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Teoria da Norma Penal

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TEORIA DA NORMA PENAL
I) Trajeto do 
Legislador:
identifica o bem jurídico
digno de proteção penal; v.g.,
vida;
b) estabelece a norma
(comando; v.g., “não
matarás”);
c) modela o tipo através da
lei; v.g., “matar alguém”.
II) Trajeto do
aplicador da
lei (inverso ao
do legislador):
a) identifica a existência de um
tipo adequado à conduta que
pretende ver punida;
b) verifica a violação da norma
(comando);
c) examina a lesão ao bem
jurídico protegido.
CONCEITO DE NORMA PENAL
É a limitação do poder punitivo do Estado pela legislação do conduta incriminada 
(preceito ou preceito primário) e a cominação da respectiva pena (sanção ou 
preceito secundário);
___________________________________________________________________
EXEMPLO:
“Art. 121 do CP. Matar alguém” (preceito primário, decorrente do comando 
implícito: “não matarás”!),
Pena, “reclusão de seis a vinte anos” (sanção ou preceito 
secundário).
___________________________________________________________________
O artigo que define o crime ou a contravenção penal, é chamado de tipo penal.
Cada palavra que compõe o tipo penal é chamada de elementar do tipo.
Entre outras,
cumpre registrar
uma das
classificações da
norma penal:
lei incriminadora: define os
tipos e comina as sanções;
v.g., arts. 121, 155, 157, 171,
etc. do CP;
b) lei não incriminadora:
b.1) lei permissiva: são as que excluem
a ilicitude ou culpabilidade de ações
típicas; v.g., arts. 23, 24, 25, 142, etc. do
CP;
b.2) lei explicativa: esclarecem o conteúdo
de outras normas ou fornecem princípios
gerais para aplicação das penas; v.g., regras
sobre aplicação da norma penal (arts. 1o, 2o,
3o , etc. do CP), conceitos de reincidência
(art. 63 do CP), de casa (art. 150, § 4o do
CP), funcionário público para efeitos penais
(art. 317 do CP), etc.
PROPRIEDADES 
DA NORMA 
PENAL
a) exclusividade, somente a lei em sentido formal (art. 59, III da
C.F.) pode fixar preceitos e sanções; “nulum crimen, nula poena sine
lege”(art. 5o, XXXIX da C.F.);
b) imperativatividade, ocorrido o fato típico, coercitivamente, impõe-se
a aplicação da lei penal, tanto a incriminadora como a não
incriminadora;
c) generalidade (“erga omnes”), destina-se a todos, indistintamente,
desde que possam ser sujeitos ativos do delito (v.g., os crimes de mão
própria excluem os que não ostentam a respectiva condição);
desdobramento do princípio constitucional da isonomia (art. 5o, “caput”,
da C.F.);
d) abstração (impessoalidade): refere-se apenas a eventos futuros, sem referir
fatos ou pessoas; excetuando-se as não incriminadoras, que podem retroagir em
favor do acusado, inclusive com a personalização, v.g., anistia e graça (arts. 48,
VIII e 84, XII da C.F.).
Lei penal em branco: é aquela cuja sanção é precisamente determinada, mas o seu
conteúdo (preceito) é incompleto, dependendo da suplementação por outras normas, sejam
elas:
a) lei “stricto sensu”, com idêntico status da sanção, emanada do próprio Legislativo
(v.g., “abandonar cargo público fora dos casos previstos em lei”- art. 350 do CP,
“ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades
legais ou com abuso de poder” - art. 350 do CP - grifei);
b) lei “lato sensu”, emanada de qualquer órgão normativo, podendo ter o status de
decreto, regulamento, portaria, resolução, etc.; v.g., crime contra a economia popular
por transgressão de tabelamento de preços fixados pela SUNAB através de portaria -
art. 2o, VI da Lei 1.521/51; os delitos envolvendo entorpecentes (tráfico, uso, etc.), cujas
substâncias estupefacientes são definidas pelo Serviço Nacional de Fiscalização da
Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde (art. 36 da Lei. 6.368/76), também por
meio de portaria.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Pode conceituar-se como “... o processo lógico que procura estabelecer a vontade 
contida na norma jurídica...” (Magalhães Noronha), sendo a hermenêutica a ciência 
que a tem por objeto.
