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Enfermagem na Saúde do Adulto: cuidados mínimos e intermediários Prof. MsC. Roberto Albuquerque Assistência de Enfermagem à Pacientes com Distúrbios Endócrinos Os sistemas corporais são controlados pelo sistema nervoso e pela rede interconectada de glândulas, conhecidas como sistema endócrino. A compreensão da função de cada uma das glândulas endócrinas e as consequências da hipofunção e hiperfunção de cada uma das glândulas possibilita ao enfermeiro prever as alterações fisiológicas e planejar as prescrições de cuidados. Glândulas do Sistema Endócrino As glândulas endócrinas incluem a hipófise, tireoide, paratireoides, suprarrenais, ilhotas pancreáticas, ovários e testículos. Essas glândulas, que secretam seus produtos diretamente para dentro da corrente sanguínea, são diferenciadas das glândulas exócrinas, como as glândulas sudoríparas, que secretam através de dutos para as superfícies epiteliais ou para dentro do trato gastrintestinal. O hipotálamo é a ligação entre os sistemas nervoso e endócrino. Glândula Endócrina e Hormônio Principal Local de Ação Principais Processos Afetados Hipófise Hormônio de Crescimento Geral Crescimento dos ossos, músculos e outros órgãos Hipófise Tireoestimulante (TSH) Tireoide Crescimento e atividade secretora da glândula tireoide Hipófise Folículo-Estimulante (FSH) Ovários e Testículos Desenvolvimento dos folículos e secreção do estrogênio; Espermatogênese Hipófise Luteinizante (LH) Ovários Ovulação, formação do corpo lúteo, secreção de progesterona Hipófise Prolactina Glândulas mamárias e ovários Secreção do leite; manutenção do corpo lúteo Hipófise Antidiurético (ADH) Rim; Arteríolas Reabsorção de água; pressão arterial Hipófise Ocitocina Útero; Mama Contração; Expulsão do leite Glândula Pineal Melatonina Gônadas Maturação sexual Tireoide Tiroxina (T4) e Triiodotironina (T3) Geral Crescimento e desenvolvimento Paratireoide Paratormônio Osso, rim, intestino Aumenta a absorção de cálcio Glândula Endócrina e Hormônio Principal Local de Ação Principais Processos Afetados Suprarrenais Cortisol Geral Metabolismo de carboidratos; resposta ao estresse; anti-inflamatório Suprarrenais Aldosterona Rim Reabsorção de sódio; eliminação de potássio Suprarrenais Adrenalina Músculo cardíaco; músculo liso; glândulas Funções de emergência: estimula o sistema nervoso simpático Suprarrenais Noradrenalina Órgãos inervados pelo sistema nervoso simpático Aumenta a resistência periférica Ilhotas Pancreáticas Insulina Geral Diminui a glicemia: utilização e armazenamento de carboidratos; diminui a neoglicogênese Ilhotas Pancreáticas Glucagon Fígado Aumenta a glicemia Testículos Testosterona Geral; órgãos reprodutores Desenvolvimento das características sexuais secundárias Ovários Estrogênio Geral; Glândulas Mamárias; Órgãos reprodutores Desenvolvimento das características sexuais secundárias Ovários Progesterona Glândulas mamárias; útero Desenvolvimento do tecido secretor; preparação para a implantação; manutenção da gestação Trato Gastrintestinal Gastrina Estômago Produção do suco gástrico Trato Gastrintestinal Secretina Fígado e pâncreas Produção da bile Assistência de Enfermagem à Pacientes com Distúrbios da Tireoide A glândula tireoide é um órgão e forma de borboleta, localizado na parte inferior do pescoço, anterior à traqueia. Ela consiste em dois lobos laterais ligados por um istmo. Ela tem cerca de 5cm de comprimento por 3cm de largura e pesa aproximadamente 30g. Hormônios da Tireoide - Função Primária: controlar a atividade metabólica celular. - T4, um hormônio relativamente fraco, mantém o metabolismo corporal em um estado de equilíbrio. - O T3, é cerca de cinco vezes mais potente que o T4 e apresenta uma ação metabólica mais rápida. - Aceleram os processos metabólicos por aumentarem o nível de enzimas específicas que contribuem para o consumo de oxigênio e por alterarem a responsividade dos tecidos aos outros hormônios. Os hormônios tireóideos, através de seus amplos efeitos sobre o metabolismo celular, influenciam todos os principais sistemas orgânicos. Hipotireoidismo O hipotireoidismo resulta de níveis baixos de hormônio tireóideo. As causas dessa redução de níveis de hormônios tireóideos podem ser: tireoidite linfocítica crônica (tireoidite de Hashimoto), atrofia da glândula tireoide com o envelhecimento, terapias para o hipertireoidismo (iodo radioativo; tireoidectomia), medicamentos (lítio; compostos de iodo), radiação na cabeça e pescoço para tratamento de tumores de cabeça e pescoço, deficiência ou excesso de iodo. Hipotireiodismo – Manifestações Clínicas As