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DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
PEDAGOGIA
andréa de lourdes da silva demarchi
dificuldades de aprendizagem em crianças nas escolas
Petrópolis
2012�
andréa de lourdes da silva demarchi
dificuldades de aprendizagem em crianças nas escolas
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de licenciado em Pedagogia
Orientador: Okçana Battini
Tutor Eletrônico: Silmara
Tutor de Sala: Marilde
Petrópolis
2012�
Dedico este trabalho ao meu pai e irmãos pelo carinho,aos meus sogros Antônio e Célia pelo apoio oferecido em muitos momentos de minha vida;A minha querida filha Sofia que foi um presente de Deus em minha vida;Ao meu querido esposo e amigo Francisco Carlos Demarchi,pelo companherismo,dedicação e incentivo oferecido antes durante e seguramente por toda a minha trajetória de vida e trajetória profissional.Em fim a todos os amigos e familiares que contribuíram de alguma forma por mais essa conquista.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelas bençãos derramada durante esta jornada.
A minha inesquecível mãe,Maria de Lourdes da Silva(em memória),exemplo de esposa,mãe,amiga,figura de grande importância em minha vida,da qual estivesse aqui,com certeza estaria orgulhosa.Saudades...
A Tutora Marilde,pelo apoio.
A todas tutoras de todas as matérias eletrônicas da UNOPAR,pelo carinho e ensinamentos oferecidos.
As minhas colegas de classe,em especial,Quênia e Fátima pelo apoio e carinho fornecido durante todo o curso.
A todos os profissionais do polo da UNOPAR,pela atenção e contribuição em minha formação profissional.
A todos os funcionários da Escola Paroquial Bom Jesus,em especial Sirlene(diretora),Patrícia minha professora de estágio da qual sempre me ajudou me passando importantes ensinamentos,e a querida Isabel(Secretária)da qual sempre pude contar em tudo que precisei.
Em fim,a todos que contribuíram direta e indiretamente na realização deste trabalho.
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Demarchi, Andréa de L.da Silva. Dificuldades de aprendizagem em crianças nas escolas. 2012. 40 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Pedagogia) – Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Petropólis, 2012.
RESUMO
Este trabalho objetivou analisar em uma sala de aula como ocorrem os fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em um determinado grupo de crianças. Empregou-se uma metodologia qualitativa de investigação a partir do contato direto e prolongado com o ambiente e a situação que estava sendo investigada. A princípio, observou-se uma sala de aula do 1º ano de Ensino Fundamental na escola, universo da pesquisa. Foram aplicadas atividades e jogos lúdicos com o intuito de investigar os fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em determinadas crianças desta turma. Logo, muitos são os desafios ainda nesse contexto, haja vista a grande responsabilidade que compete, sobretudo, ao professor no sentido de desenvolver práticas que venham contribuir para um desenvolvimento e inclusão em sala de aula de alunos diagnosticados com dificuldades de aprendizagem. Contribuindo então, ao debate a respeito dos fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em crianças na escola.
	
Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem, causas, sala de aula.�
SUMÁRIO
	INTRODUÇÃO ....................................................................................................
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	CAPITULO 1- DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM................................................................................................
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	1.1 Os tipos de dificuldades de aprendizagem.........................................................
	9
	1.1.1 Transtornos de déficit de atenção..................................................................
	10
	1.1.2 Etapa do aprendizado.................................................................................
	 13
	1.1.3 Paulo Freire e a leitura de mundo...............................................................
	 15
	
	
	CAPITULO 2- SUJEITOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM................................................................................................
	 17
	2.1.1 A Criança..............................................................................................
	 17
	2.1.1 A Família..............................................................................................
	 18
	2.2. A Escola ..............................................................................................
	 19
	
	
	
	
	
	
	CAPÍTULO 3- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DOS DADOS............................................................................................................
	 21
	3.1 Depoimento da Autora sobre uma experiência vivenciada em uma sala de aula.......................................................................................................................
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REVISÃO BIBLIOGRAFICA...............................................................................
	
 32
	
	
	
	
	CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................
	 36
	
	
	REFERENCIAS....................................................................................................
	 39
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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INTRODUÇÃO 
Estamos entrando num contexto no qual são inúmeras as lacunas em diversas áreas sociais, sobretudo na área da educação. E, dentre tantas, estão as Dificuldades de Aprendizagem, de maneira especial, as dificuldades de aprendizagem em crianças na fase escolar. Onde se faz necessário uma retomada dos diagnósticos de crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem. E consequente mente ao serem diagnosticadas por profissional especializado, no caso fonoaudiólogos, psicólogos e o psicopedagogo em conjunto com educadores e a família. No qual, a técnica aplicada deverá ser a que venha a corresponder a necessidade do educando. Uma vez que, a dificuldade de aprendizagem nas séries iniciais quando não diagnosticada e devidamente reparada, se torna lacuna na maioria das vezes nas séries seguintes que o educando venha a cursar. Por isso, a importância da investigação de tal problema dentro do campo de educação.
Diante deste contexto, quais são os fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em crianças na escola?
A pesquisa surge de uma inquietação pessoal.
O tema é deslumbrante, Dificuldades de Aprendizagem: Causadores das dificuldades de aprendizagem em crianças na escola, pois coloca no cenário da educação a abertura de possibilidades à reflexão acerca das dificuldades de aprendizagem de alunos no espaço escolar, especialmente, nas primeiras séries.
Deste modo, o trabalho apresentado tem como principal objetivo analisar os fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em crianças, sobretudo em uma sala de aula de alfabetização. A fundamentação teórica baseou-se em autores como Smith (2001); Ludke (1986); Morales ( 2006); Vasques (2003) entre outros estudiosos do assunto. 
	
Portanto faz-se necessário uma investigação embasada na fala de alguns teóricos especialistas no assunto e uma metodologia de pesquisa voltada a atender a resposta ao problema em questão, com o uso de instrumentos de coletas de dados aplicados a sujeitos.
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envolvidos com o processo, possibilitando de tal maneira uma análise qualitativa das informações.
Espera-se que este trabalho possa contribuir para servir à educação dentro da temática, Dificuldades de Aprendizagem, sobretudo aoentendimento mais amplo por parte dos profissionais que atuam especialmente em escola, acerca dos fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em crianças.
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 CAPITULO 1 - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
As causas da dificuldades de aprendizagem
Assim, é importante definir o que são as dificuldades de aprendizagem, se torna relevante uma pontuação acerca das causas das dificuldades de aprendizagem. Já que muitos aspectos podem contribuir para que, sobretudo, crianças em fase escolar apresentem as características necessárias às dificuldades em questão. Que na maioria das vezes não se pode atribui a uma única causa. Para Smith et. al (2001, p. 15) “[...] muitos aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os aspectos psicológicos dessas crianças frequentemente são complicados, até certo ponto, por seus ambientes doméstico e escolar”
Muitas das crianças com dificuldades de aprendizagem, não aparentam ter problema algum. Como coloca Paiva (2009, p. 39):
 O ponto mais importante a ser ressaltado é que a criança com dificuldades de aprendizagem não é uma criança deficiente. A criança com dificuldades de aprendizagem é normal, e apenas aprende de uma forma diferente; apresenta uma discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado. Não apresenta deficiência mental, pois possui um potencial normal que não é realizado em termos de aproveitamento escolar. 
 Boa parte destas crianças apresenta inteligência de acordo com a média, ou até mesmo superior. O que realmente as caracterizam é um baixo desempenho. Podem, contudo, realizar tarefas normalmente. Até que uma dessas tarefas necessite do uso de um meio que a criança apresente dificuldade. E daí, não se consegue realizar o que está sendo pedido, ou realizam desordenadamente. Havendo visivelmente uma espécie de bloqueio. Surgindo como consequência, um baixo desempenho, principalmente na escola.
Os aspectos principais que possivelmente causa as dificuldades de aprendizagem estão ligados aos aspectos do funcionamento cerebral, sendo este de ordem biológica como coloca Smith e Strick (ibidem, p. 20), divididos em quatro categorias: “lesão cerebral, erros no desenvolvimento cerebral, desequilíbrios neuroquímicos e hereditariedade”. 
 