Toda a lei, por mais evidente que se apresente, carece de interpretação, 
observando-se que o adágio “in claris non fit interpretatio” significa que, sendo a 
lei clara, não cabe procurar-lhe um sentido diverso daquele que emerge 
notoriamente do texto. 
A hermenêutica nasceu à luz do Iluminismo (século XVIII - Revolução 
Francesa/1789) dando azo à exigência de limitar os poderes dos juízes, em reação 
contra o arbítrio judiciário.
. 
A INTERPRETAÇÃO TEM VÁRIAS CLASSIFICAÇÕES:
I) QUANTO AO SUJEITO QUE A REALIZA:
a) autêntica, elaborada pelo próprio legislador, originando-se no mesmo órgão que 
elaborou o tipo penal, dividindo-se em:a.1) contextual, inserida na própria norma 
penal, contemporânea a ela; v.g., conceituação de funcionário público (art. 327 
do CP), de casa (art. 150, § 4o do CP);a.2) posterior, elaborada após a norma 
penal, para elidir defeitos e obscuridades; v.g., causa de aumento nos crimes 
sexuais contra crianças, Lei 9.281/96.As exposições de motivos dos anteprojetos 
de lei não são interpretações autênticas, sim, doutrinárias.
b) doutrinária, exarada pelos juristas - “communis opinio doctorum” - nas suas 
obras científicas;
c) judicial, a jurisprudências dos tribunais, sem força vinculante, porém de notória 
força balizadora do entendimento judicial, notadamente quando objeto de súmula 
e/ou incidente de uniformização de jurisprudência;
II) QUANTO AOS MEIOS EMPREGADOS:
a) gramatical (literal ou sintática): restringe-se à letra da lei quanto ao seu 
significado no vernáculo, sem outros questionamentos; 
b) lógica (sistemática), exame contextual da norma comparativamente à ordem 
jurídica não apenas pátria como a mundial (Direito Comparado); cotejo com os 
conceitos extrajurídicos, sejam eles técnicos, científicos, filosóficos, políticos, etc., 
necessários à fixação da exata extensão da norma; a razão e os motivos da 
existência da norma (“ratio legis”); a conjuntura histórica, política, cultural e social de 
sua elaboração (“ocasio legis” - elemento histórico) em contraposição a todos esses 
idênticos de aspectos por ocasião da aplicação da norma (elemento sociológico); a 
vontade subjetiva do legislador em cotejo com a vontade objetiva da lei, a qual deve 
prevalecer; etc.
c) teleológica, o fim visado pela norma (“vis legis”); “O fim inspirou o dispositivo; 
deve, por isso mesmo, também servir para lhe limitar o conteúdo” (Carlos 
Maximiliano)
III) QUANTO AO RESULTADO (CONCLUSÃO):
a) declarativa, o texto da lei traduz exatamente a vontade que nela se quis exprimir, 
sem restrições ou ampliações; v.g., art. 142, III do CP, excluindo a ilicitude pelo 
cumprimento do dever legal, ressalva despicienda;
b) restritiva, a linguagem da lei diz mais do que a vontade nela contida; v.g., art. 297 do 
CP, cuja incriminação exige relevância jurídica do documento (RT 546/344); etc.
c) extensiva, o texto legal não exprime a vontade legislativa em toda sua extensão, 
dizendo menos do que queria dizer; v.g., art. 235 do CP, penalizando a bigamia, 
também inclui a poligamia; art. 260 do CP, referindo estrada de ferro, compreende o 
metrô; etc.
d) analógica, quando fórmulas casuísticas são seguidas de espécies genéricas, 
abertas, utiliza-se, por expressa disposição legal, da semelhança (analogia) para 
uma correta interpretação de seu alcance; v.g., condições “semelhantes” as de tempo, 
lugar, e modo de execução (art. 71, “caput” do CP); a “outro recurso” análogo à traição, 
emboscada e dissimulação (art. 61, II, ‘c` do CP); “outras fraudes” (art. 171, “caput” do 
CP). A interpretação analógica não se confunde com a analogia; a última, não é meio 
de interpretação, mas de integração do sistema jurídico ante a ausência de lei 
específica;na primeira, diversamente, tem-se presente a norma legal, apenas que 
carente de complementação interpretativa.
