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Prof. Luan Simões Integração de intervenções, denominadas “ações não farmacológicas”, para assegurar as melhores condições físicas, psicológicas e sociais para o paciente com doença cardiovascular, pulmonar e metabólica Diretrizes de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica, Arq Bras Cardiol 2006 “Somatório das atividades necessárias para garantir aos pacientes portadores de cardiopatia as melhores condições física, mental e social, de forma que eles consigam, pelo seu próprio esforço, reconquistar uma posição normal na comunidade e levar uma vida ativa e produtiva.” (OMS, 1964) No Brasil, impõe-se o surgimento de um novo paradigma cultural e político, que priorize a RCM, o que beneficiaria a saúde orgânica dos pacientes e a saúde econômica do sistema de saúde. Doenças das coronárias Doença Arterial Periférica Insuficiência Cardíaca Hipertensão Arterial Síndromes metabólicas Fatores de risco cardiovascular Desinformação e/ou má atitude política Planos de saúde Fisioterapia • BRASIL Custo intervenção coronária percutânea: colocação de apenas 1 stent: R$ 16.000,00 Reabilitação R$: 300,00/mês – 4 anos de programa supervisionado ou Atendimento mais 50 pctes/mês • 1912- Henrick: após IAM – 60 dias repouso leito • Década 1940: estudo questionando os “benefícios” do repouso absoluto • 1956-Brummer et al: deambulação 14 dias após evento coronariano. • 1962- Cain et al: eficácia e segurança de um programa precoce e progressivo. • Década 1980: parte integrante terapêutica cardiológica Atualmente inúmeros benefícios dos exercício regular para portadores de cardiopatias, além da melhora na capacidade funcional. • Taxa mortalidade: 158,91 óbitos/100.000 hab • > 50 anos: 2.554,7/100.000 hab • BRASIL: • 1996: 1º causa óbito – 28% total • 2002: 31% causa total óbito Oliveira, G et al. Rev Pam Salud Publica, 2006 Médico Enfermeiro Psicólogo Assistente social Educador Físico FISIOTERAPEUTA Nutricionista Fase I Fase II Fase III Fase IV Auxiliar àqueles pacientes com DCV conhecidas ou em alto risco de as desenvolverem Reabilitar o paciente de forma integral (físico, psíquico, social, vocacional e espiritual) Educar os pacientes Reduzir a incapacidade e promover uma mudança no estilo de vida Melhorar a qualidade de vida Prevenir eventos cardiovasculares desfavoráveis Adequado controle dos fatores de risco em geral • PACIENTES COM FUNÇÃO VENTRICULAR COMPROMETIDA ✓ Infartos, cardiomiopatias, ICC. • PACIENTES COM VENTRÍCULOS SADIOS ✓Angioplastia transluminal, HA, coronariopatias, doença vascular periférica. • PACIENTES DE FOLLOW-UP (PÓS PROCEDIMENTOS) ✓Transplante cardíaco, marca-passo, valvoplastia. • PACIENTES ASSINTOMÁTICOS, MAS COM RISCO ✓Doença arterial coronariana, teste de esforço anormal, diabéticos, obesos e idosos. Fase I ou Fase hospitalar • Inicia-se após 12 a 24 horas do evento agudo no paciente não- complicado OBJETIVOS: ✓Reduzir os efeitos psicológicos negativos da doença ✓Proporcionar supervisão para o retorno mais breve às atividades cotidianas ✓ Inibir as complicações relacionadas à imobilização no leito ✓Educar o paciente e a família para mudanças no estilo de vida ✓Combater fatores de risco ✓Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ✓Unidade Coronariana ✓Enfermarias • UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: Cerca de 2 dias de permanência – estado clínico do paciente Atividades restritas a gasto energético de 2 MET (1 MET=3,5 mLO2Kg-1.min-1) Monitorização constante- FC, SpO2, PA, ritmo