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Teoria dos Números Aula 4: Congruência Inteiros congruentes Sejam a e b dois inteiros quaisquer e seja m um inteiro positivo fixo. Diz-se que a é congruente a b módulo m se e somente se m divide a diferença a-b. De outra forma: a é congruente a ≡ b módulo m se e somente se existe um inteiro k tal que a- b =km. ab (mód.m) indica-se que a é congruente a b módulo m. Portanto, simbolicamente: ab (mód.m) ↔ m|(a-b) Ou seja: ab (mód.m) K Z | a-b = km Exemplos: 12 3 (mód. 3) , pois 3|(12-3) 2513 (mód. 6) , pois 6|(25-13) -15-63 (mód. 8) , pois 8|(-15+63) Se a não divide a diferença a-b, então diz-se que a é incongruente a ≡ b módulo m, o que se indica pela notação: ab (mód.m) Observações: Caracterização de inteiros congruentes Teorema: Dois inteiros a e b são congruentes módulo m se e somente se a e b deixam o mesmo resto quando divididos por m. Exemplos: Mostrar que 32≡ 23 (mód.3). Solução: Devemos mostrar que 32 e 23, quando divididos por 3, deixam o mesmo resto. De fato: 32 dividido por 3 deixa resto 2 e 23 dividido por 3 também deixa resto 2. Teorema: Dois inteiros a e b são congruentes módulo m se e somente se a e b deixam o mesmo resto quando divididos por m. Exemplos: Mostrar que os inteiros -46 e 24 deixam o mesmo resto quando divididos por 7. Solução: -46≡24(mód.7).pois 7|(-46-24) Congruência módulo m Teorema: Seja m um inteiro fixo e sejam a, b e c inteiros quaisquer. a ≡ a (mód.m) Se a ≡ b (mód.m) , então b (mód.m) Se a ≡ b (mód.m) e se b ≡ c (mód.m) , então ac (mód.m) ##exercício resolvido aula 4 – pasta## Classes residuais Agora vamos estudar o conceito de classes residuais. Definição: Chama-se classe residual módulo m (m >0) de um inteiro a o conjunto de todos os inteiros que são congruentes a a módulo m. Em outras palavras, o conjunto de todos os inteiros que, divididos por m, deixam resto a. Vamos dar exemplos de algumas classes residuais: Operações com congruências Se a ≡ b (mód .m) e se c ≡ d ( mód. m), então: 1) a+c ≡ b + d (mód.m) 2) a-c ≡b-d (mód.m) 3) ac≡ bd (mód.m) Demonstração: 1) Se a ≡ b ( mód.m), então a = b + mk (I) Se c≡d (mód.m), então c = d + m h (II) Somando (I) e (II), temos: a+c = b+d+mk+mh a+c = b+d +(K+h)m, daí: a+c ≡b+d (mód.m) 2 ) Se a≡b (mód.m), então a = b +m K (I) Se c ≡d (mód.m), então c = d + mh (II) Fazendo (I)-(II), temos: a - c = b+mk –d-mh a - c =(b-d)+(k-h)m, daí: a - c ≡(b-d) (mód.m) 3) ac=(b+mk)(d+mh) = (bd+bmh+dmk+mmhk) ac = bd+(bh+dk+mnk) m, daí: ac≡ bd (mód.m) 1) 10-5≡2+3 (mód.4) 5 ≡5(mód.4) 10-(-5)≡2-3 (mód.4) 15≡-1 (mód.4) -50≡6(mód.4) 2) 11≡ -2 (mód.13) -5≡21 (mód.13) 6≡19 (mód.13) 11-(-5)≡-2-21(mód.13) 16≡-23 (mód.13) -55≡-42(mód.13) Operações com congruências – mudança de módulo Veremos alguns teoremas envolvendo mudança de módulo numa congruência. Teorema: Se a ≡ b (mód.m) e se n|m, sendo m um inteiro positivo, então a≡b (mód.n). Demonstração: Se a ≡ b (mód.m), então a-b = hm, onde h é um inteiro qualquer. Se n|m, então m =nj, onde j é um inteiro positivo qualquer. Logo: a-b=(hj)n e a≡ (mód.n). Exemplos: 20≡ 12 (mód.8) e 4 |8, então 20≡12 (mód.4). 