manifestações clínicas do hipotireoidismo são inespecíficas, porém fadiga extrema é um dos sintomas mais comuns. Relato de perda de cabelos, unhas quebradiças e pele seca são comuns, e a dormência e formigamento dos dedos podem acontecer. Ocasionalmente, o paciente pode queixar-se de rouquidão. Distúrbios menstruais também ocorrem (menorragia ou amenorreia), além da perda da libido. Geralmente o paciente começa a ganhar peso, mesmo sem um aumento da ingesta alimentar. A face torna-se sem expressão e semelhante a uma máscara. Geralmente o paciente também se queixa de frio, mesmo em ambientes aquecidos. A fala é lenta, a língua aumenta; queixa-se de constipação; a surdez também pode acontecer. Hipotireiodismo – Manifestações Clínicas . Tratamento Tratamento Clínico O tratamento consiste em: Reposição do hormônio tireóideo Terapia de suporte: gasometria arterial; oximetria de pulso (saturação de oxigênio) Prevenção da função cardíaca: verificar aterosclerose, IAM, angina (no início do tratamento) Tratamento Tratamento de Enfermagem Modificando a atividade: encorajar o paciente a participar das atividades dentro dos níveis de tolerância estabelecidos para evitar as complicações da imobilidade. Monitorizando o estado físico: os sinais vitais e o nível cognitivo do paciente são monitorizados de perto para detectar a deterioração do estado físico e mental. Promovendo o conforto físico: com frequência, o paciente experimenta calafrio e intolerância extrema ao frio. Roupas extras e cobertores são fornecidos. O uso de almofadas térmicas e cobertores elétricos é evitado devido ao risco de vasodilatação periférica, perda adicional do calor corporal e colapso vascular. Oferecer suporte emocional devido a mudança na imagem corporal, fadiga. Diagnósticos de Enfermagem e Prescrições de Cuidados Intolerância à atividade relacionada à fadiga e ao processo cognitivo deprimido Meta: participação aumentada nas atividades e aumento da independência Espaçar as atividades para promover o repouso e o exercício Ajudar nas atividades de autocuidado quando paciente estiver fatigado Fornecer a estimulação através da conversa e de atividades não estressantes Encoraja às atividades Hipotermia Meta: manutenção da temperatura corporal Fornecer camada extra de roupas ou cobertor Evitar fonte externa de calor Monitorizar temperatura corporal Proteger contra a exposição ao frio e ao fluxo de ar Diagnósticos de Enfermagem e Prescrições de Cuidados Constipação relacionada à função gastrintestinal deprimida Meta: retorno da função intestinal normal Encorajaringesta hídrica Fornecer alimentos ricos em fibras Monitorizar a função intestinal Encorajar a deambulação dentro da tolerância do paciente ao exercício Conhecimento deficiente relacionado ao esquema terapêutico Meta: conhecer e aceitar o esquema terapêutico prescrito Explicar o porquê da reposição de hormônio tireóideo Descrever os efeitos desejados do medicamento para o paciente Ajudar o paciente a desenvolver um horário para os medicamentos Explicar a necessidade de acompanhamento por longo prazo para o paciente e família Diagnósticos de Enfermagem e Prescrições de Cuidados Padrão respiratório ineficaz relacionado à ventilação deprimida Meta: estado respiratório melhorado e manutenção do padrão respiratório normal Monitorizar frequência respiratória, oximetria de pulso e gasometria Encorajar respiração profunda, tosse. Manter via aérea permeável. Confusão aguda Meta: melhoria dos processos de raciocínio Orientar o paciente para tempo, espaço, data e eventos ao redor dele Fornecer a estimulação através da conversa e atividades sem risco Explicar ao paciente e à família que a mudança na função cognitiva e mental é uma consequência do processo patológico Monitorizar os processos cognitivos Hipertireoidismo O hipertireoidismo é o segundo distúrbio endócrino mais prevalente depois da diabetes. A doença de Graves, o tipo mais comum de hipertireoidismo, resulta de um débito excessivo de hormônios tireóideos causado pela estimulação anormal da glândula tireoide, afetando oito vezes mais mulheres do que homens. Ele pode aparecer depois de um choque emocional, estresse ou infecção, porém o significado exato dessas relações não é conhecido. Hipertireoidismo O sintoma frequentemente apresentado é o nervosismo. Eles costumam mostrar-se irritáveis e apreensivos; não podem sentar-se calmamente; sofrem palpitações; pulso rápido; toleram mal o calor e raramente suam; pele continuamente umidificada; uma coloração salmão; exoftalmia é frequente. Outras manifestações incluem um apetite e ingesta dietética aumentada, perda de peso progressiva, fadiga