirmação, sendo, pois, irratificável; 	d) É imprescritível; 	e) Pode ser conhecida ex officio pelo juiz. 	
	
	NULIDADES
	
Podem gerar EFEITOS INDIRETOS (p. ex. compra e venda nula não gera efeitos diretos de compra e venda, mas pode justificar a posse do comprador)
	pode gerar o efeito da CONVERSÃO SUBSTANCIAL (artigo 170), que consiste na conversão do negócio jurídico nulo (o anulável possui outros remédios) em outro negócio jurídico válido, desde que respeitados dois requisitos: 
presença dos requisitos do negócio jurídico novo no negócio jurídico nulo (negócio jurídico de compra e venda de imóvel nulo porque feito por escritura particular) e 
as partes devem querer o negócio jurídico novo se soubessem da nulidade (pode ser aproveitada como promessa de compra e venda, desde que se possa concluir que as partes, se soubessem da necessidade de escritura pública o teriam feito)
Esse instituto tem pertinência com o PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO. A conversão substancial é uma medida sanatória, por meio da qual aproveitam-se os elementos materiais do negócio jurídico inválido, convertendo-o em outra categoria de negócio válido e de fins lícitos. (KARL LARENZ). Enunciado 13 do CJF: “O aspecto objetivo da conversão requer a existência do suporte fático no negócio a converter-se”.
A conversão substancial aplica-se, em regra, apenas aos negócios jurídicos nulos, uma vez que os anuláveis podem ser convalidados pela simples manifestação de vontade das partes interessadas, sendo desnecessária a aplicação da teoria do aproveitamento (excepcionalmente, aplica-se aos atos anuláveis que não sejam passiveis de ratificação). 
Tratando-se de aproveitamento de ato nulo, clama reconhecimento judicial, se presente seus pressupostos. Somente o juiz, portanto, pode declarar o aproveitamento da vontade manifestada em negócio nulo.
	Pode gerar o efeito da CONVERSÃO APARENTE – o tipo negocial é o mesmo, p. ex., escritura pública de compromisso de compra e venda, que não é válida como pública, mas pode ser aproveitada como instrumento particular, que também valida o compromisso de compra e venda.
 ANULABILIDADES (NULIDADES RELATIVAS)
	No que pertine às anulabilidades, tem-se presente, basicamente, o interesse privado, não havendo, via de consequência, gravidade tão relevante quanto na hipótese de nulidade.
	Tratando-se de vícios de natureza privada, ato anulável admite a confirmação, que pode ser expressa ou tácita, resguardando-se, por óbvio, os direitos de terceiros. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo (art. 173, CC). Caso o devedor já tenha cumprido parte do negócio, ciente do vício que o maculava, a confirmação expressa será dispensada (art. 174, CC). (outra hipótese do princípio da conservação dos negócios jurídicos).
	O ato ou negócio jurídico anulável produzirá regulares efeitos até que lhe sobrevenha decisão, no sentido de impedir que continuem se produzindo. A anulabilidade, pois, é reconhecida por meio de ação anulatória, ajuizada pelo interessado exclusivamente, cuja natureza é, induvidosamente, constitutiva negativa (desconstitutiva), produzindo efeitos ex tunc (retroativos), uma vez que, em conformidade com o art. 182 do Texto Codificado, também na anulação do negócio jurídico as partes deverão ser reconduzidas ao estado que antes dele se achavam. (ou seja, por força do art. 182 do CC, temos uma alteração na natureza da ação anulatória, que, em princípio, produziria efeitos apenas ex nunc)
	Ademais, somente às partes e interessados poderão suscitá-la, não sendo possível ao juiz conhecê-la de ofício ou ao Parquet suscitá-la quando tiver de intervir no processo.
	As características das anulabilidades podem ser organizadas da seguinte forma:
O negócio existe e gera efeitos concretos até que sobrevenha a declaração de invalidação;
 Somente a pessoa juridicamente interessada poderá promover a anulação negocial;
 Admite-se ratificação;
 Submete-se aos prazos decadenciais;
 O juiz não pode conhecer a anulabilidade de ofício, nem o Ministério Público pode suscitá-la.
	Em regra, o prazo (decadência) para pleitear a anulação de negócio jurídico, nos temos do art. 178, é de quatro anos. Entretanto, quando a lei dispuser que determinado ato é anulável sem estabelecer prazo para pleitear-lhe a anulação, considerar-se-á que o prazo (decadencial, repita-se!) será de dois anos, contados a partir da data da conclusão do ato ou do negócio jurídico (art. 179, CC).
	Cabe salientar, neste ponto, que tanto a sentença que reconhecer a nulidade quanto a sentença que reconhecer a anulabilidade produzirão efeitos ex

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