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Resumo TDAH e Autismo

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Problema 08 – TDAH e Autismo 
Felipe Santos Arruda 
Referências: 
 Compêndio de Psicopatologia, Kaplan 11ª ed. 
 Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, Paulo Dalgalarrondo. 
 DSM V. 
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): 
 O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica que afeta pré-escolares, 
crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, tendo como característica um padrão de redução sustentada no nível de atenção 
e uma intensificação na impulsividade ou hiperatividade. Histórias familiares, genótipos e estudos de imagens neurológicas 
indicam evidências que dão suporte a uma base biológica para o transtorno. Embora diversas regiões do cérebro e vários 
neurotransmissores tenham sido implicados no surgimento dos sintomas, a dopamina continua sendo o foco das investigações. O 
envolvimento do córtex pré-frontal deve-se à alta utilização de dopamina e às conexões recíprocas com outras regiões cerebrais 
que participam da atenção, da inibição, das tomadas de decisão, da inibição a respostas, do trabalho de memória e da vigilância. O 
TDAH afeta entre 5 a 8% das crianças em idade escolar; 60 a 85% dos indivíduos diagnosticados quando crianças continuam a 
atender aos critérios para o transtorno na adolescência, e até 60% permanecem sintomáticos na vida adulta. Com frequência, 
crianças, adolescentes e adultos com TDAH apresentam deficiências significativas na função acadêmica e em situações sociais e 
interpessoais. Esse transtorno costuma estar associado a transtornos comórbidos, tais como os da aprendizagem, de ansiedade, do 
humor e o do comportamento disruptivo. 
 Enquanto no passado era necessária a presença dos sintomas de TDAH na idade de 7 anos, atualmente, nos termos do 
DSM-5, é imprescindível a presença de “diversos sintomas de déficit de atenção e de hiperatividade e impulsividade” aos 12 anos. 
Antes, havia dois subtipos: tipo envolvendo déficit de atenção e tipo hiperativo/impulsivo. Entretanto, no DSM-5, esses subtipos 
foram substituídos por três especificadores que, em essência, denotam os mesmos grupos: (1) apresentação combinada; (2) 
apresentação predominantemente desatenta; (3) apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva. Por fim, no manual, para 
adolescentes com idade igual ou superior a 17 anos e para adultos são necessários apenas cinco, e não seis, sintomas de 
desatenção ou hiperatividade e impulsividade. 
 Etiologia: Os relatos sobre TDAH indicam que as taxas de incidência variam de 7 a 8% entre crianças em idade pré-
puberal que frequentam escolas elementares. Alguns estudos epidemiológicos sugerem que ele ocorra em aproximadamente 5% 
dos jovens, incluindo crianças e adolescentes, e em torno de 2,5% da população adulta. A taxa de incidência em pais e irmãos de 
crianças com o transtorno é 2 a 8 vezes maior que na população em geral. O TDAH é mais prevalente em meninos do que em 
meninas, variando a proporção entre os gêneros de 2:1 até 9:1. Os parentes biológicos em primeiro grau correm um risco bem 
mais elevado de desenvolver este e outros transtornos psiquiátricos, incluindo os do comportamento disruptivo, os de ansiedade e 
depressivos. O risco de incidência de transtornos da aprendizagem e de dificuldades acadêmicas também é muito maior em irmãos 
de crianças com TDAH do que na população em geral. Os pais de crianças com a doença apresentam uma grande incidência de 
transtornos por uso de substâncias. Com frequência, os sintomas de crianças com TDAH surgem aos 3 anos de idade, porém, a 
não ser que eles sejam muito graves, o diagnóstico não é feito até que a criança esteja no jardim de infância ou na escola 
elementar, quando as informações dos professores poderão ser comparadas aos dados dos pares com a mesma idade. 
 Alguns estudos de famílias produziram evidências de uma contribuição genética significativa para o TDAH, revelando 
que houve um aumento na concordância em gêmeos monozigóticos, em comparação a gêmeos dizigóticos, assim como um 
marcante risco elevado de 2 a 8 vezes para irmãos e pais de crianças com TDAH, em comparação ao risco na população em geral. 
Sob o ponto de vista clínico, um irmão pode apresentar predominância de sintomas de impulsividade ou de hiperatividade, e 
outros podem mostrar predominância de sintomas de desatenção. Até 70% das crianças com TDAH preenchem os critérios de 
algum transtorno psiquiátrico comórbido, incluindo transtornos da aprendizagem, de ansiedade, do humor, da conduta e por uso 
de substância. Foram propostas diversas hipóteses a respeito do modo de transmissão de TDAH, incluindo uma relacionada ao 
sexo, que possivelmente explique o aumento significativo nas taxas de incidência do transtorno em indivíduos do sexo masculino. 
Outras teorias focaram em um tipo de modelo de interação de vários genes que produzem os diversos sintomas de TDAH. 
 Postulou-se a associação entre diversos neurotransmissores e sintomas de TDAH. Entretanto, a dopamina é o foco 
principal das investigações clínicas, e o córtex pré-frontal foi envolvido com base no papel que desempenha na atenção e na 
regulação do controle de impulsos. O sistema noradrenérgico inclui o sistema central (com origem no locus ceruleus) e o sistema 
simpático periférico. Qualquer disfunção na epinefrina periférica, que provoca o acúmulo periférico do hormônio, tem um grande 
potencial para realimentar o sistema central e “reajustar” o locus ceruleus para um nível mais baixo. Alguns estudos 
eletrencefalográficos feitos nas últimas décadas em crianças e adolescentes com TDAH encontraram evidências de aumentos de 
atividade na faixa de frequência teta, principalmente nas regiões frontais. Alguns pesquisadores levantaram a hipótese da 
existência de redes cerebrais que promovem componentes da atenção, incluindo foco, atenção sustentada e mudança de atenção. 
Eles descrevem a presença de correlações neuroanatômicas entre os córtices superior e temporal, focalizando a atenção; nas 
regiões parietal e estriatal externas com funções motoras executivas; no hipocampo com codificação de traços de memória; e no 
córtex pré-frontal, deslocando-se de um estímulo para outro. Outras hipóteses sugerem o envolvimento do tronco cefálico, que 
contém a função do núcleo talâmico reticular na atenção sustentada. As taxas de incidência de TDAH são mais elevadas em 
crianças com nascimento prematuro e cujas mães tiveram infecções durante o período de gestação. Em alguns casos, condições 
como insulto perinatal ao cérebro na fase inicial da infância causado por alguma infecção, inflamação ou trauma podem ser fatores 
que contribuem para o surgimento de sintomas de TDAH. Foi observado que crianças com TDAH não apresentam taxas mais 
elevadas de sinais neurológicos focais (suaves) do que a população em geral. Fatores como abuso crônico grave, maus-tratos e 
negligência estão associados a determinados sintomas comportamentais que se sobrepõem ao TDAH, incluindo falta de atenção e 
controle precário dos impulsos. Os fatores predisponentes incluem o temperamento das crianças e fatores genéticos familiares. 