muscular e fraquezas anormais. Tratamento Médico Visa reduzir a hiperatividade tireóidea por meio de três ações: (1) irradiação, envolvendo a administração de radioisótopos (iodo radioativo) para os efeitos destrutivos sobre a glândula tireoide; (2) farmacoterapia, por meio de medicamentos que interferem na síntese de hormônios tireóideos e; (3) cirurgia, com a remoção da maior parte da glândula tireoide. Diagnósticos de Enfermagem e Cuidados Com base em todos os dados do histórico de enfermagem, os principais diagnósticos de enfermagem do paciente com hipertireoidismo incluem: Nutrição desequilibrada, mais que as necessidades corporais Meta: melhorar o estado nutricional Oferecer dieta balanceada e de pequeno tamanho Evitar alimentos condimentados e estimulantes Encorajar alimentos hipercalóricos e hiperprotéicos para aumento do peso Controle emocional instável relacionada à irritabilidade, apreensão e instabilidade emocional Meta: estimular medidas de aceitação Tranquilizar paciente e família sobre a irritabilidade, informando que os sintomas desaparecerão com o tratamento Manter conduta calma e tranquila com o paciente Manter ambiente calmo Encorajar atividades de relaxamento Diagnósticos de Enfermagem e Cuidados Baixa autoestima situacional relacionada às alterações do aspecto (exoftalmia), apetite excessivo e perda de peso Meta: melhorar a autoestima Informar a familiares e amigos para não chamar atenção do paciente para as mudanças ocorridas na imagem corporal Informar que a maioria das alterações desaparecerá com o tratamento Hipertermia Meta: manter a temperatura corporal Assistência de Enfermagem à Paciente com Diabetes Mellitus O diabetes mellitus é um grupo de doenças endócrinas caracterizadas por níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) resultante de defeitos na secreção de insulina e/ou na ação desta. Assistência de Enfermagem à Paciente com Diabetes Mellitus A insulina, hormônio produzindo pelo pâncreas, controla o nível de glicose no sangue ao regular sua produção e armazenamento. No estado diabético, as células podem parar de responder à insulina ou o pâncreas pode parar totalmente de produzi-las. Isso leva a hiperglicemia que pode resultar em complicações metabólicas agudas, como a hipoglicemia e cetoacidose diabética. Assistência de Enfermagem à Paciente com Diabetes Mellitus Os efeitos em longo prazo da hiperglicemia contribuem para complicações macrovasculares (doença coronariana, doença vascular cerebral e doença vascular periférica), para complicações microvasculares crônicas (doença renal e ocular) e para complicações neuropáticas (doença dos nervos). Classificação do Diabetes tipo 1 (diabetes mellitus insulino-dependente) tipo 2 (diabetes mellitus não-insulino-dependente) diabetes mellitus associado a outras condições ou síndromes diabetes mellitus gestacional (DMG) Classificação Atual Classificação Anterior Características e Implicações Clínicas Tipo 1: diabetes insulino-dependente Diabetes juvenil Início em qualquer idade, mas usualmente no jovem (abaixo dos 30 anos); usualmente magro no diagnóstico; perda de peso recente; etiologia: fatores genéticos, imunológicos ou ambientais; pouca ou nenhuma insulina endógena; precisa de insulina para preservar a vida. Tipo 2: diabetes não- insulino-dependente Diabetes do adulto Início em qualquer idade, usualmente depois dos 30 anos; usualmente obeso no diagnóstico; diminuição da insulina endógena ou aumentada a resistência à insulina; pode controlar através da perda de peso; podem usar hipoglicemiantes orais. Diabetes mellitus associado a outras condições ou síndromes Diabetes secundário Acompanhada de doenças pancreáticas ou anormalidades hormonais. Diabetes gestacional Diabetes gestacional Início durante a gravidez, usualmente no segundo ou terceiro trimestre; devido aos hormônios secretados pela placenta, que inibem a ação da insulina; tratado com dieta e, quando necessário, com insulina; pode desaparecer após a gestação; podem desenvolver o diabetes tipo 2 em algum momento da vida. Tolerância comprometida à glicose (intolerância à glicose) Diabetes limítrofe; diabetes latente; diabetes assintomático Glicose comprometida em jejum; podem desenvolver o diabetes; suscetibilidade acima do normal para doença aterosclerótica. Manifestações Clínicas As manifestações clínicas incluem os 3 P’s: poliúria, polidipsia e polifagia. A poliúria (micção aumentada) e a polidipsia (sede aumentada), ocorrem em consequência da perda excessiva de líquido associada à diurese osmótica. O paciente também experimenta polifagia (apetite aumentado) decorrente da deficiência da insulina