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Autismo e Síndromes Correlatas



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AULA 6 – AUTISMO E SÍNDROMES CORRELATAS
Introdução
Percebe-se que, durante muitos anos, a doença mental e a deficiência mental se confundiram, trazendo dificuldades sobre o real entendimento e sobre os tratamentos mais adequados.
Durante este tempo, as dificuldades referentes ao diagnóstico diferencial levaram tais pessoas para os campos da reabilitação infantil e para as instituições filantrópicas, que buscavam o melhor tratamento.
Esta relação entre deficiência e doença necessariamente precisou ser trabalhada, para que se pudessem atender as necessidades específicas de cada caso.
Síndrome
Ao analisarmos a história da deficiência em si, percebemos que durante muito tempo as deficiências cognitivas, motoras e sensoriais, associadas às deficiências de uma forma geral, levava a uma confusão na identificação e no diagnóstico de várias síndromes, entre elas o autismo.
Lembrando que síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que constituem um quadro, vários transtornos mentais graves apresentam vários sinais associados. 
Entre eles, dificuldade na linguagem, movimentos repetitivos e deficiência auditiva.
* Quando falamos de comorbidades, estamos nos referindo a várias doenças etiologicamente relacionadas.
Transtornos globais do desenvolvimento
Segundo Kaplan e Sadock, “os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de condições caracterizadas por dificuldade nas interações sociais recíprocas, desenvolvimento anormal da linguagem e repertório comportamental restritivo (2011)”.
Tais transtornos iniciam em tenra idade e esta prematuridade dificulta o diagnóstico inicial.
Desta forma, é importante que todas as categorias profissionais da área da saúde, entre elas o psicólogo, possam realizar um diagnóstico diferencial de forma a melhor atender esta pessoa, analisar as consequências e ainda realizar projeto terapêutico compatível com a realidade específica de cada um.
Humberto Costa analisa que 10% a 20% da população de crianças e adolescentes sofrem de transtornos mentais (2005).
Ainda na mesma publicação, “o sujeito, criança ou adolescente, é responsável por sua demanda, seu sofrimento, seu sintoma (p. 11)”.
Assim, percebe-se o crescimento deste processo de adoecimento mental e a busca da participação do paciente, criança ou adolescente, pela história de sua vida, sua doença e a busca pela saúde.
Situações específicas
Vamos pontuar algumas situações específicas.
 
Entre os séculos XVIII e XIX, o “diagnóstico de ‘idiotia’ cobria o campo da psicopatologia de crianças e adolescentes. Logo, a idiotia pode ser considerada precursora não só do atual retardo mental, mas das psicoses infantis, da esquizofrenia infantil e do adulto” (Bercherie, 1998, apud p.16, MS, 2013).
 