Diagnóstico: 
 Os sinais principais de desatenção, impulsividade e hiperatividade provavelmente se fundamentem na história detalhada 
dos padrões de desenvolvimento da criança, em combinação com a observação direta, sobretudo em circunstâncias que exijam 
atenção sustentada. Em algumas situações, a hiperatividade pode ser mais grave, menos acentuada em outras e menos óbvia em 
atividades recreativas estruturadas. O diagnóstico de TDAH exige a presença de sintomas persistentes e prejudiciais de 
impulsividade e hiperatividade ou desatenção em pelo menos dois ambientes diferentes. Por exemplo, a maior parte das crianças 
com a doença apresenta sintomas na escola e em casa. As característicasque distinguem o TDAH são déficit de atenção e níveis 
elevados de distração para a idade cronológica e para o nível de desenvolvimento. Na escola, com frequência as crianças com 
TDAH têm dificuldade em seguir instruções e exigem um nível elevado de atenção individualizada da parte dos professores. Em 
casa, é frequente a dificuldade para seguir as orientações dos pais, que são obrigados a pedir diversas vezes que os filhos 
completem a execução de tarefas bastante simples. Em geral, essas crianças agem de maneira impulsiva, são instáveis sob o ponto 
de vista emocional, são explosivas, não conseguem manter o foco e são irritáveis. Crianças com predominância de hiperatividade 
possivelmente sejam encaminhadas para tratamento antes daquelas que têm déficit de atenção como sintoma principal. As 
crianças com a combinação de sintomas de desatenção e hiperatividade – impulsividade do TDAH, ou com predominância dos 
sintomas hiperativos – impulsos do transtorno, têm mais condições de receber um diagnóstico estável ao longo do tempo e de 
apresentar algum transtorno comórbido da conduta, se comparadas àquelas com TDAH caracterizado apenas pelo déficit de 
atenção. Com frequência, transtornos linguísticos específicos nas áreas de leitura, aritmética, linguagem e escrita ocorrem em 
associação com TDAH. A avaliação global do desenvolvimento permite excluir outras fontes de desatenção. 
 A história escolar e os relatórios dos professores são de extrema importância para avaliar se as dificuldades de 
aprendizagem e o comportamento na escola são causados principalmente por desatenção ou pelo comprometimento da 
compreensão do material acadêmico. Além das limitações intelectuais, o mau desempenho escolar pode resultar de problemas de 
amadurecimento, rejeição social, transtornos do humor, ansiedade ou autoestima baixa em razão dos transtornos da aprendizagem. 
A avaliação do relacionamento social com irmãos, pares e adultos e a participação em atividades livres e estruturadas podem 
produzir dicas diagnósticas muito valiosas para a presença do TDAH. O exame do estado mental de uma determinada criança com 
TDAH que tenha consciência de sua deficiência pode refletir a presença de um tipo de humor deprimido ou desmoralizante, 
embora não seja necessário fazer testes de transtorno do raciocínio ou de problemas com a realidade. Uma criança com TDAH 
pode apresentar distração e perseverança, além de sinais de percepção visual, de percepção auditiva ou transtornos da 
aprendizagem com base linguística. O exame neurológico possivelmente revele a presença de deficiências ou de imaturidade 
discriminatória visual, motora, perceptiva ou auditiva, sem sinais manifestos de distúrbios visuais ou auditivos. Crianças com 
TDAH costumam enfrentar problemas de coordenação motora e têm dificuldades para encaixar cópias das figuras apropriadas, 
problemas de alternação rápida de movimentos, de discriminação do lado direito e esquerdo, ambidestria, de assimetrias reflexas e 
de uma grande variedade de sinais neurológicos não focais sutis (sinais suaves). Nas situações em que houver indicações de 
episódios de ausência, os médicos devem encaminhar o paciente para consulta neurológica, sendo útil a obtenção a 
eletrencefalografia para excluir a hipótese de transtornos convulsivos. Uma criança com foco convulsivo não identificado no lobo 
temporal tem probabilidade de apresentar perturbações comportamentais que podem se assemelhar àquelas dos casos de TDAH. 
 Critérios Diagnósticos: 1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em 
um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e 
acadêmicas/profissionais: a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, 
no trabalho ou durante outras atividades. b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas. 
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente. d. Frequentemente não segue instruções até 
o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho. e. Frequentemente tem dificuldade para 
organizar tarefas e atividades. f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental 
prolongado. g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades. h. Com frequência é facilmente distraído por 
estímulos externos. i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas. 
Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um 
grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e 
acadêmicas/profissionais: a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. b. Frequentemente 
levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado. c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em 
situações em que isso é inapropriado. d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente. 
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”. f. Frequentemente fala demais. g. Frequentemente 
deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido. h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez. i. 
Frequentemente interrompe ou se intromete. B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam presentes 
antes dos 12 anos de idade. C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais 
ambientes. D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que 
reduzem sua qualidade. E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno 
psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental. 
Características Clínicas: 
 O TDAH pode iniciar na primeira infância, embora raras vezes seja reconhecido até a idade em que a criança começa a 
andar. Em geral, os lactentes com esse transtorno são ativos no berço, dormem pouco e choram bastante. Na escola, crianças com 
TDAH podem se engajar rapidamente em um teste, porém respondem apenas às duas primeiras perguntas. Elas costumam não ter 
paciência para esperar a chamada e respondem antes de qualquer outra pessoa. Em casa, não conseguem esperar nem sequer por 
um minuto. Impulsividade e incapacidade para esperar elogios são reações típicas. Com frequência, são suscetíveis a acidentes. As 
características mais citadas de crianças com TDAH em ordem de frequência são hiperatividade, déficit de atenção (memória 
curta), distração, perseverança, incapacidade para concluir tarefas, desatenção, má concentração, impulsividade (agir antes de 
pensar, mudanças súbitas de atividade, falta de organização, dar pulos na sala de aula), déficits de memória e de raciocínio, 
incapacidade de aprendizagens específicas e deficiências na fala e na audição. Em geral, as características associadas também 
incluem deficiência motora perceptiva, instabilidade emocional e transtorno da coordenação do desenvolvimento. Um percentual 
significativo de crianças com TDAH apresenta sintomas comportamentais de agressão e desafio. Geralmente, as dificuldades 
escolares, tanto de aprendizagem quanto comportamentais coexistem com o TDAH. Os transtornos comórbidos da comunicação 
ou da aprendizagem que dificultam a aquisição, retenção e a exibição de conhecimentos complicam o curso do transtorno. 
 A avaliação de crianças para verificar a presença de TDAH deve incluir história médica e psiquiátrica detalhadas. As 
informações pré-natais, perinatais e da primeira infância devem estar inclusas. Informaçõessobre eventuais complicações 
maternas durante a gestação também são muito importantes. Os problemas médicos que podem produzir sintomas que se 
sobrepõem ao TDAH incluem epilepsia de pequeno mal, deficiências auditivas e visuais, anormalidades tireoidianas e 
hipoglicemia. Além disso, é imprescindível obter um história cardíaca completa, incluindo uma investigação sobre a incidência de 
síncope ao longo da vida, história familiar de morte súbita e exame cardíaco da criança. Embora seja razoável obter um estudo 
eletrocardiográfico (ECG) antes do tratamento, é extremamente importante fazer uma consulta e um exame cardiológico na 
eventual presença de fatores de risco cardíaco. Nenhuma medida laboratorial específica é patognomônica do TDAH. Uma 
execução contínua de tarefas de desempenho, como as tarefas computadorizadas nas quais as crianças pressionam um botão toda 
vez que surgir na tela uma sequência determinada de letras ou números, não é especificamente útil como ferramenta diagnóstica 
para TDAH. Entretanto, pode ter alguma utilidade para fazer comparações no desempenho de uma criança antes e depois do 
tratamento com medicamentos, sobretudo em doses diferentes. Crianças com déficit de atenção tendem a cometer erros de 
omissão, isto é, não pressionam o botão no momento em que a sequência surge na tela. Com frequência, a impulsividade se 
manifesta por erros de omissão, nos quais uma criança impulsiva não resiste à tentação de pressionar o botão, mesmo que a 
sequência desejada ainda não tenha aparecido. 