e pela quebra (clivagem) de proteínas e lipídios. Outros sintomas englobam a fadiga, fraqueza, perda de peso, alterações súbitas da visão, formigamento ou dormência nas mãos ou pés, pele seca, lesões que curam de forma lenta e infecções recorrentes. O início da diabetes tipo 1 também podem estar associado à náuseas, vômitos ou dores abdominais. Critérios para Diagnóstico Deve apresentar: sintoma de poliúria, polidipsia, perda ponderal de peso, acrescido de glicose causal maior ou igual a 200mg/dl. Compreende-se como glicose casual aquelarealizada a qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições. Categoria Jejum Duas horas após Glicemia Normal Abaixo de 100 Abaixo de 140 Tolerância à Glicose Diminuída Maior ou igual a 100 e menor que 126 Maior ou igual a 140 a menor que 200 Diabetes mellitus Maior ou igual a 126 Maior ou igual a 200 (com sintomas clássicos) (Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes – 2015-2016) Tratamento A principal meta do tratamento do diabetes é normalizar a atividade da insulina e os níveis sanguíneos de glicose para reduzir o desenvolvimento de complicações vasculares e neuropáticas. Existem cinco componentes do tratamento do diabetes: Tratamento nutricional: fornecer todos os constituintes alimentares essenciais; atingir e manter um peso razoável; satisfazer às necessidades de energia; evitar as amplas flutuações diárias nos níveis sanguíneos de glicose, mantendo-os o mais próximo possível da normalidade de forma segura e prática; diminuir os níveis de lipídios. Tratamento Exercício Físico: o exercício físico diminui a glicemia por aumentar a captação da glicose pelos músculos do corpo e melhorar a utilização da insulina; sempre fazer um lanche antes de atividades físicas. Monitorização: automonitorização da glicose sanguínea; monitorização da hemoglobina glicosilada (hemoglobina presa a glicose) de 3 em 3 meses; exame da glicose urinária. Terapia Farmacológica: esquemas de insulinas e hipoglicemiantes orais Educação: educação em saúde relacionada as habilidades de autocuidado diário, comportamentos de prevenção em seu estilo de vida, nutrição, efeitos dos medicamentos, exercícios físicos, complicações da diabetes. Tipos de Insulina Evolução da Ação Início Pico Máxim o Duração da Ação Indicações Ação Rápida 10- 15min 1h 3h Redução rápida do nível de glicose, para tratar hiperglicemia pós-prandial Ação Curta (Insulina Regular) 30’ – 1h 2-3h 4-6 h Comumente administrada 20-30 minutos antes da refeição Ação Intermediária (NPH) 3-4h 4-12h 16-20h Usualmente utilizada depois do alimento Ação Longa (ultralenta) 6-8h 12-16h 20-30h Usado principalmente para controlar o nível de glicose em jejum Complicações da Terapia com Insulina Reações Alérgicas Locais: rubor, edema, dor e enduração ou de uma pápula de 2 a 4cm, pode surgir no sítio de injeção 1 a 2 horas depois. Não utilizar álcool para limpar o local antes e depois da aplicação. O médico pode prescrever um anti-histamínico para reverter o caso. Reações Alérgicas Sistêmicas: são raras. Pode existir uma reação cutânea local imediata que, gradualmente, se transforma em urticária generalizada. Raras ainda podem ser edema generalizado ou anafilaxia. Lipodistrofia insulínica: reação localizada no sítio de aplicação da insulina; aparece como uma pequena depressão mais acentuada do tecido adiposo subcutâneo. Necessidade de rodízio dos sítios de injeção. O paciente deve evitar injetar insulina nessas áreas até que a hipertrofia desapareça. Resistência à insulina Hiperglicemia matinal Autoadministração da Insulina Com uma das mãos, estabilize a pele espalhando-a ou pinçando uma grande área Pegue a seringa com a outra mão e segure-a como se você estivesse segurando um lápis. Introduza a agulha em linha reta na pele. Injete a insulina Afaste a agulha reta em relação à pele. Pressione com algodão sobre o local da injeção por alguns segundos Descarte a seringa. Ensinando a Seleção e Rotação do Local (Rodízio) As quatro principais áreas para a injeção são o abdome, braços (superfície posterior), coxas (superfície anterior) e quadris. A velocidade máxima de absorção acontece no abdome e diminui progressivamente no braço, coxa e quadril. No abdome, deve ter um intervalo de 1 a 2,5cm de distância da injeção anterior. Por exemplo, os pacientes podem injetar as doses matutinas no abdome e as doses noturnas nos braços ou pernas (isso para não variar os níveis de glicose por causa das diferentes taxas de absorção). Quando o paciente está planejando exercitar-se, a insulina não deve ser injetada no membro que irá ser exercitado, porque ela será absorvida mais rapidamente