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Ou ainda os aspectos psicológicos, que envolvem questões externas, como ambiente familiar e o ambiente escolar. Para tanto, poder acontecer que os dois fatores biológicos e psicológicos contribuam ao surgimento de uma ou várias dificuldades de aprendizagem em uma criança.
	Não esquecendo que a aprendizagem ocorre quando há motivação no que se está aprendendo, sabendo que cada pessoa é única e tem sua maneira própria de aprender. Como coloca Araujo (2008, p. 16):
 
 A aprendizagem depende basicamente da motivação. Muitas vezes o que se chama de dificuldade de aprendizagem é basicamente "dificuldade de ensino". É sabido que cada indivíduo aprende de uma forma diferente, conforme seu canal perceptivo preferencial. Quando o que lhe é ensinado não o motiva suficientemente, ou lhe chega de forma diferente de seu canal preferencial (de acordo com o canal preferencial de quem lhe ensina), então a compreensão ou o aprendizado não se completa.
Os tipos de dificuldades de aprendizagem
Como são apresentados os tipos básicos de dificuldades de aprendizagem. Surgindo assim, os transtornos mais frequentes percebidos em crianças por seus pais e professores. E que na maioria das vezes são de fácil diagnóstico por especialistas das áreas de: neurologia, psiquiatria, psicologia e psicopedagogia. Que se aprofundam em estudos acerca de problemas relacionados às dificuldades de aprendizagem E com isso atem a possibilidade de acompanhar estas crianças com necessidades especiais à aprendizagem e suas famílias.
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Transtornos de Déficit de Atenção(TDAH)
O transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) está ligado ao comportamento do indivíduo que pode estar relacionado a desequilíbrios neuroquímicos de ordem genética, ou então externos como, por exemplo, o uso de medicamentos durante a gestação. Como cita Smith e Strik (2001, p. 26):
 Um grupo crescente de evidências sugere que os desequilíbrios neuroquímicos contribuem para alguns transtornos de aprendizagem, particularmente aqueles que envolvem dificuldade com atenção, a distração e impulsividade. Isso inclui a síndrome conhecida como transtorno de déficit de atenção (TDAH).”
O TDAH é considerado como sendo o transtorno mais comum na infância. Podendo ser percebido logo cedo, ou só no início da trajetória escolar. Uma vez que estas crianças com TDAH estarão envoltas a situações que exija atividade mental prolongada. Visto como, a principal característica deste transtorno é a desatenção, podendo vir acompanhado ou não por hiperatividade. Ou seja, nem todo indivíduo que possui Transtorno de Déficit de Atenção será hiperativo. 
	Podem ainda, apresentar distúrbios de comportamento como, por exemplo, o Transtorno Desafiador Opositor (TDO) que se define segundo Paulo e Rondina (2007, p. 1) “como padrões de comportamentos negativistas, hostis e desafiadores.”. E ainda o Transtorno de Conduta (TC), caracterizado por quebra de regras e agressividade.
	De acordo com especialistas para que aja um diagnóstico de TDAH é necessária a presença de seis ou mais sintomas comuns ao transtorno. Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (1994) apud SMITH et. al. (2001, p. 39), podem assim, ser classificados os sintomas de acordo com os casos que apresentam, ou não, hiperatividade:
 
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 Desatenção:
com freqüência deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras; 
com freqüência, tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
com freqüência parece não escutar, quando lhe dirigem a palavra;
com freqüência, não segue instruções e não termina seus deveres escolares e tarefas domésticas;
com freqüência, tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;
com freqüência, reluta em envolver-se em tarefas ou atividades ou evita-as (por exemplo, tarefas escolares ou deveres de casa);
com freqüência, apresenta esquecimento em tarefas diárias;
Hiperatividade e Impulsividade:
com freqüência, retorce as mãos e os pés, remexendo-os na cadeira;
com freqüência, deixa a cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado (como à mesa de jantar);
corre e sobe demasiadamente nos objetos em situações nas quais isso é impróprio;
tem grande dificuldade para brincar em silêncio;
com freqüência, está “a mil” ou age como se “ impulsionada por um motor”;
fala excessivamente;
com freqüência, dá respostas precipitadas antes de as questões terem sido complementadas;com freqüência, tem dificuldade em esperar sua vez;
com freqüência, interrompe ou intromete-se nos assuntos de outros (intromete-se em conversas ou brincadeiras).
 
 
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Como já se tem conhecimento, problemas com atenção, problemas de hiperatividade e impulsividade podem estar relacionados a níveis baixos de atividades cerebrais, causado pelo desequilíbrio neuroquímico no indivíduo. Por isso, boa parte das crianças com TDAH necessitam fazer uso de medicação para que seja possível um controle dessas atividades. Contudo, não só o uso da medicação será eficaz, como ainda uma rotina organizada de tarefas, e de regras de comportamento em casa e na escola. Assim coloca Smith et al (Ibidem, p. 27).:
 [...] é importante recordar que o medicamento raramente é uma solução total para os problemas de uma criança. Cerca de um terço das crianças com transtorno de déficit de atenção / hiperatividade tem problemas adicionais de aprendizagem que devem ser abordados, praticamente todas elas precisarão de apoio contínuo em casa e na escola para que desenvolvam estratégias de aprendizagem efetivas e um comportamento apropriado. 
Salientando inda que, a família só deverá realmente aceitar o diagnóstico da criança a um TDAH, se outros problemas de ordens de atenção e de comportamentos forem descartados. E tenham a certeza de que a escola de seu filho está desenvolvendo um bom trabalho pedagógico que busca atender as necessidades de cada aluno. Já que no caso da criança diagnosticada com TDAH é necessário um tratamento específico com acompanhamento de especialistas, e possivelmente com o uso de medicação, para que ocorra um bom desenvolvimento, sobretudo, na escola. Que deverá estar preparada com toda a sua equipe, e especialmente, seus professores: capacitados, com métodos pedagógicos adaptáveis a estes alunos, com foco maior e atenção, em sala de aula.
 
