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Direito de Família

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Direito de Família
Prof. Marcia
marciaf@fag.edu.br
Direito de Família no Brasil
Estado Religioso (1500 – 1889): não existia o casamento civil, mas apenas o casamento religioso;
Estado Laico (a partir de 1889): passou a ser válido tanto o casamento religioso quanto outras formas de casamento (ex.: no centro de umbanda);
Código Civil de 1916: passou a tratar a questão patrimonial relacionada ao casamento; o casamento se tornou civil; o regime legal de casamento era de comunhão universal de bens (todo o patrimônio dos cônjuges se comunicava); tratava o casamento como indissolúvel;
Reconhecimento de filhos: o filho de fora do casamento e o filho incestuoso não eram conhecidos; ainda na vigência do CC de 1916 passou-se a reconhecer os direitos de tais filhos, mas não reconhecendo como iguais os direitos entre filhos do casamento e de fora do casamento;
Estatuto da Mulher Casada (Lei 4121/1962): a mulher passou a ter o direito ao voto e a ter maior paridade de direitos em relação ao homem;
Lei do Divórcio (Lei 6515/1977): estabeleceu-se o direito de as pessoas dissolverem a relação matrimonial, que poderia ocorrer de duas formas:
a) o divórcio deveria se passar por uma separação prévia de 1 ano; o juiz, antes de conceder a separação, deveria tentar conciliar o casal; após o trânsito em julgado da separação somente passado o prazo de 1 ano se converteria a separação em divórcio;
b) a outra modalidade de divórcio era aquela em que o casal declarava que já estava separado de fato por 2 anos;
Regime de casamento: o regime legal do casamento passou a ser o da comunhão parcial de bens por alteração promovida pela Lei 6515/1977;
CF/1988: retirou do ordenamento jurídico as diferenças de direitos até então havidas entre os filhos advindos do casamento e os de fora do casamento; passou a tratar como iguais os direitos de homem e mulher; o Estado passou a se preocupar com a questão familiar (judicialização do poder familiar); a partir da EC 66/2010, que alterou o art. 206, o divórcio passou a não exigir prazo prévio de separação;
* ver CF, a partir do art. 226;
Natureza do Direito de Família: segundo posicionamento doutrinário, o Direito de Família tem natureza híbrida, é privado no que diz respeito à relação patrimonial e é público no momento em que sofre monitoramento por parte do Estado;
Família
Matrimonial: aquela advinda do casamento civil; o estado civil da pessoa é de casada;
Informal: aquela advinda da união estável (pessoas que são livres para se casar e que optam por não utilizar-se do regramento da legislação civil para fazer sua união); o estado civil da pessoa é de solteira;
CF, art. 226 § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Homoafetiva: é aquela formada por pares do mesmo sexo, com os mesmos direitos da família informal; é reconhecida atualmente, mas não há autorização para que haja o casamento; os cônjuges, neste caso, têm feito um contrato de união estável para regular sua relação patrimonial;
Monoparental: é aquela prevista na CF, art. 226, § 4º:
CF, art. 226 § 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Anaparental: é aquela família em que não há a figura dos genitores;
Pluriparental: é aquela em que o casal trás a sua família anterior para o novo relacionamento de casamento; o homem e/ou a mulher tinha(m) filho(a) de relacionamento anterior;
Paralela: é aquela que não é reconhecida pelo Estado, em que o homem ou a mulher possuem outro relacionamento fora do casamento;
Eudemonista (Lei Maria da Penha - 11340/2006, art. 5, II): família advinda dos laços de afeto, não importando laços de sangue ou parentesco dado por casamento;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
Casamento
Conceito: é a união de pessoas de diferentes sexos, autorizada/homologada pelo Estado, com o objetivo de constituição de família em comunhão de vida, lastreado em laços de afeto;
Natureza Jurídica:
Corrente Institucionalista: comunhão de vida, lastreado em laços de afeto;
Corrente Contratualista: patrimônio envolvido na relação conjugal;
Corrente Mista ou Eclética: o casamento possui natureza híbrida; reconhece tanto a parte institucionalista quanto a parte contratualista do casamento; este é o posicionamento doutrinário que prevalece no Brasil;
Previsão no CC/2002
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Princípios relacionados ao casamento:
Monogamia: proibição de ter mais de um casamento simultâneo;
Art. 1.521. Não podem casar: [...]
VI - as pessoas casadas;
Liberdade de união: cada pessoa escolhe livremente com quem se unirá em casamento;
Comunhão de vida: o casamento implica no desenvolvimento da vida conjunta dos cônjuges;
Casamento religioso: poderá ter efeitos civis, desde que o casal tenha se habilitado (proclamas do registro civil) para o casamento no Cartório de Registro Civil; o casamento religioso é averbado posteriormente no registro civil;
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Capacidade para o casamento: passa-se a ter capacidade para o casamento a partir dos 16 anos, porém, com tal idade, a pessoa não tem capacidade civil; assim, é necessária a autorização dos pais para que seja realizado o casamento;
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518. Até à celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores revogar a autorização.
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
* por mais que não há extinção da punibilidade na seara penal, não houve revogação da disposição do art. 1520, principalmenteporque no âmbito do Direito de Família, o que se busca preservar é o núcleo familiar envolvido;
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
Incapazes para o casamento: determinadas pessoas não podem se casar;
Menores de 16 anos sem autorização dos pais;
Enfermos
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: [...]