e isso poderá resultar em hipoglicemia. Erros sobre o Diabetes O diabetes é causado pela ingestão excessiva de açúcar Quando o diabetes se desenvolve, a ingesta excessiva de açúcar pode fazer com que o nível de glicose aumente. Entretanto, o diabetes desenvolve-se inicialmente como resultado de uma diminuição na quantidade de insulina no corpo ou de uma redução na capacidade da insulina de controlar o nível sanguíneo de glicose. Esses problemas não são causados pela ingestão excessiva de açúcar. No diabetes tipo 1, as células beta do pâncreas produzem pouca ou nenhuma insulina. No diabetes tipo 2, o corpo fica resistente ao efeito da insulina; a quantidade de insulina liberada não é suficiente para superar essa resistência à insulina, resultando na hiperglicemia. A resistência à insulina e a liberação diminuída dela não são causadas pela ingesta excessiva de açúcar. Erros sobre o Diabetes O açúcar é encontrado apenas em sobremesas Existem vários tipos diferentes de açúcar que aumentam os níveis glicêmicos. Iogurte com sabor, cereais, molhos também contêm algum tipo de açúcar. Frutas e suco de frutas também contêm açúcar. Mesmo quando o suco é rotulado “sem açúcar”, pois ha o açúcar natural da fruta, que provoca elevações nos níveis de glicose. Quando doses crescentes de insulina são necessárias para controlar a glicemia, o diabetes deve estar “piorando” Explique ao paciente que, diferente de outros medicamentos que são fornecidos em doses padronizadas, não existe uma dose padronizada de insulina que seja eficaz para todos os pacientes. Em vez disso, a dose deve ser ajustada de acordo com os resultados do teste de glicemia. Quando a dose inicial de insulina prescrita para o paciente não diminui adequadamente o nível de glicose, o paciente pode presumir que ele possui um caso mais grave de diabetes. É importante esclarecer que muitos fatores podem afetar a capacidade da insulina de diminuir a glicose, incluindo a obesidade, puberdade, gestação, doenças e determinados medicamentos. Além disso, para evitar a hipoglicemia, os médicos frequentemente começam a terapia insulínica com dosagens menores que as que seriam eventualmente necessárias. Em seguida, as doses são aumentadas em pequenos acréscimos até que os níveis de glicemia estejam dentro da faixa desejada. Erros sobre o Diabetes A insulina provoca cegueira (ou outras complicações do diabetes). Quando os pacientes possuem um conhecimento do diabetes no qual o inicio da terapia com insulina calhou de coincidir com o estabelecimento de complicações do diabetes, o paciente pode visualizar a insulina como a causa das complicações, como cegueira e amputação. Nessas situações, o conhecimento aconteceu provavelmente com o diabetes do tipo 2 que não era mais controlável com a dieta e agentes hipoglicemiantes orais. Devemos explicar que certos fatores, como a glicose sanguínea elevada (não a terapia com insulina), contribuem para algumas das complicações do diabetes. Além disso, devemos enfatizar que a insulina é um hormônio natural, o qual está presente no corpo de todas as pessoas, que ajuda a controlar os níveis sanguíneos de glicose e que, definitivamente não causa as complicações do diabetes em longo prazo. Existe um perigo extremo na injeção de insulina caso exista qualquer bilha de ar na seringa Os pacientes podem ter medo de morrerquando bolhas de ar são injetadas com a seringa (isso pode estar ligado ao conceito errôneo de que a insulina é injetada diretamente dentro da veia). Tranquilize os pacientes esclarecendo que o principal risco por ter bolhas de ar na seringa de insulina é que a quantidade de insulina injetada seja menor do que a dosagem necessária. Erros sobre o Diabetes Os testes de glicose urinário e sanguíneo são intercambiáveis, isto é, eles fornecem as mesmas informações O teste direto do sangue é o método mais exato para medir o nível de glicose. O teste de urina mede a quantidade de glicose que foi “derramada” para dentro da urina desde que a bexiga foi esvaziada pela última vez; é apenas uma maneira indireta de determinar o nível de glicose no sangue. Os rins não permitirão que a glicose entre na formação da urina até que o nível de glicose no sangue alcance 180 a 200mg/dl. Portanto, a urina irá evidenciar um teste negativo para glicose quando a glicose sanguínea estiver em qualquer nível entre 0 e 200mg/dl. A hipoglicemia não pode ser detectada com o exame de urina, nem o nível de glicemia pode ser controlado com exatidão. Os níveis glicêmicos permanecem iguais durante todo o dia Existe, normalmente, uma variação nos níveis glicêmicos, com os níveis mais baixos antes das