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Aula 1: A história da Psicologia Hospitalar no Brasil
Introdução à Psicologia Hospitalar
A Psicologia Hospitalar é uma área da Psicologia muito recente no Brasil e com grandes carências sobre as atuações do psicólogo no contexto do hospital, podendo dizer que está em atividade há aproximadamente 36 anos. 
São poucos os livros, artigos e materiais científicos que abordam de maneira mais aprofundada o psicólogo neste ambiente.
Esta demora na inserção do psicólogo num espaço tão carente de apoio psicológico se deu pelo fato de a regulamentação da profissão do psicólogo ter sido tardia também (50 anos atrás), assim como a criação do Código de Ética do psicólogo (37 anos atrás).
No início da inserção do psicólogo hospitalar, as dificuldades eram imensas quanto ao saber sobre este espaço. Mas onde pesquisar, se não existiam livros ou qualquer material que falasse sobre o assunto?
Coletânea de Angerami-Camon
Foi com esta inquietação que, na década de 90, o psicólogo Angerami-Camon,  lançou uma coletânea de materiais falando sobre esta área de atuação. Essa coletânea é utilizada até hoje e também será focada nas nossas próximas aulas.
Nestas obras de Angerami-Camon, é possível fazer uma diferenciação entre a Psicologia Hospitalar e a Psicologia da Saúde. Pode-se dizer que esta última serve de base conceitual e teórica para a compreensão da nossa área de estudo. Sobre esta diferença mais aprofundada, trataremos na aula 2.
Psicologia no hospital
A atuação da Psicologia Hospitalar não possui uma prática clínica única a ser seguida. Alguns materiais tratam esta área aos olhos da Psicanálise, da Existencial Humanista, da Psicoterapia Breve, da Cognitivo-Comportamental, entre outros.
 
Mas os textos deixam bem claro que o objetivo da Psicologia no hospital não é buscar uma prática clínica direta, mas usar ferramentas que possam proporcionar o bem-estar daquele que se encontra internado.
Conceito de Psicologia Hospitalar
Segundo Rodríguez-Marín (2003, apud Castro e Bornholdt, 2004, p. 51), a Psicologia Hospitalar é “o conjunto de contribuições científicas, educativas e profissionais que as diferentes disciplinas psicológicas fornecem para dar melhor assistência aos pacientes no hospital”.
Castro e Bornholdt (2004, p. 51) acrescentam que o “psicólogo hospitalar seria aquele que reúne esses conhecimentos e técnicas para aplicá-los de maneira coordenada e sistemática, visando à melhora da assistência integral do paciente hospitalizado, sem se limitar, por isso, ao tempo específico da hospitalização”.
O início da Psicologia Hospitalar no Brasil
Para compreender o psicólogo hospitalar no Brasil, primeiro faz-se necessário saber que qualquer instituição deste campo precisa contar com as funções do hospital, sejam eles públicos ou privados, tais como:
As funções do médico
A organização deste trabalho
O uso da tecnologia
A interpretação que é oferecida aos clientes
Inserção do psicólogo no hospital geral
Portanto, pode-se afirmar que:
 
Pensar na inserção do psicólogo no hospital geral, especificamente numa instituição pública, não pode dispensar a reflexão sobre a situação do sistema público, sua organização, as possibilidades de acesso da população aos serviços, as condições em que se dão os trabalhos dos profissionais, as características sociais da população atendida. Enfim, o conhecimento e a articulação de todos os fatores envolvidos no processo saúde-doença. (ALMEIDA, 2000 apud CARVALHO, SOUZA, ROSA, GOMES, 2011, p. 1012).
Era preciso que o paciente tivesse um maior contato com a mente e com seu corpo, para assim alcançar o tratamento da queixa com maior eficiência.
Portanto, os médicos foram notando que muitas doenças não estavam localizadas no corpo. Para serem diagnosticadas, era preciso solicitar a avaliação daquele que tivesse entendimento sobre os conteúdos subjetivos, ou seja, conteúdos da mente psicológica.
Novo olhar
O psicólogo, então, entrou nos hospitais no final do século XX e início do XXI com a intenção de trazer um novo olhar para a doença. Esse novo olhar percebe o paciente como um todo, e não como uma queixa específica.
Num primeiro momento, ainda sem muito conhecimento sobre o que é Psicologia Hospitalar, os psicólogos foram utilizando seus saberes clínicos e aplicando-os ao contexto do hospital. Mas nessa oportunidade, eram avaliadas as solicitações deste espaço, assim como as especificidades médicas e as diferentes abordagens em que a Psicologia precisava atuar para cada área de atuação da Medicina.
Atuação ampla
Hoje, isto é muito claro de ser notado, quando se percebe que o psicólogo preparado para atuar em UTI Neonatal não terá tanto preparo se for deslocado, por exemplo, para um espaço de pós-cirúrgico adulto. 
O que nos leva a perceber que a atuação hospitalaré muito ampla e exige muito conhecimento.
Saiba mais:
Apesar de este debate ser muito recente e falar-se de Psicologia Hospitalar na década de 80, os relatos de inserção do psicólogo em hospitais começam na década de 50, com Matilde Neder instalando um Serviço de Psicologia Hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (op. cit.)”. (Ismael, 2005; Bruscato, Benedetti e Lopes, 2004 apud ALMEIDA, s/a).
Bellkiss Wilma Romano Lamosa
Bellkiss, psicóloga, também muito conhecida nesta área, foi responsável por implantar, na década de 70, o Serviço de Psicologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Isto contribuiu para marcar sua atuação e torná-la conhecida por todos os profissionais e estudantes que tenham interesse nessa área.
Ela também foi responsável pela implantação do primeiro curso de Psicologia Hospitalar na PUC de São Paulo, em 1976, o que possibilitou que muitos psicólogos compreendessem o significado dos hospitais e fossem a campo, diferenciando a Psicologia da Saúde da Psicologia Hospitalar.
Adiante falaremos mais sobre a atuação de Belkiss, quando abordarmos a formação do psicólogo hospitalar.
Angerami-Camon e Meleti
Valdemar Augusto Angerami-Camon e Marli Rosani Meleti  foram responsáveis por normatizar, na década de 80, o setor de Psicologia do Serviço de Oncologia Ginecológica da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência.
Isto possibilitou um olhar mais humano para os pacientes com câncer e para as mulheres em tratamento das mais diferentes doenças ginecológicas, assim como no momento do nascimento do filho.
De lá para cá, a área foi crescendo de uma maneira muito rápida e tomando espaço dos hospitais, visto que a necessidade era enorme, assim como nos dias atuais.
Formação do psicólogo hospitalar
Assim como a sua fundação, também na formação a Psicologia Hospitalar esteve relacionada por muito tempo à Psicologia da Saúde, à Psicologia Clínica e principalmente à Psicanálise, como se essas fossem as únicas maneiras de compreender o contato do psicólogo com o indivíduo hospitalizado.
 
A carência de debates e materiais que abordassem o assunto contribuiu para a formação de muitos profissionais em Psicologia Hospitalar com um enfoque mais clínico que, com os estudos posteriores, vieram transformar essa percepção.
 
“A Universidade teria que unir o máximo possível de informação em termos de mercado, da realidade, do ponto de vista social, e também ser um espaço de criação, abrindo caminhos, e não ficar à deriva dos fatos” (BELKISS, 1999, p.85).