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Impedimentos matrimoniais: não se pode casar com determinada pessoa; trata-se de um rol taxativo;
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
* exceção: o Decreto 3200/1941 (arts. 1 até 3) prevê que, mesmo que a legislação civil impeça o casamento entre tios e sobrinhos, havendo laudo médico dizendo que não há incompatibilidade genética entre os cônjuges, é permitido o casamento; tal Decreto foi recepcionado pelo CC/2002;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
* há necessidade da condenação com trânsito em julgado para que se enquadre neste impedimento;
Causas de nulidade absoluta:
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - por infringência de impedimento.
Causas Suspensivas
É uma sanção imposta aos nubentes que não impede o casamento;
O interesse de proteção das causas suspensivas do casamento é o cunho patrimonial da relação do casal;
Permitem a realização do casamento, mas obrigam que este seja no regime de separação de bens;
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
* hipótese em que o casal se separa e mantém a mancomunhão patrimonial (não houve a divisão de bens entre o casal);
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
Momento de se Realizar a Oposição
Causas suspensivas: segundo posicionamento doutrinário e jurisprudência do STJ, podem ser alegadas apenas no processo de habilitação para o casamento; devem ser opostas por parentes que tenham interesse na situação patrimonial não resolvida;
Impedimentos: conforme disposição do art. 1522;
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo. * declaração de ofício;
Processo de Habilitação e Celebração do Casamento
Documentos:
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador (procuração por instrumento público), e deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.
Publicação:
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.
Impedimentos – procedimentos para alegação (art. 67, § 5º, da Lei de Registros Públicos 6015/1973);
 Art. 67. Na habilitação para o casamento, os interessados, apresentando os documentos exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do registro do distrito de residência de um dos nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habilitados para se casarem. [...]
 § 5º Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo.
Habilitação:
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.
* abre-se o prazo de 90 dias para realização da Celebração do Casamento;
Celebração:
Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531.
CF, art. 98 II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
* nenhum Estado até hoje criou a Justiça de Paz; no Paraná, a Lei de Organização Judiciária afirma que o Juiz de Paz é o Juiz Togado, além de prever que o Tribunal pode nomear para tal os cartorários do Registro Civil;
Solenidade:
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório,com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. 
§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
Assento no livro de registro:
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido.
Pergunta: Qual é o momento exato da Celebração do Casamento? Art. 1514 combinado com o art. 1535 (o Juiz declara os nubentes casados);
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Casamento nos casos de moléstia grave
Não exige o processo de habilitação para o casamento, sendo a única exceção prevista na legislação brasileira;
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.
§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
Casamento nuncupativo
Não sendo possível a presença do Juiz de Paz ou a nomeação de um substituto ad hoc o casamento pode ser realizado na forma nuncupativa;
O registro do casamento retroagirá até a data da efetiva celebração do casamento;
Se o moribundo recobrar sua consciência, poderão os próprios cônjuges se apresentar perante a autoridade judicial para registrar o casamento;
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
§ 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias.
§ 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.
§ 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração.
§ 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro.
Casamento por procuração
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais.
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.
§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.
Súmula 37 do STJ
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Casamento religioso com efeitos civis
O casamento religioso pode vir a ter efeito civil, sendo necessário para tal a realização da habilitação;
A habilitação pode ser:
Precedida ao casamento;
Posterior ao casamento: deve ser realizada a habilitação e posteriormente se faz o pedido de conversão do casamento religioso em civil;
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Provas do Casamento
A Certidão de Casamento serve apenas como Prova do Casamento, já que o ato de Casamento pode conter algum vício que o torne nulo ou anulável;
O parágrafo único do art. 1543 admite outras provas do Casamento; ex.: testemunhas, bens adquiridos pelo casal, etc.;
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.
O Decreto-Lei 7485/1945 prevê o entendimento sobre a “Posse do estado de casado”, situação em que não há a Certidão de Casamento como prova do mesmo, mas os cônjuges sempre se apresentam como casados; se a pessoa detém a posse do estado de casado, deverá requerer judicialmente, via Ação Declaratória, o seu registro de casamento;
Casamento de brasileiro no exterior: somente possuirá validade no Brasil se a pessoa vir a registrá-lo em até 180 dias do seu retorno do exterior com intuito de residência definitiva no Brasil; se a pessoa não tem comprovação do seu casamento no exterior, deverá pleitear o reconhecimento do mesmo judicialmente, a partir da “posse do estado de casado”;
Art. 1.544. O casamentode brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
LIDB Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.
LIDB Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.
 Parágrafo único. No caso em que a celebração dêsses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei.
Se houve a perda da Certidão de Casamento: deve-se apenas procurar o cartório que a 
Registro de casamento posterior: também deve ser promovido por Ação Declaratória, a partir da “posse do estado de casado”;
Perda do registro civil: quando o registro civil não existe mais ou nunca existiu (ex.: oficial incompetente; falta de registro por erro de cartório, etc.);
Nos casos de Ação Declaratória, a sentença judicial será o documento hábil para fazer a averbação no Registro Civil;
Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.