refeições e os níveis mais elevados em 1 a 2 horas após a alimentação. A meta do plano de tratamento do diabetes é diminuir as amplas oscilações nos níveis de glicose, e não eliminar as variações normais. O diabetes tipo 2 pode virar diabetes tipo 1 Não. As causas são diferentes. O que pode acontecer é que o paciente com diabetes tipo 2, em um determinado momento da doença, pode não responder adequadamente aos hipoglicemiantes orais e restrição dietética. Neste momento, doses de insulina serão necessárias para controlar a hiperglicemia. Complicações Agudas do Diabetes Hipoglicemia A hipoglicemia (nível sanguíneo de glicose anormalmente baixo) ocorre quando a glicemia cai abaixo de 50 a 50mg/dl. Ela pode ser provocada pela quantidade excessiva de insulina ou de agentes hipoglicemiantes orais, pela quantidade muito reduzida de alimento ou pela atividade física excessiva. A hipoglicemia pode acontecer em qualquer momento do dia ou da noite. Com frequência, ela tem lugar antes das refeições, em especial quando estas são retardadas ou quando os lanches são omitidos. Por exemplo, a hipoglicemia na metade da manhã pode ocorrer quando a insulina regular matutina está em seu máximo de atuação, enquanto a hipoglicemia que ocorre no final da tarde coincide com o pico da insulina NPH ou lenta matutina. A hipoglicemia na metade da noite pode acontecer por causa do máximo de insulina NPH ou lenta noturna ou antes do jantar, principalmente em pacientes que não fizeram um pequeno lanche na hora de dormir. Complicações Agudas do Diabetes Hipoglicemia Os sintomas da hipoglicemia branda são sudorese, tremor, taquicardia, palpitação, nervosismo e fome. Na hipoglicemia moderada, o paciente apresenta incapacidade de se concentrar, cefaleia, tonteira, confusão, dormência dos lábios e língua, turvação da fala, comprometimento da coordenação, alterações emocionais, visão dupla e sonolência. Já na hipoglicemia grave, o paciente pode apresentar desorientação, convulsão, dificuldade de acordar ou perda da consciência. Complicações Agudas do Diabetes Hipoglicemia O tratamento imediato deve ser fornecido quando a hipoglicemia ocorre. A recomendação usual é a ingesta de um carboidrato simples de ação rápida, tais como: 120 a 180ml de suco de fruta (sem açúcar) ou 2 a 3 colheres de chá de açúcar ou mel. Quando o quadro melhorar, um lanche contendo proteína e amido (exemplo: leite ou queijo e biscoito) é recomendado, a menos que o paciente planeje ingerir uma refeição regular ou um lanche dentro de 30 a 60 minutos. Complicações Agudas do Diabetes Hipoglicemia É importante para os pacientes diabéticos (em especial aqueles que recebem insulina) carregar consigo alguma forma de açúcar simples (balinha, por exemplo) em todos os momentos. Quando um paciente apresenta uma reação hipoglicêmica e não possui qualquer um dos alimentos de emergência recomendados, qualquer alimento disponível deve ser ingerido. Complicações Agudas do Diabetes Cetoacidose Diabética A CAD é causada por uma ausência ou quantidade acentuadamente inadequada de insulina. Isso resulta em distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios. Os três principais aspectos clínicos da CAD são: hiperglicemia, desidratação e perda eletrolítica e acidose. Complicações Agudas do Diabetes Cetoacidose Diabética Quando a insulina está faltando, a quantidade de glicose que entra nas células é reduzida e a produção de glicose pelo fígado aumenta. Ambos os fatores levam a hiperglicemia. Em uma tentativa de livrar o corpo do excesso de glicose, os rins secretam a glicose em conjunto com a água e eletrólitos (sódio e potássio). Essa diurese osmótica, que se caracteriza por micção excessiva (poliúria), leva à desidratação e a acentuada perda de eletrólitos. Os pacientes com CAD grave podem perder uma média de 6,5 litros de água, durante um período de 24 horas. Complicações Agudas do Diabetes Cetoacidose Diabética Outro efeito da deficiência de insulina é a clivagem dos lipídios em ácidos graxos livres e glicerol. Os ácidos graxos livres são convertidos em corpos cetônicos pelo fígado. Na CAD, existe produção excessiva de corpos cetônicos por causa da carência de insulina, o que normalmente impediria que isso acontecesse. As principais causas de CAD são: dose de insulina diminuída ou ausente; doença ou infecção; diabetes não diagnosticada e não tratada. Complicações Agudas do Diabetes Cetoacidose Diabética Os sinais e sintomas são: poliúria, polidipsia (sede aumentada), turvação visual, fraqueza e cefaleia; cetose e acidose (anorexia, náuseas, vômitos e dor abdominal); hálito cetônico (odor frugal); hiperventilação (respiração