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
I) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (art.5o,XXXIX da C.F.):
O princípio da legalidade (reserva legal), pelo qual opõe-se ao poder punitivo do 
Estado a exigência da anterioridade da norma (preceito e sanção) ao ato 
imputado ao réu (hoje, após a reforma de 1984, requisito também estendido à 
imposição de medida de segurança - arts. 96/99 do CP), tem origem na Carta 
Magna da Inglaterra (1.215), época em que os nobres impuseram o requisito 
às sanções a eles impostas pelo Rei João Sem Terra; ganhando, 
posteriormente, maior vigor com a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão (Iluminismo, França/1789) e Declaração Universal dos Direitos do 
Homem (ONU/1948).
Desdobra-
mentos do 
princípio 
da 
legalidade:
a) “nullum crimen, nulla poena sine lege previa”, “A lei que institui o crime e a
pena deve ser anterior ao fato que se quer punir. E só a lei em sentido estrito pode
criar crimes e penas criminais.” (Assis Toledo) Excluídos, portanto, o decreto-lei
(Constituição anterior), a lei delegada (art. 68, § 1o, II “... direitos individuais...”) e
as medidas provisórias.
b) “nullum crimem, nulla poena sine lege scripta”, exclusão do costume
(realidade social) como fonte geradora da criação ou agravamento de crimes e
penas, impondo-se a norma escrita, formalmente elaborada; podendo sê-lo em
favor do acusado (Teoria da Adequação Social), v.g., jogo do bicho, etc.
c) “nullum crimem, nulla poena sine lege stricta”, vedação à analogia
(integração do sistema jurídico ante a ausência de lei) para criar ou agravar pena,
não se confundindo com a interpretação analógica (tem-se presente a norma,
apenas que carente de complementação), que é permitida. Admitindo-se, todavia,
a “analogia in bonam partem” - “ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio”
(onde existe a mesma razão fundamental prevalece idêntica regra de direito),
objetivando beneficiar o réu; v.g, art. 181, I do CP, beneficiando não apenas o
cônjuge, como também o companheiro (união estável).
d) “nullum crimem, nulla poena sine lege certa”, “A exigência de lei certa diz
com a clareza dos tipos, que não devem deixar margens a dúvidas nem abusar
do emprego de normas muito gerias ou tipos incriminadores genéricos, vazios.”
(Assis Toledo). A taxatividade da norma - “lex certa”, da certeza da Lei
(Iluminismo, século XIX); v.g. de lesão a esse princípio, art. 184 do CP, “violar
direito autoral”; qual? Todo o inscrito na lei 5.988/73? Isso é ilicitude civil
(contínua), não penal (tipificada).
PRINCÍPIO DA IGUALDADE
“Ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio” (onde existe a mesma razão 
fundamental prevalece idêntica regra de direito). Não se trata de igualdade 
linear, sim, de isonomia (art.5o, “caput” da C.F.),ou seja, qualquer distinção 
deve estar fundamentada em uma razão acolhida pela ordem jurídica, v.g., 
diferenciação legítima, reserva de vagas para negros em universidades 
públicas, de mulheres candidatas nas eleições (políticas compensatórias), etc.; 
v.g. de discriminação ilegítima, art. 59 da LCP sancionando a vadiagem a 
quem encontre-se “... sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de 
subsistência...”; estelionato do empregado contra o patrão (art. 171 do CP, pena 
de um a cinco anos), do patrão contra o empregado (art. 203 do CP, pena de 
um mês a um ano).
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DA PENA
“Nihil nocere”, fundamenta-se na idéia de que os efeitos deletérios da 
internação forçada devem ser evitados através de um procedimento prisional 
que reduza significativamente o perigo da dessocialização; vedação à tortura de 
tratamento degradante (art.5o, III da C.F.), individualização da pena (art.5o, 
XLVI da C.F.), banimento de penas cruéis, trabalhos forçados (art.5o, XLVII da 
C.F.), argüição de inconstitucionalidade do regime exclusivamente fechado da 
Lei 8.072/90.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE (art.5o, XLV da C.F.)
“Nullum crimen sine culpa”, culpa “lato sensu” (dolo e culpa “stricto sensu”), 
inexiste crime sem responsabilidade subjetiva, pessoal, individualizada, 
contrariamente ao Direito Civil, cuja tendência, visando compensar juridicamente 
uma desigualdade econômica, é objetivar a responsabilidade (Estado, 
fornecedor, transportador ferroviário, etc.).