Mudanças nos currículos
As mudanças já podem ser vistas nos currículos da faculdade, que tratam a Psicologia Hospitalar num viés mais específico dos outros setores do hospital. 
Este fato contribui para que os alunos saiam da graduação com um olhar amplo sobre a atuação do psicólogo hospitalar.
Na atualidade, são diversos os espaços que oferecem uma boa formação para aqueles que querem atuar nesta área, tais como a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; o curso de especialização da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Pós-Graduação do Albert Einstein em São Paulo,dentre outros no Brasil.
Concluindo
Pode-se então concluir que a função da Psicologia Hospitalar é ensinar aos profissionais da saúde a melhor maneira de atender os mais variados perfis de pacientes que chegam ao espaço da internação. Ela coordena as atitudes dos profissionais da saúde e administra as melhores intervenções diante dos momentos de dor e sofrimento.
Além deste papel, o psicólogo hospitalar visita os leitos, atende os pacientes da emergência, dão suporte às mães de recém-nascidos, ajudam a fornecer notícias de perdas familiares e ajudam os pacientes a enfrentar a doença com vigor e fé na recuperação.
Com isto, os psicólogos sobrecarregam menos os outros profissionais e conseguem acelerar o processo da alta. A escuta é considerada o caminho mais simples para a recuperação e tratamento.
Nesta aula foi possível debatermos sobre o percurso histórico da Psicologia Hospitalar. Agora, para saber se de fato você assimilou os conteúdos, correlacione a coluna da esquerda com a da direita, identificando cada época do psicólogo hospitalar e suas atividades que eram desempenhadas.
Exercícios:
Aula 2: Serviço de Psicologia Ambulatorial em Hospital Geral 
Entrevista com a Psicóloga Ludmila Viana Aborda psicologia hospitalar e sua história, funções do psicólogo hospitalar, quais as reações do paciente quando está doente, os primeiros passos no trabalho do psicólogo hospitalar, como a mente pode criar doenças no corpo.
Introdução
A Psicologia Hospitalar ainda é muito confundida como a Psicologia da Saúde. Ainda que a primeira seja uma ramificação da área da saúde, ela tem olhares e enfoques diferentes. Sua perspectiva é abordar o paciente já com uma queixa pronta, pois estar no espaço do Hospital já tem um significado neste corpo e nesta mente para estar ali inserido.
A Psicologia da Saúde é muito ampla: ela visa trazer ao paciente uma atenção primária, secundária e terciária. Por meio da clínica, é possível prever os problemas que poderão acontecer no futuro e criar medidas para que eles não existam ou não cresçam. É possível interromper seu sofrimento antes de chegar ao estado de descontrole.
Já no ambiente hospitalar, esta queixa vem pronta, já instalada, e as únicas medidas cabíveis são a secundária e a terciária. Pode-se pensar em acabar com o problema existente ou, se este já estiver num grau muito alto de proliferação, pode-se pensar em medidas que visem combatê-lo.
Já o psicólogo hospitalar, além de atender aos pacientes, dá suporte aos familiares, à equipe de saúde e ao corpo de funcionários do hospital. É esse assunto que veremos nesta aula. Bons estudos!.
Psicologia da Saúde X Psicologia Hospitalar
Castro e Bornholdt (2004) retratam que a Psicologia Hospitalar é uma nomenclatura apenas utilizada no Brasil. Nas suas experiências com o Doutorado no exterior, em nenhum dos outros países visitados percebeu-se o psicólogo nos hospitais fazendo uso desta denominação.
Apesar de, em muitos hospitais, os nomes Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saúde serem interpretados como únicos, isto não é verdade, como veremos nesta aula.
Psicologia da Saúde
Existe um sentido mais amplo de abordar o ser humano, nas suas mais diferentes necessidades relacionadas ao corpo e à mente. Para que haja esta atenção, utilizam-se as seguintes intervenções:
Primária
Aplica uma série de medidas e instrumentos que evitam a incidência da doença. Os objetivos são a promoção da saúde e a atenção específica ao problema.
Exemplo: Vacinas contra a febre amarela no Brasil.
Secundária
Cria uma série de medidas, no estágio inicial, que evitam a proliferação da doença.
Exemplo: Em épocas chuvosas, os agentes da saúde visitam as casas para saber onde se encontram os focos do mosquito da dengue.
Terciária
A doença já está instalada, mas cria-se uma série de medidas para o tratamento e a recuperação daqueles que a adquiriram.
Exemplo: Vírus HIV. As prefeituras distribuem os medicamentos, sem nenhum custo, para que os infectados tenham uma vida mais prolongada e com qualidade.
Objetivo da Psicologia da Saúde
Portanto, pode-se dizer que a Psicologia da Saúde “tem como objetivo compreender como os fatores biológicos, comportamentais e sociais influenciam na saúde e na doença” (APA, 2003, apud Castro e Bornholdt, 2004, p. 49).
Outra definição mais clara e ampla para entender a Psicologia da Saúde foi exposta pelo Colégio Oficial de Psicólogos da Espanha (2003, apud Castro e Bornholdt, 2004, p. 49):
“Disciplina ou campo de especialização da Psicologia que aplica seus princípios, técnicas e conhecimentos científicos para avaliar, diagnosticar, tratar, modificar e prevenir os problemas físicos, mentais ou qualquer outro relevante para os processos de saúde e doença”.
A Psicologia da Saúde é uma área muito ampla, que busca promover saúde e bem-estar a todos aqueles que têm algum problema que atormenta a mente e o corpo. Para isto, utiliza-se das ciências biomédicas, da Psicologia Clínica e da Psicologia Social Comunitária.
Áreas da Psicologia da Saúde
Conclui-se o entendimento da Psicologia da Saúde em três áreas, que são:
1ª - Clínica: saber receber um paciente, avaliar os sintomas, comparar os sintomas com o histórico de vida e propor a intervenção mais adequada;
2ª - Pesquisa: saber produzir conhecimento e investigar mais sobre os assuntos da saúde;
3ª - Programação: saber avaliar o caso e prever de que maneira ele poderá evoluir, de forma que medidas preventivas sejam aplicadas.
Psicologia Hospitalar
Para começarmos a entender a definição de Psicologia Hospitalar, primeiro é muito importante que tomemos como base a definição do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003), para percebermos o quanto é ampla esta atuação:
 
O psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde, atuando em instituições de saúde e realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria. (Castro e Bornholdt, 2004, p.50).
A literatura internacional é escassa nos materiais que retratem a realidade da Psicologia Hospitalar, pois, como já foi dito, na maioria dos outros países esta é entendida como Psicologia da Saúde.
Os autores criticam que a Psicologia, quando tratada apenas no hospital e separando-a da saúde, fica muito restrita em seus conceitos e parece separá-la das outras necessidades.
O indivíduo, quando chega a um hospital, encontra-se com a doença instalada, e não tem mais como prevenir. Portanto, entende-se que a Psicologia Hospitalar utiliza-se da intervenção secundária e terciária, diferentemente da Psicologia da Saúde, que acrescenta a este a primária.
Estar internado envolve uma demanda de rotina, de hotelaria, de relação direta como toda a equipe daquele espaço. Então, não se pode pensar em um trabalho individualizado. Os outros componentes da equipe de saúde, juntamente com o psicólogo, devem construir um diálogo único, visando à alta e à recuperação do paciente, num trabalho multidisciplinar.