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1.1.2 - Etapa do Aprendizado
	
De acordo com a teoria exposta na Psicogênese da Língua Escrita, toda criança passa por níveis estruturais da linguagem escrita até que seja alfabetizada. São as seguintes fases:
 Pré-silábica: as crianças relacionam suas grafias ao significado ou seja, não conseguem relacionar as letras com os sons da língua falada. Um exemplo disso é que escreveriam a palavra “pato” com mais letras que a palavra “formiga” porque o pato é maior que a formiga.
 Silábica: interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma. É a fase que se inicia o processo de fonetização.
 Silábica-alfabética: nessa fase, mistura-se a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas, mas algumas vezes alterna escrita silábica com escrita alfabética, podendo omitir algumas letras nas palavras.
 Alfabética: a criança faz a correspondência entre fonemas (som) e grafemas (letras). Tenta utilizar a letra adequada para representar os sons, por isso pode ocorrer erros de grafia.
Nesse processo, a criança passa por etapas com avanços e recuos até dominar o código lingüístico, variando de indivíduo a indivíduo o tempo necessário para transpor cada uma dessas etapas.
1.3.2 Contribuições das Pesquisas de Emília Ferreiro para a Educação Brasileira
	
Emília Ferreiro teve grande impacto na educação brasileira, influenciando até mesmo nas próprias normas do governo para a área, expressa nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
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No inicio dos anos 80, começaram a circular, entre educadores, livros e artigos que davam conta de uma mudança na forma de compreender o processo de alfabetização, deslocavam a ênfase habitualmente posta em que se ensina e buscavam descrever – como se aprende -. Tiveram grande impacto os trabalhos que relatavam resultados de investigações, em especial a psicogênese da língua escrita (FERREIRO, 1985, p. 27).
	
Outra grande contribuição foi à recusa ao uso das cartilhas que propõem um objeto artificial e sem interesse. Segundo Emília Ferreiro, o professor deve estimular a leitura com uso de textos de atualidade, livros, histórias, jornais, revistas para a compreensão da função social da escrita. Ou seja, a leitura vai muito além do decifrar letra por letra, ela envolve uma construção de significados que são construídas pelo próprio leitor.
O Construtivismo defendido por essa autora também tem transformado o ambiente alfabetizador da sala de aula, onde é respeitado o ritmo de aprendizagem de cada aluno, compreendendo que um desempenho mais vagaroso não significa que ele seja menos inteligente que os demais e que o papel do professor não é transmitir conhecimento, pois esse não é provocado pela escola, mas pela própria mente do aluno, que também já possui uma bagagem de conhecimento antes mesmo de chegar a escola, seu papel é apenas o mediar interações.
	
É de grande importância que o professor tenha conhecimento do processo pelo qual a criança aprende a ler e a escrever para detectar os problemas característicos de cada fase em que se encontra a criança para assim, desafiá-lo e conduzi-la ao conflito cognitivo.
	
Assim, os professores podem utilizar-se dessa importante contribuição para extrair respaldo para determinar novas estratégias de conduta profissional e facilitar a aprendizagem de seus alunos.
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1.1.3 - Paulo Freire e a Leitura de Mundo 
Paulo Freire (1921-1997) um dos mais importantes educadores brasileiro. Ele ficou conhecido pelo método desenvolvido para a alfabetização de adultos. Para ele, o maior objetivo da escola é conscientizar o aluno. Sua principal obra é “Pedagogia do Oprimido” que é a base para boa parte do conjunto de sua obra.
	
Esse autor propõe o desenvolvimento da criticidade dos alunos, e condenava o ensino da escola conservadora, no qual o professor deposita conhecimento num aluno apenas receptivo. Freire acreditava que o professor tinha um papel diretivo e informativo, assim, deveria direcionar o conhecimento dos conteúdos, mas não como verdade absoluta. Ele também acreditava que “os homens se educam entre si mediado pelo mundo” (FREIRE, apud REVISTA NOVA ESCOLA).
	
Isso significa que o professor não ensina sozinho nem o aluno aprende sozinho, deve haver uma troca de conhecimentos entre as duas partes, sendo necessário para isso, relações afetivas e democráticas que garantirão a livre expressão de todos. Uma de suas contribuições freireana foi considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo. O método Paulo Freire não busca apenas rapidez ao aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a “ler o mundo”.
	
Embora sua metodologia seja formulada inicialmente para a educação de adulto, encontramos nela embasamento para nosso estudo sobre a construção do conhecimento. Sendo assim encontramos em sua teoria três momentos de aprendizagem segundo a Revista Nova Escola (2008, p. 111).
 15O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos, mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento, é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão – o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização o conteúdo em questão apresenta-se ‘dissecado’, o que deve sugerir ações para superar impasses.
	
Descobrimos assim, que a escola é a responsável por oferecer oportunidades de acesso ao conhecimento pelas crianças, ampliando capacidades e experiências das mesmas para que possam ler, escrever e transformar o próprio mundo.
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CAPITULO 2 - SUJEITOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM
2.1 A Criança
A criança pode-se assim determinar como o começo do desenvolvimento do ser humano. É o princípio do crescimento físico e psicológico. Sobre a qual fatores internos (biológicos e genéticos) e externos (cultura e sociedade) terão influência perante as fases que seguem até tornar-se um adulto. 
	
No entanto, são os fatores externos palco das principais transformações e determinações de aspectos psicológicos e cognitivos que caracterizarão o indivíduo. Uma vez que é no contexto sócio- cultural que se aprende e desenvolve criando mecanismos de atuação e interação com a sociedade. De acordo com a abordagem sócio- interacionista de Vygotsky apud Rabello e Passos (2010) “o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação”. Portanto, determina-se que o meio no qual a criança vive será fator de máxima importância no seu desenvolvimento. Especialmente, se a criança apresenta algum tipo de dificuldade de aprendizagem, como coloca Smith et. al (2001, p. 30)
 Embora as dificuldades de aprendizagem sejam causadas por problemas fisiológicos, a extensão em que as crianças são afetadas por elas frequentemente é decidida pelo ambiente no qual vivem. As condições em casa e na escola, na verdade, podem fazer a diferença entre uma leve deficiência e um problema verdadeiramente incapacitante. 
 
