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Uniritter 2017 - Direito das Obrigacoes - Prof. Carolina Fernandez

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1 
 
Direito das Obrigações 
Sumário	
1	 Aula Introdutória ...................................................................................................................................... 3	
2	 Relação Jurídica Obrigacional ................................................................................................................. 6	
2.1	 Relação Jurídica (Conceito) .............................................................................................................. 6	
2.1.1	 Relação obrigacional – Ato Jurídico Stricto Sensu .................................................................. 11	
2.2	 Princípios Atinentes ........................................................................................................................ 12	
2.2.1	 Autonomia da Vontade ............................................................................................................ 12	
2.2.2	 Boa-fé Objetiva ........................................................................................................................ 18	
2.2.3	 Função Social ........................................................................................................................... 21	
3	 Elementos Constitutivos da Relação Obrigacional ................................................................................ 21	
3.1	 Sujeitos ............................................................................................................................................ 23	
3.1.2	 Obrigação Simples ................................................................................................................... 23	
3.1.3	 Obrigação Complexa ............................................................................................................... 24	
3.2	 Objeto .............................................................................................................................................. 25	
3.3	 Prestação .......................................................................................................................................... 27	
3.3.1	 Requisitos da Prestação ............................................................................................................ 27	
3.3.2	 Prestação de Coisas: ................................................................................................................. 28	
3.3.3	 Prestação de Fatos .................................................................................................................... 29	
3.4	 Conteúdo – Vínculo Jurídico ........................................................................................................... 29	
3.4.1	 Característica do Vínculo ......................................................................................................... 29	
4	 Obrigações: Positivas e Negativas ......................................................................................................... 30	
5	 Obrigação de Dar ................................................................................................................................... 31	
5.1	 Dar Coisa Certa ............................................................................................................................... 32	
5.1.1	 Tradição ................................................................................................................................... 32	
5.1.2	 Lei da Gravitação Jurídica ....................................................................................................... 36	
5.1.3	 Perecimento ou Deterioração ................................................................................................... 37	
5.2	 Dar Coisa Incerta ............................................................................................................................. 42	
5.3	 Coisa Incerta .................................................................................................................................... 42	
5.3.1	 Concentração Mediante Escolha .............................................................................................. 44	
5.3.2	 Sobre os Riscos da Coisa Incerta ............................................................................................. 50	
6	 Obrigação de Fazer ................................................................................................................................ 58	
6.1	 Objeto .............................................................................................................................................. 59	
6.2	 Espécies ........................................................................................................................................... 60	
6.2.1	 Fungíveis .................................................................................................................................. 61	
Rosana Gabriela de Andrade
 Profa. Ma. Carolina Fernández Fernandes�
Rosana Gabriela de Andrade
Transcrição de Áudios e Edição: R.G.A�
2 
 
6.2.2	 Infungíveis ............................................................................................................................... 61	
6.3	 Inadimplemento ............................................................................................................................... 62	
6.3.1	 Recusa: ..................................................................................................................................... 64	
6.3.2	 Impossibilidade ........................................................................................................................ 67	
7	 Obrigação de Não Fazer ......................................................................................................................... 68	
7.1	 Objeto .............................................................................................................................................. 69	
7.1.1	 Exemplos .................................................................................................................................. 69	
7.2	 Conceito .......................................................................................................................................... 71	
7.3	 Formas ............................................................................................................................................. 72	
7.4	 Inadimplemento ............................................................................................................................... 72	
7.4.1	 O Inadimplemento com Culpa. ................................................................................................ 73	
7.4.2	 Impossibilidade ........................................................................................................................ 74	
8	 Classificação quanto às Características ................................................................................................. 75	
9	 Divisibilidade ......................................................................................................................................... 76	
9.1.2	 Obrigação Divisível ................................................................................................................. 78	
9.1.3	 Obrigação Indivisível ............................................................................................................... 82	
10	 Obrigações Compostas ........................................................................................................................ 87	
10.1.1	 Compostas Quanto ao Objeto ............................................................................................... 87	
10.2	 Cumulativas = “E” ....................................................................................................................... 88	
10.3	 Alternativas= “Ou” ..................................................................................................................... 88	
10.4	 Obrigações Solidárias .................................................................................................................. 95	
10.4.2	 Solidariedade Ativa .............................................................................................................. 95	
10.4.3	 Solidariedade Passiva ........................................................................................................... 96	
11	 Questões: ............................................................................................................................................. 97	
12	 Adimplemento e Extinção das Obrigações ......................................................................................... 99	
12.1	 Primeira parte .............................................................................................................................. 99	
12.2	 Segunda Parte .............................................................................................................................. 99	
12.2.1	 Pagamento em Consignação ................................................................................................. 99	
12.2.2	 Pagamento em Sub-Rogação ................................................................................................ 99	
12.2.3	 Imputação do Pagamento ................................................................................................... 100	
12.2.4	 Dação em Pagamento ......................................................................................................... 100	
12.2.5	 Novação .............................................................................................................................. 100	
 
 
3 
 
 
• Apresentação da Professora 
• Apresentação da Disciplina 
• Apresentação dos Alunos 
 
Após o intervalo, retomaremos um pouco da matéria de Teoria Geral do Direito Civil, resgatando 
conceitos necessários para a nossa disciplina. 
No Direito das Obrigações, trabalhamos com Princípios Gerais do Direito, que provêm daquelas 
Cláusulas Gerais que foram inseridas pelo MIGUEL REALE no Código Civil Brasileiro de 2002. 
Para tanto, trabalharemos o texto da JUDITH MARTINS COSTA, que fala sobre a inserção das 
Cláusulas Gerais no Código Civil. 
Em especial, precisamos entender o papel da Boa-Fé nas relações obrigacionais, que é uma parte muito 
importante da nossa matéria porque ela pauta todo o comportamento de ambas as partes na relação 
obrigacional. 
A boa-fé gera deveres anexos na relação obrigacional – ou seja, além dos deveres comuns de 
determinada relação obrigacional, há outros deveres que são associados em razão do princípio da boa-fé. 
 
Questionamento: 
“Eu sei o que é uma relação obrigacional? ” 
Notamos que a maioria não sabe o que é uma relação obrigacional 
 
Trailer do Filme: “Um Limite entre Nós”1 
Este trecho do filme chama atenção porque ele mostra o que é uma relação obrigacional. 
https://www.youtube.com/watch?v=x9FiddWYA9I 
 
O filho do personagem de Denzel Washington questiona: 
– Quero saber porque que tu não gosta de mim 
O pai responde: 
–Eu não gosto de você? E porque que eu teria que gostar? Quem 
manda que eu goste de ti? Que obrigação que eu tenho de gostar de ti? 
” 
O filho diz “Porque tu é meu pai”. 
Então, o pai fala: 
 – Justamente porque eu sou teu pai, eu não tenho obrigação de te 
amar. Tenho a obrigação de te sustentar, de te alimentar, de te dar 
estudo, de te dar um teto, de te dar roupa e de te educar. A lei não 
manda que eu goste de ti. 
 
Pergunta: Quando ele diz “eu não tenho obrigação de te amar, ” estamos falando uma relação 
obrigacional ou não? 
Este trecho do filme é interessante pois, até a década de 70 no Brasil, trabalhávamos com um sistema 
jurídico bem positivista [veja que agora estamos no pós-positivismo]. Concebíamos as relações 
obrigacionais da seguinte forma: 
“Eu só sou obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. ” 
 
1 No Direito das Obrigações é muito bom trabalhar com filmes. Tem muitos filmes que tratam das relações obrigacionais. 
4 
 
Na década de 50, CLÓVIS COUTO E SILVA começou a trabalhar essa ideia de que relação 
obrigacional é muito maior do que aquilo que a lei determina. Entretanto, foi somente na década de 70 que 
entrou em vigor no Brasil essa nova concepção do que seria uma relação obrigacional.2 
 
Clóvis, em seu livro “Obrigação como um Processo” (1966), dizia o seguinte: 
 
A relação obrigacional, num primeiro plano3, ela é aquilo que a lei diz que ela é: 
 “Se eu devo, tenho que pagar, e o meu credor tem o direito de cobrar” 
 à Simples assim: no momento em que o débito é pago, acaba o vínculo com o credor. 
Cada um vai para um lado, e nunca mais um poderá exigir algo do outro em virtude 
DAQUELA obrigação. Ou seja, extingue-se a relação obrigacional e ela não deixa nem 
vestígios. 
Hoje, superamos esse conceito de relação obrigacional. Sabemos que nosso sistema jurídico é 
composto de normas, mas também de princípios. É isso o que nos dá uma margem de interpretação – não 
apenas para o poder judiciário no momento de julgar, mas também uma margem comportamental, com 
base na moral, bons costumes, princípios éticos, etc. É o que permite que a sociedade, dentro das suas 
inúmeras diferenças, consiga se adaptar com o passar do tempo às previsões normativas. Ou seja, o Código 
não fica velho antes de fazer efeitos. É possível moldá-lo à sociedade, pois há um maior poder de 
interpretação. 
 
Suplantamos esse conceito de relação obrigacional porque nós entendemos que além desse dever 
aparente (que chamamos de dever principal), que resulta diretamente da relação obrigacional, os princípios 
de direito fazem surgir deveres anexos ou laterais. 
Esses deveres anexos ou laterais não se extinguem com o cumprimento da obrigação principal. Eles 
perduram, fazendo com que, mesmo após o cumprimento da obrigação principal, o vínculo entre credor e 
devedor se perpetue no tempo para absorver condutas pós-negociação. 
 
 
Exemplo: 
Contrato de compra e venda de um automóvel usado. 
Após o pagamento do preço integral e da entrega do veículo.... 
Se a relação obrigacional estivesse completamente extinta, o que 
poderia ser feito diante da seguinte situação? 
 - O carro não funciona por conta de problemas que eram 
anteriores à negociação e que não foram informados pelo 
vendedor. 
O comprador teria que deixar de usar o bem que 
adquiriu? 
 