 O curso do TDAH é variável. Os sintomas persistem na adolescência em 60 a 85% dos casos e, na vida adulta, em 
aproximadamente 60%. Os 40% dos casos remanescentes podem remitir na puberdade ou no início da fase adulta. Em alguns, a 
hiperatividade pode desaparecer, embora persistam os problemas de déficit de atenção e do controle de impulsos. Via de regra, a 
atividade excessiva é o primeiro sintoma a ser remitido, e a distração, o último. Em geral, o TDAH não atenua durante a fase 
intermediária da infância. Pode-se prever a persistência da condição por meio da história familiar, de eventos negativos durante a 
vida e de comorbidade com sintomas da conduta, depressão e transtornos de ansiedade. Geralmente, a remissão ocorre entre as 
idades de 12 e 20 anos. Ela pode ser acompanhada de uma vida adolescente e adulta produtiva, de relacionamentos interpessoais 
satisfatórios e de poucas sequelas significativas. No entanto, a maior parte dos pacientes com o transtorno tem remissão parcial e é 
vulnerável a comportamentos antissociais, bem como a transtornos por uso de substância e do humor. Na maioria dos casos, os 
problemas de aprendizagem persistem durante toda a vida. Alguns sintomas persistem durante a vida adulta em cerca de 60% dos 
casos. Os indivíduos com transtorno persistente podem diminuir a hiperatividade, porém continuam impulsivos e suscetíveis a 
acidentes. Embora, como um grupo, as conquistas educacionais de pessoas com TDAH sejam menos expressivas, se comparadas 
às de indivíduos sem a doença, as histórias iniciais de emprego não são diferentes daquelas de pessoas com formação educacional 
semelhante. 
O risco de desenvolver transtorno da conduta é maior em crianças com TDAH cujos sintomas persistirem na 
adolescência. Crianças com ambos os transtornos correm também o risco de desenvolver transtornos por uso de substância. Parece 
que o desenvolvimento desses transtornos entre adolescentes com TDAH está mais relacionado à presença do transtorno da 
conduta do que do TDAH. A maioria das crianças com TDAH tem alguma dificuldade social. As crianças disfuncionais sob a 
ótica social e com o transtorno apresentam taxas significativamente mais elevadas de doenças psiquiátricas comórbidas e 
enfrentam mais problemas comportamentais na escola, de relacionamento com pares e de relacionamento com membros da 
família. De maneira geral, o desfecho do TDAH na infância aparenta estar associado ao grau da psicopatologia comórbida 
persistente, em especial os transtornos da conduta, incapacidade social e fatores familiares caóticos. Desfechos ideais podem ser 
obtidos por meio de fatores como melhora no desempenho social das crianças, redução na agressividade e melhora na situação 
familiar, o quanto antes. 
Tratamento: 
 Farmacoterapia: A terapia farmacológica é considerada o tratamento de primeira linha para TDAH. Os estimulantes do 
sistema nervoso central são a primeira escolha de agentes levando-se em conta que têm maior eficácia, e os efeitos colaterais 
geralmente são toleráveis. Os estimulantes são contraindicados para uso em crianças, adolescentes e adultos com anormalidades e 
riscos cardíacos conhecidos. Entretanto, em jovens saudáveis sob o ponto de vista médico, os relatos confirmam a excelência na 
segurança das preparações de liberação curta e sustentada de metilfenidato, de dextroanfetaminas e combinações de sais de 
dextroanfetaminas e anfetaminas. As preparações mais recentes de metilfenidato incluem a Metilina, uma forma mastigável do 
medicamento; Daytrana, um adesivo de metilfenidato; e dexmetilfenidato, o D-enantiômero e sua forma de ação prolongada, o 
Focalin XR. O foco principal dessas novas preparações é maximizar os efeitos-alvo e minimizar os efeitos adversos em indivíduos 
com TDAH com resposta parcial ao metilfenidato ou naqueles cuja dosagem tenha sido limitada pelos efeitos colaterais. O 
Venvanse (dimesilato de lisdexanfetamina) é um pró-medicamento da dextroanfetamina que depende do metabolismo intestinal 
para atingir a forma ativa. Ele foi aprovado pela FDA para uso em crianças com idade igual ou superior a 6 anos. O Venvanse, 
que permanece inativo até a metabolização, é um agente com menor probabilidade de risco de abuso ou de overdose. Os efeitos 
colaterais e a eficácia desse medicamento assemelham-se aos de outras anfetaminas usadas no tratamento do TDAH. 
As estratégias atuais defendem a administração de preparações estimulantes de liberação sustentada uma vez ao dia, em 
termos de conveniência e de redução dos efeitos colaterais de rebote. As vantagens das preparações de liberação sustentada para 
uso em crianças são que uma dose pela manhã mantém os efeitos durante todo o dia, não sendo mais necessário que a criança 
interrompa o dia escolar; além disso, há a vantagem de os efeitos do medicamento serem mantidos no mesmo nível durante todo o 
dia, evitando períodos de rebote e de irritabilidade. Os medicamentos não estimulantes aprovados pela FDA para tratamento de 
TDAH incluem a atomoxetina, um inibidor da recaptação de norepinefrina. Ao contrário dos estimulantes, a embalagem de 
atomoxetina tem uma tarja preta alertando sobre aumentos potenciais em pensamentos ou comportamentos suicidas, sendo 
importante monitorar esses sintomas em crianças com TDAH, da mesma forma que em crianças usando antidepressivos. 
Descobriu-se que os alfa-agonistas, incluindo a clonidina e a guanfacina, também são medicamentos eficazes no tratamento de 
TDAH. Recentemente, a FDA aprovou as formas de liberação estendida da clonidina e da guanfacina para tratamento do 
transtorno em crianças com idade igual ou superior a 6 anos. Antidepressivos como a bupropiona têm sido usados com vários 
graus de sucesso para tratar essa doença. 
 Medicamentos Estimulantes: Embora as preparações de metilfenidato e de anfetaminas sejam agonistas dopaminérgicos, 
ainda não se conhece o mecanismo exato desses estimulantes sobre o SNC. As preparações de metilfenidato são altamente 
eficazes em até três quartos das crianças com TDAH, com poucos efeitos adversos. O medicamento Concerta, a forma de 
metilfenidato com liberação estendida OROS de 10 a 12 horas, é administrado uma vez ao dia, pela manhã, e mantém sua eficácia 
durante o horário escolar e mesmo depois das aulas, na parteda tarde e início da noite. Ambas as formas de metilfenidato e 
Concerta de ação mais curta têm efeitos adversos comuns, incluindo cefaleia, dor estomacal, náusea e insônia. Algumas crianças 
apresentam efeito de rebote em que se tornam levemente irritáveis e aparentam ser um pouco hiperativas por um breve período de 
tempo, até o medicamento perder o efeito. Em crianças com história de tiques motores, é muito importante fazer algumas 
observações, tendo em vista que, em alguns casos, o metilfenidato pode exacerbar esses sintomas, enquanto, em outros, os tiques 
não chegam a ser afetados ou até melhoram. Considerando-se que a ocorrência de tiques aumenta e diminui, é importante observar 
seus padrões por algum tempo. Outra preocupação muito comum em relação ao uso de preparações de metilfenidato durante 
longos períodos de tempo é o potencial para supressão do crescimento. Durante os períodos de uso, o fármaco foi associado a uma 
ligeira queda nas taxas de crescimento, e, além disso, se observou que a administração contínua do medicamento por muitos anos, 
sem qualquer interrupção, resultou na supressão de vários centímetros durante o processo de crescimento. Nas situações em que se 
“interromper a administração do medicamento” em fins de semana ou nas férias de verão, as crianças tendem a se alimentar mais 
e a recuperar o processo de crescimento. Os medicamentos estimulantes têm efeitos adrenérgicos e produzem elevações 
moderadas na pressão arterial e na frequência do pulso. Recomenda-se a realização dos seguintes exames completos antes de 
iniciar o uso desses medicamentos: exame físico, pressão arterial, pulso, peso e estatura. Recomenda-se verificar trimestralmente 
estatura, peso, pressão arterial e pulso e fazer um exame físico anual em crianças e adolescentes que estejam em tratamento com 
estimulantes. O monitoramento começa com o início da administração da medicação. 