18≡ 8 (mód.10) e 5 |10, então 18≡8 (mód.5). -15≡ -3 (mód.4) e 2| 4, então -15≡-3 (mód. 2). Teorema: Se a ≡ b (mód.m) e se c é um inteiro positivo, então ac≡ bc (mód.mc). Se a≡b (mód.m), então a-b= hm, onde h é um inteiro qualquer. Multiplicando a equação por c, encontramos: ac –bc =h(cm), então ac≡bc(mód.mc). Exemplos: 12≡ -4 (mod.8) e c= 3, então 36≡-12 (mód.24) 20≡ 4 (mód.4) e c = 10, então 200≡40 (mód.40). Teorema: Se a ≡b (mód.m) e se a,b e m são todos divisíveis pelo inteiro positivo d, então: Demonstração: Com efeito, se a≡b (mód.m) ,então: a-b =hm, com h inteiro qualquer. Dividindo toda a equação por d, temos: Daí: Exemplos: 32≡8 (mód. 12) e como 32, 8 e 12 são todos divisíveis por 4, temos: 8≡ 2 (mód.3). 40≡4 (mód.12) e como 40, 4 e 12 são todos divisíveis por 4, temos: 10≡1 (mód.3). Teoria dos Números Aula 5: Equações e Sistemas de equações Diofantinas Equações e Sistemas de equações diofantinas lineares A forma da equação diofantina linear com duas incógnitas x e y é: ax+by = c, onde a, b e c são inteiros dados, sendo ab≠0. Exemplos: 1) 2x+3y = 5 2) 3x+6y = 10 3) 5x+2y = -4 Consideremos a equação diofantina linear 2x+3y = 5. Podemos observar sem muita dificuldade que os valores x = 1 e y = 1 satisfazem à equação. Basta para isso substituirmos na equação; vejamos: 2 (1) + 3 (1) = 5 2 + 3 = 5 5 = 5 Incógnitas Encontramos uma sentença verdadeira, portanto o par fornecido é uma solução da equação diofantina linear 3x -4y = -15. Existem equações diofantinas lineares com duas incógnitas que não têm solução. Vejamos um exemplo: A equação 2x +4y = 13 não tem solução. Basta observarmos que o valor de x está sendo multiplicado por 2, e portanto, é um número par. O valor de y está sendo multiplicado por 4, portanto o resultado é também um número par. A soma de dois números pares obrigatoriamente é um número par, sendo impossível encontrarmos como resposta 13. Logo, a equação não apresenta solução. Em geral, a equação diofantina linear ax + by = c não tem solução todas as vezes que d =mdc (a,b) não divide c. Em outras palavras, a equação diofantina linear tem solução se e somente se d divide c, sendo d = mdc (a,b). Vejamos os exemplos: A equação linear 2x + 3y = 6 tem solução inteira? mdc (2,3) = 1 e 1 divide 6, portanto a equação apresenta solução. A equação linear 2x +6y = 23 tem solução inteira? mdc (2,6) = 2 e 2 não divide 23, portanto a equação não apresenta solução inteira. Teorema Solução Particular Devemos atentar para o fato de a solução geral ser obtida a partir de uma solução chamada solução particular. Por exemplo: Determinar todas as soluções inteiras da equação 2x +5 y =10. Seja d= mdc (2,5) = 1, que divide 10, logo a equação apresenta solução. Mais exemplos Vamos observar que, para cada valor que escolhemos para t, obtemos uma nova solução para a equação. Vamos escolher, por exemplo, t = 2. Substituindo, obteremos: x= 5 (2) =10 y =2-2(2)=2-4=-2 Portanto x =10 e y =-2 é uma nova solução para a equação dada. Vamos a um novo exemplo: 4x+2y =12 x=2+(2/2)t, y = 2-(4/2)t ... Aonde t é um inteiro qualquer. x =2+t, y = 2-2t ... É a solução da equação. Não é demais lembrarmos que, para cada valor inteiro de t escolhido, obteremos uma solução da equação dada. Por exemplo, fazendo t = -1, encontramos: X = 2 -1 = 1 e y = 2 -2 (-1) X = 1, y = 4 Obs.: Uma solução particular da equação diofantina linear pode ser obtida por tentativas ou pelo algoritmo de Euclides. Vamos a mais um exemplo: Determinar todas as