Podemos notar que as relações obrigacionais se perpetuam no tempo. CLÓVIS chamou isso de 
“Obrigação como Processo” – é como se o vínculo nunca se desfizesse. 
 É um processo (i.e., uma “cadeia de fatos”) muito mais complexo do que aquela relação rasa do Direito 
Romano que dizia “Eu sou credor, tu és devedor. Eu pago, tu recebes. Me dá o produto, vai cada um 
para um lado e a gente nunca mais se fala”. Não! Não é assim que as relações obrigacionais acabam. 
Agora, voltando ao trecho do filme, quando o pai fala “que lei me manda gostar de ti? ” 
Na área do Direito de Família, encontramos um artigo específico que determina quais são os “deveres parentais. ” Dentre os diversos 
deveres que os pais e mães têm em relação aos filhos (e.g., educar, sustentar, vestir, alimentar, etc.), não encontramos previsão legal que diga 
que os pais devam amor ou afeto aos filhos. 
 
2 Nosso sistema jurídico é composto de normas, mas também de princípios. É isso o que nos dá uma margem de interpretação – não apenas para o poder 
judiciário no momento de julgar, mas também uma margem comportamental, com base na moral, bons costumes, princípios éticos,etc. É isso permite que a 
sociedade, dentro das suas diferenças (que são muitas), consiga se adaptar com o passar do tempo às previsões normativas. Ou seja, o Código não fica velho 
antes de fazer efeitos. É possível moldá-lo à sociedade, pois há um maior poder de interpretação. 
3 Herança do Direito Romano 
5 
 
De fato, nenhuma lei determina que os pais devam amar, dar carinho ou sequer gostar dos seus filhos.4 
Entretanto, como sabemos, aquela ideia rasa de relação obrigacional do Direito Romano já foi superada. Hoje, os princípios são 
trabalhados no ordenamento jurídico brasileiro. 
Temos, então, a questão do dano moral existencial, do dano moral afetivo por abandono. 
 
 Já são várias as vitórias na justiça de filhos que demandam contra os pais o abandono afetivo, e ganham indenização por terem sido 
abandonados afetivamente. Os genitores, sentenciados a indenizar seus filhos, podem ter pago pensão a vida inteira, mas se fisicamente eles 
estavam ausentes, i.e., se eles não davam carinho, atenção, afeto aos seus filhos, e isso, obviamente, causa um dano à pessoa (porque não é só 
não dar afeto se eu saio límpido da relação?). não.. isso me causa um dano emocional, e eu tenho que comprovar o dano emocional, eu posso 
ganhar uma indenização por dano moral do meu pai ou da minha mãe por abandono afetivo. 
“É difícil provar isso...” diz colega 
Carol responde “é, é difícil. Tem que fazer perícia com psicólogo, com psiquiatra. Tem que mostrar efetivamente que aquele abandono 
gerou consequências negativas na tua vida, na tua formação da personalidade, nas tuas relações humanas... “pô, não consigo me relacionar com 
ninguém satisfatoriamente porque carrego um trauma” – mas não é só chegar dizendo isso, tem que provar. 
 
Rosana – “e a questão de extinguir o tempo de pedir isso?” 
Carol – “não tem prescrição. Porque, na verdade, os direitos da personalidade são imprescritíveis. Ainda que exista uma discussão sobre se 
as ações decorrentes dos direitos das personalidades prescrevem ou não, (grande parte, e o STJ tem fixado o entendimento de que não 
prescreve). Em especial, no direito de família, todas as ações relativas à pessoa, à personalidade, elas são imprescritíveis. Então, sempre que eu 
trato da existência humana há imprescritibilidade. Como por exemplo, a investigação de paternidade, o reconhecimento, etc. São ações 
imprescritíveis, e essa é uma ação imprescritível. Seria, né? porque é vinculada a um dano existencial, a um direito da personalidade. 
Qualquer ação de dano moral que não seja vinculada ao direito da personalidade, o prazo prescricional é de 3 anos; assim como dano 
material: 3 anos também. A não ser que seja decorrente de contrato – aí é 5 anos. Mas o normal são 3 anos. 
 
Assim, podemos vislumbrar a complexidade do que a gente vai tratar. Se relações obrigacionais fossem simplesmente “eu devo, tu paga, 
entrega o produto e fim”, não teria necessidade de existir uma disciplina sobre isso... Seria só abrir o Código e ver... Não. É bem mais. 
 
 
Estudaremos a boa-fé, os princípios da lealdade, da honestidade, da informação – inclusive coisas que 
vocês vão estudar depois na disciplina de Direito do Consumidor. 
 
Análise do Texto: 
 
Questões: 
1) O que são as “cláusulas gerais” e qual é a sua função no ordenamento jurídico brasileiro, em especial no código civil? As cláusulas 
gerais são instrumentos, vias que permitem a inserção de princípios valorativos, em síntese, constantes de universos metajurídicos, no 
ordenamento jurídico, que permitem a sistematização do ordenamento em seus traços característicos. 
 
2) Segundo a autora, em quais momentos do código civil se pode identificar a presença de cláusulas gerais? Quais seriam as cláusulas 
gerais inseridas no código civil? É possível identificar a presença da cláusula geral de função social no art. 420 do Código Civil, a qual 
posta ao princípio da liberdade contratual; a cláusula geral da boa-fé objetiva está inserida no Código Civil em seu art. 421. 
 
3) Em conclusão, qual é a importância da inserção das cláusulas gerais? A importância das cláusulas gerais é trazer uma série de 
princípios que consigam abarcar as mais diversas esferas abordadas no código, de maneira a trazer tudo a um sistema uno, que traga 
segurança jurídica. Em síntese, é trazer uma regulamentação coordenada das normas expressas no Código, estruturado como um 
sistema aberto, moldado às janelas das cláusulas gerais. 
 
Comentário da Professora: 
As cláusulas gerais são normatizadas, o que ainda nos prende ao conceito de direito contemporâneo, porque a cláusula geral está 
positivada. 
 
4 Mas há previsão de uma série de outros deveres que devem ser seguidos, sob pena de o filho poder entrar com uma ação para obrigar o pai/mãe a cumprir com 
aquela obrigação, para que o juiz intervenha e diga “Ou o Sr. cumpre, ou o Sr. vai sofrer outras penalidades. ” 
 
6 
 
 
© O que é uma Relação Obrigacional? 
© O que que significa dizer que estou dentro de uma relação obrigacional? 
© Como faço para pertencer a uma obrigação? 
Para entender como aplicamos, ou como nossa relação obrigacional é amparada por esses princípios que 
vamos começar a tratar, primeiro faremos um resgate à matéria de Teoria Geral do Direito Civil 
 
A Relação Obrigacional compõe a Relação Jurídica. 
A Relação Obrigacional é o resultado do Negócio Jurídico. 
 
 
© Teoria do Fato Jurídico 
Há 3 planos para identificar uma relação jurídica. 
1) Plano da Existência – se a relação é jurídica ou não 
2) Plano da Validade – se preenche os requisitos mínimos para gerar efeitos 
3) Plano da Eficácia – a partir de quando e de que modo esses efeitos seriam gerados 
Pontes de Miranda construiu a Teoria do Fato jurídico em 3 planos: 
 
Plano da Existência 
Diante da dúvida se determinada conduta social/acontecimento5 produz, ou não, resultado jurídico, é 
necessário, em primeiro lugar, indagar: 
- Quem são os sujeitos presentes na relação? 
Porque aí talvez possamos descobrir que aquela relação é resultado de um evento da natureza – i.e., 
alguma força que independe da vontade humana, que agiu e provocou determinado acontecimento (fato) 
que repercutiu no direito. Isto é o que Pontes de Miranda chamou de Fato Jurídico Stricto Sensu. 
Entretanto, se, como razão determinante do acontecimento temos a participação da vontade humana 
– i.e., um ser humano expressando sua vontade para aquele acontecimento e seu resultado jurídico, há, 
então, um Ato Jurídico, que, de acordo com o grandioso jurista, pode ser um ato da forma Stricto Sensu ou 
um Negócio Jurídico. 
 
Ainda no plano da existência, Pontes de Miranda traz mais 2 classificações: 
a) Ato Fato Jurídico: conduta humana que produz efeitos jurídicos para determinada situação 
independente da intencionalidade do agente na sua produção. Tem em sua base a manifestação da 
vontade humana, embora esta não tenha sido direcionada para a produção do resultado jurídico 
atingido. 
b) Fato Ilícito: fato contrário ao direito, ou que produz um resultado jurídico indesejado pelo direito, 
sendo punível6 tanto na esfera cível como na criminal. 
 
 
5 Envolvendo, ou não, seres humanos na sua composição 
6 Não utilizamos “punição” na esfera cível 
7 
 
 
Havendo um ou mais seres humanos manifestando suas vontades de forma consciente para a produção de 
um determinado fim jurídico e lícito, pode ser: 
 
a) Ato Jurídico Stricto Sensu: ato jurídico que já tem todos os efeitos previstos na norma. É um ato 
que prevê uma liberdade um pouco mais limitada, porque a liberdade do agente fica adstrita a 
querer, ou não, celebrar aquele determinado ato. Não é possível escolher os efeitos que decorrem do 
ato, posto que as categorias de eficácia são pré-determinadas em norma.b) Negócios Jurídicos: são relações travadas entre seres humanos¹7, que manifestam suas vontades 
para a produção de um resultado jurídico específico, com possibilidade de escolha das categorias 
jurídicas de eficácia (por exemplo, o modo pelo qual o negócio será celebrado, a partir de quando 
os efeitos serão gerados, se vai haver algum tipo de condição, prazo e/ou encargos envolvidos no 
cumprimento da obrigação, etc.). Há total liberdade de escolha, enquanto dentro da norma. 
 
Como analisar o conteúdo dessas relações para que elas sejam reconhecidas no Direito? 
 
Relações jurídicas se formam, e essa formação jurídica, se for um Negócio Jurídico, trata-se da 
manifestação consciente da vontade. 
 
Determinados Negócios Jurídicos têm requisitos específicos para que sejam praticados – o que não 
importa uma ameaça à liberdade – pelo contrário! Significa que a liberdade não obedece a um conceito de 
liberdade absoluta, mas sim, uma liberdade controlada pelo poder estatal. 
 