Pode-se dizer, portanto, que o objetivo do Psicólogo Hospitalar é: melhorar a assistência integral do paciente que se encontra hospitalizado, com o controle dos sintomas que causam o mal-estar.
De acordo com Rodriguez-Marín (2003 apud Castro e Bornholdt, 2004, p.51), são essas as seis tarefas básicas do psicólogo hospitalar:
Coordenação - Relativa às atividades com os funcionários do hospital;
Ajuda à adaptação - O psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente internado;
Interconsulta - Atua como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o paciente;
Enlace - Intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequadosdos pacientes;
Função assistencial direta - Atua diretamente com o paciente;
Gestão de recursos humanos - Para aprimorar os serviços dos profissionais da organização.
Percebe-se que, embora se afirme que a Psicologia Hospitalar é a área mais restrita da Psicologia da Saúde, ainda assim, seu campo de atuação e responsabilidades são muito amplos.
O ambulatório e a equipe multidisciplinar
O ambulatório é o espaço dentro do hospital que atende as mais diferentes queixas ali instaladas, tais como crise renal, problemas de pele, enxaquecas, dor no estômago, entre outras.
Por muito tempo, os hospitais públicos e particulares não contratavam médicos das mais diferentes especialidades para atenderem no ambulatório. Apenas um médico, geralmente clínico geral, desempenhava o papel de todos os outros médicos.
Com o passar do tempo, as queixas dos ambulatórios foram aumentando. Consequentemente, a demanda também, e para atender a essas solicitações foi preciso especificar mais o atendimento.
Com este propósito é que hospitais começaram a oferecer concursos e vagas para as especialidades médicas. Se isto tem funcionado ou não em alguns espaços, isto cai em outro tipo de reflexão. A nossa, aqui, é saber o objetivo dessas contratações mais específicas e o trabalho da equipe multidisciplinar.
Contratar médicos especialistas ainda não foi suficiente para atender as demandas das queixas desses pacientes. Muitos chegavam com dores aparentes, mas sem um diagnóstico preciso pela Medicina. Outros apresentavam problemas psiquiátricos, ou queixas psíquicas, entre outros problemas. Viu-se então a necessidade de implantar o psicólogo nos plantões dos laboratórios.
Eles seriam responsáveis por fazer as avaliações psicológicas e encaminhar esses pacientes aos serviços adequados, tais como: psicodiagnóstico, clínica psiquiátrica, psicoterapia, ente outros.
Interdisciplinaridade
De acordo com o que foi relatado até agora sobre o atendimento em Ambulatório no hospital geral e por meio do entendimento das conceituações sobre trans, inter e multidisciplinar, percebe-se que a proposta da inserção do psicólogo nos ambulatórios teve o enfoque neste último tipo de trabalho. Notou-se a necessidade de haver mais profissionais atendendo um mesmo caso, e não necessariamente o compartilhamento das ideias entre eles.
A interdisciplinaridade também é muito comum entre os hospitais, pois um paciente que foi acidentado e atendido por um ortopedista e que precisa de fisioterapia no leito precisa de um trabalho que esteja em comum acordo entre as profissões.
Existem também aqueles casos em que os livros apontam várias condutas diante um caso de saúde. Para que o profissional tenha certeza sobre o melhor trabalho a ser realizado, é preciso debater com seus colegas.
Por exemplo, em um caso de autismo, num primeiro momento, é necessário o uso da Psicoterapia ou apenas da Terapia Ocupacional? Isto deve ser resolvido entre os profissionais que entendem do caso.
Apesar de se saber sobre a importância da equipe multidisciplinar no tratamento dos pacientes em Hospital e Ambulatório, muitos preconceitos ainda são debatidos. Vários profissionais da saúde veem o psicólogo sem muita contribuição e sem muito valor, sendo ainda depositado todo e qualquer tipo de confiança ao tratamento nas mãos dos médicos.
Segundo Bucher (2003; LoBianco, Bastos, Nunes & Silva, 1994 apud Tonetto e Gomes, 2007, pp. 89-90), a interação na saúde:
É interdisciplinar quando alguns especialistas discutem entre si a situação de um paciente sobre aspectos comuns a mais de uma especialidade. É multidisciplinar quando existem vários profissionais atendendo o mesmo paciente de maneira independente. É transdisciplinar quando as ações são definidas e planejadas em conjunto.
Barreiras a serem vencidas
Ainda são muitas as barreiras a serem vencidas pelo psicólogo hospitalar. Podemos citar algumas:
Sua diferenciação da Psicologia da Saúde;
Seu papel no espaço hospitalar como de grande importância;
Sua inserção na equipe muldisciplinar.
O mais importante é debater o assunto e oferecer ao mundo científico trabalhos que possam comprovar as diferenças na melhora do paciente quando este é atendido também pelo psicólogo.
Caso 1: Atuação da Psicologia da Saúde. Nesta situação, cabe ao psicólogo clínico lidar com as defesas que Rodrigo está criando, para não entrar em contato com a realidade que lhe causa sofrimento. É preciso fazer com que Rodrigo perceba o problema, e assim, ajudá-lo no tratamento.
Caso 2: Atuação da Psicologia Hospitalar na atenção pré-cirurgia. É preciso aplicar o acolhimento e esclarecimentos sobre o espaço hospitalar, assim como as funções de cada profissional e os procedimentos que serão realizados.
Leia o livro: ROMANO, Bellkiss Wilma. Princípios para a prática da Psicologia Clínica em hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. No capítulo V, você poderá aprender mais sobre a equipe multiprofissional. Disponível aqui. Acesso em 9 nov. 2012.
Aula 3: Avaliação psicológica no espaço hospitalar
Introdução
Nesta aula, veremos as diversas técnicas usadas para avaliar o psicológico daqueles que chegam ao ambiente hospitalar com uma queixa. Diagnóstico, entrevistas, questionários, inventários. Condutas e relatórios. Ética no preenchimento do prontuário. A importância da avaliação psicológica. Fatores desencadeadores dos problemas de saúde. Boa aula!
A avaliação no hospital não é uma tarefa tão simples como no consultório. Naquele espaço, a privacidade e a individualidade são comprometidas pelos acompanhantes da enfermaria, pelos familiares e por outros profissionais da saúde, o que dificulta a escuta e a obtenção de informações sobre o caso.
O psicólogo, no espaço hospitalar, deve proporcionar um local de acolhimento, sem invadir ainda mais o espaço do doente que se encontra no leito, aproximando a cadeira dele e doando-se para a escuta.
Procedimento do psicólogo no hospital
Em um primeiro momento, deve-se criar medidas para a quebra de gelo. Depois, é o momento de permitir que o paciente fale e de observar seus comportamentos. Por fim, explicar quais foram os pontos mais importantes expostos por ele.
No preenchimento do prontuário, o psicólogo deve ficar muito atento ao que o Código de Ética do Psicólogo diz. Ali, devem conter apenas as informações importantes para a compreensão sobre a doença, não se atenuando a detalhes muito pessoais e que venham a romper com o sigilo.
O hospital, por sua vez, deve guardar esses prontuários em lugares altamente seguros e sigilosos.  Mesmo após a alta do paciente, estes documentos devem permanecer ali por 20 anos.