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Logo, se faz necessário uma atenção maior a esta criança especial. Para que como todas as outras crianças, possa desenvolver-se em todos os aspectos essenciais a vida, como o cognitivo e emocional, que fazem parte da constituição de qualquer indivíduo.
2.2 A Família
A família é alicerce fundamental à construção emocional e cognitiva de qualquer ser humano. O ambiente doméstico como primeiro contato com as relações de mundo, necessita estar preparado e ser acolhedor a criança e seu desenvolvimento, sobretudo, no que diz respeito às primeiras aprendizagens necessárias à vida. Como coloca Bello (2008, p. 40)
 Durante os seus primeiros anos, a criança aprende habilidades que serão importantes por toda a vida, tais como andar, comunicar-se através da fala, controlar esfíncteres (não necessitar mais de fraldas) e comer utilizando as próprias mãos, dentre outras.
Nas situações em que ocorrem essas aprendizagens, nas quais a criança encontra-se geralmente no ambiente familiar, é desenvolvida também formas de aprender que influenciarão a aprendizagem futura, influenciando-a até a vida adulta.
Será neste ambiente que os pais perceberão como está se dando o crescimento físico e cognitivo da criança. Se esta apresenta algum tipo de dificuldade no que está aprendendo, seja na atenção, na fala, no andar, no manuseio de objetos e outros. Onde pais atentos as possíveis dificuldades de aprendizagem do filho, logo no início das primeiras manifestações, poderão contribuir para que as dificuldades sejam amenizadas ou até mesmo sanadas. Porém, ambientes domésticos aonde não há uma preocupação e acolhida às primeiras necessidades da criança, causará insegurança em relação ao mundo. Além do que, não contribuirão ao seu crescimento emocional e cognitivo. E ainda, diante de casos com dificuldades de aprendizagem só há consideravelmente o agravamento do problema. Com isso, cita Bello (2008, p. 45)
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 Quando esse processo ocorre de forma adequada, a aprendizagem acontece de forma equilibrada, contudo, há situações familiares que não favorecem esse desenvolvimento. Em uma família onde, por exemplo, não são dados à criança o amor, a atenção, o tempo e as condições necessárias para que ela brinque, explore os objetos e situações, experimente sensações e aprenda com elas, pode ocorrer o desenvolvimento de um tipo de aprendizagem superficial, que pode levar a dificuldades de aprendizagem escolar ou alterações de linguagem.
Deste modo, a influência da família no desenvolver da criança é imprescindível à determinação do seu caráter ante a sociedade, e aos aspectos que competem à aquisição da aprendizagem, principalmente, se esta criança é portadora de algum tipo de dificuldade de aprendizagem.
2.3 A Escola
A escola é espaço o qual deve estar aberto a receber a criança, independente das diferenças individuais de cada qual. Por obrigação se adequar às necessidades que cada uma apresentada, especialmente, no chão da sala de aula.
Mas, a realidade mostra-se bem diferente. Escolas com pouco e inadequado material didático, salas de aula com número excedente de alunos, e principalmente com professores pouco capacitados e desmotivados pela realidade da condição de trabalho que são submetidos. Que segundo Kaufman (1978) citado por Luck (2005, p. 15).
 
Em síntese, a eficácia do processo educativo centra-se no professor: seus conhecimentos, suas habilidades e suas atitudes em relação ao aluno a quem deve motivar. Torna-se, pois, de vital importância promover, antes de mais nada, o desenvolvimento desse professor, orientá-lo e assisti-lo na promoção de um ambiente escolar e processo educativo significativos para o educando. Como ‘a chave do êxito’ na educação que reside nas pessoas.
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Em se tratando da criança com dificuldade de aprendizagem, deve existir uma dinâmica diferenciada de ensino. A qual vise se adaptar ao aluno, e não o contrário, o aluno se adaptar ao método comum aos demais da turma. Já que para a criança que apresenta dificuldade de aprendizagem, o seu processo de aquisição do saber se dá de acordo com o seu tempo e limitação. E notadamente, em sala de aula, com a mediação e motivação de professores preparados e flexíveis que se empenham em preparar aulas e atividades a atender sua necessidade. Uma vez que de acordo com Morales (2006, p. 61) “a conduta do professor influi sobre a motivação e a dedicação do aluno ao aprendizado.”. E ainda coloca Smith et. al (2001, p. 34).
 Para crianças com dificuldades de aprendizagem, a rigidez na sala de aula é fatal. Para progredirem tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar ao seu próprio modo. Se forem colocados com um professor inflexível sobre tarefas e testes, ou que usa materiais e métodos inapropriados às suas necessidades, eles serão reprovados. Se forem regularmente envergonhados ou penalizados por seus fracassos, os estudantes provavelmente não permanecerão motivados por muitotempo. Infelizmente, a perda do interesse pela educação e a falta de autoconfiança podem continuar afligindo essas crianças mesmo quando mudam para arranjos mais favoráveis. Dessa forma, o ambiente escolar inapropriado pode levar até mesmo as mais leves deficiências a tornarem-se grandes problemas.
Não esquecendo ainda a importância da participação de todos que constituem o corpo escolar como a equipe pedagógica: supervisor, orientador e coordenadores; o setor de psicologia; o pessoal da secretaria; direção; apoio: merendeira, faxineiros e porteiro. Que lidam diariamente com todos os alunos. E são estes também responsáveis em fazer com que estes alunos se sintam acolhidos e inclusos no meio social o qual fazem parte. Contribuindo assim, ao atender as necessidades e respeitando as limitações de cada um.
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CAPITULO 3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 
 
 Com a finalidade de pesquisar quais são os possíveis causadores das dificuldades de aprendizagem em crianças na escola, nos apropriamos da modalidade de uma “enquete investigativa’ e, passamos a observar uma instituição de ensino da rede publica.
A escola possui pequena estrutura, com secretaria, direção, dois andares de salas de aulas. Estando dividida entre duas fases do ensino: Educação Infantil e o ano do Ensino Fundamental.A instituição conta com diretor, diretor adjunto,pedagogos, psicólogo, professores e funcionários de apoio (inspetores e organizadores de ambientes). Os alunos que estudam na escola em sua maioria são de família de uma realidade de classe média baixa. Como também estudam filhos de funcionários e professores da instituição.
Diante desse contexto, sentimos a necessidade de aprofundar a seguinte questão:
	Quais são os fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em crianças na escola?
	Elegemos uma pesquisa de dois alunos de uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental desta mesma escola. Uma vez que estes tratavam-se de casos diagnosticados como dificuldades de aprendizagem, por especialistas das áreas de neurologia, psicologia e psicopedagogia. E ainda, a professora da turma como sujeitos da pesquisa. E que de acordo com Chizzotti (1986, p. 26) [...] todas as pessoas que participam de uma pesquisa na abordagem qualitativa são reconhecidos como sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem práticas adequadas para intervir nos problemas que identificam. 
Então, como instrumentos para coleta de dados, fizemos uso da observação. Contudo, a opção pela observação justifica-se pelo fato de possibilitar o contato direto com a escola e assim captar os acontecimentos no próprio momento em que 
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se produzem. Dito por Ludke e André (1986, p. 26) “[...] Na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações”.
	E como registro das observações no campo, Nisbet e Watt (1978) apud Ludke e André (1986, p. 21) “[...] consistindo na análise e interpretação sistemática dos dados, a elaboração do relatório”. Relatório por escrito. Que para tanto:
 Já na fase exploratória do estudo surge a necessidade de juntar a informação, analisá-la e torná-la disponível aos informantes para que manifestem suas reações sobre a relevância e a acuidade do que é relatado. Esses “rascunhos” de relatório podem ser apresentados aos interessados por escrito..., após um determinado período de permanência em campo, o observador pode preparar um relatório curto trazendo a análise de um determinado fato, o registro de uma observação... (Ibidem, p. 22)
Levando em consideração nossos objetivos, a abordagem qualitativa foi assumida como opção metodológica, pois esta permite perceber a riqueza e a complexidade presente nas interações e nas práticas pedagógicas. Como afirma Minayo (1994, p. 21-22)
 