 
 Medicamentos Não-Estimulantes: A atomoxetina HCl é um inibidor da recaptação de norepinefrina aprovado pela FDA 
para tratamento de TDAH em crianças com idade igual ou superior a 6 anos. Seu mecanismo de ação não é bem compreendido, 
mas se acredita que envolva a inibição seletiva do transportador pré-sináptico de norepinefrina. Comprovadamente, é eficaz no 
tratamento de desatenção e impulsividade em crianças e adultos com TDAH. 
 
 Tratamento dos Efeitos Colaterais: De modo geral, os estimulantes do SNC são bem tolerados, e o consenso atual indica 
que uma dose por dia é suficiente e minimiza os efeitos colaterais de rebote. A tolerabilidade de longo prazo de uma dose com 
mistura de sais de anfetamina produziu efeitos colaterais brandos, em geral perda de apetite, insônia e cefaleia. Uma variedade de 
estratégias foi sugerida para crianças e/ou adolescentes com TDAH que respondem favoravelmente ao metilfenidato, para os quais 
a insônia se tornou um problema significativo. As estratégias clínicas para o tratamento de insônia incluem o uso de difenidramina 
(25 a 75 mg), baixas doses de trazodona (25 a 50 mg) ou adição de um agente adrenérgico como a guanfacina. Em alguns casos, a 
insônia pode atenuar de maneira espontânea depois de alguns meses de tratamento. 
 Psicoterapia: As intervenções psicossociais em crianças com TDAH incluem modalidades como psicoeducação, 
habilidades de organização acadêmica, reabilitação, treinamento de pais, modificação comportamental na sala de aula e em casa, 
terapia cognitivo-comportamental (TCC) e treinamento em habilidades sociais. Fatores como grupos de habilidades sociais, 
treinamento comportamental para pais de crianças com TDAH e intervenções comportamentais na escola e em casa foram 
estudados isoladamente e em combinação com o tratamento médico do TDAH. A avaliação e o tratamento de transtornos 
coexistentes da aprendizagem ou transtornos psiquiátricos adicionais são medidas de extrema importância. O nível de ansiedade 
diminui quando as crianças recebem ajuda para estruturar seus ambientes. O trabalho em equipe para desenvolver conjuntos 
concretos de expectativas para as crianças e um sistema de prêmios para quando as expectativas forem alcançadas é muito 
importante para os professores e para os pais. Uma das metas terapêuticas mais comuns é ajudar os pais de crianças com TDAH a 
reconhecer e promover a noção de que, mesmo que não consigam apresentar “voluntariamente” os sintomas do transtorno, as 
crianças ainda podem ser capazes de atingir expectativas razoáveis. Os pais também devem ser incentivados a reconhecer que, 
apesar das dificuldades dos filhos, cada criança tem capacidade para enfrentar as tarefas normais do processo de amadurecimento, 
incluindo a construção significativa da autoestima a partir do momento em que desenvolver a sensação de domínio. Portanto, 
crianças com TDAH não obtêm benefício algum com a isenção de exigências, expectativas e planejamentos aplicáveis a outras 
crianças. 
Transtorno do Espectro Autista: 
 O transtorno do espectro autista, antes conhecido por transtornos globais do desenvolvimento, é um grupo 
fenotipicamente heterogêneo de síndromes neuroevolutivas, com hereditariedade poligênica, que se caracteriza por uma ampla 
gama de problemas na comunicação social e por comportamentos restritos e repetitivos. Antes do desenvolvimento do DSM-5, o 
conceito de transtorno do espectro autista envolvia cinco transtornos distintos, incluindo transtornos do autismo, de Asperger, 
desintegrativo da infância, síndrome de Rett e transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. O transtorno do 
autismo era caracterizado pela presença de problemas em três domínios: comunicação social, comportamentos restritos e 
repetitivos e desenvolvimento e uso de linguagem aberrante. Uma forma menos ampla do transtorno do espectro autista, o 
transtorno de Asperger, não inclui problemas de linguagem como critério diagnóstico. Um consenso clínico recente mudou o 
conceito de transtorno do espectro autista para um modelo de transição gradual, em que a heterogeneidade dos sintomas é 
reconhecida como inerente ao transtorno, e os problemas diagnósticos básicos caíram em dois domínios: deficiências na 
comunicação social e comportamentos restritos e repetitivos. O desenvolvimento e uso da linguagem aberrante deixaram de ser 
considerados uma característica básica do transtorno do espectro autista. 
 Em parte, essa alteração diagnóstica é fundamentada em estudos recentes envolvendo irmãos com diagnósticos de 
transtorno autista, os quais sugerem que os domínios dos sintomas possam ser transmitidos separadamente e que o 
desenvolvimento e uso da linguagem aberrante não seja uma característica definidora, porém uma particularidade associada em 
alguns indivíduos com esse transtorno. Via de regra, o transtorno do espectro autista se torna evidente no decorrer do segundo ano 
de vida, e, em alguns casos, se observa uma ausência de interesse evolutivo apropriado nas interações sociais, mesmo no primeiro 
ano de vida. Alguns estudos sugerem a possibilidade de que ocorra um declínio na interação social entre o primeiro e o segundo 
ano de vida. Entretanto, em casos mais brandos, deficiências básicas no transtorno do espectro autista talvez não sejam 
identificadas por muitos anos. Embora os problemas linguísticos não sejam critérios diagnósticos primordiais nesse transtorno, os 
médicos e os pais compartilham preocupações sobre crianças que ainda não tenham desenvolvido linguagem alguma no período 
de 12 a 18 meses de idade; além disso, retardo linguístico acompanhado de uma retração no comportamento social é, com 
frequência, um sintoma preditor do transtorno de espectro autista. Em até 25% dos casos ocorre o desenvolvimento de alguma 
capacidade linguística que se perde subsequentemente. Esse transtorno em crianças com desempenho intelectual normale com 
problemas leves no desempenho linguístico pode não ser identificado até o período intermediário da infância, ocasião em que 
aumentam as demandas acadêmicas e sociais. É frequente que as crianças com transtorno do espectro autista mostrem algum 
interesse idiossincrático intenso em uma pequena faixa de atividades, resistam a mudanças e, de forma típica, não reajam ao 
ambiente social conforme seus pares. 
 Nos termos do DSM-5, os critérios diagnósticos para o transtorno do espectro autista incluem deficiências na 
comunicação social e interesses restritos, que se apresentam na fase inicial do período evolutivo; entretanto, quando sutis, esses 
sinais talvez não sejam identificados até alguns anos mais tarde. Aproximadamente um terço das crianças que atendem aos 
critérios diagnósticos do DSM-5 para o transtorno do espectro autista apresenta incapacidade intelectual. Cabe ressaltar que, de 
acordo com o DSM-IV-TR, a síndrome ou transtorno Rett parece ocorrer exclusivamente em mulheres e se caracteriza pelo 
desenvolvimento normal durante pelo menos 6 meses, seguido por movimentos estereotipados das mãos, perda de movimentos 
intencionais, redução no compromisso social, descoordenação e redução no uso da linguagem. Na antiga denominação de 
transtorno desintegrativo da infância, há um progresso normal no desenvolvimento durante cerca de 2 anos e, a partir de então, 
a criança começa a perder as habilidades previamente adquiridas em duas ou mais entre as seguintes áreas: uso da linguagem, 
responsividade social, brincadeiras, habilidades motoras e controle da bexiga ou dos intestinos. 