Avaliação psicológica no espaço hospitalar
A avaliação psicológica tem sido uma área de grande curiosidade por outros especialistas. O encantamento está frente aos instrumentos utilizados para se chegar a uma conclusão sobre a mente e o comportamento humano.
Mas, para que esta seja diferenciada do senso comum, o Conselho Federal de Psicologia, frequentemente, avalia as ferramentas e as autoriza como fidedignas ou não.
Ao longo desta aula, você perceberá que são muitas as técnicas, tais como:
Testes psicológicos
Questionários
Entrevista aberta
Entrevista fechada
Entrevista semidirigida
Inventários
Mas quando se fala no espaço hospitalar, estas técnicas ficam mais restritas, pois o lugar do quarto ou da enfermaria muitas das vezes não tem privacidade, limitando alguns tipos de avaliação.
A avaliação psicológica no espaço do hospital é bem diferente do psicodiagnóstico na clínica. Este utiliza-se de testes psicológicos para se chegar à interpretação da queixa do paciente.
A entrevista psicológica no hospital
Já no hospital, as ferramentas são o olhar clínico e a entrevista, pois o tempo de internação muitas das vezes é muito curto ou longo demais, e o espaço físico não proporciona atendimento clínico.
A atuação do psicólogo hospitalar muitas vezes é multidisciplinar, e outras vezes, transdisciplinar. 
No hospital, a entrevista psicológica não tem a mesma privacidade de umconsultório, pois na sua maioria ela é realizada ao lado do leito onde o paciente se encontra:
Em um quarto particular, há limitações, como invasão de outros profissionais da saúde, dos familiares, de visitantes, ente outros;
Em uma enfermaria, esta entrevista se torna ainda mais invasiva, pois o espaço é compartilhado por outras pessoas e a privacidade também é invadida. 
Estratégias usadas pelo psicólogo
Passar Confiança ao paciente
Para minimizar esta falta de privacidade, é preciso que o psicólogo use estratégias que possam passar confiança ao paciente. Aproximar a cadeira do leito, falar em um tom baixo e começar com perguntas descontraídas e menos invasivas são algumas medidas que facilitam o processo de avaliação.
A proposta da escuta é trazer um trabalho mais humanizado, onde haja um espaço para as queixas que vão além da doença, mas que envolvam questões intrigantes ao internado. Este momento não deve ser forçado: os conteúdos devem ser abordados conforme o ritmo do paciente, pois falar da doença pode potencializar o sofrimento em alguns casos e em outros pode minimizar.
Então, é preciso deixar que o outro construa uma confiança, e mediante este andamento, o psicólogo vai percebendo onde pode intervir.
Escuta ativa 
Sobre este olhar, é possível afirmar que:
A escuta ativa tem como característica o valor terapêutico da escuta, valorizando a expressão e o vínculo com o paciente, percebendo se neste momento ele precisa falar e desabafar, ou se necessita de uma atitude mais ativa, com perguntas e intervenções que facilitem as colocações do paciente de suas dificuldades e de sua compreensão sobre a doença (Fonte: OLIVEIRA, Beatriz; SOUZA, Joel; FREITAS, Paulo. A entrevista psicológica no ambiente hospitalar: a escuta ativa e a avaliação psicológica do paciente).
A habilidade do psicólogo hospitalar está em avaliar quais perguntas serão cabíveis àquela situação, e decidir qual é o momento de olhar, de escutar e de falar.
Para isso, é preciso conversar com a equipe de saúde, antes de se colocar nos leitos. Faz-se necessário escutar os conteúdos e experiências da enfermagem, dos médicos, fisioterapeutas e nutricionistas sobre aquele paciente, para facilitar a condução da avaliação.
Entendendo os sinais do paciente
Deve-se respeitar o momento do paciente de não querer falar ou expor alguma inquietação para o psicólogo. Para isso, é muito importante esclarecer com precisão sobre a doença e explicar os termos técnicos.
Se alguma dúvida surgir, é muito importante afirmar para o paciente que esta será esclarecida num encontro posterior. Neste momento, a linguagem verbal e não verbal devem ser analisadas, a fim se obter uma medida sobre o sofrimento do paciente.
O silêncio, o choro, a risada, os gestos, a inquietação, o olhar, todos esses comportamentos e sentimentos têm significados no momento da escuta. Estes sinais servem de pistas para as próximas entrevistas ou encontros que serão realizados.
Estas serão informações valiosas para o diagnóstico clínico, para a intervenção do médico e de toda a equipe de saúde, pois é a partir desses dados que as intervenções serão feitas com precisão. Caso contrário, servirão apenas os resultados dos exames clínicos.
Caso sobre a diferença do diagnóstico médico para o psicológico
“O médico, quando se debruça sobre o paciente, posicionando o estetoscópio sobre o seu peito em busca de informações sobre o funcionamento do coração, já está passando ao paciente a sensação de que é cuidado, tratado mesmo, e isso faz com que ele se sinta melhor. Há mesmo quem veja neste gesto a recriação simbólica de um cordão umbilical ligando médico e paciente, com tudo de nutritivo que isso possa ter.
Quando um psicólogo entrevista um paciente pela primeira vez, procurando diagnosticar sua forma de reação à doença, ao mesmo tempo já está oferecendo ao paciente uma escuta que permite ao paciente elaborar sua doença por meio da fala, o que por si só produz efeitos terapêuticos. Não existe um ato que seja exclusivamente diagnóstico, e todo encontro comporta possibilidades terapêuticas”. (Simonetti, 2004, p.36).
Num primeiro momento, é preciso apresentar-se ao paciente, esclarecer seu papel dentro do hospital e dizer em quais momentos ele poderá solicitar sua ajuda.
Depois, vem a hora de deixar o paciente falar, e então, estimulá-lo com uma pergunta prazerosa, como por exemplo: “Você é casado ou solteiro?”; "Tem filhos?”, ou elogiar a roupa ou o cabelo. Isto é muito importante para “quebrar o gelo” frente a uma “figura estranha” e que carrega o estigma de que “cuida de loucos”.
Na hora em que o paciente estiver falando, é imprescindível estar atento à comunicação não verbal, como: negação, enganação, falta de percepção, reconhecimento, risadas, perguntas inadequadas, críticas, evitação para falar de si, entre outros sinais.
Estabelecendo a confiança
Para que o paciente se sinta seguro sobre os conteúdos que ali são expostos, é importante esclarecer sobre o sigilo e afirmar que os conteúdos importantes serão transmitidos ao médico se isto implicar na sua melhora. Caso contrário, as informações ficarão entre ele e o psicólogo.
Todas estas informações não são possíveis em um único contato, até porque o 
tempo é curto. Neste primeiro momento, é muito difícil que o paciente estabeleça uma relação de confiança com o psicólogo. Por isso, é importante, caso o tempo de internação permita, voltar a este espaço mais duas vezes.
Ao final de toda e qualquer entrevista, faz-se necessário que o psicólogo forneça um resumo ao paciente sobre o que foi relatado e o que ele entendeu sobre os conteúdos expostos. Assim, o paciente terá maior confiança no psicólogo, pois foi escutado perfeitamente e saberá que os conteúdos ficaram registrados.
Contratos estabelecidos pelo psicólogo no atendimento em hospital
Atendimento integral da clientela:
viável em internação de menor porte ou junto a especialidades médicas que atendem um número limitado de indivíduos.