soluções da equação diofantina linear 172 x + 20 y =1000. Determinemos, inicialmente, o mdc(172,20) pelo processo das divisões sucessivas (Algoritmo de Euclides): 172 =20.8+12 20 =12.1+8 12=8.1+4 8=4.2 Portanto, o mdc (172,20) = 4 e como 4/1000, segue-se que a equação tem solução. Devemos expressar o inteiro 4 como combinação linear de 172 e 20. Para tal, devemos eliminar sucessivamente os restos 8 e 12 entre as três primeiras igualdades anteriores, da seguinte forma: 4=12-8=12-(20-12)=2.12-20=2(172-20.8)-20=172.2+20(-17) Isto é: 4 =172.2+20 (-17) Multiplicando ambos os membros desta igualdade por 1000/4 =250, obtemos: 1000=172.500+20(-4250) Portanto, o par de inteiros x0 =500, y0 =-4250 é uma solução particular da equação proposta, e todas as outras soluções são dadas pelas fórmulas: Teoria dos Números Aula 6: Equações e Sistemas de equações Diofantinas Condição de existência de solução A congruência linear ax b (mód.m) tem solução se e somente se d divide b (d/b), sendo d=mdc(a,m). Exemplos: 4x ≡ 2(mód.3) d = 1 = mdc(4,3) e 1 divide 3, portanto a congruência linear apresenta solução. 12x ≡ 8 (mód.4) d = 4 = mdc(12,4) e 4 divide 8, portanto a congruência linear apresenta solução. 12x ≡ 8 (mód.3) d = 3 = mdc(12,3), mas 3 nãodivide 8, portanto a congruência não apresenta solução. Exercícios resolvidos Do teorema anterior, podemos concluir que, se o mdc(a,m)=1, então a congruência linear ax b(mód.m) tem uma única solução módulo m. Exemplo 1: Resolver a congruência linear: 6x ≡ 10 (mód.8) Exemplo 2: Resolver a congruência linear: 21x ≡ 15 (mód.39) Exemplo 3: Resolver a congruência linear: 3x ≡ 6 (mod.18) Exemplo 4: Resolver a congruência linear: 14x ≡ 36 (mod.48) Exemplo 5: Resolver a congruência linear: 64x ≡ 16 (mod.84) Resolução de equações diofantinas lineares por congruências Resolver por congruências a equação diofantina linear 48x+7y =17. Resolver por congruências a equação diofantina linear 48x+7y =17. Resolver por congruências a equação diofantina linear: 9x+16y =35. Resolver por congruência a equação diofantina linear: 7x + 6y = 9. Inverso de um inteiro Definição: Seja a um inteiro, chama-se inverso de a módulo m, caso exista um inteiro a* tal que a.a* ≡ 1(mód.m). Exemplos: Qual o inverso de 5 módulo 6? • 5x ≡ 1(mód.6) • 5.5 ≡ 1(mód.6) Portanto, o inverso de 5 módulo 6 é o próprio 5. Qual o inverso de 4 módulo 12? • 4x ≡ 1(mód.12) O mdc (4,12) = 4, mas 4 não divide 1, portanto a congruência linear não tem solução. Logo, 4 não tem inverso módulo 12. Sistemas de congruências lineares Um sistema de duas ou mais congruências lineares não necessariamente tem solução, mesmo que cada congruência linear que forma o sistema tenha solução isoladamente. Vamos resolver o sistema de congruências lineares: x ≡ 1(mód.2) e x ≡ 1(mód.3) Se x ≡ 1(mód.2), então x = 2 a +1, logo: 2a + 1 ≡ 1 (mód.3) 2a ≡ 0 (mód.3) a ≡ 0 (mód.3), daí: a = 3b x = 2(3b) + 1 x = 6b + 1 x ≡ 1(mód.6) Outro exemplo: x ≡ 5(mód.12), x (mód.19) x ≡ 5(mód.12) x = 5 + 12a, substituindo na outra congruência, temos: 5 + 12a 7(mód.19) 12a ≡ 2(mód.19) 6a ≡ 1(mód.19) 6a - 18(mód.19) a - 3(mód.19) a ≡ 16(mód.19) a = 16 + 19b x = 5 + 12a x = 5 + 12(16 + 19b) x= 5 + 192 + 228b x = 197+228b x ≡ (mód.228) Teoria dos Números Aula 7:
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