muito profunda, mas não difíceis – Kusmaull). Além do tratamento da hiperglicemia, o controle da CAD é direcionado para a correção da desidratação (hidratação venosa), da perda eletrolítica (reposição de potássio) e da acidose (infusão intravenosa de insulina). Complicações do Diabetes em Longo Prazo As categorias gerais das complicações crônicas do diabetes são: Doença macrovascular (alterações nos vasos sanguíneos de médio e grande calibres): doença coronoariana, doença vascular cerebral e doença vascular periférica, IAM. Doença microvascular (retinopatia diabética, nefropatia) Neuropatia diabética (nervos periféricos e pé diabético) Problemas com as Pernas e Pés no Diabetes Neuropatia: a neuropatia sensorial leva à perda da sensação de dor e pressão, e a neuropatia periférica leva ao ressecamento aumentado e fissura da pele (secundária à sudorese diminuída). A neuropatia motora resulta em atrofia muscular, o que pode levar a alterações no formato do pé. Doença vascular periférica: a má circulação dos membros inferiores contribui para a má cicatrização das lesões e para o desenvolvimento da gangrena. Imunocomprometimento: a hiperglicemia compromete a capacidade dos leucócitos especializados de destruir as bactérias. Dessa maneira, o diabetes mal controlado, existe uma resistência diminuída a determinadas infecções. A sequência típica de evento no desenvolvimento de uma ulcera de pé diabética começa com uma lesão de tecidos moles do pé, uma formaçãode uma fissura entre os dedos ou na área da pele ressecada ou formação de um calo. As lesões não são sentidas pelo paciente com um pé insensível e podem ser térmicas, por substâncias químicas ou do tipo traumático. Quando o paciente não tem o costume de inspecionar por completo ambos os pés diariamente, a lesão ou fissura pode passar despercebida até que uma infecção grave tenha se desenvolvido. Nos pacientes com doença vascular periférica, as ulceras de pé podem não cicatrizar devido à incapacidade diminuída do tecido lesionado de receber oxigênio, nutrientes e antibióticos. A amputação pode ser necessária para evitar a disseminação da infecção. Cuidados com o Pé Diabético 1. Cuide de seu diabetes 2. Verifique os pés diariamente a. Observe a sola dos pés diariamente para cortes, bolhas, manchas avermelhadas e edema b. Use um espelho para verificar a sola dos pés ou peça a um membro da família que ajude se tiver problemas 3. Lave os pés diariamente a. Lave com água morda e não quente, diariamente b. Seque bem os pés. Certifique-se de secar entre os dedos 4. Mantenha a pele lisa e macia a. Esfregue uma fina camada de loção para a pele sobre a região superior e inferior dos pés, mas não entre os dedos (não criar umidade) 5. Amacie os calos e verrugas suavemente Cuidados com o Pé Diabético 6. Corte suas unhas a cada semana ou quando necessário a. Corte suas unhas retas e acompanhando as bordas com uma tesoura afiada 7. Use sapatos e meias o tempo todo a. Nunca ande descalço b. Use sapatos confortáveis que se adaptem bem e protejam os pés c. Verifique os sapatos antes de amarra-los, um por vez, para garantir que a parte interna está macia e não existem objetos dentro deles d. Prefira comprar sapatos no final da tarde (de manhã os pés podem não estar inchados) 8. Proteja os pés contra o calor e frio a. Use sapatos na praia ou sobre calçamentos quentes 9. Mantenha o fluxo sanguíneo nos pés a. Coloque os pés elevados, quando sentar b. Mexa com os dedos e movimente os tornozelos para cima e para baixo por 5 minutos, 2 a 3 vezes ao dia c. Não cruze as pernas por longo períodos d. Não fume 10. Consulte a equipe de saúde regularmente Processo de Enfermagem Processo de Enfermagem para o paciente recém- diagnosticado Principais Diagnósticos de Enfermagem - Risco de volume de líquidos relacionado à poliúria e desidratação - Nutrição desequilibrada relacionada ao desequilíbrio da insulina, alimento e atividade física - Conhecimento deficiente relacionado à informações/habilidades de autocuidado para o diabetes - Déficit no autocuidado relacionado a comprometimentos físicos e fatores sociais - Ansiedade relacionada à perda do controle, medo da incapacidade de controlar o diabetes, informação errônea ligada ao diabetes, medo das complicações do diabetes. Processo de Enfermagem Processo de Enfermagem para o paciente recém- diagnosticado Prescrições de Enfermagem - Manter o equilíbrio hidroeletrolítico: medir ingesta e débito - Melhorar a ingesta nutricional - Reduzir a ansiedade - Melhorar o autocuidado - Monitorizar e tratar as complicações potenciais (sobrecarga hídrica, hipocalemia, hiperglicemia e cetoacidose, hipoglicemia e edema cerebral) Checklist 1. Alcança o equilíbrio hidroeletrolítico: demonstra equilíbrio de ingesta e débito; exibe valores eletrolíticos dentro dos limites da normalidade; exibe sinais vitais que permanecem estáveis com a resolução da hipotensão ortostática e taquicardia. 