Possibilita fazer uma triagem de todos os pacientes, tendo em vista a seleção, pelo psicólogo, dos casos que apresentam demanda de assistência psicológica durante o período de hospitalização.
Atendimento parcial da clientela:
útil em unidades de internação de médio ou grande porte. Seleciona a parcela dos indivíduos hospitalizados para os quais o psicólogo julga ser prioritário o atendimento.
Exemplo: o médico e os enfermeiros definem se os pacientes da enfermaria com problemas ortopédicos devem passar pelo atendimento psicológico.
Atendimento parcial da clientela, segundo critérios de seleção estabelecidos pela equipe:
em grandes enfermarias e com um número heterogêneo de pacientes, este tipo de hospital prevê que a assistência psicológica seja prestada apenas para aqueles considerados mais necessitados.
Registrando os atendimentos psicológicos
Todos os atendimentos psicológicos devem ser registrados no prontuário hospitalar do paciente até a sua conclusão naquele espaço.
Algumas condições devem ser levadas em consideração para avaliar o estado do paciente na enfermaria, tais como:
Condição psíquica atual do paciente;
Correlação entre o estado psíquico atual e sua situação médica condição emocional prévia (estrutura e dinâmica de personalidade);
Situação psicossocial e ambiental.
Após todo e qualquer fechamento de atendimento na enfermaria, é preciso que alguns questionamentos sejam respondidos, conforme exposto por Bruscatto, Benedetti e Lopes (2004, p.63):
1- Existe uma real demanda de atendimento pela equipe de Psicologia voltada 
para o paciente e seus familiares?
2- A demanda detectada é compatível com o que foi especificado no pedido de 
consulta formal?
3- Há demanda da equipe implicada na problemática emocional do paciente?
4- Qual o estado emocional do paciente e seus familiares, considerando a situação da doença e tratamento? Qual o grau de comprometimento emocional observado?
5- De que maneira antecedentes psicossociais, pessoais ou familiares podem 
interferir no atual estado emocionaldo paciente?
6- Qual a influência das condições ambientais relativas à hospitalização no 
desencadeamento ou maximização de reações emocionais desadaptativas?
7- Há necessidade – como conduta primária ou subsidiária ao acompanhamento psicológico – de avaliação psiquiátrica (adoção de medicação com ação psicoativa)?
8- Quais os focos e objetivos a ser contemplados na proposição de condutas,
considerando o fato de o paciente encontrar-se hospitalizado?
Percebe-se que a avaliação psicológica no espaço hospitalar tem todo um protocolo a ser seguido, para que se obtenha êxito nos resultados. Caso contrário, torna-se apenas um diálogo.
Ética no preenchimento dos prontuários
O Código de Ética do Psicólogo aborda a questão do sigilo no seu artigo 9º.
Art. 9º -É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.
A Resolução CFP 001/2009, em seu artigo 2º, aponta as informações que devem ser registradas no prontuário pelo psicólogo,
§ 2º. Deve ser mantido permanentemente atualizado e organizado pelo psicólogo que acompanha o procedimento.
Art. 2°. Os documentos agrupados nos registros do trabalho realizado devem contemplar:
I - identificação do usuário/instituição; 
II - avaliação de demanda e definição de objetivos do trabalho; 
III - registro da evolução do trabalho, de modo a permitir o conhecimento do mesmo e seu acompanhamento, bem como os procedimentos técnico-científicos adotados; 
IV - registro de Encaminhamento ou Encerramento; 
V - documentos resultantes da aplicação de instrumentos de avaliação psicológica deverão ser arquivados em pasta de acesso exclusivo do psicólogo. 
VI - cópias de outros documentos produzidos pelo psicólogo para o usuário/instituição do serviço de psicologia prestado, deverão ser arquivadas, além do registro da data de emissão, finalidade e destinatário.
Preenchimento dos prontuários nos hospitais
Em hospitais, a situação não é muito diferente: deve-se seguir o mesmo protocolo, para que os prontuários sejam preenchidos com rigor e ética. As informações contidas neste espaço devem ser apenas as relevantes, resguardando a confidencialidade dos detalhes e reforçar o sigilo das informações.
Estes prontuários devem ficar arquivados por um período de cinco anos, sob a responsabilidade do hospital. Mas como é área de saúde, este deve permanecer guardado durante 20 anos.
Atividades
Uma paciente chamada Mariana, de 27 anos, está em sua 4ª tentativa de ser mãe. Sua gravidez é de risco, devido à pressão arterial descontrolada e anemia profunda.
A paciente relata que não conheceu o pai biológico na infância e fora criada pelo padrasto, por quem tem um enorme carinho e afinidade. 
Nega-se a entrar em contato com qualquer diagnóstico de doenças, com medo da morte. Prova disso é o relato de possuir nódulos nas mamas há quatro anos e não querer investigar, por medo de ser câncer.
Segundo contato
Quando cheguei, Mariana estava chorando. Disse:
“Daqui a pouco vou matar um aqui. Vou fazer uma loucura. Quando meu marido vier, vou assinar a minha alta. Ninguém diz o que está acontecendo com meu filho. Uns dizem que estou com 34 semanas.
Hoje me disseram que estou com 33. Amanhã vou estar com 32. Daqui a pouco estou com 10 meses de gravidez e não sei”.
“Disseram que eu estou com infecção, mas não explicaram por quê. Não sei se eu perdi líquido. Falei pra médica uma vez que a minha calcinha estava molhada, mas eu não sabia o motivo. Só o exame podia saber se eu perdi líquido”.
“E o meu filho? Estou com infecção e eles não fazem nada! Eles só dizem isso, que estou clinicamente normal, sem perda de líquido. Mas e esses leucócitos, o que são? Tem que saber!”.“Estou morrendo de medo. Eu já perdi três bebês, e todos os meus partos foram induzidos porque a dilatação não completa. Meu marido está uma pilha, pois quer muito esse filho”. Neste momento, Mariana começa a chorar e demonstrar sua raiva, enquanto arruma a cama.
Terceiro contato
Mariana diz estar conformada, mas está um pouco zangada. A médica entrou no quarto e disse que está tudo bem. “Deixa só acontecer alguma coisa pra eles verem – diz Mariana. 
Não vou perder mais um bebê. Eles estão esperando eu ‘empacotar’, aí vai ser tarde (risos). Infelizmente, e Deus me livre, eles esperam acontecer alguma coisa.”
Pouco depois, Mariana estava rindo e brincando com a paciente ao lado (uma jovem de 16 anos, na primeira gravidez) e perguntando se tinha sentido saudades dela. Comentou uma brincadeira que fez com a médica, que fez seu exame de toque, e disse que ia “esperar para ver”.
Quarto contato
Descobriu-se a razão dos leucócitos e das dores nos quadris que Mariana sentia (ela queixava-se de frequentes dores na coluna lombar, e achava que era por causa do colchão): ela tem cálculo renal.
Naquele dia, a obstetra deslocou a bolsa para induzir o parto. Rapidamente, a paciente chegou a três centímetros de dilatação. Estava andando pelo corredor quando cheguei, e disse que ficou aliviada pelo parto ter sido logo.
Depois desse dia, não vi mais Mariana, por conta de outros casos que precisei atender. Soube pelas médicas que o bebê havia nascido três dias depois da quarta consulta e Mariana o havia levado para casa dois dias depois do parto (cesariana).