• Uma Relação Obrigacional nasce SEMPRE que há 
manifestação consciente da vontade para a produção de um 
fim jurídico. 
• Uma Relação Obrigacional é sempre resultado de uma 
Relação Jurídica.8 
 
Aqui, vamos aprender a ESTRUTURA DA 
RELAÇÃO OBRIGACIONAL, e quais são os 
PRINCIPAIS ELEMENTOS DAS 
RELAÇÕES OBRIGACIONAIS QUE 
DECORREM DOS NEGÓCIOS 
JURÍDICOS, e também, 
excepcionalmente9, dos ATOS 
JURÍDICOS STRICTO SENSU. 
 
 
 
7 Para que haja uma relação, é necessário que 2 pessoas, no mínimo, estejam envolvidas. 
8 Em especial, nesta disciplina, trataremos das relações jurídicas LÍCITAS decorrentes dos Negócios Jurídicos. Existem relações obrigacionais que decorrem de 
condutas ilícitas: e.g., Se X atropela Y, X fica obrigado a reparar o dano que causou a Y. Trata-se uma relação obrigacional que decorre de um fato ilícito. V. 
Responsabilidade Civil, dever de indenizar – reparar. 
9 Sempre começamos estudando o Negócio Jurídico porque são a maioria dos atos que praticamos ao longo da vida. No Código Civil, há milhares de 
possibilidades porque atos nada mais são do que possibilidades de comportamentos que eu posso ou não praticar ao longo da vida – a maioria eu pratico porque 
não tenho escapatória, mas a princípio tenho liberdade de praticar ou não... a maioria desses atos envolvem ou se classificam como Negócios Jurídicos – isso 
significa que na maior parte dos atos que vou praticar na vida, tenho uma maior liberdade de escolha, e excepcionalmente, o controle da minha liberdade vai ser 
um pouco maior por parte do Estado – os atos jurídicos stricto sensu 
 
8 
 
• Exemplo: No Direito de Família, a maioria dos atos que geram relações obrigacionais são Atos 
Jurídicos Stricto Sensu. Quanto mais o Estado interfere esfera privada, mais liberdade ele retira dos 
cidadãos. 
 
Relação Obrigacional 
Negócio Jurídico 
 Ato Jurídico Stricto Sensu 
( excepcionalmente ) 
 
 
 
Ao ESCOLHER praticar um Negócio Jurídico (contrato), o sujeito está livremente manifestando a sua 
vontade para a produção de um resultado jurídico. 
DIFERENCIAR 
A Obrigação que decorre da liberdade do 
indivíduo é diferente da obrigação 
jurídica. 
 
Exemplo de Negócio Jurídico: 
A compra do almoço de hoje. 
Ao celebrar este Negócio Jurídico específico (a compra da refeição), houve uma manifestação da 
vontade.10 Ao se alimentar, uma obrigação foi assumida: a de pagar a conta ao sair do restaurante. 
Um simples ato de ir ao restaurante almoçar, praticado por mera liberalidade, fez gerar uma relação 
jurídica, e a partir desta relação jurídica, gerou-se uma relação obrigacional. 
 
 
Para Toda Obrigação Existe um Direito Contraposto! 
• Se Felisberto tem obrigação de pagar a conta do almoço que consumiu; o direito contraposto de 
Felisberto é de receber pelo serviço prestado ou pelo produto consumido. 
 
Há, sempre, DOIS POLOS em Relação Obrigacional. 
SUJEITO ATIVO ß à SUJEITO PASSIVO 
Sujeito detentor de algum direito. Sujeito detentor da obrigação. 
 
 
 
 
10 Porque ninguém obrigou vocês a ir àquele determinado restaurante comprar aquela determinada comida. 
9 
 
Relação Obrigacional 
Devedor (Sujeito Passivo) 
 Credor (Sujeito Ativo) 
 
 
 
Para complicar... 
Pode acontecer que o mesmo sujeito que é o sujeito 
ativo (que tem o direito), também seja um sujeito 
passivo da mesma relação; e que o sujeito passivo 
(que a princípio só tinha obrigações a cumprir) também 
seja um sujeito ativo (sujeito de direitos) da relação. 
 
Entendendo o porquê: 
© No momento em que Felisberto vai a um restaurante e consome o produto, ele assume a 
obrigação11 de cumprir um Dever: pagar pelo produto que consumiu. 
© Entretanto, Felisberto também tem Direitos dentro dessa Relação Obrigacional: consumir um 
produto de qualidade, ser bem atendido. 
 
© O prestador de serviços/fornecedor de produtos assume uma série de responsabilidades/obrigações, 
ao abrir as portas de seu restaurante. Logo, ao mesmo tempo em que ele tem o Direito de cobrar 
pelo produto consumido, ele também tem o Dever de observar a qualidade da refeição, a validade 
dos produtos, o bom atendimento, etc. 
 
A Relação nunca é tão simples... 
© É impossível concentrar, no mesmo sujeito, o Ativo e o Passivo do 
mesmo direito ou do mesmo dever. 
ü Se Felisberto tem o dever de pagar, Felisberto não tem o direito de receber! 
(Felisberto até pode ter um direito, mas é outro completamente distinto.) 
Para cada direito há um dever relacionado. 
Para cada dever, um direito! 
 
 
11 Daí vem a palavra relação obrigacional 
10 
 
à Direitos e Deveres são POLOS: 
– Polos se repelem 
– Temos um Polo Ativo (+) e um Polo Negativo (-). 
– Polo Ativo e Polo Negativo significa dicotomia, polaridade, repulsão... 
– Ou seja, é algo oposto a outro algo! 
 
• Se Clodoaldo é Sujeito Ativo de um direito, Clodoaldo não pode ser Sujeito Passivo do mesmo 
direito, porque aí estaria concentrando nele o Sujeito do Direito e do Dever – ou seja, estaria 
anulando a obrigação! 
 
Exemplo: 
“Clodoaldo tem o direito de receber aula” = “Clodoaldo está pagando”. 
Significa dizer que “Alguém”, que não é Clodoaldo, tem o dever correspondente à observação do 
direito de Clodoaldo. 
 
Revisando: 
A Relação Obrigacional nasce da celebração de um Negócio Jurídico (ou da prática de um ato jurídico 
stricto sensu, excepcionalmente) 
“Se eu manifestar vontade, eu me vinculo a ela”. 
Negócio Jurídico: pode-se escolher os efeitos jurídicos 
 
 
 
Paralelo: 
Para que que serve a Constituição 
Federal de um país? 
- Pra regular a sociedade. 
Para que que servem as normas de 
Direito Civil? 
- Para regular a sociedade na vida 
privada 
 
© Dicotomia do direito Público e Privado – separação meramente didática atualmente. 
 
Revolução Francesa 
à Separa-se o que é Público (Estado) e Privado. 
à Pregavam a igualdade formal – a não-intromissão do Estado na esfera privada. 
 
© Vida Pública = tributos, administração e política 
© Vida Privada = relação familiar, economia, relação trabalhista 
(liberalismo) 
© Relação Vertical (indivíduo – Estado) 
© Relações Horizontais (entre indivíduos na esfera privada) 
 
 
Estado Social 
à Inaugurado no Brasil a partir de 1988 
à Estado que interfere nas relações privadas porque assume o compromisso de, além de regular a vida em 
sociedade e promover a paz e o bem-estar social, assume também o compromisso de ajudar todos os 
11 
 
indivíduos (criar mecanismos sociais12) para que todos os seres humanos, considerados nas suas 
singularidades, possam exercer ou ter alcance aos mesmos direitos e garantias. 
à O Estado compromete-se com a população – diz que vaiajudar no âmbito familiar, promovendo saúde, 
educação, mas vai garantir, acima de tudo as liberdades individuais. 
 
 “Eu vou me meter, mas vocês vão ser livres” 
à Não é liberdade absoluta – conceito utópico porque nenhum direito individual pode ser absoluto; todos 
os direitos individuais são relativos porque terminam onde começam os do outro. 
 
 “Não quero que o Estado interfira muito, mas sei que não consigo exercer minha liberdade sem a 
interferência do Estado. Deixo tu te intrometer nas minhas relações privadas, mas com o único objetivo de 
tu garantir o exercício da minha liberdade”. 
 
à Admitimos que o Estado regule as relações da vida privada, e neste caso específico, as Relações 
Obrigacionais, para garantir o exercício da nossa liberdade 
à A função do Estado, por meio da regulação (norma, direito), é regular a conduta humana para diminuir 
os conflitos na sociedade – para manter a paz e a ordem social. 
 
à Nas Relação Obrigacionais, os PRINCÍPIOS devem ser observados. O Estado, por meio do direito, está 
dizendo: 
 
“Tu podes praticar Negócios Jurídicos. Tu podes resolver que não quer praticar Negócios Jurídicos...mas 
se tu resolver praticar Negócios Jurídicos, eu [o Estado] tenho que garantir que tu e todos os outros 
indivíduos que se envolverem nessa relação estarão em equilíbrio. Tenho que garantir e oferecer 
mecanismos para que, caso tu te sintas prejudicado, tu tenhas a quem recorrer para garantir teu direito, 
para exigir que o outro respeite o seu dever” 
 
à É por isso que o Estado diz: 
 
 
 
TODA E QUALQUER RELAÇÃO OBRIGACIONAL 
(I.e., toda relação entre um SUJEITO 
ATIVO e um SUJEITO PASSIVO em que há 
um DIREITO, e, portanto, um DEVER 
correspondente.) 
DEVE SER NORTEADA POR 3 PRINCÍPIOS BÁSICOS: 
 
2.1.1 Relação obrigacional – Ato Jurídico Stricto 
Sensu 
Exemplo: 
 Quando alguém, espontaneamente, reconhece a paternidade de um filho 
Não depende do consentimento do filho. 
 
12 Através de políticas públicas 
12 
 
O pai não decide o que é “ser pai” e quais os deveres que assume com a 
paternidade – é a LEI que determina. 
A liberdade fica restrita em reconhecer, ou não, voluntariamente a 
paternidade. 
Ao reconhecer a paternidade, os efeitos do que é “assumir paternidade” estão 
todos predispostos na norma. 
 
 
“A principal ferramenta do Direito Civil são as normas presentes no Código – mas Direito Civil é maior do 
que o Código Civil”. 13 
São Princípios Básicos 
• O Princípio da Autonomia da Vontade (o exercício da liberdade14) 
• O Princípio da Boa-fé objetiva 
• O Princípio da Função Social 
Por que temos que observar princípios quando celebramos Negócios Jurídicos? 
Por que temos que pensar em princípios quando vou cumprir minhas obrigações? 
 