Ademais, no trabalho desenvolvido pelo Ministério da Saúde, no livro a Linha de cuidado para a atenção às pessoas com transtornos do espectro do autismo e suas famílias na rede de atenção psicossocial do SUS, percebe-se que os estudos sobre o transtorno “TEA” vêm sendo feitos há muito tempo, a saber:
1845 – Griesenger - Já fazia a distinção entre loucura do adulto e da criança;
1867 – Maudsley – Foi o pioneiro na literatura sobre a psicose na infância;
1906 – De Sanctis – Inicia a discussão sobre a dementia precocissíma;
1908 – Hellen – Dementia infantillis;
1911 – Eugen Bleuler – Discute a noção de autismo em seis casos;
1933 – Howard Pottes – Discute casos com sintomas antes da puberdade;
1943 – Leo Kanner – Fala pela primeira vez o nome de autismo e escreve Os distúrbios autísticos do contato afetivo;
1944 – Hans Asperger – Escreve Psicopatia autística na infância.
* “TEA” : 
Mudanças gradativas
As leis e mudanças em nível público também foram gradativas. A discussão foi iniciada com os seguintes eventos:
1988 - Constituição Federal, em 1988;
1990 - • A Lei 8.080 de 1990, que trata da implantação do SUS;
 • A Lei 8.069 de 1990, conhecida como o estatuto da criança e do adolescente (ECA);
1992 - A II Conferência Nacional de Saúde Mental, em 1992, aponta efeitos perversos na institucionalização de crianças;
2001 - A Lei 10.216 de 2001, que trata da reforma psiquiátrica;
2002 - Portaria GM 336/ 2002 - Normatiza os CAPS: criam-se serviços específicos para crianças, adolescentes e jovens, chamados de CAPS infantil;
2009 - Em 2009, a emenda constitucional sobre a lei da deficiência agrega em seu artigo 1º que deficientes são aqueles com impeditivos de longo prazo de natureza física, intelectual, sensorial e mental;
2010 - Portaria GM 4279/2010: rede de atenção básica;
2012 - • Portaria GM 793/2012: institui a rede de cuidado no SUS com a pessoa deficiente;
 • A Lei 12.764, de 2012, coloca que a pessoa com TEA é considerada deficiente para todos os efeitos legais.
Legislação sobre o tema
Toda a legislação que surge sobre o tema tem como único objetivo lutar por uma saúde mental mais saudável. É importante afirmar que as pessoas com necessidades especiais são sujeitos, com direitos.
No nível histórico, temos um momento em que crianças com transtornos mentais eram tratadas como “idiotas”. 
Após esta fase, chamamos de transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e, hoje, fala-se em transtorno do espectro do autismo (TEA).
Ações de prevenção e tratamento
Para nós, o que realmente deve mudar são as ações de prevenção e tratamento de crianças e jovens que apresentam tais dificuldades. Mas necessitamos investir um pouco mais nestas definições. Então, vamos lá.
CID 10 
OMS (Organização Mundial de Saúde), em sua 10º edição, e o DSM IV – APA, em sua 4º edição, colocam que o autismo infantil faz parte dos transtornos invasivos (ou globais) do desenvolvimento.
DSM IV – TR 
O Transtorno do espectro do autismo (TEA) está incluído nos transtornos mentais no início da infância, sendo considerado também um transtorno do desenvolvimento.
O espectro do autismo
No autismo atípico, não conseguimos verificar a presença e prejuízo na interação social, na comunicação e nos interesses, ocorrendo após os três anos de idade.
A síndrome de Asperger considerada um polo mais leve do autismo. 
As crianças apresentam características autísticas, exceto quanto à linguagem, que é presente, acompanhada por um alto nível cognitivo.
No transtorno desintegrativo, há o desenvolvimento normal da criança de dois a seis anos.
Depois disso, há uma perda definitiva e rápida das habilidades adquiridas da fala e da brincadeira. É bom lembrar que a brincadeira deve ter início, meio e fim, sendo muito importante para a criança, assim como a interação social e a autonomia. 
A criança apresenta estereótipos e não tem controle do esfíncter.
A síndrome de Rett ocorre devido a uma mutação do gene MECP 2, localizado no cromossoma X. 
Essas crianças apresentam o desenvolvimento normal até os 24 meses de idade.
Após as meninas – apenas elas, pois afetam o cromossoma X – perdem os movimentos voluntários das mãos, que mais parecem uma “lavagem de mãos” e apresentam risos não provocados e prejuízos motores.
Diagnóstico diferencial
É bom reiterar a necessidade de um diagnóstico diferencial, pois estas crianças apresentam várias comorbidades*, tais como manifestações físicas, mentais, neurológicas, depressão, entre outras.
Lembremos que o mutismo e a deficiência mental podem prejudicar o diagnóstico correto.
 
Pontua-se que este deve ser o organizador da rede, pois há a necessidade da reversão do modelo hospitalocêntrico.
*
Acolhimento integral
Uma das diretrizes é a integralidade, que significa que sujeito apresenta uma diversidade de demandas, que faz necessário o acompanhamento integral.
Faz-se necessário cumprir a lei que trata da necessidade do acolhimento integral, como já verificamos; que o encaminhamento seja implicado, ou seja, deve-se acompanhar o caso até a finalização deste encaminhamento.
É importante ainda que ocorra uma construção permanente em rede implicando outros serviços; que se tenha ainda a noção de território atravessando a experiênciado sujeito e a intersetorialidade com a ampliação do trabalho clínico.
Há muita semelhança nos transtornos mentais infantis e muita dificuldade na realização de um diagnóstico diferencial. 
É importante a análise caso a caso, síndrome por síndrome.
		1.
		Com relação ao autismo e outras síndrome semelhantes, podemos dizer que em sua história:
		Quest.: 1
	
	
	
	
	A divisão é puramente didática
	
	
	O autismo se assemelha a pessoa com déficit cognitivo
	
	
	A deficiência é acompanhada necessariamente de alterações psicóticas
	
	 
	Houve uma grande dificuldade no diagnóstico diferencial
	
	
	Doença mental é igual a deficiência mental
	
	
	
		2.
		Em 2012, surge a Lei 12764 que fala sobre o transtorno do espectro do autismo:
		Quest.: 2
	
	
	
	
	TEA é considerada um distúrbio de atenção
	
	
	TEA é considerada patologia psiquiátrica e não necessita ser enquadrada na lei do deficiente
	
	
	TEA não é considerada uma excepcionalidade e não necessita ser enquadrada na lei do deficiente
	
	 
	TEA é considerada deficiente para todos os efeitos legais
	
	
	TEA é enquadrada na patologia psicanalítica
	
	
	
		3.
		A partir da constituição federal, muitas leis foram criadas com o objetivo de melhor atender as necessidades na área da saúde pública e a criança . Falando de reforma na saúde mental, qual a lei ou portaria que melhor atende às necessidades da criança com transtorno mental.
		Quest.: 3
	
	
	
	
	Lei 8080 de 1990 que trata da implantação do SUS
	
	
	I Conferência Nacional de Saúde Mental
	
	
	Constituição Federal em 1988
	
	 
	Portaria GM 336/ 2002 Normatiza os CAPS
	
	
	Lei 8069 de 1990 o estatuto da criança e do adolescente (ECA)