 A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. 
Neste sentido, esta pesquisa está ancorada no estudo de caso, pelo fato de retratar a realidade de forma completa, profunda e contextualizada. Na expressão de Ludke e André (1986, p.18, 19)
 
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 Os estudos de caso enfatizam a “interpretação em contexto”. Um princípio básico desse tipo de estudo é que, para uma apreensão mais completa do objeto, é preciso levar em conta o contexto em que ele se situa. Assim, para compreender melhor a manifestação geral de um problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as interações das pessoas devem ser relacionadas à situação específica onde ocorrem à problemática determinada a que estão ligadas.
Portanto, a metodologia aplicada ao trabalho respondeu aos objetivos traçados com a finalidade de analisar, identificar e contribuir para o debate a respeito dos fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em crianças na escola. Com vistas à possibilidade de abertura ao debate reflexivo dos que fazem educação, sobremaneira, os que estão no chão da escola.
3.1 - Depoimento da Autora sobre uma Experiência em uma sala de aula
Foram observados dois alunos de uma sala de aula de 1º ano de Ensino Fundamental de uma escola com diagnóstico clínico de dificuldade de aprendizagem.
	As observações tanto aconteceram em sala de aula, de como acontecia à interação destes alunos com os demais colegas de turma e a professora, como ainda, momentos em um espaço lúdico com jogos e brinquedos que havia na própria escola e que foram cedidos a estes encontros.
	Para cada um dos dois alunos, foram realizados três encontros à parte no espaço lúdico, com intervalo de quinze dias entre um e outro encontro específico a cada qual, e, além disso, duas observações em sala de aula dos alunos envolvidos na pesquisa com toda a turma e professora, tendo sido, uma observação antes e outra após os encontros individuais. A cada aluno foi determinado um nome fictício com o intuito de preservar as identidades dos sujeitos.
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ALUNO A
	
Iniciamos a observação e aplicação de atividades com o aluno A que possui características diagnosticadas por especialistas com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) com característico distúrbio de comportamento o Transtorno Desafiador Opositor (TDO), que tem como embasamento exemplo de comportamentos negativistas, hostis e desafiadores. Segundo Paulo e Rondina (2007, p. 1), “crianças que apresentam TDO apresentam tendência a se descontrolar, discutir com adultos, recusar-se a fazer o que lhes é dito, entre outros comportamentos de oposição”. Podendo o TOD estar ainda presente em “transtornos cognitivos e retardo mental”. (Paulo e Rondina, ibidem, p. 3).
Primeiramente, observamos o comportamento de A em sala de aula: “O mesmo não apresentava interesse e nenhum tipo de envolvimento com o que estava sendo apresentado. No caso, a rotina que toda a turma seguia diariamente: fazer a agenda, copiar a tarefade casa no caderno e seguir com as atividades em sala correspondentes a aula do dia, para o mesmo não havia importância. Preferindo, até mesmo ficar fora da sala de aula, e mais precisamente brincando no playground. Conversamos com o mesmo, convidando-o a retornar para sala. E A não demonstrou qualquer interesse, ficou brincando com o galho de uma planta que encontrara e quanto mais percebia que estava sendo coagido a voltar para a sala, mais decidido se colocava a permanecer no parque. Então, voltei para a sala de aula e o deixei aonde de fato queria estar. Menos de dez minutos, percebi que lentamente por vontade própria A se aproximava de sua sala de aula, aonde logo adentrou e se sentou em seu lugar. Mas, logo em seguida, ainda com o mesmo galho que achara no parque A, começava a tirar a atenção dos colegas que próximo a ele se sentavam. Provocando com isso, uma grande dispersão em sala. Impossibilitando até mesmo com que a professora prosseguisse com sua aula. E a mesma dizia se sentir por vezes de mãos atadas. Já que o aluno demonstrava quase sempre ações opositoras aos seus comandos em sala de aula, que segundo os especialistas que o acompanham, são características causadas pelo seu transtorno.
 
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No primeiro encontro no espaço lúdico realizamos a atividade “Brincando de Construir”. Com o objetivo de explorar a capacidade de criação do educando. E o material utilizado foram peças de madeira com estampas de partes de casas e prédios.
Ao se deparar com as peças de madeira a sua frente, A demonstrou grande satisfação e interesse, apressando-se logo em construir uma cidade inteira. Grande criatividade ao criar casas e prédios de várias formas. Quando indaguei se gostava de ser desafiado, o mesmo deu um sorriso, e respondeu que sim. Perguntei que nome daria a esta cidade, e então disse que se chamaria “Paraíba”. E durante todo o tempo, A, Permaneceu concentrado, e bastante inteirado com a atividade proposta.
	
O segundo encontro seguiu com a atividade, “Coisas que eu gosto”. Com o objetivo de permitir ao educando uma reflexão acerca das coisas que gosta. E o material utilizado: folha com a atividade proposta, lápis grafite e borracha. Assim aconteceu: 
O aluno A entrou no espaço lúdico bastante disperso. A atividade deste encontro era diferente das que foi aplicada no encontro anterior. Uma vez que anteriormente se tratou de jogo, construção. E na atividade em questão seria trabalhado em folha de papel o exercício da leitura e da escrita. A em nenhum momento apresentou interesse ao que estava sendo realizado. Preferindo ficar brincando com um objeto que encontrara em seu estojo. Logo em seguida por decisão própria disse que não faria a atividade e saiu da sala lúdica.
	