Aprenderemos... 
 
2.2.1 Autonomia da Vontade 
2.2.1.1 Conceito 
 “Significa o poder dos indivíduos de suscitar mediante declaração de vontade, efeitos 
reconhecidos e tutelados pela ordem jurídica. “ (Orlando Gomes) 
 
© Autonomia da vontade15 decorre do Princípio da Liberdade 
Constitucional 16 
© Exercício da Autonomia (esfera privada). 
® Exercer autonomia = praticar os atos que se quer praticar; deixar 
de praticar os que não se quer praticar. 
® Autonomia = Vontade 
 
13 Compilado de possibilidades. Prevê possibilidades de atos que o ser humano poderá vir a praticar ao longo de sua vida. Significa que ninguém é obrigado a 
praticar atos da vida civil. As pessoas tem a faculdade de praticar atos da vida civil. Elas tem a liberdade, que é um princípio constitucional, um direito 
fundamental, de escolher estar ou não em relações jurídicas. Invariavelmente, ao longo de nossas vidas, vamos integrar relações jurídicas. Porque o Código Civil 
prevê condutas que já praticamos naturalmente ao longo da vida. 
14 Aquela liberdade constitucional, mas aqui na esfera privada 
15 É o 1º princípio que guia, orienta as relações obrigacionais. 
16 Origem: Revolução Francesa. Garantia da não intromissão do Estado nas relações privadas. Garantia de que o Estado não só garantirá a liberdade, mas a 
efetivará. Na esfera privada, chamamos isto de “Exercício da Autonomia” 
13 
 
A autonomia da vontade se exerce por meio da manifestação da vontade17 
 
Origemà REVOLUÇÃO FRANCESA 
® Luta Burguesa; 
® “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” 
® Implementação do Estado Liberal à Não interferência na 
esfera privada 
 
Autonomia da Vontade é a Efetivação do Princípio da Liberdade – celebração do negócio jurídico, 
escolha do sujeito, conteúdo e efeitos do negócio jurídico, forma ≠ Limites → Proteção dos vulneráveis, terceiros, etc. 
A autonomia da vontade se exerce por meio da manifestação da vontade. 
© As pessoas têm a liberdade de escolher estar ou não em relações jurídicas. 
Invariavelmente, ao longo de nossas vidas, vamos integrar relações jurídicas porque 
o Código Civil prevê condutas que já praticamos naturalmente ao longo da vida. Então, 
para integrar relações jurídicas não precisamos abrir o Código Civil, e estudá-lo para ver 
qual conduta praticar hoje. 
 
© É o Estado que deve observar o comportamento humano e transformar ele em norma. 
 
Isso significa que já praticamos determinados atos. O Estado copiou os atos mais 
praticados e os regulou. É o direito que está roubando esses atos e transforma-os em 
normas. É uma “coincidência orquestrada” – Agimos, e por “coincidência”, as condutas estão 
previstas na lei. 
 
© Existem atos que só praticamos se quisermos – há os mais comuns, os mais 
ordinários e os mais específicos. Mas eles estão lá... 
© Se quiser praticar, basta manifestar a vontade 
 
Manifestar a vontade é praticar o ato ! 
 
No Plano da Validade aprendemos que a manifestação da vontade pode se dar de 
qualquer maneira [lembrar, liberdade de forma art. 107 Código Civil] 	
© Poucos são os atos que têm uma forma especial em lei, ou uma solenidade 
específica. 
© A maioria prevê a LIBERDADE18 
 
 
17 Conceito herdado da Revolução Francesa 
18Se eu quiser praticar e combinar com a pessoa de que nosso Negócio Jurídico vai valer, se foi feito por e-mail, telegrama, WhatsApp... – beleza! Hoje fazemos 
compras pelo Instagram – manifestamos nossa vontade. Integramos uma relação jurídica. 
14 
 
Ninguém raciocina juridicamente em cima de seus comportamentos... 
Mas isso tudo é manifestar a vontade. 
 
Fato inexistente = quando não há manifestação de vontade. 
 
Manifestar vontade è Exercer a Autonomia da Vontade Humana 	
Exercer Autonomia è Tomar decisões próprias, dizer se quer ou não; julgar por si se 
aquilo é bom ou não para si, se quer ou não quer praticar determinado ato. 
 
No momento em que o legislador diz, 
 “A Relação Obrigacional é pautada pela Autonomia da Vontade” 
Ele está dizendo 
“Eu	estou	 te	dando	a	oportunidade	de	escolher	 integrar	ou	não	uma	 relação	
jurídica	(em	primeiro	lugar);		
Se	tu	manifestares	tua	vontade,	tu	vais	entrar	na	relação	jurídica	e	vais	assumir	
direitos	e	deveres.		
Ou	seja,	tu	farás	parte	de	uma	Relação	Obrigacional	que	tu	escolheste.	
Se	tu	escolheste,	por	meio	do	exercício	da	tua	Autonomia	(que	nada	mais	é	do	
que	um	exercício	da	Liberdade	Constitucional	aqui	na	esfera	privada),	tu	estás	
assumindo	o	compromisso	de	cumprir	espontaneamente	com	seus	deveres,	mas	
também,	 adquirindo	 o	 direito	 de	 protestar	 pelo	 respeito	 às	 tuas	 garantias,	
direitos...	inclusive	podendo	buscar	o	poder	judiciário	para	pleitear	o	teu	direito	
caso	ele	não	seja	observado	pela	outra	parte	”.	
	
O Estado nos deixa totalmente livres para decidirmos se queremos ou não integrar relações 
jurídicas – não nos obriga nem proíbe. 
ENTRETANTO, cada vez que, AUTONOMAMENTE, consciente daquilo que se estamosfazendo (não importa o motivo; importa o querer), manifestada a vontade, estamos 
vinculados a ela – devendo arcar com suas consequências.. 
 
** Vícios de Vontade à –uma coisa é manifestar a vontade (plano da existência); outra 
é analisar o conteúdo da manifestação da minha vontade (plano da validade). 
A relação obrigacional existe (independente dos vícios de vontade); se esta relação vai 
produzir efeitos, ou não, é outra coisa. 
 
Requisito para Existência da Relação Obrigacional 
Analisar o exercício da autonomia da vontade. 
Questionar: 
15 
 
© A manifestação da vontade humana foi pautada pelo princípio da 
autonomia da vontade? 
© Significou mesmo o exercício da liberdade desse indivíduo? 
© Existiu a prática da autonomia da vontade? 
Se a resposta é “SIM”, não importa o motivo. Se a autonomia do indivíduo 
foi exercida, há o requisito de existência da relação obrigacional. 
Manifesta Vontade 
 
 
Entra na relação jurídica 
 
 
Passa a ter direitos e deveres 
 
 
 
Faz parte de uma relação obrigacional 
 Escolhida por meio do exercício da Autonomia 
(Liberdade da esfera Constitucional na esfera privada) 
O exercício da liberdade vem acompanhado do exercício de deveres! 
2.2.1.2 Liberdade na Relação Obrigacional 
à A própria realização do Negócio Jurídico (se quer ou não realizar o Negócio 
Jurídico) 
à Escolha do(s) sujeito(s) com quem se relacionar 
à No conteúdo da relação e nos efeitos que essa relação vai gerar 
à Na forma: 
ART.	104,	Código	Civil	–	“A	validade	do	negocio	jurídico	requer...”	
Art.	104,	III	–	“forma	prescrita	ou	não	defesa	em	lei”	
à Via de regra, a forma com que celebramos o Negócio Jurídico é livre. A não 
ser que a lei dê uma forma especial ou proíba uma forma especial. 
2.2.1.3 Limites 
Toda liberdade tem um contraponto – sempre que manifestamos nossa vontade e exercemos um direito, 
estamos também assumindo um LIMITE de atuação. 
16 
 
Toda liberdade é limitada, tanto na esfera privada quanto na publica – em 
especial na publica. 
 Autonomia da Vontade 
 
 
 Liberdade 
 
 
Limites à Proteção dos Vulneráveis, terceiros, etc. 
 Ex.: Nulidade de cláusulas, incapacidade, forma... 
® A liberdade precisa ter limite. 
® Não há liberdade absoluta. 
® Limitação para o exercício da Liberdade – como o Estado limita a minha liberdade 
O Estado leva em consideração: 
® A proteção dos vulneráveis 
® Direito do Consumidor: o Estado, em determinado momento, percebeu que o consumidor 
era vulnerável19 em relação ao sujeito que oferece o produto ou presta o serviço20 
® O Estado protege o vulnerável para tentar equilibrar a Relação Obrigacional. 
® No momento em que ela está equilibrada, é possível garantir que ambos estão exercendo 
suas liberdades; 
® Enquanto a Relação Obrigacional está desiquilibrada, não tem liberdade (já que o 
vulnerável/consumidor não está nem no patamar do outro/fornecedor para expressar sua 
vontade). 
 
® O Estado interfere, inclusive, em relações jurídicas em que há equilíbrio, onde 
as partes manifestam suas vontades sem vícios (em relações jurídicas “impecáveis”) 
® Já superamos há muito tempo, em especial no Código Civil de 2002, o conceito 
individualista das relações. 
® Não é mais “o sujeito” da obrigação. 
® Já entendemos que as relações obrigacionais não geram efeitos apenas entre as 
partes. 
® Elas geram obrigações entre as partes, mas os efeitos dos Negócios Jurídicos se 
propagam na sociedade. 
® Então, se o Estado percebe que determinada Relação Obrigacional vai interferir 
na vida de terceiros, ele intervém para regular aquela relação obrigacional, impondo 
limites. 
 
