estudos culturais 2015 3

Prévia do material em texto

Estudos Culturais
Teoria da Comunicação II
Baseado no texto Os estudos culturais de Ana Carolina Escosteguy
Gabriela Borges
Definição 
Os Estudos Culturais não se restringem à area da comunicação, mas podem ser vistos como os estudos com os mass media e a cultura popular. 
Refletem sobre a esfera cultural como um campo de relações estruturadas pelo poder e por diferenças sociais, mas não se reduzem a um modelo de comunicação porque os questionamentos extrapolam este campo.
Histórico
Centre for Contemporary Cultural Studies da Universidade de Birmingham 
Alteração dos valores tradicionais da classe operária da Inglaterra do pós-guerra.
Fundado em 1964 por Richard Hoggart
Histórico
1968-1979 – Stuart Hall
Investigação de práticas de resistência de subculturas e de análises dos MCM, identificando seu papel central na direção da sociedade. 
Hall exerceu um papel de aglutinador em momentos de intensa distensões teóricas e tornando-se um catalizador de projetos coletivos. 
Textos fundadores: 
Richard Hoggart - The uses of literacy (1957)
 Foco sobre os materiais culturais, da cultura popular e dos MCM através de metodologia qualitativa.
Raymond Williams – Culture and society (1958)
 A cultura comum ou ordinária vista como um modo de vida em condições de igualdade de existência com o mundo das artes, literatura e música. 
	É uma categoria-chave que conecta a análise literária com a investigação social.
Textos fundadores: 
E.P. Thompson - The making of the English working class (1963)
 Reconstrói a história da classe popular na Inglaterra.
Cultura como uma rede viva dentro da qual o papel do indivíduo estava em primeiro plano.
Muda completamente o foco das outras correntes, em que os MCM eram mais importantes que o sujeito, que recebia tudo passivamente.
Objetivo
Estudar as relações entre a cultura contemporânea e a sociedade, isto é, suas formas, instituições e práticas culturais, assim como suas relações com a sociedade e as mudanças sociais.
Princípios fundadores
Através da análise da cultura de uma sociedade é possível reconstituir o comportamento padronizado e as constelações de ideias compartilhadas pelos membros daquela sociedade. 
Enfatiza a atividade humana, a produção ativa da cultura, ao invés de seu consumo passivo. (Storey, 1997: 46 apud Escosteguy, p. 155)
Princípios fundadores
Amplia o conceito de cultura
Não é uma entidade monolítica ou homogênea, mas manifesta-se de forma diferenciada em qualquer formação social ou época histórica.
Não significa sabedoria recebida ou experiência passiva, mas intervenções ativas, expressas através do discurso e da representação.
Relaciona a produção, distribuição e recepção culturais às práticas econômicas que estão relacionadas à constituição do sentido cultural.
Princípios fundadores
As práticas culturais são analisados como formas materiais e simbólicas.
Contribuição da perspectiva marxista: 
compreende a cultura na sua autonomia relativa, isto é, tem influência e sofre consequências das relações político-econômicas.
Contesta o modelo base-superestrutura
Questiona as hierarquias e a divisão alta/baixa cultura, cultura superior/inferior.
A cultura popular alcança legitimidade, transformando-se num lugar de atividade crítica e de intervenção.
Princípios fundadores
Conceito expandido de cultura:
inclui as formas em que os rituais da vida cotidiana, instituições e práticas e as artes são constitutivos de uma formação cultural, rompendo com o passado que identificava cultura com artefatos.
A extensão do significado de cultura, de textos e representações para práticas vividas, e suas implicações na divisão entre níveis culturais distintos, coloca em foco a produção de sentido.
Enfatiza a noção de cultura como prática, realça o sentido de ação, de agência na cultura.
Princípios fundadores
Diversas disciplinas se interseccionam no estudo de aspectos culturais da sociedade contemporânea.
O encontro entre a literatura inglesa, a sociologia e a história propiciou pensar uma conexão em três níveis:
formas culturais populares, assim como com textos e textualidades, que podem estar além da literatura e da linguagem;
Sociologia: o exame da reprodução estrutural e da subordinação;
História: interesse pela “história de baixo” e o reconhecimento da história oral e da memória popular.