Casamento de pessoa na posse do estado de casada quando o cônjuge não pode manifestar vontade: a família pode requerer o reconhecimento do casamento, desde que não haja prejuízos à prole;
Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado.
Reconhecimento do estado de casado:
Os cônjuges se mostram como marido e mulher e se tratam assim reciprocamente; a união deve se mostrar pública, duradoura e constituindo uma família;
Provas: todos os meios de prova admitidos em direito; não há hierarquia de valor de prova, seja ela de qualquer tipo; ex.: testemunhas, fotos, convites de casamento, lembranças de casamento, etc.;
Quando se alega que há o casamento, mas o registro se perdeu, deve-se provar de forma concreta o fato que levou à perda; ex.: enchente, incêndio, etc.;
* no casamento, a divisão de bens do cônjuge falecido garantirá, no mínimo, um quarto de seu montante em favor do cônjuge viúvo; ex.: viúvo e mais 4 filhos; o viúvo terá direito a 25% (um quarto) e o restante será dividido entre os 4 filhos;
* na união estável, a divisão de bens do cônjuge falecido colocará o cônjuge viúvo em igualdade com os demais herdeiros; ex.: viúvo e mais 4 filhos; o viúvo terá direito a 20% da herança do falecido;
A posse do estado de casado implica na presunção do casamento; não sendo impugnada a ação declaratória, presume-se que o casamento existe e é válido; apenas com prova material de que há casamento anterior poderá ser impugnada a Ação Declaratória;
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
Finalidade do dispositivo que reconhece o casamento: beneficiar a prole comum;
Ex. de situação em que não pode haver o reconhecimento judicial do estado de casado: um dos cônjuges falece e o sogro ou a sogra promove o pedido de reconhecimento do registro civil com intuito em participar da herança do falecido;
Requisitos para comprovação do estado de casado (art. 1545):
Que os pais tenham falecido ou sejam incapazes;
Que tenham a posse do estado de casado;
Existência de prole comum;
Inexistência de certidão de casamento anterior;
Casamento Inexistente
Sem previsão legal; baseado na ausência de pressupostos para o casamento;
Casamento inexistente:
Conceito: ausência de requisito material de existência; falta o pressuposto de validade ao casamento;
O casamento inexistente não está previsto na legislação;
Pode até existir faticamente, mas não será considerado válido juridicamente; terá a aparência material, mas não será capaz de produzir efeitos no mundo jurídico;
Casos de inexistência:
Falta do requisito Vontade por parte de um dos cônjuges; ocorre o vício de consentimento;
Existência de identidade de sexo entre os cônjuges;
Celebração inválida; quando for realizada por pessoa que tenha incompetência absoluta;
Declaração de inexistência: ocorre a partir de uma Ação Declaratória de Inexistência de Ato Jurídico; tem como intuito a garantia de direitos de terceiros quanto a prejuízos materiais; os efeitos retroagem à data do suposto casamento;
Características da Ação Declaratória:
Declaratória;
Mandamental;
Desconstitutiva;
Fundamento jurídico da inexistência do casamento: CF, art. 226, §§ 3º e 5º, e arts. 1514, 1517 e 1565 do CC; tais regras são os pressupostos do casamento;
Prazo: não existe; é imprescritível;
Legitimados: o juiz, de ofício, ou qualquer interessado;* sconstitutiva;do casamento; CC;ireitos de terceiros quanto a preju����������������������������������������������������
* hermafrodita: quando não conhecida a situação no momento do casamento, este é anulável;
Casamento Nulo
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: [...]
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: [...]
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
II - por infringência de impedimento.
* impedimentos previstos no art. 1.521;
O casamento nulo existe, mas é eivado de vícios;
Produz efeitos no mundo jurídico;
Não podem ser sanados os vícios; não há convalidação, pois este tipo de casamento fere preceito legal (interesse Estatal);
Não há prazo prescricional para propor a ação declaratória de nulidade;
* há permissão pelo Decreto-Lei 3200/1941 para realização do casamento pelos parentes de 3º Grau (tio e sobrinha), desde que os nubentes se disponham a realizar exames médicos de compatibilidade genética;
Legitimados para propor Ação Declaratória de Nulidade do casamento: qualquer interessado ou o Ministério Público;
Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público.
Princípio do in dubio pro matrimonio: em uma Ação Declaratória de Nulidade, o juiz sopesar as provas existentes nos autos e, no caso de dúvida, decidirá em favor da manutenção do matrimônio;
A declaração judicial de nulidade do casamento implicará na desconstituição do casamento e dissolução de uma família; daí a importância de se aplicar este princípio;
Efeitos da Ação Declaratória de Nulidade: o casamento produzirá efeitos para o mundo jurídico até a data da sentença, resguardados os interesses do cônjuge inocente (de boa-fé), dos filhos e de terceiros;
Casamento Anulável
Diferença entre Casamento Nulo e Anulável:
O CasamentoNulo afronta preceito de ordem pública; o impedimento afeta diretamente a estrutura da sociedade, sendo tal casamento extirpado da vida jurídica, pois que não se pode admitir infrações à disposição legal que dizem respeito à estrutura familiar;
O Casamento Anulável, por sua vez, fere interesse de pessoas; é o interesse do indivíduo que se discute; o Casamento Anulável visa à proteção de interesses dos próprios nubentes;
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil (16 anos), quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.