O último encontro teve como a atividade o “Quebra-cabeça”. Objetivando levar o educando a raciocinar a construção exata da imagem proposta pelo jogo de quebra-cabeça. O material então era um jogo de quebra-cabeça ilustrado:
	
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Nesta tarde A estava animado e curioso para saber qual seria a atividade desenvolvida no espaço lúdico. Demonstrou total abertura e interesse pelo jogo de quebra-cabeça que lhe foi apresentado. Rapidamente o próprio me propôs o desafio de construir o quebra-cabeça com ele. E assim, o fiz. Ambos juntamente construímos a imagem proposta do quebra-cabeça, que se tratava de um reino, com rei, rainha, guerreiros e súditos, restando, porém, à conclusão, algumas poucas partes, devido o tempo do encontro (uma vez que o educando deveria retornar a sala de aula para ali, prosseguir com suas atividades). A durante todo tempo da atividade no espaço lúdico se saiu muito bem, com total concentração e desenvoltura.
	Voltamos à sala de aula para fazer minha observação do aluno A. O mesmo continuava se opondo a quase tudo que lhe era proposto, principalmente em relação à cópia da agenda (a qual pude constatar que a mesma quando não era copiada pelo aluno, quase sempre era então copiada por A de forma sintetizada, ou seja, com as informações que o mesmo considerasse importante. Exemplo: a professora copiou no quadro, “Tarefa de casa, livro de matemática, p. 23. Mamãe, assine.”. O mesmo transcreveu: “Matemática, p. 23”. E da mesma forma fazia nos cadernos e livros.). Entretanto, neste dia a professora realizou com a turma na aula de matemática, jogos que envolviam as operações adição e subtração. Nesta aula muito pouco se usou da escrita. Somente para anotação dos resultados. A durante todo o tempo esteve atento e participativo. Interessado em acertar, e questionava quando seu resultado não era o mesmo da professora. Neste dia, com o desafio que o jogo lhe propunha, tão interessado esteve que até se incomodara com a falta de atenção de alguns de seus colegas durante a atividade. Contudo, assim que o mesmo terminou não permaneceu mais em seu lugar, preferindo ficar fora da sala de aula com um brinquedo que trouxera de casa. E a professora percebeu que o lúdico aliado ao desafio do novo é meio que encanta e prende a atenção do aluno C. Mesmo já fazendo parte, estaria, portanto, inserida com maior ênfase esta metodologia lúdica e participativa em seu planejamento proporcionando assim, vários momentos em suas aulas com essas características.
	
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A criança com Transtorno Desafiador Opositor apresenta características de oposição e geralmente de hostilidade. São crianças que se descontrolam, tendem a discutir e se opor ao que lhes é pedido. No caso de A são apresentadas todas as peculiaridades do transtorno. Entretanto, ressalva Paulo e Rondina (2007, p. 3)
 
 [...] comportamentos que caracterizam esse transtorno, também, podem estar presentes em outros tipos de transtornos tais como, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtornos cognitivos e retardo mental. Como os sintomas se manifestam, geralmente, em idade pré-escolar e podem evoluir de forma negativa, considera-se importante descrever e caracterizar os limites, ou diferenças entre o que consiste em ‘normal ou personalidade forte’, de condutas mal-adaptativas da infância decorrentes do TDO, de modo a classificá-la, identificá-las e preveni-las, logo no início.
Logo, a família se encontra voltada ao problema de A desde suas primeiras manifestações. Seguindo tudo o que é necessário no que diz respeito ao seu acompanhamento por especialistas, como maneira de criar estratégias de trabalho à evolução positiva do aluno A.
	A escola frequentemente recebe visitas dos especialistas que o acompanham. Procurando com isso, em conjunto com os mesmos e de acordo com parâmetros institucionais no que diz respeito ao trabalho de alunos com dificuldades de aprendizagem, constituir trabalhos que cooperem ao desenvolvimento integral do aluno. Sendo estes, sobretudo: pedagógico e social. De modo que esta criança esteja inserida em todo o processo de aprendizagem da turma, desenvolvidos tanto em sala de aula, como em outros espaços da escola, juntamente em harmonia com os demais colegas e a professora. Para tanto, a maneira como está sendo conduzido a caso do aluno A é o mais viável no que concerne o entendimento de todos os sujeitos envolvidos em questão. Sobremaneira, o aluno.
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ALUNO B
	
O aluno B apresenta o diagnóstico de Deficiência de Processamento da Linguagem, a qual se caracteriza de acordo com Smith e Strik (2001, p.48)“as dificuldades dessas crianças começam com a palavra falada e tipicamente interferem na leitura e/ou na escrita quando a criança ingressa na escola”.
	
Nesta primeira observação em sala de aula ao aluno J, pude perceber que se trata de uma criança espontânea, alegre e amigo de todos os colegas da turma. Gosta de conversar, principalmente no momento em que a professora está fazendo uma explicação. Contudo, ao ser chamado a atenção, imediatamente voltou a sua atenção a aula. Percebi que é muito amigo do aluno A, e que por vezes faz coisas que o mesmo faz, como por exemplo, ficar saindo de sala no momento da aula. Mas, como já expus anteriormente, quando reclamado voltou ao seu lugar de assento e a sua atenção ao que estava sendo explicado pela professora. É notório o problema de pronúncia em algumas palavras feita pelo mesmo, e principalmente é interessante que praticamente do mesmo jeito que pronuncia tais palavras é a maneira como as escreve. Assim pude comprovar ao acompanhá-lo de perto durante um ditado realizado pela professora com toda a turma. A professora disse a palavra, em seguida pediu que cada um em tom baixo para si a pronunciasse, e então a escrevesse. Pude de tal maneira observar a dificuldade apresentada pelo aluno B.
	
O primeiro encontro teve como atividade, “Leitura, Pronúncia e Ditado”. Com a finalidade de diagnosticar por meio da leitura e diálogo as deficiências de dicção no educando. Como material, livro ilustrado, folha de papel e lápis grafite. Assim aconteceu o encontro com B:
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O encontro teve início com a leitura feita pelo próprio aluno J do livro ilustrado, no qual se saiu muito bem no contexto geral da leitura. Contudo, apresentando algumas dificuldades em diferenciar os sons entre algumas dificuldades em diferenciar os sons entre algumas letrinhas como “p” e “p”; “t” e “d”; “c” (com som de s) e “t”. Em seguida foi feito um rápido ditado de palavras que envolviam algumas destas letras. Aonde se pode constatar que em determinados sons da mesma maneira que o aluno C pronuncia a palavra, ele a escreve.
	
Neste encontro foi realizada a atividade, “Construindo palavras com muita atenção”. Com o intuito de fazer com que o educando tenha atenção à construção de palavras, especialmente com sons complexos. O material que foi utilizado foi um jogo pedagógico com figuras de objetos, animais e letras do alfabeto:
O aluno se mostrou bastante alegre, satisfeito e envolvido com o jogo. Formou palavras, e repetiu em voz alta, várias vezes de maneira que a sua dicção se adequava aos sons das letras que formavam tais palavras. Constatou-se que da mesma maneira que J pronuncia a palavra, ele a escreve. Por exemplo, a princípio formou “baravuso”, e só após muita atenção e pronunciando várias vezes a mesma palavra escreveu corretamente, “parafuso”. Para finalizar foi feito um ditado escrito em uma folha com as mesmas palavras que foram formadas no jogo. E em algumas palavras mais uma vez J se confundiu em sua formação por conta da maneira como a pronunciava.
	