Objetos de estudo
Temas vinculados às culturas populares e aos MCM e, posteriormente, às temáticas relacionadas com as identidades, sejam elas sexuais, de classe, étnicas, geracionais, etc.
Anos 70 – emergência de várias subculturas que resistiam a alguns aspectos da estrutura dominante de poder
Importância crescente dos MCM vistos não somente como entretenimento, mas como aparelhos ideológicos do Estado.
Análise da estrutura ideológica, principalmente da cobertura jornalística
Objetos de estudo
Hall denominou de redescoberta da ideologia (1982)
Os efeitos dos MCM podiam ser deduzidos da análise textual das mensagens emitidos pelos próprios meios.
Temática da recepção e a densidade dos consumos midiáticos 
enfoque acentua-se a partir do texto Codificação e Decoficação no discurso televisivo em 1973.
Objetos de estudo
Feminismo – o trabalho em torno da diferença de gênero se desenvolve em torno da idéia de “resistência”
Ruptura teórica decisiva, que alterou uma prática acumulada nos EC
Examinar as imagens das mulheres nos meios massivos e a seguir o debate sobre o trabalho doméstico.
As questões referentes à identidade introduziram novas variáveis na discussão e os processos de construção de identidade deixaram de ser vistos unicamente através da cultura de classe e sua transmissão geracional.
Objetos de estudo
Influências do feminismo:
Abertura para o entendimento do âmbito pessoal como político e suas consequências na construção do objeto de estudo dos EC; 
Expansão da noção de poder que tinha sido trabalhada na esfera pública; 
Centralidade das questões de gênero e sexualidade para a compreensaõ da própria categoria poder; 
Inclusão de questões em torno do subjetivo e do sujeito; 
Reabertura da fronteira entre a teoria social e a teoria insconsciente-psicanálise. 
Objetos de estudo
Anos 80 - a influência do CCCS começa a arrefecer e se descentralizar.
Desestabilização das identidades sociais com a aceleração da globalização. 
Foco: reflexão sobre as novas condições de constituição das identidades sociais e sua recomposição 
Ênfase na dimensão subjetiva e na pluralidade dos modos de vida vigentes.
Foco da análise das práticas culturais muda do texto para a audiência
Objetos de estudo
Redefinição das modalidades de análise dos MCM. 
Foco na recepção: operacionalizar modelos como o da codificação-decodificação.
Os estudos sobre o âmbito ideológico e o formato da mensagem, sobretudo da TV.
O poder do texto sobre o leitor/espectador domina esta etapa de análise dos meios, embora desafie a noção de textos midiáticos enquanto portadores “transparentes” de significados, rompendo também com a concepção passiva da audiência.
Objetos de estudo
Morley e Brunsdon: Nationwide Audience (1980) - marco de uma área de investigaçaão que se consolida como própria dos EC.
Morley: desloca a análise da estrutura ideológica de programas factuais de TV para os processos multifacetados do consumo e codificação. 
Pesquisas combinam análise de texto com pesquisa de audiência, são implementados estudos de recepção dos meios massivos, especialmente a TV.
Os estudos dão visibilidade à audiência, isto é, aos sujeitos engajados na produção de sentidos.
Objetos de estudo
Anos 90
Pesquisas sobre a audiência: capturar a experiência, a capacidade de ação dos grupos sociais vistos à luz das relações da identidade com o âmbito global, nacional, local e individual.
Recortes étnicos e incorporação das novas tecnologias. 
Metodologia: etnografia e observação participante, diversificando paraas (auto)biografias, depoimentos, histórias de vida.
No ponto de encontro entre MCM e Estudos Culturais, identifica-se uma forte inclinação para refletir sobre o papel dos MCM na constituição de identidades.
Crítica
Embora seja plausível a consideração de que a audiência estabelece uma ativa negociação com os textos midiáticos e com as tecnologias no contexto da vida cotidiana, esse posicionamento pode tornar-se tão otimista que perde de vista a marginalidade do poder dos receptores diante dos meios. 
A euforia com a vitalidade da audiência e com a cultura popular fez com que esta fosse entendida como um espaço autônomo e resistente no campo hegemônico.