O antigo transtorno de Asperger caracteriza-se por problemas no relacionamento social e por um padrão repetitivo e 
estereotipado de comportamento sem retardo ou aberração marcante no uso e no desenvolvimento da linguagem. No transtorno de 
Asperger, as capacidades cognitivas e as habilidades adaptativas mais importantes são compatíveis com a idade, embora existam 
problemas na comunicação social. Uma pesquisa envolvendo crianças com os antigos transtornos do espectro autista revelou que a 
idade média do diagnóstico foi de 3,1 anos para aquelas com o transtorno autista, 3,9 anos para aquelas diagnosticadas com 
transtorno pervasivo do desenvolvimento sem outra especificação e 7,2 anos para jovens com o transtorno de Asperger. As 
crianças com transtorno do espectro autista que apresentavam deficiências linguísticas graves receberam o diagnóstico de 
transtorno do espectro autista em média um ano antes daquelas sem problemas de linguagem. As crianças com esse transtorno que 
apresentavam comportamentos repetitivos, como bater palmas, caminhar na ponta dos dedos e brincadeiras estranhas, também 
foram identificadas com transtornos do espectro autista em uma idade mais jovem em relação àquelas que não tinham esses 
comportamentos. 
Epidemiologia: Os transtornos do espectro autista foram diagnosticados de uma forma crescente nas últimas duas 
décadas, e, atualmente, estima-se que a prevalência seja em torno de 1% nos Estados Unidos. Acredita-se que o transtorno do 
autismo ocorra a uma taxa de 8 casos em cada 10 mil crianças (0,08%). Por definição, o início desse transtorno ocorre na fase 
inicial do desenvolvimento, ainda que alguns casos não sejam identificados até que a criança esteja bem mais velha. Em virtude 
desse hiato entre o início do transtorno e o diagnóstico, as taxas de prevalência aumentam com a idade nos casos de crianças mais 
jovens. O transtorno do espectro autista é diagnosticado com uma frequência quatro vezes maior em meninos do que em meninas. 
Em amostragens clínicas, as garotas que o apresentam revelam incapacidade intelectual com muito mais frequência do que os 
garotos. Uma explicação potencial para esse fato é que há uma probabilidade bem menor de identificar, encaminhar clinicamente 
e diagnosticar meninas com esse transtorno sem incapacidade intelectual. 
Etiologia: 
Estudos realizados com famílias e gêmeos indicam que o transtorno do espectro autista tem uma contribuição hereditária 
significativa; entretanto, não parece ser completamente penetrante. Embora até 15% dos casos de transtorno do espectro autista 
pareçam estar associados a mutações genéticas conhecidas, na maior parte das situações sua expressão depende de múltiplos 
genes. Estudos de famílias revelaram que houve um aumento nas taxas de incidência do transtorno do espectro autista nos irmãos 
de uma criança – indíce de até 50% em algumas famílias com duas ou mais crianças com transtorno do espectro autista. Os irmãos 
de uma criança com esse transtorno também correm um grande risco de apresentar uma multiplicidade de problemas de 
desenvolvimento nas habilidades comunicativas e sociais, mesmo nas situações em que não atendam aos critérios para o 
transtorno do espectro autista. A heterogeneidade na expressão dos sintomas em famílias com o transtorno do espectro autista 
revela que há diversos padrões de transmissão genética. Alguns estudos genéticos identificaram dois sistemas biológicos que são 
influenciados no autismo: a descoberta consistente de níveis elevados de serotonina plaquetária (5-HT) e do alvo mTOR, ou seja, 
mecanismos de plasticidade sináptica ligados ao alvo da rapamicina em mamíferos, que aparentemente se rompe no transtorno do 
espectro autista. 
 O transtorno do espectro autista está associado a diversos biomarcadores, potencialmente resultantes da interação de 
genes e de fatores ambientais, que influenciam a função neuronal e o desenvolvimento de dentritos, além de contribuírem para 
alterações no processamento das informações neuronais. Há vários biomarcadores de sinalização anormal no sistema 5-HT, nos 
mecanismos de plasticidade sináptica ligados ao mTOR e nas alterações do sistema inibitório do GABA. O primeiro biomarcador 
identificado no transtorno do espectro autista foi um nível elevado de serotonina no sangue total, quase apenas nas plaquetas. 
Estas adquirem o 5-HT por meio do processo do transportador de serotonina, reconhecidamente hereditário, à medida que 
atravessam a circulação intestinal. O foco principal dos estudos de imagens por ressonância magnética funcionais (IRMf) é a 
identificação de biomarcadores, isto é, correlatos cerebrais funcionais de vários sintomas encontrados no transtorno do espectro 
autista. Estudos de IRMf de crianças, adolescentes e adultos afetados utilizaram tarefas incluindo percepção da face, tarefas faciais 
neutras, déficit de “teoria da mente”, problemas linguísticos e de comunicação, trabalhos com a memória e comportamentos 
repetitivos. Alguns desses estudos apresentaram evidências de que indivíduos com o transtorno do espectro autista têm a tendência 
a escanear faces de maneira diferente dos controles, visto que focalizam mais a região da boca do que a dos olhos, em vez de 
escanearem todo o resto diversas vezes; os indivíduos com esse transtorno focalizam mais as características individuais da face. 
Padrões atípicos de ativação do lobo central foram encontrados em diversos estudos do transtorno do espectro autista durante as 
tarefas de processamento da face, indicando que essa área do cérebro é de extrema importância na percepção social e no raciocínio 
emocional. 
 Há diversos relatos sugerindo que a incompatibilidade imunológica (i.e., anticorpos maternos direcionados ao feto) pode 
contribuir para o transtorno do espectro autista. Os linfócitos de algumas crianças autistas com anticorpos maternos permitem 
pensar que os tecidos neurais embrionários tenham sido lesionados durante a gestação. Em geral, esses relatos se referem a casos 
únicos e aos resultados de estudos controlados, e essa hipótese ainda se encontra em investigação. Aparentemente, ocorre uma 
incidência acima das expectativas de complicações pré-natais e perinatais em lactentesque, mais tarde, são diagnosticados com o 
transtorno do espectro autista. Os fatores pré-natais mais significativos associados a esse transtorno em descendentes são idade 
materna e paterna avançada no momento do nascimento do bebê, hemorragia gestacional materna, diabetes gestacional e bebê 
primogênito. Os fatores de risco perinatais incluem complicações no cordão umbilical, trauma no nascimento, desconforto fetal, 
feto pequeno para a idade gestacional, peso baixo ao nascer, baixo índice de Apgar no quinto minuto, malformação congênita, 
incompatibilidade do grupo sanguíneo ABO ou do fator Rh e hiperbilirrubinemia. Muitas das complicações obstétricas 
relacionadas ao risco do transtorno também são fatores de risco para hipoxia que, em si mesma, pode ser um fator de risco 
subjacente. Não há evidências suficientes para implicar isoladamente qualquer dos fatores de risco pré-natais e perinatais na 
etiologia do transtorno do espectro autista, e alguma predisposição genética para o transtorno pode estar interagindo com fatores 
perinatais. 
 Anormalidades eletrencefalográficas (EEG) e distúrbios convulsivos ocorrem com uma frequência acima da expectativa 
em indivíduos com transtorno do espectro autista. Em torno de 4 a 32% dos indivíduos afetados têm convulsões de grand mal em 
algum momento, e 20 a 25% apresentam aumento no volume ventricular nas varreduras por tomografia computadorizada (TC). 