19 Vulnerabilidade é diferente de Hipossuficiência (conceito econômico). Vulnerabilidade significa poder de controle da situação. O consumidor, na maioria das 
vezes, é vulnerável, porque está a mercê do produtor ou do sujeito que oferece o serviço. 
20 Exemplo do pipoqueiro que tu não sabes se lavou as mãos antes de fazer a pipoca que tu comprou. 
17 
 
® E.g., Interferência na economia – Quando o Estado limita a taxa de juros, 
pois o banco, para beneficiar os sujeitos que pagam em dia, carregam os 
juros dos outros. Ou seja, o benefício de um está prejudicando outras 
pessoas (é um efeito social de uma relação obrigacional). 
® O Estado entra para regular minimamente essas relações 
® Outros exemplos: nulidades de cláusulas 
® Cláusulas abusivas, ilícitas. 
® As nulidades da vontade vinculadas ao sujeito, incapacidade, regulação 
de forma, vícios ou defeitos da vontade (erro, dolo, coação, estado de 
perigo), fraude contra credores, simulação... 
® Todas essas são formas de o Estado controlar a liberdade para que não 
prejudique terceiros ou o próprio sujeito da obrigação. 
 
2.2.1.3.1 Fatores que Limitam a Liberdade Contratual 
E, portanto, a relação obrigacional 
1. Normas 
® O Estado, por meio da norma, está limitando e obrigando as pessoas a 
obedecerem determinados limites; 
® O Estado diz o que se pode fazer e dá os limites da atuação dos indivíduos 
® Liberdade restrita 
2. Dirigismo Contratual 
® O Estado traça comportamentos mínimos de determinados contratos 
® E.g., Casamento sofre o dirigismo contratual: tem limites 
específicos tratados em lei, sem que isso torne ele um Ato Jurídico 
Stricto Sensu 
3. Proibição de Abusos (vulnerabilidade) 
® Forma de controle e equilíbrio das relações 
® Finalidade: para corrigir vulnerabilidade 
4. A Necessidade do bem ou serviço 
® Quanto mais limitada for a oferta, ou menor o poder de escolha do sujeito 
que vai adentrar na relação (porque o mercado é fechado), mais regulada 
pelo Estado será aquela relação . 
® E.g., Serviço de luz, água e esgoto. 
18 
 
5. Limites éticos 
6. Função social do contrato 
7. Boa-Fé Objetiva 
8. Equilíbrio 
2.2.2 Boa-fé Objetiva 
 
Boa-Fé – surge como clausula aberta21.22 
Boa-fé também serve para regular a relação obrigacional 
 
Uma aplicação especifica da clausula geral da boa-fé se dá nas relações obrigacionais. 
Há 3 princípios na relação obrigacional 
 
AUTONOMIA 
BOA FÉ (clausula aberta) 
Subdivide-se 
Subjetiva (diz respeito ao indivíduo. É um Estado de agir, Estado de consciência ou convencimento 
individual de obrar em conformidade ao direito – i.e., “é a minha intenção, se acho correto ou não se 
submeter a determinada norma”). 
Boa-fé subjetiva à modelo de conduta social 
 
 
Objetiva (direta, específica) – a norma é objetiva. A relação obrigacional deve ser pautada pela objetiva – 
modelo de conduta social, independente do que o indivíduo pensa a respeito da norma estabelecida. 
 
Numa relação obrigacional 
Tens o que chamamos de deveres principais, por exemplo: numa compra e venda à pagar, entregar o 
produto (deveres principais relacionados à compra e venda.) 
Tens deveres secundários, por exemplo, (entregar o produto, transportar a mercadoria, embalar com 
segurança, pagar o frete) – são deveres secundários que circundam a obrigação principal mas que são 
necessários. 
 
Por fim, temos os deveres anexos ou laterais, que são resultado do princípio da boa-fe objetiva, do 
modelo de conduta social, segundo o qual cada pessoa deve ajustar a própria conduta a esse arquétipo, 
ainda que não concorde com ela. Ainda que internamente pense “não devo mais nada a esse sujeito”, a 
pessoa ainda deve prestar informação porque a boa-fé objetiva exige. 
 
Agir com honestidade, lealdade e probidade23. ß são as 3 palavras que caracterizam a boa-fé objetiva. 
 
Ver: 
 
21 Com semântica mais aberta, mais vaga, que permite maior interpretação do julgador na hora de aplicar o caso concreto. 
22 Função social tb 
23 qualidade de probo (de caráter íntegro, justo, honesto); integridade decaráter; honradez, retidão 
19 
 
Obrigação Principal 
Obrigação Secundária 
Deveres anexos ou laterais – perduram após o fim da relação obrigacional, resultantes da boa-fé objetiva. 
 
 
FUNÇÃO SOCIAL (clausula aberta)24 
 
2.2.2.1 Conceito 
SUBJETIVA: “Se refere a um estado de agir... denota estado de consciência ou convencimento individual de obrar em conformidade ao direito” àEnvolve INTENÇÃO 
Exemplo da pessoa que compra livros e os revende na faculdade por um preço mais barato, sem 
assinar contrato e etc. 
Os compradores confiam no vendedor de que o mesmo trará o produto no outro dia, conforme o 
prometido. O estado de agir do vendedor, de levar por se sentir obrigado em um caráter de lealdade, pode de 
certa forma explicar o princípio da boa-fé subjetiva. 
 
Subjetivamente, pode-se tudo – concordar ou não com a norma.... 
OBJETIVA: “É modelo de conduta social (...) segundo o qual cada pessoa deve ajustar a própria conduta 
a esse obrando como obraria um homem reto: com honestidade, lealdade e probidade” 
Na Prática: 
Agir com cooperação pensando no interesse de todos; deveres de colaboração 
Quando algo determina que, independente de eu concordar ou não, eu devo me comportar de determinada 
maneira, falamos de sentido objetivo 
 
Não importa se concorda ou não, tem que cumprir. 
 
Boa-fé Objetiva à Previsão de valores e comportamentos; é uma postura que deve ser adotada por todos 
os sujeitos da relação obrigacional, e essa postura tem como objetivo garantir uma relação honesta, 
verdadeira, e bem informada. 
Espera-se: probidade, verdade, informação, lealdade... 
 
São comportamentos que se espera que as pessoas tenham em relação às outras para que, além do 
cumprimento da obrigação principal, elas continuem dando assistência, diálogo, clareza, informação, sigilo em 
algumas oportunidades para aqueles que um dia se relacionaram juridicamente com si. 
 
 
2.2.2.2 Função da Boa-fé Objetiva 
Cláusula Aberta 
 
Exemplo: 
Celular que empresa vende, que sai de linha. 
Celular estraga, muito antigo, fora de mercado – fora de linha. 
Empresa diz que não conserta mais. 
 
24 não conseguimos traçar com exatidão o que exigem, mas nos norteiam 
20 
 
Dentro de um prazo razoável, a empresa deve ter a peça – fabricar a 
peça ou indenizar. 
A relação obrigacional está lá atrás - quando o serviço foi contratado e o preço foi pago pelo 
celular. 
Hoje a relação obrigacional é muito mais ampla que o objeto principal – se prolonga no tempo 
por causa da incidência do princípio da boa-fé objetiva. 
Não se pode largar o consumidor à própria sorte! Deve ser dado ao consumidor todos os 
mecanismos que permita que ele faça uso do bem que comprou 
2.2.2.2.1 Cânone Hermenêutica Normativa 
2.2.2.2.2 Limite ao exercício de outros direitos 
Limite ao exercício de direitos subjetivos 
2.2.2.2.3 Criadora de deveres jurídicos 
2.2.2.2.3.1 Deveres Principais, Secundários, Anexos ou Laterais 
 
Cuidado 
Proteção 
Segurança 
Aviso 
Esclarecimentos 
Informação 
Colaboração e Cooperação 
Sigilo e lealdade 
 
 
2.2.2.2.3.2 Obrigação como Processo 
2.2.2.2.3.2.1 Pré-contratual 
2.2.2.2.3.2.2 Contratual 
2.2.2.2.3.2.3 Pós-contratual 
Exemplo: Dever de lealdade e Sigilo 
 
Contrato do engenheiro químico da Coca-Cola. 
 Demitido – extingue-se o contrato de trabalho. 
A relação obrigacional está extinta. 
Por força do princípio da boa-fé objetiva, pode-se exigir que ele aja com lealdade e sigilo – (não 
pode falar o segredo da fórmula da Coca). 
O que perdura por tempo ilimitado são os deveres laterais ou anexos 
 – não há validade final. 
 
Quando falta boa-fé na execução do contrato, ou posteriormente a ele, de modo 
que invalide ou afete o exercício de um direito após a aquisição do bem (ou após 
o cumprimento da obrigação), pode-se alegar a anulabilidade, a invalidação do 
Negócio Jurídico em razão da falha do Princípio da Boa-Fé. 
21 
 
2.2.3 Função Social 
2.2.3.1 Funções do Princípio 
Art. 421, C.C. ** Ofensa: Interesses coletivos, lesão à dignidade e 
impossibilidade fim. 
 Funcionalização do Princípio da Liberdade 
O que é Função Social 
 Interpretação Individualista 
 Interpretação Coletivista 
-Reflexos Sociais 
-Reflexos Ambientais 
-Reflexos Trabalhistas 
Funções do Princípio: 
• Equilíbrio da relação Obrigacional 
Decisão: Recurso especial – STJ – 187.940 
• Efeitos Externos: Reconhecimento dos efeitos externos 
Decisão: Recurso Inominado - JEC – 7100208811 
• Ineficácia Superveniente: Reconhecimento da Ineficácia 
Recurso de Apelação – TJRS - 70027218668 
 
 
 
 
 
22 
 
A) SUJEITOS B) OBJETO C) CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO 
 
Ativo (credor) 
 
 
Passivo (Devedor) 
Direitos Obrigacionais (Prestação) 
Mediato – Bem da 
 Imediato – Prestação 
Prestação! 
Direitos Reais 
Coisa 
Vínculo Jurídico 
 
 
Relação Jurídica de 
CRÉDITO e DÉBITO 
 
Obrigações 
Simples 
Polo passivo e 
ativo. Terei um 
ou mais 
devedores e 
credores. 
 
Obrigações Complexas 
 
 A Relação Jurídica 
B 
Credor à Devedor 
Devedor ß Credor 
São a maioria das 
relações obrigacionais. O 
mesmo sujeito que é 
credor é devedor, e o 
mesmo sujeito que é 
devedor é credor. 
Direitos e deveres em 
ambos os lados. 
Ex.: contrato de compra e 
venda. 
 
Objeto é onde recai a minha vontade. O objeto 
da relação obrigacional é a prestação que, em 
sentido amplo, constitui-se numa atividade, 
numa conduta do devedor. 
 