Efeitos do casamento do menor:
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: [...]
II - pelo casamento;
Legitimados para impetrar Ação Declaratória de Nulidade;
Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida:
I - pelo próprio cônjuge menor;
* pode impetrar a ação, já que o casamento resultou na sua maioridade;
* a sentença que anular o casamento será desconstitutiva, voltando ao status quo ante, ou seja, o menor voltará a ser solteiro e menor para os efeitos civis;
II - por seus representantes legais;
III - por seus ascendentes.
Prazo prescricional para a Ação Declaratória de Nulidade: 180 dias da celebração do casamento;
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coação.
Situações em que não se anula o casamento (art. 1520 cumulado com arts. 1517, 1551 e 1555, § 2º):
Evitar imposição ou cumprimento de pena criminal;
Quando houver gravidez;
Quando os representantes legais ou ascendentes estiverem presentes na celebração do casamento;
Vícios que se permite a anulação do casamento: erro e coação; neste caso, apenas o cônjuge prejudicado é legitimado para propor a ação, no prazo prescricional de 3 anos; se o cônjuge sabia do erro, não poderá pleitear a anulação do casamento;
Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
Requisitos para anulação do casamento nos casos de erro: anterioridade ao casamento de circunstância ignorada pelo cônjuge; descoberta subseqüente ao casamento; que o vício ou erro torne insuportável a vida em comum;
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:
I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;
IV - quatro anos, se houver coação.
§ 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes.
§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.
Eficácia do Casamento
Previsto no CC a partir do art. 1565;
Trata-se de eficácia erga omnes, oponível contra todos, cônjuges, filhos e sociedade;
Efeitos:
Social: os cônjuges passarão a ser conhecidos como casados por toda a sociedade que integram;
Patrimonial: na compra e venda ou doação de bens haverá necessidade de anuência de ambos os cônjuges; no falecimento de algum dos cônjuges, o outro terá benefícios relacionados, como a pensão por morte, eventuais seguros e a herança;
Pessoal: dever de amparo mútuo entre os cônjuges;
Filiação: presume-se do homem os filhos havidos pela mulher na constância do casamento;
Parentesco por afinidade: a partir do casamento também se estabelecem os vínculos por afinidade;
* Lei 9263/1996: prevê a possibilidade de se tornar um dos cônjuges estéril (laqueadura, vasectomia, etc.); para isso ser feito deve haver autorização por parte do outro cônjuge;
* em uma ação de separação, o cônjuge declarado culpado em relação ao descumprimento dos deveres do casal (art. 1566) sofrerá algumas sanções, como por exemplo: deixar de usar o sobrenome do outro cônjuge; se necessitar de alimentos, será apenas e tão somente o necessário para sua sobrevivência;
* art. 1570: quando um dos cônjuges não puder exprimir sua vontade na alienação de um bem imóvel, por exemplo, para que se realize tal negócio deve haver suprimento judicial;
2º BIMESTRE
Regime de Bens
Previsão: a partir do art. 1639 do CC;
Há liberdade dos cônjuges quanto à escolha do regime de bens;
Vigência: a partir da data do casamento;
Possibilidade de alteração: deve haver pedido motivado de ambos os cônjuges; são ressalvados direitos de terceiros;
Regime de bens padrão atualmente: comunhão parcial de bens; há necessidade de Pacto Antenupcial se o casal optar por outro regime de bens;
Pacto Antenupcial
Previsão: arts. 1653 a 1657 do CC;
Requisito de validade: deve ser feito através de escritura pública;
Eficácia do Pacto Antenupcial em relação a terceiros: apenas após o Registro no Cartório de Registro de Imóveis nas matrículas dos imóveis pertencentes ao casal (Lei 6015/1973, art. 167);
* vênia conjugal: autorização de ambos os cônjuges; ex.: o marido concorda com a prestação de fiança;
* outorga uxória: autorização da mulher ao marido;
* em ações de execução, quando da penhora de bens, há necessidade de intimação do cônjuge do executado, de forma a evitar nulidade processual; art. 655, § 2º, CPC;
* na substituição da penhora também há necessidade de intimação do cônjuge do executado; art. 656, § 3º, CPC;
* o cônjuge intimado que não é parte no processo pode opor embargos de terceiros;
* recaindo a penhora sobre bem comum, não tendo o cônjuge do executado responsabilidade sobre a dívida, sua meação somente será satisfeita com a venda do bem;
Regime Legal de Comunhão Parcialde Bens
Previsão: a partir do art. 1658 do CC;
É o regime que será adotado quando os cônjuges se mantiverem silentes a respeito do tema ou houver nulidade ou ineficácia do Pacto Antenupcial;
Neste regime, comunicam-se, em regra geral, todos os bens que vierem após o casamento; é um regime que se refere a bens futuros (que inexistam antes da celebração e sejam adquiridos na constância do casamento, de forma onerosa ou gratuita);
Para Maria Berenice Dias: trata-se de “separação do passado” e “comunicação do futuro”;
Bens que se comunicam: art. 1.660, CC;
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
Ex. de fato eventual: sorteio em loterias; recebimento de seguro de vida; morte do outro cônjuge e quitação de financiamento de imóvel a partir de seguro com tal finalidade;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
Ex.: o cônjuge A possuía a casa e, após o casamento, houve benfeitoria em tal casa; sobre a benfeitoria ambos os cônjuges possuem direito à meação;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Bens móveis: há presunção de que foram adquiridos na constância do casamento;
* herança: bens recebidos de ascendentes, descendentes, etc.;
* legado: bens recebidos por testamento que não tenham originado de herança;
Bens que serão excluídos da comunhão: art. 1.659, CC;
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos (militares), montepios (pensão de origem militar) e outras rendas semelhantes.