Diversas anormalidades eletrencefalográficas (EEG) são encontradas em 10 a 83% das crianças com definição prévia de 
transtorno do espectro autista e, embora nenhuma das descobertas eletrencefalográficas sejam específicas desse transtorno, há 
algumas indicações de lateralização cerebral. Existe um consenso atual considerando o transtorno do espectro autista um conjunto 
de síndromes comportamentais causadas por uma multiplicidade de fatores que agem no sistema nervoso central. Alguns estudos 
que fizeram a comparação entre pais de crianças com transtorno do espectro autista e pais de crianças normais não apresentaram 
diferenças significativas na capacidade para criação dos filhos. 
Diagnóstico: 
 Critérios Diagnósticos: A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, 
conforme manifestado por: 1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e 
dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade 
para iniciar ou responder a interações sociais. 2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação 
social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem 
corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal. 3. Déficits para 
desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se 
adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de 
interesse por pares. B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo 
menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia: 1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou 
repetitivos. 2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não 
verbal. 3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco. 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos 
sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente. C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no 
período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as 
capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida). D. Os sintomas causam prejuízo 
clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente. 
E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por 
atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o 
diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar abaixo do 
esperado para o nível geral do desenvolvimento. 
Sintomas Centrais do Espectro Autista: 
 Deficiências Persistentes na Comunicação e na Interação Social: Via de regra, crianças com transtorno do espectro 
autista não se adaptam ao nível esperado de habilidades sociais recíprocas e de interações sociais não verbais espontâneas. Os 
lactentes com esse transtorno possivelmente não desenvolvam sorrisos sociais e, mais tarde, como bebês mais velhos podem não 
ter a postura antecipatória de serem colocados no colo de uma cuidadora. Contato com os olhos menos frequente e mais fraco é 
comum durante a infância e a adolescência, em comparação com outras crianças. O desenvolvimento social de crianças com o 
transtorno caracteriza-se por um comportamento de apego atípico, embora esse tipo de comportamento não esteja ausente. É 
possível que essas crianças não reconheçam ou diferenciem explicitamente as pessoas mais importantes em suas vidas – pais, 
irmãos e professores –, e, no entanto, é provável que não reajam de forma tão intensa quando são deixadas com uma pessoa 
estranha, se comparadas a outras crianças da mesma idade. É frequente as crianças com transtorno do espectro autista sentirem e 
demonstrarem uma ansiedade extrema quando sua rotina normal é interrompida. A partir do momento em que atingem a idade 
escolar, elas aprimoram as habilidades sociais, o que torna o isolamento social menos óbvio, sobretudo no caso das que têm nível 
mais elevado de desempenho. Entretanto, com frequência se observa uma deficiência nas brincadeiras espontâneas com pares e 
nas capacidades sociais sutis que estimulam o desenvolvimento de amizades. Muitas vezes, o comportamento social de crianças 
com autismo pode ser inadequado porque se caracteriza pela timidez. 
Nas crianças mais velhas em idade escolar, as deficiências sociais manifestam-se como uma ausência de conversas 
convencionais, menor compartilhamento de interesses e uma quantidade menor de gestos corporais e faciais no contato com outras 
pessoas. Sob o ponto de vista cognitivo, frequentemente crianças com esse transtorno têm mais habilidade nas tarefas visuais do 
que nas que exigem raciocínio verbal. Uma das características observadas em crianças com transtorno do espectro autista é a 
deficiência na capacidade de perceber os sentimentos ou o estado emocional das pessoas a seu redor. Ou seja, indivíduos com o 
transtorno não conseguem atribuir motivações ou intenções a outras pessoas (fato também conhecido como “teoria da mente”) e, 
por isso, sentem dificuldades para desenvolver empatia. A ausência da “teoria da mente” dificulta a interpretação do 
comportamento social de outras pessoas e produz ausência de reciprocidade social. Indivíduos com o transtorno do espectro 
autista em geral desejam fazer amizades, e as crianças com nível mais elevado de desempenho têm consciência de que sua falta de 
espontaneidade e a incapacidade de responder às emoções e aos sentimentos dos pares é o maior obstáculo para conquistá-las. É 
comum essas crianças serem evitadas ou rejeitadas por pares que têm expectativa de que participem de suas atividades principais e 
sentem seu comportamento tímido e alienante. De modo geral, adolescentes e adultos com transtorno do espectro autista desejam 
manter relacionamentosromânticos, e, para alguns deles, o aprimoramento nas habilidades e na competência social possibilita o 
desenvolvimento de relacionamentos de longo prazo. 
Padrões Restritos e Repetitivos de Comportamento: Desde os primeiros anos de vida, nas crianças com o transtorno do 
espectro autista, as brincadeiras exploratórias esperadas sob a ótica evolucionária são restritas e mudas. Essas crianças não usam 
brinquedos ou objetos da maneira habitual; em vez disso eles costumam ser manipulados de uma forma ritualística, com uma 
quantidade menor de características simbólicas. Em geral, as crianças autistas não apresentam o nível de brincadeiras imitativas 
ou de pantomima abstrata exibido pelas outras da mesma idade, nas quais essas características são espontâneas. As atividades e 
brincadeiras das crianças com o transtorno do espectro autista parecem ser mais rígidas, repetitivas e monótonas em comparação 
com os pares. Os comportamentos ritualísticos e compulsivos são comuns na fase inicial e intermediária da infância. Na maior 
parte das vezes, as crianças afetadas apreciam girar, martelar e ver o fluir de um fluxo de água. Comportamentos compulsivos 
espontâneos, tais como alinhar objetos, são comuns; e, às vezes, uma criança com esse tipo de transtorno pode demonstrar um 
forte apego por determinados tipos de objetos inanimados. Crianças autistas com deficiência intelectual grave apresentam taxas 
elevadas de comportamentos autoestimuladores e autolesivos. Estereotipias, maneirismos e fazer caretas surgem com maior 
frequência nos casos em que a criança estiver em uma situação menos estruturada. Essas crianças costumam encarar transições e 
mudanças como intimidatórias. Fatos como mudança para outra casa, reorganização da mobília do quarto ou mesmo pequenas 
alterações, como fazer as refeições antes do banho, quando o contrário era a rotina, podem desencadear pânico, medo ou ataques 
de birra. 
Características Físicas Associadas: À primeira vista, crianças com o transtorno do espectro autista não apresentam sinais 
físicos que indiquem a presença do transtorno. De maneira geral, elas realmente apresentam taxas mais elevadas de anomalias 
físicas de menor importância, como, por exemplo, malformações nas orelhas, e outras que podem ser reflexo de anomalias que 
ocorreram durante o desenvolvimento fetal dos órgãos, junto com partes do cérebro. Um número maior do que a expectativa de 
crianças com transtorno autista não apresenta destreza manual e lateralidade e permanecem ambidestras na idade em que o 
domínio cerebral costuma ser estabelecido. Observou-se que as que aquelas afetadas o transtorno apresentam uma incidência mais 
elevada de dermatoglifia anormal (p. ex., impressões digitais) do que a população em geral. Essa descoberta possivelmente seja a 
indicação de alguma perturbação no desenvolvimento neuroectodérmico. 