Por meio da escuta e esclarecimentos da real situação da paciente no prontuário. No processo da entrevista hospitalar é preciso que o psicólogo esteja atento à todas as informações que o paciente traz, tanto as que dizem respeito ao estado presente, quanto as do passado. Para fazer o encaminhamento ou diagnóstico devido é preciso um olhar além da fala, dessa forma paciente e psicólogo sentem-se seguros sobre o prognóstico de quem está sendo avaliado
Aula 4: Humanização em ambientes médicos 
Introdução
Nesta aula, abordaremos a concepção da humanização no espaço hospitalar. A interpretação da enfermagem, dos médicos, dos fisioterapeutas e nutricionistas sobre o processo de humanização. O entendimento sobre o papel do psicólogo como ouvidor no trabalho de humanização hospitalar. O papel do psicólogo diante das práticas do SUS.
A humanização hospitalar pode ser considerada uma atividade que visa um atendimento de qualidade, sem o estigma da doença. Ela procura trazer ao internado melhores condições de tratamento, atenção e suporte ao longo da sua internação.
Para isto, não basta apenas escutar: é preciso atender a demanda e investigar as necessidades. É necessário que a comunicação entre toda a equipe de saúde seja padronizada com a devida atenção.
Debates dentro do hospital
Muitos são os debates que têm se criado dentro dos hospitais com a visão de humanização hospitalar, mas poucos abordam as reais propostas do SUS, tais como equidade, descentralização e participação da comunidade. Veem a humanização apenas como um sorriso e aperto de mão, o que está longe das reais propostas.
Enquanto ouvidor no SUS, o psicólogo necessita escutar este paciente de forma preparada e abordá-lo com as mais diferentes técnicas propostas pela ciência psicológica, diferentemente daquelas apresentadas por outros profissionais não qualificados.
Visa estabelecer o papel de interlocutor entre as demandas do hospital e do paciente e proporcionar para este uma melhor qualidade de vida.
Principais conceitos sobre humanização hospitalar
Segundo Carvalho, Santana e Santana (2009, p.73), a humanização hospitalar é a “forma de assistência que valoriza a qualidade do cuidado do ponto de vista técnico e o reconhecimento dos direitos dos pacientes”.
Nos últimos anos, foi possível observar um aumento de iniciativas específicas, principalmente no que diz respeito à humanização e suas ações, como por exemplo: programas de acolhimento, Hospital Amigo da Criança, parto humanizado, Doutores da Alegria, dentre outras.
Não basta apenas estudar e entender a humanização hospitalar. É preciso saber aplicá-la dentro do hospital, e isso exige técnicase habilidades que devem ser desenvolvidas por aqueles que procuram um diferencial.
Objetivos comuns
Sabe-se que as pessoas que trabalham no espaço hospitalar são muito exigidas em relação ao trabalho que desempenham, contra erros e negligências na sua atuação. Isto porque lidam com vidas, e diante delas não pode haver desatenção e esquecimentos.
Também sabemos que todos os funcionários têm aquele espaço como sua sobrevivência e meio para alcançar seus objetivos pessoais. Portanto, o hospital deve fazer com que as metas organizacionais vão ao encontro desses objetivos.
Toda e qualquer empresa tem objetivos, em meio a tanta competitividade. Por outro lado, aparecem os objetivos pessoais.
Sobrevivência e crescimento;
Lucratividade;
Produtividade;
Qualidade nos produtos;
Redução de custos;
Participação no mercado;
Alcançar novos mercados;
Alcançar novos clientes;
Manter uma boa imagem no mercado.
Objetivos pessoais
Melhores salários;
Estabilidade no emprego;
Segurança no trabalho;
Qualidade de vida no trabalho;
Satisfação no trabalho;
Consideração e respeito;
Oportunidade de crescimento;
Liberdade para trabalhar;
Liderança liberal;
Orgulho da organização. 
Motivando os funcionários
A empresa que pensa primeiro nos seus funcionários, atendendo suas necessidades, terá uma mão de obra motivada para desempenhar suas tarefas, e assim, atender os desejos organizacionais.
Dentro do espaço organizacional, as pessoas devem ser tratadas como parceiros, e não mais como “material humano”. Devem ser vistas como colaboradores agrupados em equipes, que desenvolvem metas negociadas e compartilhadas.
Os colaboradores, desta forma, passam a ter também preocupação com os resultados, com a satisfação do cliente, com a missão e a visão da empresa. Assim, cria-se uma interdependência entre colegas e equipes.
Perfis dos clientes dos hospitais e possíveis estratégias de humanização
Muito se fala de humanização no espaço hospitalar, mas pouco se estuda sobre os perfis desses clientes na atualidade. O paciente hoje não é mais o mesmo de ontem, que via o médico como um ser dotado de saber. Hoje esse paciente pesquisa na internet seus sintomas e chega ao espaço hospitalar com uma série de queixas.
Os psicólogos hospitalares, nos seus treinamentos prestados aos profissionais da saúde, e nas suas experiências com assistência aos clientes internados, puderam traçar alguns perfis comuns de pacientes que utilizam este tipo de serviço e que foram discutidas por Taraboulsi (2009, p.196):
Cliente nervoso:
O primeiro perfil é do cliente nervoso, aquele que chega querendo ser atendido da maneira mais rápida possível, não respeitando as regras no hospital e falando com imposição.
Deve-se atender esse paciente com a maior calma possível, com um tom de voz bem baixo e esclarecer todas as dúvidas que surgirem. Por meio da conduta diferenciada, este cliente percebe que sua atitude não condiz com o ambiente.
Cliente meticuloso:
O cliente meticuloso tem dificuldades para entender os procedimentos e assuntos narrados. Com ele, deve-se utilizar a linguagem mais simples possível, não se aprofundando muito nos assuntos e usar exemplos, para que ele possa entender na prática os procedimentos que serão realizados.
Cliente irônico:
O irônico tenta derrubar ou inibir o profissional por meio das descrenças ao tratamento. Com ele, deve-se agir o mais objetivo possível e com simplicidade, respeitando sua maneira de ser.
Cliente agressivo:
Ainda vê-se muito no ambiente hospitalar o cliente agressivo, aquele considerado mal-educado, que carrega consigo frustrações e culpas interiores. Deve-se procurar falar pouco, ser direto e o mais preciso possível.
Cliente satisfeito:
Por fim, encontramos o cliente satisfeito e encantado. Este é o mais fácil de lidar, pois ele já criou confiança no serviço e nas atividades desempenhadas naquele espaço. Com ele, basta alimentar seus sentimentos positivos, fornecendo-lhe mais contentamento com o espaço, maior solidariedade e carinho.
O psicólogo hospitalar como ouvidor
A humanização hospitalar é um assunto muito recente na discussão nos espaços da saúde, pois muitos desses profissionais consideram este ato simples e natural. Porém, devido às queixas e inquietações dos pacientes que fazem uso desse espaço, percebe-se que muitos ainda não têm a devida compreensão sobre um atendimento humanizado.
Então, para começar a discutir este assunto e estimular os profissionais para esta área, foi que no ano 2000 foi realizada a XI Conferência Nacional de Saúde, intitulada Efetivando o SUS: acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde com controle social. No ano seguinte, foi lançada a XII Conferência Nacional de Saúde, onde foram apresentadas reflexões sobre a Ouvidoria do SUS.