Questão: contraponha o princípio da comunhão plena de vida (art. 1511, CC) à exclusão dos proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, dos bens comuns, considerando ainda o previsto no art. 1660, inciso I, do CC.
A idéia presente no Princípio da Comunhão Plena de Vida pressupõe a participação efetiva de ambos os cônjuges, durante toda a constância do casamento, em benefício da família instituída.
Tal princípio é estatuído no art. 1511, do CC, com a mensagem clara e inequívoca de que o casamento se construirá na igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges.
Esta diretriz legal é, intrinsecamente, confirmada pela disposição do art. 1660, inciso I, que estabelece que os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges, entram na comunhão de bens.
De forma contraditória às disposições e pressupostos acima discutidos, se mostra a exclusão dos proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge da comunhão de bens, prevista no art. 1659, inciso VI, do CC.
Entendo que numa comunhão plena de vida deve haver doação pessoal irrestrita de cada cônjuge em benefício do casamento, o que pressupõe a aplicação dos proventos recebidos individualmente em prol de tal instituição.
Desta forma, parece-me um equívoco legislativo a disposição contida no art. 1659, inciso VI, do CC.
Regime Legal de Comunhão Universal de Bens
Previsão: arts. 1667 a 1671, CC;
Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
* fideicomisso (previsão nos arts. 1951 até 1960, CC): quando o testador institui dois ou mais herdeiros em ordem sucessiva, sendo que na morte de um deles o patrimônio será revertido em favor do outro;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto no Capítulo antecedente, quanto à administração dos bens.
Art. 1.671. Extinta a comunhão (separação de fato), e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.
Era o regime de regra nos casamentos pela previsão do CC de 1916; tinha-se como pressuposto que o casal não se separaria e que os seus bens seriam pertencentes à família, desestimulando-se a criação de relacionamentos extraconjugais;
Em 1977, com a Lei do Divórcio, modificou a regime de regra do casamento para a comunhão parcial de bens;
Por este regime, tudo que pertence a um dos cônjuges antes do casamento passa a pertencer aos dois a partir da união; estabelece-se, assim, a mancomunhão (propriedade em duas mãos; ambos os cônjuges têm propriedade e detém a posse sobre os bens presentes e futuros, assim como respondem pelas dívidas contraídas durante o casamento);
Integrarão a mancomunhão os bens adquiridos a título oneroso, os recebidos em doação e os bens herdados;
Dívidas anteriores ao casamento: apenas serão partilhadas se forem revertidas em benefício do casal; ex.: compra da casa que será a residência da família após o casamento;
Neste regime é necessária a vênia conjugal ou a outorga uxória, dependendo do caso; o litisconsórcio passivo dos cônjuges é necessário;
Os frutos dos bens marcados com cláusula de incomunicabilidade serão amealhados; ex.: o valor do aluguel da casa pertencente a apenas um dos cônjuges será de direito de ambos;
Regime de Separação Total de Bens
Previsão: arts. 1687 e 1688 do CC;
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
Súmula 377 do STF
No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
É o regime obrigatório nas hipóteses previstas no art. 1641;
Neste regime não se comunicam tanto bens passados quanto futuros, tendo cada cônjuge total liberdade para dispor de seus bens sem necessidade de prestar contas ao outro;
Não há necessidade de se chamar o outro cônjuge para formar o pólo passivo de eventual ação;
Participação Final dos Aquestos (acerto)
Previsão: arts. 1672 a 1686, CC;
Na constância do casamento cada cônjuge possui seu patrimônio próprio;
Dissolvida a sociedade, se apurará todos os bens pertencentes ao casal e, ao final, cada parte terá sua participação (bens particulares + meação dos bens comuns);
União Estável
CF, art. 226 § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estávelentre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Fundamentação da União Estável: CF, art. 226, § 3º;
Lei 8471/1994 (estabelecia como requisitos para reconhecimento da união estável que houvesse prole comum advinda da relação e que tal união tivesse duração com prazo superior a 5 anos; tais regras vigoraram até 1996) esta lei também estabeleceu o direito sucessório, o direito de meação, de comunicação de bens, etc.; para tal lei, apenas as pessoas viúvas, divorciadas ou solteiras poderiam formar união estável, não abrangendo as pessoas separadas de fato;
Lei 9278/1996: mais abrangente que a lei anterior, permitindo a união estável também às pessoas separadas de fato; retirou os requisitos de prole comum e de prazo de duração da união superior a 5 anos;
CC 2002: previsão a partir do art. 1723;
A União Estável não pode ser considerada como um “casamento sem papel”, pois são institutos distintos, com regramentos também distintos;
No decorrer da história a união estável não era reconhecida no direito (era tida como concubinato), passando a ser a partir da CF/1988; apesar do reconhecimento pela CF/1988, o Estado ainda resiste à idéia da união estável, considerando o casamento como regra para o relacionamento entre as pessoas, o que justifica o tão pequeno tratamento jurídico/legal dedicado a tal instituto;
O STF, em recente decisão, reconheceu a união homoafetiva como forma de união estável, passando a ter tal relação a proteção por parte do Estado;