Sinais Comportamentais Associados: 
 Pertubações no Desenvolvimento da Linguagem: As deficiências no desenvolvimento da linguagem e as dificuldades no 
uso da linguagem para comunicar ideias não fazem parte dos critérios básicos para diagnosticar o transtorno do espectro autista; 
entretanto, esses problemas ocorrem em um subgrupo de indivíduos com esse tipo de condição. Algumas crianças com esse 
transtorno não se recusam apenas a falar, e suas anormalidades na fala não resultam da ausência de motivação. O desvio 
linguístico, assim como o retardo no desenvolvimento da linguagem, é uma característica de subtipos mais graves desse 
transtorno. As crianças sofrem com a versão grave do transtorno sentem uma grande dificuldade para organizar as frases de uma 
forma inteligível, mesmo que tenham um vocabulário amplo. Nas situações em que as crianças com o transtorno e com retardo no 
desenvolvimento linguístico aprendem a conversar fluentemente, a conversação pode transmitir informações sem prosódia ou 
inflexão típicas. No primeiro ano de vida, o padrão típico de balbucio pode ser mínimo ou ausente. Algumas crianças com o 
transtorno do espectro autista vocalizam ruídos – cliques, guinchos ou sílabas sem sentido – de uma forma estereotipada, sem 
intenção aparente de se comunicar. Ao contrário da maior parte das crianças, que geralmente têm melhores capacidades 
linguísticas receptivas do que expressivas, na realidade, as autistas podem expressar mais do que compreendem. Palavras ou 
mesmo frases completas podem entrar e sair de seu vocabulário. É bastante comum o fato de algumas usarem uma palavra uma 
vez e não usá-la novamente durante uma semana, um mês ou vários anos. Alguns jovens com o transtorno apresentam fala com 
ecolalia, tanto imediata como retardada, ou frases estereotipadas que parecem fora do contexto. Com frequência, esses padrões 
linguísticos estão associados a inversões pronominais. 
Uma criança com o transtorno pode dizer, por exemplo, “Você quer o brinquedo”, quando, na realidade, ela é quem 
deseja o brinquedo. As dificuldades de articulação também são muito comuns. Muitas crianças autistas usam uma qualidade e um 
ritmo peculiares de voz. Cerca de 50% das crianças autistas nunca chegam a desenvolver uma fala útil. Algumas das mais 
brilhantes têm uma fascinação especial por letras e números. Às vezes, são excelentes na execução de determinadas tarefas ou têm 
habilidades especiais; por exemplo, uma criança pode aprender a ler fluentemente na idade pré-escolar (hiperlexia). Embora 
consigam ler muitas palavras, crianças muito jovens com transtorno do espectro autista compreendem muito pouco o sentido 
daquilo que foi lido. 
Deficiência Intelectual: Em torno de 30% das crianças com transtorno do espectro autista apresentam um nível 
intelectualmente incapaz no desempenho intelectual. Entre esse grupo, cerca de 30% apresentam desempenho na faixa variando de 
leve a moderado, sendo que quase 40 a 50% são grave ou profundamente deficientes sob o ponto de vista intelectual. As 
pontuações do quociente de inteligência (QI) desse transtorno em crianças com deficiências intelectuais tendem a refletir os 
problemas mais graves nas habilidades de sequenciamento e abstração, com forças relativas nas habilidades visuais e espaciais ou 
na aprendizagem de memória. Esse tipo de descoberta mostra a importância dos defeitos nas funções linguísticas. 
Irritabilidade: No sentido amplo, a definição de irritabilidade inclui agressão, comportamentos autolesivos e ataques 
graves de birra. Esses fenômenos são bastante observados em crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista. Em 
geral, é muito difícil superar os ataques graves de birra e, com frequência, o controle dos comportamentos autolesivos é 
extremamente problemático. Esses sintomas costumam ser produzidos por situações do dia a dia em que esses jovens mudam de 
uma atividade para outra, permanecem sentados na sala de aula ou ficam quietos quando sentem vontade de sair correndo. Nos 
casos de crianças afetadas pelo transtorno com desempenho mais baixo e com deficiências intelectuais, o instintivo agressivo pode 
surgir de forma inesperada, sem um desencadeador ou propósito óbvio, sendo observados também comportamentos autolesivos, 
como bater a cabeça, beliscar a pele e se morder. Instabilidade no Humor e Afeto: Algumas crianças com transtorno do espectro 
autista apresentam mudanças repentinas de humor, com explosões de riso ou de choro, sem nenhuma razão óbvia. A melhor 
compreensão desses episódios se torna ainda mais difícil nas situações em que elas não conseguem expressar pensamentos 
associados ao afeto. 
Resposta a Estímulos Sensoriais: Observa-se que crianças com transtorno do espectro autista respondem de forma 
intensa a alguns estímulos e fraca a outros estímulos sensoriais. É uma ocorrência comum que elas aparentem ser surdas; em geral, 
respondem muito pouco ao som da voz de uma conversa normal;no entanto, a mesma criança poderá demonstrar um interesse 
intenso pelo som de um relógio de pulso. Algumas crianças apresentam um limiar alto para dor ou respostas alteradas para ela. Na 
realidade, algumas não respondem a uma lesão com choro ou busca de conforto. Alguns jovens autistas persistem em alguma 
experiência sensorial; por exemplo, com frequência cantarolam uma música ou cantam a canção de algum anúncio comercial, 
antes de expressar palavras ou de usar a fala. Outros gostam particularmente da estimulação vestibular – rotação, oscilação e 
movimentos para cima e para baixo. Hiperatividade e Desatenção: Hiperatividade e desatenção são comportamentos comuns em 
crianças com o transtorno do espectro autista. Níveis de atividade abaixo da média são menos frequentes; nesse caso, há 
alternância com excesso de atividade. Comportamentos como déficit de atenção e incapacidade para se concentrar em uma tarefa 
específica também interferem no desempenho diário. Habilidades Precices: Alguns indivíduos com o transtorno do espectro 
autista têm habilidades precoces ou dissidentes de grande proficiência, tais como habilidade prodigiosa para cálculos e 
aprendizagem de memória, geralmente além das capacidades dos pares normais. Outras habilidades precoces potenciais em 
algumas crianças autistas incluem hiperlexia, uma capacidade precoce para leitura (mesmo que não entendam aquilo que estão 
lendo), memorização e declamação e habilidades musicais (cantar ou tocar; ou reconhecer peças musicais). 
Insônia: Insônia é um problema frequente do sono entre crianças e adolescentes com o transtorno do espectro autista, e as 
estimativas indicam que ocorre em 44 a 83% das crianças em idade escolar. Terapias comportamentais e farmacológicas foram 
aplicadas como intervenções. As intervenções comportamentais incluem mudança no comportamento parental, antes e no 
momento de ir para a cama, bem como criação de rotinas que eliminem os estímulos para permanecer acordado. As 
farmacológicas referem-se ao uso de medicamentos como a melatonina, que aparentemente é um agente promissor em doses 
variando de 1 mg com liberação rápida a 4 mg com liberação controlada, conforme demonstraram alguns estudos envolvendo 
jovens com esse transtorno. Infecções Menores e Sintomas Gastrointestinais: Há relatos de crianças mais jovens com transtorno 
do espectro autista que apresentam incidência acima das expectativas de infecções no trato respiratório superior e outras de menor 
importância. Os sintomas gastrintestinais observados em crianças com o transtorno do espectro autista em geral incluem arrotos 
excessivos, constipação e movimentos intestinais soltos. Observa-se também um aumento na incidência de convulsões febris. 
Algumas crianças não apresentam elevações na temperatura na presença de enfermidades infecciosas de menor importância e 
podem não sentir a indisposição típica de quem está doente. Em outras, os problemas comportamentais e as condições 
relacionadas aparentam melhorar significativamente nos casos de enfermidades menos graves, e essas mudanças podem ser 
indicações da presença de alguma enfermidade física. 
Curso e Prognóstico: Embora seja heterogêneo, o transtorno do espectro autista é uma condição que costuma durar a 
vida toda, com um nível variável de gravidade nos prognósticos. Estes são melhores para crianças com transtorno do espectro 
autista com QI acima de 70 e habilidades adaptativas médias e que desenvolvem linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 
anos. Ao longo do tempo, a maior parte desses jovens, com QI mais elevado, apresentou mudanças positivas na comunicação e 
nos domínios sociais. Descobriu-se que a aplicação imediata de intervenções comportamentais intensivas causou um impacto 
positivo profundo em muitas crianças afetadas, sendo que, em alguns casos, a recuperação e o desempenho ficaram na faixa 
média. As áreas sintomáticas do transtorno do espectro autista que parecem não melhorar substancialmente ao longo do tempo 
com a aplicação imediata de intervenções comportamentais estão associadas a comportamentos ritualísticos e repetitivos. 