O objetivo dessa Ouvidoria é criar um espaço onde os pacientes e profissionais da saúde possam expor suas necessidades, desejos e inquietações em relação ao atendimento, e que este ouvidor possa mediar o diálogo com os cargos responsáveis, tais como a diretoria, supervisão etc., proporcionando assim um atendimento de qualidade.
Atribuições da Ouvidoria
Muitos profissionais, entretanto, não entendiam esta área como necessária e viam pouca efetividade na sua proposta.
Segundo Spink (1999 apud Carvalho, Santana e Santana 2009, p.175), as atribuições para a construção da Ouvidoria do SUS são:
Criar e implementar, nas três esferas de governo, um processo de escuta contínua e de interlocução entre os usuários do SUS, por intermédio de serviços telefônicos gratuitos, desenvolver ampla pesquisa para avaliar a satisfação dos usuários e dos profissionais do SUS e utilizar o instrumento da ouvidoria para fortalecer o controle social e a gestão participativa. Infelizmente, essas propostas não foram implementadas.
Segundo Spink e Matta (2007, apud Carvalho, Santana e Santana 2009, p.175), as medidas de humanização hospitalar devem estar respaldadas nas políticas do SUS. Elas não devem ser criadas aleatoriamente, como uma necessidade individual, mas como uma exigência coletiva dos espaços de saúde.
Os autores afirmam: “Humanizar, no sentido proposto pelo Ministério da Saúde, é mais que reorganizar os espaços sanitários, é reorganizar os processos de trabalho, formar e qualificar trabalhadores, garantir os direitos e a cidadania dos usuários por meio do controle e da participação popular, é instituir práticas fundadas na integralidade”.
Princípios do SUS
Portanto, as Ouvidorias devem respeitar os seguintes princípios do SUS segundo Carvalho, Santana e Santana (2009, p. 177):
Universalidade: as ouvidorias devem estar estruturadas de modo a atender, gratuitamente, as demandas de todo cidadão;
Integralidade: as demandas dos usuários devem receber atenção em todas as fases do processo, a saber: recebimento, encaminhamento, acompanhamento e resolutividade;
Equidade: as ouvidorias devem desenvolver estratégias de acolhimento que permitam o atendimento de todas as demandas recebidas;
Descentralização: implantar as ouvidorias nas secretárias estaduais, municipais e nos serviços de saúde, com a definição das competências de cada uma;
Regionalização: disponibilizar ouvidorias em cada região sanitária, seja em cidades polo, seja em distritos sanitários;
Hierarquização: as ouvidorias devem seguir a mesma lógica hierárquica do SUS, considerando as necessidades regionais.
Participação da comunidade: as ouvidorias devem garantir às comunidades o recebimento.
O psicólogo no SUS
Vamos supor que um paciente marca uma consulta para as 9h com o oftalmologista, e o médico chega apenas às 11h. Se o atraso não for justificado, cabe ao ouvidor verificar o que aconteceu e registrar esse acontecimento no caderno de queixas.
Esta questão deve ser levada à direção, pois este paciente deve ser atendido, conforme a distribuição dos horários no local. Para que este atendimento seja de qualidade, a Ouvidoria, segundo Pereira (2002 apud Carvalho, Santana e Santana 2009, p. 179), deve:
Ter uma estrutura na qual a pessoaresponsável tenha respaldo institucional, e não só da direção. Que a comunidade toda assuma a Ouvidoria como um projeto institucional e a reclamação como uma questão eminentemente social, e não apenas individual. Isto porque as reclamações apontam relações sociais muitas vezes imperceptíveis aos olhos de quem vive as experiências.
Agindo dessa forma, as Ouvidorias hospitalares amplificariam a voz dos usuários, propiciando uma melhoria da qualidade de atendimento nessas instituições.
Impasses para a atuação do psicólogo
A atuação do psicólogo como profissional de peso e responsabilidade no SUS ainda é muito restrita e passa por dois impasses, que são apontados por Neto (2010, p.401):
“O primeiro seria a tradição da formação em Psicologia no Brasil, calcada em um modelo clássico de clínica, liberal, privada, curativa e individual, inspirado na clínica médica; o segundo, a porta de entrada preferencial dos profissionais contratados na rede pública na saúde mental, na esteira do movimento da reforma psiquiátrica”.
Percebe-se que, apesar de haver um movimento de inserção do psicólogo nas redes públicas, este ainda é chamado apenas para tratar dos problemas que são claramente de ordem mental. Não se vê ainda a importância que este profissional tem para tornar o espaço da doença mais acolhedor e mais humano, no que diz respeito ao atendimento, ao espaço físico, a comunicação e a relação interpessoal.
Estudo de caso extraído do livro de Taraboulsi (2009, p.21).
Minha mãe e eu passamos momentos difíceis no hospital. Encontramos muitas pessoas especiais aqui, que nos ajudaram a superar estes momentos. Entretanto, algumas pessoas são mais especiais que outras.
Nunca vou me esquecer de um rapaz que não me conhece e, numa manhã fria, quando eu estava extremamente preocupada e cansada, sem mais nem menos, ofereceu-me um café e ele mesmo foi prepará-lo.
Isso não faz parte da sua função aqui no Hospital do Coração. Não é atitude inerente a sua função, mas é atitude inerente a quem se preocupa com os outros, como só as pessoas de coragem sabem fazer.
Vocês não fazem ideia do quanto aquele café me fez bem, do que quis dizer naquele momento! Como eu lhe disse: “Sua mãe deve ter muito orgulho de você”. Para mim, seu gesto tornou-se símbolo de atendimento e de pessoas que encontramos aqui.
Não foi fácil passar pelo que passamos – e ainda estamos passando –, mas foi uma verdadeira bênção ter encontrado um lugar como este e pessoas como o mensageiro Bruno para nos ajudar e superar esta fase e vencer esta batalha.
Muito, muito obrigada!
A partir do caso descrito, desenvolva apontamentos de humanização hospitalar e relacione-os com os conteúdos aprendidos nesta aula:
Acolhimento, escuta, ir além da queixa, oferecer simples gestos de ajuda e empatia.
Aula 5: Psicossomática no contexto da saúde
Introdução
A psicossomática é uma doença obscura e sem características aparentes. O paciente chega ao hospital queixando-se de dor, mal-estar e incômodo pelo corpo, mas os exames não comprovam nenhum problema orgânico. Quando isto acontece, é preciso estar atento aos problemas emocionais.
O médico, na atualidade, deve ter um pensamento interdisciplinar, ou seja, buscar ajuda quando seus conhecimentos não são suficientes para trazer um fechamento sobre a doença do paciente. Neste momento, é preciso pedir o apoio do psicólogo, para que o diagnóstico seja realizado de maneira precisa e para que o paciente se sinta seguro quanto ao tratamento.
Para uma boa anamnese, é preciso estar atento a todos os fatores trazidos pela queixa do paciente. É preciso investigar com cuidado o contexto social sobre o qual o paciente encontra-se inserido, assim como a estrutura familiar. Isto ajuda na alta do paciente e contribui para o encaminhamento ao profissional de saúde de maneira correta, de forma que ele continue em tratamento e encontre o equilíbrio mente/ corpo.
Desde o nascimento da Medicina, a psicossomática não é um termo estranho para os primeiros estudiosos. Hipócrates, no século V a. C., já relacionava mente e corpo, por meio do estudo da psicofísica.