Veda o emprego da responsabilidade objetiva em direito penal.
Vincula-se ao princípio da presunção de não culpabilidade.
PRINCÍPIO DA NECESSIDADE DA TUTELA PENAL:
a) “Ultima ratio regum” (princípio da intervenção mínima): o “ius puniendi” 
apenas “in extremis”; o Direito Penal restringe-se a proteger os bens jurídicos cuja 
tutela pelos demais ramos (Civil, Comercial, Tributário, Administrativo, Trabalhista, 
Consumerista, etc.) sejam insuficientes; argumento de extraordinária valia, 
especialmente quando tem-se, simultaneamente, sanção paralela dos demais ramos 
do Direito, v.g., descaminho (art. 334 do CP) com confisco da mercadoria (pena 
administrativa); a banalização do Direito Criminal atenta contra o Estado de Direito; 
v.g., criminalização da conduta do fornecedor que deixa de entregar o termo de 
garantia ao consumidor (art. 74 do CDC), quando seria muito mais útil e eficiente 
atribuir ao fornecedor o ônus de provar a entrega do termo, sob pena de responder 
ilimitadamente pela garantia. 
b) “Minimus non curat praetor” (princípio da insignificância - crime de
bagatela), “O crime não tem apenas um modo de ser objetivo que o caracteriza,
mas também por assim dizer, um peso, de sorte que há um limite de suficiência, por
qualidade e quantidade da empresa criminosa. Aquém desse limite qualitativo
quantitativo, não há racional consistência de crime, nem justificação de pena” (Aldo
Moro); v.g., tóxico (Lei 6.368/76) até 1 g, furto ínfimo, etc.
c) Princípio da Efetividade, o Direito Penal deve ser potencialmente eficiente; a
inoperância atenta contra a “dignidade da Justiça”, cujo zelo compete às partes e
ao magistrado (art. 125, III do CPC); v.g., multas, corrigíveis apenas a partir do
trânsito em julgado, fianças defasadas; estelionato do cheque sem fundos (art. 171,
§ 2o, VI do CP); eficiência maior das sanções bancárias (BACEN, corte de crédito,
etc.);
d) Princípio da Proporcionalidade, correlação ente o mal do crime e o mal da 
pena; “O crime é a negação do Direito e a pena, que é a negação do crime, é a 
confirmação do Direito. Essas duas negações devem ser iguais, para que a 
segunda anule a primeira”(Hegel); v.g., de violação é o furto de um “fusca” 66 no 
RS, trazido ao PR após adulteração do chassi, cuja pena é de seis a quatorze anos 
de reclusão, com sanção média de dez anos (arts. 155, §5o c/c 311 do CP), em 
contraposição ao homicídio com culpa gravíssima, com pena de um a três anos de 
detenção (art. 121, § 3o do CP), cabendo, além do sursis (art. 77 do CP), a 
suspensão do processo (art. 89 da Lei. 9.099/95). 
e) Princípio da Adequação Social (ação socialmente adequada),”A teoria da 
ação socialmente adequada firma-se na consideração de que ações postas em 
prática com o necessário cuidado, embora possam ser perigosas ou até mesmo 
lesivas, não incidem em nenhuma figura típica posto que, por sua utilidade social, 
mostra-se conforme a vida societária num determinado momento histórico” 
(Jescheck); v.g., de inadequação social é a usura (art.4o da Lei 1.521/51) em 
contraposição aos juros bancários (legais) extorsivos; punição do jogo do bicho (art. 
27 da LCP) em contrapartida ao Estado como agenciador da jogatina - “venire 
contra factum proprium -, etc. 
PRINCÍPIO DO “DUE PROCESS OF LAW”
Observância dos princípios e garantias inerentes ao devido processo legal; “nulla 
poena sine judicio”, segurança de que ninguém será privadoda liberdade ou dos 
bens sem o devido processo (art.5o, LIV da C.F.), apenas o Judiciário podendo 
fazê-lo (art.5o, XXXV da C.F.), com garantia da mais ampla defesa (art.5o, LV da 
C.F.), com presunção de inocência antes do trânsito em julgado da sentença 
condenatória (art.5o, LVII da C.F.), restrição da prisão à ordem judicial ou 
flagrante delito (art.5o, LXI da C.F.), sendo, na hipótese de ilegalidade ou 
cabimento de liberdade provisória, imediatamente revogada (art.5o, LXV da C.F.), 
garantia do Juiz e Promotor naturais (art.5o, LIII da C.F.), sendo vedado tribunal 
de exceção (art. 5o, XXXVII da C.F.), etc.