Entretanto, nos dias atuais, as intervenções comportamentais com base em evidências, com foco específico nos comportamentos 
repetitivos, podem amenizar os sintomas. O prognóstico de uma determinada criança com o transtorno em geral melhora quando 
há apoio no ambiente doméstico. 
Tratamento: 
 As metas principais dos tratamentos de crianças com transtorno do espectro autista são focar comportamentos básicos 
para melhorar as interações sociais e a comunicação; ampliar as estratégias de integração escolar; desenvolver relacionamentos 
significativos com os pares; e aumentar as habilidades para viver uma vida independente no longo prazo. As intervenções nos 
tratamentos psicossociais têm como foco principal ajudá-las a desenvolver habilidades nas convenções sociais, estimular 
comportamentos socialmente aceitáveis e prossociais com os pares e diminuir os sintomas de comportamentos estranhos. Muitos 
casos exigem soluções linguísticas e acadêmicas. Além disso, as metas dos tratamentos costumam incluir a redução de 
comportamentos irritáveis e disruptivos que possam surgir na escola ou em casa e ser exacerbados nos períodos de transição. 
Crianças com incapacidade intelectual precisam de intervenções comportamentais apropriadas sob a ótica evolutiva para reforçar 
comportamentos socialmente aceitáveis e incentivar habilidades de autocuidado. É frequente também que os pais de crianças com 
o transtorno se beneficiem da educação psicológica, do suporte e da orientação para otimizar o relacionamento e a eficiência com 
suas crianças. 
Psicofármacos: 
 O foco principal das intervenções psicofarmacológicas no transtorno do espectro autista é melhorar os sintomas 
comportamentais associados, em vez das características básicas do transtorno. Os sintomas-alvo abrangem irritabilidade, incluindo 
em um sentido amplo, agressão, ataques de mau humor e comportamentos autolesivos, hiperatividade, impulsividade e 
desatenção. 
Irritabilidade: Dois antipsicóticos de segunda geração, risperidona e aripiprazol, foram aprovados pela FDA para 
tratamento de irritabilidade em indivíduos com transtorno do espectro autista. Observou-se que a risperidona, um antipsicótico 
com alta potência, em combinação com as propriedades da dopamina (D2) e do antagonista do receptor de serotonina (5-HT2), 
controla os comportamentos agressivos e autolesivos em crianças com e sem esse transtorno. A risperidona é considerada o 
tratamento medicamentoso de primeira linha para crianças e adolescentes afetados por esse transtorno com irritabilidade grave. 
Apesar de sua eficácia, seu uso foi limitado em alguns indivíduos pelos efeitos colaterais principais de ganho de peso e aumento 
no apetite; efeitos colaterais metabólicos, como hiperglicemia, elevação no nível de prolactina e dislipidemia; em combinação 
com outros efeitos adversos comuns, como fadiga, sonolência, tontura e sialorreia. A risperidona deve ser usada com muita 
cautela em indivíduos com anormalidades cardíacas ou hipotensão subjacente, considerando-se que esse medicamento pode 
contribuir para a incidência de hipotensão ortostática. Estudos adicionais que deram prosseguimento à avaliação da risperidona 
nesses casos constataram uma eficácia e tolerabilidade persistentes em um período de 6 meses, com retorno rápido dos sintomas 
em indivíduos que apresentaram boas respostas, a partir do momento da interrupção no uso do medicamento. Outros 
medicamentos estudados para o tratamento de irritabilidade no transtorno do espectro autista incluem o aripiprazol e a olanzapina. 
Estudos utilizaram o aripiprazol no tratamento de ataques de mau humor, agressividade e autolesão em crianças e adolescentes 
com o transtorno concluíramque esse medicamento é eficaz e seguro. As doses aplicadas variaram de 5 a 15 mg por dia. Os 
efeitos colaterais principais incluem sedação, tontura, insônia, acatisia, náusea e vômito. Embora não tenha sido tão significativo 
quanto no uso da risperidona, o ganho de peso foi considerado um evento adverso moderado. O ganho de peso foi semelhante 
tanto em doses mais baixas quanto em mais elevadas. A olanzapina, que especificamente bloqueia os receptores de 5-HT2A e D2 
e também os receptores muscarínicos, foi estudada em crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista para tratamento 
de irritabilidade, com tendência a respostas positivas, ainda que tenha havido um ganho de peso substancial de cerca de 3,5 kg. 
Sedação foi o efeito colateral principal. 
Hiperatividade, Impulsividade e Desatenção: Vários testes foram realizados com o metilfenidato para tratamento de 
hiperatividade, impulsividade e desatenção em crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista. O metilfenidato é pelo 
menos moderadamente eficaz em doses de 0,25 a 0,5 mg/kg em jovens autistas e com sintomas de TDAH. Nessa população, a 
eficácia do metilfenidato foi menor do que em crianças com TDAH e sem o transtorno do espectro autista, sendo que aquelas com 
o transtorno do espectro autista desenvolveram efeitos colaterais com maior frequência, incluindo aumento na irritabilidade, 
comparadas às crianças com TDAH. Um estudo sobre o uso do metilfenidato no tratamento de hiperatividade e desatenção em 
crianças na idade pré-escolar com o transtorno autista concluiu que esse tipo de estimulante é seguro e relativamente eficaz; 
metade dessas crianças desenvolveu efeitos colaterais, incluindo aumento nos estereótipos, desconforto gastrintestinal, problemas 
de sono e labilidade emocional. Entre os estimulantes, um estudo duplo-cego, controlado por placebo, sobre hiperatividade, 
impulsividade e desatenção usando a tomoxetina em crianças com esse transtorno chegou à conclusão de que o medicamento foi 
significativamente mais eficiente que o placebo. Os efeitos colaterais incluíram sedação, irritabilidade, constipação e náusea. O 
uso da clonidina, um alfa-agonista, também foi avaliado em crianças autistas para tratamento de hiperatividade e apresentou 
resultados mistos. A guanfacina também foi utilizada em alguns casos. 
Comportamentos Repetitivos e Estereotipias: Esses sintomas básicos do transtorno do espectro autista foram estudados 
com antidepressivos à base de inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), antipsicóticos de segunda geração (ASGs) 
e agentes estabilizadores do humor, como o valproato. Um estudo com fluoxetina chegou à conclusão de que o grupo do 
medicamento foi apenas um pouco melhor – e não significativamente melhor – que o grupo-placebo em relação aos sintomas-
alvo, e outro estudo com escitalopram não encontrou qualquer diferença entre os grupos. Entretanto, a risperidona foi considerada 
eficaz nos tratamentos com foco na irritabilidade, além de ter melhorado os comportamentos restritivos e repetitivos. Um estudo 
recente, com 12 semanas de duração, que utilizou o valproato em 55 crianças autistas com idade média de 9 anos e meio, 
descobriu que as crianças que reagiram em relação à irritabilidade também foram as que consumiram menos tempo em 
comportamentos repetitivos. 
- Síndrome de Rett: condição progressiva que inicia depois de alguns meses daquilo que pode ser considerado um 
desenvolvimento normal. 
- Transtorno Desintegrativo da Infância: regressão acentuada em várias áreas de desempenho, depois de pelo menos 2 
anos de desenvolvimento normal aparente. 
- Transtorno de Aspeger: deficiência da interação social e presença de interesses restritos, sem retardos significativos no 
desenvolvimento linguístico e cognitivo.

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