Credor 
Sujeito Ativo 
- Poder de 
exigir a 
prestação 
 
- O credor é o 
sujeito da 
relação 
obrigacional 
que detém a 
faculdade de 
agir para 
satisfazer seu 
crédito. 
 
Devedor 
Sujeito Passivo 
- Necessidade jurídica de 
cumprir a obrigação sob 
cominação de sanções 
 
- O sujeito passivo, 
também chamado de 
devedor é o que detém a 
obrigação de cumprir 
determinada prestação 
sob pena de sanção. 
 
Mediato 
São os bens objetos 
da prestação. É o 
objeto material ou 
imaterial sobre o 
qual incide a 
prestação. Exemplo: 
compra e venda de 
um Vade Mecum, o 
bem mediato é o 
Vade Mecum. 
Objeto – Direitos 
Obrigacionais 
(Prestação.) 
Imediato 
O que eu tenho que 
fazer, tipo de 
relação jurídica. 
Exemplo: compra e 
venda do Vade 
Mecum, o bem 
imediato é a compra 
e venda. Em uma 
prestação de 
serviços, é a 
prestação de 
serviços. 
Objeto – Direitos 
Reais (coisa) 
 
Classificação das Prestações Requisitos da Prestação(Art. 104) Características do Vínculo 
Prestação pode consistir em: 
© Dar 
© Fazer 
© Não Fazer 
1. Lícita 
2. Possível 
3. Determinada/Determinável 
4. Patrimonial (valor estipulável) 
 
Prestação de 
Coisas 
© Dar 
© Entregar 
© Restituir 
Prestação de Fatos 
© Fazer 
© Não fazer 
 
Obrigação de Meio 
Obrigação de Resulta 
© Transitório 
– Cumprimento 
– Prescrição 
Prescrição vs. Decadência 
Portanto a Obrigação de DAR “COISA” pode consistir em dar (transferir a propriedade do 
bem); em ENTREGAR (transferir a posse de um bem); ou, RESTITUIR (devolver a coisa ao 
domínio do proprietário). 
 
Obrigação de dar Coisa Certa: objeto e quantificação certa. 
Obrigação de dar Coisa Incerta: Objeto imediato determinado; objeto mediato determinável 
Obrigação Impossível: Ilícita - Herança de alguém que está vivo. 
 
 
 
23 
 
São Elementos: 
1) Sujeitos 
2) Objeto 
3) Conteúdo (Vinculo Jurídico) 
4) Fato Jurídico 
5) Tutela ou Garantia Legal (pretensão) 
Individualiza a relação obrigacional, sabendo assim, qual o direito e o dever 
envolvido nessa relação. 
 
As relações obrigacionais podem consistir em várias pessoas. 
3.1.1.1 Sujeito Ativo 
 
É chamado de sujeito ATIVO porqueé quem pode buscar a satisfação do seu crédito, AGIR ATIVAMENTE na 
realização do seu direito 
3.1.1.2 Sujeito Passivo 
Chama-se sujeito PASSIVO porque é aquele que tem que obedecer, cumprir; 
Tem a necessidade de observar o direito de alguém. 
 
3.1.2 Obrigação Simples 
É a relação em que há: 
UM SUJEITO ATIVO (credor) e UM SUJEITO PASSIVO (devedor). 
Assim, sempre haverá: 
 
Para cada sujeito detentor de um direito ou de um crédito (credor) 
Um sujeito detentor de uma obrigação ou um dever, que é o devedor 
Para cada direito existe um dever contraposto 
Tem um sujeito que tem um direito, e outro sujeito que tem 
um dever. 
Não necessariamente temos uma única pessoa no sujeito ativo ou uma única pessoa no sujeito passivo. 
Pode haver vários credores e/ ou vários devedores em uma relação obrigacional. 
Ainda, no ponto de vista da relação obrigacional, trata-se de uma obrigação SIMPLES. 
24 
 
 
Obrigação Simples à Há 2 polos: Polo Ativo e Polo Passivo 
 (Um tem o Crédito e o outro tem o Débito) 
Pode haver 1 ou + pessoas CREDOR (ES) 
Pode haver 1 ou + pessoas DEVEDOR (ES) 
 
EXEMPLO: Contrato de Doação 
Rose deu um café pra Carol– 
Rose assumiu a obrigação de dar para Carol25 o café. 
Carol, por sua vez, assume a posição de detentora do direito de receber. 
 
 
EXEMPLO: Contrato de Doação 
Pai diz, “quando tu te formar, vou te dar um automóvel”. 
Para receber o automóvel, basta se formar. 
Ao se formar, o pai entrega o automóvel mediante doação. 
 
Que dever que o filho tem? Nenhum. 
O filho só tem o direito de receber o automóvel. 
O pai tem a obrigação de cumprir a promessa e dar o automóvel. 
 
Há UM credor e UM devedor. 
3.1.3 Obrigação Complexa 
 
- A maioria das relações obrigacionais. 
- O mesmo sujeito que é CREDOR é também DEVEDOR, 
- E o sujeito que é DEVEDOR, é também CREDOR. 
Na mesma pessoa, misturam-se as duas figuras. 
 
Sujeito A relacionando-se com Sujeito B 
 
Sujeito A é credor (Sujeito Ativo) de obrigações do devedor, que é o Sujeito B (Sujeito Passivo) 
Sujeito A será credor de Sujeito B 
 
Mas B também será credor de A 
Na mesma relação, só que de um direito diferente 
 
Numa ÚNICA RELAÇÃO JURÍDICA o Credor tem Direitos em relação ao Devedor, que 
por sua vez, tem Deveres em relação ao Credor. 
 
 
25 Obrigação nem sempre é negativa, porque eu assumo porque eu quero. É uma discricionariedade do sujeito 
25 
 
Ao mesmo tempo que o Credor tem direitos em relação ao Devedor, este Devedor também 
tem Direitos em relação ao Credor. 
E este Credor também tem deveres em relação a este devedor. 
 
EXEMPLO: Compra e Venda 
 
® Rose vende livros 
® Carol pega 2 livros e diz que quer 
® Rose diz – “os 2 custam 120 reais”. 
® Carol – “como posso pagar”? 
® Rose diz– “em 2x no cartão” 
® Carol – “vou comprar” 
® Está feito o contrato de compra e venda 
Apesar de Rose não ter entregue os livros ainda, o contrato de compra e venda está feito – se Rose 
vai entregar ou não, é outra coisa. 
® Contrato expresso – verbal 
 
Agora é preciso cumprir as obrigações do contrato! 
COMPRA E VENDA 
SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO 
® Carol tem o DIREITO de receber os livros ® Carol tem o DEVER de pagar o valor 
 
® Rose tem o DIREITO de receber o valor ® Rose tem o DEVER de entregar os livros 
 
 
 
Carol: Ao mesmo tempo em que Carol tem o DIREITO de receber os livros, ela tem o DEVER de pagar – 
concentra-se na mesma pessoa o sujeito ativo e passivo. 
A Rose, ao mesmo tempo que tem o DIREITO de receber o dinheiro, tem o DEVER de entregar a 
mercadoria. – Concentra-se na mesma pessoa o sujeito ativo e passivo. 
 
® A maioria das obrigações são complexas 
 
® O mesmo sujeito da relação é sujeito ativo e sujeito passivo. ß 
 
 
 
Se temos sujeitos, temos que ter o porquê desses sujeitos se relacionarem 
juridicamente 
É preciso indicar qual vai ser o comportamento do sujeito; ou seja, por que que 
o sujeito está declarando a sua vontade. Qual o objetivo da relação jurídica? 
O objeto é o “porquê” da Declaração de Vontade. 
O objeto é onde recai a Declaração de Vontade 
26 
 
 
 
“Estou celebrando um contrato de compra e venda” 
A compra e venda é um objeto da minha relação jurídica 
- Compra e venda do quê? 
- Deste Vade Mecum 
 
 
Temos 2 tipos de objetos 
© O objeto é algo muito próximo ou visível na relação obrigacional e algo que a gente não premedita imediatamente na 
nossa relação obrigacional 
 
© Então nossa vontade recai sobre 
© - o tipo da relação contratual que estou estabelecendo 
© - o bem que será objeto dela (da minha declaração de vontade) 
 
© Temos 2 tipos de objetos no direito26 - direitos obrigacionais, que envolvem prestações (comportamentos), e temos 
objetos de direitos reais (que são coisas, bens propriamente ditos, corpóreos) 
 
© O que nos importam agora são os objetos das relações obrigacionais – que chamamos de prestações 
 
© As prestações se dividem em MEDIATAS e IMEDIATAS. 
© As prestações mediatas (objetos mediatos) são os bens objetos da prestação. 
© Já a prestação imediata (objeto imediato) é o que eu tenho que fazer, ou seja, a própria prestação que vou ter que 
cumprir. 
 
© OBJETO MEDIATO 
© OBJETO IMEDIATO 
© e.g. 
© Celebro contrato de compra e venda deste código 
 
© - qual o objeto mediato da relação? O código 
© - qual é o objeto imediato? A compra e venda. 
 
 
© Se perguntar “qual o objeto da relação obrigacional” = compra e venda 
 
© qual o objeto mediato da relação? É o bem objeto da compra e venda, ou seja, é o código 
© -- 
 
© lembrar: PLANO DA EFICÁCIA 
© São as 3 modalidades de eficácia: termo (prazo – inicial e final), condição (uma proposta que tu coloca pra pessoa que 
pode suspender o direito dela ou pode terminar com o direito dela), e o encargo (é uma prestação que a pessoa tem que 
cumprir, que se considera uma obrigação, mas não é referente a relação obrigacional – ela é acessória. Encargos são 
deveres secundários das relações obrigacionais). 
 
© Doação de um veículo: 
© Objeto mediato = o carro 
© Objeto Imediato = a doação 
© Objeto imediato é o tipo de relação jurídica que estou celebrando, ou seja, por exemplo, o tipo de contrato que estou 
celebrando. 
© E 
© O objeto mediato é o bem que resulta daquela relação jurídica. 
 
 
26 direito em geral 
27 
 
 
Aulas particulares 
Objeto imediato = prestação do serviço de aulas particulares 
Objeto mediato = a aula em si 
 
O objeto imediato é a prestação de um serviço e o objeto mediato é a aula, ou seja, o que propriamente estou contratando. 
 