Diferenças entre casamento e união estável:
Casamento tem como marco certo de início a celebração e a união estável tem como marco o início da convivência dos companheiros;
Para o casamento, existe a idade núbil, enquanto que para a união estável não existe;
No casamento, o cônjuge está incluído na ordem de vocação hereditária (art. 1829), enquanto que na união estável, os conviventes não estão incluídos na ordem da vocação hereditária, tendo alguns direitos sucessórios relacionados no art. 1790;
No casamento, o cônjuge sobrevivente terá como herança, no mínimo, ¼ do patrimônio do falecido, enquanto que na união estável, o companheiro sobrevivente dividirá o patrimônio do falecido em igualdade aos demais herdeiros;
No casamento, o cônjuge sobrevivente terá direito real de habitação sobre o imóvel destinado à residência da família (art. 1831); na união estável, desde 1996, foi conferido ao companheiro o direito real de habitação (art. 7º, parágrafo único), mas com algumas peculiaridades (enquanto não constituir nova união ou casamento);
Deveres: no casamento são dispostos no art. 1566; na união estável são dispostos no art. 1724; da análise sistêmica dos artigos abaixo, pode-se inferir que é permitida a constituição simultânea de mais de uma união estável, já que para este instituto não são exigidos os deveres de fidelidade e de vida em comum no mesmo domicílio; já no casamento, não é admitida a união paralela;
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
Pessoa dos filhos: no casamento, há presunção legal de que o esposo seja pai dos filhos advindos da esposa (pater rem; art. 1597); na união estável não há tal presunção, podendo o companheiro se recusar a registrar a criança como seu filho;
Os companheiros podem fazer o contrato de união estável;
Impedimentos: os mesmos do casamento;
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
Condições suspensivas: não serão obstáculos para se caracterizar a união estável;
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
A união estável gera vínculo por afinidade, tal qual o casamento, sendo que a dissolução de tal relacionamento não provoca mudanças de parentesco por afinidade;
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Poder familiar: tal qual o casamento, sendo exercido por ambos os cônjuges, com livre planejamento familiar; a dissolução da união estável não altera a relação entre pais e filhos;
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. 
União Estável e Concubinato (pessoa casada que possui relacionamento fora do casamento)
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
Efeitos patrimoniais
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
O regime de bens será o de comunhão parcial de bens, mesmo que o companheiro tenha idade superior a 70 anos, não vigorando a regra legal de regime obrigatório de separação de bens;
Se os companheiros não querem que a união seja regida pelo regime de comunhão parcial de bens, deverão fazer um contrato com tal previsão;
Estado civil: solteiro ou companheiro ou convivente ou em união estável;
Nome: é possível aos companheiros acrescer aos seus nomes o sobrenome do companheiro, de acordo com o art. 57, § 2º, da Lei de Registros Públicos;
 § 2º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou de ambas.
Conversão da União Estável em casamento (art. 226, § 3º, CF): por mais que tenha a orientação constitucional para facilitação da conversão da união estável em casamento, a lei ainda não o fez, devendo as partes requerer judicialmente tal pleito;
CF, art. 226 § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Dissolução da União Estável
Por morte ou quando cessa a convivência entre os companheiros;
Ação de reconhecimento da união estável: geralmente movida pelo interessado após a dissolução ou morte do companheiro; é necessário que se façam os pedidos mais abrangentes possíveis, envolvendo patrimônio, alimentos, fixação do termo inicial da relação, guarda dos filhos, etc.;
Alimentos: podem ser pedidos entre os parentes (vínculo por afinidade configurado), de acordo com o art. 1694 do CC, Lei 8971/1994 e Lei de Alimentos (9278/1996); na união estável não se discute culpa na separação, não se aplicando as restrições quanto aos alimentos que são previstas para o casamento;
Quando a dissolução foi causada por morte, o companheiro sobrevivente terá direito real de habitação sobre o imóvel que o casal ocupava até sua morte ou até que tenha nova união estável ou se case (art. 7º, Lei 9278/1996);
Foro privilegiado: nenhum tratamento na legislação em relação à união estável, aplicando-se extensivamente o art. 100, inciso I, do CPC;
Art. 100. É competente o foro:
 I - da residência da mulher, para a ação de separaçãodos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento;
Medidas cautelares: são cabíveis para a união estável; ex.: separação de corpos;
Poder Familiar
Previsão: arts. 1630 a 1638, CC; art. 227, CF; o ECA também tem dispositivos que tratam do Poder Familiar;
O CC de 1916 tinha como fundamento da administração familiar o pátrio poder, em que o homem exercia tal múnus de forma independente da vontade da mulher;
A partir de 1962, com o Estatuto da Mulher Casada, a condição de pátrio poder se modifica, passando a mulher a colaborar com o homem na administração familiar;
A CF/1988 colocou a mulher em igualdade ao homem em relação à administração familiar, passando a tratar da questão com a denominação de Poder Familiar;
Poder: exercício do controle sobre algo; quando se fala de Poder Familiar, o Poder também é Dever (de educar, de prover de recursos, etc.);