Apesar deste pensamento de Hipócrates, da doença vista de uma maneira totalizada, ainda havia filósofos que pensavam na doença como algo apenas biológico, como se a doença tivesse duas formas independentes de ser visualizada, chamada de dualista.
Conceituação de psicossomática
Segundo Angerami-Camon (2011, p. 259), a psicossomática é entendida como: 
Ciência que estuda como o fato corporal está integrado no fato psíquico, que, por sua vez, está integrado no fato relacional ambiental. Seu objeto de estudo é considerado como os mecanismos de interação entre as dimensões mental e corporal da pessoa.
A somatização, que faz parte do processo da psicossomática, pode ser entendida como aquela que experimenta e comunica distúrbios e sintomas não explicados pelos achados patológicos, atribuindo-os a doenças físicas e procurando ajuda médica para eles.
Ela explica, geralmente, o estresse psicossocial, acarretado por situações de vida.
O que é somatização?
Quando há presença por longo tempo (meses ou anos) de queixas frequentes de sintomatologia física, mas não conseguindo serem explicadas por nenhuma patologia orgânica*, trata-se de somatização.
Geralmente, essas pessoas possuem uma dificuldade de manter vínculos com os médicos**. 
O profissional que deseja estar atento aos transtornos somatoformes deve escutar tanto os fatores objetivos quanto os subjetivos no momento do discurso do paciente com a queixa.
*Exemplo: conversão na forma da histeria - tenta resolver o problema, mas não consegue, deixando dessa forma que ele tome lugar dos sistemas neuromusculares voluntários (paralisia) ou perceptivo (anestesia) (DALGALORRONDO, 2000).
**Exemplo: na hipocondria, elas podem desenvolver transtorno somatoforme.
Tipos de somatização
Existem diversos tipos de somatização no espaço do hospital e da clínica. Veja como eles podem ser divididos em:
Hipocondrias:
Os indivíduos ficam atentos ao próprio corpo e vivenciam como doentes.
DNV (distúrbios neurovegetativos):
Engloba transtornos de ansiedade e ajustamento.
Fatores psicológicos exercem papéis em determinadas doenças, mas não em todos.
Critérios de normalidade
Para diagnosticar um paciente no espaço hospitalar ou de atendimento médico com doença psicossomática, é preciso ter conhecimento sobre os critérios* de normalidade, expostos por Dalgalorrondo (2000), conforme apresentados a seguir:
Normalidade como ausência de doença:
Interpreta o indivíduo de acordo com o que ele não possui. Perguntas feitas em exames admissionais.
Normalidade ideal:
Utopia do indivíduo sadio e evoluído. Aqueles indivíduos adaptados às normas morais e políticas de determinada sociedade.
Normalidade estatística:
O normal é aquilo que se observa com maior frequência. Ex.: peso, altura, tensão arterial etc.; família com transtorno alimentar tem interpretação diferente sobre comportamento alimentar, em comparação àquela que não tem esse tipo de transtorno. Obs.: Nem todos os fenômenos que são frequentes são normais, como por exemplo, depressão, cárie, uso de álcool.
Normalidade como bem-estar:
Definido pela OMS (1958) como bem-estar físico, mental e social. É uma utopia, pois parte da subjetividade.
Normalidade funcional:
Considerada até o momento que faz parte das funções do indivíduo e que não causa sofrimento.
Normalidade como processo:
Mudanças, conflitos e perturbações fazem parte do processo de amadurecimento.
Normalidade subjetiva:
Interpretação própria sobre sua saúde. Ex.: pessoas maníacas sentem-se bem, mas possuem transtorno mental grave.
Normalidade como liberdade:
Transitar no mundo com liberdade e senso de realidade.
Normalidade operacional:
Trabalha a partir de critérios, com o que é normal e com o que é patológico, por meio de manuais.
*Alguns desses critérios são aplicáveis ao contexto social, outros ao contexto do consultório e outros ao do hospital. Isto vai dependerdo atendimento que é prestado.
Psicossomática no contexto social
Para entender a queixa de um paciente, é preciso que o processo de anamnese seja realizado com completa compreensão dos fatores, como história de vida, cultura, religião, economia, politica, meios de comunicação etc.
O contexto no qual a pessoa encontra-se inserida influencia muito para que os transtornos somatoformes surjam.
Por exemplo: uma família onde os pais têm queixa frequente de doenças, sem causas aparentes, mas com enorme obsessão de idas ao médico. 
É bem provável que isto possa influenciar na percepção dos filhos sobre o seu próprio corpo e estado de saúde.
Atendimento médico voltado para a psicossomática
Quando o médico ou psicólogo trabalha na emergência do hospital ou no serviço ambulatorial, é preciso estar atento* aos conteúdos que vão além da queixa direta.
*Tanto o médico quanto o psicólogo devem estar atentos àqueles pacientes que precisam de encaminhamento para a psicoterapia.
Alguns desses fatores são definidos por Angerami-Camon (2011, p.262) como:
Encontro e vínculo;
Baixa tensão no atendimento, para que a escuta esteja focada na queixa do paciente;
Escutar profundamente todo o conteúdo trazido;
Estar atento aos dados objetivos e subjetivos;
Não desprezar detalhes;
Não julgar o paciente quanto aos conteúdos narrados;
Empenho em ajudar;
Compromisso ético com a profissão;
Pesquisa e compreensão dos limites pessoais e dos conflitos (intra e interpessoais) do paciente. Identificação dos focos intelectuais e afetivos desencadeadores de tensão emocional;
Ampliação dos limites intelectuais. Transmitir a comunicação com conteúdo adequado ao conhecimento do paciente sobre o diagnóstico;
Percepção e reflexão de sentimentos relativos à doença.
Pensando o problema
Muitos pacientes questionam*: Como este médico me diz que estou com problema emocional se meu estômago dói tanto?
Diante de uma situação destas, é importante que o psicólogo hospitalar converse, conscientize o paciente sobre o problema psicossomático e esclareça sobre as formas de tratamento.
*É importante ressaltar que muitos pacientes têm dificuldade de entender que a dor do corpo é advinda de problemas da mente e, na maioria das vezes, demonstram resistência ao tratamento psicológico, pois acham que o diagnóstico está errado.
Segundo Angerami-Camon (2011, p.271):
O atendimento psicossomático favorece maior eficiência de diagnóstico e um alívio mais consistente do sofrimento do paciente, revertendo a somatização. Ele frequentemente começa a sentir-se satisfeito desde os primeiros atendimentos, quando suas demandas implícitas são detectadas e passam a receber a devida atenção.
A Psicologia da Saúde tem sido considerada como um campo de trabalho da Psicologia que nasce para dar resposta a uma demanda sociossanitária. Os psicólogos da saúde, procedentes em sua maioria da Psicologia clínica, da Medicina comportamental e da Psicologia social (no Brasil, da Psicologia clínica e social e na formação em Medicina psicossomática), estão adaptando seus enquadres e técnicas a um novo campo de aplicação, que integra os aportes provenientes de suas fontes (Angerami-Camon, 2011, p.280).
 “É importante ressaltar que, no adoecimento somático, o corpo é a grande referência do sujeito que sofre. A enfermidade que se apresenta ao analista, muitas vezes previamente nomeada pelo saber médico, coloca-se como ponto de estofo, regulando a vida e os pensamentos do paciente, atormentando-o” (NICOLAU, 2008, p.961).

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