 
© NÃO CONFUNDA OBJETO COM DEVER! 
© Pagar pela aula é a obrigação – é o que tu deve fazer para obter o serviço. 
© Tu não contrata um serviço dizendo “o meu objetivo é te pagar”; não, o teu objetivo é ter a prestação do serviço, “e em 
razão disso, eu vou te pagar” 
© Espécies contratuais – a partir do art. 481 
© Troca ou permuta - quando tenho um bem e desejo outro. Para que eu faça o contrato de troca ou permuta, entrego 
meu bem para receber o outro 
 
© Carol tem um livro raro do Pontes de Miranda, mas precisa de outro livro que está esgotado, pra completar sua coleção 
– 
© Rosana consegue o livro que falta na coleção – 
© Rose entrega o livro que está faltando 
© Carol entrega o livro raro 
© = troca ou permuta 
 
© SUJEITOS DA RELAÇÃO: Rose e Carol 
© QUANTOS SUJEITOS ATIVOS? 2 
© QUANTOS SUJEITOS PASSIVOS? 2 
© Porque é uma obrigação complexa = os dois têm direitos e deveres. 
© OBJETO IMEDIATO DESSA RELAÇÃO OBRIGACIONAL: troca ou permuta 
© OBJETO MEDIATO: os livros 
© O objeto mediato será sempre um bem da prestação imediata. 
© O objeto imediato é a prestação, e o mediatoé o bem da prestação. 
 
 
© Objeto imediato da relação obrigacional (a prestação), pro direito das 
obrigações, pode ser uma conduta, um dar, um fazer ou um não fazer. 
 
© Prestação é um comportamento humano que consiste em DAR alguma coisa, 
FAZER alguma coisa (obrigação positiva), ou DEIXAR DE FAZER alguma 
coisa (obrigação negativa – abster-se de fazer) 
 
 
© Qual	é	o	objeto	imediato	de	uma	obrigação?	Uma	prestação.	
© O	que	é	uma	prestação?	Um	dar,	um	fazer,	ou	um	não	fazer.	
© Prestações	podem	ser	de	3	tipos...	
3.3.1 Requisitos da Prestação 
3.3.1.1 Dar 
Entregar coisas (objetos palpáveis = bens) 
28 
 
Para dar algo, o objeto tem que ser: 
• Lícito:		
• Possível:	
• Determinado/Determinável:	
Obs.: Requisitos de validade do Negócio Jurídico – art. 104 CC. 
• Bem	Patrimonial:	passível de atribuição de valor econômico	
 
O “dar” tem que ser em relação a objetos lícitos, possíveis, determinados ou 
determináveis. 
3.3.1.2 Fazer: 
É uma conduta ativa (positiva); É um dever de comportar-se de determinada forma. 
O comportamento tem que ser: 
• Lícito:		
• Possível:	
• Determinado/Determinável:	
• Passível	de	atribuição	de	valor	econômico.	
3.3.1.3 Não-Fazer: 
Conduta negativa; abster-se de... 
Tem que ser também: 
• Lícita:		
Deixar de fazer algo lícito... 
E.g. “Não pague mais pensão pro seu filho!” 
Isso não pode ser objeto de relação obrigacional. 
Não, porque é um não-fazer ilícito.	
• Possível:	
• Determinada/Determinável:	
• Passível	de	atribuição	de	valor	econômico		
 
Prestação de dar coisas. 
A prestação de dar bens pode consistir em:	
1) Dar:	simples dar, transmitir a propriedade de determinado bem para outra 
pessoa	
29 
 
2) Entregar:	pode ser um empréstimo; entrega provisória (mútuo; contrato 
de depósito27). Não há a transmissão da propriedade, mas apenas da posse.	
3) Restituir:	Devolver algo para o domínio de seu proprietário. 	
 
Além da prestação de coisas, temos a prestação de fatos 
	
 
1. Fazer	
2. Não	fazer	
 
 
O vínculo jurídico é o conteúdo da relação obrigacional. 
É a relação de crédito e de débito, pois 
 
DENTRO DE TODA E QUALQUER RELAÇÃO OBRIGACIONAL 
 HÁ UM SUJEITO CREDOR QUE DETEM O PODER DE EXIGIR UMA PRESTAÇÃO 
& 
 HÁ UM SUJEITO (DEVEDOR) QUE TEM A NECESSIDADE JURÍDICA DE CUMPRIR A 
OBRIGAÇÃO, SOB PENA DE COMINAÇÃO DE SANÇÕES (juros, correção monetária, multas 
contratuais, etc.) 
 
 
Difere do objeto pois o conteúdo da obrigação (vínculo jurídico) é o poder de exigir a 
prestação ou o dever (a necessidade jurídica) de cumprir com a obrigação. 
 
É como se fosse um “compromisso”; a postura que se assume ao ser credor ou devedor. 
 
5.1.1 Característica do Vínculo 
 
© TRANSITORIEDADE é a característica fundamental da relação obrigacional, pois não se espera 
as pessoas que estão dentro de uma relação obrigacional fiquem unidas para o resto da vida. 
Toda e qualquer relação obrigacional estabelece um vínculo transitório. 
Exemplo de vínculo não transitório 
O casamento, antigamente. 
Era impossível de extinguir, pois não 
existia divórcio. Era um vínculo eterno 
(Relação Obrigacional não transitória) 
 
27 largar o carro no estacionamento, para revisão – entrega provisória do bem 
30 
 
Lembrando: PLANO DA EFICÁCIA 
São as 3 modalidades de eficácia: Termo (prazo – inicial e final), Condição (uma 
proposta posta para a pessoa que pode suspender ou terminar com o direito dela), e o Encargo, 
que é uma prestação que a pessoa tem que cumprir. É considerada uma obrigação, mas não 
se refere à relação obrigacional, pois é acessória. Encargos são os deveres secundários das 
relações obrigacionais. 
 
 
© Termo: tempo. 
Toda relação obrigacional, todo contrato, tem uma data de inicio e de fim. 
É importante saber o termo inicial e o termo final de uma obrigação, porque é o tempo dentro do 
qual o credor pode exigir a prestação, e o devedor fica vinculado à necessidade jurídica de cumprir 
determinada prestação. 
 
Quando se chega no termo final, extingue-se a relação obrigacional. 
CUIDADO: Persistem os deveres laterais ou anexos 
decorrentes da boa-fé objetiva!! 
 
Se passa um tempo e o credor deixa de exigir a prestação, este credor pode perder o direito de exigir, e 
consequentemente, o devedor perde a necessidade de cumprir a obrigação em razão da PRESCRIÇÃO. 
 
HÁ DUAS CAUSAS DE PÔR FIM À RELAÇÃO OBRIGACIONAL 
1) O CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO – 
Põe-se fim à relação obrigacional quando a obrigação é cumprida – o objetivo foi alcançado. 
OU 
 
2) PRESCRIÇÃO 
Ocorre quando o devedor não faz nada, mas o credor também não exige o cumprimento da obrigação. 
PRESCRIÇÃO: perda da pretensão 
 
O direito prevê, basicamente três modalidades de obrigações (Dar, Fazer e Não Fazer). 
Temos as obrigações positivas e negativas. 
 
© Positivas 
o Dar
28
 
§ Coisa Certa (Arts. 233-242) 
§ Coisa Incerta (Arts. 243-246) 
o Fazer (Arts. 247-249) 
 
 
28 Entregar a outro sujeito coisas certas ou incertas 
31 
 
Obrigações Positivas - porque o devedor (ou o credor, também, na posição do devedor deve agir, ou fazer 
algo, entregar alguma coisa) deve se comportar positivamente - seja para DAR algo a outro indivíduo, e 
esse “algo” no direito, chamamos de COISA29. 
Sabemos também que essa COISA pode ser CERTA ou pode ser INCERTA, que é o que chamamos de 
objeto determinado ou determinável.30 
Essa obrigação positiva também pode não envolver um “dar” 31, mas sim FAZER, executar (comportar-se 
de determinada maneira a fim de cumprir uma obrigação) 
© Negativas 
o Não fazer (Arts. 250-251) 
OBRIGAÇÃO NEGATIVA 
São negativas porque ao invés de me comprometer a dar alguma coisa, a restituir algum bem, ou a 
executar algum serviço/prestação, eu me comprometo a me abster de praticar algum ato. Comprometo-
me a não fazer alguma coisa determinada. 
Assumo o compromisso de não me comportar de determinada forma 
Por isso chama-se obrigação negativa. 
 
 
	
Dar,	no	direito,	é	entregar.		
Para	o	Direito	das	Obrigações,	esta	entrega	pode	ocorrer	por	vários	motivos:		
© Posso	entregar	isto	que	é	meu,	que	eu	não	quero	mais,	e	eu	recebo	algo	em	troca	ou	não	(pode	
ser	uma	doação,	por	exemplo),	e	eu	entrego	para	a	outra	pessoa,	e	aí	eu	estou	transferindo	a	
propriedade	do	bem	(a	titularidade	–	“não	é	mais	meu,	agora	é	dela”);		
© Eu	posso	entregar	esta	coisa	com	a	intenção	de	não	transferir	a	propriedade,	apenas	de	emprestar	
–	“temporariamente	isto	vai	ficar	na	tua	posse,	mas	eu	conservo	a	propriedade”.	
© E	eu	posso,	em	contrapartida,	devolver	algo	que	não	é	de	minha	propriedade,	que	está	apenas	na	
minha	posse	que	me	foi	emprestado	nesse	mesmo	regime	que	eu	acabei	de	falar	(restituição)	
	
	
à	Vejam:	se	eu	pego	emprestado	um	apagador	de	alguém	e	digo	“vou	usar	até	o	intervalo,	depois	te	
devolvo”,	eu	estou	me	obrigando	a	dar	coisa	certa.	Que	tipo	de	dar?	RESTITUIR.	
à	Se,	ao	contrário:	digo	para	o	colega	“no	intervalo	eu	te	empresto	o	meu	apagador”,	eu	estou	me	
obrigando	a	ENTREGAR	apenas	a	posse	do	apagador	–	e	não	a	propriedade.	Eu	conservo	a	propriedade	
para	mim	e	entrego	a	posse	do	apagador.	(Vejam	que	é	uma	outra	espécie	de	dar.)	
à	Ou,	posso	simplesmente	dizer,	“este	apagador	eu	não	uso.	Pega	pra	ti”.	Isto	consiste	em	DAR	a	
propriedade	do	bem	para	o	meu	colega.		
	