cardíaco, gasometria arterial, Rx de tórax • PLANO DE TRATAMENTO: ✓Ajustes e desmame da VMI Extubação- primeiras horas após a cirurgia Doenças pulmonares prévias e complicações respiratórias Elevam o tempo de necessidade de VMI • PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PÓS OPERATÓRIAS: ✓ Hipoxemia ✓ SDRA ✓ Derrame pleural ✓ Atelectasia ✓ Pneumotórax ✓ Pneumonia ✓ Pneumopericárdio ✓ Edema pulmonar ✓ Infecção na cicatriz e mediastinite ✓ Embolia pulmonar ✓ Lesão do nervo frênico ✓ HAS • COMPLICAÇÕES PÓS OPERATÓRIAS: ✓ IAM ✓Arritmias ✓Sangramentos ✓Derrame pericárdico ✓Hemorragia digestiva alta ✓Complicações neurológicas • PROGRESSÃO DA INTENSIDADE DOS EXERCÍCIOS: ✓Progressão do programa de STEPS ✓STEP – Representa um grupo de exercícios caracterizado por uma intensidade, um tipo e repetição, onde o gasto energético de cada STEP é baseado na quantidade de MET necessária para realizar a atividade. ✓Duração de cada sessão de 5 a 10 minutos e progredir para 20 a 30 minutos STEP 1= 2 METS Paciente deitado Exercícios respiratórios diafragmáticos Exercícios ativos de extremidades Exercícios ativo-assistidos de cintura, cotovelos e joelhos STEP 2= 2 METS Paciente sentado Exercícios respiratórios diafrag. associados a exercícios de MMSS (diagonais) Exercícios de cintura escapular Exercícios ativos de extremidades Paciente deitado: Exercícios ativos de joelhos e coxo-femoral STEP 3= 3 A 4 METS Paciente em pé Exercícios ativos de MMSS (Movimentos diagonais e circundução) Alongamento ativo de MMII (quadríceps, adutores e panturrilha) Deambulação: 35 metros STEP 7= 3 a 4 METS Continuação do STEP 6 Descer e subir escadas lentamente (1 andar) STEP 4= 3 a 4 METS Paciente em pé Alongamento ativo de MMII E MMSS Exercícios ativos de MMSS Exercícios ativos de MMII Deambulação: 50 m (25m lentos e 25m rápidos) Ensinar contagem da FC no pulso STEP 5= 3 a 4 METS Paciente em pé Alongamento ativo de MMII e MMSS Exercícios ativos de MMSS Exercícios ativos de MMII Rotação de tronco e pescoço Marcar passo com elevação de joelhos Deambulação 100m (verificar FC inicial e final) STEP 6= 3 a 4 METS Paciente em pé Alongamento ativo de MMSS e MMII Exercícios ativos de MMSS e MMII (dissociados) associados a caminhada Descer escada lentamente e retornar de elevador (um andar) Deambulação 165m (verificar FC) Instruções para continuidade dos exercícios em casa Monitorados 6 a 18 sessões com ECG ou frequencímetros e preferível supervisão clínica Monitorados 12 a 24 sessões preferencialmente com ECG contínuo e supervisão clínica permanente Maior supervisão Atenção quando existir alguma mudança no estado de saúde, surgimento de novos sintomas ou outra evidência de progressão da doença. Fase II – fase de convalescença após alta hospitalar ✓CONCEITO Corresponde ao trabalho desenvolvido pela fisioterapia com pacientes cardiopatas imediatamente após a fase aguda ou após longo período de hospitalização. • OBJETIVOS: ✓Melhorar a função dos sistemas cardiovascular e respiratório de forma progressiva e segura; ✓Melhorar as condições físicas, mentais e emocionais dos pacientes, dando condições para um retorno mais rápido às suas atividades cotidianas; ✓Reeducar o paciente com intuito de modificar o seu estilo de vida e aumentar seu conhecimento sobre a patologia; ✓Propiciar condições adequadas para o ingresso na fase III dos programa de RCM. • Primeira etapa extra-hospitalar • Equipe multidisciplinar • Início: imediatamente após alta ou alguns dias após ao evento cardiovascular; descompensação; • Duração: 1 a 3 (6 