2. Alcança o equilíbrio metabólico: evita extremos dos níveis de glicose (hipo ou hiperglicemia); demonstra solução rápida dos episódios hipoglicêmicos; mantém peso adequado. 3. Demonstra/verbaliza as tarefas de sobrevida do diabetes: define o diabetes como uma condição em que estão presentes os níveis elevados de glicose no sangue; determina a faixa de normalidade da glicose sanguínea; identifica os fatores que fazem com que o nível glicêmico suba (alimento, doença e infecções); identifica os fatores que fazem com que o nível glicêmico caia (insulina, exercícios físicos); descreve as principais modalidades de tratamento – dieta, exercício, monitorização, educação e medicamento. 4. Modalidades de tratamento: demonstra a técnica adequada para injetar a insulina; determina a dose e o horário das injeções, ação máxima e duração da insulina; verbaliza o plano de rodízios de injeção da insulina; determina a dose, horário, ação máxima e duração dos agentes orais prescritos; verbaliza a compreensão da classificação dos alimentos; verbaliza o horário apropriado para ingerir as refeições e lanches; ordena os alimentos apropriados; demonstra técnica apropriada para monitorização da glicose sanguínea; demonstra técnica correta para descartar a agulha; identifica os recursos comunitários e ambulatoriais para obter educação adicional sobre o diabetes. Checklist 5. Complicações agudas: verbaliza os sintomas da hipoglicemia (tremor, sudorese, fome, cefaleia, dormência ou formigamento dos lábios ou dedos, fraqueza, fadiga, dificuldade de concentração, alteração do humor) e perigos da hipoglicemia não tratada (convulsões e coma); identifica o tratamento adequado da hipoglicemia (carboidratos simples seguidos por um lanche de proteínas e carboidratos – ou uma refeição em horário regular); identifica as causas potenciais da hipoglicemia (insulina em excesso, ingesta alimentar retardada ou diminuída, atividade física aumentada); verbaliza os comportamentos de prevenção, como a monitorização frequente da glicemia; fazer um lanche antes do exercício; verbaliza a importância de portar uma identificação médica e de transportar uma fonte de carboidrato simples em todos os momentos; verbaliza os sintomas da hiperglicemia prolongada (sede e micção aumentadas). 6. Ausência de complicações: exibe frequência e ritmo cardíacos normais; exibe pressão e distensão venosa jugular dentro dos limites da normalidade; exibe níveis de glicemia e cetona urinária dentro dos limites de normalidade; não exibe manifestações de hipo ou hiperglicemia; mostra estado mental melhorado sem sinais de edema cerebral; determina as medidas para evitar a ocorrência de complicações. 7. Mantém a integridade cutânea: demonstra pele íntegra sem ressecamento e fissura; evita as úlceras provocadas por pressão e neuropatia. 8. Cuidados com os pés: inspeciona os pés, até mesmo fazendo a inspeção para fissuras entre os dedos; lava os pés com água morda e sabão; seca os pés por completo; aplica loção em todo o pé, exceto entre os dedos; verbaliza comportamentos que diminuem o risco de úlceras nos pés (uso de sapatos em todos os momentos; uso da mão ou do cotovelo, e não do pé, para testar a temperatura da água; uso de meias de algodão; prevenção de sapatos apertados; uso de sapatos novos por períodos curtos; prevenção e tratamento de calosidades e verrugas; cortar as unhas com cuidado). Checklist 9 Prevenção da doença ocular: verbaliza a necessidade de exames oculares anuais (começando 5 anos depois do diagnóstico de diabetes tipo 1, e um ano do diagnóstico para o diabetes do tipo 2); relata que a retionopatia não costuma provocar alteração na visão até que tenha ocorrido lesão grave na retina; relata que o tratamento precoce com laser, juntamente com o bom controle da glicemia e da pressão arterial, pode evitar a perda da visão pela retinopatia; identifica a hipo e hiperglicemia como as duas causas da turvação visual temporária. 10. Controle dos fatores de risco macrovasculares: mantém a glicemia e as cetonas urinárias dentro dos limites de normalidade; não experimenta sinais ousintomas de hipoglicemia ou hiperglicemia; identifica os sinais de hipo e hiperglicemia; relata o aparecimento dos sintomas, de modo que o tratamento possa ser iniciado. UM XÊRO DE INSULINA!!!!
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