	
	
	
 
 
29 QUE PODE SER CERTA OU INCERTA – OBJETO DETERMINADO OU DETERMINAVEL 
30 objeto indeterminado = obrigação nula 
31 que significa transferir a propriedade ou a posse de algo, de alguma coisa 
32 
 
a) DAR – Sentido Amplo 
a. Dar – transferir propriedade – transferência de domínio, titularidade32 art. 
1247, 1245 Código Civil 
b. Entregar – transferirposse/detenção, conservando a propriedade 
c. Restituir – devolver ao dono a coisa que tenha sido dada em posse ou 
detenção 
 
 
Indica uma coisa especifica. 
Sabemos exatamente qual é o objeto mediato da minha obrigação. 
Sabemos, da quantidade e do gênero, a qualidade do objeto da obrigação de dar ou restituir. 
	
Temos,	então,	3	formas	de	cumprir	obrigações	de	dar	coisa	certa:	
1. Por	meio	do	dar	propriamente	dito	–	que	é	quando	se	transfere	a	propriedade	de	um	bem	
(transferência	de	domínio).	
2. Por	meio	da	entrega	de	alguma	coisa	pra	alguém	–	que	é	quando	se	transfere	apenas	a	posse	(ou	
a	detenção),	conservando	a	propriedade	da	coisa.	
3. Por	meio	da	restituição	–	que	é	devolver	ao	dono	a	coisa	que	tenha	foi	dada	em	posse/detenção.	
Restituir	é	o	inverso	de	entregar	–	posse.	
	
7.1.1 Tradição 
Para	o	direito,		
® Quando	é	que	a	entrega	conta?		
® Como	é	que	bens	são	dados	para	outras	pessoas?	
® Quando	podemos	considerar	que	a	entrega	significou	“cumprida	a	obrigação”?	
	
Algumas	condutas	devem	ser	adotadas	para	que	ocorra	o	Adimplemento	de	uma	Obrigação	de	Dar	Coisa	
Certa.	
	
Por	que	é	importante	saber	isso?	
Pode	ser	que	ocorra	a	entrega,	e	ainda	ocorra	o	inadimplemento.		
Às	vezes,	a	simples	entrega	da	coisa	“em	mãos”	não	é	o	suficiente	para	que	se	possa	dizer	que	a	
obrigação	foi	cumprida.		
Por	exemplo,	não	se	pode	dar	“em	mãos”	um	bem	imóvel.	É	necessário	praticar	um	ato	
diferente	para	provar	que	a	coisa	realmente	foi	entregue.	
	
	
 
32 Móveis – 1247; imóveis, 1245 
33 
 
DO	INADIMPLEMENTO:	
O	que	sempre	se	busca	no	Direito	das	Obrigações?	
O	cumprimento	da	obrigação	–	o	Adimplemento.	
O	objetivo	é	ADIMPLIR,	cumprir	com	a	minha	obrigação	(com	o	dever).	
	
Quando	o	dever	não	é	 cumprido	–	 total	ou	parcialmente	 (i.e.,	 não	 cumprir	 com	
nada,	 ou	 cumprir	 com	 um	 pouco,	 mas	 não	 cumprir	 o	 resto)	 ocorre	 o	
inadimplemento	–	que	pode	ser	Total	ou	Parcial.	
	
Entretanto,	quando	o	sujeito	se	compromete	a	entrar	numa	relação	obrigacional,	o	
objetivo	é	cumprir	com	o	seu	dever,	assim	como	também	é	esperado	que	o	outro	
sujeito	cumpra	com	o	seu	dever.	
	
A	exceção	é	quando	o	dever	não	é	cumprido	(adimplido).	
	
“Entregar”,	literalmente,	para	o	direito,	significa	“o	momento	da	tradição”.	
Tradição	significa	“entregar	para	outra	pessoa”.		
	
7.1.1.1 Entrega de Bens Móveis: 
O	devedor	se	obriga,	em	primeiro	lugar,	a	entregar	e	arcar	com	os	custos,	despesas	de	deslocamento	
e	entrega	efetiva	da	coisa.			
A	REGRA	GERAL	do	Direito	das	Obrigações	é:		
Ao	obrigar-se	a	entregar	coisa	certa,	 caso	não	haja	convenção	contraria	entre	as	partes,	
obriga-se	também	a	transportá-la,	carregá-la	ate	o	destino	final	e	suportar	os	custos	deste	
transporte.	
Art. 494. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por 
ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, 
uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se 
das instruções dele se afastar o vendedor. 
Entregar	coisa	certa	obriga	a	transportar	até	o	destino	final	e	
suportar	os	custos	
	
Exemplo:	Compra	e	Venda	de	Freezer–	Obrigação	de	Dar	Coisa	Certa	
*	O	resultado	do	contrato	de	compra	e	venda	
é	 uma	 obrigação	 de	 dar	 coisa	 certa	 (e	
obrigação	de	pagar,	obviamente).	
Na	negociação,	não	é	dito	quem	deve	arcar	com	os	custos	do	
deslocamento	(frete),	com	a	montagem/desmonte	do	bem:	
No	momento	do	cumprimento	da	obrigação,	o	comprador	exige	que	
a	vendedora	leve	o	freezer.		
O	comprador	está	correto,	pois	a	norma	diz:	
“Se	a	coisa	é	tua,	e	a	obrigação	de	entregar	é	tua.	Correm	por	tua	conta	e	risco	todo	
o	procedimento	da	entrega	(a	desmontagem	e	o	transporte	do	equipamento),	a	não	
ser	que	tenha	sido	pactuado	diferente	(disposto	contratualmente)	“.	
	
34 
 
Os bens móveis são entregues por meio da TRADIÇÃO.33 
TRADIÇÃO DE BENS MÓVEIS à entrega “em mãos” 
Vejam	como	é	fácil	entregar	um	bem	móvel:	se	está	comigo	é	meu.	No	direito,	se	presume	que	aquilo	
está	com	a	pessoa	é	dela.	
© O sujeito só será considerado proprietário de um bem móvel após a tradição. 
 
Tradição é a entrega do bem. 
Tradição não é: 
• Postar no correio 
• Mandar pelo motoboy 
• Assinar um contrato34 
 
A tradição só ocorre quando o bem chega até as mãos da pessoa [que deve assinar o recebimento do 
mesmo]. 
 
7.1.1.2 Entrega de Bens Imóveis 
É	um	pouco	mais	difícil	provar	a	entrega	(a	tradição)	porque	os	bens	imóveis	estão	sujeitos	a	registro.		
	
Se	é	feita	a	entrega,	mas	não	é	transferida	a	propriedade	perante	o	registro	competente,	o	que	ocorre	é	
apenas	a	entrega	da	posse	do	bem,	e	não	a	propriedade.	
Quando	ocorre	a	entrega,	mas	não	a	transferência	da	propriedade:	
	
 Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da 
tradição. 
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir 
pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da 
coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na 
posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. 
 
 
Enquanto	não	ocorrer	a	tradição	(que	é	a	entrega	da	coisa),	a	propriedade	do	bem	não	terá	sido	
transferida.	Ou	seja,	se	há	um	contrato	assinado,	mas	a	coisa	não	foi	entregue,	o	bem	ainda	não	é	do	
comprador.	
	
Celebrar	um	contrato	de	compra	e	venda	não	torna	o	sujeito	proprietário	do	bem	até	que	ocorra	a	
tradição.	O	sujeito	só	passará	a	ser	proprietário	da	coisa	após	a	tradição.		
 
 
 
Como se transfere a propriedade de bens imóveis? 
 
Da Aquisição pelo Registro do Título 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro 
do título translativo no Registro de Imóveis.35 
 
33 Entregar, no direito, chama-se TRADIÇÃO 
34 Assinar um contrato nada mais é do que assumir a obrigação. O cumprimento da obrigação é literalmente entregar a coisa. 
35 Logo, “fui lá e celebrei uma escritura de compra e venda de um apartamento. Significa que agora o apartamento é meu?” não. 
35 
 
 
TRADIÇÃO DE BENS IMÓVEIS à REGISTRO 
 
Registro	=	levar	a	escritura	no	registro	competente,	fazer	a	averbação	na	matricula	do	bem	constando	
quem	é	o	novo	proprietário,	quem	vendeu	e	por	quanto	vendeu,	e	todos	os	outros	elementos	que	devam	
constar	na	escritura.	
A tradição de coisas imóveis só acontece mediante Registro. 
O	bem	passa	a	ser	de	propriedade	do	sujeito	somente	a	partir	do	momento	em	que	sua	matricula	é	
averbada	com	registro	de	propriedade.	
	
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante 
continua a ser havido como dono do imóvel. 
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a 
decretação de invalidade do registro, e o respectivo 
cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono 
do imóvel. 
	
VALE	O	REGISTRO,	E	NÃO,	O	ATO	DA	ESCRITURA.	
© Escritura	pública	–	se	o	bem	imóvel	for	30x	o	valor	do	salário	mínimo.	
© Imóveis	de	valor	baixo	–	pode	ser	feito	por	instrumento	particular	e	é	válido.	Para	formalizar,	se	
vai	até	o	registro,	onde	o	contrato	será	averbado.	
	
 
 
 
A Tradição de bens Imóveis ocorre com o Registro. 
A Tradição de bens Móveis ocorre com a Entrega. 
 
 
 
 
 
 
	
 
Significa que enquanto tu não for ao registro de imóveis fazer a transferência do título tu não é proprietário do bem. Tu pode ter posse, tu pode ter usufruto, mas 
a propriedade tu não tem. “Mas fomos até o tabelionato, pagamos a taxa, imposto de transmissão...” Mas tu levou até o registro competente, como diz o art. 
1245? Não. Logo, a propriedade não é tua. 
36 
 
7.1.2 Lei da Gravitação Jurídica 
 
Seção	I	
Das	Obrigações	de	Dar	Coisa	Certa	
O	primeiro	artigo	(art.	233)	explica	a	LEI	DA	GRAVITAÇÃO	JURÍDICA.	
	
Art. 233.

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