meses*) • Localização: complexo hospitalar, ambulatorial (clubes esportivos, academias, etc..) • Cuidados: recursos básicos emergência (Técnica de ressuscitação) COMPONENTES TERAPÊUTICOS: ATIVIDADE FÍSICA SUPERVISIONADA Individualizada Exercícios aeróbico, fortalecimento muscular e flexibilidade Monitorização: FC, PA, SaO2 Reavaliaçõesperiódicas PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AO PACIENTE Mudança no estilo de vida Ênfase reeducação alimentar ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES ATIVIDADE FÍSICA SUPERVISIONADA: Intensidade: “zona alvo” treinamento • FC equivalente ao VO2 máx obtido teste ergoespirométrico • FC pico esforço teste ergométrico simples (limitado por sintomas e/ou anormalidades) • Índice percepção esforço: BORG (6 a 20) • Formula de Karvonen : FCT=FCR + (Fcmax-FCR) x% PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO FÍSICO: INTENSIDADE DURAÇÃO 30 a 45 min. 45 a 60 min. FREQUÊNCIA 3 a 4 x/semana MODALIDADE Dinâmico e/ou Resistido TIPO Contínuo, circuito e intervalado AQUECIMENTO: • Permite os ajustes circulatórios graduais • Antes: Teste de Caminhada de 6 min • 5 min: exercício em baixa intensidade • 3 min: aquecimento mais intenso (trote ou algo mais intenso) TREINAMENTO PROPRIAMENTE: • 20 a 30 min bicicleta ergométrica, escalador, caminhada/trote ou esteira com 50 - 70% capacidade funcional (FC de reserva) • Progressão até 1 hora (contínuo ou intermitente) • Exercícios intensos: melhoria da resistência à insulina, redução da PA e redução do peso DESAQUECIMENTO E RELAXAMENTO: O paciente deve recuperar os valores de FC e PA iniciais – 10 minutos • Redução gradual da carga de exercício aeróbico • Utilização do alongamento, • Repouso em cadeira ou colchão • Técnicas de respiração (respiração abdominal) • Início: cargas leves – com progressão • Frequência: 2 a 3x por semana com repetições de 6 a 15 e 2 a 4 séries por grupo muscular (intervalo de 30s a 1 min) • Baixa estratificação risco: elevação 40 a 80% esforço máximo (>PA – melhora perfusão coronariana durante diástole – diminui isquemia miocárdica) EXERCÍCIO DE RESISTÊNCIA: EXERCÍCIOS DE FLEXIBILIDADE: Antes ou depois PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AO PACIENTE: ✓Conhecimento da patologia ✓Uso medicação ✓Modificação dos fatores de risco ✓Atividade física, atividade sexual ✓Elaboração de dietas ✓Nível de segurança de atividade de vida diária ✓Gerenciamento do estresse ✓Retorno a atividade laboral SINAIS E SINTOMAS SÚBITOS MAIS COMUNS ÀS COMPLICAÇÕES DURANTE E APÓS EXERCÍCIO FÍSICO Durante o exercício: • Angina • Desconforto torácico • Palpitação • Dispneia excessiva • Incoordenação • Cefaléia leve • Síncope • Suor frio • Dor muscular e fadiga. Após o exercício: • Insônia • Vômitos • Agitação excessiva • Fraqueza • Fadiga • Dor muscular esquelética • Distúrbios gastrointestinais • Náuseas. Fase III Fase IV • Duração: indefinida • Antes da Fase III: reavaliação (cada 6 a 12 meses) • Fase IV: reabilitação sem supervisão • Exercícios: parte da vida cotidiana • Exercício aeróbico: 70 a 90% da FC máx (TE), 50 a 80% da FC reserva (Karvonen) ou pelo Teste CP • Exercícios resistidos: 8 a 15 repetições (meta: fadiga nas últimas 3 séries) • Exercícios de flexibilidade e equilíbrio Aconselha-se realizar avaliação integral do paciente com o objetivo de conhecer o grau de risco cardiovascular, a prescrição individual do exercício e o monitoramento adequado. • Parada cardíaca • Arritmias • Infarto agudo do miocárdio (IAM), entre outras luancesar_01@yahoo.com.br