O terceiro e último encontro com J teve como atividade, “Leitura, dicção e escrita”. Com a finalidade de trabalhar no educando a leitura e pronúncia de palavras, como, também a maneira que as escreve. E o material utilizado neste encontro foi um livro ilustrado, folha de papel e lápis grafite:
	
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O encontro teve início com a leitura realizada pelo aluno do livro ilustrado proposto, no qual o mesmo se saiu muito bem, só havendo alguns pequenos problemas na pronúncia de algumas letras e sons complexos, como “f”, “v”, “t”, “d” e outras. Em seguida foi realizado um ditado de frases do livro então, aonde os erros cometidos nas frases no momento da escrita foram de acordo como o aluno pronuncia determinadas letras, por exemplo: “vim” (fim), “vicou” (ficou), “muido” (muito), “arafeseu” (agradeceu).
	
Na segunda e última observação em sala de aula, percebi o aluno B, alegre e amigo de todos como de costume. Entretanto, mais atencioso às aulas. Algumas vezes saindo de sua carteira para conversar com colegas. Porém, atento as explicações. Especificamente na aula de leitura e escrita ao produzir um pequeno texto, observei seu interesse em pronunciar corretamente as palavras que deseja colocar no texto que escrevia. Várias vezes as pronunciou em voz alta. Ao terminar a atividade, pedi para olhar. E juntamente com a professora de sala podemos comprovar seu avanço. O texto estava praticamente todo legível, coisa que a algum tempo atrás era quase impossível, segundo a professora. Só com algumas palavras ainda com letras trocadas, devido a sua dificuldade em pronunciá-las. Conversei com a professora e a mesma demonstrou grande satisfação em relação ao avanço do aluno B. Já que para ela neste caso a dificuldade de linguagem apresentada pela criança é a principal barreira, sobretudo no que diz respeito a sua alfabetização. Ainda conversamos sobre o grande apoio dado pela família a B, e participação junto a escola que compreende e se coloca pronta a resolução de seu problema. Lembrando da importância do trabalho psicológico e fonoaudiológico feito por especialistas da área em conjunto com a família e a escola.
	
No caso do aluno B, diagnosticado como Deficiência de Processamento da Linguagem, mais especificamente um transtorno fonológico, com aspectos em atrasos em padrões articulatórios, como por exemplo, na pronúncia de palavras, ao omitir, distorcer ou transpor letras. Tem como conseqüência a dificuldade no momento da aprendizagem. Segundo Smith e Strick (2001, p. 51)
 
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 Os alunos com deficiências no processamento de sons têm problemas para aprender a associar as letras com os sons e consideram difícil dividir as palavras em sequencias de unidades sonoras. Mesmo se com o tempo, aprendem a dizer como é o som da letra t, eles ainda podem ser incapazes de dizer se este som ocorre no começo ou no final da palavra abacate, ou mesmo se chega a ocorrer na palavra. Têm dificuldade para dominar o processo da ‘pronúncia’ das palavras e cometem erros bizarros de ortografia, os quais refletem o modo confuso como seus cérebros interpretam o que escutam.
aluno B possui acompanhamento de especialista em fonoaudiologia e total apoio de seus pais e demais familiares. É uma criança que apesar do transtorno apresentado demonstra alegria e excelente entrosamento social. Na escola dificilmente se recusa a participar de alguma atividade, como coloca a professora, que vem realizando momentos individuais com exercícios de leitura e escrita junto ao aluno. Para tanto, este é o caminho certo que diz respeito à evolução de aprendizagem do aluno B.
 
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
dificuldades na aprendizagem
Por vezes referida como desordem de aprendizagem ou transtorno de aprendizagem, é um tipo de desordem pela qual um individuo apresenta dificuldades em aprender efetivamente.
No campo da educação as mais comuns dessas característica são a dislexia, a disortográfica e a discalculia.
Um indivíduo com dificuldades de aprendizagem não apresenta necessariamente baixo ou alto QI. Significa apenas que ele está trabalhando abaixo de sua capacidade devido a um fator com dificuldade, em áreas como por exemplo o processamento visual ou auditivo,e essas dificuldades normalmente são identificados na fase de escolarização.
"Dificuldades de Aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneode desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas.”
Ainda nos Estados Unidos, a (Lei de Educação ) define uma dificuldade de aprendizagem da seguinte forma:
"(...) [um] transtorno em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou na utilização de linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se em uma habilidade imperfeita para ouvir, pensar, falar, ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos matemáticos (...). Dificuldades de Aprendizagem incluem condições como deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento." (NJCLD) (1981; 1985).
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O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é freqüentemente estudado em conexão com as dificuldades de aprendizagem, mas atualmente não está compreendido nas definições padrão de dificuldades de aprendizagem. É verdade que indivíduos com TDAH debatem-se com a aprendizagem, mas com freqüência podem aprender adequadamente, uma vez que estejam adequadamente tratados/medicados. Uma pessoa pode ter TDAH mas não possuir dificuldades de aprendizagem, ou ter dificuldades de aprendizagem mas não apresentar TDAH.
	
O termo 'dificuldade de aprendizagem' começou a ser usado na década de 60 e até hoje - na maioria das vezes - é confundido por pais e professores como uma simples desatenção em sala de aula ou 'espírito bagunceiro' das crianças. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio - que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos ou emocionais - que pode afetar qualquer área do desempenho escolar.Na maioria dos casos é o professor o primeiro a identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos ao desenvolvimento e ao comportamento da criança. Segundo especialistas, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar desde cedo um maior atraso no desenvolvimento da fala e dos movimentos do que o considerado 'normal'. Mas os pais têm que ter cuidado para não confundir o desenvolvimento normal com a dificuldade de aprender.
Crianças com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à frustração. Criar um ambiente adequado para que ela desenvolva o estudo e estabelecer limite de horários para a realização das tarefas são outras dicas importantes da psicóloga. 
Mas não se deve confundir dificuldade de aprendizagem com falta de vontade de realizar as tarefas.
Se os pais acreditam que seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem, devem procurar um profissional para receber as orientações. 
Neste caso, os psicólogos com especialização em clinica infantil, são os profissionais adequados para realizar uma avaliação e tratar da criança, se o problema for gerado por fator emocional. Caso o diagnóstico da criança for dificuldade cognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo que poderá ajudar no desenvolvimento dos processos de aprendizagem. 
Para obter resultados concretos é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais, psicólogos, escolas e professores, que deverão estar envolvidos com um único objetivo: ajudar a criança. E é imprescindível que os pais conheçam seus filhos e conversem freqüentemente com eles para que possam detectar quando algo não vai bem.
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A criança precisa saber ler para poder escrever.Se a criança lê com dificuldade ou ainda não aprendeu a ler, de pouco lhe adiantam os exercícios escritos já que as palavras que ela escreve não têm correspondente sonoro e, não são compreendidas.A escrita torna-se um processo sem significado, cansativo e desgastante e que exige muito esforço para ser realizado.
Quando se fala em Distúrbios de Aprendizagem envolvendo leitura e escrita, é indispensável que se analise a leitura oral e silenciosa antes de se avaliar a escrita (cópia, ditado e redação), visto serem as dificuldades de escrita, decorrentes de uma leitura lenta, analítica, impregnada de trocas de sílabas ou palavras, sem pontuação nem ritmo e, incompreensível.
Deve ficar claro que a aprendizagem da leitura e escrita é um processo complexo que envolve vários sistemas e habilidades (lingüísticas, perceptuais, motoras, cognitivas) e, não se pode esperar, portanto, que um determinado fator seja o único responsável pela dificuldade para aprender.
 Contribuições das Pesquisas de Emília Ferreiro para a Educação Brasileira
	