Extensão do poder familiar: os absolutamente incapazes (ex.: menores de 16 anos) serão representados pelos pais; os relativamente incapazes (ex.: maiores de 16 e menores de 18 anos), serão assistidos pelos pais;
Alguns doutrinadores preferem denominar o Poder Familiar de Autoridade Parental;
Término / Dissolução do Casamento
Previsão: arts. 1571 a 1582 do CC; o CC ainda prevê dispositivos sobre a Separação Judicial; tais dispositivos não são mais aplicáveis; os processos de Separação Judicial que estavam em trâmite quando da promulgação da EC 66/2010 foram avocados pelos juízes, que os transformaram em processos de Divórcio;
Término: ocorria com a separação, cessando o regime de bens, mas mantendo o vínculo matrimonial, ainda que contra a vontade das partes, obedecendo apenas a vontade do legislador;
Culpa pela separação: gerava a penalidade de perda do direito ao nome do outro cônjuge; havia a cultura de se imputar a culpa pela separação a algum dos cônjuges, sendo um requisito para justificar a ação de separação; não havendo tal justificativa, a ação era indeferida, imperando-se a vontade do Estado de manter o vínculo conjugal até a morte; a culpa não implicava em restrição patrimonial, valendo-se as regras do regime de bens adotado no casamento; da mesma forma, a relação entre pais e filhos não sofria restrições em função da culpa pela separação; também era requisito para a separação judicial o prazo mínimo de um ano de duração do casamento;
Motivos para pedir a separação judicial, além do preenchimento dos requisitos (art. 1573):
Adultério;
Tentativa de morte;
Abandono voluntário do lar conjugal durante um ano contínuo;
Condenação por crime infamante;
Conduta desonrosa;
* para que se deferisse a separação, o motivo deveria tornar insuportável a vida em comum;
* o Juiz poderia declarar outros motivos que tornassem a vida em comum insuportável;
Separação Extrajudicial (CPC, art. 1124-A): era possível quando não havia filhos menores ou incapazes (o tabelião não é competente para determinar questões de guarda, alimentos, direito de visitação, etc.); deveria ser feita por escritura pública; devia observar o prazo de um ano de duração mínima do casamento; era requisito a apresentação da certidão de casamento, de forma a comprovar a duração mínima;
Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).
 § 1o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).
 § 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. (Redação dada pela Lei nº 11.965, de 2009)
 § 3o A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007).
Divórcio (litigioso ou consensual) como era:
Conversão da Separação em Divórcio: o divórcio podia ser pedido apenas um ano após o trânsito em julgado da sentença de separação judicial; tal prazo era imposto pelo Estado como meio de tentar obter a reconciliação do casal; se o casal se reconciliasse, lavrava-se termo no processo e o casamento era retomado;
Divórcio direto: exigia-se o mínimo de dois anos da separação de fato, devendo o casal provar tal tempo de separação; normalmente tal prova era testemunhal, além da declaração do casal de que já estava separado de fato há mais de dois anos;
* separação de fato: jurisprudencialmente já se aceitava que a separação de fato isentava o casal dos deveres do casamento (ex.: coabitação, fidelidade, etc.); o rompimento do regime de bens também ocorria com a separação de fato;
Dissolução: expurga do mundo jurídico o casamento havido; a pessoa passa a ter o estado civil de divorciada;
Prazos: não há prazo para se casar; apenas o prazo que é necessário aguardar é o do edital; 
Divórcio
CF, art. 226 § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
Não há prazo ou requisitos para se requerer o divórcio; também não há limite para quantidade de vezes de casamento e de divórcio;
Não há mais a discussão sobre culpa pela separação do casal; entende, atualmente, o Estado que sempre que há separação a culpa é do casal e não de apenas um dos cônjuges;
No pedido de divórcio não pode haver qualquer tentativa de imputação de culpa; se houver o juiz manda riscar tal trecho;
Se a petição não mencionar nada em relação à pensão em razão dos filhos menores, o MP pode requisitar e o juiz pode determinar; também não são admitidas partilhas de bens em prejuízo dos menores;
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Ação de Divórcio
Legitimados: cônjuges; se um dos cônjuges for incapaz, será representado por curador, ascendente ou irmão;
Competência
Art. 100. É competente o foro:
 I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento;
Requisitos: não há requisitos específicos, apenas o querer (desamor, pela doutrina);
Pode ser Consensual ou Litigioso; tal distinção já não faz tanto sentido atualmente, já que não há mais culpa ou motivo a se discutir;
Decretado o divórcio, não há mais possibilidade de reconciliação do casal;
Extrajudicial: previsão do art. 1.124-A, do CPC; é possível quando não houver filhos menores ou incapazes; é feita por escritura pública e precisa de acompanhamento de advogado; posteriormente é realizada a averbação do divórcio;
Guarda e Proteção da Pessoa dos Filhos
Fundamentação: CC, arts. 1583 a 1590; ECA, arts. 28 a 35 e 249; CF, art. 227;
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1º Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser previamente ouvido e a sua opinião devidamente considerada.
§ 2º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ouminorar as conseqüências decorrentes da medida.