LEI PENAL NO TEMPO
Regra geral, vigora o princípio do “tempus regit actum”, ou seja, a lei limita-se a reger 
os fatos praticados durante a sua vigência.
No Direito Penal, porém, deve-se observar alguns princípios (art. 5o, XL da C.F.).
Tempo do crime, explicitado por três teorias:
a) Teoria da Atividade: considera-se como tempo do crime o da ação (v.g., instante 
do disparo da arma), ou omissão (v.g., deixar de prestar alimentos a filho 
menor - art. 244 do CP), independente do momento do resultado (v.g., morte).
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL (art. 4°)
b) Teoria do Resultado (efeito): considera-se o instante da consumação do delito 
(v.g., momento da obtenção da vantagem no estelionato - art. 171 do CP, 
morte no homicídio, etc.);
c) Teoria Mista: considera momento do delito tanto o da atividade quanto do 
resultado 
Princípios à 
aplicação da lei 
penal no tempo
a) “Novatio legis incriminadora”, hipótese em que a lei nova torna típico fato que, ao tempo
da conduta incriminada, era atípico, sendo vedada a retroatividade pela garantia fundamental
da reserva legal (art.5o, XXXIX da C.F.); v.g., o cometimento de “... suprimir ou alterar marca,
numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato...” (art. 10, § 3o, I da
Lei 9.437/97) antes do advento da novel lei que trata de arma de fogo.
b) “Abolitio criminis”, quando a lei nova descrimina uma conduta que ao tempo do fato
era delituosa; “in casu”, extingue-se a punibilidade (arts.2o c/c 107, III do CP), tanto para
quem esteja sofrendo a persecução criminal como o que já esteja cumprindo pena; v.g., a
contravenção de exploração da credulidade pública, através de sortilégios, previsões, etc.
(art. 27 da LCP), revogado pela Lei 9.521/97;
c) “Novatio legis in pejus” - “Lex gravior” - ultra-atividade - a situação em que a
conduta mantém-se penalmente típica, tal qual à época dos fatos, porém, há um
agravamento direto ou indireto da sanção. O direto seria a majoração ou criação
de outra pena; v.g., a Lei 8.072/90 que acresceu a sanção do estupro (art. 213 do
CP), a Lei 9.503/97 (CNT), a qual criou a multa penal reparatória do dano sofrido
pela vítima do delito de trânsito; o indireto, sem elevar a pena, agrava a sua
execução; v.g. Lei 8.072/90, que estabeleceu o regime prisional integralmente
fechado para os delitos hediondos e tráfico de entorpecentes;
d) “Novatio legis in mellius” - “Lex mitior”- mantém-se criminosa, identicamente à época dos fatos,
todavia, há uma mitigação da responsabilidade criminal, direta ou indiretamente. Direta, com a redução da
pena “in abstracto” do tipo ou a introdução de uma minorante (atenuante ou causa de diminuição); v.g., art.
6o da Lei 9.034/95, que estabeleceu a causa geral de diminuição de um a dois terços da pena àquele
infrator que colaborar no esclarecimento de crimes cometidos mediante organização criminosa; indireta,
quando traz qualquer benefício executório (regime prisional, conversão em pena de multa, etc.) ou, até
mesmo, processual, desde que obste a aplicação da pena; v.g., o art. 90 da Lei 9.099/95, que, entre outras
limitações, restringe a aplicação do sursis processual (art. 89 da Lei 9.099/95) “... aos processos penais
cuja instrução já estiver iniciada” é inaplicável, porque inconstitucional (STF, HC 74.017-CE, Rel. Min.
Octavio Gallotti).
Lei excepcional ou temporária (art. 3o do CP): excepciona, em razão da 
transitoriedade tutelar do bem jurídico protegido (prazo certo ou situação 
específica), o princípio geral da retoratividade e ultra-atividade das normas mais 
benignas; v.g., calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos; regra geral, 
nessas situações, as normas são mais gravosas, porém, podem ser também 
mais benéficas, v.g, reconhecendo-se a extrema dificuldade de atendimento, em 
contexto excepcional, aos preceitos ditados sob a égide da normalidade; em 
ambas as hipóteses, não haverá retroatividade ou ultra-atividade mais benigna. 