Emília Ferreiro teve grande impacto na educação brasileira, influenciando até mesmo nas próprias normas do governo para a área, expressa nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
 No inicio dos anos 80, começaram a circular, entre educadores, livros e artigos que davam conta de uma mudança na forma de compreender o processo de alfabetização, deslocavam a ênfase habitualmente posta em que se ensina e buscavam descrever – como se aprende -. Tiveram grande impacto os trabalhos que relatavam resultados de investigações, em especial a psicogênese da língua escrita (FERREIRO, 1985, p. 27).
Para tanto, as dificuldades de aprendizagem ainda são pouco entendidas para a maioria das pessoas. Sobretudo quando estas não são a princípio percebidas pela família. E, conseqüentemente, começam a comprometer o desempenho de crianças na escola. 
Assim define Smith et. al. (2001, p. 15) dificuldade de aprendizagem:
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Embora as dificuldades de aprendizagem tenham-se tornado o foco de pesquisas mais intensas nos últimos anos, elas ainda são pouco entendidas pelo público em geral. As informações sobre dificuldades de aprendizagem têm tido uma penetração tão lenta que os enganos são abundantes até mesmo entre os professores e outros profissionais da educação. Não é difícil entender a confusão. Para começo de conversa, o termo dificuldades de aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico.
Diante da indeterminação da temática entre os próprios profissionais das áreas competentes, se faz, portanto, estudos cada vez mais aprofundados acerca das dificuldades de aprendizagem.
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Cada ser humano é único. Especial no seu modo ser. Apresentando características particulares ao longo de seu desenvolvimento, podendo assim, surgir percalços que impeçam este desenvolvimento de maneira ordenada. 
	
Sendo assim sentimos a necessidade como profissional da área de educação, em realizar esta pesquisa sob o olhar de grandes teóricos, com o objetivo de analisar em uma sala de aula como ocorrem os fatores que causam as dificuldades de aprendizagem em um determinado grupo de alunos, contribuindo, assim, ao questionamento do que realmente causa as dificuldades de aprendizagem em crianças, sobretudo, nos primeiros anos escolares. 
	
Com isso, tive a oportunidade de acompanhar alunos de uma turma de 1º ano do Ensino Fundamental, que possuem características de alguns tipos de dificuldades de aprendizagem. Como também, pude seguir de perto os trabalhos desenvolvidos por especialistas das áreas de psicopedagogia, psicologia, fonoaudiologia e neurologia em conjunto com as famílias destas crianças e a instituição escolar.
Cientes que são várias as causas que contribuem para o fracasso escolar e que estes estão intimamente ligadasao sistema familiar, educacional e social no qual a criança está inserida. Entendemos que o que havia realmente não eram distúrbios propriamente ditos, mas dificuldades de aprendizagem que tinham mais a ver com as circunstâncias, tanto de problemas em casa, como falta de cooperação familiar, como problemas com a educação oferecida, que muitas vezes não ajusta o método correto as características do alunado e a problemas de convivência, pois muitas vezes esses alunos são vistos como “burros” ou “preguiçosos” pelos professores e colegas, e até mesmo pela própria família. Isso faz com que eles desenvolvam uma auto-estima negativa o que agrava ainda mais o problema.
	
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Contudo, não é fácil. Fazem-se necessário um aprofundamento e total empenho das partes envolvidas com a realidade destas crianças com dificuldades de aprendizagem. Um embasamento teórico dos envolvidos, família e escola, acerca da peculiaridade de cada caso, e ainda um desdobramento de métodos e uma didática de aula adaptáveis a necessidade destes, e que de fato contribuam aos seus desenvolvimentos cognitivos e sociais. Principalmente ao dia-a-dia em sala de aula, onde estas crianças estão inseridas.
Observamos que a Escola, não apenas a citada, mas a grande maioria tende a ignorar os alunos que não conseguem aprender, sem se preocupar em descobrir se é um problema de limitação do professor ou do aluno. Elas muitas vezes esquecem que o modo de pensar das crianças nem sempre é igual ao dos adultos e que cada um tem seu tempo de aprender, desconsideram os componentes biológicos da aprendizagem.
	
Comprovamos que no caso da escola citada, tanto a equipe administrativa, quanto a pedagógica e os docentes estão preocupados com a dimensão do problema. E apontam como conseqüência dessas dificuldades, a evasão, desinteresse, altos índices de reprovação e alunos pouco ou não alfabetizados que passam de ano sem ter aprendido. A escola tenta sanar esse problema, investindo na capacitação dos professores e oferecendo apoio pedagógico, no qual a equipe pedagógica contribui na elaboração do planejamento das aulas e disponibilizam materiais para que os professores possam fazer um bom trabalho.
	
Quanto aos professores, reparamos que estes afirmam utilizar uma prática muito útil que é a leitura de diversos tipos textuais em sala de aula para despertar o interesse dos seus alunos. Essa é uma prática muito boa, pois cria um ambiente de magia, onde os alunos podem soltar a imaginação. Mas nesse primeiro momento, é essencial que não seja cobrado nada desses alunos, nada de perguntas.
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 Apenas troca de idéias, privilegiando a construção do sentido dos textos, estabelecendo relações com a realidade do aluno. Após a leitura em vos alta, eles fazem leitura coletiva e individual, porém o método utilizado não tem tanta importância quanto a descoberta do sujeito do processo como um ser cognoscente, que após desafiado é capaz de modificar seus esquemas assimiladores para encontrar o conhecimento. Alguns, no entanto, ainda trabalham apenas com textos didáticos e literários e diversas vezes de maneira burocrática, sem dar sentido para os alunos.
	
Tratar do tema Dificuldades de Aprendizagem: Causadores das dificuldades de aprendizagem em crianças na escola foi uma experiência de crescimento profissional e, sobretudo, pessoal, pois, ao longo das observações, dos trabalhos desenvolvidos por meio da pesquisa junto aos alunos com o diagnóstico de algum tipo de dificuldade, tive o prazer da descoberta do conhecimento de uma área carente de profissionais que se dediquem de fato as questões sobre dificuldades de aprendizagem, especialmente em crianças na escola. Além da esperança de poder ter contribuído, com esta pesquisa, para uma análise cuidadosa dentro da educação acerca das causas e de como construir estratégias metodológicas que atendam as necessidades de todos aqueles que possuem algum tipo de dificuldade de aprendizagem.
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