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
Art. 34. O poder público estimulará, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Guarda: se refere aos filhos menores e incapazes; pode ser estabelecida em comum acordo ou decretada pelo juiz, levando em conta as circunstâncias familiares; modalidades: Unilateral ou Compartilhada ou Alternada (não mais tão praticada; jurisprudencialmente já extinta);
O estabelecimento da guarda visa sempre ao melhor interesse do menor; o que o casal não acordar o juiz decidirá;
Podem outras pessoas que não o pai e a mãe exercer o poder de guarda; ex.: avós;
Sanções/penalidades quanto ao exercício da guarda em relação ao acordo travado ou a decisão de guarda decretada; ECA, art. 249; CC, art. 1584, § 4º;
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Reconhecimento de filho e guarda; arts. 1611 e 1612, CC; disposições com teor inconstitucional, uma vez que atribuem diferentes direitos para filhos havidos do casamento e filhos de fora do casamento;
Direito de visitas: art. 1121, § 2º, CPC
 § 2o Entende-se por regime de visitas a forma pela qual os cônjuges ajustarão a permanência dos filhos em companhia daquele que não ficar com sua guarda, compreendendo encontros periódicos regularmente estabelecidos, repartição das férias escolares e dias festivos.
Competência: ECA x CC; originária da vara da família; em situações que trate de prejuízos ao menor, a competência é da vara da infância e juventude;
Relações de Parentesco
Previsão: arts. 1591 a 1595 do CC;
* família não é sinônimo de parentesco; marido e mulher, por exemplo, não são parentes;
* parentesco não pressupõe consangüinidade; filhos adotados, por exemplo, são parentes; pessoas unidas por vínculos de afeto também são parentes (ex.: companheiro da mulher em relação aos filhos desta tidos anteriormente ao relacionamento);
Parentesco em linha reta: avô <1ª geração> pai <1ª geração> neto, etc.; conta-se em gerações; neste caso, o neto é parente em linha reta do avô de 2ª geração;
Parentesco em linha colateral ou transversal: filho 1, filho 2, primos, etc.; são ligados não em relação de ascendência, mas de ter um ancestral em comum; entre os colaterais para a contagem de parentesco até o 4º grau (primos); parentesco em linha colateral apenas existe em 2º, 3º e 4º graus;
Parentesco natural e civil: parentesco natural é aquele que se reconhece pelo vínculo de consangüinidade; parentesco civil decorre de relações de afinidade;
Parentesco por afinidade não desaparecem com a dissolução da sociedade conjugal;
Permite o CC que sejam pleiteados alimentos dos parentes; assim, pode o alimentando pedir pensão em face dos avós, dos tios, dos primos, por exemplo;
Também importa a definição do parentesco para a sucessão; parentes mais próximos excluem o direito dos parentes mais remotos;
Alimentos – Efetivação
Ação de divórcio cumulada com alimentos ou Ação de alimentos propriamente dita resultam num título executivo judicial;
O cumprimento/execução do título executivo judicial gerado pode ser das seguintes formas:
Cumprimento de sentença, na forma do art. 475-J do CPC; o devedor será intimado para cumprimento em 15 dias; não cumprido, está sujeito à multa de 10% e penhora de bens;
Execução por quantia certa, com a expropriação de bens do devedor, na forma do art. 732 do CPC; equiparado ao cumprimento de sentença; não se aplica a multa de 10%; após a intimação corre no mesmo rito do cumprimento de sentença; neste rito é possível pedir pelo bloqueio de até 30% da remuneração do devedor;
Execução com prisão (coação pessoal) do devedor, na forma do art. 733 do CPC e Súmula 309 do STJ; apenas possível quando se trata dos últimos 3 meses da pensão alimentar; o devedor será citado para em 3 dias efetuar o pagamento, justificar o não pagamento ou dizer da impossibilidade; não cumprido o prazo, o juiz decretará a prisão do devedor por até 60 dias;
Súmula 309 do STJ
O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
* exemplo: devedor de alimentos desde 01/2010 até 06/2012; executa-se na forma 3 em relação aos meses maio, abril e março de 2012; executa-se na forma 1 ou 2 as demais parcelas;
Tutela e Curatela
Tutela: incapaz menor; nas situações de morte dos pais, da ausência destes ou quando não puderem exercer o poder familiar;
Tutela testamentária: quando os pais determinam em testamento que na sua falta, outra pessoa venha a proteger a pessoa dos filhos e administrar seus bens; previsto no art. 1729 do CC;
Tutela legal: quando é fixada pelo juiz, segundo o melhor interesse da criança/adolescente; a preferência para determinação do tutor recai sobre os parentes mais próximos (primeiro ascendentes e, após, colaterais até o 3º grau); previsto no art. 1731 do CC;
Tutela dativa: na falta de tutor legítimo (testamentário ou legal) ou quando forem excluídos/removidos; previsto no art. 1732 do CC;
Curatela: incapaz maior; nas situações de enfermidade ou doença mental, quando não puderem exprimir sua vontade, quando se trata de ébrios habituais e viciados em tóxicos, quando se trata de excepcionais sem completo desenvolvimento mental ou pródigos; promovida através de ação de interdição cumulada com pedido de curatela;
Os dois institutos visam à proteção dos tutelados/curatelados e do seu patrimônio;
Prova:
Regime de bens;
Dissolução da sociedade conjugal: arts. 1571 até 1783;

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