Sucessão de várias leis: na seqüência de mais de duas normas, aplicam-se 
idênticos princípios, ou seja, sempre pela ultra-atividade ou retroatividade da 
mais benigna.
Sucessão jurisprudencial: inobstante não seja fonte primária do Direito Penal, é 
inequívoca a força normativa da jurisprudência, especialmente quando objeto de 
incidente de uniformização ou súmula, sendo, “ipso jure”, defensável a 
retroatividade e ultra-atividade da mais benigna (Francisco Munõz Conde, ...); 
v.g., crimes de responsabilidade dos Prefeitos - Dec.-Lei 201/67, Súmula 164 do 
STJ - arma de brinquedo como causa de aumento no roubo, Súmula 174 do STJ, 
etc.
Conjugação de leis - “lex tertia”: a identificação da norma mais benigna nem 
sempre é pacífica, havendo doutrinadores que sustentam a possibilidade de, na 
dúvida, ser consultado o réu; todavia, o que não se admite é a combinação de partes 
de leis diversas, formando uma terceira; v.g., a Lei 9.271/96 determinou que o réu 
citado por edital, em não comparecendo a Juízo, terá suspensos o processo e a 
prescrição (art. 366 do CPP); “in casu”, a norma não é aplicável a fatos anteriores, eis 
que a suspensão da prescrição é mais gravosa, não sendo permitido, de outra parte, 
combinar a anterior e a atual lei, concluindo-se pela suspensão do processo sem a 
da prescrição (STF, HC 74.695-SP, Rel. Min. Carlos Velloso).
Competência para aplicação da “lex mitior”: transitada em julgado a sentença 
condenatória, “ex officio” ou a pedido das partes, a competência é do Juízo das 
execuções criminais (Súmula 611 do STF; art. 66, I da LEP); ainda não transitado, do 
Juízo que estiver conhecendo do feito.
Lei processual penal: regra geral, a norma processual aplica-se de imediato (art. 2o 
do CPP), tanto a mais benéfica como a mais gravosa; todavia, deve-se levar em 
conta a natureza da norma, sem restringir-se ao estatuto em que ela está inserta; 
v.g., a Lei 9.271/96 que estabeleceu a suspensão do processo e da prescrição ao réu 
que, citado por edital, não comparecer (art. 366 do CPP), inobstante conste do 
estatuto adjetivo, tem natureza material, pois trata de prescrição; também, as normas 
de execução da pena (LEP), são retroativa e ultra-ativas em favor do condenado 
(STF, HC 71.009-3-MG, Rel. Min. Paulo Brossard).
LEI PENAL NO ESPAÇO
Local do Crime, tem-se três teorias:
a) Teoria da Atividade (Ação): é o local da conduta criminosa, seja ativa ou 
omissiva; v.g., lugar onde foram desferidos os tiros;
b) Teoria do Resultado (Efeito): considera-se o local da consumação do delito; 
v.g., lugar onde a pessoa faleceu;
c) Teoria da Ubiqüidade (Unidade ou Mista): entende-se como lugar do crime 
tanto o local da conduta (ação ou omissão), como o do resultado (consumação); 
v.g., lugar dos disparos e da morte da vítima; teoria essa adota pelo 
ordenamento pátrio (art. 6o do CP), observando-se que a expressão “...deveria 
produzir-se o resultado...” refere-se ao crime na forma tentada (art. 14 do CP).
Conceito de Território: abrange o solo e subsolo, sem solução de continuidade
e com limites reconhecidos, as águas interiores (rios, lagos, etc. cuja divisão
entre países limítrofes dá-se pela linha mediana,eqüidistante das margens, ou
pelo talvegue, linha de maior profundidade) o mar territorial (aderindo à
convenção internacional, o Brasil fixou em 12 milhas a partir da baixa-mar do
litoral), o espaço aéreo (coluna atmostérica) e o território por extensão (ficção)
embarcações e aeronaves (art.5o, § 1o do CP - públicas, “... onde quer que se
encontrem ...”; privadas, ... em alto-mar ou no espaço aéreo respectivo... );
Kelsen o concebe como uma figura cônica cujo vértice volta-se para o centro da
terra
Quando implicados
mais de um Estado,
tem-se cinco
princípios:
a) Princípio da Territorialidade (Pavilhão ou da Bandeira): Aplica-se a lei nacional apenas aos delitos perpetrados no âmbito
territorial do próprio país; princípio esse, comportando exceções, adotado pelo ordenamento pátrio (art. 5o do CP);
b) Princípio da Nacionalidade (Personalidade): toma em consideração a nacionalidade do criminoso, independente
do território em que foi cometido o delito; dividindo-se em:
b.1)nacionalidade ativa, basta a nacionalidade do autor, independente da vítima;
b.2)nacionalidade passiva, exige que autor e vítima sejam de idêntica nacionalidade;
c) Princípio da Proteção (Competência Real ou Defesa): aplica-se a lei do país cujo bem jurídico foi atingido, sem
considerações sobre nacionalidade do agente ou território do delito; extraterritorialidade incondicionada (art.7o, § 1o do
CP), v.g., delitos contra o Presidente da República e a administração pública (art. 7o, I, a, b, c do CP);
extraterritorialidade condicionada (art.7o, § 2o do CP), v.g., infrações praticadas por brasileiros, objeto de tratado
internacional, etc. (art. 7o, II do CP); observando-se que eventual pena cumprida no estrangeiro será deduzida da aplicada
no Brasil (art. 8o do CP);
d) Princípio da Competência Universal (Justiça Cosmopolita): aplica-se a lei no país onde o criminoso for
detido, sem atentar à nacionalidade, local do delito ou bem jurídico lesado;
e) Princípio da Representação: diz respeito aos crimes cometidos a bordo de embarcações e
navios, aplicando-se a lei dos meios de navegação, independente da nacionalidade do agente,
território ou local da prisão.
CONCURSO APARENTE DE NORMAS
“Lex specialis derrogat legi generali” (especialidade): “Se entre 
duas ou mais normas legais existe uma relação de 
especialidade, isto é, de gênero para espécie, a regra é a de 
que a norma especial afasta a incidência da norma geral. 
Considera-se especial (lex specialis) a norma que contém 
todos os elementos da geral (lex generalis) e mais o elemento 
(plus) especializador.” (Assis Toledo); v.g., a conduta de “matar 
alguém” tem capitulação geral no art. 121 do CP, porém, de acordo 
com esse “plus especializador”, encontra tipificação no 
infanticídio (art. 123 do CP), lesão corporal seguida de morte (art. 
129, § 3o do CP), abandono de recém nascido (art. 134, § 2o do 
CP), omissão de socorro (art. 135, § único do CP), maus tratos (art. 
136, § 2o do CP), rixa (art. 137, § único do CP), latrocínio (art. 157, 
§ 3o do CP), epidemia (art. 267, § 2o do CP), tortura (art.1o, II, § 3o 
da lei 9.455/97), delito de trânsito (art. 302 da Lei 9.503/97), crime 
militar (art. 205 do CPM), etc;
“Lex primaria derrogat legi subsidiariae” (subsidiariedade): “Há
subsidiariedade quando diferentes normas protegem o mesmo bem
jurídico em diferentes fases, etapas ou graus de agressão. Na
hipótese do legislador, ao punir a conduta da fase anterior, fá-lo com a
condição de que o agente não incorra a punição da fase posterior,
mais grave, hipótese em que só esta última prevalece” (Assis Toledo);
v.g., expor a vida de outrem a perigo capitula-se no art. 132 do CP (grau
inferior da agressão), ocorrendo, porém, a morte da vítima, enquadra-se no
homicídio do art. 121 do CP (grau superior da agressão); haverá apenas o
delito de ameaça (art. 147 do CP) quando não for meio do cometimento de
outras infrações mais graves como o estupro (art. 213 do CP),
constrangimento ilegal (art. 146 do CP), etc.
“Lex consumens derrogat legi consumptae” (consunção): é a 
absorção do delito menor (caminho necessário da 
progressão infracional) pelo crime maior (fim visado), 
restando impunível aquele pela sanção deste; v.g., a violação 
de domicílio (art. 150 do CP) é absorvido pelo furto (art. 155 do 
CP), a lesão corporal (art. 129 do CP) é absorvida pelo homicídio 
(art. 121 do CP); falso objeto de consunção pelo estelionato 
(Súmula 17 do STJ), etc.

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